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Mundo dos ecrãs

As novas tecnologias tornaram-se um fator chave na vida das crianças e adolescentes. Não é raro ver crianças de 3 anos entrarem na consulta de Saúde Infantil com chupeta e telemóvel na mão.

O uso precoce das tecnologias gera polémica quanto ao desenvolvimento afetivo, social e cognitivo da criança. Alguns estudos sugerem uma associação entre o número de horas de ecrã diárias entre o primeiro e terceiro ano de vida com défice de atenção aos 7 anos de idade, com o início precoce da atividade sexual e com maior risco de gravidez na adolescência. Verifica-se que o uso indiscriminado e a acessibilidade de 24 horas à internet desconstrói o vínculo afetivo entre os membros da família, provocando diversas discussões relativas ao abuso do tempo de ecrã, principalmente na adolescência.

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A comodidade, rapidez e facilidade na aquisição de informação diminuem a necessidade da criança se esforçar na procura de novas formas de lazer, de trabalho e mesmo de estudo. Como tal, as crianças crescem, por vezes, com a fantasia de que tudo é imediato e de fácil resolução, tornando-as menos capazes de enfrentar, com sucesso, as adversidades da vida. É importante a criança aprender a cair e a levantar-se, no sentido literal e abstrato dos termos, de modo a que no futuro saiba gerir sensações como a ansiedade e a tristeza.

Apesar de todos os aspetos negativos referidos importa salientar que as tecnologias podem também ser grandes aliados no desenvolvimento cognitivo da criança na fase escolar. O uso ponderado e fiscalizado dos aparelhos eletrónicos, quer na escola quer em casa, pode estimular o interesse da criança, através das cores, das imagens e dos sons. O recurso a jogos educativos e interativos pode ser um utensílio eficaz, uma vez que um aluno motivado e atento vai ter um rendimento muito superior.

Aos médicos de família cabe educar e incentivar as famílias neste sentido, sendo importante privilegiar o contacto físico com outras crianças e as relações interpessoais, para que estes futuros adultos sejam seres completos em todas as suas dimensões.

Carla Cardoso

USF Anta carlasofiavcardoso@gmail.com

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