Revista Ponto de Escambo #4

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Revista Ponto de Escambo #4

REVISTA PONTO DE ESCAMBO

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2 Editor Chefe Marcos Poubel

Equipe

Edição e Design Rafael de França Paloma Dantas Comunicação Isadora Ribeiro Jornalista Carolina Souza Assist. de Produção Tharcilla Seidel

Revista Ponto de Escambo #4

Uma Realização

contato@escambocultural.com

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issuu.com/escambocultural


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m um processo de autoafirmação e de institucionalização como projeto em si, a Revista Ponto de Escambo começa 2016 trazendo à tona discussões e atividades que tratam do processo de (re)territorialização por meio da cultura e de movimentos sociais.

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Editorial

Para isso, agentes culturais desempenham papel fundamental no processo de construção de identidades, tanto comunitárias quanto própria dos indivíduos, reorganizando as formas de percepção da sociedade. Começando na esfera micro, reordenam as relações entre grupos sociais distintos e a ocupação do espaço físico ao seu redor. São, assim, vozes críticas e ativas refutando um antigo estereótipo de periferia “aculturada” submersa na impressão de ambientes inóspitos, cabendo ao Estado e à sociedade o papel de resgatá-la dessa estrutura. Mesmo estigmatizada pelos conceitos de pobreza e de violência, é inegável o reconhecimento da favela como berço de expressões artísticas e de afirmação quanto à pluralidade cultural. O que trazemos nessa edição são exemplos dessa reconstrução das chamadas “funções sociais”, em que a periferia se impõe com marcas próprias, delimitando, claramente, sua posição quando se trata da necessidade de respeitar a vocação cultural de um lugar. Isadora Ribeiro

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por Marcos Poubel

Estamos em uma época de eleições de representantes para as diversas áreas artísticas. No final do ano passado tivemos as eleições para o conselho Nacional de Política Cultural (CNPC) para o período de 2015 a 2017 que aconteceram pela internet e também eleições presenciais para o Conselho Estadual de Política Cultural (CEPC), representantes da sociedade civil fluminense, para o período de 2016 a 2018. A Secretaria Municipal de Cultura por sua vez, neste ano, realizou processo eleitoral para o próximo mandato do Conselho Municipal de Cultura, instância criada em 2009, que estimula a participação dos diferentes setores culturais e sociais na política cultural da Cidade. Pela primeira vez, pessoas físicas puderam se inscrever como eleitores e se candidatar à vaga de conselheiro, no processo mais democrático desde sua criação. O Conselho Municipal de Cultura conta com representantes de doze linguagens artísticas, que vão compartilhar seis vagas, sen-

do uma para Conselheiro titular e uma para Conselheiro suplente. As vagas serão compartilhadas entre linguagens artísticas afins: cultura popular e artesanato; artes visuais e audiovisual; patrimônio cultural e literatura; teatro e música; dança e circo; design e cultura urbana. A eleição para conselheiros da Sociedade Civil foi realizada em 3 de março de 2016, serão nomeados para um mandato de dois anos.

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CULTURA E REPRESENTATIVIDADE

Atualmente está em curso as eleições online dos membros dos segmentos culturais para o Conselho Estadual de Política Cultural. O presente processo eleitoral elegerá 06 (seis) membros titulares e 06 (seis) membros suplentes para o Conselho Estadual de Políticas Culturais, representando os segmentos culturais que foram definidos no Decreto 45.419 de 19/10/2015 (artes cênicas; artes visuais; audiovisual; música; das áreas de literatura; cultura popular) também para o período de 2016 a 2018. As votações ocorrem até o dia 31 de março. Em tempos de crise política, a área da cultura que recentemen-

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te quase perdeu seu ministério, (o ministério da cultura este um passo de ser extinto no plano de ajuste fiscal da atual presidenta Dilma Rousseff) se movimenta para escolher seus representantes. Entretanto, considerando o número de artistas existentes no Brasil e o número de pessoas que efetivamente participam, se candidatando ou votando como eleitores nesses processos, percebemos que a participação dos mesmos nessas escolhas de representação são muito aquém do ser real potencial.

