Revista Ponto de Escambo #3

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REVISTA PONTO DE ESCAMBO


2 Editor Chefe Marcos Poubel

Equipe

Edição e Design Rafael de França Paloma Dantas Comunicação Isadora Ribeiro Relações Públicas Mateus França

Revista Ponto de Escambo #3

Uma Realização

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Clayton Kashuba

www.claytonkashuba.com

Editorial Caros leitores, amigos e colaboradores. Chegamos à ultima edição da Revista Ponto de Escambo do ano de 2015. Um projeto que começou como um mero sonho de alguns jovens idealizadores, mas que hoje se tornou realidade para uma, ou pelo menos para alguma, parte da comunidade cultural carioca. Começamos aos trancos e barrancos, mas corremos diariamente atrás para produzir um conteúdo de qualidade, para mostrar essa imensa diversidade do que existe no nosso Rio de Janeiro como ela merece ser vista. Claro que jamais conseguiremos reunir tudo, mas quem disse que é isso o que queremos? São inúmeras possibilidades, formatos, cores e manifestos que não podem, e nem devem, ser simplesmente catalogados. Nesta edição, trazemos um pouco dessa heterogeneidade. Falamos de alguns eventos que acontecem periodicamente no cenário da cultura carioca e rememoramos alguns significados da arte para a construção individual, superação e formação do senso crítico. E o teatro, como agente fundamental nessa construção histórica, não poderia ser deixado de lado. Uma arte que começou protagonizada por homens é também um importante marco da conquista feminina pelo seu espaço. Nesta revista, uma das mais completas e complexas artes para a formação do sujeito sai das coxias para ser aplaudida de pé. Isadora Ribeiro


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Sumรกrio

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Foi engraçado, entrar no elevador para ir à exposição e ver o ascensorista virar para algumas crianças e dizer “se preparem para ficar encantadas”. E realmente! Como o recado não foi dirigido a mim, não me preparei. Várias lembranças e emoções surgiram ao perceber que estava passando pelo castelo que fez parte da minha infância. Não apenas eu, mas vários adultos se transformaram em crianças no CCBB, relem-

brando personagens, cenários e cantando as músicas. No térreo do Centro Cultural, nos deparamos com uma árvore centenária, morada da cobra Celeste. Temos também um panorama geral do castelo a partir de uma maquete, rica em detalhes. Já no outro andar da instituição, somos convidados a passear pelos quadros que pertenciam ao programa, ao todo são 12 cenários recriados. Nos espaços, o visitante tem a oportunidade de ver de perto peças recuperadas e restauradas pelo Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo. Ninguém ficou de fora, quer dizer, o Doutor Abobrinha, o grande vilão de Nino e sua turma, teve seu espaço garantido, mas como sempre do lado externo do castelo.

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Pode ser que as crianças não saibam o que essas palavras querem dizer, mas sem dúvida muitos adultos (que um dia já foram crianças) sabem. Quem é fã do Castelo RÁTIM – BUM, não pode perder. Quem ainda não é, não perca tempo e vá conhecer cada parte do castelo e seus personagens, que encantaram muita gente dos anos de 1994 a 1997.

Para mais informações acesse o site do CCBB RJ.

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por Jaqueline Winter Um novo olhar para a inclusão social: a primeira companhia artística formada por deficientes visuais no Brasil nasceu há nove anos com a missão de despertar o nosso sensível olhar e de promover a inclusão de pessoa com deficiência PcD — cegos e baixa visão — na sociedade através da arteeducação. Idealizado e coordenado pela arte-educadora Jaqueline Winter, o projeto prevê ações de sensibilização artística e terapêutica, formação técnica e artística e de geração de renda. As ações serão realizadas na cidade do Rio de Janeiro, durante 12 meses, renovando-se continuamente o programa anual de atividades. De acordo com o estudo realizado pelo IBGE, há 11,8 milhões de brasileiros com deficiência visual, dos quais cerca de 160 mil possuem incapacidade total de enxergar. A Cia Artística Eficientes Especiais é a primeira companhia de artistas deficientes visuais do Brasil. O estado do Rio de Janeiro é o pioneiro como berço de uma companhia que pretende a longo prazo levar essa rica experiência para outras localidades do País. Os Deficientes visuais terão a oportunidade de se expressar através do aprendizado e da experimentação de téc-


