ANO X NÚMERO 33 TRIMESTRAL JAN, FEV E MAR DE 2020 5,00 € COOL SPONSORS
BIG FISH TRIUNFA NOS BEA WORLD ENTREVISTA: FÁTIMA VILA MAIOR PAULA OLIVEIRA: UM TALENTO PORTUGUÊS
FICH A T ÉCNICA 4
ÍNDICE
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PROPRIETÁRIO Estação Livre, Comunicação NIF: 508135648 Rua do Jornal de Notícias, 562, R/C Drt. 4100‑293 Porto | Portugal Tel: 221 113 202 | info@eventpointinternational.com www.eventpoint.pt GERÊNCIA Rui Ochôa CAPITAL DA EMPRESA Cláudia Sousa (100%) SEDE DA REDAÇÃO Av. D. Afonso Henriques, 1462 ‑ Ed. Olympus I, 1.º Tras. 4450‑013 Matosinhos | Portugal DIRETOR Rui Ochôa [rui@eventpointinternational.com] EDITORA / DIRETORA DE INFORMAÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpointinternational.com] REDAÇÃO Maria João Leite [mj@eventpointinternational.com] Alexandra Noronha [alexandra@eventpointinternational.com] CORRESPONDENTES INTERNACIONAIS Ramy Salameh e Rose de Almeida DIRETOR COMERCIAL Filipe Silva [filipe@eventpointinternational.com]
6 GRANDE ENTREVISTA: FÁTIMA VILA MAIOR 12 Uma oportunidade para o país – Um desafio para os seus profissionais, por Elsa Diogo e Célia Oliveira 15 Espaço Empresas 18 Competir na atual “guerra pelo talento”, por Aloysius Arlando 20 Dossiê temático: Voluntariado 24 Desenhar experiências de marca com significado, por Kim Myhre 26 Espaço APECATE
ASSISTENTE DE DIREÇÃO Rita Costa CONSELHO CONSULTIVO Alexandra Ramos, Alexandra Torégão, Ana Fernandes, António Gouveia Santos, Isabel Amaral, João Luís Moita, João Paulo Oliveira, Joaquim Pires, Jorge Vinha da Silva, Maria José Alves, Nuno Pinto Magalhães, Paulo Campos Costa, Pedro Magalhães, Pedro Ribeiro, Pedro Rodrigues e Sandra Antunes TRADUÇÕES Diana Reis Marques [diana@eventpointinternational.com] COLABORAM NESTA EDIÇÃO Aloysius Arlando, Célia Oliveira, Elsa Diogo, Kim Myhre, Paula Ferreira de Almeida Olga Teixeira DESIGN Norma Design [info@normadesign.com]
28 REPORTAGEM: BEA WORLD 36 Espaço APOREP 38 Tendências 2020 nos eventos científicos/médicos
FOTOGRAFIA DE CAPA Worten FOTOGRAFIA Minifoto IMPRESSÃO Norprint ‑ a casa do livro Zona Industrial Alto da Cruz ‑ Rua das Artes Gráficas, nº 209 4780‑739 Santo Tirso | Portugal Nº REGISTO ERC 126066 DEPÓSITO LEGAL 330066/11 TIRAGEM 3.500 exemplares PERIODICIDADE Trimestral ESTATUTO EDITORIAL www.eventpointinternational.com/pt/content/18‑about‑us É estritamente proibida a reprodução parcial ou integral de textos ou ilustrações da Event Point. As informações contidas nos anúncios são da exclusiva responsabilidade dos anunciantes. Consequentemente, não podemos ser responsabilizados por qualquer informação incorrecta que se possa verificar.