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A nível nacional, a maioria dos representantes eleitos tiveram uma votação inferior a 50, a nível estadual (presencial) também. Em se tratando da instância municipal o candidato mais votado no geral foi ISABEL GOMIDE do teatro com 32 votos. Esta baixa participação deve ser questionada. Os artistas, em sua maioria, não se articulam politicamente ou os órgãos públicos estão falhando na divulgação dos processos eleitorais? Há um esforço para conscientização sobre a importância da participação dos artistas em suas diferentes linguagens?

Conheça nossas mídias: www.fb.com/escambo www.youtube.come/c/escambocutluralmidia


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Ilustração

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Nina HC facebook.com/submarinahc


DA CAIXOLA PARA O PAPEL Planejamento e Gestão foi o tema da primeira Maratona Rio Criativo de 2016. Promovida mensalmente pela Incubadora Rio Criativo, ela reuniu – de 26 a 28 de janeiro – empreendedores e agentes culturais para participar gratuitamente de oficinas e de consultorias, visando à troca de experiências e ao aprendizado. Na oficina “Planejamento de Projetos”, ministrada por Fernanda Oliva, por exemplo, os participantes tiveram uma apresentação sobre pontos aos quais devem ficar atentos na elaboração de uma proposta, como checklist, pesquisa e definição de objetivos gerais e específicos. Além de tirar dúvidas sobre seus próprios empreendimentos, os integrantes puderam agregar conhecimento às iniciativas dos colegas. Segundo a consultora, a maior dificuldade enfrentada pelos empreendedores é transpor as ideias para o papel, o que pode

Marat encon e com

por Carolina Souza

acarretar, entre outros problemas, recusas de avaliadores ou de investidores por falta de entendimento a respeito do projeto. Uma das participantes do workshop era a estudante Raphaella Haleck, de 26 anos.

O trabalho de hoje foi direcionado, principalmente, a pensar no lugar a que o empreendedor quer chegar e em quais são as etapas que ele precisa estabelecer, de forma bem específica, e a dimensionar isso em relação a metas e custos. explica Oliva.


tona Rio Criativo realizou, em janeiro, ntro para empreendedores aprenderem mpartilharem conhecimento

Junto da mãe, Andrea Haleck – também presente -, ela tem uma empresa de doces, a Palha da Rapha. A receita da guloseima está na família há 40 anos e, hoje, representa sua principal fonte de renda. Mesmo sendo sua primeira vez no evento da incubadora, a jovem o recomenda para outras pessoas.

É sempre válida a troca de experiências, de conhecimento, né? Eu espalho para algumas pessoas que conheço, que estão mais ou menos nesse meio também. Eu, com certeza, recomendaria. comenta a microempreendedora.

A RioCriativo está localizada dentro do prédio do Liceu de Artes e Ofícios e realiza mensalmente maratonas para ajudar os novos empreendedores a desenvolver seu negocio. Mais informações no tel 21 25079742


Do mundo das anedotas

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por Felipe Boaventura

Diz-se que dois amigos tomavam chope em um bar numa esquina qualquer da Lapa quando o primeiro deles disse: - No Brasil nada é maior que o ódio. Não tem samba, praia, Amazônia nenhuma que seja maior do que o ódio que temos uns contra os outros. - Que isso! Você está falando bobagem. O Brasil é único lugar do mundo onde índios, pretos e brancos se dão bem... O primeiro homem encara o amigo e então se vira para um homem negro que passava naquele momento do lado de fora do bar e grita: - Ei seu preto filho da puta de merda! Vai se foder! O bar para. O homem negro olha para seu agressor, depois olha ao redor e xingando baixo, continua seu caminho. - Você viu? Disse o primeiro homem. O segundo esbraveja: - Tá maluco?! Que me matar de susto?! - Você viu? - Vi que você ofendeu um homem e ele saiu para evitar problemas com um maluco! - Não estou falando dele. Estou falando dos outros. Alguém se incomoda por eu ter ofendido o homem sem motivo algum? Olhe

ao redor. Não! Pelo contrário, no máximo reclamam do incômodo que gerei, mas ninguém questiona minha atitude, nem mesmo você que apenas ficou com vergonha pelo susto. E sabe porquê é assim? Porque aqui no Brasil, ninguém se ofende pelo desrespeito ao direito do outro, só pelo seu mesmo. Nós nos odiamos de verdade.

