Event Point 5

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. A NO II . NÚME RO 5 . T RIME S T R A L . OU T UBRO / NO V E MBRO / DE Z E MBRO . 2 0 1 2 . 5, 00 € (C ON T.)

. E VENTOS . CONGRESSOS . FEIRAS . INCENTIVOS . DESTINOS .

DOMINAR A ARTE DO NE T WORKING GRANDE ENTRE VISTA: JOÃO GARRIDO DA COSTA NADA MUDA NA GESTÃO DO PAVILHÃO ATL ÂNTICO CONVENÇÃO DO ROTARY INTERNACIONAL EM LISBOA


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FICHA TÉCNICA

EDITORIAL

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PROPRIETÁRIO Estação Livre . Comunicação Tel: 226053936 info@eventpoint.com.pt www.eventpoint.com.pt SEDE DA REDACÇÃO Rua Visconde de Bóbeda, 70, 2º Frente 4000‑108 Porto DIRECTOR Rui Ochôa (rui@eventpoint.com.pt) EDITORA / DIRECTORA DE INFORMAÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa (claudia@eventpoint.com.pt) REDACÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa Maria João Leite (mj@eventpoint.com.pt) Sara Marques (sara@eventpoint.com.pt)

DEPARTAMENTO COMERCIAL Helena Pereira ASSISTENTE DE DIRECÇÃO Rita Coutinho Costa COLABORAÇÃO Ana Godinho (agodinho@eventpoint.com.pt) Maria Pereira (mpereira@eventpoint.com.pt) COLUNISTAS Ana Marreiros Artur Costa Diogo Assis Isabel Amaral Miguel Neves Pedro Cardoso Pedro Rodrigues

DESIGN Norma Design (geral@normadesign.com) FOTOGRAFIA Minifoto IMAGEM DE CAPA kalle Jipp IMPRESSÃO Norprint Zona Industrial Alto da Cruz ‑ Fontiscos Apt.: 172 . 4780‑583 Santo Tirso DISTRIBUIÇÃO VASP – Distribuidores de Publicações

Nº REGISTO ERC 126066 DEPÓSITO LEGAL 330066/11 TIRAGEM 3.500 exemplares PERIODICIDADE Trimestral

É estritamente proibida a reprodução parcial ou integral de textos ou ilustrações da Event Point. As informações contidas nos anúncios são da exclusiva responsabilidade dos anunciantes. Consequentemente, não podemos ser responsabilizados por qualquer informação incorrecta que se possa verificar.

RUI OCHÔA

CLÁUDIA COUTINHO DE SOUSA

CHEGOU O TEMPO DE NOS UNIRMOS Tempos difíceis exigem por vezes decisões ainda mais difíceis. Mas aqui na Event Point chegamos ao final deste ano de 2012 com uma enorme vontade de fazer coisas, de‑ bater ideias, avançar com projectos. E não nos digam que não se pode, por causa da crise. Pelo contrário, é uma questão vital. Há um denominador comum que podemos reconhecer em todas estas ideias: a urgente necessidade de trabalharmos em conjun‑ to, organizadores, fornecedores, espaços, convention bureaux, imprensa especializada e tutti quanti. O futuro passa por aí. E tudo o resto será determinado pela nossa capa‑ cidade de empurrar para a frente esses tais projectos em comum que, em última instân‑ cia, vão dar origem a um sector mais enxuto, mais criativo, mais eficiente. Estejam atentos às novidades que traremos em breve. Até lá, desfrutem da riquíssima entre‑ vista com João Garrido da Costa, CEO da Tavolanostra – Event Globais. Ele passa em revista dez anos como organizador de even‑ tos, descreve a actual situação do mercado e descobre alguns sinais sobre o que aí vem. Estreamos um novo articulista, Artur Costa, administrador da consultora Quaternaire Portugal, que defende a necessidade de “uma cultura de avaliação em torno dos grandes eventos”. E quem poderá contestá-lo? O nosso dossiê principal é inteiramente dedicado ao networking. Como é difícil para uns, viciante para outros. Uma ferra‑ menta indispensável aos profissionais de hoje que queiram ter um amanhã, vista por diversos especialistas na matéria, portu‑ gueses e estrangeiros.

A convenção do Rotary Internacional, com 20 a 30 mil participantes esperados, pro‑ mete testar os meios da Grande Lisboa para acolher um mega-evento como este. Impacto económico estimado: mais de 77 milhões de euros. Preocupação maior dos organiza‑ dores: a possível especulação no preço dos hotéis. Data marcada: Junho de 2013. Saiba ainda em que consiste o movimento Rotário. Veja também o que ainda não tinha sido publicado no nosso site sobre a entrevista que fizemos com Jorge Vinha da Silva, di‑ rector-geral da Atlântico, logo depois de se saber que o Consórcio Arena tinha ganho a corrida para a privatização daquele venue. Já ouviu falar da Expo-Guide? Se ainda não, está com sorte. Trata-se de um esquema de burla mundial, que pretende atrair os expositores a assinarem um contrato de pu‑ blicidade, usando como engodo um formu‑ lário que aparentemente se destina apenas a recolher informações para os catálogos de cada feira. A Event Point conta-lhe os de‑ talhes, e ouviu conselhos, sobre como agir perante os factos consumados. O que é que o teatro, os teatros e os eventos podem aprender uns com os outros? Um enredo que procuramos desvendar ao longo de seis páginas de reportagem. Demos ainda um salto a Las Vegas, esse destino talvez um pouco decadente, mas sempre apelativo, mesmo quando se trocam as fichas de jogo pelas salas de reuniões desta cidade do estado de Nevada.

Boa leitura, e até Janeiro de 2013.


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6 8 10 14 16 22 24 32 36 40 44 52 54 58 60 63 64 66 67 68 69 70 72 76 82 86 90

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Colunistas Espaço APECATE Notícias Os desafios do gestor de eventos no actual contexto de mercado, por Pedro Rodrigues

CONVENÇÃO DO ROTARY INTERNACIONAL EM LISBOA

Networking, para ir mais longe, por Pedro Cardoso

DOSSIÊ TEMÁTICO: DOMINAR A ARTE DO NE T WORKING

Viva o networking, por Miguel Neves O networking está na moda, por Isabel Amaral “It’s not what you know, it’s who you know!”, por Diogo Assis

GRANDE ENTRE VISTA: JOÃO GARRIDO DA COSTA NADA MUDA NA GESTÃO DO PAVILHÃO ATL ÂNTICO

Cuidado com as burlas: Já ouviu falar na Expo-Guide? Case study: 7 Maravilhas Praias de Portugal Convidar jornalistas para eventos? Eis a questão, por Ana Marreiros 25ª EIBTM Tendence 2012 Douro Film Harvest +Sustentabilidade = n Relações Win-Win Tecnologia: Sharpy Centro de Acolhimento a Turistas da Douro Azul: Novo espaço no Porto Consultório de protocolo Por uma cultura de avaliação em torno dos grandes eventos, por Artur Costa O Teatro e os eventos Destino internacional: Las Vegas Empresas Directório

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COLUNISTAS 6

ANA MARREIROS Depois de responsável pelo departamento de comunicação e imagem de uma empresa de construção, consultoria e mediação imobiliária, Ana Marreiros integra a Inforpress onde trabalha há quase 10 anos. Como Account Manager tem vindo a planear, organizar e coorde‑ nar um conjunto de eventos internos e externos de vários âmbitos e sectores.

ARTUR COSTA Licenciado em Engenharia Civil pela Universidade do Porto e pós‑graduado em Ordenamento do Território e Meio Ambiente pela Universidade Politécnica de Valência (Espanha). Trabalhou na Comissão de Coordenação da Região do Norte. Desde 1996 integra os quadros da Quaternaire Portugal onde se ocupa de projectos de planeamento estratégico, ordenamento do território e desenvolvimento regional e urbano, coordenando, neste âmbito, a montagem, execução, acompanhamento e avaliação de acções. É autor de diversas publicações.

DIOGO ASSIS Formado em Gestão Hoteleira e Turismo, trabalhou no departamento comercial e de marke‑ ting de algumas das principais cadeias hoteleiras do país, assim como no International Hyde Park em Londres. Em Novembro de 2002 decidiu lançar‑se numa nova experiência e co‑fundar a TLC. O objectivo era tornar esta empresa o DMC líder em Portugal. A TLC mudou de nome para events by tlc, tendo iniciado operações no Brasil.

ISABEL AMARAL Licenciada em Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Polícias e curso de Tradução do ISLA. Autora dos livros Imagem e Sucesso e Imagem e Internacionalização. Presidente da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo. É orado‑ ra convidada em seminários um pouco por todo o mundo.


COLUNISTAS 7

MIGUEL NEVES Ocupa actualmente o cargo de Events and Projects Planner no Grupo IMEX, onde é res‑ ponsável, por exemplo, pelo Future Leaders Forum. Antes fez parte da empresa Synaxis Meetings & Events. É orador convidado em diversos eventos do sector. Em Maio de 2009 venceu o prémio IMEX‑MPI Foundation Student Scholarship Award. É Mestre em Conference & Events Management, pela Universidade de Westminster.

PEDRO CARDOSO Formado em Gestão Hoteleira, foi director de Front‑Office/Alojamento na abertura do ex‑Sheraton Porto em 1986 e director de Marketing e Vendas até 1995. Quadro co‑fundador e director‑executivo da Sugestões&Opções e do Grupo QRM, de 2002 a 2008. Fundador, em 2002, administrador e principal accionista da The House of Events. Consultor de Hotelaria e Turismo, e ex‑docente na Escola de Hotelaria e Turismo do Porto.

PEDRO RODRIGUES Coordenador de eventos da Desafio Global ativism ‑ corporate events. Docente do Mestrado em Gestão Estratégica de Eventos da ESHTE.

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ESPAÇO APECATE 8

APECATE

NETWORKING TOOL

JOEL VICENTE V IC E‑ PRE S IDE N T E D A DIRE C Ç Ã O PRE S IDE N T E D A S E C Ç Ã O DE E V E N T O S

Esta nota inicial reflecte o universo do networking global que conseguimos estabelecer facilmente nos dias que correm, utilizando as diversas ferra‑ mentas que todos nós temos disponí‑ veis e que nos permitem desenvolver relacionamentos de negócio, parcerias ou mesmo a troca de ideias e desenvol‑ vimento de projectos com alguém que está a 500 metros do nosso escritório ou a 5000 km de distância. Esta é uma realidade incontornável para muitas empresas nacionais mas, muitas vezes, ainda mal aproveitada ou sem uma estratégia bem definida que permita retirar todo o potencial do networking. Dando como exemplo a contratação

Curiosamente, no dia em que escrevia este artigo, quase em simultâneo, aceitava o agendamento de duas reuniões, endereçadas por dois operadores dos EUA, através do LinkedIn e fóruns de discussão especializados do sector da Meetings Industry, que sugeriam reunirmos na feira IMEX America, em Las Vegas. de Recursos Humanos no mercado brasileiro, 44% dos recrutamentos são feitos através de referenciação por pessoas amigas ou conhecidos, 16% através da internet, 6% através de anúncios e apenas 3% através de agên‑ cias especializadas de recrutamento. Estes indicadores representam bem a importância do desenvolvimento de relações pessoais e profissionais, ou seja, o networking. No entanto, importa referir que o networking não é apenas a utiliza‑ ção das ferramentas informáticas ou das redes sociais, como também não é apenas a simples troca de cartões pessoais num evento.

O networking pessoal é, muitas vezes, uma base de partida para alimentar e potenciar uma rede de networking nas empresas, que deverá ser desenvolvida em diferentes níveis, utilizando também diferentes ferramentas e a participação quer em eventos específicos, quer em eventos sociais. Tudo isto exige um esforço e um ali‑ mentar constante da rede de contactos e relacionamentos, o que representa um investimento de tempo significativo que, se não for feito com técnica e uma estratégia bem definida, pode tradu‑ zir‑se em resultados desanimadores.


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AS ASSOCIAÇÕES PODEM SER UMA DAS MAIS IMPORTANTES FERRAMENTAS DE NETWORKING As associações empresariais devem ser uma ferramenta importante e facilita‑ dora do networking entre empresários, parceiros, fornecedores e clientes. A APECATE constituiu‑se com este pressuposto, assumindo‑se à partida como espaço de potenciação de relações entre associados e fornecedores com interesses comuns no sector. O trabalho em rede que muitos já praticam tem revelado vantagens acrescidas, entre as quais se destaca também a entreajuda empresarial em momentos complicados como os que vivemos actualmente. Mas a função da APECATE ao nível do networking não se esgota no facto de ser uma natural plataforma de encontro in‑ ter‑associados. Há que estimular proac‑ tivamente esta função e temo‑lo feito com realizações inovadoras. O programa “Um dia de Assembleia Geral”, que tem transformado reuniões estatutariamente obrigatórias em jornadas internas que combinam o cumprimento da lei com o lazer, o convívio, reuniões sectoriais e fóruns de debate, é um excelente exemplo. Os Jantares‑Debate, sempre com um

orador convidado e a moderação de um jornalista, estão a afirmar‑se como um outro importante momento de encontro entre empresários e convidados do sector, nos quais irão ser integrados momentos prévios de reunião informal com vista ao networking. O projecto, em fase de con‑ cepção, de criação de um website virado exclusivamente para o mercado externo, realiza uma outra vertente fundamental do networking: dar escala à oferta das empresas associadas. Finalmente, quando o trabalho de uma associação é reconhecido institucio‑ nalmente a vários níveis, as poten‑ cialidades de desenvolvimento de um networking assumidamente de serviço aos associados tem efeitos multiplica‑ dores infinitos. São criadas parcerias que amplificam a voz dos sectores, que os promovem, que lhes dão visibilidade e que permitem encontrar soluções partilhadas para problemas que, graças a este networking, são sentidos e vivi‑ dos como realidades comuns. No caso da APECATE, referimo‑nos em particular à participação em duas

confederações europeias, a EFAPCO e a EC‑OE, e à nossa presença em ini‑ ciativas na área dos eventos como os Prémios EuBEA. Tratando‑se de espaços de encontro inter‑associações, não só são fundamentais ao esforço que em todo o espaço europeu está a ser feito em prol do reconhecimento das profissões ligadas a estes sectores de actividade e da qualificação da sua oferta, como são uma montra europeia essencial ao processo de internacionalização das empresas.

Não é por acaso que o website da APECATE foi já responsável pela descoberta de empresas associadas por operadores turísticos nacionais, europeus e americanos. Descoberta e negócio. É sinal de que estamos no bom caminho.

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NOTÍCIAS 10

REALIZAR MUDA CARNAVAL DE NOTTING HILL A Realizar Worldwide Events venceu um concurso público, pelo prazo de três anos, que lhe entrega a tarefa de produzir o Carnaval de Notting Hill, o maior evento de rua da Europa, que reúne no final de Agosto mais de um milhão de pessoas nas ruas daquela zona de Londres. Ao longo de três dias, há música e desfiles carnavalescos, envolvendo cerca de 15 mil foliões. Filipa Oliveira, gestora de desenvolvi‑ mento de negócios internacionais da Realizar, explica que este primeiro ano, 2012, serviu como um teste, para per‑ ceberem que terreno pisam. O Carnaval de Notting Hill sempre foi organizado pelas várias comunidades, de um modo

completamente amador. O que está em causa neste projecto, que levou à escolha da Realizar, é o passo para o nível seguinte, com uma organização profissional, que enquadre o esforço apaixonado de tantos voluntários, e que seja também capaz de trabalhar a marca, angariar patrocínios, desenvol‑ ver merchandising, formatos para tv, etc. Isto para um evento que tem, neste momento, um orçamento superior a 12 milhões de libras, cerca de 15 mi‑ lhões de euros. Todas estas mudanças coincidem com a constituição de uma nova entidade, a London Notting Hill Carnival Enterprises Trust, responsável pela administração do evento.

A Realizar está já a preparar a próxima edição do Carnaval de Notting Hill. O que implica, diz Ana Fernandes, responsável pela área de produção, deslocar elementos da equipa portu‑ guesa para Inglaterra, em diferente número, e em diferentes fases, de modo a conseguir gerir e implementar tudo o que está planeado. Este ano foram dez portugueses, num conjunto de 22. Mas em 2013 a equipa vai crescer, podendo ultrapassar, no total, os 500 elementos. O objectivo mais delicado e complexo, destaca Filipa Oliveira, é o de envolver as comunidades, para que não seja desca‑ racterizado este Carnaval fora de época, verdadeiro projecto multicultural.

LUFTHANSA GROUND SERVICES PORTUGAL LANÇA‑SE NO MERCADO DOS EVENTOS

para clientes com desejos e vontades excepcionais”, explica o responsável. A diversidade de mercados a atingir levou a que fossem criados três tipos de serviços: Lufthansa LGSP Corporate, Lufthansa LGSP Event, Lufthansa LGSP Excellence. “A segmentação dos serviços pressupõe diferenciação no tipo de acompanhamento bem como no valor associado, permitindo cobrir os vários segmentos identificados. No entanto, e partindo das nossas relações privilegiadas, investiremos num clien‑ te com margem de manobra e vontade de experimentar”, adianta à Event Point Paulo Geisler. Esta nova área da LGSP, a primeira em‑ presa portuguesa do grupo Lufthansa,

foi um “passo inevitável” porque “vimos um mercado onde acreditamos haver espaço para um serviço de qualidade e rigor”, diz o administrador. Para a ope‑ ração, a empresa conta com uma peque‑ na equipa, mas “experiente”, que se vai dedicar a este segmento. “Naturalmente que iremos trabalhar com parceiros nacionais e internacionais, de forma a optimizar e criar sinergias de relações já existentes com o grupo Lufthansa mas também com novos parceiros que se têm aliado à LGSP”. Em termos de metas, o objectivo da LGSP é atingir, até ao fim do ano, 10% da facturação global com esta nova área de negócio.

A Lufthansa Ground Services Portugal (LGSP) oferece, desde o passado mês de Junho, o serviço de organização de eventos. “O mercado principal será o corporate”, diz à Event Point Paulo Geisler, administrador executivo, “não excluindo nenhum mercado”. “Pretendemos também apostar nos grandes eventos e num serviço de luxo,


NOTÍCIAS 11

TRAINING WEEK LISBOA JUNTA JOVENS QUE QUEREM TRABALHAR NO SECTOR DO TURISMO E EVENTOS A iniciativa, promovida pela Associação Nacional de Futuros Profissionais de Turismo (ANFPT) e o Encontro Nacional de Estudantes de Organização e Gestão de Eventos (ENEOGE), juntou 20 jovens aspirantes ao sector do turis‑ mo e eventos para uma semana de for‑ mação. Hugo Soares, do ENEOGE, faz um balanço positivo do evento. “Superou claramente as nossas expectativas. Tínhamos a certeza de que iria ser um

evento proveitoso ao nível da formação e do network, mas a disponibilidade de todos os participantes e dos formadores e profissionais presentes fez com que este evento fosse repetidamente elogiado por todos os intervenientes”, comenta. O objectivo da iniciativa passa por apro‑ ximar os jovens ao mercado de trabalho, numa semana intensa de partilha de conhecimentos e experiência. No dia dedicado aos eventos, o Training Week

contou com a presença de Pedro Rodrigues e Francisco Serzedello da Desafio Global ativism, Renata Amaral, da Prestígio e João Sacchetti, da Moda Lisboa. A 1ª edição do Training Week reali‑ zou‑se em Lisboa entre os dias 15 e 21 de Setembro, e a organização admite novas edições. “Talvez para o ano con‑ sigamos “oferecer” boas experiências aos jovens empreendedores do Porto”, admite Hugo Soares.

Brito, da New Events, João Costa, da Tavolanostra – Eventos Globais, Joel Vicente, da LineUp e APECATE, Luís Rasquilha, AYR Consulting, Miguel Neves, da IMEX, Pedro Figueiredo, da Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos, e Pedro Rodrigues, da Desafio Global ativism. Este é considerado um dos principais

eventos de formação para os jovens estudantes de organização e gestão de eventos, tendo as anteriores edições acolhido centenas de participantes de todo o país. A Event Point é desde a pri‑ meira hora apoiante desta iniciativa. O evento decorre a 23 de Novembro. As inscrições podem ser efectuadas através do site www.eneoge.com.

ENEOGE RUMA AO PORTO O Encontro Nacional de Estudantes de Organização e Gestão de Eventos ruma ao Porto, nesta que é a 3ª edição da iniciativa. O evento vai decorrer no Centro de Congressos da Alfândega, com o tema “Trends&Missions ‑ Are you ready for the future? ”. Até ao mo‑ mento estão confirmadas as presenças de Ana Fernandes, da Realizar, António

EVENT MANAGEMENT INSTITUTE COM PÓS‑GRADUAÇÃO EM ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS CORPORATIVOS Foi apresentado em Barcelona o Event Management Institute. Este novo instituto é uma iniciativa dirigida à formação, investigação e assessoria a empresas e profissionais do sector da meetings industry, e tem como princi‑ pal rosto Raimond Torrents, autor de diversos livros sobre eventos. A marcar o nascimento do projecto, é lança‑ da, em conjunto com a Universidade

Politécnica da Catalunha, uma pós‑graduação em Direcção e Organização de Eventos Corporativos. Segundo Torrents “o sector da comu‑ nicação através dos eventos cresceu muito nos últimos 20 anos mas apre‑ senta carências importantes quanto à formação de alto nível para os seus profissionais”. A metodologia do novo curso pretende seguir o exemplo

da profissão: “A experimentação como ferramenta de aprendizagem”. Parte das aulas serão ministradas nas próprias empresas. Como ele‑ mento adicional, os alunos do curso ingressarão, de forma automática, no MPI (Meetings Professionals International). O curso decorre de 25 de Janeiro a 17 de Maio, em Barcelona.

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NOTÍCIAS 12

ESTORIL GANHA O ASSOCIATIONS CONGRESS A candidatura do Estoril foi a es‑ colhida para organizar o próximo International & European Associations Congress. O evento já tem data e local: 21 a 23 de Abril de 2013, no Centro de Congressos do Estoril (CCE). O Estoril competiu com quatro desti‑ nos europeus e saiu vencedor “por ter criado uma ‘Destination Team’, um comité local constituído pelo vice‑ ‑presidente da Câmara de Cascais, o PCO [Organizador Profissional de Congressos], DMC [Destination Management Company], hotéis, venue, fornecedores”, explica à Event Point Linda Pereira, directora da CPL Events e rosto da candidatura. “Foi um bloco apresentado em uníssono, com con‑ tributos de todos, algo que não é muito usual, e isso deu claramente força à candidatura”, sublinha a responsável. A contribuir, ainda, para o sucesso deste bid estiveram questões como a relação qualidade‑preço, a experiência na organização de eventos associati‑ vos, a estratégia de sustentabilidade do

CCE, e o facto de a candidatura ultra‑ passar o exigido em termos de inova‑ ção dos eventos paralelos, pensados para dinamizar o programa. O International & European Associations Congress é o maior evento para associa‑ ções na Europa. Linda Pereira estima que venham a Portugal cerca de 300 executi‑ vos de associações internacionais.

“Estamos a falar de pessoas que representam 350 milhões de euros de negócio”, refere a directora da CPL Events. Linda Pereira lembra a importância de ter no destino as pessoas que decidem onde se realizam os eventos das Associações.

O congresso assenta num programa educacional intenso, apresentando ainda um espaço expositivo, dedica‑ do sobretudo a destinos, empresas de tecnologia e outros fornecedores. Apesar de ser um congresso exclusivo para associações internacionais, está prevista uma sessão aberta às asso‑ ciações nacionais dos vários países e profissionais do sector, patrocinada pela CPL Events. A decisão de atribuir o congresso ao Estoril foi tomada em Liverpool, durante o International & European Associations Congress 2012.

Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]

COOPERATIVA ÁRVORE PROCURA PARCEIRO DE RESTAURAÇÃO A Cooperativa Árvore, no âmbito do projecto de renovação em curso, apre‑ sentará em breve um novo espaço de restauração e de eventos com lotação para 70 pessoas. O espaço está loca‑ lizado no jardim deste emblemático edifício da zona histórica do Porto. As obras vão contemplar uma cozinha, bar, sala de jantar e esplanada. Para a gestão deste novo espaço a Árvore procura um parceiro especia‑ lista na área da restauração. Segundo a Cooperativa, “pretendem‑se propostas que integrem de forma in‑ teligente e criativa a programação e

dinâmica cultural com as novas tendên‑ cias no consumo de restauração, ade‑ quando ao poder de compra dos públicos a quem se dirige e garantindo diferen‑ ciação no contexto da sua identidade, quer como cooperativa quer como espaço de liberdade artística e intelectual”. A Árvore quer oferecer um novo es‑ paço de programação cultural diver‑ sificada e multidisciplinar (música, poesia, debates, performances). Neste momento a Cooperativa tem cerca de 1400 sócios, sobretudo artistas e criadores. Esta requalificação inse‑ re‑se no projecto “Árvore XXI Espaço

de Convergência Criativa” ‑ uma candidatura aprovada pelo Sistema de Apoio às Indústrias Criativas – Infra‑estruturas Físicas – Programa ON2, num investimento de cerca de 1.500.000€ com 70% de compartici‑ pação do ON2 a concluir em Dezembro de 2012. Permitiu renovar todo o espaço edificado, modernizar o equi‑ pamento e criar condições para atrair e formar mais criadores, promovendo trabalho para os artistas e apoiando o empreendedorismo nas indústrias criativas.