40 PASSAPORTE PORTUGUÊS: PAULA OLIVEIRA 43 Consultório de protocolo 44 Destino nacional: Funchal 50 Destino internacional: Quatro capitais europeias da cerveja 56 Diretório
EDITORIAL
Cláudia Coutinho de Sousa
Rui Ochôa
COMO AS FEIRAS PODEM RETRATAR UM PAÍS “A história das feiras na FIL está muito ligada à evolução da economia em Portugal”, pode ler‑se na citação de Fátima Vila Maior que escolhemos para título da nossa grande entrevista. E o que é porventura mais impressionante no relato desta conversa com a diretora da área de feiras da FIL é a perceção de que pelo percurso profissional ‑ também de vida ‑, desta mulher se pode contemplar a evolução de Portugal nas últimas décadas. Da adesão à Comunidade Económica Europeia à atualidade, eis um retrato possível do país que fomos e que somos, e um vislumbre talvez do que poderemos vir a ser. E fica reforçada, se preciso fosse, a ideia de que as feiras são de facto um barómetro da economia e da vitalidade de um país. O assunto tem suscitado regulares polémicas: em que circunstâncias podem os eventos recorrer ao trabalho de voluntários? Quais os limites? Quais os direitos? Quais as obrigações dos envolvidos? Apesar de termos esbarrado no silêncio de entidades como a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, que não responderam em tempo útil, procuramos refletir sobre o assunto, e mostrar que, além da mera conveniência, existem realmente regras que importa serem respeitadas. Numa reportagem que passa por Milão e apresenta as candidaturas portuguesas finalistas aos Best Event Awards (BEA), celebramos os vencedores deste ano, com particular destaque para a Big Fish, que ganhou o primeiro prémio na categoria Melhor Ativação de Marca com um trabalho para a Worten. Na série de histórias de portugueses pelo mundo, no setor dos eventos, conversámos com Paula Oliveira. Uma discreta ponta‑de‑lança que, desde o Euro 2004, tem estado na organização de alguns dos eventos desportivos mais importantes no planeta, do Brasil à Polónia, da Rússia ao Qatar, desempenhando ali diversas funções, do protocolo à logística. Em termos de destinos para eventos, a nossa escolha recai sobre o Funchal, e embarcamos ainda numa viagem de comboio com o nosso correspondente Ramy Salameh por quatro capitais europeias da cerveja. Não podíamos deixar de destacar, finalmente, o dilema apresentado por Aloysius Arlando, presidente da International Association of Convention Centres (AIPC), no seu artigo de opinião: como é que o setor dos eventos vai ser capaz de contratar e reter os profissionais talentosos de que precisa? Um desafio para a nova década.
Bom Ano Novo, e boas leituras!
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“A HISTÓRIA DAS FEIRAS NA FIL ESTÁ MUITO LIGADA À EVOLUÇÃO DA ECONOMIA EM PORTUGAL” Foi na Feira Internacional de Lisboa (FIL), local onde se passou grande parte do seu percurso profissional, que a Event Point esteve à conversa com Fátima Vila Maior, um nome incontornável no setor das feiras em Portugal. Na agenda a evolução e o futuro deste tipo de eventos.
Como surgiu a oportunidade de vir para a FIL? Os meus pais tinham uma fábrica de confeções, eram expositores da FIL Moda e eu gostava imenso de ir para o stand. Na altura o diretor de relações públicas aqui da FIL sugeriu que viesse trabalhar como rececionista. Então durante três anos fui rececionista da FIL e isso foi uma ótima escola. Às vezes não temos noção, e achamos que as pessoas mais importantes de uma organização são as pessoas de topo ‑ e de facto são ‑, mas a cara para os clientes e a capacidade que têm de perceber o efeito que o evento gera nas pessoas, a interatividade que conseguimos ter, e de alguma forma o grau de satisfação dos clientes, é muito medido lá em baixo por quem fala com eles diretamente. E sem grandes filtros… Sem grandes filtros. Uma coisa a que na minha atividade profissional tenho estado sempre muito atenta ‑ e naquilo que me posso envolver, envolvo ‑, é em dar a melhor formação a quem é a cara da organização, e, por outro lado, a perceber no final do evento quais são as sugestões e aquilo que ouviram dos visitantes. Esses três anos para mim foram fundamentais. E a seguir? Acabei Economia, na altura da entrada de Portugal na Comunidade Europeia, e vim fazer um estágio para o departamento de Economia da Associação Industrial Portuguesa, que então era um departamento muito robusto. Havia muita coisa por fazer, nomeadamente a parte associativa era muito importante. Estive aí cerca de um ano. Depois era preciso alguém com formação de Economia para vir desenvolver alguns estudos na área das feiras, porque estas começaram a profissionalizar‑se, e portanto havia que fazer estudos de mercado, tentar perceber o perfil das empresas portuguesas e dos visitantes. Foi quando regressou à FIL? Sim. Passados uns meses houve a necessidade de começar a desenvolver um gabinete de marketing. Na altura fiz uma pós‑graduação em marketing. Começamos então a olhar com outros olhos e a perceber que o marketing não era só fazer publicidade. Era muito mais do que isso. Marketing era alterar os produtos, fazer uma análise ao nosso ecossistema, o que é que as empresas esperavam de uma feira. Na altura da adesão à Comunidade Europeia, entraram várias empresas em Portugal e as multinacionais precisavam de ter um espaço para se mostrarem. Um desses casos foi a Alimentaria, uma feira de alimentação. Foi engraçado perceber, no caso da Alimentaria, a diferença que havia entre as marcas portuguesas e as espanholas.