EVENTOS • Lançamento do livro “Rio 2065”. Livro organizado pelos amigos Ecio Sales e Julio Ludemir com Fausto Fawcett, Martinho da Vila, Ramon Melo entre outros e também novos autores do cenário periférico da cidade escrevem sobre o Rio de Janeiro em seu aniversário de 500 anos. Como será a Cidade Maravilhosa? Leia e descubra! Dia 2 de Março de 2016 às 18h30min na Biblioteca Parque Estadual ao lado do Campo de Santana. • O FEMINICIDADE discute a violência contra a mulher através de ações na Cidade. Os eventos principais acontecerão na semana do Dia Internacional da mulher. Mais informações em www. feminicidade.com.br


MOSTRA DE CINEMA PROMOVE TRABALHOS INDEPENDENTES E PRETENDE CHEGAR A ESPAÇOS PÚBLICOS

O escurinho, a plateia, a pipoca e o refrigerante ajudavam a formar o clima de sessão de cinema, mas aquela não era uma ocasião comum. Na plateia, estavam atores, diretores e simpatizantes. Na tela, improvisada em uma parede branca, eram exibidos curtas-metragens que, sem os orçamentos robustos das grandes produções, ajudam a sustentar o cenário cultural autônomo.

nema Independente, realizada no dia 9 de janeiro, em Sulacap, não houve premiação ou categorias de destaque. Promovida pela Rosário Studio e pelo Cinevuna Urbano, com apoio do Escambo Cultural, onde foi realizada, e do #FalaPraGente, ela tem como objetivo divulgar o trabalho dos diversos produtores e trocar experiências, sem preterir ninguém.

Ao contrário do que o nome pode sugerir, na Mostra Curto Rio Ci-

- Essa é uma mostra para incentivar o cinema independente, por-

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Antes das grandes salas, as praças

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que a gente divulga nosso trabalho através de internet ou festival de cinema. No Youtube, as pessoas acessam mais canais megaconhecidos, e, se não for muito famoso, não se chega até elas. Essa é a forma de fazermos a distribuição gratuita – defende Fabrício Rosário, idealizador do evento. Segundo ele, tudo – desde a entrada até comidas e bebidas - foi gratuito como forma de agradecer às pessoas pela presença. - A gente não está cobrando nem para assistir, nem para alimentar, nem para nada. Tudo é grátis, porque é uma forma de agradecer ao público por ter vindo aqui prestigiar a gente – disse ele.

No repertório cinematográfico, estava prevista a apresentação de, aproximadamente, 25 curtas, mas, devido a atrasos e problemas técnicos, o número foi reduzido a 15. Entre eles, estava um episódio da 2ª temporada da websérie “Amor Por Toda Vida”, parceria entre Escambo Cultural, Portus Cia. De Dança e o Rosário Studio, além de “UTI – Erro Médico”, do grupo de cinema Cine Oportunidade – criado por Rosário e dirigido por ele e por Yon Dourado – e que ficou em 3º lugar, no Los Angeles CineFest, no final de 2015. #FalaPraGente A cobertura da mostra ficou por conta do #FalaPraGente, programa de entrevistas e de bastidores do cenário cultural voltado para iniciantes e para profissionais do


teste, o objetivo de Rosário é dar continuidade à exibição e – quiçá – exportá-la para praças públicas. — Dando certo, a gente pretende botar em praça aberta, para o pessoal ver, não somente em local fechado – diz o ator, que pretende levar o evento também a outros bairros, cidades e estados.

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meio artístico. Para Isabela Lino, repórter do canal e também atriz, o evento é importante por revelar não apenas obras de novos cineastas, mas também as dificuldades do ramo.

—Cinema independente não tem um patrocínio, e, às vezes, as pessoas têm o desejo, mas não têm a formação para poder atuar. Tudo é muito difícil. Então, uma mostra como essa abre portas tanto para as pessoas conhecerem o trabalho de outros artistas quanto para os próprios artistas estarem vendo o seu trabalho e o dos seus colegas sendo expostos e reconhecidos pelo público. – defende a apresentadora, que participou de um dos curtas exibidos.

Modelo tipo “exportação”

Apesar de essa ter sido apenas a primeira edição, uma espécie de

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“O QUE MANTÉM A CULTURA ROLANDO SÃO OS FAZEDORES DE CULTURA” Entrevista com Alexandre Pimentel, Superintendente de Cultura e Território na Secretaria de Estado de Cultura (SEC).