Divulgação

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nicas artísticas e terapêuticas. Através das oficinas e palestras, receberão formação voltada ao mercado cultural. Além disso, dentro do próprio projeto poderão ter a primeira experiência profissional, trabalhando na montagem e apresentação do espetáculo que será a culminância do plano anual de atividades. Em suas diferentes fases, o projeto proporcionará aos seus beneficiários um ciclo completo de aprendizagem, prática e inclusão social. O público-alvo do projeto é formado por crianças, jovens e adultos (de oito a 70 anos de idade) com deficiência visual

total ou parcial, em situação financeira vulnerável, todos moradores do estado do Rio de Janeiro. Também tem Jaqueline Winter como idealizadora, coordenadora, diretora artística e arte-educadora do projeto. Jaqueline Winter é atriz, poeta, autora teatral, iluminadora artística, circense, dubladora e arte-educadora. Nascida em Belo Horizonte, chegou ao Rio de Janeiro em 1992 para cursar a UNI-RIO e por aqui permaneceu e desenvolveu inúmeros trabalhos. Tem licenciatura plena em Arte-Educação, Artes Cênicas e Bacharelado em Artes Cênicas – Interpretação teatral. É formada em “ Preparadora Corporal nas Artes

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Cênicas”. Há nove anos fundou a Cia de Atores Eficientes Especiais e há 17 anos se dedica à área da educação e a projetos sócio-educacionais, ministrando cursos regulares e oficinas de teatro e circo para pessoa com deficiência: crianças, jovens, adultos e terceira idade. E idealizadora do projeto Sensibilizarte – Salão Nacional de Artes, que já está na 12ª edição. Cursou três anos na Escola Nacional de Circo. Como atriz, atuou em peças com diretores como Bemvindo Sequeira, Rogério Fróes,

Nadege Jardim, Flávio Henrique, Rubens Lima Junior, Márcia Beatriz, João Bittencourt, Frederico Bustamente, entre outros, além de programas e novelas na TV, como “Por toda a minha vida” (sobre Chacrinha, TV Globo), “Chiquinha Gonzaga” (TV Globo), “Caça Talentos” (TV Globo), entre outros. No cinema, atuou nos filmes “Garagem”, dirigido por Gustavo Paso. Foi operadora de luz em peças como “Oleanna”, dirigida por Gustavo Paso, “Uma pilha de pratos na cozinha”, sob direção de Alexandre Borges, “Matador”, direção de Herson Capri, “Besame mucho”, dirigida por Roberto Bomtempo, entre outras. Fez também a operação de som em espetáculos como o premiado “Chopin & Sand: Romance sem Palavras”. Em 2010, lançou seu livro de poesias “Ardentes pedaços de mim”, que já participou de três Bienais.

“Desejamos que a Cia Artística Eficientes Especiais continue a cumprir seu papel de motivador e multiplicador de uma visão contemporânea que permita uma nova autoestima dos grupos sociais excluídos, que necessitam assumir sua cidadania e seus talentos culturais; que necessitam expor sua beleza humana, sua estética e seus sentimentos de solidariedade”. Jaqueline Winter jaquewinter@hotmail.com


por Marcos Pubel

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Rio de Janeiro é conhecido no Brasil como a capital cultural, basta dar uma volta pela cidade para perceber as inúmeras manifestações artísticas. Mesmo em tempo de crise, as ações culturais continuam acontecendo nos quatro cantos da cidade. Por isso, não podemos deixar de enaltecer todos os artistas e realizadores culturais da cidade que movimentam seus bairros e região onde atuam. Podemos destacar também os esforços das secretarias do Estado e do Município de Cultura. No âmbito Estadual, percebemos um esforço para capacitar os agentes culturais com cursos de formação gratuitos e a distância, além disso, os fomentos têm sido melhor distribuídos pelos municípios, alcançando também os municípios mais distantes da capital.

pessoas físicas podem se inscrever. Também se percebe um esforço em distribuir melhor os recursos pela cidade, com um olhar especial para zona oeste e zona norte da cidade que, apesar de serem áreas de muita produção cultural, por muito tempo não receberam incentivo por parte do poder público.

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CULTURA EM QUATRO CANTOS

O fortalecimento das ações culturais na cidade pode ser um dos maiores legados que as olimpíadas podem deixar. No ano olímpico, não é só o esporte que estará em alta, mas a cultura também terá seu lugar ao sol e as secretarias estão se esforçando para garantir muitas atividades culturais nesse período.

Já a Secretaria Municipal de Cultura tem premiado menos as grandes produtoras e fomentado mais os realizadores culturais, aumentando o número de editas em que

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Uma jovem senhora de 107

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m meio a tantos carros, ônibus, pessoas passando apressadas, ora com falta de tempo, ora com medo mesmo de andar pelo centro do Rio de Janeiro, mora uma jovem senhora de 107 anos e seus incontáveis filhos. Ela ocupa, desde 1950, uma casa na Rua Vinte de Abril, e me arrisco a dizer que talvez seja uma das últimas casas do centro da cidade. Envolvida por prédios, pastelarias chinesas e lojas de materiais de construção, ela ainda se faz presente e é (ou deveria ser) respeitada pela sua longa história.