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PEDRO RODRIGUES C OORDE N A DOR DE E V E N T O S D A DE S A F IO GL OB A L AT I V IS M


OPINIÃO 15

OS DESAFIOS DO GESTOR DE EVENTOS NO ACTUAL CONTEXTO DE MERCADO O momento de constrangimento económico que Portugal vive presentemente tem implicações, óbvias, no mercado de eventos e nos desafios que o gestor de eventos tem de enfrentar. Sempre achei que, no passado, o mercado de eventos em Portugal nunca atravessou tempos de “vacas gordas”, com abundância de eventos e orça‑ mentos. Sempre conseguimos fazer projectos de elevado impacto, com re‑ cursos muito menores em comparação com outros países do norte da Europa. E isso sempre foi notório nos con‑ cursos internacionais de eventos, onde os orçamentos das candidaturas portuguesas sempre causaram es‑ panto, e até incredulidade, junto dos membros dos júris de outros países. No fundo, o que para eles era “pouco” budget para o evento realizado era, muitas vezes, um orçamento bem simpático para os nossos padrões. Mas, mesmo tendo sido um mercado que cresceu e evoluiu com orçamentos parcos, é muito claro que, hoje em dia, o mercado está mais confuso e desafiante. Este cenário faz com que a já complicada, e mui nobre profissão de gestor de even‑ tos, evolua para uma missão digna, mui‑ tas vezes, de cruzada ou de tropa de elite do BOPE [n.d.r. Batalhão de Operações

Policiais Especiais, unidade da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Brasil]. Um gestor de eventos, no contexto ac‑ tual, terá que ter a capacidade e o profis‑ sionalismo de continuar a desenvolver eventos de qualidade. Ainda que benefi‑ ciando de menos recursos, ele deverá ser o factor diferenciador nos projetos, fa‑ zendo a ponte e o “filtro” entre a vontade do cliente e a materialização do evento. Tanto mais que projectos que no passado eram implementados em, por exemplo, dois meses, actualmente são implementados em duas semanas, como se isso fosse a coisa mais nor‑ mal do mundo. E não vai mudar. São esses os timings hoje em dia quer seja por questões políticas, de estratégia de marketing, ou de inexistência da mesma e, em regra, são decisões que vêm das administrações das empresas e que toda a estrutura tem de imple‑ mentar sem questionar. Ser gestor de eventos, nos dias que cor‑ rem, implica fazê-lo com criatividade, com flexibilidade logística e, acima de tudo, nunca descurando os valores

éticos e deontológicos que desde sem‑ pre nortearam esta actividade e que, para alguns, parecem estar tempora‑ riamente esquecidos. Mas, quer no presente quer no futuro, acredito veementemente que vale a pena fazer bem. O evento é um in‑ vestimento das empresas e marcas e, como tal, o cliente quer ter a garantia do profissionalismo e dedicação do seu fornecedor. Mais do que nunca. Se, no passado, o cliente ia arriscando entre vários fornecedores nesta área, hoje, face à importância dos investi‑ mentos em comunicação e eventos, quer ter ao seu lado, em mares agita‑ dos, a tal tropa de elite que lhe permita maximizar o investimento e o impacto do seu evento.

E tu, o que queres ser? “Tropa de elite, osso duro de roer” ou ainda te comoves quando te recordas do Calimero? W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


EM DESTAQUE 16

LUÍS MIGUEL DUARTE PRE S IDE N T E D A C OMIS S Ã O L OC A L D A C ON V E NÇ Ã O DE L IS B O A 2 0 1 3 © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

CONVENÇÃO DO ROTARY INTERNACIONAL EM LISBOA COM IMPACTO DE 77 MILHÕES DE EUROS Será um teste à capacidade de Lisboa para acolher congressos de grande dimensão. A Convenção dos Rotários vai juntar em Junho de 2013 entre 20 e 30 mil par ticipantes na capital por tuguesa. Luís Miguel Duar te, Presidente da Comissão Local da Convenção de Lisboa 2013, adianta à Event Point os pormenores do congresso e revela a sua principal preocupação: a especulação no preço dos hotéis.


EM DESTAQUE . C ON V E N Ç Ã O D O RO TA R Y IN T E RN A C ION A L E M L I S B O A C OM IMPA C T O DE 7 7 MIL HÕE S DE E URO S 17

o enquadramento fiscal da convenção e uma informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre a nossa política de vistos, a entrada e perma‑ nência de cidadãos estrangeiros no país. A TAP e a ANA também colabora‑ ram no sentido de esclarecermos sobre as ligações aéreas que existiam e a ca‑ pacidade do nosso aeroporto. Foi uma proposta bastante completa, pesava cerca de seis quilos cada exemplar. Essas entidades continuam envolvidas? Continuam, claro. Tínhamos também uma carta do Eng. José Sócrates na proposta, mostrando a disponibili‑ dade e interesse do país em acolher a convenção, bem como do Dr. Carmona Rodrigues, na altura presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

O que é que determinou a vitória de Lisboa no processo de candidatura à convenção de 2013? Em 2006 o Rotary Internacional en‑ viou uma carta a 34 cidades do mundo inteiro, entre as quais Lisboa, para apresentarem uma candidatura. Fomos defendê‑la pessoalmente a Chicago, à sede do Rotary, acompanhados por um representante do ICEP, em nome do governo português. Depois tivemos a grata notícia de passarmos a uma short-list com três cidades: Londres, Birmingham e Lisboa. Houve uma visita de inspecção de uma semana, onde foi vista a qualidade hoteleira, os incen‑ tivos que a cidade e o país ofereciam, a capacidade dos espaços para receber a convenção, a experiência dos operadores na organização deste tipo de eventos. E finalmente o board internacional deci‑ diu, em Novembro de 2006, atribuir a Convenção de 2013 à cidade de Lisboa.

O que é que destacou Lisboa face à concorrência? Primeiro foi o destino em si mesmo, nunca houve uma convenção aqui em Portugal, e o facto de Lisboa ser hoje muito atractiva em termos de turismo de negócios e incentivos. E também a confiança que eles tiveram nos rotários portugueses, que se dedicaram muito na proposta, na angariação de apoios para a convenção. A proposta foi produto de uma parceria alargada... A proposta teve a colaboração de mui‑ tas entidades: Turismo de Portugal, Associação de Turismo de Lisboa, através do Convention Bureau, o gabinete do primeiro‑ministro da altura [n.d.r. José Sócrates], que nos conseguiu em tempo útil uma infor‑ mação do ministro das finanças sobre

Os incentivos prendiam‑se com os espaços, ou havia também lugar a incentivos monetários? No caso do Turismo de Portugal, o incentivo é o pagamento do aluguer dos espaços: do Pavilhão Atlântico, dos quatro pavilhões da FIL e do Centro de Negócios que está anexo. No caso da Associação de Turismo de Lisboa e da Câmara Municipal é um incen‑ tivo financeiro conjunto de 600 mil euros. Uma das condições para que a proposta seja pelo menos analisada é que o Rotary Internacional não pague o aluguer dos espaços em nenhuma parte do mundo. Sendo um evento que traz tantos benefícios para a economia, é necessário que as autoridades locais também contribuam para que o evento venha para a cidade. Ficou satisfeito com esse apoio político? Sim. No fundo é uma gota de água naqui‑ lo que vai ser o retorno para o país, que se estima entre 77 e 100 milhões de euros. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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PREOCUPAÇÃO COM OS PREÇOS DOS HOTÉIS Nunca se fez um congresso tão grande em Portugal. Olha para este dado com preocupação? Olho‑o como um desafio. Não sou da área de turismo, mas desde 2006 até agora tenho aprendido muita coisa. E uma das coisas que aprendi é que temos excelentes profissionais à frente das nossas empresas que organizam congressos, do próprio Atlântico e da FIL, que rivalizam com qualquer pessoa do mundo na organização deste tipo de eventos. Acho que os portugue‑ ses têm a capacidade de fazer a dife‑ rença neste tipo de eventos pela nossa originalidade, criatividade, forma de receber, o orgulho que temos em realizar este tipo de congressos para quem vem de fora. Relativamente aos hotéis, esta é de facto uma preocupa‑ ção. O Rotary Internacional, em todas as convenções, reserva previamente um bloco de quartos. Temos um bloco com cerca de sete mil quartos, o mí‑ nimo para garantir o funcionamento da convenção. Esse bloco é negociado muito antes, justamente para prevenir a especulação de preços. O feedback que temos de quem tenta reservar fora deste bloco de quartos, é o de que os preços estão muito inflacionados pelos hotéis. Portanto o que pode vir a suceder, e é um fenómeno que já ocorreu noutras convenções, é que os rotários não deixam de vir, mas vão espalhar‑se um pouco pela periferia da cidade, e depois arranjar transporte para vir para a convenção. Estes hotéis, que estão na generalidade a praticar preços especulativos, vão ficar com os quartos vazios.

PROMOÇÃO DA CONVENÇÃO DE LISBOA NA ASSEMBLEIA INTERNACIONAL EM SAN DIEGO, CALIFORNIA, A 20 DE JANEIRO DE 2012 © R O TA R Y I N T E R N AT I O N A L

Outro aspecto sempre importante tem a ver com os transportes. Como está a ser preparada a operação? Nós organizamos sempre um shuttle da própria convenção, que tem várias linhas, em função da oferta hote‑ leira oficial dentro da cidade. Existe uma equipa profissional do Rotary Internacional que todos os anos monta esta operação de transporte nas con‑ venções. A única limitação, digamos assim, e preocupação que temos, tem a ver com a configuração da cidade. O facto de ser uma cidade de colinas, em que a esmagadora maioria dos hotéis não tem uma entrada acessível a auto‑ carros grandes, as paragens terão de ser feitas perto do hotel e não propria‑ mente dentro. Em termos do Parque das Nações há todas as condições para se estabelecerem as linhas. Segundo me dizem, em Portugal não temos viaturas suficientes para acudir a esta procura toda e terão de vir algumas de Espanha. Estamos a falar em cerca de 400 autocarros em simultâneo. Há transportes especiais para as pessoas que têm mobilidade reduzida.

Qual vai ser o PCO (Organizador Profissional de Congressos) desta convenção? O Rotary Internacional tem uma equipa que organiza, não só as con‑ venções, mas outras duas reuniões de duas a três mil pessoas. O PCO são eles. Depois o que sucede é que pon‑ tualmente solicitam ajuda de algumas companhias locais. Por exemplo em termos dos pre tours, tours e post tours, a Abreu ficou com o exclusivo desse negócio, e já está a comercializar estes produtos. A convenção vai usar simultaneamente os maiores espaços da cidade. Vai ser fácil a articulação? Sim. Felizmente o Atlântico e a FIL estão habituados a trabalhar em conjunto. E desde 2006 estão entro‑ sados, sabendo exactamente o que vai acontecer em cada um dos locais e de que forma se devem articular. Não vejo nenhum tipo de problema.


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Faz falta um novo centro de congressos na cidade? Essa é a grande falha que nós temos. Vamos ter de construir nove salas dentro da FIL para grupos de discus‑ são. O espaço está lá, mas teria que ser reajustado, dado que raramente fun‑ cionam ao mesmo tempo os quatro pa‑ vilhões. Um deles podia perfeitamente servir como centro de congressos. Quantas inscrições são esperadas? Entre 20 e 30 mil. Neste momento temos seis mil inscrições pagas, mas estas só abriram em Maio de 2012. E o programa já está definido? Falta ainda confirmar alguns keynote speakers. Não tenho autorização para divulgar nomes, mas à semelhança do que aconteceu em convenções ante‑ riores são oradores de grande nível. Nas últimas convenções tivemos Ban Ki‑moon, Bill Gates, Desmond Tutu. O que é que está pensado em termos de tradução? A língua oficial é sempre o inglês, mas o Rotary tem uma série de línguas oficiais, entre as quais o português. O grande drama localmente era como fazer a tradução simultânea para seis línguas diferentes, para cerca de 15 mil pessoas. Eram precisos aqueles equipamentos muito sofisticados de tradução. O problema é resolvido de forma muito simples, é mesmo um ovo de colombo ‑ toda a gente ficou de boca aberta quando tivemos cá a visita de inspecção. A comunicação vai ser feita em inglês, e vai ser criada uma pequena emissão de rádio, que só é possível captar naquele espaço. Cada um, através do telemóvel, ou de um rádio, sintoniza aquela frequência e tem a tradução para a sua língua. A tradução é entregue a alguma empresa portuguesa? São tradutores do próprio Rotary Internacional.

Há alguma acção de responsabilidade social prevista durante o evento? A convenção em si é isso mesmo. Queremos ter uma área de exposição para mostrar o que os rotários portu‑ gueses fazem. Abrimos candidaturas para os clubes rotários poderem apre‑ sentar projectos que sejam um exem‑ plo e que possam ser colocados em prática na própria convenção. Há dois muito interessantes. Um é o projecto das tampinhas. Pouca gente sabe que, na esmagadora maioria, a logística é assegurada pelos rotários, sobretudo o Rotary Clube de Sintra que tem um armazém enorme e que trabalha em parceria com a empresa Luís Simões no transporte. Recicla milhares de tampinhas mensalmente, cujo valor depois transformamos em cadeiras de rodas, camas articuladas. A convenção vai, não só mostrar esse projecto, como permitir que as pessoas façam a reco‑ lha das tampinhas em vários locais. O objectivo é isto depois ser replicado nos outros países. Temos também um projecto de reciclagem de óculos, e de entrega a quem deles necessita.

Vamos por isso desafiar quem nos visita a que traga um par de óculos de que não precise. Os óculos serão depois distribuídos em África. E o que é está previsto em termos de momentos sociais? Esses eventos são organizados pela co‑ missão local. Vamos ter um Concurso Internacional de Canto Lírico, uma Noite de Hospitalidade, uma noite de fado no Campo Pequeno, e temos ainda o Experimentar Portugal, um jantar no Convento do Beato para 800 pessoas.

A comissão local organiza‑os sozinha ou tem algum apoio? No caso dos eventos do Campo Pequeno e do Convento do Beato lançámos um concurso e é também a Agência Abreu que nos está a apoiar na organização desses dois eventos. Quantas pessoas fazem parte da comissão local? Cerca de 30, todas voluntárias. E em termos de voluntariado para o evento? Vamos ter cerca de 500 pessoas a trabalhar na altura do evento. Há dois tipos de voluntários, os que colaboram com a comissão local e os que se volun‑ tariam internacionalmente. Para o sector dos eventos esta convenção é importante... É muito significativa. O custo da con‑ venção em si mesma, ou seja, aquilo que o Rotary Internacional vai gastar cá são cerca de nove milhões e meio de dólares [n.d.r. mais de sete milhões de euros]. Representa a construção do palco das sessões plenárias, organização dos trans‑ portes, a decoração da Casa da Amizade, toda a logística associada ao evento. Quais são os aspectos mais críticos, o que é que o preocupa mais? O que me preocupa mais é a questão da hotelaria e dos preços praticados. Em termos da participação estamos relativamente folgados, mas esta escalada de especulação, com hotéis de três estrelas a 480 euros por noite, e nem sequer bem localizados, pode afastar participantes. E transmite até uma imagem que não é a imagem real do nosso turismo. Isso pode ter efeitos nefastos, dando a ideia de sermos um destino muito, muito caro.

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Qual é o feedback que tem do Rotary Internacional pelo facto de sermos um país intervencionado? Sinceramente, sempre estivemos mais preocupados com isso do que eles. Eles têm sempre um plano b. Se porventura os incentivos não pudessem ser asse‑ gurados, por algum motivo, a conven‑ ção seria transferida para outro local.

OBJECTIVO: ERRADICAÇÃO DA POLIOMIELITE “Lisboa: Porto para a Paz” é o lema da conferência... Esse tema escolhido representa a identidade de Portugal e da cidade de Lisboa. A tolerância intercultural que tivemos durante os anos da nossa diás‑ pora, em que convivemos em harmo‑ nia com religiões e culturas. Lisboa é o porto que acolhe todos os companhei‑ ros de todas as partes do mundo que se encontram aqui para reflectir um pouco sobre o nosso último objectivo: a paz e a compreensão mundial.

O que é que gostaria que saísse deste encontro em Lisboa. O que seria mais valioso? A erradicação da poliomielite, esse é o nosso maior projecto desde há 26 anos. Até agora vacinámos dois biliões de crianças. Começámos sozinhos e depois juntaram‑se a nós a Organização Mundial de Saúde, a Unicef e, mais recentemente, a Fundação Bill & Miranda Gates, com 450 milhões de dólares [n.d.r. cerca de 350 milhões de euros]. Conseguimos, o ano passado, erradicar a pólio da Índia. É provável, e esse seria o gran‑ de sucesso do evento, que o fim da transmissão da pólio fosse anunciado na Convenção de Lisboa. Isso daria à cidade uma projecção tremenda. E se for um objectivo atingível na altura, então a participação na convenção vai ser muito elevada, porque este é o sonho dos rotários de há muitos anos. Não sabemos se será possível ou não. O ano passado, em todo o ano de 2011, foram registado 652 casos de pólio no mundo inteiro. Até Agosto foram 128, portanto foi uma descida abrupta. Pode ser que em 2013 e até à conven‑ ção não haja nenhum caso de pólio, que neste momento só é endémica no Afeganistão, Paquistão e Nigéria. Na Nigéria, este ano ainda não foi regis‑ tado nenhum caso de pólio. Nós, ro‑ tários locais, criámos um número de valor acrescentado, 760 302 013, que, com uma chamada, permite vacinar uma criança contra a pólio.

Pelas suas palavras como é que descreveria o movimento?

Somos uma organização de voluntários. O nosso lema é “Dar de si, antes de pensar em si”. Cada um de nós tem que ter uma ocupação válida, uma profissão. O objectivo é cada um de nós colocar as nossas valências profissionais ao serviço do próximo. Temos um enfoque em projectos humanitários e o nosso último objectivo é a paz e a compreensão mundial. Temos muçulmanos, judeus, católicos, protestantes, ateus, mormons, não temos nenhum tipo de ideologia política. Ao todo temos 1 milhão e 250 mil sócios em 204 países, mais países do que os que pertencem à ONU. Em Portugal são 158 clubes. Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt] Rui Luís Romão [rui@eventpoint.com.pt]


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PEDRO CARDOSO DIRE C T OR ‑ E X E C U T I V O D A T HE HOU S E OF E V E N T S © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT


OPINIÃO 23

NETWORKING, PARA IR MAIS LONGE

Salvo raras e honrosas excepções, paradoxalmente, o empreendedorismo está muitas vezes associado a espíritos solitários, eu que o diga… Não resisto por isso a citar uma das fontes de inspiração, “If you want to walk fast, walk alone. If you want to walk far, walk together.” Os temas e problemas que afectam a sociedade são transversais e exigem o melhor de cada um de nós, para pensarmos e agirmos colectivamente (networking?). Falo, uma vez mais, do desenvolvi‑ mento da competência do diálogo, (re)aprender a ouvir, suspender o preconceito e o juízo de valor, criar espaço para o contraditório e o livre pensamento, partilhar o conhecimen‑ to, inovar como um processo, promo‑ ver oportunidades de colaboração e, finalmente, agir colectivamente. Segundo David Bohm, um dos proble‑ mas é que o dialogo só acontece com a presença física, e nós ficamo‑nos pelo virtual ‑ online e offline. Há que voltar a ter tempo para estar “à volta da fogueira”, para ouvir os outros antes de decidir e agir. Aparentemente, como sociedade, nal‑ guns aspectos temos vindo a regredir. Para os Gregos Antigos, a sociedade humana era representada por três valores primordiais: a busca constante da Verdade, a experiência subjectiva da Beleza e a prática partilhada do Bem. De facto, nenhum destes valores perdeu importância, apenas mudaram

de nome e de prioridade… Para complementar este conceito filosó‑ fico (pensar), precisamos de desenvolver competências em conjunto (agir) e, desta forma, promover bem‑estar ‑ saúde e emprego ‑, cultura e justiça. Em contraponto, num mercado cada vez mais global, com uma estrutura muito atomizada como é o caso do Turismo, há tendência para a criação de megaempresas e a concentração de negócio, situações que não concorrem para a desejada sustentabilidade. Quais guerrilheiros intelectuais, há que reunir as hostes (competência), começar a contar as espingardas (recursos) e organizarmo‑nos para enfrentar tempos difíceis (missão)! Este foi o novo desafio que nos pro‑ pusemos lançar a muito curto prazo, um projecto de internacionalização, integrado em network, especializado no segmento de reuniões associativas, apoiado por uma estrutura operacional que, entre outras funções, coordenará a

pesquisa e produção de conteúdos ade‑ quados, um programa de comunicação sexy e, acima de tudo, tratará de asse‑ gurar a sustentabilidade do projecto. A futura network terá um modelo aberto, mas exclusivo aos elementos da cadeia de valor, incluindo Turismo de Portugal, convention bureaux, orga‑ nizadores profissionais de congressos, hotelaria e restauração, centros de congressos, empresas de catering, produção, audiovisuais, serviços de apoio, transportes, entre outros.

Com a Event Point, vamos promover um “campus” sobre a temática de networking, que visa justamente criar condições para o lançamento deste projeto.

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DOSSIÊ TEMÁTICO 24

DOMINAR A ARTE DO NETWORKING

O networking é hoje em dia uma das chaves de sucesso num negócio, seja de que sector for. Os eventos são óptimas oportunidades de networking e têm incorporado cada vez mais momentos de interacção entre participantes. Dominar esta arte é fulcral, e todos podemos fazê‑lo, mesmo os mais introvertidos, como a autora deste texto.


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J O N AT H A N B R A D S H A W © IMEX

Jonathan Bradshaw apresentou‑se ao sector da meetings industry com uma abordagem inovadora. A sua Meetings Mindset propõe‑se melho‑ rar a performance de quem participa num evento, através de uma série de ferramentas e técnicas comporta‑ mentais. O objectivo final é o retorno do investimento. Sendo fulcral num evento, o networking é naturalmente um dos âmbitos desta empresa inglesa. Entre uma viagem e outra, Jonathan Bradshaw reflectiu sobre o assunto com a Event Point. Pode uma pessoa tímida aprender a fazer networking? “Claro que sim”, diz Bradshaw, e acrescenta que o segredo é compreender de que forma os pensa‑ mentos e sentimentos afectam o com‑ portamento. “Se essa pessoa explorar quais são as emoções que a impedem de achar o networking fácil, então pode descobrir o que está na base delas e trabalhar para as modificar”. “Pode parecer estranho, mas o treino das capacidades mentais, tal como o faz um atleta profissional, é algo que nós oferecemos por exemplo ao staff que vai participar em grandes congressos”, conta o responsável, que deixa a ideia de que é surpreendente a quantidade de pessoas que acham o networking algo de intimidante.

CRIAR O MELHOR AMBIENTE PARA FAZER NETWORKING Não há uma altura melhor do dia para fazer networking, “se existir um exercí‑ cio inovador e criativo que ajude as pes‑ soas a interagirem”. Mas há uma altura pior, admite Bradshaw. “Imediatamente depois de uma lauta refeição, especial‑ mente em congressos internacionais”. É preciso ter em atenção o jet lag dos delegados, afirma o responsável da Meetings Mindset. “Um evento às 21 horas nos Estados Unidos com delega‑ dos que voaram da Europa é capaz de não ser uma boa solução”. Em termos do ambiente a criar, o es‑ pecialista diz que é importante desen‑ corajar as pessoas a estarem sempre no mesmo sítio. E exemplifica. “Se quer que os participantes interajam, limite o número de lugares disponíveis e pre‑ fira as mesas altas, de modo a que as pessoas sejam obrigadas a comer de pé. Espalhe comida e bebida pelo espaço, isso faz com que as pessoas tenham que circular e mais provavelmente in‑ teragem com outras”. Outra estratégia pode passar por fazer uma competição. Encontrar a pessoa que conseguiu obter mais cartões‑de‑visita ou aquela que conheceu pessoas de mais países, propõe Jonathan Bradshaw. O respon‑ sável lembra outra questão importante: o barulho. “Já estive em eventos de networking onde estava uma banda a tocar, e isso significa que a comunica‑ ção é quase impossível”.

A questão das bebidas alcoólicas nos eventos já é discutida há muito. Será que por exemplo nas sessões de networking podem servir para quebrar o gelo? “Podem ajudar certamente, mas é preciso haver um equilíbrio”, admite Bradshaw. Partilhar uma bebida pode criar um laço entre as pessoas e ajudá‑las a ganhar confiança, acredita o especialista. Por falar em confiança, a apresentação, o aspecto, são importantes e Jonathan Bradshaw levanta duas questões. “A primeira é a de que, gostemos ou não, as pessoas inconscientemente julgam‑nos por aquilo que vestimos e o nível de boa apresentação pessoal. Se o estilo, em relação às roupas, é algo de totalmente subjectivo, num cenário de negócios, sapatos feios e velhos, fatos com mau gosto, e uma camisa suja podem ajudar a formar uma impressão negativa de nós (tal como unhas sujas e por cortar)”. A segunda questão tem a ver com aquilo que nos faz sentir bem. “É a impor‑ tância da forma como nos sentimos. Podemos ter um par de sapatos prefe‑ rido, ou um fato ou um colar, e usá‑los coloca‑nos num estado de confiança emocional. Explorar quais as roupas que nos fazem sentir bem e criar um guarda‑roupa significa que as roupas são de facto uma parte importante do networking, mas por mais razões do que as pessoas pensam”.

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RELAXAR ANTES DE UMA SESSÃO DE NETWORKING As formas de relaxar são também muito subjectivas, o que é válido para uns não é para outros. “Os dois estados emocionais que sentimos que as pessoas querem é estarem calmas e confiantes”, e a partir desta constatação Jonathan Bradshaw dá algumas ideias: “A música pode ser uma boa maneira de alterar a nossa disposição e emoções. Ouvir música clássica, ou calma, no quarto, antes de sair para um evento é uma ideia. Outra é simplesmente reproduzir uma música repetidamente durante um período de semanas para obter um estado emocional, de calma ou de confiança. Se fizer isso vezes sufi‑ cientes, sempre que tocar essa música vai automaticamente entrar nesse estado emocional”. A meditação pode ser também uma estratégia, admite Bradshaw, bem como a visualiza‑ ção. “Visualização é uma ferramenta usada pelos atletas, apresentadores ou por quem precisa de estar no seu melhor durante uma performance. Imaginar‑se com outras pessoas, de forma confiante e calma, pode ajudar a que isso de facto aconteça. É quase como um ensaio, mas neste caso é mesmo dentro das nossas cabeças”. E devemos ensaiar o que vamos dizer? Ou o ideal é agir naturalmente, sem pensar demasiado? Idealmente, diz o director da Meetings Mindset, não deve existir nenhum guião, porque as abordagens podem parecer pouco naturais e falsas. “Mas de facto algumas pessoas precisam de planear um par de questões a que, no caso de ficarem nervosas, podem

recorrer”. Quanto mais se pratica o networking, mais fácil se torna, lembra o responsável. Uma boa forma de tornar tudo mais fluído é dominar a chamada “conversa de elevador”. “Explicar em pouco tempo e de forma clara aquilo que tem para oferecer é importante. A ideia é ter alguns minutos de conversa, trocar detalhes e ir conhecer outras pessoas, pelo que uma abordagem forte é útil”. E se se souber usar bem o humor, essa tam‑ bém é uma ferramenta interessante. “A ciência mostra que o riso tem uma série de benefícios que nos ajudam a interagir e a estabelecer relações. Também há uma maior tendência para dizer ‘sim’ quando estamos bem‑humorados”. Mas o res‑ ponsável avisa que o “engraçado” pode ser subjectivo”, e que é preciso ter em atenção as diferenças culturais. “É necessário fazer os trabalhos de casa antes”.

Pode ser contraproducente ir a uma sessão de networking só com o objectivo exclusivo de fazer negócios. “Apesar de algumas pessoas poderem discordar disto, eu acredito que se construirmos uma relação genuína com as pessoas ao nível humano seguir‑se‑á naturalmente o negócio”, diz Bradshaw.

Depois da sessão de networking, há que enviar todo o material que foi com‑ binado, sejam contactos, informação comercial, etc. “Demasiadas pessoas simplesmente adicionam os contactos a uma base de dados gigantesca, mas eu sou contra isso. As mensagens pes‑ soais são muito mais eficazes e mandar simplesmente uma newsletter igual para todos pode não ser a melhor opção”. Nos dias que correm é importante estabele‑ cer também contacto nas redes sociais. Depois deste processo todo efectuado, Bradshaw sustenta que é necessário fazer uma avaliação da performance e identificar o que pode ser melhorado.