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foto SEC/Divulgação

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P.d.E.: Além da troca que os projetos têm aqui, vai alguma coisa para a sociedade civil, de forma geral?

A.P.: Não é obrigatório, mas todos esses projetos, praticamente, têm alguma proposta de realização, que não é só para os próprios projetos. Isso vai para sociedade como um todo. Enquanto Secretaria, eu acho que é o momento de não achar que é só fomentar, só dar o dinheiro do edital, mas de ter um acompanhamento, dar orientação. Até mesmo em um momento de crise de recursos, a gente está buscando muitas parcerias, inclusive com a iniciativa privada, para que esses recursos viabilizem ações que vão impactar a transformação desses territórios e, cada vez mais, discutir a questão da sustentabilidade, como eu sempre gosto de frisar. Não pensada só do ponto de vista ambiental, não só pensada do ponto de vista do negócio, mas sustentabilidade é também você desenvolver sua linguagem artística, ter contato com outros trabalhos.


P.d.E.: O senhor acha que essas parcerias vão ajudar, de certa forma, a manter a cultura rolando, apesar de uma possível falta de verba decorrente da crise econômica?

A.P.: O que mantém a cultura rolando são os fazedores de cultura, que não são o Estado. Então, em um momento de falta de verba, de uma crise que também atinge a gente (no estado), prejudica muito, mas é nessa hora que você tem que saber se articular para não deixar a peteca cair. A gente tem um contato com o governo federal, que também tem seus problemas financeiros, mas tem programas de financiamento. A gente tem tido uma receptividade muito boa quando conversa também com empresas privadas que, hoje, investem aqui no Rio. Acho que essa é, com certeza, uma das possibilidades que não devem ser abandonadas nunca, mas que fortalecem em um momento em que o próprio Estado está com dificuldade financeira.

P.d.E.: O senhor poderia falar um pouco mais da perspectiva da administração estadual em relação à ideia de levar cultura até os lugares e à de empoderar a periferia para que ela produza sua própria cultura?

A.P.: Acho que houve uma mudança de paradigma no país em relação a isso, de reconhecer que as pessoas já fazem cultura. Você não tem que ficar numa proposta que, de um lado, lembra um pouco o iluminismo; de outro lado, lembra um pouco o papel meio jesuítico de achar que tem que catequizar, porque parte do principio de que as pessoas não têm cultura. Não cabe ao Estado, moralmente, dizer o que é melhor ou pior e dizer que você tem que superar essa etapa para chegar a outra fase de desenvolvimento cultural, que tem que ser só orquestra sinfônica, balé, etc. Isso não quer dizer que a gente não estimule exatamente a diversidade. A gente não vai só apoiar funk, mas outras manifestações de periferia também, porque acho que é um conjunto. Uma Secretaria de Cultura tem que trabalhar com o estado como um todo.


P.d.E.: Até que ponto a Economia Criativa vai ser incorporada à economia do Rio de Janeiro?

A.P.: Eu acho que essa questão da Economia Criativa é um tema muito polêmico, não é minha área de atuação principal. Acho que a gente tem que entender que existe um modelo de desenvolvimento em crise, que é o modelo muito articulado a essa ideia inicialmente de uma cidade industrial. Acho que faço parte de um grupo maior de pessoas que acredita que esse novo modelo de desenvolvimento deveria ter na cultura um vetor fundamental. Então, a cultura passa a ter um papel estratégico no novo modelo de desenvolvimento, que não é só o econômico, é o humano, o de qualidade de vida, o da questão ambiental, o da questão cultural, o dos direitos. O desafio é pensar como a gente pode estimular as pessoas a fazer o que elas já fazem, mas com um pouco mais de estrutura, um pouco mais de qualidade, como o Estado pode agir com políticas voltadas para isso.

P.d.E.: E nos casos em que as manifestações culturais não se traduzem em produtos?

A.P.: Nem toda atividade cultural tem que ter necessariamente um foco em desenvolvimento de produto que possa ser comercializado. Então, não sei, por exemplo, se você fomentar uma Folia de Reis, a gente pode pensar em algum tipo de conceito de Economia Criativa que viabilize isso, porque essa é uma manifestação cultural religiosa. Acho que não cabe para tudo, mas acho que é, sim, um caminho possível também para diversificar as opções de desenvolvimento, desde que você tenha um conceito de desenvolvimento que seja mais amplo do que o que a gente vive hoje.