Apesar de ser uma escola técnica voltada para formação de atores, há a preocupação com o desenvolvimento completo do sujeito. Por isso, seus alunos, quando saem da escola, possuem uma visão total do fazer teatral. Como mesmo salientou Marcelo Reis, atual diretor da escola, o maior patrimônio da Martins Pena é o humano.

7 anos

por Paloma DANTAS

quem é essa jovem senh ora? É a Escola de Teatro Martins Pena, a mais antiga escola pública de teatro da América Latina. Ela fez parte da vida de grandes artistas que nos emocionam com os seus trabalhos, atores e atrizes como Denise Fraga, Tereza Rachel, Joana Fromm, Procópio Ferreira, entre

O solar neoclássico que ocupa no momento foi o mesmo local onde nasceu o Barão do Rio Branco, uma casa tombada no centro do Rio. Mas, antes disso, a escola já ocupou uma sala emprestada do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o Instituto de Educação, no qual professores da Academia Brasileira de Letras lecionaram por um tempo e, logo depois, ocupou também o teatro João Caetano. A escola já teve outros nomes como Escola Dramática Municipal, Escola Coelho Neto, até receber o nome de Escola de Teatro Martins Pena, em homenagem ao grande dramaturgo Luiz Carlos Martins Pena, precursor da comédia de costumes no Brasil.

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outros, além de grandes dramaturgos como Jô Bilac, autor das peças “Conselho de Classe” e “Beije Minha Lápide”, essa última encenada por Marcos Nanini.

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omes importantes já lecionaram na instituição como a poetisa Cecília Meirelles, o professor Junito de Souza Brandão, o diretor teatral Aderbal Freire Filho, Paulo José, Denise Stocklos, entre outros. Nomes de peso também já estiveram na direção da Martins Pena como José Wilker e Anselmo Vasconcellos.

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Ao longo desses anos muitas crises assombraram essa jovem senhora. Por várias vezes se viu ameaçada de ter que fechar suas portas, porém sempre viva e confiante ela permaneceu, mas nem a sua nova

guarida foi suficiente para espantar de vez suas preocupações. Desde 2006 a escola pertence à Secretaria de Ciência e tecnologia, tutelada pela Fundação de apoio à Escola Técnica. Ainda assim, o ano de 2015 começou um tanto complicado para a instituição que, devido à falta do repasse da verba, teve suas linhas telefônicas cortadas. A situação ficou ainda mais grave com o fim do contrato de 15 professores e 8 funcionários. Alunos e professores se organizaram para pressionar autoridades e fazer a sua voz ser ouvida.


No entanto, movimentos importantes acontecerem a partir desse grito. Uma das peças de formatura dos alunos, “Nada menos que muito”, de Jô Bilac, com direção e adaptação de Roberto Lima e Eduardo Gama, professores da escola, será apresentada em São Paulo. Um outro projeto prevê uma caravana que circulará a Baixada Fluminense, levando trabalhos de alunos desenvolvidos durante as aulas. Outro ponto importante é a reunião quinzenal na instituição com três ministérios, da Educação, da Cultura e da Ciência e Tecnologia, e com secretários da Faetec, para discutir assuntos pertinentes à escola e entender quais são as suas demandas. A Escola de Teatro Martins Pena é uma escola especial, pois recebe pessoas de vários estados e dá oportunidade para que o talento do artista possa se desenvolver de forma gratuita e democrática. Nela se aprende a viver da arte, por isso se faz necessário o diálogo com o mercado de trabalho, levando os alunos para além dos muros, permitindo que quem está fora possa saber que ali estão artistas.

Sua história se faz pelos locais em que já viveu, por pessoas que passaram por lá e cada um que, mesmo sem saber, possui alguma ligação com essa instituição, seja admirando um ator em cena, seja lendo essa matéria. Eu também sou uma das filhas da Martins Pena.

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O movimento #MartinsSemPena mobilizou artistas de todas as áreas. Essa iniciativa foi importante para dar voz e mostrar o descaso pelo qual a escola estava passando. Embora, o grito tenha apresentado resultados, até o fechamento desta edição, segundo o atual diretor Marcelo Reis, ainda estavam faltando dois professores para completar o quadro.

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14 Pode ser Pode Pode Pode Pode

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que que que que

venha vindo, nunca venha. leve um tempo, o tempo a leve.