Havia muito trabalho a fazer? Imenso. Depois entretanto fui diretora de marketing da Feira Internacional de Lisboa, com os projetos todos que realizávamos naquela altura. Depois fui convidada para diretora de feiras, em 1991, tendo ficado com um conjunto de feiras muito interessante. Fui diretora da FIL Moda, uma feira muito importante para o país, pela percentagem de exportação do setor têxtil. Foram anos muito gratificantes, de perceber a importância deste setor para Portugal ‑ que de alguma forma continua a ter, naqueles que ficaram, e se conseguiram adaptar a estas novas realidades. Algum projeto que tenha sido especialmente interessante neste percurso? Com o apoio da AICEP, fizemos um projeto que, para mim, foi o mais gratificante que fiz até hoje. Acho que todos os projetos que são gratificantes e que nos marcam positivamente são interessantes, mas aqueles que não funcionam, proporcionam uma grande aprendizagem. Esse projeto chamava‑se Inova, e o objetivo era propor as nossas próprias tendências, em tudo que fosse para a casa, e introduzir valor acrescentado para o cliente. Achámos que fazia todo o sentido introduzir nas empresas portuguesas o design e elas próprias conseguirem ter valor acrescentado mais do lado delas. O projeto Inova tinha a ver com um grupo de designers, na altura liderado pelo Marco Sousa Santos, que veio trabalhar connosco para desenvolver coleções nas fábricas que até então trabalhavam a feitio. Esses designers estavam seis meses nas empresas, criavam uma coleção, todos os suportes promocionais, os catálogos, os vídeos, tudo mais. Ainda há pouco tempo estive a falar com o Marco Sousa Santos, a primeira edição foi em 2002, e foi cedo demais. Se tivesse sido cinco anos depois, em que as empresas portuguesas começaram a voltar‑se para a exportação, os resultados teriam sido outros. Na altura pensavam: por que é que vou investir e ter cá uns designers, quando tenho a produção toda vendida? É engraçado perceber que a história das feiras na FIL está muito ligada à evolução da economia em Portugal. Temos tido a capacidade de, em alguns setores, antever o futuro ou a evolução dos próximos anos, não porque tenhamos alguma bola mágica, não porque encomendemos estudos fabulosos, tem a ver um bocadinho com a intuição de quem lida e de quem fala com estas pessoas todos os dias, e de quem vai ver feiras internacionais, que são uma fonte de inspiração. É aí que começamos a perceber as tendências. Em relação ao seu percurso, houve mais momentos marcantes? Em 2005, fui desafiada para deixar a área das feiras, e ir para uma área um bocadinho diferente, que significava ser responsável pela área de relações internacionais na Associação Industrial Portuguesa. Na altura fiquei um bocadinho sem chão, mas foi uma altura muito
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engraçada. Com esta minha vertente de conhecimento grande do tecido empresarial, e de vários setores, conseguimos desenvolver as participações em feiras no estrangeiro. Fizemos grandes participações em Macau, em termos de alimentação, no Japão, nas feiras na China, nos Estados Unidos, no Brasil. Foi uma altura muito gratificante da minha vida. Foi a primeira vez que realizamos o Portugal Exportador, que se chamava Fórum Missão Exportar. Tínhamos três objetivos. Um era poder despistar empresas para começarem a exportar, em que tínhamos consultores que explicavam o que havia que fazer para exportar; tinha uma parte para aqueles que já exportavam e que queriam abordar outros mercados; e havia outra parte em que nós vendíamos os projetos AIP: PME internacional, consultoria, etc. Foi aí que nasceu o Portugal Exportador. Mais tarde, durante a nossa presidência da União Europeia, foi o ano em que tive que me fechar um bocadinho e estudar todo o meu enquadramento, porque na altura a AIP, enquanto parceira da Business Europe, era a entidade que tinha de recolher as necessidades de todas as associações da Europa e negociá‑las em pré‑cimeiras, para que os empresários tivessem de alguma forma as suas situações consideradas no diálogo político. Depois voltou à área das feiras... Depois, em 2011, fui desafiada