P.d.E.: Vocês querem manter esse tipo de encontro todo ano ou a cada dois anos?

A.P.: Eu acho que sim. Não sei exatamente como vai ser o cronograma disso, mas esse momento de encontro a gente quer, sim, fazer todo ano, que é exatamente para fazer um acompanhamento dos projetos e do desenvolvimento deles. É exatamente esse o momento de troca e, aí, a ideia de fortalecimento de uma rede de fato.


foto SEC/Divulgação

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Seminário joga luz sobre “Walking Dead” da Cultura ENCONTRO PROMOVEU DISCUSSÕES SOBRE MODELO DE FOMENTO À CULTURA E SUSTENTABILIDADE

Os desafios e as possibilidades do programa de fomento à cultura da Prefeitura do Rio foram assuntos de destaque do “Seminário Fomento Presente”. Realizado nos dias 15 e 16 de fevereiro, no auditório do Museu do Amanhã, o encontro reuniu produtores culturais, artistas e membros da sociedade civil. De acordo com o Secretário Municipal de Cultura, Marcelo Calero, “mais do que um evento da Secretaria, o objetivo é que ele seja um evento para a Secretaria”. O seminário abordou discussões relacionadas ao funcionamento e à sustentabilidade do programa de fomento, que tem,

entre seus motivos de relevância, “abrangência em termos de linguagens, territórios e diversidade de projetos contemplados”, segundo o órgão municipal. “O que difere uma ação de política pública de um edital de patrocínio privado?” foi o tema da primeira mesa de debates. Com mediação de Calero, a discussão contou com a presença de Tatiana Richards (SEC-RJ), Eliane Costa (FGV - Rio), Veríssimo Júnior (Teatro da Laje) e Carlos Trevi (Santander Cultural). Os participantes abordaram questões como a função de cada esfera de poder na gestão cultural, a necessidade de se desfazer o

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paradigma periferia-centro e a tese de que instituições privadas visam somente ao retorno midiático quando apoiam projetos.

- É preciso pensar a territorialização do orçamento da cultura, como já existe com o Ações Locais e o Territórios de Cultura. São essas visões estratégicas que o poder público e a inicia-

foto SEC/Divulgação

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Durante palestra, Eliane Costa, coordenadora do MBA de Gestão Cultural da FGV, falou a respeito da estrutura orçamentária destinada à cultura no Rio de

desses recursos, mencionando outras atividades como exemplos a serem seguidos:

Janeiro, exaltando a peculiaridade atual do setor, que, mesmo em época de crise, não teve sua verba reduzida. Veríssimo, por sua vez, destacou a necessidade da redistribuição territorial

tiva privada devem ter - defendeu o educador. Vale lembrar que o programa de fomento à cultura da Prefeitura do Rio se tornou um dos mais


Da segunda rodada do debate participaram Adriana Schneider (Reage Artista), Eduardo Barata (APTR), Luciane Gorgulho (BNDES) e Alena Aló (BR Distribuidora). - Um bom projeto é aquele que consegue atingir o objetivo que foi proposto. Ele tem que estar muito claro, ser comunicado da forma mais eficaz e, se possível, traduzido com a maior perfeição possível em indicadores para que, posteriormente, seja possível aferir resultados - pontuou Luciana Gorgulho.

- O atual modelo é insustentável, porque não aponta para inovação, nem para criação de marcas culturais fortes que se banquem sem apoio do governo - criticou Luis Marcelo. Para ele, que é consultor em comunicação, branding e cultura, o setor vive um “Walking Dead”: - A gente vive um ambiente repleto de produtores, de instituições zumbis que passam seu tempo todo atrás de dinheiro, e esse é outro exemplo da insustentabilidade da coisa – ele criticou.

foto SEC/Divulgação

As últimas mesas do evento, sob os temas “O que é um bom projeto?” e “Sustentabilidade das iniciativas culturais”, levantaram discussões que permearam a estrutura do modelo de fomento e dos editais em si, como defeitos, restrições, benefícios e principais quesitos avaliados para a contemplação de um projeto.

(Ponto Cine Guadalupe), que levantaram questões sobre o planejamento a longo prazo dos projetos, permitindo sua sustentabilidade, e os formatos de desenvolvimento.