Pode ser que o espaço a traga, Ou, tragada pelo espaço, Pode ser que lá na nuvem Do meu sonho more sempre. Pode Pode Pode Pode

ser ser ser ser

que venha vindo, que nunca venha. um sonho lindo... que o vento leve.

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Mas é leve como o vento... Pode ser que nunca venha: Levo e trago, em pensamento, Relembrando o afeto – a senha. Pode ser que venha vindo, Pode ser que nunca venha. Mas eu guardo como um vinho Que se aguarda; em que se empenha.

Rafael Mendes


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Bernado Monteiro Rocha


Paixão ou doença? Pathos! por Carolina Felizola

“Mas saiba que, com raiva, eu puxo a espada”, diz Sansão. “Depois a corda puxa o seu pescoço”, responde Gregório no primeiro ato da cena I de Romeu e Julieta.

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ssim como a espada é puxada muitas vezes em Romeu e Julieta, eu também já perdi a conta de quantas vezes, tomada pelo ódio, puxei a espada verbal para perfurar uma ferida antiga de alguém ou então, gritando alto, larguei o dedo na minha metralhadora de palavrões, mandando a pessoa tomar em todos os orifícios possíveis do corpo humano. Minha voz alcançava o infinito enquanto eu esbravejava contra o mundo. Nem a rouquidão me freava. Mas quando eu finalmente me acalmava, a corda vinha e puxava o meu pescoço. Perdi desde amigas, amigos, namorados a oportunidades de trabalho por causa da minha ira. Ainda assim, passei anos sem entender que mundo é esse em que a pessoa podia me enganar, me sabotar, puxar meu tapete de todas as formas, mas eu não podia xingá-la. Como assim???, eu me perguntava o tempo todo. A verdade é que eu não me controlava. Não tem um meme na internet que diz que perdoar é

divino, mas mandar pro inferno é senacional? Então! Era exatamente isso. Eu podia ficar toda espancada depois das brigas, mas o gostinho de me permitir era irresistível. Só que demorei para perceber que se deixar levar pela onda das emoções só pode ser uma delícia se ninguém se afogar. Trabalhando como professora atualmente, revejo regularmente essas cenas, mas quem normalmente incorpora a minha antiga persona são os alunos e quando uma tempestade dessas surge em sala de aula, só me resta chama-los à razão através do diálogo. No entanto, essa não é uma tarefa só dos professores. Na peça Romeu e Julieta, o Príncipe Éscalus também a realiza ao aparecer na primeira cena do primeiro ato para apartar a briga entre os Montéquios e os Capuletos, questionando-os indignado: “Sois homens ou sois feras, já que apagais o fogo deste ódio com o jato vai rubro de vós mesmos?”. A adolescência é uma fase em


E que renovação! Numa alquimia inexplicável, a energia da cólera entre Montéquios e Capuletos é vertida em uma paixão extasiante e irrefreável como podemos ler ou, se possível e melhor ainda, assistir, na cena II do segundo ato: “Julieta: Mas como veio aqui, e para o quê? O muro do pomar é alto e liso, E pra quem é você, aqui é a morte, Se algum dos meus parentes o encontrar.

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que além de certas emoções estarem sendo vividas pela primeira vez, tudo por dentro está em constante ebulição. A natureza dentro do corpo fala mais alto. Enquanto as espinhas e os hormônios brotam incessantemente, o desejo, o amor e o ódio são potencializados pela vivacidade das primeiras sensações juvenis. Não se sabe ao certo a idade de Romeu, já Julieta “Por mais ou menos, neste mesmo ano, no dia um, à noite, faz 14” afirma a Ama ao conversar com a Sra. Capuleto na cena III do ato III de Romeu e Julieta. Shakespeare não podia ter sido mais perfeito ao criar como personagens dois adolescentes entre 14, 15 ou 16 anos para encenar uma história de amor tão intensa e urgente que acaba se transformando em tragédia. Em tal história não há, e nem é possível que haja, separação entre amor e ódio. “Nasce o amor desse ódio que arde? Vi sem saber, ao saber era tarde. Louco parto de amor houve comigo. Tenho agora de amar o inimigo. ” Diz Julieta na cena V do primeiro ato. O ódio então desdobra-se em paixão e percebe-se que “A terra-mãe de tudo é também cova: O que ela enterra o seu ventre renova” segundo Frei Lourenço, no início da cena III do segundo ato.