para vir para a FIL fazer exatamente o que fazia até ali. Mas comecei a ter feiras que não tinha. Éramos três diretores da área de feiras. Acho que fiquei com umas bombas, na altura da crise. Fiquei com a Nauticampo, mas quando a apanhei ela estava completamente a derrapar e rapidamente ficou com um pavilhão. Felizmente agora conseguiu‑se reabilitar, noutro enquadramento. As pessoas vinham cá ver os barcos de milhões, mas o número de pessoas que [em Portugal] podem comprar um barco de dois milhões de euros são umas 30. Hoje se calhar não temos tantos barcos de dois milhões, se calhar temos barcos mais pequenos, que as pessoas compram mais por paixão, e temos uma feira com imensas experiências. Tivemos de alterar a Nauticampo e adaptá‑la ao gosto das famílias. A Nauticampo não se pode comparar com o Salão de Cannes, agora Lisboa e as nossas condições fantásticas se calhar têm capacidade para o organizador que faz o Salão de Cannes, ou nós próprios, fazermos cá o salão mais importante da Europa, em que a visitação não é para portugueses só, mas que acaba por ser para a Europa inteira. Acho que se calhar Lisboa tem nesta altura reunido um conjunto de condições que permitem ir buscar feiras que são itinerantes e que se realizam na Europa. E hoje em dia será, quanto a mim, uma oportunidade excelente que se põe à cidade de Lisboa. Em relação aos eventos, e aos eventos próprios que são aqueles que de alguma forma eu trabalho, temos dois tipos de eventos:
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profissionais e públicos. Os profissionais estamos a revisitá‑los todos, sendo que nestes o visitante quer ver empresas novas e novidades. Ninguém vem a uma feira fazer aquilo que pode fazer num showroom, numa conversa ou na Internet. Os profissionais vêm às feiras para ver as novidades, para poderem perceber e entender melhor aquilo que estão a comprar. A organização destes eventos profissionais tem que ser muito de cumplicidade entre expositor e organizador. Uma feira não é vender um conjunto de metros quadrados, uma feira prepara‑se a um ano e meio, sabendo realmente o que é que os nossos expositores e os visitantes querem. Diria mais, ter a capacidade de dizer ao nosso expositor o que é que os compradores querem. E dar real valor à participação das empresas, se calhar em alguns casos diminuindo as expectativas. Mas então como vê a internacionalização das feiras? Se calhar vejo a possibilidade das nossas feiras proporcionarem aos nossos expositores novos mercados e, digamos, algum processo negocial mais profundo. Isto é, não faz sentido nós trazermos os compradores normais internacionais, que vão às feiras internacionais, aliás porque muito dificilmente um comprador que já conhece a empresa e que vai a Frankfurt e vê quinhentas mil, vem cá depois à feira fazer o quê? O que faz sentido é termos a capacidade de trazer novos mercados, novos compradores, que possam contactar as empresas portuguesas e que possam aproveitar a estadia deles cá em Portugal para depois até irem à fábrica. Nós estamos a desenvolver programas de visita à feira e visita às fábricas. Esses novos mercados de que falou, é complicado chegar lá, atrair compradores? É uma pergunta muito pertinente. É preciso primeiro fazer um trabalho sério, se calhar com algum consultor local, porque temos que lhes dar os produtos que eles querem. Só vamos ganhar essa batalha se tivermos capacidade de ir primeiro aos mercados, tentar identificar quais são as empresas que andam à procura daquele produto. Porque as pessoas hoje em dia, mesmo com as viagens pagas, estadia, não querem saber. Têm muitas solicitações. O processo mais uma vez tem que ser feito a par e passo com as empresas. Eu, aliás, até acho que se nós conseguíssemos fazer uma fase anterior que são os webbuyers, ou seja ter uma primeira aproximação entre o nosso expositor e o buyer para tentar perceber se a coisa funciona, era importante. Tudo isto é muito mais simplificado pela capacidade que nós todos tenhamos de posicionarmos Portugal num nível médio superior, e isso é válido para os eventos. Os eventos não são aquilo que são, são aquilo que os outros acham que são.