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importantes do país e que movimentou, somente no último ano, quase R$ 90 milhões em recursos nele investidos, segundo dados oficiais.

Fechando as atividades, a terceira e última mesa foi composta pelos palestrantes Eveli Ficher (FGV-Rio), Anderson Quack (Fundação Palmares), Luis Marcelo Mendes e Adailton Medeiros

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fot贸grafo Allan Reis

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por Carolina Souza

MESMO SEM RECURSOS, ESCOLA DO TEATRO DA LAJE NASCE COM IRREVERÊNCIA E METODOLOGIA PRÓPRIAS

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uem está acostumado às tradicionais narrativas com início, meio e fim poderia estranhar a performance inaugural da Escola do Teatro da Laje. Composta por vários esquetes, ela retratava inúmeras situações desconexas do cotidiano. Mesmo assim, qualquer um haveria de concordar que, ali, havia uma manifestação de arte.

seuntes, que, mesmo sem entender ao certo o que estava ocorrendo, entraram na brincadeira. Para Laís Emídio, de 17 anos, uma das atrizes do grupo – agora, aluna da escola -, no entanto, o objetivo da apresentação foi além do entretenimento.

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À BASE DA PAIXÃO FEBRIL

Não acho que teatro tem que ter necessariamente uma historinha com começo, meio e fim. A vida não é assim. Ela é simultânea, como isso que a gente viu aqui, várias coisas acontecendo ao mesmo tempo” – defendeu Veríssimo Júnior, idealizador do Grupo Teatro da Laje da Vila Cruzeiro, que, a partir de 19 de dezembro de 2015, deu início à sua própria escola de formação. A irreverência começou horas mais cedo, quando a trupe fez um cortejo pelas ruas da Vila Cruzeiro até a Arena Carioca Dicró, base que utiliza para ensaiar 1h30 por semana. Sob a trilha sonora do grupo de percussão Fanfarrada, que tocava desde marchinhas tradicionais até hits atuais, os jovens interagiam com moradores e tran-

A gente vai se divertir, vai apresentar coisas diferentes, mas a gente quer uma escola para poder aprender a fazer isso e mostrar para o publico – defende a estudante, para quem o impacto do grupo na comunidade foi palpável. – Eu acho que ele agregou valores que a gente talvez até tivesse, só não sabia.

Cultura e território

A estreia contou com a participação do diretor de articulação

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da secretaria municipal de Cultura, Renato Rangel, e do próprio secretário, Marcelo Calero, para quem a arte já começa a ser entendida como um elemento estruturador do território.

diu “fazer das aulas um grande processo de escuta”. A iniciativa deu tão certo que os muros da escola acabaram se tornando um elemento inibidor. Foi assim que, em 2003, surgiu o Grupo Teatro da

Antigamente, ser secretário municipal de Cultura do Rio era levar cultura para o subúrbio, e isso é totalmente o oposto da realidade, porque é ele que produz cultura nessa cidade – disse ele, afirmando, em seguida, ter se comprometido com Veríssimo a expandir o modelo criado na Vila Cruzeiro. Na plateia, também estavam entusiastas do cenário cultural da cidade, pais e amigos dos atores.

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Eu cresci vendo pessoas usando drogas e armamento. Algumas pessoas que estão aqui eu vi crescer também, mas estão no teatro. E, se depender de mim, vou estar aqui, filmando, fotografando e compartilhando na rede social – disse a designer Ana Moura, de 25 anos, nascida e criada na comunidade.

O grupo Teatro da Laje

apesar de o coletivo existir há 13 anos, a ideia nasceu 4 anos antes, quando Veríssimo, professor de Artes Cênicas da Escola Municipal Leonor Coelho Pereira, no intuito de compreender os alunos, deci-

Laje, com uma metodologia colaborativa.

Quanto mais a gente puder se valer das energias próprias da comunidade, quanto menos precisar importar soluções, melhor. Então, a gente aposta que os jovens que


mostrar o que eles podem fazer pelo teatro.

A gente costuma ouvir muito as pessoas dizerem para os jovens de favela: ‘menino, estude para ser alguém na vida’. No Grupo Teatro da Laje, a gente fala: ‘moleque, você já é alguém. Estude para entender isso’ – defendeu Veríssimo em discurso, após a apresentação.