“Um follow‑up à nossa performance é crucial para desenvolver as qualidades de networking”, termina.


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TECNOLOGIA NUMA SESSÃO DE NETWORKING ÚTIL OU PERTURBADORA?

JULIUS SOLARIS

Julius Solaris, autor dos blogues www. juliussolaris.com e www.eventmanagerblog.com é um especialista do marke‑ ting online e dos social media apli‑ cados ao sector da meetings industry. Pedimos‑lhe uma reflexão sobre como a tecnologia pode ser uma mais‑valia no networking. Para Solaris o barulho, os telefones a tocar, as pessoas a inter‑ romperem conversas para atenderem chamadas é um factor de perturbação. No entanto, ele acredita veementemen‑ te na importância da tecnologia num cenário de networking. “Tweetar, fazer updates, gravar vídeos são óptimos para potenciar o networking. Tornam as interacções mais ricas e criam mais

contexto”. As hashtags, por exemplo, permitem perceber quem está no evento e procurar o perfil das pessoas, pelo que colocar Twitter walls (n.d.r. painéis com actividade do Twitter sobre o evento) é uma boa ferramenta, sugere Julius Solaris. O bloguer aconselha também aos organizadores as ferramentas de troca de cartões‑de‑visita virtuais, como o Bump ou o Poken. O facto de ser muito activo nas redes sociais pode ajudar na comunicação pre‑ sencial “até certo ponto”, acredita Solaris. “Ajuda a dar um contexto à pessoa com quem vamos interagir. Isto antes de a co‑ nhecer. Se estivermos a falar com alguém, qualquer uso de tecnologia é perturbador”.

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© FA B R I C E Z I E G L E R

LINDA PEREIRA: MASTER DO NETWORKING “O importante não é quem se conhe‑ ce, mas quem o conhece a si”. Esta é uma espécie de mote de Linda Pereira, directora da CPL Events. Para a em‑ presária, o networking é o segredo do sucesso de um negócio. “Não sei como é que quem não tem uma estratégia de networking sobrevive”, questiona, e é por isso que perde (ou ganha) 25 a 30% do seu tempo a alimentar a rede. “Caso contrário, não nos conseguimos posi‑ cionar”, admite. “Sendo o nosso métier dirigido a pessoas, ainda é mais im‑ portante ter uma reputação de sermos bons fornecedores de informações e de parceiros de trabalho, e também pro‑ varmos que somos merecedores da con‑ fiança do outro, a nível profissional, de ajuda mútua”. E depois esta rede vai‑se alargando à medida que as oportunida‑ des de novos contactos surgem. E como se deixa uma marca nas pessoas, o que nos torna inesquecíveis num momento de socialização? Para Linda Pereira trata‑se de uma questão de ouvir as pessoas e encontrar as pequenas coisas que nos podem tornar memoráveis.

“Quando vou a um evento já sei quem é que eu conheço, quem é que não conheço mas gostava de conhecer, e quem é que conheço que conhece quem eu gostava de conhecer”, diz Linda Pereira, mas admite que para algumas pessoas os momentos de networking podem ser complicados. “Há pessoas que o fazem naturalmente, há outras para quem é mais difícil do que atirarem-se de um penhasco”.

Talvez seja este último o caso de mui‑ tas pessoas da geração Y, a geração da Internet e das redes sociais. “A geração Y vai ter muitas dificuldades quando chegar a cargos de chefia. Têm muita dificuldade em argumentar presen‑ cialmente, não têm muito jeito com as palavras, lêem muito rápido, mas têm muita dificuldade em entender o subtexto da expressão e da linguagem corporal”. De resto, as redes sociais até são complementares dos eventos presenciais, acredita Linda Pereira. No entanto, no seu entender, o “ne‑ tworking presencial é muito impor‑ tante. É preciso olhar nos olhos. Para recomendar uma terceira pessoa temos de a conhecer”. Aos alunos ou aos mais jovens, Linda Pereira aconselha a que sejam voluntá‑ rios em eventos. “Esse é o melhor ne‑ tworking. Há oportunidade de conhe‑ cer pessoas, ganha‑se auto‑confiança, entra‑se num mundo profissional, mas com tolerância aos erros, porque se trata de voluntariado”.


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JANTAR DOS EVENTOS JUNTA PROFISSIONAIS DO SECTOR NUM MOMENTO DE NETWORKING É um exemplo de uma acção formal de networking no seio do sector dos eventos. A iniciativa nasceu em 2008 durante uma edição da ExpoEventos, no Centro de Congressos do Estoril. “Numa conversa totalmente informal surgiu a ideia de organizar um jantar dos eventos, no Porto, com empresas da região”, explica Jorge Ferreira, da Best Events, que lidera a organização juntamente com Filipe Trindade, da Alfândega do Porto. A ideia vingou e de lá para cá os encontros têm sido regulares, mais ou menos de

três em três meses. A intenção é que os profissionais do sector se conheçam e es‑ treitem relações. Apesar de se realizarem maioritariamente no Porto, os jantares dos eventos estão abertos a empresas de qualquer região. “A única exigência é estarem ligadas ao sector”, esclarece Jorge Ferreira, que adianta que no futuro o objectivo é alternar a realização destes jantares entre o Porto e Lisboa. Em Maio o Jantar dos Eventos teve o condão de reunir muitas das figuras que operam no sector, tanto a norte como a sul, de Viana do Castelo a

Lisboa. Ao todo foram 150 profissio‑ nais ligados à hotelaria, organização de eventos, aluguer de material, DMC, OPC, audiovisuais, agências de viagem, empresas de animação, organizadores de feiras e venues. O encontro decorreu no Sealife, pautando‑se pela descon‑ tracção e pelo bom ambiente. A ini‑ ciativa tem também uma plataforma virtual, no Facebook, que serve para alimentar relações entretanto criadas. O próximo jantar vai realizar‑se até ao final deste ano, sendo as datas divul‑ gadas em breve.

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ALGUNS DOS & DON’TS Jonathan Bradshaw

Linda Pereira

Julius Solaris

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DOS

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Seja curioso com as suas emoções e tente estar no estado emocional certo antes de uma sessão de networking

Investigue. Informe‑se. Hoje em dia é quase impossível não encontrar informação sobre uma pessoa.

Verifique a hashtag do evento antes de entrar e entre as conversas.

Melhore as suas capacidades práticas. A prática faz a perfeição. Por isso, ensaie com os seus amigos e colegas se sentir que é difícil para si.

Ouvir. Temos duas orelhas e uma boca. Temos de saber ler as entrelinhas.

Toque nas pessoas. Um pequeno toque no braço ou nas costas está provado que cria uma ligação entre as pessoas, mesmo que elas não se apercebam. Siga esta regra quanto à bebida: beba o dobro de água do que bebe de álcool.

Use o Buddy System. Arranjar um buddy, alguém que tem uma personalidade diferente ou que já é reconhecido na indústria. Pode ser a pessoa que quebra o gelo. Se é tímido, primeiro vá embelezar‑se. Sentirmo‑nos confiantes e estar o melhor possível de acordo com ambiente é muito importante.

Ouça por dois quando fala. Se não se estiver a sentir bem, se não gostar do ambiente, é melhor sair do que fazer o frete.

Faça um follow‑up imediato via LinkedIn ou email. Use a tecnologia de forma inteligente. Se passar mais tempo a usar a tecnologia do que a falar com as pessoas, não vale a pena ir a eventos.

DON’TS Não olhe para o telemóvel quando está a falar com alguém. Não adicione à sua rede pessoas só porque participaram no mesmo evento em que esteve.

DON’TS Cuidado com o humor. Evitar. Jogar pelo seguro. Não vá a achar que sabe tudo. As pessoas lêem isso na sua testa e não têm interesse em falar consigo. Deve ir sempre com a vontade de aprender qualquer coisa nova.

Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]


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MIGUEL NE VES E V E N T S A ND PRO JE C T S PL A NNE R DO GRUP O IME X


OPINIÃO 33

VIVA O NETWORKING!

Ninguém gosta de entrar numa sala cheia de pessoas estranhas e apresentar‑se. Mas é cada vez mais frequente encontrar‑me neste tipo de situação. Não é que se torne mais fácil, mas de certa maneira vai parecendo menos estranho. Qualquer que seja o nosso ramo de trabalho, certamente já nos encontrámos neste tipo de situações, mas no sector dos eventos somos nós a criar este tipo de momentos e a participar em muitos deles. É deste tipo de encontros de que falo quando me refiro ao networking, que pode ser definido como a criação e manutenção de redes de contactos profissionais e é uma componente importante na maioria dos eventos profissionais. Podemos ir mais longe e encarar o networking como qualquer contacto profissional, desde um almo‑ ço entre colegas da mesma empresa, até ao lobbying que ocorre dentro da Casa Branca. O sector dos eventos está certamente ligado ao networking, porque os eventos não servem só para ouvir discursos longos, observar pro‑ tocolo ou provar comidas exóticas. Em termos de objectivos de participação em eventos, as pesquisas revelam que o networking está entre os principais. Mas por que é que o networking é tão importante no mundo empresa‑ rial? Em termos individuais tem uma importância extrema, especialmente no que toca à procura de emprego. Li recentemente um estudo america‑ no que calculou que 69% de todos os novos empregados chegam às empre‑ sas através de networking. Esta esta‑ tística pode não trazer nada de novo

e até fazer‑nos pensar nas famosas “cunhas”, no entanto sou um prati‑ cante crente de networking, e reco‑ mendo‑o vivamente a profissionais de todos os sectores e níveis hierárquicos. A minha carreira tem evoluído muito à base de networking, sempre de forma informal, mas profissional. Um dos livros de referência no que diz respeito a networking não é o resulta‑ do da última pesquisa científica e tem mais de 70 anos. Falo de “How to make friends and influence people”, de Dale Carnegie. O ser humano é um animal social e, mesmo se está escondido por detrás de um ecrã ou telemóvel, o fac‑ tor social está sempre presente e todos temos a ganhar em sermos sociais. Há quem diga que “quem não apare‑ ce, esquece”. É importante manter os contactos na nossa rede relevantes e renovados. Na prática isto quer dizer que fazer chamadas ou enviar emails só para cumprimentar pode ser muito importante. A minha amiga e mentora Linda Pereira diz o seguinte, “Não im‑ porta quem conhecemos, o que impor‑ ta é quem nos conhece”. O email, que no fundo é um já de si velho substituto

para a carta escrita à mão, pode ser também uma valiosa ferramenta de networking. Basta um pequeno apon‑ tamento para renovar velhas ligações. Neste capítulo as redes sociais podem ter um papel muito importante pois são uma maneira rápida e fácil de manter contacto diário com a nossa rede. No fundo, são o meio ideal para conversas informais e uma boa manei‑ ra de manter o contacto com as nossas redes profissionais.

Embora muitas pessoas gostem de separar o seu mundo profissional do pessoal, receber mensagens de novidades da nossa rede é uma mais‑valia. As redes sociais são óptimas para nos mantermos informados sobre a nossa rede de contactos, mas raramente aceito novos contactos pelas redes sociais. Penso que é importante ter um primeiro contacto em pessoa para

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poder estabelecer uma boa relação profissional. Por vezes abro excepções mas, por muito que goste das redes sociais, a comunicação não verbal que vem com o contacto pessoal não pode ser subestimada.

Existem estudos científicos que indicam que cada pessoa só pode ter no máximo 150 amigos. Os restantes passam a simples conhecidos. Este número também se diz ser aplicável a empresas ou formações militares. Em redes como o Facebook ou LinkedIn é muito fácil ultrapassar este número, mas no fundo com quantos contactos do LinkedIn é que interagimos frequentemente e de forma significativa? Há quem diga que 150 ou menos.

Apesar de pessoalmente ter muitos mais amigos nas redes sociais, penso que este numero mágico faz todo o sentido. Quer seja em pessoa ou via internet, o networking tem vantagens para todos os intervenientes Por vezes não nos entendemos com certas pessoas, mas neste caso será certamente melhor compreender isso em pessoa do que via múltiplos emails. Outras vezes, o que podemos oferecer não é o que o nosso contacto procura, mas neste caso podemos sempre ajudar a encontrar a pessoa ou a empresa certas. Por vezes até temos de sugerir um concorrente, mas penso que este tipo de ajuda é muito bem‑vinda, raramente esqueci‑ da e muitas vezes retribuída.

AMBIENTES PARA NETWORKING Para os gestores de eventos é necessá‑ rio criar ambientes que incentivem o networking. O design de cada evento deve ter isso em consideração Nas conferências anuais, a ICCA dá li‑ berdade total aos participantes. Eles podem escolher ir a sessões educa‑ cionais ou simplesmente fazer ne‑ tworking nos corredores e zonas dedi‑ cadas, confortáveis, com sofás e mesas baixas. Afinal muitos dos participantes valorizam o networking mais do que as sessões educacionais e o networking sozinho justifica o preço pago para marcar presença na conferência. Infelizmente acontece que em muitos eventos a música está num volume ensurdecedor, quando o objectivo do jantar ou cocktail é precisamente o ne‑ tworking. Muitos organizadores procu‑ ram trazer a “cultura” do destino para

os eventos, o que é sem dúvida válido, mas não quando trava o networking. Para mim o networking tem de ser protegido e os detalhes culturais devem ser introduzidos de forma inteligente e com bom gosto. Queremos que o nosso evento seja recordado como o ponto de encontro para novas amizades e novos negócios e não como um cocktail sim‑ pático, mas com muito ruído.

O networking é no fundo um conceito anglófono para um hábito bem português. A falar é que nós nos entendemos. Em geral penso que nós portugueses preferimos conversar entre amigos do que entre colegas e contactos profissionais, mas talvez possamos melhorar nesta área. E quem sabe isto pode ser, a longo prazo, uma ajuda para combater a crise financeira que atravessamos. Estou confiante de que sim, que quanto mais tivermos a conversa em dia e mais contactos fizermos, melhor para o negócio. Viva o networking!


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ISABEL AMARAL C ON S ULT OR A DE IM A GE M E PRO T OC OL O © ANTÓNIO CAMILO . MINIFOTO


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O NETWORKING ESTÁ NA MODA

A palavra “networking” está na moda, mas o conceito que ela descreve existe há muito tempo. Os chineses chamam‑lhe “guanxi”, os franceses “avoir du monde”. Existe mesmo uma teoria, baseada num estudo científico, que diz que todos estamos separados uns dos outros por seis graus de separação e que basta estabelecermos essas seis ligações para chegar a toda a gente no mundo. Não basta conhecer muita gente, é preciso conhecer as pessoas certas, aquelas que estão dentro do círculo da rede que nos interessa integrar. Para conseguir esta rede eficaz é necessário ao longo da vida ir estabelecendo contactos duradouros. Começa‑se em família e depois alargamos a nossa rede na escola. Mas fazemo‑lo de forma definitiva nos bancos da universidade. Quando começamos a trabalhar, devemos ter uma rede de contactos suficientemente vasta para podermos, com um telefonema ou uma mensagem electrónica, chegar a pessoas que não vemos há muito tempo.

Apesar de vivermos num mundo em que todos estamos ligados em redes electrónicas, seja através do Twitter, do LinkedIn ou do Facebook, os melhores instrumentos para um networking efi‑ caz continuam a ser os cartões de visi‑ ta. Eles são parte integrante da nossa imagem. Nunca se esqueça de os levar no bolso. E vá coleccionando cartões das pessoas que vai conhecendo. Existem algumas regras para o ritual da troca de cartões, como por exem‑ plo aquela que diz que ao iniciar uma conversa não deve pedir logo o cartão da outra pessoa. Espere pelo fim da conversa ou do encontro para fazer a troca de cartões. Numa reunião, é preferível que a troca de cartões se faça no início. Olhe para o cartão que lhe entregaram, mas não o guarde no bolso. Colocados em cima da mesa de reuniões, se estiverem muitas pessoas, os cartões vão ser muito úteis para fixar o nome de todos os partici‑ pantes. Não escreva nada no cartão que lhe entregaram, mas pode acrescentar W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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à mão o número de telemóvel ao en‑ tregar o seu cartão. A mensagem que passa é de que só dá o seu telemóvel a algumas pessoas importantes. Quando regressar ao seu escritório já pode es‑ crever a lápis na parte de trás do cartão que recebeu alguma nota, como, por exemplo, “estão a recrutar pessoal”. O melhor cenário para o networking eficaz são os eventos corporativos. Também existem regras para facilitar a vida quando se recebe um convite para um evento em que se podem fazer mui‑ tos contactos profissionais em pouco tempo. Em primeiro lugar deve preocu‑ par‑se com a sua aparência. As primei‑ ras impressões são importantes. Veja no convite que recebeu se indicam algum traje específico. Se disser “fato escuro” quer dizer que deve levar gravata, e que o fato deve ser azul‑escuro, cinzen‑ to‑escuro ou risca de giz, no caso dos homens. As senhoras devem usar um vestido ou um saia casaco com alguma bijutaria para ter um ar mais elegante. No caso do convite indicar “business suit” pode ir directo do emprego para o evento: as senhoras poderão ir de calças e os homens com um casaco e calças de cor diferente, com ou sem gravata. A indicação “smart casual” implica apenas que deve levar um casaco. Não deve ir de calças de ganga (é preferível de sarja) nem em mangas de camisa, a não ser que se trate de um evento muito informal. Claro que se quiser chamar a atenção de todos pela originalidade da sua maneira de vestir pode ir de sapatilhas douradas… Antes de partir, pergunte a si próprio. “Por que vou a este evento?”. Não sendo um “profissional do croquete”, deverá estabelecer uma meta realista e partir com um objectivo definido “Vou a esta inauguração para conhecer 10 pessoas e trazer os contactos de 20”. O objectivo não é “vender‑se”, nem arranjar empre‑ go, mas encontrar e conhecer gente nova para expandir a sua rede de contactos.

Quando entrar na sala onde decorre o evento deve procurar cumprimentar quem o convidou. O anfitrião poderá apresentá‑lo a algumas pessoas, mas se ele não o fizer, circule e apresente‑se. Se vir duas pessoas a conversar, não interrompa. Mas se forem três, pode aproximar‑se e, quando olharem para si, apresente‑se. Diga sempre o seu nome depois de os saudar “Boa tarde, chamo‑me Isabel Amaral e sou consultora de imagem e protocolo”. É importante decidir como quer ser apresentado. Nunca diga que está desempregado. É preferível dizer que é consultor pois parece ser o termo politicamente correcto para desig‑ nar desempregados topo de gama… Quando as pessoas retribuírem a sua auto‑apresentação indicando os respectivos nomes, fixe‑os, repetin‑ do‑os quando os cumprimenta. Saúde toda a gente com um aperto de mão firme, mas sem quebrar ossos, para lhes deixar boa impressão. Depois de 5/10 minutos de conversa despeça‑se e parta para outro grupo. “Gostei muito de os conhecer, até já!” ou “Não o quero monopolizar, mas podemos continuar esta conversa noutra altu‑ ra? Eu telefono‑lhe para combinar‑ mos uma reunião”. Aprenda a dominar a conversa de circunstância. Evite temas polémicos, como a política ou os escândalos, pois em Portugal toda a gente é primo de todo o mundo e poderá estar a arranjar um inimigo em vez de conseguir um contac‑ to. Fale do local onde decorre o evento, do assunto que os reúne a todos nesse local, do tempo, etc. Interesse‑se pelas pessoas que o rodeiam, faça perguntas,

mas sem entrar na esfera da vida priva‑ da. Ouça atentamente com ar interes‑ sado, olhando para as pessoas quando estão a falar e não passeie com o olhar pela sala como se estivesse à procura de alguém mais interessante para conver‑ sar. Nunca fale de doenças. Mesmo que ao dizer “Como está?” lhe respondam que “vão andando”, não acrescente que também se está a sentir engripado… Como libertar‑se daquelas pessoas que ficou a saber que não lhe interessa incluir na sua rede de contactos depois de se terem apresentado com uma frase do tipo, “Vim com um amigo, não conheço ninguém…”? Despeça‑se com um ar simpático, dizendo, “Adeus, até já!” ou “Estão ali a chamar‑me…” e avance para outro grupo. Saia depois de ter atingido o seu objectivo de fazer pelo menos 10 contactos úteis. Se en‑ contrar o anfitrião despeça‑se, agra‑ decendo uma vez mais o convite. Quando regressar ao escritório, guarde os cartões, anotando o que entender. Ter uma boa rede de contactos não é ter muitas pastas de cartões. É ter a certe‑ za de que essas pessoas se lembram de si. Para o conseguir, pode mandar um email no dia seguinte. “Caro Senhor Y,. Gostei muito de o conhecer ontem no lançamento do produto X. Como lhe disse, sou consultor de…. Aproveito para lhe mandar uma apresentação dos meus serviços. Não hesite em contac‑ tar‑me quando entender necessário. Melhores cumprimentos”. O contacto fica estabelecido e guardado na sua caixa de correio para o poder manter activo ao longo do ano, enviando boas festas, convites, etc.

Para ter sucesso, não basta ter contactos, é preciso cultivá‑los para que sejam duradouros e úteis.


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DIOGO ASSIS DIRE C T OR D A E V E N T S B Y T L C


OPINIÃO 41

“IT’S NOT WHAT YOU KNOW, IT’S WHO YOU KNOW!”

Na sua forma mais estratégica, o networking é uma actividade socioeconómica e uma ferramenta de marketing eficiente para gerar oportunidades de negócio e contactos, baseado em referências e recomendações. É um dos elementos mais importante no mix de comunicação interna e externa de uma organização e de um profissional. Cabe aos organizadores de eventos criar ambientes que permitam, potenciem, inspirem e incentivem o networking. Pessoalmente considero um skill importante num profissional de eventos, o pensar e saber criar estes ambientes.

Sou também fascinado pela tecno‑ logia que facilita o networking físico durante um evento, bem como pelas ferramentas virtuais e redes sociais que nos ajudam a preparar e prolongar a vida de um evento aumentando assim o retorno do investimento (ROI). Os momentos de networking abrem portas para novos contactos e novas oportunidades de negócio, mas os resultados só aparecem quando exis‑ te um trabalho árduo e eficiente de follow‑up das oportunidades e das promessas geradas pelo networking. Muitas empresas, e conheço várias na nossa indústria, acreditam que resol‑ vem os seus problemas comerciais e aumentam vendas por participar em mais oportunidades de networking e fazem disso a seu lema comercial. Não acontece. E não acontece pela simples razão de que não interessa abrir portas se depois não as soubermos fechar. Os resultados aparecem do trabalho posterior de acompanhamento de cada contacto e do acompanhamento de cada oportunidade gerada.

ALGUMAS FERRAMENTAS QUE CONSIDERO ESSENCIAIS ANTES DE PARTIR PARA A ACÇÃO: 1) Elevator pitch, é uma expressão muito usada para descrever uma oportunidade de, em 20 segundos, conseguir com clareza explicar quem é, o que faz a sua empresa e valor acrescentado que ela tem em comparação com as demais. É um exercício fundamental para qualquer profissional que permite uma interacção rápida, clara e eficiente em ambientes de networking com pessoas que não nos conhecem ou não conhecem a actividade que desenvolvemos. 2) Linguagem corporal tem que estar em sintonia com o que dizemos e conta geralmente mais do que o que dizemos. A linguagem corporal pode motivar o interlocutor a querer saber mais, ou não. 3) Participar voluntariamente em organizações ou associações que permitam alargar a rede de contactos em áreas de comum interesse bem como ganhar visibilidade junto

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OPINIÃO . “ I T ’ S NO T W H AT Y O U K NO W, I T ’ S W HO Y O U K NO W ! ”, P OR DIO G O A S S I S 42

dos associados e da indústria. Ser o melhor numa determinada área traz reconhecimento importante e apetrecha‑nos de ferramentas para que possamos maximizar as nossas oportunidades de networking. 4) Ter objectivos bem definidos e procurar os seus grupos de contactos que permitam chegar a esses objectivos. Quanto mais relevantes forem esses grupos para os objectivos definidos, mais probabilidade temos de sucesso, já que iremos trabalhar entre pessoas com denominadores comuns aparecendo por isso mais oportunidades de negócio. 5) Gestão de networking. Como qualquer projecto, tem que ser planeado e gerido, recorrentemente confrontado com os resultados e ajustado, se for caso disso. Desta gestão fazem parte as ferramentas tecnológicas que permitam conhecer e preparar melhor o networking físico. Acredito nos resultados quando o tecnológico é combinado com o físico. Não acredito só no virtual (redes sociais), nem só no físico. 6) Ser positivo. A energia positiva contagia e o oposto também é verdade.

No que se refere à nossa indústria, o networking faz parte de todos os eventos. Cada vez mais um bom evento é aquele que tem uma boa componente educacional e boas oportunidades de networking. Há soluções tecnológicas que poten‑ ciam essas mesmas oportunidades e faço referência a duas que usei recen‑ temente e cujos resultados são clara‑ mente positivos. O Poken é um pequeno aparelho que, ao aproximar‑se de um outro Poken, permite trocar os contactos de cada um. Há também a versão da aplicação para smartphones. São soluções relativamente baratas e eficientes na gestão de contac‑ tos, já que ao acabar o evento passamos para o computador em formato de v card todos os contactos que estabelecemos. O Spotme é usado por cada participante através de um aparelho que se distribui no início de um evento, uma aplicação no smartphone ou no tablet. Permite identificar as pessoas que estão perto

de nós e conhecer‑lhes o perfil (em‑ presa em que trabalham, cargo, etc.), convidar essa pessoa para a nossa rede de contactos e marcar uma conversa durante o evento. No final do evento cada participante recebe por email o v card de cada contacto estabelecido. Há uma série de outras aplicações para smartphones que permitem identificar e relacionar pessoas no mesmo local e que são cada vez mais uma tendência nos eventos. Ao participar num evento de 500 pessoas, à chegada o normal será procurar caras conhecidas e sentarmo‑nos ao pé de quem conhecemos. Estas aplicações per‑ mitem contrariar esse instinto natural e procurar quem poderá ter mais interesse conhecer no âmbito da nossa actividade.

Um apontamento final e pragmático, dar sempre o business card num primeiro contacto e explicar o que somos e o que fazemos (elevator pitch ).


