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Internato em tempo de pandemia
Em janeiro de 2020, iniciei o meu internato em Medicina Geral e Familiar, longe de imaginar que estaríamos também perto do início de uma pandemia.
A realidade dos Cuidados de Saúde Primários, que conheci até então, rapidamente se alterou e novos desafios se levantaram.
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O contacto presencial foi reduzindo e o número de consultas por contacto telefónico aumentou. Apesar de este tipo de contato ter permitido manter a continuidade de cuidados, com ele surgiram novas complexidades. Desde os dilemas resultantes do facto de não conhecer os utentes, aos simples problemas de ligação, até à dificuldade na compreensão de toda a mensagem transmitida, sem a comunicação não-verbal, tão fundamental e possível nas consultas presenciais.
Uma imensidão de informação diária emergiu a cada dia e, com ela, muitas questões, aumentando a necessidade de atualização constante de forma a melhor orientar os utentes.
Surgiram novas plataformas de trabalho, como a Trace COVID-19, o que exigiu também uma nova adaptação, mas que se veio a revelar muito útil na organização do trabalho a efetuar.
As formações e congressos presenciais deram lugar a várias videoconferências online, o que se tornou um desafio, mas também uma fonte de novas oportunidades, permitindo-nos participar em eventos que, de outra forma, pela distância ou outros constrangimentos, se teriam tornado impossível.
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O medo do desconhecido inicial foi dando lugar a uma nova realidade que vamos construindo devagar. As consultas presenciais aumentam gradualmente. A simples adaptação aos equipamentos de proteção individual pode ser desafiante, sobretudo para os mais idosos. Os
utentes têm revelado uma grande necessidade de terem consultas presenciais de forma a expor os seus receios.
Apesar de me encontrar apenas no primeiro ano de formação, tenho tido a oportunidade de participar em muitas tarefas, sentindo-me parte integrante da equipa, o que me permite continuar a desenvolver a minha formação.
Adivinham-se tempos desafiantes, eventualmente até com o surgimento de novos problemas como os relativos à saúde mental e o descontrolo de patologias crónicas que o confinamento pode ter causado.
A união e resiliência de todos serão fundamentais para redefinirmos o futuro!
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Joana Mendes
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USF S. Félix-Perosinho jcsmendes@arsnorte.minsaude.pt