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já são do grupo sejam os professores - explica o educador, que diz ser contra um discurso ressentido, do gueto, ou mesmo colonizador e arrogante - A gente pretende trabalhar com pessoas de

Amor febril

fotográfo Allan Reis

A decisão de inauguração da Escola Teatro da Laje foi mais um ato simbólico do que prático. Sem verba, o grupo se encontra e ensaia dentro de suas possibilidades. O importante, segundo o professor, é que a escola exista.

fora também, desde que cheguem compreendendo qual é a metodologia própria da escola. Mais do que usar o palco como uma plataforma de desenvolvimento social para os jovens da Vila Cruzeiro, a escola pretende

Esse negócio de lutar por uma escola não faz sentido. A gente tem que criá-la. Depois, vai agregando parcerias. É assim que pobre faz as coisas – brincou ele, que contou com colaborações para montar a estreia - Não gastamos um mísero tostão aqui. Foi tudo na base do amor febril. O nosso combustível, o nosso entusiasmo é a paixão.

: Mais informações rodalaje at te la co es m/ fb.co

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TERRITÓRIOS CULTURAIS EM UM SÓ LUGAR Encontro promoveu articulação e troca de experiências entre expressões culturais de todo o estado do Rio de Janeiro

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Cerca de 102 iniciativas de nove regiões do estado do Rio de Janeiro se reuniram, de 21 a 23 de janeiro, para participar do encontro Territórios Culturais em Rede, no Rio Criativo. Manifestações culturais relacionadas a áreas como música, mídia comunitária, literatura, audiovisual e gestão cultural, entre outras, tiveram a oportunidade de se articular umas com as outras, ajudando a construir, assim, uma grande rede. Realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, em parceria com poder público, incluindo o Ministério da Cultura, e com o privado, o evento faz parte do programa Territórios Culturais RJ, uma expansão do prospecto original, Favela Criativa. Segundo o superintendente de Cultura e Território da Secretaria de Estado de Cultura, Alexandre


— Enquanto secretaria, eu acho que o momento é de atenção, de não achar que o momento é só de fomentar, só dar o dinheiro do edital, mas ter um acompanhamento, dar orientação – afirmou Pimentel, que ressaltou a vontade de que o encontro seja anual.

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Pimentel, a ideia do projeto é “abrir horizontes e as referências para esses projetos”, em um contexto de compartilhamento.

Para ele, novas articulações em rede e parcerias – com empresas públicas e privadas - podem desempenhar um papel significativo em um momento de crise, como o atual. — A gente está querendo que os projetos se conheçam para poder desenvolver cada vez mais articulações, para que eles possam se retroalimentar – defendeu o dirigente - Estar articulado em rede é, por exemplo, promover economias locais onde você conhece outro projeto próximo, na nua região, que desenvolve algum serviço que você não pode desenvolver. Então, tudo isso tem uma capacidade muito grande de transformar realidades locais e regionais. Dessa forma, ao longo de três dias, agentes culturais e empreendedores puderam participar de painéis e de reuniões focados em suas

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esferas de atuação, oficinas e palestras, bem como ter orientações de instituições, como a Agência de Fomento do Estado (AgeRio), a Secretaria de Estado de Trabalho e Renda (SETRAB) e o Sebrae. Essa entidade, por exemplo, foi responsável pela oficina “Internet como ferramenta para pequenas empresas”, que expôs os principais conceitos de Marketing Digital e como eles poderiam auxiliar os realizadores a alavancar seus negócios. Uma das muitas pessoas que circularam pelas salas do Rio Criativo foi a produtora cultural Janine

Nascimento, de 34 anos. Apesar de estar participando de seu primeiro edital de coworking da incubadora, ela é frequentadora assídua dos eventos que lá ocorrem Para ela, o encontro promovido pela secretaria se relaciona claramente com sua proposta de trabalho.


foto RioCriativo/divulgação foto RioCriativo/divulgação

— O tema central da minha atividade é a diversidade cultural, e um evento como o Territórios tem tudo a ver com diversidade cultural, e é uma iniciativa muito importante, porque descentraliza – defende Janine, que tem foco em literatura infantil - Eu acho que o grande benefício de uma iniciativa como essa é alcançar territórios que não eram alcançados.

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