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JOÃO GARRIDO DA COSTA DIRE C T OR D A TAV OL A NO S T R A - E V E N T O S GL OB A IS © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT


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“SOU UM WORKAHOLIC”

Assume‑se como um viciado no trabalho e o discurso revela uma profunda reflexão sobre o sector. Num momento em que a Tavolanostra ‑ Eventos Globais comemora dez anos, o director da empresa, João Garrido da Costa, assume uma aposta forte na internacionalização.“Precisamos de continuar a crescer e não se cresce mais em Portugal”, admite. Como é que chegou ao mundo dos eventos? Espontaneamente. Fiz parte da minha carreira em hotelaria, formei‑me em Gestão Hoteleira e passei pela direc‑ ção de algumas unidades, algumas delas de cinco estrelas. O Sheraton foi uma escola vital do ponto de vista da gestão de números e de recursos. Essa disciplina que a hotelaria tem transvasa completamente para a área dos eventos. Quando era director do Palace do Bussaco, recebi um desafio para integrar um projecto na área de eventos. Nessa altura já tinha percebido que havia espaço em Portugal para um projecto desses, mas nunca tinha en‑ carado a possibilidade de ser um orga‑ nizador de eventos. Há dez anos existia uma ou outra empresa que se destacava, mas as restantes eram muito defici‑ tárias e amadoras. E assim arrancou a Tavolanostra, que comemora em 2012 dez anos. Ainda somos uns miúdos, andamos aqui a aprender (sorriso). O caminho percorrido foi o que traçaram nessa altura? Até há dois ou três anos atrás per‑ corremos o caminho que traçámos. Com metamorfoses várias, melhorias significativas e adaptações ao mercado. Constatámos que estávamos certos em relação ao défice que o mercado tinha. Conseguimos crescer bastante, sem fazer nada de especial. Limitámo‑nos

a tentar perceber o cliente, a cativar a sua atenção ao ponto de lhe dizer que não, que este não é o caminho, mas sim este outro, e ainda que o cliente seja o único que saiba o que pretende alcançar. Todos os clientes com quem começámos a trabalhar, ainda hoje os mantemos. Não temos um cliente que tenha deixado de trabalhar connosco, e esse é de facto o grande resultado de uma empresa. E qual foi o ponto de viragem? Teve a ver com o próprio mercado. Estes clientes, que são praticamen‑ te todos empresas multinacionais, têm cortes orçamentais que obrigam a uma contenção grande. Os orça‑ mentos são diferentes, isso cria‑nos desafios. De há dois anos para cá o mercado corporate caiu, e este ano de uma forma ainda mais significativa. Isso obrigou‑nos a ir por um caminho completamente diferente. Não nos po‑ demos focar nos corporate events, no grande evento do Pavilhão Atlântico, na reunião anual da empresa x. Vamos fazer diferente. Tivemos que começar a abanar o cliente, a perguntar‑lhe, “Já pensou em fazer isto?”, “E se fizésse‑ mos esta produção?”, “E se criássemos este evento?”. É um sistema ao con‑ trário. Começámos a espicaçá‑lo. O ADN mantém‑se desde o início, mas o mercado mudou.

E qual é o ADN da Tavolanostra? É um ADN de rigor, qualidade, e acima de tudo de compromisso. Somos com‑ pletamente anti‑resignações. Um fornecedor resignado não serve para nada. Há uma característica que nos diferencia do resto do mercado e que é o respeito pelos fornecedores. Tenho a plena convicção de que os organizado‑ res profissionais de eventos continuam a olhar para os fornecedores como uma peça de um puzzle e ponto. São muito mais do que isso. A relação que hoje em dia se cria com o fornecedor é absoluta‑ mente vital para construir um projecto e materializá‑lo. Podemos ter o melhor equipamento, mas se não tivermos aquela pessoa a operá‑lo, não serve para nada. “It’s all about people”, e impreg‑ námos isto na equipa. O que define um bocadinho a forma como trabalhamos. O catering da equipa que está a produzir o evento tem que ser tão bom como o do cliente. E o alojamento também. É uma forma de motivação? Claro que sim. E de respeito. Há um respeito leonino pelo “Boas contas, fazem bons amigos”. Isso é muito im‑ portante nos dias que correm. O que é que o fascina a si nesta área? Conseguir transformar os sonhos em realidades. Não são todas as áreas que conseguem idealizar algo e depois W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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materializá‑lo. Conseguimos criar emoções nas pessoas, e isso é conta‑ giante. E viciante. Como gere o stress? Lido mal com o stress Sou um workaholic. A maior parte dos clientes não faz ideia do trabalho que está por trás de uma produção, da responsa‑ bilidade. Mas qual seria a alternativa ao stress? Tem que se ter muito gosto naquilo que se faz. O facto de não estarem sedeados em Lisboa é uma desvantagem? No início, quando arrancámos com a empresa, todos tínhamos esse re‑ ceio. Hoje temos reuniões em Lisboa, Madrid, Londres, Azerbeijão. O mundo é cibernauta. Obviamente que não ab‑ dicamos de ter belíssimas instalações e condições para a equipa trabalhar. Temos uma equipa absolutamente fantástica, de gente que cria, mas que tem que ter condições para trabalhar. Se não vive em Lisboa tem de ter bons carros. Se estão fora, têm de ter boa internet e bons computadores para poderem trabalhar. É uma questão de opção. Se existem empresas líderes de mercado em Portugal, nós somos uma delas, e não creio que tenhamos per‑ dido nenhum cliente por isso. Hoje é fácil de dizer, mas no início havia esse receio. O português não pode olhar para o mercado português, tem de olhar para o mercado europeu, asiá‑ tico, para a América Latina e Estados Unidos. Não há Lisboa, nem Porto, nem Guimarães, nem Faro.

“Não ficamos nada atrás daquilo que se faz lá fora, pelo contrário”

J O Ã O G A R R I D O D A C O S TA © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

Quando é que se aperceberam de que tinham de olhar para além do mercado português? Ao contrário do que é normal foi um processo reactivo. Ainda está a ser. Por ADN somos proactivos, aqui reagimos ao mercado. Portugal está completamente estagnado. Portugal é isto: eventos e clientes interessan‑ tes, um constrangimento orçamental e financeiro brutal, mas Portugal tem é know‑how. Tem algumas boas empresas, mas acima de tudo tem pessoas. E é esse know‑how que temos que exportar. Precisamos de conti‑ nuar a crescer e não se cresce mais em Portugal. Para crescermos temos de ir para fora e levar esta capacidade que temos. Não ficamos nada atrás daquilo que se faz lá fora, pelo contrário. Esse processo decorre desde quando? Decorre há sensivelmente dois anos, vai fazer agora três.

E como se iniciou? A nossa experiência internacional começa quando as marcas multinacio‑ nais com que trabalhamos em Portugal nos começam a desafiar para ir para fora. O primeiro evento que fizemos, há quase cinco anos, foi para a Baxter, na Grécia. No mês seguinte estávamos a produzir um evento em Lausanne e não parámos mais. O português muitas vezes fecha‑se um bocadi‑ nho no cliente que tem. Temos de ser ambiciosos. Algum dia sentiram alguma resistência pelo facto de serem portugueses? Hoje sim, sobretudo nos países da Europa. No Brasil é uma mais‑valia enorme porque a barreira linguística é quebrada. Neste momento a marca Portugal tem pouca credibilidade na Europa, quem tem credibilidade são as pessoas. Noutro dia ouvi alguém a dizer: está tudo preocupado com Portugal, mas ninguém está preocupa‑ do com os portugueses. Portugal são os


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portugueses, somos nós. Encontramos nos trabalhos que fazemos lá fora portugueses de topo em todo o lado, normalmente nos lugares cimeiros, seja a nível técnico, seja artístico. Qual é o seu sonho para a Tavolanostra nos próximos anos? Não tenho nenhum sonho para a Tavolanostra. Não podemos perder tempo a sonhar muito, temos é de concretizar sonhos. Há uma meta, um objectivo na equipa. Se não dermos o salto, vamos morrer na praia. E falo de uma empresa absolutamente estável, como há poucas no país. Vamos ser felizes assim, ou vamos continuar a querer ser mais felizes? Diria que não há tempo neste momento para grandes reflexões. O querermos mais obri‑ ga‑nos a procurar novos mercados. Em termos de facturação qual é o peso da parte internacional? Tem o peso de sabermos que é por ali. Confesso que não acredito que o mer‑ cado corporate vá crescer em Portugal, acredito que haja outras possibilida‑ des, nomeadamente o sector da tele‑ visão. Os operadores de televisão têm necessidade de produtos como o nosso, criados à medida, que não são iguais em todos os países, que acontecem naquele dia, àquela hora e que deixam saudades. O internacional tem um peso grande hoje. Acima de tudo pelo respeito, pela forma como é comprado o evento. Não na Europa, ‑ talvez a Alemanha seja uma excepção ‑, mas a nível mundial o know‑how, o talento, a capacidade criativa são pagos, e muito bem pagos, e a produção também. Em Portugal o know‑how não é pago, nem a capacidade criativa, nem a proposta. É paga a proposta que ganha a pro‑ dução. Para nós é lógico que vamos desenvolver aquela proposta, não esta‑ mos à espera que ninguém nos pague esse know‑how, e isso é um trunfo gigante lá fora. Concorremos com os grandes produtores de eventos inter‑ nacionais, a quem jamais passa pela cabeça ir a Frankfurt, ou à Tanzânia,

por sua conta e risco. O português vai. Nós vamos, arriscamos e isso é um factor vital. Os grandes produtores in‑ ternacionais não estão moldados para isto e olham‑nos de lado. Mas o mundo está a mudar e os clientes precisam de sangue novo. Se existe um cliente que está satisfeito com um fornecedor continuado, porque é que vai mudar de fornecedor, porque é que abre concur‑ so? É um erro.

que temos é que saber falar com quem gere a comunicação e perceber o que é que o cliente quer atingir, seja a nível interno ou externo. E a partir daí ques‑ tionamos. As agências de comunicação não percebem raspas de eventos, não sabem como organizar um evento, da mesma forma que nós só temos umas luzes de comunicação. Não se mistu‑ ram as coisas. São dois mundos com‑ pletamente à parte.

Como assim um erro? Estamos a percorrer o ciclo. Já foi assim noutros países, já deixou de ser, e nós ainda estamos na fase do concur‑ so. Posso dizer‑lhe que se soubermos que há mais de três, quatro agências a concurso, não apresentamos proposta. Porque aí entramos no pricing, deixa‑ mos de ser avaliados pelo nosso traba‑ lho, para estarmos a ser avaliados pelo preço. Temos de ter a capacidade de dizer não a um cliente. Recebemos um briefing, ouvimos com atenção, reflec‑ timos, fazemos um brainstorming com o cliente, mas podemos chegar ao fim e dizer: nós não somos uma mais‑valia. Tem que se ter a frontalidade de dizer isto a um cliente. Nem tudo é negócio. Muitas vezes sugerimos outras empre‑ sas. E pego no telefone e ligo‑lhes, se for preciso.

Mas as agências de comunicação também têm o serviço de eventos. Já passámos essa fase. Houve duas fases distintas. Primeiro as agências de comunicação afirmaram‑se como organizadoras de eventos, para depois passarmos para uma fase em que as agências de comunicação procuravam as empresas de organização de eventos e faziam parcerias estratégicas para conseguirem alavancar toda a máqui‑ na de comunicação que tinham criado através do evento. E não resultou na minha opinião. Nem resulta. Uma empresa de eventos que queira deixar marca, despertar emoções, ter con‑ sistência naquilo que faz, pode receber guidelines, mas não pode formatar o trabalho que vai fazer com base em guidelines operacionais e de produção de alguém que não percebe como é que se faz produção. Não existe nas em‑ presas de comunicação uma cultura de humildade como existe nas de eventos. Quando as agências de comunicação perceberem que o resultado final de um evento é tão mais avassalador do ponto de vista de resultados do que uma cam‑ panha, aí estamos a entender‑nos.

É uma prática corrente essa partilha de informação? Da nossa parte sim, o contrário não. Isso é um bocadinho o reflexo da aprendizagem do próprio sector. Há equipas que estão formatadas para ganhar, de qualquer forma. Temos concorrência saudável e menos saudá‑ vel, aqueles que não são concorrentes, e os que trabalham para um segmen‑ to diferente. Não passa pela cabeça de ninguém em Portugal perder um cliente, mas não estamos a perder, estamos a ganhar. É preciso é assu‑ mi‑lo. Não somos uma agência de comunicação, não queremos ter nada a ver com o mundo da comunicação. Os nossos clientes já têm agregada essa máquina da comunicação, de modo

Quem contrata eventos tem noção do que pode atingir, ou ainda continua a haver eventos que se fazem só porque é habitual? O cliente continua a ter planificação, a pensar na estratégia ao ano, mas pensa de uma maneira muito mais cirúr‑ gica e eficaz. Há clientes que estão a juntar três ou quatro acções numa só. Conseguem um grau qualitativo muito maior, e uma eficácia que achavam W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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impossível. Por isso dificilmente vol‑ taremos a ter os quatro eventos. Há situações em que o próprio mercado nos está a ensinar a todos. Se há quatro ou cinco anos alguns clientes nos abordas‑ sem com os orçamentos com que nos abordam hoje, nem sequer começáva‑ mos a conversar. Era impossível. Hoje é possível. E não arriscamos 1%. Temos a mesma qualidade do produto, com mais rasgo criativo, mais conteúdos fora da caixa, uma capacidade audiovisual avassaladora, um serviço de catering excepcional, plataformas brutais, con‑ vidados internacionais, artistas. Tudo isso se faz com um orçamento que há quatro anos era impossível. E as mar‑ gens são percentualmente iguais.

“Os bons clientes já perceberam que precisam de profissionais” Como é que vê a evolução do papel de organizador profissional de eventos, mudou alguma coisa no modo como o cliente o percepciona? Os bons clientes já perceberam que precisam de profissionais. O cliente que nos liga sabe para o que vem. Não temos um cliente que nos ligue para organizarmos uma regata, um passeio num barco à vela, ou de helicóptero, como tínhamos há cinco ou seis anos. O cliente procura‑nos para organizar o evento. Existem as empresas de animação turística, as empresas organizadoras profissio‑ nais de eventos, os profissionais de congressos, os DMC, são áreas com‑ pletamente distintas, e acho que o próprio constrangimento financeiro que o mercado atravessa está a obri‑ gar as peças a articularem‑se.

Esses constrangimentos financeiros não estão a tornar os clientes quase “terroristas”? Essa é uma das razões porque se tem que ir para outros mercados e reinven‑ tar o formato de trabalho e de produto. Acho que as boas empresas de eventos vão continuar a trabalhar e a crescer. O cliente “terrorista” é o principal prejudicado. Há uma patologia quase de negociar antes de se saber o que está a negociar. Como é que se negoceia catering? Um cliente não pode acre‑ ditar que o menu que tinha cherne, depois de uma redução de 60% vai ter o mesmo cherne. O bom cliente sabe que isto não é possível. Qual é o papel do organizador? Fundamental. Hoje o cliente tem que perceber que a qualidade, o rigor, a eficácia de um produto final, o traba‑ lho que está por detrás, tem um custo e não dá para facilitar. Quando o cliente negoceia exaustivamente, ou patologi‑ camente, um determinado orçamento, temos duas hipóteses. Dizemos sim ou não. E quando dissermos que não temos que explicar porquê. Uma ban‑ cada que pode cair, um catering que pode originar uma intoxicação ali‑ mentar, o som que pode falhar quando o presidente fala. Entramos por um caminho de risco. O cliente não tem obrigação de saber os riscos quando está a negociar, nós é que temos de lhe dizer. Na Tavolanostra há uma postura low‑profile em relação aos eventos que fazemos, mas no dia em que produzir‑ mos mau toda a gente saberá. Mas não é mais fácil ceder a essas imposições dos clientes, preferindo isso a não ter negócio nenhum? É natural que aconteça, o que não sig‑ nifica que seja profissional.

Como é que o sector se pode organizar? A Tavolanostra esteve na APECATE, saiu entretanto, mas acredita que o movimento associativo pode ter algum papel a desempenhar em termos de regulação do mercado? Acho que sim, o movimento associa‑ tivo é vital em qualquer área se tiver capacidade e uma plataforma de gestão altamente profissional. A relação que tínhamos com a APECATE era estéril, por culpa nossa, mas da associação também. Acredito que as associações têm um papel vital no dia em que as empresas de organização de eventos chancelarem a sua marca com o selo APECATE e isso significar o cum‑ primento de um conjunto de requi‑ sitos de qualidade, rigor, seriedade, compromisso no mercado. Tal como acontece na área hoteleira. É possível standardizar os procedimentos de rigor no tratamento com os clientes, e obviamente acho que uma associação deve ter quase o papel de júri. Tem de perceber o que é que as empresas andam a fazer. Não vale tudo. É muito mais credível, idóneo e isento ser a associação a chamar a atenção dos clientes para o que se está a passar no mercado. Um comunicado de uma associação é lido com atenção. As empresas têm que sentir a necessida‑ de de lá estar. Se é uma mais‑valia na certificação do sector, tem que fazer o crivo. Nem todas as empresas podem ser associadas da APECATE ou de uma associação de profissionais de eventos, porque nem todas as empresas são profissionais. Muitas vezes abando‑ namos concursos porque as empresas não são profissionais. E o sector tem de encarar isto de frente, não pode andar a fazer gincanas. Quando o cliente não quer arriscar, ele sabe com quem quer vir ter, e isso acontece com outras empresas em Portugal. A área da animação turística tem conseguido de alguma forma nivelar‑se. Somos clientes dessas empresas, e sabemos qual é a empresa para este ou aquele serviço. Isso não existe do lado dos eventos corporativos. O associativismo


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tem um papel vital na credibilização de um sector que, na minha opinião, está descredibilizado. Se existissem muitas empresas boas de organização de eventos em Portugal o salto inter‑ nacional já tinha acontecido há cinco anos atrás. Essas boas empresas contam‑se pelos dedos de uma mão? Uma mão só. Aquilo que eu considero empresas credíveis, que não vendem gato por lebre, capazes de dizer a um cliente que a sua estratégia está errada.

“O fornecedor não pode ser jogado para segundo plano”

Referiu a boa relação que mantêm com os fornecedores, como vê esse mercado neste momento? Alguns dos nossos clientes de hoje vieram justamente desses fornecedores, que trabalham com várias empresas e que nos abriram portas gigantes. Aqui há três ou quatro anos houve uma tendência para monopolizar o mercado. Não se monopoliza ou fecha o mercado, o cliente não gosta disso, reage mal, sobretudo à monopolização que não é assumida. Os próprios fornecedores foram um bocadinho vítimas disso. Quando digo fornecedores, digo ao nível de hotelaria, audiovisuais, o cate‑ ring, tudo o que é associado à logística de produção. Acho que isso criou opor‑ tunidades de mercado e os fornecedores profissionalizaram‑se de outra forma, criaram os seus próprios nichos.

Teme que estes constrangimentos financeiros que eles próprios também sentem, ponham em causa a qualidade? Nota isso? Não, não noto, se a relação com um fornecedor for continuadamente de respeito e compromisso. Há cinco anos atrás o desafio não era o orçamento, era o conteúdo. Hoje o desafio é o con‑ teúdo e o orçamento. E o fornecedor encara isto com a seriedade propor‑ cional à seriedade de quem lhe pede. Na Tavolanostra as condições com que trabalhamos com o cliente são as mes‑ mas com que trabalhamos com o for‑ necedor. E são expostas abertamente. O fornecedor não pode ser jogado para segundo plano. Criamos e produzimos eventos, mas o fornecedor tem que embarcar connosco. Neste momento não trabalhamos com fornecedores,

P UB

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os fornecedores certos para o mate‑ rializar e entregar. Isto é um trabalho de consultoria pura. É uma questão de terminologia, mas faz toda a diferença. Lá fora é este o caminho.

“São os profissionais que fazem o Pavilhão Atlântico”

J O Ã O G A R R I D O D A C O S TA © RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

trabalhamos só com pessoas, que por sinal também são empresas. Hoje em dia, com as vicissitudes do mercado, um fornecedor saber que não corre ris‑ cos quando está a trabalhar com uma empresa é importante. Quantos orga‑ nizadores de eventos sabem o que é um seguro de “no‑show”? Quantos fazem seguros de “no‑show”? Não sabem, nem fazem. O seguro “no‑show” é só o garante de que o cliente para quem produzimos o evento está completa‑ mente seguro. Se alguma coisa falhar pode honrar os compromissos finan‑ ceiros que tem connosco, e nós com os nossos fornecedores.

Nesse processo de internacionalização, leva alguns fornecedores de cá? Na Tavolanostra trabalhamos basica‑ mente com fornecedores nacionais. Nem arrisco. Muitas vezes tem a ver com a máquina que está montada. Garantidamente não temos nenhum catering lá fora como temos em Portugal. Qual é o papel futuro dos organizadores de eventos? Acho que cada vez mais vamos deixar de ter organizadores profissionais de eventos para termos consulto‑ res profissionais de eventos. Este é o futuro. O consultor garante a consul‑ toria e a produção. Consegue criar e desenhar o evento, garantir que tem

Como viu a privatização do Pavilhão Atlântico? Primeiro, respeito imenso os profis‑ sionais que trabalham no Pavilhão Atlântico. São os profissionais que fazem o Pavilhão Atlântico. É difícil avaliar uma infraestrutura que não tem concorrência, que garantiu esse lugar não só pela infraestrutura fí‑ sica, mas pela humana. O Pavilhão Atlântico está sozinho no merca‑ do. Existem outros profissionais muito bons, espaços fabulosos, mas o Atlântico está sozinho. Esta nova gestão seria mais fácil de avaliar se o equipamento estivesse num mercado altamente concorrencial. O Pavilhão Atlântico tem um naipe de profissio‑ nais, do departamento comercial à parte operacional, que têm a mesma relação connosco que nós temos com os outros fornecedores. Quando um técnico me diz que não, não tenho como contrapor com um sim. Ele jamais me vai dizer que sim se estiver a comprometer a segurança, a eficácia, ou que for. No Atlântico temos isto. Não há ninguém em Portugal com a capacidade de gestão de público como a Atlântico. Profissionalizaram‑se nessa área. Têm uma coisa que faz a dife‑ rença, um sentido de compromisso, e acho que nenhuma gestão privada vai alterar isso. Não está preocupado? Nada preocupado. Se me perguntasse se precisávamos de mais dois ou três Pavilhões Atlânticos em Portugal... se calhar precisávamos. Quando se está a produzir um espectáculo no Atlântico, ninguém está preocupado com falhas


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de energia. Toda a logística está envolta num pacote experimentado, testado, eficaz, que se reinventa todos os anos e melhora. Sente que faltam venues em Portugal? Sim. Faltam acima de tudo espaços diferenciados. E fora de Lisboa. Os es‑ paços alavancam todo um conjunto de infraestruturas hoteleiras, de restau‑ ração, que é necessário.

“Sou completamente contra as concessões” Como é que vê a questão das concessões a fornecedores nos espaços? É negativo. É manifestamente um posicionamento desajustado e despro‑ porcionado nos dias que correm. Quem continua a concessionar espaços não acompanhou a evolução do mundo. Ninguém compra obrigado. Negócios obrigados, não aceitamos. É mau para o mercado, para o cliente final, não cria necessidade de inovação. O con‑ cessionário diz: mas isto garante‑me qualidade. O que garante qualidade é quem organiza o evento. Sou comple‑ tamente contra as concessões.

de hoje, mas nas empresas que ainda vão nascer. Estes jovens que estão agora a formar‑se já perceberam que o mercado não tem oportunidades e vão ter que ir criar a sua própria empresa. Eles vão defi‑ nir estratégias em que só eles acreditam e vão provar ao mercado que eles é que estão certos. A capacidade de adaptação

destas empresas que vão nascer é muito maior. Quando a empresa arranca já arranca com aquilo a que chamo na brincadeira a estratégia IKEA. É para consumir, estragou, compra novo. Os espanhóis já fazem isso há muitos anos. Mas tenho alguma curiosidade sobre o que se faz na formação.

DEZ PERGUNTAS A JOÃO COSTA Cidade para morar Barcelona Viagem de sonho Um ano sem relógio nos Estados Unidos Livro que tem em cima da mesinha de cabeceira. A biografia de Steve Jobs Qual foi o evento que lhe deu mais gozo fazer? Muito complicado. O que dá mais gozo é o de amanhã. Quando está num evento do que é que nunca prescinde? Da minha equipa O que é que queria ser quando era miúdo Polícia (risos)

Qual é a sua impressão sobre a formação em eventos? Tenho alguma dificuldade em respon‑ der, é talvez das áreas onde tenha mais dúvidas, menos informação.

Hobby Surf

Colocando a questão ao contrário, que formação é que gostaria que existisse para os futuros profissionais de eventos? O que é que era indispensável que contemplasse? Acima de tudo a área da gestão de empre‑ sas e de recursos humanos. Não acredito em nenhuma empresa de organização de eventos de sucesso que não valorize e que não tenha know how na gestão de recur‑ sos humanos. Trabalhamos para pessoas, para emocionar e marcar das mais di‑ versas formas, e isso resulta em eventos. Acho que o futuro não está nas empresas

Banda favorita Pearl Jam

Prato preferido Cozido à portuguesa

Se pudesse pedir qualquer coisa aos nossos governantes, o que pediria? Dir‑lhes‑ia, “Deixem‑me trabalhar!”

Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt] Rui Luís Romão [rui@eventpoint.com.pt]

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EM DESTAQUE 52

J O R G E V I N H A D A S I LVA © ANTÓNIO CAMILO . MINIFOTO

NADA MUDA NA GESTÃO DO PAVILHÃO ATLÂNTICO

dimensões de sala mais reduzidas, com a criação de novos produtos, como é a Arena Box”, adianta o responsável. O target dos congressos é para re‑ forçar, salienta Jorge Vinha da Silva, detalhando que a Atlântico pretende “passar a ter um papel mais proactivo e interventivo no sentido de angariar para Portugal grandes projectos, em conjunto com as agências e gabinetes de turismo”. “Tem que se convergir num conjunto de vontades de promotores, de associações de turismo, e cada um, cumprindo o seu papel, propiciar esse tipo de eventos”, apela o responsável.

