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Merenptah (1213-1203 a.Cd
estátuas colossais, a mais conhecida das quais está no templo de Ptah, em Mênfis, e tem mais de 13 m de altura. 46 Seus ambiciosos planos de obras, contudo, Ramsés II só pôde realizar à custa de apertar cada vez mais o parafuso da servidão.
Ao contrário dos seus patrícios, Moisés não “passou pelo deprimente estilo de vida da classe dos escravos”. Ele passou sua juventude na “alta cultura da corte egípcia”. 47 Moisés fez a carreira de um escriba egípcio, provavelmente com a meta de ser, um dia, empregado na administração faraônica para o relacionamento com os semitas.
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A promoção de estrangeiros (especialmente de semitas) com o fim de empregá-los para os seus próprios objetivos é fato conhecido principalmente sob Horemheb. 48 Pode- -se supor que os raméssidas tenham assumido e assimilado esse costume de Horemheb.
Na época de Seti II (1203-1196 a.C.) havia uma verdadeira formação de semitas escribas, ou seja, funcionários. Os estrangeiros recebiam sua formação em instituições, por exemplo no harém de Miver, sob a supervisão de damas de alta classe social. 49
Ainda que não existam documentos específicos do período de Ramsés a respeito do assunto, não se pode excluir que também durante o seu governo tenha sido proporcionada educação egípcia a semitas. Quanto aos métodos educacionais no Egito, ficou conhecido o seguinte princípio: “As orelhas do menino estão nas suas costas: ele ouve quando leva açoites”. Em uma carta de agradecimento de um aluno egípcio ao seu mestre lemos: “Açoitaste minhas costas e em meus ouvidos penetraram teus ensinamentos”. 50
Muito provavelmente a educação de Moisés visava a futuramente administrar a pasta da servidão semítica. Já na sua primeira viagem de inspeção ele não conseguiu suportar o que viu. Matou um feitor egípcio e fugiu do país para escapar da punição, só retornando ao Egito após a morte de Ramsés II.
d) Merenptah (1213-1203 a.C.)
Merenptah foi o 14º filho de Ramsés II. Sucedeu ao seu pai no trono já em idade avançada e governou o Egito por dez anos. Tal como seu pai, Merenptah residia em Pi-Ramessés, mas temporariamente também utilizava a residência de Mênfis. 51 Ali haviam reinado por último Tutancâmon (1334-1327 a.C.) e os faraós de transição Ay (1326-1322 a.C.) e Horemheb (1322-1295 a.C.). 52
Merenptah nada ficou a dever ao seu pai, Ramsés II, em energia e ímpeto 53 , tendo entrado para a História como general vitorioso. Sabe-se disso graças à grande estela de granito, a Estela da Vitória de Merenptah. Ela tem 3,18 m de altura, largura de 1,63 m e profundidade de 31 cm. O monumento foi erigido no primeiro pátio do templo mortuário de Merenptah para celebrar a vitória no quinto ano do seu governo sobre a coalizão líbia, que havia invadido o Egito com ajuda dos povos do mar. Na lista das nações vencidas consta, bem no fim, aquela que é, até hoje, a única menção conhecida do nome de Israel em fontes egípcias. Por isso a estela é denominada de “Estela de Israel”. 54
O contexto no qual consta o nome de Israel é: “Tehenu (a Líbia) foi destruído; a terra dos hititas é pacífica, Canaã foi devastada, Ascalon está presa; Gézer foi destruída,
Cf. Hirmer/Otto, vol. II. pg. 409-442. Buber, Moses, pg. 46. Cf. Cazelles, Moses, pg. 17 e as considerações sobre Horemheb sob Ramsés I. Cf. idem, pg. 15. Sabedoria de vida do antigo Egito, traduzida (para o alemão) por Fr. W. v. Bissing; citada em Cazelles, Moses, pg. 16s. Cf. Catálogo do Museu Egípcio: sobre 211, o rei Merenptah. Cf. Keel/Küchler/Uehlinger, vol. 1, pg. 500s e 506. Cf. Otto, Ägypten, pg. 170. Cf. Catálogo do Museu Egípcio: sobre 212, a Estela de Vitória de Merenptah.
Jenoam foi aniquilado, Israel morreu e não tem mais semente; Charu (a Palestina) ficou viúva para o Egito”. 55
Como não existe campanha militar documentada de Merenptah na Ásia, possivelmente a enumeração das cidades da faixa de terra siro-palestina só se destina a sublinhar o fato de que, após rechaçar com sucesso uma invasão líbia, o Egito também não tinha mais nada a temer do leste. O nome Israel tanto pode referir-se a um grupo de homens e mulheres 56 como também à terra da qual os israelitas vieram. 57 De qualquer modo, a Estela da Vitória de Merenptah celebrava a aridez de Israel e o fato de sua semente não mais existir. Bastava tal declaração de vitória para não se admitir a demissão de Israel da servidão para uma terra na qual pudesse desenvolver-se livremente.