Romeu: Com as asas do amor saltei o muro. Pois não há pedra que impeça o amor; E o que o amor não pode o amor tenta ousar. Portanto, seus parentes não me impedem.” E não impedem mesmo. Pelas circunstâncias da vida, Romeu mata o primo de Julieta, Teobaldo e ainda que a peça seja toda costurada de paixão e poesia, as matanças também não param por aí. Mas pra que eu vou contar se você, leitor, já conhece essa história de cor e salteado. Prefiro mesmo é assistir à peça. Ver tais emoções encenadas no palco me faz matar as saudades de mim mesma.

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Lobos à 18 espreita por Andrea Carvalho Stark

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FUZUEZINHO, CIA DE ARUANDA foto de Paula Eliane

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uando muitos defendem a volta da ditadura para curar os “males” da sociedade brasileira, eu me lembro de que tive acesso a uma formação intelectual e política em algum momento da vida que me faz enxergar os absurdos em alguns discursos atuais. Essa minha consciência teve no teatro a sua grande fonte. Um teatro que só existia do Centro da cidade à Zona Sul, e que me fazia sair de Realengo e cruzar a Avenida

Brasil de ônibus no mesmo tempo em que poderia ir à capital da Argentina e voltar. Nem sempre foi assim. Havia grupos organizados em bairros das zonas norte e oeste, desde o final do século XIX até a primeira metade do XX, que promoviam atividades culturais diversas. No Riachuelo, bairro próximo ao Méier, havia um teatro na rua 24 de maio em 1870. Em Realengo, um cinema pioneiro em frente


Amir avalia seu trabalho como resistência constante: “A ditadura implantou uma rede de TV, uma censura rigorosa e desmon-

tou o aparelho escolar do país, a universidade. Sem investigação, sem pesquisa, sem liberdade de expressão e com a TV massificando tudo, deu no que você viu acontecer no país nos últimos anos. Eu vivi isso e me imunizei da melhor maneira possível, fiz tudo para resistir. Meu trabalho é de resistência para me manter vivo nesse período de infestação virótica profunda na vida cultural brasileira.”

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à igreja de Nossa Senhora da Conceição no início do século XX. Mas, um dia, tudo isso acabou. Depois dos anos de 1960 houve uma degradação cultural em todos os níveis. A arte, o teatro principalmente, passou a ser prática de uma elite cada vez menor, e os artistas sofrem ainda hoje as consequências da redução de público. Muito disso se deve a uma série de fatores, mas quem viveu a época da ditadura, como plateia ou como artista perseguido e censurado, é unânime em notar o esvaziamento que ficou depois desse período. Poderia escrever um livro sobre o tema, mas aqui gostaria de lembrar o que diz um diretor de teatro que viveu tudo isso: Amir Haddad. Há alguns anos, uma de suas peças, “Dar não dói, o que dói é resistir”, com o grupo Tá na Rua, criado e dirigido por ele, trazia o tema da ditadura: “O teatro não toca nesse assunto, só agora é que começamos a falar disso e tem que se falar muito. Vou falar da ditadura e de como os artistas resistiram. Os lobos estão à espreita em pele de cordeiro, temos que tomar cuidado”.

Amir Haddad - Porto Alegre 2010

E acrescenta ainda que a ditadura “colocou os valores, as prioridades, os conceitos como celebridades, estrelas, modelos, dentro de um esquema de valor. Por isso um jovem ator hoje está mesmo “fudido”. Qual é o caminho, por onde ele anda? Do zero ao estrelato? Vai passar por onde? Tem vida cultural no país? Tem modificação? Tem acontecimento? Tem onde crescer? Ou se está atrás de uma carreira?

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Como se produz os craques do futebol? Nos milhares de jogos de futebol que têm no Brasil inteiro. Acredito que isso agora começa a acontecer no Brasil de novo. É evidente o fracasso das propostas neoliberais na constituição do país”. Esses trechos citados são parte de uma entrevista que Amir Haddad me concedeu, no ano de 2006, para uma revista americana onde eu colaborava mensalmente chamada Scene4 - international Magazine of arts and media. Apesar do tempo, suas palavras são ainda muito atuais. Hoje em dia devemos refletir sobre o que Amir Haddad nos diz sem deixar de considerar alguns exemplos sutis de mudança. Em setembro de 2015, a ocupação “Grandes Minorias”, idealizada pela dramaturga e produtora Marcia Zanelatto, trouxe para o palco do Teatro Glauce Rocha, no centro da cidade, a Companhia Marginal, da Maré, e a Companhia de Aruanda, da Serrinha, entre outros grupos. Esses artistas tiveram a chance de, pela primeira vez, talvez, ocuparem aquele palco tão importante para a história do teatro carioca. Outro evento que devemos lembrar com bastante entusiasmo é a Feira Literária da Zona Oeste (FLIZO),

FUZUEZINHO, CIA DE ARUANDA foto de Paula Eliane

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idealizada por Binho Cultura. São exemplos que parecem dialogar com uma declaração de Amir Haddad quando, na mesma entrevista, ele fala sobre a renovação e mudança histórica: “Quando a situação se torna difícil surgem as vozes que acenam com uma possibilidade maior. Não temos que aceitar as coisas assim, que não podem ser modificadas, podem ser sim. Podemos fazer essa história, nós a fazemos. Estamos lutando pela inclusão, e há hoje uma movimentação diferente nesse sentido.”