Esta é a garantia deixada por Jorge Vinha da Silva, director‑geral da Atlântico, que falou à Event Point poucos dias depois de ter sido conhecida a decisão de vender o Pavilhão Atlântico ao Consórcio Arena, constituído pelos quadros do Atlântico, Luís Montez, Ritmos & Blues e pelo fundo FCR BES PME Capital Growth. NÃO SOU MUITO FAVORÁVEL A REGIMES “A missão de uma empresa como a para as suas iniciativas. “Quando digo DE EXCLUSIVIDADE Atlântico é colocar‑se à disposição do mercado”, sublinha Jorge Vinha da Silva, dando conta de que o objecti‑ vo é o de continuar a receber eventos de todos os promotores com quem já trabalhavam, e também daqueles que ainda não têm em conta o Atlântico

que queremos fazer mais, queremos fazer mais em todos os sentidos. Por exemplo, existe uma associação nossa a eventos com grandes lotações. Temos tentado e conseguido espectáculos de menor dimensão, com políticas comerciais mais adequadas, com

Actualmente o Pavilhão Atlântico não tem acordos de exclusividade com fornecedores. Sem se querer compro‑ meter demasiado, Jorge Vinha da Silva confessa que não é “muito favorável a regimes de exclusividade. “Fico mais


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confortável, pela minha forma de en‑ tender a gestão, com o que a Atlântico pratica hoje em dia, ou seja, negoceia com os seus fornecedores o melhor acordo possível com base no histórico real e efectivo. Essa é a nossa melhor carta de apresentação, o nosso históri‑ co e a capacidade de fazer acontecer, de concretizar eventos, e depois tentamos que os nossos clientes adquiram esses serviços pelo mérito do mercado, e não porque é imposto”, explica o director. No caso de espectáculos públicos, há serviços mínimos obrigatórios, incluí‑ dos no valor da proposta comercial: a segurança e o rigging. “Não é muito exequível que um espaço desta natu‑ reza e com a responsabilidade de ter eventos para 20 mil pessoas possa ter uma equipa de segurança de dois em dois dias, quando num mês pode ter nove concertos”, esclarece. A justifica‑ ção é a mesma em relação ao serviço de rigging, que implica pendurar tonela‑ das de equipamento por cima do públi‑ co. “São situações de extrema respon‑ sabilidade, e ligam‑se directamente com a imagem do próprio espaço, que nós temos de blindar”, sublinha Jorge Vinha da Silva. Nos serviços como o catering ou os audiovisuais, a actuação rege‑se pelo mercado. Tem sido assim até à data, ressalvando o responsável que esta questão ainda não foi discu‑ tida no seio do consórcio, “Estamos a falar de decisões de fine tunning que ainda não reflectimos enquanto agru‑ pamento e equipa de gestão”, declara. Questionado sobre as vantagens de um sistema misto em que, a partir de um leque seleccionado de fornecedores, o cliente faz a sua escolha, Jorge Vinha da Silva diz que o sistema pode fazer sentido em determinados serviços. Mas esta questão não está em cima da mesa, até porque é preciso “existirem algumas cautelas”. “Se nesse sistema estiverem os operadores que cobrem mais de 90% do mercado, quase que vai dar à mesma situação de ter um regime aberto. Se esse sistema misto tiver uma representação do mercado que seja inferior, pessoalmente já não

me revejo nele. Olho para esta activi‑ dade como um ecossistema global, e há certos equilíbrios para manter, quer a competitividade dos espaços, quer o próprio equilíbrio dos operadores, que são importantes para trazer os even‑ tos para os espaços”. “Historicamente temos uma preocupação de olhar para a actividade quase de uma forma regu‑ ladora. Somos a maior sala de espectá‑ culos do país, o espaço onde se podem realizar os maiores eventos corporate, e de facto isso tem que conferir uma grande responsabilidade na hora de tomar essas decisões”, sustenta o responsável. “Quanto mais robusto for o mercado em termos de operadores e da sua capacidade em concretizar e di‑ namizar eventos”, acredita Jorge Vinha da Silva, “mais o Pavilhão Atlântico terá a ganhar”. Esta lógica estende‑se à associação a marcas e patrocínios. “Como até à data, tentaremos procurar os melhores acordos possíveis, quer do ponto de vista de acordos de associação, marca, sponsorship, o que seja, quer em ter‑ mos de contratos de fornecimento”.

2011 E 2012: DECRÉSCIMO NO SECTOR DOS EVENTOS Este decréscimo, adianta Jorge Vinha da Silva, pode reflectir‑se no número e na dimensão dos eventos. Do lado dos eventos corporate, os orçamentos alocados são mais baixos e nos eventos públicos há menos disponibilidade financeira por parte do consumidor. “A experiência que temos tido é a de que os eventos que são muito queridos pelo público continuam a ter uma adesão forte. Mas em termos médios há um decréscimo”. Daí que a política de ges‑ tão tenha de ser “criteriosa”. “É neces‑ sário ter princípios de racionalidade, de maior agressividade comercial, no sentido de facilitar a decisão das enti‑ dades promotoras de eventos”.

Um fenómeno apontado pelo mercado é o facto de cada vez mais os eventos serem decididos com pouca antece‑ dência. Neste ponto, Jorge Vinha da Silva diz que “há uma realidade dupla”. “Do ponto de vista dos eventos públi‑ cos há uma tentativa de antecipar a data de comercialização. Do lado dos eventos corporativos há de facto um fenómeno de last minute, ainda que se forem grandes eventos internacionais, mesmo das grandes marcas nacionais, eles são planeados com alguma ante‑ cedência”. Nesse last minute “é im‑ portante ter uma atitude muito proac‑ tiva, de proximidade com as agências e com os clientes para conseguirmos canalizar os eventos para os nossos espaços”, sublinha.

PAVILHÃO DE PORTUGAL ATÉ AO FINAL DO ANO Jorge Vinha da Silva deu conta à Event Point de que a Atlântico vai manter a concessão do Pavilhão de Portugal até ao final do ano. A gestão de outros espaços pode ser uma área de negócio a desenvolver. “Mesmo na gestão ante‑ rior, era uma ambição que a Atlântico tinha, de gerir outros espaços, colocar o know‑how e as equipas técnicas ao serviço de outras concessões”. Em re‑ lação ao Pavilhão Rosa Mota, no Porto – a Atlântico estava integrada num consórcio que concorreu à gestão ‑, o processo de transformação do equipa‑ mento num centro de congressos “não está em andamento”. A entrevista completa a Jorge Vinha da Silva pode ser lida na íntegra no site da Event Point: www.eventpoint.com.pt

Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt] Rui Luís Romão [rui@eventpoint.com.pt]

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REPORTAGEM 54

CUIDADO COM AS BURLAS: JÁ OUVIU FALAR DA EXPO‑GUIDE?

Tudo começa com uma carta e termina, muitas vezes, com uma enorme dor de cabeça e uns milhares de euros perdidos. São muitas as organizações a alertar para as burlas desta empresa, mas a estratégia da Expo‑Guide é deliberadamente enganar. Algumas empresas nem se apercebem de que caíram na armadilha até ser tarde demais, e começar a cobrança agressiva.


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O modus operandi é o seguinte: Uma carta é enviada para empresas que estiveram ou estarão presentes numa determinada feira que acabou de ter lugar, ou está prestes a começar. No envelope, sem remetente, não há nenhuma informação sobre quem expediu a carta e o selo indica que foi enviada de Viena, Áustria. Dentro estão apenas duas folhas e no cabe‑ çalho de ambas aparece em marca de água, num azul ténue, a referência à Expo‑Guide. O que aparece em letras bem visíveis é o nome da dita feira e a referência à organização da mesma. Na carta é dito que a empresa que rece‑ beu a carta está registada num directó‑ rio online (mesmo sem o ter solicitado) e no final é explicado que, caso queira ter um anúncio pago, deve preencher o formulário da folha seguinte. É ainda dito que a Expo‑Guide não está ligada a nenhum organizador de feiras. A folha seguinte é o formulário que inclui os dados da empresa, onde deve ser assinalada qualquer incorrecção. Em cima é indicado que o formulário só deve ser preenchido e enviado caso queira ter um anúncio pago e em baixo, nas letras pequeninas, surge o valor: 1271 euros por ano durante três anos. No final, o local para a assinatura com

a indicação: “legally binding signature” (assinatura juridicamente vinculativa). No rodapé estão os dados da Expo‑Guide, que é apresentada como tendo sede no México. Já o envelope pré‑pago para enviar o questionário de volta tem uma morada na Alemanha. No verso do formulário, escrito num cinzento quase transparente, estão informações sobre a Expo‑Guide e o directório que publica. Mesmo com toda a informação neces‑ sária disponibilizada, a forma como a carta é enviada e estruturada leva a que o destinatário seja enganado. O que acontece é que, ao receber a carta perto da realização do evento, as em‑ presas acreditam ser algo relacionado e enviado pelo organizador da feira e acabam por não ler a informação até ao fim, enviando por vezes o for‑ mulário preenchido e, só mais tarde, quando começam as cartas e telefo‑ nemas de cobrança se apercebe que assinou um contrato para um anúncio pago. O facto de a empresa se chamar Expo‑Guide permite a confusão fácil com o guia da própria feira, que é, aliás, a indicação mais visível que se encontra na carta, já que o logótipo da verdadeira entidade que o envia só aparece em marca de água. O pedido de pagamento chega mais tarde, já depois dos 12 dias estipula‑ dos no contrato para a revogação do mesmo, e é seguido de cartas e tele‑ fonemas ameaçadores de empresas de cobranças, com o valor em dívida sempre a aumentar. São várias as organizações em todo o mundo que têm divulgado avisos contra esta empresa e apresentado queixas a vá‑ rias entidades judiciais, porque os casos de pessoas enganadas são muitos. Entre os queixosos estão a IAEE (Associação Internacional de Exposições e Eventos) e a AEO (Associação dos Organizadores de Eventos). Na internet há vários sites, fóruns e páginas de Facebook a alertar para o “esquema” da Expo‑Guide e é possível encontrar pessoas lesadas de vários países, incluindo Portugal, num longo período de tempo (a referência mais antiga que encontrámos é de 2008).

“Quando recebi a carta pensei que era um formulário para preencher os dados para o guia de uma feira em que íamos participar. Na altura estava com muito trabalho e não respondi de imediato. Mas mais tarde, com calma, li tudo, até as letras mais pequenas, e vi que era afinal um contrato para um anuário de publicidade”, disse à Event Point um dos empresários portugueses contactados. “Percebi nessa altura que era uma coisa que facilmente podia induzir as pessoas em erro e, ao ouvir as outras histórias, entendi como tudo foi muito bem pensado. A informação está lá toda e, no entanto, induz as pessoas em erro, levando‑as a assinar um contrato com um empresa à qual não têm nenhuma ligação”, explicou ainda.

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Na redação da Event Point também re‑ cebemos várias cartas da Expo‑Guide com referência à IMEX America, IMEX Frankfurt e Interdecoração. Recebemos também avisos da IMEX America e da Exposalão sobre “o uso do nome dos eventos indevidamente, com o argumento subversivo de actua‑ lização de dados e apelando à compra de publicidade”. Contactada pela Event Point, Carla Pereira, responsável de marketing da Exposalão, explica que “todos os meses chegam telefonemas de em‑ presas a pedir informações sobre a Expo‑Guide”. “Há muitas que querem apenas saber se temos alguma ligação ao directório, mas serão cerca de 30 as pessoas que nos disseram que já tinham assinado o contrato sem se ter apercebido. Aquilo é feito de forma su‑ breptícia e muitas vezes só têm noção quando chega a factura”. Por isso, a Exposalão não se cansa de avisar. “Enviamos constantemente emails a todos os nossos expositores a alertar para esta situação. Mesmo assim, as burlas continuam a aconte‑ cer”, lamenta a responsável. Carina Bauer, CEO do grupo IMEX, conhece bem esta estratégia. “A Expo‑Guide opera há vários anos com vários nomes – Construct Data, Fair Guide e Fairguide –, e de países dife‑ rentes. Agora parece estar sediada no México, após a acção legal que levou ao encerramento da empresa na Áustria pela autoridade da concorrência, depois de milhares de queixas (mais informações sobre este caso em http:// www.stopecg.org/expo‑guide.htm)”. “Não tomámos nenhuma acção legal contra a empresa, mas pedimos por diversas vezes que parassem de enviar cartas aos nossos expositores. A con‑ selho da AEO e da IAEE, temos avisado os nossos expositores, através do nosso site e emails, acerca desta empresa”. A Associação de Organizadores de Eventos criou um site (http://www.stopecg.org/expo‑guide.htm) sobre esta empresa, onde recolhe as queixas, dá informações e deixa conselhos sobre

CARINA BAUER

como actuar se foi apanhado neste es‑ quema. Segundo a AEO, quando se der conta de que assinou este contrato, a primeira coisa que tem a fazer é noti‑ ficar a Expo‑Guide de que foi induzido em erro e quer a cessação do contrato. O site tem mesmo um modelo de carta que pode utilizar. Outro conselho é não pagar. Até porque, como o contrato é renovável automati‑ camente após os três anos, não sabe até quando lhe irão pedir dinheiro. Até agora, a Expo‑Guide e as suas antecessoras não levaram nenhuma empresa a tribunal por não ter pago, até porque se o fizerem, a burla pode ser desmontada pelas autoridades.

Carina Bauer tem encaminhado as quei‑ xas dos expositores da IMEX para estes conselhos e diz que, pela sua experiência, “esta estratégia resulta, embora o assédio da cobrança dure por vários meses”. O melhor mesmo é tentar evitar cair numa destas armadilhas lendo sempre com atenção a correspondência e, em caso de dúvida, contactar a entidade organizadora da feira. Fica mais um alerta: cuidado com os documentos que peçam “legally binding signature” (assinatura juridicamente vinculativa), pois está de facto a assinar um contrato.

Sara Marques [sara@eventpoint.com.pt]


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CASE‑STUDY 58

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

TAVOLANOSTRA CRIA E PRODUZ ESPECTÁCULO DAS 7 MARAVILHAS PRAIAS DE PORTUGAL

Fazer o primeiro palco de areia do Mundo, composto por enormes esculturas, recriando um ambiente de praia. Foi este o ponto de partida do espectáculo que a Tavolanostra ‑ Eventos Globais concebeu para o anúncio das 7 Maravilhas ‑ Praias de Portugal, uma reflexão sobre o modo como nos relacionamos com a natureza, e o mar em particular, e a importância da sustentabilidade. A construção do cenário foi entregue à Prosandart, com a participação especial de 20 escultores vindos de Portugal, Alemanha, Letónia, Espanha, Turquia, República Checa, Holanda, Noruega e Rússia, liderados pelo escultor Alper Alagoz, responsável, entre outros, pelo Festival Internacional de Escultura em Areia, no Algarve.


CASE‑STUDY . TAV OL A NO S T R A C RI A E P ROD U Z E S P E C TÁ C UL O D A S 7 M A R AV IL H A S 59

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

Foram necessárias três mil toneladas de areia para executar os cerca de dois mil m3 de esculturas, feitas em cinco dias de trabalho. Antes, tinham sido precisos três dias só para descarregar, e outros três para posicionar e compactar toda a areia. O evento teve quatro meses de pré‑produção, 14 dias de constru‑ ção, montagem, ensaios, espectáculo e desmontagem, envolvendo 250 profis‑ sionais da produção, artistas, técnicos e tv. O palco, com 450 m2, incluía uma fonte de água integrada. A iluminação estava assegurada por 230 robots e 60 Sharpy [potente sistema de luz muito compacto]. A cerimónia, apresentada por Catarina Furtado e José Carlos Malato, teve transmissão em directo na RTP 1 e as presenças, como convidados especiais, de Aurea [estreou ao vivo e em televisão o novo single, Scratch my back] e dos Expensive Soul. Na verdade, as iniciativas das 7 Maravilhas constituem o somatório de diversos even‑ tos, que permitem, entre outras coisas, activar a própria marca, e as dos patro‑ cinadores, culminando na Declaração Oficial, altura em que são conhecidos os vencedores. No caso das Praias, pudemos

© RUI LUÍS ROMÃO . EVENT POINT

MAKING OF DAS 7 MARAVILHAS

PRAIA DE RIO Vila Nova de Milfontes, Odemira

PRAIA DE ALBUFEIRA E L AGOA Ribeira do Azibo, Macedo de Cavaleiros

PRAIA DE ARRIBAS Odeceixe, Alzejur

PRAIA DE DUNAS Porto Santo, Madeira

PRAIA URBANA Zambujeira do Mar, Odemira assistir aos test drive da Kia, aos rastreios auditivos da MiniSom, ou à viagem do catamaran Super Bock, presente nas 21 praias seleccionadas para a fase final. Em termos de retorno mediático, de acordo com números fornecidos pela organização, foram publicadas 1844 notícias, e o AVE (Advertising Value Equivalency) já ultra‑ passa os 101 milhões de euros. Para os curiosos, ou até os mais distraí‑ dos, aqui ficam as vencedoras de mais esta iniciativa da 7 Maravilhas, que teve na Costa Alentejana a região anfitriã:

PRAIA SELVAGEM Lagoa do Fogo, Açores

PRAIA DE USO DESPORTIVO Guincho, Cascais

Rui Luís Romão [rui@eventpoint.com.pt]

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ANA MARREIROS A C C OUN T M A N A GE R IN T E RN A L C OMMUNIC AT ION & S U S TA IN A BIL I T Y . GRUP O INF ORPRE S S


OPINIÃO 61

CONVIDAR JORNALISTAS PARA EVENTOS? EIS A QUESTÃO O briefing começa assim: comemorar o aniversário de uma empresa de serviços com a inauguração de um novo espaço. Temas como legado histórico, inovação e visão de futuro estão presentes ao longo de cada um dos pontos do briefing. Há um conjunto de colaboradores envolvidos no evento ‑ uns convidados e outros que se voluntariaram para assumir as tarefas de apoio normais num grande dia como este. Os convites são alargados a clientes, fornecedores e parceiros, mas porque o tema é de demasiada importância para a economia do país, o convite é também dirigido ao Presidente da República. É um dia dedicado não só a contar a his‑ tória da empresa e as metas alcançadas, como a contagiar os convidados com os planos futuros que rapidamente se vão concretizar. O evento tem tudo para se tornar mediático. Surge a pergunta ‑ “convidamos jornalistas para este dia tão especial?”. A resposta foi peremptória, “sim”. E convidamos também jornalistas internacionais, porque o tema é mediáti‑ co fora de portas. Depois desta tomada de decisão, uma das expectativas iniciais para gerir é a relevância das mensagens a passar no evento. Muitas vezes temos a tendência egoísta de considerar que as nossas mensagens são de uma relevância

extrema, mas há que ter em conta o carácter noticioso que os jornalistas precisam para trabalhar. O que vamos dizer no evento tem ou não potencial para se tornar notícia na imprensa es‑ crita, na televisão, na rádio, nos media online e nas redes sociais? Se não tem, abandonamos a ideia de convidar este público. Neste projecto, não era o caso! O evento que temos em mãos tem todos os ingredientes de sucesso. Começando a preparar os ingredientes para as mensagens que gostávamos de ver nos media, prestamos toda a atenção aos detalhes. Estamos na fase de preparar a informação que vamos partilhar com clientes, colaboradores e

parceiros, mas agora temos de ser exi‑ gentes com factos concretos, exemplos e números. Com jornalistas no evento, temos de criar a história ou as várias histórias. E esta é uma das vantagens de trabalhar com agências de comunicação na organização de eventos ‑ os consul‑ tores de comunicação passam o dia a criar mensagens que se tornam em no‑ tícias. Contar histórias é o que fazemos todos os dias e, por vezes, recorrendo a muita imaginação e criatividade. Voltando aos jornalistas, temos em conta que são profissionais que “ven‑ dem” notícias para os leitores “com‑ prarem”. São profissionais que pro‑ curam permanentemente a notícia e W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


OPINIÃO . C ON V ID A R J ORN A L I S TA S PA R A E V E N T O S ? E I S A Q UE S TÃ O , P OR A N A M A RRE IRO S 62

que acabam por ser líderes de opinião, com capacidade para formar a opinião pública sedenta de saber como vai o mundo. Acima de tudo, são profissio‑ nais que não passam ao lado de uma boa história, aquilo que clientes e agências de comunicação têm para contar. Os meios de comunicação são empre‑ sas e funcionam como tal. Mas são em‑ presas que têm como função informar e formar e, por isso, bastante selec‑ tivas e criteriosas. Informar porque é através dos media que conhecemos a realidade das regiões, dos países e do mundo. E formar porque a evolução da opinião pública está muito dependente das notícias que os media vão publi‑ cando. Acreditando nestas premissas, os jornalistas têm lugares reservados no evento e um espaço próprio para fazer perguntas, obter esclarecimentos e abertura para informações privile‑ giadas dos porta‑vozes. Na prepara‑ ção do evento, têm acesso prévio ao guião para saberem, antes dos outros e melhor do que os outros, o que se vai passar. Também é papel da agência de comunicação partilhar o circuito dos protagonistas, a ordem dos discursos, indicar os momentos mais importan‑ tes para efeitos de divulgação e explicar o que pode e não pode ser fotografado. Preparámos então um momento espe‑ cial para os jornalistas. Chegam mais cedo para um pequeno‑almoço com o presidente da empresa, que lhes apre‑ senta, em primeira mão, o novo arma‑ zém, com visita virtual em sala e com visita real dentro do espaço. No final há uma sessão de perguntas e respos‑ tas. Tudo com interpretação simul‑ tânea em espanhol e em inglês. Este momento decorre antes do reboliço do início do evento. Antes dos primeiros convidados chegarem, já os media

online estão inundados das mensagens que cuidadosamente preparámos. As tais histórias que criámos, começam a ser reproduzidas e contadas pela voz dos jornalistas. O evento propriamente dito começa de seguida. Os convidados TOP têm reserva no parque de estacionamento e lugares reservados nas primeiras filas da tenda onde foi organizado o evento. A chegada do Presidente da República faz‑se com as normais medidas de se‑ gurança e protocolo, ensaiadas várias vezes com as equipas da Presidência da República, do cliente e da agência de comunicação. O presidente da empre‑ sa espera a comitiva e encaminha o Presidente da República para uma sala privada, onde conversam um pouco sobre o investimento feito. As visitas ao armazém são feitas de forma faseada, com os convidados divididos em gru‑ pos. A tenda está animada com música clássica e a mesa está posta.

No final da visita do Presidente da República ao armazém, acontece o descerrar da placa comemorativa, que até agora esteve tapada com a bandeira nacional. É outro momento com grande cobertura mediática com as televisões e as rádios em directo. Os meios online ficam agitados de novo. Tudo acaba bem, quando começa bem.

Ou, como diria Lord Chesterfield, “Tudo o que vale a pena fazer, vale a pena fazer bem feito”. Lord Chesterfield, foi um homem do Governo Britânico, por alturas de 1750, e um homem de letras que escreveu um conjunto de cartas ao filho que estu‑ dava na Westminster School. Ao filho dava conselhos de como ele se deveria tornar um homem mas, mais impor‑ tante, de como ele se deveria tornar um cavalheiro. As cartas são muitas, são públicas e Lord Chesterfield acaba por ser evocado quando se fala dos conse‑ lhos mais célebres. Mas neste conse‑ lho, “Tudo o que vale a pena fazer, vale a pena fazer bem feito”, revejo a única visão que consigo ter dos eventos.

Para quê organizar eventos sem o fazer de forma exemplar? E sim, se o evento é corporativo e de carácter externo, os jornalistas integram a lista dos públicos a convidar.


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25ª EIBTM QUER ATRAIR AS VIAGENS DE NEGÓCIO A próxima edição da EIBTM deve contar com uma participação portu‑ guesa ao nível das edições anteriores. O ano passado, lembre‑se, no stand do Turismo de Portugal estiveram presentes 43 empresas e os conven‑ tion bureaux de Lisboa, Estoril, Porto, Algarve e Madeira. Graeme Barnett, director da feira, em conversa com a Event Point, diz esperar em 2012 uma representação similar. Se a crise portuguesa e europeia é real, e afec‑ ta o sector, Graeme Barnett salienta o papel que a EIBTM pode ter como “forte plataforma de apoio à meetings industry durante estes tempos compli‑ cados”. O responsável do certame cita o MPI Business Barometer, publicado em Abril, que sublinha que o sector con‑ tinua a desenvolver‑se e a encontrar formas de se adaptar a uma economia global em fraco crescimento. “As pró‑ prias empresas alteraram o comporta‑ mento em termos de marketing, à luz desta crise económica. O MPI explica que os profissionais dos eventos e os stakeholders compreendem o valor da sua actividade, e continuam a encarar os desafios com convicção. A prova disso é a flexibilidade e a determinação em procurar soluções de sucesso face a estas mudanças”, lembra Barnett. A EIBTM também muda e procura adaptar‑se aos desafios, com reflexos por exemplo no programa de hosted buyers. “Este ano vamos procurar trazer os compradores de eventos e viagens de incentivos, mas também, e pela primeira vez, aqueles que lidam

com as viagens de negócio, adianta Graeme Barnett, explicando que a nova estratégia é “uma extensão lógica do perfil da feira”. Uma das novidades deste ano é o Fórum EIBTM. O evento realiza‑se um dia antes da feira, na tarde de 26 de Novembro, e é de cariz educativo. “O Fórum vai proporcionar conteúdo ins‑ piracional e provocatório para estabe‑ lecer o tom para os três dias de negócios que se lhe seguem. Além disso é mais uma nova oportunidade de networking para a meetings industry global”. A formação é um dos aspectos funda‑ mentais no certame. O ano passado foram mais de 60 as sessões educa‑ cionais, lembra Barnett. O programa de 2012 conta com conteúdos “novos, actuais e relevantes”, adianta o res‑ ponsável. Temas como o retorno de investimento, procurement e tecnolo‑ gia vão estar presentes, e haverá uma atenção especial em aspectos como a criatividade na produção de eventos. “Introduzimos um elemento de storytelling na vertente de formação, que vai proporcionar experiências ener‑ gizantes e motivacionais à audiência”, explica Graeme Barnett. A edição deste ano da EIBTM, como já se disse, vai dar uma nova impor‑ tância às viagens de negócio, em re‑ sultado de uma parceria entre a feira e a Association of Corporate Travel Executives (ACTE). A ACTE vai ser responsável por quatro sessões educa‑ cionais do certame.

Para maximizar a presença dos participantes na feira, a EIBTM conta ainda “com sessões mais pequenas, enquadradas no espaço da feira, no Sustainable Events Corner, na zona Future Events Experience e no pavilhão das viagens de negócio, de forma a que os organizadores de eventos beneficiem do conteúdo formativo de uma forma mais curta e directa durante os três dias da feira”, afirma o director. Porque este ano é especial, a EIBTM celebra os 25 anos de existência, vai decorrer uma série de iniciativas para comemorar este marco da vida do cer‑ tame. “Desenvolvemos um novo logo, reflectindo a ‘prata’ associada ao 25º aniversário”, explica o director. A festa está a ser preparada e vai acontecer a 27 de Novembro no Museu Nacional de Arte da Catalunha.

A EIBTM realiza‑se em Barcelona, de 27 a 29 de Novembro.

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TENDENCE 2012

MONTRA PARA OS MERCADOS INTERNACIONAIS Ao longo de quatro dias, 1852 expositores de 66 países mostraram em Frankfurt os produtos que podem marcar a tendência no sector da decoração e ofertas nas próximas estações. Dos artigos clássicos aos arrojados e coloridos, a Tendence 2012 ‑ Feira Internacional de Bens de Consumo exibiu no Centro de Exposições da Messe Frankfurt produtos para todos os gostos.