Quando estamos a falar de feiras de público, que ingredientes são relevantes? Acho que cada vez mais vão existir feiras de público, por causa da experiência. Numa Intercasa, as pessoas vinham cá ver mobiliário, agora vêm cá ver ambientes, vêm procurar inspiração, e obviamente que isso influencia o processo da compra. As pessoas querem ter a experiência de decoração da casa, querem assistir a um workshop. Porque as feiras hoje são muito mais do que espaços expositivos... Não tem nada a ver, acabou. Hoje em dia são experiências. E no fundo a experiência em família. Diria então que a palavra‑chave em termos de feiras para público é a experiência. E na dos profissionais? Inovação e novos produtos. As pessoas vêm cá ver o que é que há de novo. Se me pedisse duas palavras para definir cada feira, a pública é experiência, a de profissionais é inovação e parcerias. E no caso das híbridas? Das mistas? Nas mistas o desafio é nosso, mas é muito mais das empresas. E temos o case‑study de uma feira que consegue mudar de roupa à sexta‑feira que é o caso da BTL. É engraçado verificar como os expositores já perceberam que têm que mudar completamente. Em alguns casos uma equipa sai e entra outra. E no SIL – Salão Imobiliário de Portugal a mesma coisa. Mas acha que o expositor português já tem essa preocupação de ativar bem a marca, ou ainda encara as feiras só como um espaço para se mostrarem? Isto é um bocadinho como o amor, nunca é demais. Pode‑se sempre fazer mais coisas. Acho que as empresas na maior parte dos setores já evoluíram, mas pode‑se sempre fazer mais. E até nós próprios podemos fazer mais e é um desafio constante. Cada vez temos de começar a preparar mais cedo os eventos, e cada vez temos de ter a capacidade de fazer alterações mais tarde. De que forma a tecnologia pode beneficiar o mundo das feiras? Pode beneficiar, e muito. Estamos a fazer grandes alterações para podermos facilitar a vida aos nossos expositores, nomeadamente no processo de participação na feira, na compra de cadeiras, mesas, etc. E obviamente que para nós, em termos de visitantes, é muito importante a tecnologia. Temos nesta altura, por causa do RGPD, toda a a informação compilada no Business FIL (business.fil.pt) dos visitantes profissionais que deram a sua anuência. E o nosso objectivo é podermos proporcionar aos nossos visitantes uma melhor experiência. Poder de alguma forma fazer com que a visita às feiras
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seja mais produtiva. Estamos a falar das feiras profissionais. Por outro lado evoluímos bastante por exemplo na questão dos convites. Hoje em dia, o Business FIL permite ao nosso expositor enviar os convites para o cliente, saber se ele resgatou o convite e se se inscreveu para vir à feira, também pode recuperar o convite, pode monitorizar. Por muita promoção que façamos, por muitos mailings que enviemos, o papel do expositor, em termos de preparação da feira, é fundamental. E por isso é que nós demos aos nossos expositores a possibilidade de ter um instrumento onde possam monitorizar o grau de commitment dos seus clientes, ou o grau de interesse dos seus clientes de virem à feira. Obviamente que, de vez em quando, temos que fazer um telemarketing. Em relação à tecnologia nos eventos para o público, obviamente também podemos monitorizar a capacidade que os nossos expositores têm de enviar convites. A aposta no digital, nestes últimos anos, permite‑nos conhecer melhor o nosso target de visitantes. E isso hoje em dia é muito mais fácil de fazer: antigamente mandávamos newsletters, agora podemos fazê‑lo através das redes digitais. Pedia‑lhe um exercício de futurologia e que imaginasse como serão as feiras daqui a 10 anos... Acho que daqui a uns anos a participação do visitante vai ser tão ou mais importante do que a participação do expositor. Vão ser os visitantes a fazer os pitchs para os expositores que estão na feira, que é um processo que pode ser muito engraçado. Cada vez mais o nosso cliente não quer ser só espetador, cada vez mais os visitantes