Andrea Carvalho Stark é professora, crítica de teatro e pesquisadora da história do teatro

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Hoje que vemos a efetivação de um sistema de transporte público que está isolando ainda mais as zonas da cidade devido à dificuldade de locomoção, mais do que pela distância geográfica, esses exemplos são quase (re)ação urgente a uma forte simbologia das distâncias e dos abismos entre as práticas culturais diversas, pois existem grupos diversos, mas não diferentes entre si. As vozes significam inclusão. E todos nós ganhamos com o diálogo que nasce daí, com a liberdade e com a possibilidade das escolhas. Os lobos estão à espreita e não podemos desistir.

FUZUEZINHO, CIA DE ARUANDA foto de Paula Eliane

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Por Felipe Boaventura

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ncontros com escritores nacionais e internacionais, formação de público, publicação de antologias, revelação de novos autores. Essas são algumas das ações da polipotente Festa Literária da Periferia, a FLUPP, que desde 2012 trabalha a literatura especialmente na região metropolitana do Rio de Janeiro.

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festa desde seu início vem ocupando comunidades pacificadas da cidade, e a região metropolitana (em 2014 também esteve em São Paulo, Curitiba e Salvador) com eventos onde se debate a literatura com autores consagrados nacionais e internacionais e novas promessas da literatura nacional. É a caso por exemplo de Jessé Andarilho com seu livro “Fiel”, de Raquel Oliveira com “A

Número Um” e Enrique Coimbra com seu “Sobre Garotos que Beijam Garotos” - esses dois últimos lançados pelo selo recém criado “FLUPP CASA DA PALAVRA”, uma parceria do evento com a editora portuguesa Leya.

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ma novidade em 2015 é que a FLUPP se desdobra em três momentos: a “FLUPP PENSA” (de Maio a Outubro), “FLUPP PARQUE” (de Agosto a Novembro), e a festa propriamente dita em Novembro, de 3 a 8 desse mês que será no Complexo Babilônia/Chapéu Mangueira, no Leme, e


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terá como homenageada a psiquiatra Nise da Silveira. Assim como em 2014, esse ano terá o “Rio Poetry Slam”, uma apresentação onde poetas de várias nacionalidades competem com suas performances. Também durante a Festa, precisamente no dia 07 será lançada a última coletânea de contos da FLUPP chamada “Eu me Chamo Rio”. Nesse livro, vinte, dos cento e quatro novos autores revelados pelo evento, escrevem sobre os vários Rios de Janeiros que existem na Cidade Maravilhosa.

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eja a programação completa e maiores informações no site da FLUPP: http://flupp.net.br/

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A transformação da realidade a partir do Teatro do Oprimido Por Leandro Loppes

Apresentação do grupo de trabalhadoras domésticas Marias do Brasil

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Qual a finalidade da arte? Será que podemos usar a arte para transformar a realid

Augusto Boal, diretor de teatro, ensaísta e dramaturgo brasileiro, inventor do Teatro do Oprimido acredita que o teatro é uma ferramenta muito poderosa para mudar a realidade. E o que é o Teatro do Oprimido? È uma metodologia teatral que reúne exercícios, jogos e técnica teatral que tem como eixo central a instrumentalização do oprimido com meios estéticos que poderão auxiliá-lo a romper as opressões.

Nesse teatro, interessa falar das histórias dos participantes; histórias de pessoas que tem um problema (que sofrem uma opressão) e que desejam rompê-la. Essa opressão não deve ser confundida com um capricho, mas algo que seja pleiteado não somente por aquela pessoa/personagem e sim por um grupo social que historicamente luta por transformar determinada situação. Assim, existem grupos que tratam de variados assuntos como: do-


com pena daquele que oprime. É necessário pensar em estratégias e ensaia-las!