Fazer negócio, estabelecer contactos, efectivar encomendas, entrar nos mer‑ cados internacionais são as principais metas dos expositores presentes neste evento que é uma verdadeira plata‑ forma de negócios. Os stands onde os produtos são apresentados requerem cuidados especiais, já que é preciso chamar a atenção do cliente e pensar num espaço para a concretização do negócio. E também nesta área de apre‑ sentação havia um pouco de tudo, do mais básico ao elaborado, dos stands bem decorados e atractivos aos mais discretos e simples. O mesmo acontecia com os produtos, cuja variedade impressionava. Nos sectores Living e Giving, era possível encontrar diversos artigos de decora‑ ção de interiores e exteriores (moldu‑ ras, espelhos, cestos, vasos, flores ou têxteis), objectos de uso pessoal e para oferta (relógios e jóias, carteiras, roupa ou lenços), produtos gourmet (chás, azeite ou especiarias), iluminação e mobiliário. Até produtos temáticos, já a pensar nas épocas festivas, como o Natal e a Páscoa. São portanto artigos que abrangem várias áreas e mercados, nos quais se incluem o sector dos eventos. Não seria difícil para um organizador de eventos encontrar produtos quer para a con‑ cepção e decoração do espaço, quer para oferta aos convidados: bancos com um aplique para pendurar carteiras, quadro de luz onde é possível “escrever” men‑ sagens (como o arranque de um painel de debate, no caso de um congresso, por exemplo), pastas, flores ou acessórios tecnológicos, entre outros.


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FIDELIZAÇÃO DO MERCADO Eram cinco as empresas portuguesas presentes no evento, com metas que passavam por encontrar parceiros, fidelizar clientes e entrar nos mercados internacionais. Trocam‑se contactos, fazem‑se encomendas, mas de uma forma geral o retorno não é imediato. “Retorno existe sempre, pode não ser tão rápido, mas é importante para uma marca que quer internacionalizar‑se estar presente, porque é por aqui que se entra nos mercados internacionais”, disse à Event Point Fábia Campos, directora comercial da TM Collection, uma marca de design têxtil que está no mercado desde 2003. Apesar de Portugal ter já representado para a marca 60 por cento das ven‑ das, existe “mais receptividade fora”. Contudo há que ter em conta a crise “que está a afectar todos os mercados”. “Sente‑se uma grande perda de visi‑ tantes, mas nestas feiras a persistência leva ao sucesso”, frisou a responsável. O stand foi preparado e pensado para passar a imagem do que a marca re‑ presenta, a intemporalidade das suas peças. É preciso, por isso, ter certos cuidados na iluminação, nos elemen‑ tos de decoração ou na inclusão do mobiliário. “No fundo, é como se uma pessoa entrasse aqui e se sentisse em casa”, refere Fábia Campos. No mesmo hall, uma outra empresa portuguesa: a Têxteis Íris admitia que este ano “estava mais calmo” do que os anteriores, mas que é importante mar‑ car presença. “Sempre foi vantajoso fazer feiras internacionais. Aqui o alvo não é só o mercado local. Vêm pessoas de todo o lado e já temos clientes em quase todos os cantos do mundo”, contou Sérgio Mendes, director co‑ mercial da Têxteis Íris. O segredo está em tratar bem o cliente – “daí termos conseguido fidelizar” – e, claro, na qualidade e design do produto. Mesmo assim, e apesar do negócio directo que se faz, este “é um negócio a médio e longo prazo. As pessoas passam, vêem

e só depois entram em contacto”. É que com a crise, “as pessoas têm medo de fazer compras, de ter em stock”. A Angel Touch esteve pela terceira vez na Tendence. Estar numa feira “é um investimento contínuo” até à fidelização dos clientes. “Das primeiras vezes que uma empresa vem a uma feira inter‑ nacional tem retorno ao nível de con‑ tactos, novos clientes, novas oportuni‑ dades”, referiu Zurire Peche Unzueta, dona e gerente da Angel Touch. Nesta edição, a feira “ficou aquém” das expectativas, mas foram feitos bons contactos. A responsável adiantou haver menos visitantes este ano e nesse sen‑ tido reconheceu ser preciso “arranjar alguma maneira de atrair as pessoas”. Contudo, apesar de haver medo de in‑ vestir por causa da crise, “as empresas fortes e os clientes mantêm‑se, não é ainda uma diferença drástica… aqui na Alemanha, pelo menos”. O Centro Regional de Apoio ao Artesanato – Açores (CRAA) fez a sua es‑ treia na Tendence, com uma amostra do que de melhor se faz nas ilhas em termos de artesanato. “As pessoas têm mostrado algum interesse. Têm curiosidade em ver como é que as peças são feitas. Tem corrido bem”, explicou Marilena Rego, funcionária desta entidade da Secretaria Regional de Economia. Foram feitos muitos contactos e há pers‑ pectivas de encomendas. O feedback foi “positivo”. A participação do CRAA na Tendence tem como grande motivação a entrada nos mercados internacionais, “dar a conhecer o que lá se faz e abrir pelo menos uma porta para novos hori‑ zontes, potenciais clientes”. A marca Teresa Alecrim também mar‑ cou presença na Tendence. Uma casa com tradição, mas com “flexibilidade” para adaptar os artigos à medida do que é pedido pelos clientes (pessoais ou empresas). O seu estilo é o grande factor diferencial desta marca, que além do português já se encontra nos mercados americano, brasileiro e francês. A meta

nesta feira era chegar ainda mais longe. “O principal objectivo é o mercado alemão, mas também chegar a outros. É dar a conhecer a marca e fazer negócio com os países que aqui aparecem”, ex‑ plicou Mário Martins da Silva, repre‑ sentante da empresa na Alemanha. Apesar de a feira estar mais “fraca” do que em edições anteriores, o balanço é positivo. “Tem corrido bem e os clientes da feira anterior voltaram a encomen‑ dar nesta feira”, contou o responsável. Foi a segunda vez que a empresa têxtil expôs na Alemanha, “um mercado muito bom, de clientes muito fiéis”. O investimento para estar presente numa feira é grande e a preparação exige “muito trabalho”: pensar no stand, nas cores, na colecção – “em todas as feiras apresentamos coisas novas” –, nos convites, na montagem, na decoração do stand. São muitos os cuidados, porque há também um “compromisso” com os mercados com que se quer trabalhar. “Por exemplo, o mercado alemão é completamente diferente do mercado português ou do brasileiro. Coisas que se vendem bem nuns mercados não se vendem bem nos outros, embora aqui temos de ter em consideração que não é só o mercado alemão que queremos conquistar”, referiu Mário Martins da Silva. Pela feira passaram 46 mil pessoas, de 91 países, menos seis mil pessoas do que em 2011. Há a registar uma presença menor de visitantes euro‑ peus, em grande parte devido ao actual cenário económico. Contudo, “apesar da crise na Europa, muitos expositores registaram aumento nas encomendas. No geral, o ambiente na Tendence foi muito positivo”, referiu numa nota de imprensa Detlef Braun, administrador da Messe Frankfurt.

Maria João Leite [mj@eventpoint.com.pt] A jornalista viajou a convite da Messe Frankfurt

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NA SOMBRA PROJECTADA DE BO DEREK O Douro Film Harvest apresentou, entre 26 e 30 de Setembro, algumas das melhores colheitas de filmes, mas é mais do que uma mostra de cinema. Apresenta‑se como “uma plataforma cultural e enoturística que contribui para a divulgação e desenvolvimen‑ to de uma região”. Organizado pela Expanding World, o DFH já acolheu actrizes como Andie MacDowell e Sophia Loren, realizadores como Carlos Saura e Milos Forman, com‑ positores e músicos como Gustavo Santaolalla e Kyle Eastwood, trazendo o cinema ao Douro, mas levando tam‑ bém o Douro ao universo do cinema. Criou assim “um nicho no panorama internacional do cinema”, reunindo à gastronomia os vinhos da região, e outras expressões da cultura.

TOAST

UMA MULHER DE SONHO OLHAR DE FORA Bo Derek, a actriz que ficou mundial‑ mente famosa pelo desempenho em 10, Uma Mulher de Sonho, arquétipo da “beleza perfeita”, foi a convidada de honra da quarta edição do DFH. O programa incluiu várias tertúlias, uma homenagem no centenário do nascimento de Jorge Amado, autor de personagens como Gabriela e Tieta, um concerto muito especial com Pierre Aderne e convidados na Casa da Música, provas de vinho, exposições de fotografia e pintura, um concurso de curtas‑metragens sobre o Douro. E os filmes, claro, muitos deles dedicados à comida e ao vinho.

Expanding Group: plataforma Ibero‑Americana de serviços espe‑ cializados em eventos e marketing territorial em que Manuel Vaz e Paula Bessone são os rostos mais familiares. O Douro Film Harvest foi suportado nas primeiras edições pelo Turismo do Douro. Este ano, mais de 90% do orça‑ mento veio de patrocinadores privados como Continente, Adega Cooperativa de Favaios, Silampos e Repsol. A Comercial é a rádio oficial, e a Event Point um dos media partners do evento. ANTÓNIO JORGE ALABY PINHEIRO

António Jorge Alaby Pinheiro, um experiente “publicitário” brasileiro, encontrou há vários anos um nicho de trabalho na relação que se esta‑ belece entre cinema e publicidade, na perspectiva de criar envolvimento com as marcas ‑ algo que só se fazia realmente nos EUA. De passagem pelo Porto, desafiámo‑lo a que olhasse para o exemplo do Douro Film Harvest, onde esteve a convite da organização para falar sobre “Cinema, que mídia é essa?”. Sendo a região um autêntico “cenário”, e dado o perfil que apre‑ senta, associar‑lhe um evento que junta o cinema e a grande experiência do vinho, faz, para Alaby Pinheiro, “todo o sentido”. “Degustando vinhos, projectando marcas, o DFH acaba levando o Douro para fora da região e de Portugal”. “Cada vez mais as marcas percebem que os seus públicos estão dispersos, e que só vão ganhar rele‑ vância, significado, se conseguirem criar um envolvimento emocional com o seu público. Neste caso, é através do entretenimento que se consegue isso”.


SUSTENTABILIDADE 67

+SUSTENTABILIDADE = N RELAÇÕES WIN‑WIN A aposta em eventos sustentáveis na conjuntura socioeconómica que vivemos actualmente é por muitos questionada… Para alguns dos stakeholders do mercado dos eventos este tema está démodé , para outros é um capricho, mas ainda há os que vêem na sustentabilidade a chave do sucesso! Quem está atento às tendências inter‑ nacionais, por certo ter‑se‑á apercebi‑ do de que a temática da sustentabilida‑ de tem cada vez mais um papel fulcral, e é, por vezes, a bandeira de muitos eventos. Vejamos o exemplo dos Jogos Olímpicos que, de edição para edição, tentam melhorar o seu desempenho, minimizando custos, tornando‑se mais eficientes e disseminando um conjunto de boas práticas junto dos diversos agentes que interagem em toda a cadeia de valor do evento, con‑ tribuindo para um resultado final de +Sustentabilidade. Certamente que neste momento se questionará, ou até mesmo dirá em voz alta: ” Pois, pois… E os custos que acarreta?”. Caros leitores, se‑ jamos pragmáticos. É um mito que “Sustentabilidade é sinónimo de CARO!”, numa perspectiva estratégica e devidamente planeada a longo prazo, senão vejamos… De que forma se pode internalizar a sustentabilidade nos eventos que orga‑ niza, optimizando os custos? A respos‑ ta está na seguinte equação:

+ Sustentabilidade = n relações win‑win Traduzindo, a aposta para tornar o seu evento mais sustentável passa por estabelecer uma boa rede de contactos, onde haja um complemento e parti‑ lha de valores, de competências e de acções, que integradas e adaptadas à realidade do evento contribuirão para atingir a sustentabilidade. Na

construção desta rede de contactos estabelece‑se um fluxo de altruís‑ mo bidireccional, onde é importante definir antecipadamente objectivos e metas. Considerando toda a cadeia de valor do evento, é relevante perceber quais as necessidades, fragilidades ou pontos de melhoria no seu evento. Faça um estudo prévio do que acontece a nível global na indústria dos eventos sobre sustentabilidade; esteja atento às tendências internacionais; seja criativo e lance desafios inovadores; demonstre em termos práticos quais as vantagens para os seus potenciais parceiros em estabelecerem esta relação/parceria. Em tom de resumo: Identifique e/ou liste as organizações que poderão contribuir activamente para o seu objectivo; Exponha os seus interesses conversando com as organizações em causa; Demonstre de que forma essas organizações poderão ganhar ao associar‑se ao seu compromisso sustentável; Fomente, invista e estreite relações com os demais agentes do seu evento.

Com este fenómeno de realimentação positiva, estará não só a estimular a sustentabilidade no seu evento, mas também a potenciar comportamentos e boas práticas de sustentabilidade além‑fronteiras, que podem ser repli‑ cadas, quer noutros eventos, quer no quotidiano dos colaboradores dessas organizações enquanto cidadãos. Por outro lado, numa perspectiva de competitividade e enquanto player de mercado, poderá posicionar‑se estra‑ tegicamente num quadrante mais sus‑ tentável, tornando‑se pioneiro e quiçá gerar novas tendências nesta indústria (em constante mutação).

Porém, não posso deixar de enfatizar que, apesar de muitos dos conteúdos descritos acima passarem por questões de ordem prática, ou até mesmo de bom senso, existe uma questão fundamental na criação de uma rede de contactos ‑ que também se quer sustentável: a ética!

Norma Franco, Consultora

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TECNOLOGIA 68

SHARPY: ALTA POTÊNCIA NUM CORPO PEQUENO O Sharpy é um novo produto que combina a portabilidade com uma grande capacidade de iluminação. E se considerarmos que é um feixe de luz em movimento de 189w, tem uma potência só ao alcance de mais altas voltagens. O Sharpy pesa 16 quilos, pelo que é de fácil transporte (poupa espaço nos camiões) e pode caber em qualquer lado, nos trusses , no palco, em feiras ou salas de conferência. Está disponível também em prateado, permitindo adicionar glamour ao cenário e ter uma presença menos invasiva.

Tem um output de 59.760 lx (iluminação) a 20 m (metros). Dispõe de 14 cores diferentes e 17 gobos, o que permite criar uma série de efeitos visuais. Pode ser usado em diversos tipos de eventos, e nomeadamente em espectáculos.

Aqui ficam algumas especificações técnicas do Sharpy . Ângulo do feixe ajustável de 0 a 3.8º . Disco de cores intercambiáveis com 14 cores fixas . Disco de gobos intercambiáveis com 17 gobos fixos . Prisma rotativo de oito faces . Movimentos horizontais e de inclinação rápidos e extensos . Nova electrónica de alta performance . Design italiano . Objecto compacto com 48 cm e 16 quilos . Amigo do ambiente: substitui focos maiores e mais caros . Balastro electrónico embutido de forma standard

Este produto é da responsabilidade da Clay Paky, empresa italiana especializada em luz profissional. Mais informações em www.claypaky.it.


SUGESTÕES 69

CENTRO DE ACOLHIMENTO A TURISTAS: NOVO ESPAÇO NO PORTO Situado no mesmo local onde há muitos anos funciona‑ vam os primeiros armazéns de vinho do Porto da Real Companhia Velha, o Centro de Acolhimento a Turistas da Douro Azul é mais um espaço para eventos a ter em conta na cidade do Porto. As tradicionais arcadas daquela zona de Miragaia dão as boas‑vindas ao interior do edifício que mantém a traça original, bem como o valor histórico, arqui‑ tectónico e cultural. Lá dentro a arquitectura assume‑se moderna e orgânica, com todos os espaços preparados para captar a maior quan‑ tidade de luz natural. O que pode tornar mais apelativa a realização no local de conferências, reuniões, exibições de filmes, colóquios, apresentações de livros, exposições, mos‑ tras de arte, entre outros eventos que se ajustem à identidade e orientação cultural e social do espaço.

ESPAÇOS PARA EVENTOS ÁRE A DE RECEPÇÃO É o primeiro contacto com o evento. Espaço amplo com um lobby de 90 m2 e um foyer de 100 m2. As arcadas internas em granito e as fotografias históricas das caves de vinho do Porto, contra‑ ponto à arquitectura orgânica das escadas, criam uma ambiência envolvente e acolhedora.

AUDITÓRIO Tem capacidade para 80 lugares sentados, dispondo de um sistema de alta tecnologia que permite a projecção de filmes em alta‑definição e em formato 3D, numa tela de seis m2. Dispõe ainda de um sistema de som surround 5:1 e possibilita a gestão da transmissão da informação através de dispositivos móveis conectados à Apple Tv. Existem ainda microfones sem fios.

HALL PRINCIPAL DOS ARMA ZÉNS São 300 m2 que permitem acolher eventos com lotação máxima entre 200 a 250 pessoas. Com uma elevada lumi‑ nosidade natural permite a projecção em simultâneo de informação estática ou vídeo em paredes laterais através de projectores multimédia estrategicamente colocados junto ao tecto do edifício, controlados através da Apple Tv. Este hall dá acesso ao jardim interior.

JARDIM INTERIOR Um espaço com 150 m2 onde se pode usufruir de um local ao ar livre, com luz natural. Esta é uma zona que poderá ser utilizada como zona complementar a um evento. Para eventos nocturnos existe a possibilidade de instalação de iluminação decorativa e personalização do espaço.

SERVIÇOS

Serviços de coffee‑break, cocktails simples e completos e refeições para pequenos grupos (cerca de 20 pessoas). W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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CONSULTÓRIO DE PROTOCOLO

As especialistas em protocolo Cristina Marques Fernandes e Susana de Salazar Casanova respondem em todas as edições às perguntas dos nossos leitores. Desta vez os temas abordados são o protocolo nas redes sociais, a cultura árabe, os convites para o estrangeiro e a oferta de flores. Para colocar também as dúvidas sobre protocolo e imagem envie‑nos um email para info@eventpoint.com.pt. Gostava que falassem um pouco do protocolo nas redes sociais. Que cuidados a ter? VG, Tomar

A questão das redes sociais é um tema pertinente e que requer a maior atenção. Tornou‑se frequente ouvir comentários sobre colegas, chefias e até da própria organização, sem se medirem as consequências. Quer na internet, quer na imprensa, tem‑se assistido ao relato de situações e ao constrangimento que estas causam, por quem usa as redes sociais de forma descuidada. Frases como: “quero ir‑me embora… estou farto disto…” ou “a minha chefe é tresloucada…” levaram a que muitas empresas tenham estabe‑ lecido algumas normas. Ao partilhar informação de forma aberta, as pessoas esquecem‑se de que podem estar a denegrir a imagem da organização e também a sua. Em certos casos, quando se chega a uma rescisão de contrato, o motivo está quase sempre associado a revelação de informações de cariz confidencial, in‑ sultos públicos a colegas ou à gestão de topo. Convém não esquecer que certas

notas não são só uma indelicadeza para o destinatário. Fundem‑se com a ima‑ gem que é projectada e, muitas vezes, interferem no relacionamento com os clientes, conferindo uma dimensão maior ao problema, podendo ainda causar danos ao nível da reputação. É pertinente chamar a atenção para alguns pontos: ‑ Horário: a menos que a profissão o exija, por exemplo no âmbito dos even‑ tos, deve usar‑se fora do horário laboral. ‑ Privacidade: optar por configurações de privacidade para tornar as informa‑ ções disponibilizadas e o perfil mais reservado. Tenha‑se presente que a internet nunca é 100% privada. ‑ Contenção: sustenha os impulsos mais agressivos e não dê largas à ima‑ ginação. É um erro crasso na gestão da imagem profissional ter a “língua afiada”. Mantenha um perfil discre‑ to afastando‑se de piadas atrevidas, namorar online de forma explícita, disponibilizar fotografias impróprias. Ter cautela é sempre um caminho acertado em qualquer rede social. A ideia é que estes espaços nos devem ajudar e não actuar em nosso desfavor.

Temos um evento que vai contar com alguns convidados árabes. Quais são os erros crassos que não podemos cometer? RL, Cascais

Assumindo que o convidado árabe é de religião muçulmana, deve ter‑se presente, para melhor acolher estes convidados, alguns dos pilares do Islão: a prática da oração cinco vezes ao dia e o jejuar durante o Ramadão. Como exemplo de vida, um muçulma‑ no não deve comer carne de porco (e derivados) ou de animais “não sacri‑ ficados” devendo, ainda, abster‑se de beber bebidas alcoólicas. De forma muito resumida, uma das preocupações nos eventos prende‑se com a alimentação e com a escolha do cardápio. Note‑se que a carne só é pura se tiver sido abatida da forma que Deus ensinou, caso contrário é con‑ siderada ilícita, ou seja, “haram”. Há um conjunto de produtos alimentares como gelatina, enzimas ou gorduras de animal, difíceis de identificar e cuja origem é suspeita “Mushbooh”. Deve ter‑se o especial cuidado de não organizar eventos durante o perío‑ do do Ramadão (que representa o


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desprender‑se dos bens deste mundo pela privação), momento do ano em que estão “proibidos” de comer ou beber do nascer ao pôr do sol. É aconselhável disponibilizar‑se uma sala destinada à pratica das orações, con‑ tendo os respectivos tapetes e, na entrada, um espaço para colocação de calçado. Quanto aos cuidados com o vestuário, sugere‑se rigor na selecção do traje para staff e, em especial, para as hos‑ pedeiras. “Hijab” significa modéstia na imagem, quer para homens, quer para mulheres. Por norma, usam‑se peças de roupa largas, para não revelar as formas corporais. O homem muçul‑ mano não usa demasiados ornamen‑ tos, nomeadamente ouro ou diaman‑ tes. Uma das formas de se saber se a pessoa é religiosa ou não, é pela obser‑ vação do número de jóias que usa. As crentes na religião islâmica usam a “abaya” por cima das suas roupas ‑ asse‑ melha‑se a um vestido comprido e é tra‑ dicionalmente preto. Em público, o seu uso tem associado o conceito de modés‑ tia, humildade e moralidade. É conjuga‑ do com o “hijab” ‑ que significa cobrir, além de estilo modesto ‑, é o lenço que cobre o cabelo. Pode combinar‑se com o “niqab” (Arábia Saudita), véu usado para cobrir a face, com excepção dos olhos. Com quanta antecedência devem ser enviados convites para convidados internacionais? LP, São Mamede de Infesta

A pergunta que apresenta é muito per‑ tinente na medida em que se pressupõe que um convidado estrangeiro necessite de mais tempo do que um nacional para preparar a sua deslocação a um determinado evento. Pelo que a resposta imediata é que o convite deve ser envia‑ do com a maior antecedência possível. Deverá ter‑se em conta em termos de timing de envio de convites, além da nacionalidade dos convidados, também a natureza do evento. Tendencialmente, quanto maior for a sua importância e formalidade, maior deve ser a antecedên‑ cia com que o convite é enviado (refira‑se,

S U S A N A D E S A L A Z A R C A S A N O VA E C R I S T I N A F E R N A N D E S

É seguro oferecer flores a palestrantes quando há tantas alergias neste momento? Qual a alternativa? RR, Portimão

a título de exemplo, uma conferência internacional ou um casamento). Acontece que, por vezes, uma das dificuldades em cumprir estes prazos é o facto de não se possuir os elementos necessários que permitem emitir o con‑ vite. Nesse caso, sugere‑se que, previa‑ mente ao envio do convite, se envie um texto designado por “Save the day”, no qual se pede ao convidado que reserve aquele dia na sua agenda para aquele determinado acontecimento, não sendo necessário fornecer mais detalhes nesta fase. Esta informação é normalmente enviada por meios electrónicos. Posteriormente, procede‑se ao envio do convite, mas com a garantia de que o con‑ vidado já tem conhecimento, pelo menos, da data e da designação do evento. Em qualquer caso, após o envio do convite, sugere‑se sempre que se faça um follow‑up, para que o tema não caía no esquecimento.

As flores, apesar da sua inegável bele‑ za, nem sempre são a melhor opção de presente a oferecer a um palestrante. Além da muito relevante questão das alergias, que refere, sucede que são incómodas de transportar. Na escolha de um presente, deverão ser tomados em linha de conta facto‑ res como o género, a nacionalidade, a idade, o estatuto e, se possível, os gostos do palestrante. A um estrangeiro, produtos nacionais e regionais são sempre uma boa opção, mas considere‑se o transporte dos mesmos, principalmente quando o palestrante em questão se desloca de avião (atenção a produtos perecíveis, muito pesados, volumosos). Livros, gravuras, esferográficas, peças de cristal ou porcelana são, normal‑ mente, valores seguros.

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ARTUR COSTA A DMINIS T R A DOR D A QU A R T E N A IRE P OR T UG A L


OPINIÃO 73

POR UMA CULTURA DE AVALIAÇÃO EM TORNO DOS GRANDES EVENTOS

O ano de 2012 é uma excelente oportunidade para reflectir sobre o real impacto social ( lato sensu) dos grandes eventos e, portanto, sobre a legitimação da forte intervenção pública na sua promoção e financiamento. Tal como acontece no caso dos “grandes projectos”, este tipo de debate abunda de polémica mas carece normalmente de informação e de oportunidade. Os recentes exemplos do Campeonato Europeu de Futebol na Polónia e na Ucrânia, das Olimpíadas de Londres ou, à nossa escala, os casos de Guimarães e Braga, as vizinhas Capitais Europeias da Cultura e da Juventude, mostram que “as partes” esgrimem argumentos

que apenas parcial e pontualmente conseguem fundamentar e que, quan‑ do se instala a discussão, as decisões fundamentais já estão tomadas. Na Ucrânia, por exemplo, temos os que acreditam1 que o desenvolvimento de in‑ fraestruturas, a captação de fluxos turís‑ ticos e até o contributo para a construção europeia mais do que justificam a aposta no evento; e temos os que fazem con‑ tas para concluir que a Ucrânia não vai

conseguir recuperar do esforço financei‑ ro público2 que fez para organizar o Euro 20123. Já no Reino Unido, a organização chegou a reconhecer que não será possí‑ vel recuperar os 8 mil milhões de euros de apoio público aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos (cujo orçamento total atin‑ giu os 12 mil milhões de euros), mas fez uma estimativa dos benefícios futuros: quase 17 mil milhões de euros durante os eventos e nos próximos anos4.

1. http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2012/jun/27/euro‑2012‑five‑lessons‑learned 2. Segundo os dados disponíveis, o custo total do evento, na Ucrânia, superou os 10 mil milhões de euros, dos quais metade em investimento público direto e ainda uma parte substancial do restante através de empresas do setor público. 3. http://www.telegraph.co.uk/finance/financialcrisis/9293073/Euro‑2012‑could‑harm‑Ukraines‑ability‑to‑repay‑debts.html 4. Entre outros, os que são gerados a partir das oportunidades de negócios para empresas britânicas que ganharam know how e irão vendê‑lo às organizações de futuros grandes eventos desportivos globais (mais de 5 mil milhões de euros nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro e no campeonato mundial de futebol na Rússia em 2018) ou do acréscimo de investimento estrangeiro e de turistas a Londres. http://www.guardian.co.uk/uk/2012/aug/14/london‑2012‑olympic‑legacy

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OPINIÃO . P OR UM A C ULT UR A DE AVA L I A Ç Ã O E M T ORNO D O S GR A NDE S E V E N T O S , P OR A R T UR C O S TA 74

O que importa aqui nem é tanto dis‑ cutir se há ou não benefícios direc‑ tos ou impactos a mais longo prazo gerados por este tipo de eventos. Eles parecem evidentes.