Não há como documentar a partir de fontes egípcias a suposição de que Merenptah teria sido o faraó do êxodo. 58 Destas nem sequer se depreende que os israelitas estivessem presentes no Egito. Todavia, é mais do que razoável associar Merenptah ao êxodo. “As notícias bíblicas daquele período se encaixam na medida em que o arcabouço histórico geral e algumas indicações isoladas (como a servidão na construção da cidade de Ramessés) correspondem às circunstâncias do Egito na época”. 59 As fontes egípcias nada informam sobre o fim de Merenptah. Os egiptólogos alertam para o fato de um exame da múmia de Merenptah não ter fornecido sinais de afogamento. 60 Outros consideram possível que Merenptah tenha sido destronado e assassinado. 61 Por que Merenptah não poderia ter morrido durante a perseguição aos israelitas, conforme relata o Antigo Testamento? 62
De qualquer modo, a história da 19ª dinastia (1295-1188 a.C.) mostra que os relatos bíblicos estão ancorados em solo histórico. Quanto à vida e à personalidade de Moisés, isso significa que “conhecimento histórico pobre afasta de Moisés; conhecimento histórico rico leva de volta a ele”. 63
Citação segundo Otto, Ägypten, pg. 177. Cf. Catálogo do Museu Egípcio: sobre 212, a Estela de Vitória de Merenptah. Cf. Hirmer/Otto, vol. II, pg. 443. Cf. Lambelet, pg. 6 e Keel/Küchler/Uehlinger, vol. 1, pg. 507. Hirmer/Otto, vol. II, pg. 443; cf. também o comentário sobre Êx 2.23 e 5.1–11.10. Cf. Catálogo do Museu Egípcio: sobre 212, a Estela de Vitória de Merenptah. Cf. Hirmer/Otto, vol. II, pg. 443. Cf. a exposição ref. Êx 14 e 15. Gelin, pg. 33.
III. CRONOLOGIA 64 , GENEALOGIA E MAPAS 65
1. Moisés e os faraós
“Conhecimento histórico pobre afasta de Moisés; conhecimento histórico rico leva de volta a ele”. 66
1295-1293 a.C.
1293-1279 a.C.
1279-1213 a.C. Ramsés I - Fundador da 19ª dinastia (1295-1188 a.C.) - Originário do leste do delta do Nilo
Seti I - Início da construção da cidade de Ramsés, Pi-Ramessés
Ramsés II - Chamado de “faraó dos recordes” em vista das suas construções - No 34º do seu governo, casamento com a hitita
Naptera
1213-1203 a.C. Merenptah - Residia em Pi-Ramessés e temporariamente em
Mênfis - A Estela da Vitória de Merenptah menciona, pela primeira vez, o nome de
Israel. É muito provável que Merenptah tenha sido o faraó do êxodo Entrementes, se levantou novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José (Êx 1.8)
1283 - Nascimento de Moisés - Salvação e adoção por uma filha do faraó
40
1243
30
1213
1213
10
1203 - Treinamento de Moisés para dirigir o departamento de servidão semítica - Assassinato de um egípcio - Fuga para uma tribo midianita - Retorno após a morte de
Ramsés II
- Negociações com Merenptah e - Êxodo
1203
40
1163 - Período no deserto
- Morte de Moisés
Sobre os dados dos períodos de governo dos diversos faraós cf. Keel/Küchler/Uehlinger, vol. 1, pg. 502-506. Os mapas foram elaborados com base nas ilustrações em Noth, Geschichte, Apêndice Mapas 1-4, e Donner, ATD 4/1, pg. 95. Gelin, pg. 33.
2. Genealogia de Moisés e Arão
JACÓ/ISRAEL
Rúben Simeão Levi Enoque Palu Hezrom Carmi Jemuel Jamim Oade Jaquim Zoar Saul Gérson Coate Merari Libni Simei Anrão Isar Hebrom Usiel Mali Musi (∞ Joquebede, filha de Levi) Arão Moisés Corá Nefegue Zicri Misael Elzafã Sitri (∞ Eliseba, filha de Aminadabe e irmã de Naassom) Nadabe Abiú Eleasar Itamar Assir Elcana Abiasafe (∞ filha de Putiel) Fineias