Uma das técnicas mais utilizadas da metodologia do Teatro do Oprimido (TO) é o Teatro-Fórum. Aqui o problema é apresentado, mas não é solucionado. A personagem protagonista luta para transformar sua realidade, mas é impedida pelo personagem opressor (aquele que representa as pessoas que não desejam mudar o status quo). Ela (a personagem) fracassa em sua tentativa de mudança. E nesse momento, o espectador é convidado a entrar em cena, substituir o personagem oprimido e propor alternativas para solucionar o problema apresentado.

Dessa forma é possível enfrentar, através do teatro, nossos opressores da vida real e na vida real pôr em prática o que foi ensaiado no Teatro.

Qual é a lógica? A opressão não se extingue sem que façamos um movimento para rompê-la. Tão pouco o opressor se transforma

Esse teatro é feito em várias partes do mundo e contempla diversos projetos na área dos direitos humanos, da saúde e da educação. Boal costumava dizer que pode ser feito por qualquer pessoa, até mesmo por atores! E pode/deve ir até o espectador ocupando os mais variados espaços: praças públicas, hospitais, centros psiquiátricos, prisões e escolas...

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dade?

mésticas que lutam por melhores condições de trabalho; os grupos de negros que desejam o fim do preconceito e da discriminação por conta da cor de sua pele; os grupos do MST que lutam pela ocupação da terra improdutiva; os grupos de mulheres que desejam o fim da violência e do machismo; os grupos de LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersex) que lutam contra a LGBTIfobia, jovens, moradores de comunidades, que desejam ter reconhecidos seus direitos como cidadãos...

OBS: O centro do Teatro do Oprimido fica no Rio de Janeiro, possui grupos e oferece oficinas sobre a metodologia.

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Leandro Loppes é professor de Português e Literatura no magistério estadual e tem experiência como oficineiro de teatro em diversos projetos. Já trabalhou como ator e dirigiu grupos de teatro usando a Metodologia de Teatro do Oprimido.

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PELAS RUAS... Por Felipe Boaventura

Olá! Nesta edição vamos falar sobre alguns eventos que rolaram pelas ruas da cidade e no final comentar sobre uma pixação que tem gerado interação entre anônimos na cidade.

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Sarau do Escritório No coração da Lapa, em frente ao tradicional Bar da cachaça, acontece em uma quinta de cada mês, o Sarau do Escritório. Se você quer assistir ou se apresentar esse é hoje dos melhores lugares na cidade. Com o clima alegre e agregador, Fernando Pinto e equipe promovem encontros artísticos, onde poesia, música, periferia e carnaval fundem-se formando “ao vivo” um ambiente onde a cultura é apreendida, nesse, que é um dos palcos mais interessantes para a arte de rua no Rio. Lá são feitas performances, apresentações musicais, exposições de artes plásticas e afins. Tudo em uma esquina. Tudo na rua. Vida longa ao Sarau do Escritório! Aconteceu no Espaço Olho da Rua, em Botafogo, o lançamen-

to dos livros de poesia Exercício de nuvens de Rogério Batalha e Tímpanos de Marcia Carneiro e Luiz Fernando Medeiros. O Espaço é um lugar muito interessante porque é composto de um centro cultural, lanchonete, centro de exposição, palco para show, tudo no mesmo ambiente de galpão, e talvez por isso, tenha sido um lugar propício para os poetas presentes no evento dizerem seus poemas, bem como músicos apresentarem suas composições em parceria com o Rogério Batalha. Um ótimo lançamento da Editora TextoTerritório que tem apostado na prosa e poesia de forma corajosa. Bienal e SarALL Um pedaço do Brasil que faz poesia esteve na Bienal desse ano. O SarALL reuniu coletivos de poesia de várias cidades do Brasil para se apresentarem durante todos os dias do evento no pavilhão verde do Riocentro. Poetas como Binho, Alexandre Buzo (ambos de SP), Miró (PE), Alexandre Farias, Monique Nix, Viviane de Sales (ambos RJ) estiveram presentes. Não apenas as poesias e entrevistas valeram


V FORUM INTERNACIONAL RIO CIDADE CRIATIVA Aconteceu nos dias 10 e 11 de Setembro no MAM, a quinta edição do Fórum Internacional Rio Cidade Criativa. Tive a alegria de representar o Clube da Leitura em uma mesa com o amigo e parceiro Ecio Salles. Escritores Angolanos no Rio de Janeiro No dia 10 de Setembro no consulado da Angola no Rio de Janeiro aconteceu o evento de recepção e sarau com alguns escritores angolanos em visita ao Brasil. João Canda, Ras Nguimba Ngola, Helena Dias entre outros leram poesias de seus livros. Brasil e Angola possuem muitas semelhanças e é preciso criar mais pontes entre essas semelhanças a fim de que haja uma comunicação fraterna e efetiva. Vale dizer que a recepção do consulado aos presentes foi excelente.