O que importa é fazer um esforço no sentido de fundamentar e legitimar política e socialmente as decisões sobre a afectação de recursos públicos destinados a gerar ou estimular esses efeitos, mantendo total transparência no processo. E, depois, monitorizar se eles se confirmam, ou se, por razões próprias ou alheias (más estimativas ou evolução inesperada do contexto social e económico, por exemplo), há desvios significativos. Faz‑se algum esforço, quantas vezes só após a decisão tomada, com recurso a estudos e análises de custo‑benefício. Ora, há algumas evidências empíricas e científicas5 de que tais estudos assen‑ tam em metodologias que, por muito objectivas que procurem ser, condu‑ zem a resultados que mimetizam o processo de decisão política (grandes expectativas sobre os impactos posi‑ tivos e desvalorização dos negativos e dos custos), assim convergindo de

forma falaciosa para a justificação das decisões tomadas. Mesmo assim, raramente os estudos concluem por balanços objectivamente equilibrados, e os decisores e promotores vêem‑se forçados a invocar impactos diversi‑ ficados na sociedade e na economia, a longo prazo, para justificarem o esfor‑ ço de financiamento público. Tais impactos são difíceis de quantificar, os métodos são normalmente aproxima‑ tivos e a produção e tratamento da infor‑ mação necessária para os avaliar é uma operação muito cara. Daí que os sistemas de monitorização que, por vezes, são criados para acompanhar estes eventos, não passem normalmente de uma con‑ tabilização do número de espectadores, das receitas geradas directamente e dos níveis de satisfação dos participantes, dos visitantes ou dos residentes, extin‑ guindo‑se a monitorização pouco tempo depois de encerrado o evento. Ficamos então convencidos, ou não, sobre os méritos da decisão a partir da afirmação de uma convicção dos deci‑ sores, e não de informação objectiva. Há muito a fazer para que as decisões ganhem transparência e qualidade, e os territórios ganhem mais com os even‑ tos de grande escala. Talvez o primeiro passo seja a criação de uma cultura de avaliação em torno destes processos. Por cultura de avaliação entenda‑se um sistema de códigos, padrões, procedi‑ mentos, comportamentos e conheci‑ mentos tendentes a sustentar e legitimar as decisões dos responsáveis pela con‑ dução de políticas e pela afectação de recursos públicos. Entenda‑se a criação de um ambiente e de uma comunidade interactiva, em que decisores e socie‑ dade, técnicos e académicos, agentes públicos e privados, evoluem para a consagração e vulgarização de processos de informação, análise, participação,

discussão, concertação, aprendizagem, responsabilização, monitorização e prestação de contas. Os exercícios avaliativos, se bem condu‑ zidos e se inseridos numa cultura deste tipo, têm muitas virtudes. Compõem um ciclo, e não um momento ou uma fase dos processos. Apelam para méto‑ dos de estudo e análise em permanente apuramento técnico e científico, carac‑ terizando‑se também pela existência de códigos de conduta profissionais e de exigências de qualidade muito apura‑ dos. Facilitam a criação de rotinas e a acumulação de informação que permi‑ tem identificar e parametrizar certos efeitos dos projectos, neste caso dos eventos, o que significa um progressivo abaixamento dos custos da sua ava‑ liação. Tendem a difundir as melhores práticas internacionais e a estabilizar mecanismos de benchmarking para a determinação de condições da sua transferibilidade para outros contextos. E, como elemento central, fazem intervir todos os sectores da sociedade, no quadro dos seus contributos potenciais e numa abordagem cooperativa, embora valo‑ rizadora das diferenças. Desta forma, ajudam a construir uma sociedade em rede, minimizando os riscos de futuras “lavagens de mãos” no que respeita a res‑ ponsabilidades e gerando novos factores de adesão social aos projectos.

Em última análise, uma cultura de avaliação contribui positivamente para a optimização e a sustentação dos impactos sociais e económicos que se espera estes eventos venham a gerar nos territórios de acolhimento.

5. O expoente destas evidências serão os trabalhos do Professor Bent Flyvbjerg, da Universidade de Oxford – Saïd Business School, sobre a sobreavaliação dos benefícios e a subavaliação dos custos que as metodologias de análise de custo‑benefício de grandes projetos normalmente incorporam (http://www.sbs.ox.ac.uk/research/people/Pages/ BentFlyvbjerg.aspx).


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T E AT R O N A C I O N A L S Ã O J O Ã O

O TEATRO E OS EVENTOS Os teatros acolhem a grandeza de uma arte multifacetada, as memórias de grandes espectáculos, os aplausos, alegrias e tragédias. São espaços que não pertencem a uma cidade, são de todos, dos artistas e do público. São uma referência e é esse prestígio que leva a que muitas empresas os procurem para realizar os seus eventos. Além disso, também as técnicas utilizadas em teatro podem ser ferramentas importantes para quem tem de lidar com o grande público. Assim, o que pode o sector dos eventos “aprender” com o Teatro e os teatros, com a arte e os espaços? A Event Point entrou em cena e procurou descobrir a resposta…


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para ajudar a desbloquear as interacções de um grupo. Pode afinal o actor ser um elemento a ter em conta numa acção de team‑building? Embora esta não seja a área de Pedro Tochas, o artista refere que “qualquer manifestação artística pode ser um desbloqueador de conversa. A partir daí, depende para onde se vai...”

FERRAMENTAS PARA ORADORES

PEDRO TOCHAS © S U S A N A P A I VA

“QUALQUER MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA PODE SER UM DESBLOQUEADOR DE CONVERSA” Começou por ser um artista de rua, estudou malabarismo, comédia física e teatro físico, enveredou pela stand‑up comedy. O ex‑estudante de engenharia química, actor, performer, speaker, Pedro Tochas também é conhecido no meio empresarial pelas palestras motivacionais, onde estimula as pes‑ soas a desenvolverem novas formas de encarar os problemas, a comunicar e a ultrapassar preconceitos. “Nas palestras motivacionais falo de temas como o problem solving, de como encarar os problemas como oportuni‑ dades, e de como ultrapassar precon‑ ceitos. O tema principal da palestra é ‘Ser sisudo não é sinal de competência, é só sinal de que se é sisudo’. E, se re‑ pararmos bem, hoje em dia as pessoas preferem as empresas mais simpáti‑ cas. Por exemplo, preferimos ir a um

restaurante onde somos bem tratados”, explica à Event Point Pedro Tochas. Em cada evento, tendo em conta as diferentes empresas e objectivos, há sempre um briefing no qual Pedro Tochas capta a mensagem da empresa. “O objectivo é integrar a palestra no evento, de forma a reforçar a men‑ sagem que a empresa quer passar”, acrescenta, lembrando que, sendo muitas vezes o último orador, a res‑ ponsabilidade é grande: “É importante porque o objectivo é libertar ‑ muitas vezes são eventos ‘pesados’, não é? É a última impressão de um evento e se eu fizer um bom trabalho as pessoas saem mais bem dispostas e motivadas.” Mas não é só neste campo que muitas empresas chamam actores e artistas para integrarem o seu evento, para apresentação, performance ou apenas

Há uma série de técnicas que são uti‑ lizadas no teatro que muitos procu‑ ram para se sentirem mais confiantes quando têm de falar para um públi‑ co, por exemplo. “Quando qualquer pessoa tem de falar com empresas, um orador ou administrador, se tiver ferramentas – técnicas de colocação de voz, técnicas teatrais, powerpoint, etc. – vai passar melhor a mensagem. Quantas mais ferramentas o orador tiver, melhor. Ajuda a ser mais efi‑ ciente, ao passar a mensagem. O actor transmite emoções, mensagens, e todas essas técnicas ajudam a fazê‑ ‑lo”, refere Pedro Tochas. O envolvimento com eventos empresa‑ riais levou o actor a crescer profissio‑ nalmente. Afinal, “falo de coisas que nunca ia procurar desenvolver, obri‑ ga‑me a pesquisar e a informar‑me. Fico com uma visão desses assuntos, o que é muito importante para mim como profissional”. E o contrário também é válido. A experiência do trabalho de rua também pode contri‑ buir para o sucesso de um evento: “Nos temas que abordo conto histórias para ilustrar esses mesmos temas e muitas dessas histórias aconteceram quando trabalhava na rua. Ajuda‑me a impor ritmo. Obrigou‑me a fazer espectácu‑ los interessantes e com boa apresenta‑ ção. Podemos ter o melhor conteúdo do mundo mas se a apresentação for uma seca a mensagem não passa.” Ser speaker em Portugal é já uma profis‑ são com vários graus e por isso falar‑se em profissão bem paga é “relativo”. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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“Para o Cristiano Ronaldo ganhar um milhão é pouco e eu não ganho isso numa vida. Acima de tudo, é um trabalho que em Portugal está a ser cada vez mais profissional. O mercado evoluiu, amadureceu e já é possível ser profissional nesta área”, conclui Pedro Tochas.

EVENTOS EM TEATROS São cada vez mais frequentes os es‑ paços que não se dedicam a apenas uma função. Acontece também com os teatros que abrem as suas portas para vários tipos de eventos, que conse‑ guem conjugar a programação com um evento externo e até concretizar essa junção, a do evento com o seu cartaz. O Teatro Nacional São João, no Porto, é um espaço de referência no país. Como Entidade Pública Empresarial gere três espaços: o Teatro Nacional São João (TNSJ), o Teatro Carlos Alberto e o Mosteiro de São Bento da Vitória. O aluguer destes está condicionado à dis‑ ponibilidade da programação artística. No TNSJ pode ser alugado o Salão Nobre, “de forma excepcional, desde que exista uma ligação entre o evento realizado e a assistência ao espectáculo em cena”, explica o administrador do espaço. No entanto, “a maioria dos eventos acolhi‑ dos realiza‑se no Mosteiro de São Bento da Vitória, por este ser o espaço que tem uma menor utilização em termos de programação, mas fundamentalmen‑ te por ser um espaço extraordinário que constitui um cenário único, sendo uma mais‑valia para qualquer evento”, adianta José Matos Silva. Aqui acontecem diversas iniciativas, “desde eventos corporativos (encontros

de quadros, festas de Natal), jantares de gala, conferências ou ciclos de debates”, podendo acolher “de forma grandiosa” uma conferência para 200, 400 ou 600 pessoas ou um jantar, cujo número de convidados pode variar de acordo com a modalidade de catering escolhida (vo‑ lante ou em mesa redonda, por exemplo).

“RECEITA SUPLEMENTAR” A abertura dos teatros ao sector dos eventos é uma aposta cada vez maior e frequente. Além de permitir aos par‑ ticipantes o usufruto do espaço – que muitas vezes é património reconhecido e classificado –, é também uma forma de rentabilizá‑lo financeiramente. “A realização de eventos nos espaços do TNSJ permite a obtenção de uma receita suplementar, além das habituais recei‑ tas de bilheteira, fundamental para que o Teatro continue a desenvolver a sua actividade e a missão de serviço público que lhe compete. O investimento rea‑ lizado tem passado pela divulgação do espaço junto de portais específicos que promovem locais para aluguer, revistas da especialidade e de divulgação direc‑ cionada junto de agências organizadoras de eventos”, explica José Matos Silva.

T E AT R O C A R L O S A L B E R T O © TNSJ

Não é pretensão da entidade influenciar o sector dos eventos. Contudo, é um concorrente com outros espaços da cidade, permitindo que o evento seja valorizado com uma actividade cultural ‑ “um aspecto diferenciador que o Teatro pode oferecer”.


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ALIAR O TEATRO A UM EVENTO: POSSÍVEL E NECESSÁRIO!

T E AT R O T I V O L I B B VA

FUNDIR DIFERENTES CONHECIMENTOS PARA A “EXCELÊNCIA DE RESULTADOS” Também o Teatro Tivoli, em Lisboa, abre as portas a diversos tipos de eventos. “Para além de uma progra‑ mação artística que se quer activa neste espaço icónico da capital, a UAU, proprietária do teatro desde final de Dezembro passado, pretende mantê‑lo disponível para acolher produções ex‑ ternas e para a realização continuada de eventos privados, empresariais ou não. Neste sentido, estão a ser realiza‑ das, faseadamente, obras de restauro de todo o edifício segundo a traça original do arquitecto Raul Lino”, explicou à Event Point Rita Duarte, directora de Comunicação do Teatro Tivoli, acrescentando que o objectivo é “devolver o teatro à cidade e seus ha‑ bitantes para que continuem a privile‑ giá‑lo em todas as suas escolhas”. À excepção dos meses de Verão, que foram destinados às obras, o Tivoli teve eventos todos os meses. E lá é possível realizar diversos géneros de acon‑ tecimentos, “desde que conciliáveis com a programação existente”, apre‑ sentação de novos produtos, reuniões de quadros, convenções, entregas de prémios, festas de escolas, galas, galas

televisivas, anúncios, festivais, cock‑ tails, entre outros. São várias as vantagens do inves‑ timento no sector dos eventos. De acordo com Rita Duarte, é cada vez mais essencial a “aliança entre dife‑ rentes sectores da sociedade, fundindo know‑how específicos, para a excelên‑ cia de resultados”. “Sendo a UAU uma produtora de emoções na área cultural e do entretenimento, e estando o teatro dotado de meios técnicos modernos, bem como de uma área de restauração exclusiva gerida pela Casa do Marquês, o Teatro Tivoli BBVA oferece actual‑ mente um pacote multi‑facetado de soluções. Cada cliente acaba por ter apenas um interlocutor para a con‑ cretização do seu evento, reduzindo os custos com a contratação dos diferen‑ tes serviços a diferentes empresas”, sublinha a responsável, adiantando que a realização de eventos no Tivoli “permite a rentabilização financeira do espaço, nomeadamente para su‑ porte das ainda muitas intervenções de restauro necessárias, bem como a consequente visibilidade do espaço e da sua programação”.

“A localização do teatro no centro da cidade é uma razão incontornável, o facto de ser um edifício histórico classificado de Interesse Público dota‑o de um prestígio exclusivo e sem par, a existência da área de restauração e dos meios técnicos capazes de suprir quais‑ quer necessidades, a disponibilidade de toda a equipa que acompanha o evento, o preço justo” são mais‑valias deste es‑ paço. “Queremos acreditar que o Teatro Tivoli BBVA não é apenas um local onde se realizam eventos, mas o sítio onde todos os eventos devem ser realizados. É para isso que estamos a trabalhar e a restaurar o espaço”, frisa Rita Duarte. Os teatros, como espaço e como arte, podem influenciar o sector dos even‑ tos. A directora de Comunicação do Tivoli lembra que, como alguém disse, “a Arte não existe para aqueles que querem permanecer ilesos”. Por isso, adianta a responsável, “na UAU somos proactivos e nunca estamos satis‑ feitos com os patamares atingidos. Queremos continuar a crescer e uti‑ lizamos os conhecimentos anteriores em novas realidades. Aliar o teatro enquanto arte a um evento, mais do que possível, é necessário. A cultura está presente em cada momento do nosso dia, assim o reconheçamos. Mesmo nos momentos profissionais de um evento corporate”. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


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OUTROS ESPAÇOS Antes de cair o pano, a Event Point deixa outros teatros do país que estão também disponíveis, segundo os seus sites oficiais, para acolher diferentes tipos de eventos:

TE ATRO ACADÉMICO GIL VICENTE (COIMBRA ) Auditório com 773 lugares, disponível para realização de eventos de natureza cultural e artística, bem como conferên‑ cias, lançamento de produtos culturais, reuniões de empresa, entre outros.

TE ATRO AVEIRENSE ( AVEIRO) Conta com uma sala principal, uma Sala Estúdio e um Salão Nobre, desti‑ nado a exposições e conferências, com capacidade para acolher entre 120 e 200 pessoas.

TE ATRO DE VIL A RE AL ( VIL A RE AL ) São múltiplas as valências deste espaço que conta, entre outros, com três au‑ ditórios, uma sala de exposições e uma galeria‑bar. Espaços que podem ser alugados para a realização de eventos.

TE ATRO MICAELENSE ‑ CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS (PONTA DELGADA ) Teatro localizado no centro histórico da cidade, cujos espaços podem adaptar‑se à realização de espectáculos de teatro, cinema, música, bailado e ópera, bem como de eventos, congressos, seminá‑ rios e reuniões de diversos tipos.

TE ATRO MUNICIPAL DA GUARDA (GUARDA ) Com espaços variados, conta com um Grande Auditório com capacidade para receber vários tipos de espectá‑ culos, servindo também como centro de congressos.

THE ATRO CIRCO (BRAGA ) Neste espaço de referência da cidade bracarense é possível alugar a sala principal, o foyer, o Pequeno Auditório e o Salão Nobre, onde se podem realizar conferências, debates, pequenos espec‑ táculos, animações e comemorações.

SEIS PERGUNTAS AO CENÓGRAFO PAULO ROBALO Licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, Paulo Robalo iniciou em meados dos anos 90 a formação e percurso na Cenografia Contemporânea. No currículo soma imensas exposições como pintor, mas também inúmeras participações na produção de peças de teatro ‑ como cenógrafo, director de Arte, realizador plástico, figurinista ou coordenador de equipas técnicas ‑, em várias companhias de teatro e com diferentes encenadores. Desde 2007 coordena e realiza workshops de Pintura em Telão na Academia Contemporânea do Espectáculo do Porto e desde 2008 lecciona workshops de Cenografia Contemporânea e a disciplina de Design Cénico para espectáculo na escola Restart de Lisboa. Já elaborou cenários para eventos. De que tipo? Elaborei vários cenários para eventos e participei em outros ao nível da cons‑ trução de elementos cenográficos, ade‑ reços e figurinos. Trabalhei como ce‑ nógrafo com regularidade entre 1994 e 2004, onde estive envolvido nos prin‑ cipais eventos nacionais como Lisboa Capital da Cultura em ‘94, Expo‘98 e Europeu de 2004. Posteriormente colaborei para empresas privadas na área da indústria farmacêutica, das telecomunicações, para agências de publicidade e programas televisivos.

De que forma as técnicas utilizadas em cenografia podem influenciar a área dos eventos e contribuir para o seu sucesso? A criação de uma atmosfera cenográfica como meio de valorização estética e fun‑ cional de um espaço poderá em muito contribuir para melhorar um evento se forem partilhados objectivos e saberes específicos, entre o criador e o cliente. A denominada dramaturgia plástica, um dos guias da cenografia teatral, poderá acrescentar melhorias ao evento, rela‑ cionando de forma equilibrada a visuali‑ dade com a funcionalidade. Tendo em conta que os cenários são muitas vezes o primeiro contacto, a primeira imagem de um evento, que cuidados são necessários nesta área? A cenografia deverá ser uma plata‑ forma para pensar e questionar o espaço e ao mesmo tempo introduzir ilusão e encantamento. Deve assumir a responsabilidade de responder às orientações do cliente e às necessida‑ des particulares dos seus utilizadores. Uma boa cenografia é elegante sem ser decorativa. Quais são hoje as principais tendências? A cenografia deve estar atenta ao seu tempo, acompanhando diferentes lin‑ guagens, tecnologias, meios de expres‑ são plástica e comunicação actuais. Em simultâneo, deverá manter os princí‑ pios e a liberdade do autor, não estando sequestrada por modas de valor passa‑ geiro ou meios técnicos facilitadores de carácter meramente decorativos. Se for poética melhor.


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Quais os materiais mais usados neste momento? É importante reutilizar? A construção cenográfica é comple‑ xa e depende de múltiplas variantes, devendo adaptar‑se às características particulares de cada evento. Os ma‑ teriais e processos construtivos são pensados em função de responderem a espaços interiores ou exteriores, aos tempos de exposição, à circulação, à comunicação, numa relação directa com o orçamento estipulado. A cons‑ trução pretende‑se modular, praticá‑ vel, de fácil transporte e montagem. Dependendo da efemeridade do even‑ to, a reutilização dos materiais e os princípios de sustentabilidade poderão ser ferramentas e valores de grande utilidade e pertinência. ROCK IN RIO 2012

Qual o papel dos audiovisuais, da luz e de outras evoluções tecnológicas? A luz sempre teve um protagonismo muito dominante na cenografia. É cada vez mais utilizada como um elemen‑ to modelador de espaço e criador de composição. É um meio muito utiliza‑ do para responder de forma eficaz às questões cenográficas e também por‑ que resolve os problemas orçamentais. A tendência actual é fugir ao corpóreo, à construção física de arquitectura e objectos cénicos, caminho que as novas tecnologias têm apadrinhado por intermédio de sistemas mais ou menos sofisticados de projecção de imagens 3D e múltiplos efeitos virtuais.

“MISTÉRIO DOS SONS MARADOS” Maria João Leite [mj@eventpoint.com.pt]

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DESTINO INTERNACIONAL 82

WELCOME TO FABULOUS LAS VEGAS

Quando Betty Willis desenhou a famosa placa “Welcome to Fabulous Las Vegas”, nos anos 50, não sabia que estava a criar uma imagem que iria povoar o imaginário de milhões de pessoas. Na altura, a placa tinha um design avançado, coroado com uma estrela brilhante, numa região que foi palco de vários ensaios nucleares nos anos 50 e 60. O nuclear já não está na moda, mas a placa kitsch de Betty Willis mantém‑se na entrada sul da Strip, onde se amontoam os casinos que trouxeram fama e riqueza à cidade do deserto. Ladeada por 6,7 quilómetros de casinos, a Strip (ou Las Vegas Boulevard) salta do Egipto a Paris, com passagens em Roma e Nova Iorque, tudo no passeio de uma tarde.


DESTINO INTERNACIONAL . L A S V E G A S 83

A Meca dos casinos é também um dos centros da indústria do entreteni‑ mento, com peças de teatro, musicais e concertos, num ambiente propo‑ sitadamente decadente. O estado do Nevada, onde fica a cidade, é o único nos EUA onde se pode beber na rua. A prostituição é tolerada e mesmo anun‑ ciada nas ruas. No país do puritanis‑ mo, Las Vegas é um “guilty pleasure” para muitos americanos. A cidade retira benefícios óbvios da sua fama, mas nos últimos anos a crise também afectou o jogo e o entretenimento na cidade. O Nevada passa notoriamente por dificuldades, com a má reputação no sector imobiliário de estado que mais casas foi obrigado a entregar ao

banco nos primeiros meses de 2012. O emblemático Las Vegas Hotel & Casino registou perdas de 5,3 milhões de dólares (quatro milhões de euros) até final de Maio. O casino, que contava com a insígnia Hilton, quase foi parar às mãos da banca durante a recessão, por ter falhado pagamentos de mais de 250 milhões de dólares. O hotel deixou de contar com a parceria com a Hilton e está em risco de desaparecer. Mas Las Vegas não é o Nevada. E mais. A cidade não se limita a oferecer os prazeres do jogo ou dos casamentos feitos à pressa por oficiais duvidosos em capelas de neon. A cidade tem um agitado calendário de conferências, congressos e eventos mundiais.

CONGRESSOS EM GRANDE Sete da manhã, Mandalay Bay Hotel. O caminho para o Centro de Congressos passa, pouco por acaso, pelo meio do Casino, onde jogadores de todas as nacionalidades estão colados às “slot machines” ou se espalham por diver‑ sas mesas de poker e “blackjack”. Do quarto a qualquer evento são no mí‑ nimo 15 minutos a pé a subir e descer escadas, sempre com a companhia do que parecem ser milhares de funcio‑ nários de colete fluorescente que, como polícias de trânsito, encaminham os perdidos para as salas de conferência. W W W . E V E N T P O I N T. C O M . P T


DESTINO INTERNACIONAL . L A S V E G A S 84

GÔNDOL A S E JÓI A S DE L U XO O Mandalay Bay Events Center tanto é palco de combates de boxe ou concer‑ tos como “venue” das maiores empre‑ sas do mundo, com capacidade para mais de 12 mil pessoas num anfiteatro. Tem ainda dezenas de salas paralelas, por corredores enormes onde podem decorrer todo o tipo de reuniões. A conhecida fachada dourada do hotel conta com 3.215 quatros e 18 restau‑ rantes, com vários preços. Já o Las Vegas Convention Center, localizado fora da Strip, é uma opção mais convencional, com um anfiteatro com capacidade para duas mil pessoas. O Cashman Center, mais discreto, na baixa de Las Vegas, é ideal para feiras e conta também com um anfiteatro com capacidade para 1.922 pessoas.

O Venetian, à imagem do Paris Casino, traz um pouco da Europa à Strip. Inclui passeios de gôndola, com gondoleiros que se esforçam por imitar ao máximo as canções entoadas pelos seus congé‑ neres (?) italianos. Há praças italianas, fontes, pizzarias e um tecto pintado de céu azul. Lojas de roupa e jóias imi‑ tam os preços exorbitantes praticados em Veneza. O complexo Sands Expo & Convention Center, no Venetian, é outro dos centros de convenções mais requisitados da cidade, com um anfi‑ teatro com capacidade para 1.890 pes‑ soas. Mas para quem estiver disposto a abrir os cordões à bolsa, há soluções bem mais espectaculares.

“OCEAN´S ELEVEN” O sempre chique Bellagio (que o jornal Las Vegas Sun diz ter conquistado um lugar no jogo Monopólio) é que parece continuar em alta. Palco central do filme “Ocean’s Eleven”, dá‑se ao luxo de fazer preços acima dos 289 dóla‑ res (224 euros). Na altura da crise do “subprime”, o Bellagio chegou a ter preços de 121 dólares (93,8 euros). Com 3.900 quartos, o Ballagio, mundial‑ mente conhecido pelas suas fontes que ocupam a praça em frente ao Casino é outro ex libris de Las Vegas com tema italiano, neste caso da região da Toscânia, onde fica o Lago Como, local da também famosa casa de George Clooney, uma das estrelas de Ocean’s Eleven. O espaço para convenções inclui um anfiteatro com capacidade para 4.785 pessoas. Uma experiência de luxo em plena Strip.


DESTINO INTERNACIONAL . L A S V E G A S 85

OÁSIS NO DESERTO Las Vegas recebeu no ano passado 4,8 milhões de visitantes para congressos e convenções, segundo dados da “Las Vegas Convention and Visitors Authority”, em mais de 19 mil con‑ gressos. No total, a cidade do jogo recebeu quase 40 milhões de visitantes em 2011. Há mais de 150 mil quartos na cidade para receber os visitantes e por isso não é de estranhar que mega eventos, como a IMEX America, um dos maiores certa‑ mes da indústria dos eventos a nível mundial se façam aqui. Os proveitos do turismo, jogo e congressos são tão elevados que financiam por si só o “Las Vegas Convention and Visitors Authority”. A cidade espera receber mais 4% de visitantes este ano. Um oásis de jogo no deserto do Nevada. Maria Pereira [mpereira@eventpoint.com.pt]

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EMPRESAS 86

NOVAS SOLUÇÕES PARA EVENTOS DA SERVICEPACK Muito perto de completar dez anos, a ServicePack decidiu renovar a imagem, e organizar os produtos e serviços de que dispõe. Estabeleceu três seg‑ mentos, audiovisuais (som, imagem, iluminação, estruturas, e sistemas de conferência e de tradução simultânea), multimédia (conteúdos multimé‑ dia, video mapping, 3D, streaming, e reportagens em foto e vídeo) e infor‑ mática (equipamento e s’ center), e apresenta‑os num novo site, mais fun‑ cional, que estará disponível a partir de Dezembro deste ano. O s’ center é um espaço online de ges‑ tão de informações, onde se pode criar uma área reservada para cada evento, que permite a submissão de documen‑ tação como perguntas e respostas para televotação, apresentações de orado‑ res, posters, etc. Mas a novidade maior do s’ center é o s’ poster. A ServicePack desenvolveu esta solução própria para a apresentação de posters em formato digital nos congressos.

Recorrendo a um interface que em termos de navegação lembra os que encontramos no iPad ou noutros tablets semelhantes, todos os conteúdos são carregados previamente, e podem ser navegados através de monitores interac‑ tivos de grande formato. Para perceber melhor como funciona esta ferramenta, siga o primeiro código QR e veja um vídeo com uma breve demonstração. Actualmente com instalações no Porto (Leça da Palmeira) e Lisboa (São Domingos de Rana), a ServicePack, para além desta oferta de tecnologias para eventos, continua a privilegiar o factor humano, como explica um dos seus responsáveis, João Cardoso. “É através da competência técnica que devemos continuar a conquistar e fide‑ lizar os nossos clientes, estabelecendo relações de confiança e sem nunca esquecer a inovação nas soluções que apresentamos. Muitos dos nossos clientes estão connosco desde o início”. Por tudo isto a ServicePack está apta a “responder a desafios, dos mais sim‑ ples aos mais exigentes e complexos”, correspondendo à nova assinatura da marca, “Your idea. Our solutions”.

E‑POSTERS:

VIDEOMAPPING INDOOR:

VIDEOMAPPING OUTDOOR:


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ALFÂNDEGA RENOVA COMUNICAÇÃO Apesar de instalado num edifício histórico, o Centro de Congressos da Alfândega do Porto não abdica de ter ferramentas de comunicação modernas e actuais. É assim que, num curto espaço de meses, apresenta uma nova imagem, um novo vídeo promocional, produzido pela Encore, e apps e um novo site (www. ccalfandegaporto.com), estes desenvol‑ vidos pela Thing Pink. Para nos apresen‑ tar todas as novidades, ouvimos Gouveia Santos, director executivo do venue. O que leva o CC da Alfândega do Porto a investir em novas ferramentas de comunicação, neste contexto de crise muito significativa? A política de negócios seguida no Centro de Congressos encontra-se sustentada num conjunto de processos e princípios, baseado em prioridades que têm vindo a ser implementadas ao longo dos anos. A modernização das ferramentas de co‑ municação, o novo logótipo, o site, o filme promocional do edifício da Alfândega, entre outras medidas, tiveram como estava previsto um desenvolvimento e enfoque especiais no ano em curso. E, apesar de este ser um ano de dificuldades generalizadas, pensamos que as podere‑ mos ultrapassar com políticas e medidas mais criativas, de efeito proactivo, capa‑ zes de potenciar cativar novos públicos, novos utentes e outros mercados.

O logótipo assume o edifício como referência especial. Quais as razões dessa opção? Pensamos que na cidade do Porto dificilmente se deixará de associar o ex-libris do guindaste com o magní‑ fico e secular, mas também moderno, edifício da Alfândega. Qualquer evento que se realize na Alfândega tem à prio‑ ri garantida a segurança da sua fácil divulgação porque todos o localizam e identificam com muita facilidade. Não aproveitar este facto e não o transfor‑ mar numa mais-valia em termos de imagem seria, porventura, desperdiçar uma vantagem natural deste Centro de Congressos único, quer a nível nacio‑ nal, quer internacional. Em que medida o novo site, o filme promocional e as apps para iPhone, iPad e Android podem contribuir para a divulgação da imagem do CC? As instalações do Edifício da Alfândega, pelos espaços, pela ar‑ quitectura, pela localização e pelas mais-valias comercias, culturais e patrimoniais que oferecem, merecem ser amplamente divulgadas. Tirar o máximo de rentabilidade das quali‑ dades do edifício, mostrando-as aos potenciais clientes, é determinante. Daí, numa sociedade sintonizada com a Internet, termos apostado em

desenvolver diversas ferramentas que nos permitissem tornar a comu‑ nicação da nossa marca muito mais simples e diversificada. Ainda este ano, receberam a certificação de qualidade do Centro de Congressos. Quais os primeiros resultados práticos? De facto, corolário de um estimu‑ lante processo de melhoria, somos desde Janeiro passado uma empresa certificada pela APCER com base na norma ISO 9001. Ao longo destes meses, o sistema foi-se consolidando e tornou-se mais robusto. Ao mesmo tempo, aumentou a responsabilidade e interactividade com os nossos clien‑ tes, os utentes dos nossos espaços, os nossos trabalhadores e a sociedade em geral. Tal como vem descrito na nossa Política da Qualidade, procuramos diariamente assegurar práticas de me‑ lhoria contínua numa luta permanente pela excelência. Sentimo-nos por isso melhor preparados, hoje, para respon‑ der às dificuldades dos nossos clientes e parceiros, com um maior sentido de segurança, rigor e rapidez.

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FONTANA PARK HOTEL Reuniões no coração de Lisboa

O primeiro Design HotelTM da capital começou por ser, no início do século XX, a metalúrgica Lisbonense. A recuperação arquitectónica, da autoria de Francisco Aires Mateus, e o design de interiores, assinado por Nini Andrade Silva, trouxeram‑no até aos nossos dias como uma estrutura moderna, minimalista, depurada de formas e cores. Um refúgio zen, claramente marcado pelo gosto oriental, beneficiando de uma localização extraordinária, na zona do Saldanha, a pouco mais de dez minutos do aeroporto, e a uns passos da Avenida da Liberdade. O Fontana Park Hotel dispõe de nove salas para reuniões, ou outro tipo de eventos, com três metros de pé direito, áreas que vão dos 14 aos 420 m2, po‑ dendo acolher até 400 pessoas. As salas estão localizadas no piso 00, com aces‑ so directo à garagem, por onde podem ser movimentados todos os materiais e equipamentos. Existe uma moder‑ na rede de comunicações que suporta vídeo‑conferências, serviço de tradução simultânea, uso de equipamento audio‑ visual (datashow e ecrã incorporados) e acesso a Internet sem fios e por cabo. Paredes amovíveis e insonorizadas permitem que oito das nove salas sejam

ajustáveis e combináveis. O trabalho não é tudo, e o Fontana Park oferece dois espaços gastronómi‑ cos com identidades bem vincadas. O Restaurante Saldanha Mar, com o melhor da cozinha nacional e mediter‑ rânica, destacando‑se ao almoço a rica oferta de peixe bem fresco e ao jantar uma cozinha mais elaborada, de autor. O Restaurante Bonsai, como o nome deixa adivinhar, é um convite a que se descubra a gastronomia japonesa. Quem optar por ficar alojado no Fontana Park pode esperar quartos sóbrios, espaçosos, elegantes, em tons de branco, preto e cinzento,

mobiliário contemporâneo, e muita luz, os argumentos que em 2008 lhes valeram uma distinção nos European Hotel Design Awards. Apesar do ambiente minimalista, o Fontana Park Hotel não esquece a importância dos afectos, e oferece a quem o visita diversos momentos de descontracção. Experimente o Bar Lounge, ao som de boa música, mesmo para uma bebida com os colegas ou os amigos ao final da tarde, ou um diges‑ tivo no jardim interior, depois de uma boa refeição. Para mais informações visite: www.fontanaparkhotel.com


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DIRECTÓRIO A M B I E N T E

A N I M A Ç Ã O T U R Í S T I C A

E)MISSION Lisboa 210 157 161 sergio@e‑missionneutral.com www.e‑missionneutral.com/pt

BIG TIME Fátima 249 533 770 julio.santos@bigtime.pt www.bigtime.pt

SMART WATT Porto 220 114 366 info@smartwatt.pt www.smartwatt.pt

CAMPO AVENTURA Óbidos 262 968 870 geral@campoaventura.pt www.campoaventura.pt

A N I M A Ç Ã O

EQUINÓCIO Lisboa 210 155 139 info@equinocio.com www.equinocio.com

2THE LOVE PROJECT Lisboa 962 341 955 2theloveproject@gmail.com ADEREÇO PRODUÇÕES Porto 225 322 720 geral@adereco.com www.adereco.com ASES NA MANGA Braga 253 283 483 ases@asesnamanga.com www.asesnamanga.com CONCEPT 4 TALENTS Lisboa 213 940 242 geral@concept4talents.com www.concept4talents.com FADUS Estoril 214 662 550 geral@faduspecialevents.com www.faduspecialevents.com MOVE IT Cova da Piedade 212 581 980 info@moveit.pt www.moveit.pt PMP PRODUÇÕES Lisboa 218 619 375 pmp@portugalmail.com www.pmpeventos.com RITMOS URBANOS Lisboa 210 168 452 geral@ritmosurbanos.com www.ritmosurbanos.com TOCÁ RUFAR Aldeia de Paio Pires 212 269 090 tocarufar@tocarufar.com www.tocarufar.com

RXF Sintra 210 189 366 geral@rxf.pt www.rxf.pt

RITMOS & BLUES Paço D’Arcos 214 694 050 info@ritmoseblues.pt www.ritmoseblues.pt

SERVICE PACK Leça da Palmeira 229 942 944 geral@servicepack.pt www.servicepack.pt Ver página: 86

UAU Lisboa 213 303 500 uau@uau.pt www.uau.pt A U D I O V I S U A I S

GRAU 5 Barroca 934 743 519 contacto@grau5.pt www.grau5.pt

ADLC AUDIOVISUAIS Carnaxide 218 621 440 comercial@adlc‑av.com www.adlc‑av.com

JAVSPORT Sto. Tirso 252 850 621 aventura@javsport.pt www.javsport.pt

ALFASOM Amadora 214 967 000 info@alfasom.com www.alfasom.com

MARGENS Barrosinhas 234 648 571 margens@margens.pt www.margens.pt

AUDINOVA Leça da Palmeira 229 961 930 geral@audinova.pt www.audinova.pt

PROMÓBIDOS Caldas da Rainha 262 843 579 promobidos@promobidos.com www.promobidos.com

AUDIOMEIOS Venda do Pinheiro 219 663 843 geral@audiomeios.pt www.audiomeios.pt

ROTA DO FRESCO Vila Nova da Baronia 284 475 413 info@rotadofresco.com www.rotadofresco.com

BACKLIGHT Setúbal 212 349 740 backlight@verylight.pt

RUSTITUR Évora 266 978 043 info@rustitur.com www.rustitur.com SAL Setúbal 265 227 685 sal@sal.pt www.sal.pt TURAVENTUR Évora 266 743 134 turaventur@turaventur.com www.turaventur.com A R T I S TA S E E S P E C TÁ C U L O S

WINE SOLUTIONS Sintra 964 370 633 info@winesolutions.com www.winesolutions.com

MÚSICA NO CORAÇÃO Lisboa 210 105 700 musicanocoracao@musicanocoracao.pt www.musicanocoracao.pt

EVERYTHING IS NEW Lisboa 213 933 770 geral@everythingisnew.pt www.everythingisnew.pt

DIGITAL FRAME Vila Nova de Gaia 227 870 175 info@digitalframe.pt www.digitalframe.pt ELECTROAUDIO S.Domingos de Rana 214 531 223 info@electroaudio.net www.electroaudio.net EUROLOGISTIX Almancil 289 419 199 info@eurologistix.pt www.eurologistix.net MAINVISION MEDIA SOLUTIONS Lisboa 939 117 564 marcia.ferreira@mainvision.pt www.mainvision.pt

C AT E R I N G B HOLDING Abóboda 214 658 420 geral@bholding.com.pt www.bholding.com.pt CASA DO MARQUÊS Lisboa 214 118 152 casadomarques@casadomarques.pt www.casadomarques.pt CATERI Alcabideche 214 608 830 geral@cateri.pt www.cateri.pt COISAS DO VINHO Colares 219 282 733 coisasdovinho@coisasdovinho.pt www.coisasdovinho.pt COOKING LAB Lisboa 911 559 666 info@cookinglab.net www.cookinglab.net COZINHA DIVINA Lourinhã 917 898 555 contacto@cozinhadivina.com www.cozinhadivina.com ENCONTRUS Carregal do Sal 232 960 200 mail@encontrus.com www.encontrus.com MOJITO BAR CATERING Paço de Arcos 210 992 980 . 919 186 029 info@mojitobarcatering.com www.mojitobarcatering.com SILVA CARVALHO CATERING Sintra 219 255 510 comercial@sccatering.pt www.silvacarvalhocatering.com SOLINCA EVENTOS E CATERING Porto 707 502 220 comercial@solincacatering.com www.solincaeventosecatering.com


DIRECTÓRIO 91

TRÊS SÉCULOS Vila Nova de Gaia 223 742 800 general.office@tresseculos.pt www.tresseculos.pt Ver página: 27 TROPICAL CATERING Funchal 291 700 840 restaurante.tropical@clix.pt www.tropicalcatering.pa‑net.pt

D E S T I N AT I O N M A N A G E M E N T C O M PA N I E S

C O I M B R A

ABREU Porto 222 043 520 congressos.exp@abreu.pt www.abreu.pt

CENTRO DE ARTES E ESPECTÁCULOS DA FIGUEIRA DA FOZ Figueira da Foz 233 407 200 geral@figueiraturismo.com www.cae.pt

AIMS Lisboa 213 245 040 lisbon@aims‑international.com www.aims.pt

C O N V E N T I O N B U R E A U X / T U R I S M O S ALGARVE CONVENTION BUREAU Faro 289 800 403 www.algarveconvention.com

CITUR TRAVEL Linda‑a‑Velha 217 712 610 lisbon@citur.pt www.citur.pt

ESTORIL & SINTRA CONVENTION BUREAUX Estoril 214 668 167 geral@estorilmeetings.com www.estorilmeetings.com

DOC DMC SERVICES Lisboa 213 242 000 events@doc‑dmc.com www.doc‑dmc.com

FA R O CENTRO DE CONGRESSOS DO ARADE Portimão 282 410 440 geral@expoarade.pt www.expoarade.pt PORTIMÃO ARENA Portimão 282 410 440 geral@portimaoturis.pt www.portimaoarena.com

PORTO CONVENTION BUREAU Porto 223 326 751 portocvb@portocvb.com www.portocvb.com

EVENTS BY TLC Lisboa 213 213 060 events@tlc.pt www.eventsbytlc.com

TURISMO LEIRIA FÁTIMA Leiria 244 848 771 info@rt‑leiriafatima.pt www.rt‑leiriafatima.pt

IMAGINE MORE Lisboa 213 628 393 ana.telo@imaginemore.pt www.imaginemore.pt

EXPOSALÃO BATALHA Batalha 244 769 480 info@exposalao.pt www.exposalao.pt

TURISMO DA MADEIRA Madeira 291 211 900 info@madeiratourism.com www.madeiraislands.travel

THE HOUSE OF EVENTS Porto 228 348 940 info@the.pt www.the.pt

L I S B O A

TURISMO DA SERRA DA ESTRELA Covilhã 275 319 560 info@turismodaestrela.pt www.turismoserradaestrela.pt

TOP ATLÂNTICO DMC Lisboa 218 925 800 topatlantico@topatlantico.com www.topatlantico.pt

TURISMO DE LISBOA VISITORS & CONVENTION BUREAU Lisboa 210 312 700 atl@visitlisboa.com www.visitlisboa.com

TURANGRA Angra do Heroísmo 295 401 515 angra@turangra.com www.turangra.com E S PA Ç O S M U LT I U S O S

TURISMO DO CENTRO DE PORTUGAL Aveiro 234 420 760 geral@turismodocentro.pt www.turismodocentro.pt TURISMO DO DOURO Vila Real 259 323 560 info@douro‑turismo.pt www.douro‑turismo.pt

B E J A EXPOBEJA Beja 284 315 602 expobeja@mail.telepac.pt www.expobeja.com B R A G A

TURISMO DO OESTE Óbidos 262 955 060 info@turismodooeste.pt www.turismodooeste.pt

AUDITÓRIO DA FACULDADE DE MEDICINA DENTÁRIA Lisboa 217 922 625 auditorio@fmd.ul.pt www.fmd.ul.pt ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DE LISBOA Lisboa 213 224 050 sm@acl.org.pt www.acl.org.pt CAMPO PEQUENO Lisboa 217 998 450 vascocornelio@campopequeno.com www.campopequeno.com

AV E I R O EUROPARQUE Santa Maria da Feira 256 370 200 eventos@europarque.pt www.europarque.pt

MULTIUSOS DE GUIMARÃES Guimarães 253 520 300 geral@tempolivre.pt www.tempolivre.pt PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE BRAGA Braga 253 208 230 peb@peb.pt www.peb.pt

CONVENTO DO BEATO Lisboa 210 109 923 conventodobeato@cerealis.pt www.conventodobeato.com ESTÁDIO ALVALADE XXI Lisboa 217 516 522 eventos.corporate@scp.pt www.sporting.pt ESTÁDIO DA LUZ – BENFICA EVENTOS Lisboa 217 219 565 bsa@slbenfica.pt www.slbenfica.pt

L E I R I A CENTRO CULTURAL E CONGRESSOS DAS CALDAS DAS RAINHA Caldas da Rainha 262889650 secretariado@ccc.eu.com www.ccc.eu.com

TURISMO DO ALENTEJO Grândola 269 498 680 geral@turismodoalentejo.pt www.visitalentejo.pt

COLISEU DE LISBOA Lisboa 213 240 580 mjoao@coliseulisboa.com www.coliseulisboa.com

CASINO ESTORIL Estoril 214 667 700 info.cestoril@estoril.sol.com www.casino‑estoril.pt CENTRO CULTURAL DE BELÉM Lisboa 213 612 697 dac@ccb.pt www.ccb.pt CENTRO DE CONGRESSOS DE LISBOA Lisboa 213 601 400 lisboacc@aip.pt www.lisboacc.pt CENTRO DE CONGRESSOS DO ESTORIL Estoril 214 647 575 info@estorilcongresscenter.com www.estorilcongresscenter.com

FIL – FEIRA INTERNACIONAL DE LISBOA Lisboa 218 921 500 fil@aip.pt www.fil.pt MUSEU DA CARRIS Lisboa 213 613 087 museu@carris.pt http://museu.carris.pt PAVILHÃO ATLÂNTICO Lisboa 218 918 409 info@pavilhaoatlantico.pt www.pavilhaoatlantico.pt Ver página: 13 PLAZA RIBEIRO TELLES – CENTRO DE EVENTOS Vila Franca de Xira 263 288 559 mrtelles@plazaribeirotelles.com www.plazaribeirotelles.com P O R T O CAVES CALÉM – SOGEVINUS FINE WINES Vila Nova de Gaia 223 746 660 turismo@sogevinus.com http://www.calem.pt CENTRO DE CONGRESSOS E EXPOSIÇÕES DA ALFÂNDEGA Porto 223 403 024 cce@amtc.pt www.amtc.pt Ver páginas: 21 e 87 COLISEU DO PORTO Porto 223 394 940 coliseu@coliseudoporto.pt www.coliseudoporto.pt ESTÁDIO DO DRAGÃO Porto 225 083 027 portoestadio@fcporto.pt www.fcporto.pt Ver página: 75 EXPONOR Matosinhos 229 981 400 info@exponor.pt www.exponor.pt

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DIRECTÓRIO 92

FUNDAÇÃO DE SERRALVES CONGRESS CENTER Porto 226 156 500 serralves@serralves.pt www.serralves.com

EUROPALCO Mem Martins 219 605 520 vanessa.fonseca@europalco.pt www.europalco.com (Palcos e outras estruturas)

ESCOLA SUPERIOR DE HOTELARIA E TURISMO DO ESTORIL Estoril 210 040 700 isabel.sousa@eshte.pt www.eshte.pt

MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA VITÓRIA Porto 223 401 900 larcher@tnsj.pt www.tnsj.pt

EVENTPACK Braga 253 283 483 pedro@eventpack.net www.eventpack.net (Estruturas, mobiliário, decoração)

ETIC Lisboa 213 942 550 info@etic.pt www.etic.pt

MELIÃ BRAGA Braga 253 144 000 melia.braga@meliaportugal.com www.meliabraga.com B R A G A N Ç A

S A N TA R É M CNEMA Santarém 243 300 300 centrodecongressos@cnema.pt www.cnema.pt VALE D’ALGARES Vila Chã de Ourique 243 709 321 geral@quatroancoras.com www.valedalgares.com

EVIDÊNCIA DISPLAY Lisboa 214 603 620 geral@evidenciadisplay.com www.evidenciadisplay.com (Stands) GL EVENTS Alcochete 212 317 430 info@glevents‑portugal.com www.glevents‑portugal.com (Mobiliário)

V I S E U EXPOVIS Viseu 232 422 018 geral@expovis.pt www.expovis.pt A Ç O R E S AÇOR ARENA Vila Franca do Campo 296 539 390 acorarena@acorarena.pt CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE ANGRA DO HEROÍSMO Angra do Heroísmo 295 206 120 culturangra@culturangra.pt

MODELSTAND Braga 253 300 320 comercial@modelstand.pt www.modelstand.pt (Stands) MULTIARCO Lisboa 218 483 740 info@multiarco.pt www.multiarco.pt (Ar‑condicionado) PEBÊ DESIGN Terrugem 219 188 720 geral@pebe.pt www.pebe.pt (Stands)

M A D E I R A CENTRO CULTURAL E DE CONGRESSOS DE PORTO SANTO Porto Santo 291 980 600 MADEIRA TECNOPOLO Funchal 291 720 000 admin@madeiratecnopolo.pt www.madeiratecnopolo.pt E S T R U T U R A S E A L U G U E R D E M AT E R I A L ALUGOCLIMA Aldeia de Paio Pires 212 549 550 info@alugoclima.com www.alugoclima.com (Ar‑condicionado) Ver página: 31 ALUGU’AQUI Sintra 219 108 003 info@aaqui.com www.aaqui.com (Mobiliário, louça)

POP COMMUNICATION GROUP Lisboa 218 650 400 popgroup@popgroup.pt www.popgroup.pt (Stands, sinalética) PUBLIACÇÃO Almargem do Bispo 210 106 295 geral@publiaccao.com www.publiaccao.com (Road‑show) SIRAM Funchal 291 230 350 siram@siram.pt www.siram.com (Palcos e outras estruturas) SPORMEX Braga 253 673 689 geral@spormex.pt www.spormex.pt (Stands)

ISLA Lisboa 808 203 544 elpme@lx.isla.pt www.isla.pt RESTART Lisboa 213 609 450 info@restart.pt www.restart.pt F O T O G R A F I A E V Í D E O CITY LAB Marco de Canaveses 255 539 230 citylab@citylab.pt www.citylab.pt FABRICE ZIEGLER Lisboa 218 877 719 fabriceziegler@netcabo.pt www.fabriceziegler.com MINIFOTO Lisboa 217 567 330 minifoto@netcabo.pt www.minifoto‑estudio.com Ver página: 57 NV STUDIO Porto 226 180 741 nvstudio@nvstudio.co.pt www.nvstudio.co.pt H O T É I S AV E I R O GRANDE HOTEL DA CURIA Anadia 231 515 720 geral@grandehoteldacuria.com www.grandehoteldacuria.com PALACE HOTEL BUSSACO Luso 231 937 970 bussaco@almeidahotels.com www.almeidahotels.com

BEJA PARQUE HOTEL Beja 284 310 500 reservas@bejaparquehotel.com www.bejaparquehotel.com B R A G A

ESCOLA DE GESTÃO E NEGÓCIOS Lisboa 213 177 607 egnegocios@universidade‑autonoma.pt www.egnegocios.ual.pt

C A S T E L O B R A N C O TRYP COLINA DO CASTELO Castelo Branco 272 349 280 tryp.colina.castelo@solmeliaportugal.com www.trypcolinacastelo.com TRYP CONFORT D. MARIA Covilhã 275 310 000 tryp.dona.maria@solmelia.com C O I M B R A HOTEL QUINTA DAS LÁGRIMAS Coimbra 239 802 380 comercial@quintadaslagrimas.pt www.quintadaslagrimas.pt HOTEL VILA GALÉ COIMBRA Coimbra 239 240 000 coimbra@vilagale.pt www.vilagale.pt É V O R A HOTEL MAR DE AR Évora 266 740 700 geral@mardearhotels.com www.mardearhotels.com FA R O CROWNE PLAZA HOTEL Vilamoura 289 381 600 geral@cpvilamoura.com www.crowneplazavilamoura.com CS SALGADOS GRANDE HOTEL Albufeira 289 598 331 groups.algarve@cshotelsandresorts.com www.cshotelsandresorts.com HOTEL FARO Faro 289 830 830 comercial@hotelfaro.pt www.hotelfaro.pt

B E J A

F O R M A Ç Ã O EURODOME Fernão Ferro 917 224 866 eurodomes@gmail.com www.eurodome.pt (Domes e outras estruturas)

HOTEL SÃO LÁZARO Bragança 273 302 700 comercial.hsl@hoteis‑arco.com www.hoteis‑arco.com

AXIS OFIR Esposende 253 989 800 reservas@axisofir.com www.axishoteisegolfe.com

LE MERIDIEN PENINA GOLF E RESORT Portimão 282 420 200 reservations.penina@lemeridien.com www.lemeridienpenina.com MONTE DA QUINTA Almancil 289 000 300 mqreservas@mqclub.com www.montedaquintaresort.com SHERATON ALGARVE HOTEL & RESORT Albufeira 289 500 100 pinecliffs.reservations@luxurycollection.com www.sheratonalgarve.com


DIRECTÓRIO 93

TIVOLI MARINA DE VILAMOURA Vilamoura 289 303 303 htmarinavilamoura@tivolihotels.com www.tivolihotels.com

RITZ FOUR SEASONS HOTEL LISBOA Lisboa 213 811 400 fsh.lisbon@fourseasons.com www.fourseasons.com/lisbon

HOTEL MONTEBELO Viseu 232 420 000 montebeloviseu@visabeiraturismo.com www.montebeloviseu.pt

G U A R D A

SHERATON LISBOA Lisboa 213 120 000 sheraton.lisboa@sheraton.com www.starwoodhotels.com

MELIA CONFORT GRÃO VASCO Viseu 232 423 511 geral@hotelgraovasco.pt www.hotelgraovasco.pt

VIP EXECUTIVE ART’S Lisboa 210 020 400 hotelarts@viphotels.com www.viphotels.com

A Ç O R E S

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