Pixações Há uma pixação no eixo Centro-zona Sul que tem gerado interação entre desconhecidos que transitam pela cidade. Quando a vi pela primeira vez achei que a relevância de seu conteúdo ficaria na cabeça das pessoas, mas em pouco tempo, o contrário está acontecendo. “Eu dei pra ele” pode ser lida nas paredes da Rua Acre, no ponto de ônibus em frente ao parque laje entre outros lugares. A pixação parece ter tocado um nervo sensível e tem gerado “repostas” que vão desde ofensas até defesas. “Piranha” ou “não fica assim não pq eu também dei para ele” estão ao redor da pixação principal. Não sabemos quem são esses anônimos, mas refletimos se o que manifestam ali não revela algo para além do pessoal; algo social de uma libertinagem puritana tão narrada em nossa prosa tupiniquim.

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muito, como também a interação entre os poetas e o público. Uma ótima iniciativa dos amigos e parceiros Ecio Salles e Julio Ludemir.

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28 Quadrilha nos dias de hoje

João pegava Teresa que pegava Raimundo que pegava Maria que pegava Joaquim que pegava Lili que não pegava ninguém. João assumiu ser gay, Teresa a bissexualidade, Raimundo morreu de DST, Maria está com o ex da amiga, Joaquim é poligâmico e Lili casou com J. Pinto Fernandes

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que ainda usa camisinha.

*Verônica Ferreira

*Verônica Ferreira é jornalista e professora. Gosta de tudo que relaciona livros, escrita, literatura e palavra. Gosta de ouvir também. É autora da página Texto & Contexto no Facebook. Acesse: https://www.facebook.com/Texto-Contexto-


verno estadual e de lideranças da juventude. O evento também foi marcado pela 1ª ferira de negócio voltada para juventude e por muitas apresentações artísticas. Já na abertura tivemos a festa “Eu amo baile Funk” com

Chatubão digital. No dia 31 tivemos a apresentação do consciência tranquila “Baile Black Bom” e uma vasta programação cultural. Participaram cerca de 900 pessoas nos grupos de trabalho e na parte cultura a cima de 2 mil pessoas. Buscamos a opinião de alguns atores importantes na construção desta conferência em entrevistas exclusivas para Revista Ponto de Escambo.

Revista Ponto de Escambo #3

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3ª conferência estadual de juventude ocorreu do nos dias 30 e 31 de outubro, com encerramento no dia 1º de novembro. O evento mostrou que cada vez mais a juventude está se mobilizando e se organizando politicamente. Na abertura, tivemos a presença de diversos secretários do go-

Para Tiago Gomes a abertura foi maravilhosa e bem representativa com jovens de 81 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Ele exaltou a riqueza e a diversidade na mistura de jovens de movimentos sociais e jovens partidarizados. Para ele essa mistura vai fazer com que essa conferência seja u m a conferência histó-

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rica, contribuindo para construção de políticas que de fato atendam essa juventude Rodrigo Felha nos disse que a abertura retratou o que a conferência vem trazer, que é o diálogo. A juventude buscou se expressar e dialogar; para ele, os grupos de discussão vão contribuir ainda mais para o debate e todos devem estar dispostos a contribuir e a aprender através diálogo. “Quando a gente tem esperança a gente não para de lutar e essa juventude está bem disposta a lutar pelo bem do Rio de Janeiro”

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Para Sammy Brasil. A Conferência foi incrível. Ela ressaltou que o dialogo entre a juvetude e o governo é muito importante. A juventude está super a vontade e cada vez tem um espaço aberto. O governo do Estado tem se esforçado para se aproximar da juventude.

Na opinião de Erika Portilho a conferência foi super pulsante onde a juventude se representou. “Foi uma grande emoção ter participado da mesa [na abertura da conferência] e ter feito uma fala e observar que a juventude mudou”. Nós entendemos que os jovens devem estar presente nesta construção feita por jovens, para as coisas avançarem. Muitos jovens de comunidade estão vindo pela primeira vez e estão começando a entender conceitos de construção de políticas públicas, de governabilidade.Érica Portilho, Binho Cultura, Felha,, Samy Brasil,


Vadinho, o WG, o afrolata, são pessoas que vieram representar a favela na abertura da conferência, devem deixar de ser um ponto fora da curva, a gente precisa de mais juventude atuante. Para isso cada líder destes, cada formador de opinião dentro da sua comunidade deve fomentar a participação política dos nossos jovens.”


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