têm que fazer coisas, o que pressupõe uma preparação maior do expositor e do próprio visitante. Uma coisa muito interessante, e que tem a ver com a Web Summit, eu acho fantástico porque web é aquilo que nós feirantes e organizadores de eventos achamos que é o nosso principal concorrente. O que é que eu vou fazer a um evento se está tudo na Internet? É o nosso grande papão. Há dez anos que ouço dizer que com a Internet as feiras vão acabar, mas se os próprios profissionais da web fazem uma feira… É porque o apertar a mão, o ver é relevante. Enquanto formos pessoas temos sempre que nos ver, e os nossos sentidos têm de estar ativados. Como vê a evolução da BTL até aos dias de hoje? A BTL, como sabem, tocou em três pavilhões e muito no fundo. O que é perfeitamente normal, mas por outro lado também teve a grande capacidade de se reerguer, e isso não é mérito nosso, é mérito do setor. Há uma coisa que é transversal e muito importante: o mérito nunca é nosso, o mérito é do setor. E há setores com quem nós conseguimos trabalhar melhor e que nos desafiam de forma mais consistente. Os sucessos da feira não têm a ver comigo, com a FIL, têm a ver com a capacidade que o setor tem de reagir aos desafios. A BTL tem evoluído muito nestes três, quatro últimos anos, e a BTL vai
continuar sempre a ser uma grande feira, desde que não se defraude a experiência do público visitante. E essa experiência é ter propostas de valor, ter pacotes de férias diferentes daqueles que podem estar na Internet, e ter a capacidade de chegar aqui e experimentar o que é um destino. Isto tem a ver com as feiras todas, quando nós temos os destinos, eles têm que fazer os visitantes viajar no seu imaginário. E o que nós queremos é que 50% das pessoas se sintam tão bem nessa experiência que depois comprem a viagem numa agência. E depois há um desafio do destino Portugal, que todos nós sabemos que tem tido uma excelente performance, e que tem de continuar a crescer e fazê‑lo com maior valor acrescentado. Que não venham tanto mais turistas, eventualmente, porque não podemos continuar a crescer a dois dígitos, mas que comecemos a crescer a dois dígitos nas receitas que deixam cá ficar. E na parte profissional como é que encara esse futuro da BTL? Obviamente que o futuro da feira tem a ver com os grandes parceiros que nós temos, não só públicos, mas privados, e podermos cada vez mais ir buscar novos potenciais compradores do destino Portugal. Outros países, e os novos mercados. Mas isso é algo que não tem só a ver com a BTL, é transversal a todas as feiras. Vê a FIL a organizar feiras no estrangeiro? A FIL já organizou feiras no estrangeiro. O que temos organizado agora são participações portuguesas em feiras no estrangeiro, o que não é rigorosamente a mesma coisa, porque neste caso estou a ser comissionista e noutro caso estou a criar valor acrescentado. Obviamente que acho que podia ser um grande desígnio, mas para organizar feiras no estrangeiro temos de ter duas coisas: uma indústria poderosa connosco, pode ser uma indústria do setor ou do próprio organizador de feiras, e temos que ir para países que tenham capacidade para receber esses produtos. Os da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa] estão sempre em cima da mesa, mas têm de ter mais capacidade em termos de poder de compra. Hoje em dia tem um desafio que atravessa todas as feiras... Desde o ano passado, fiquei com a responsabilidade das feiras todas, e com um desafio muito grande: conseguir alterar a atratividade de cada feira e os resultados, em termos do que o cliente quer ver em cada feira. Por isso estamos a revisitá‑las todas, e basicamente grande parte delas já começaram a ter outro enquadramento. Temos que encontrar uma proposta de valor para os expositores, que não passa somente pelo espaço, aliás passa cada vez menos pelo espaço, porque temos que dar muito mais, temos que perceber o que é que o cliente quer. Temos de fazer uma venda consultiva.
Dez perguntas a Fátima Vila Maior Cidade para viver? Lisboa. Destino de férias? Portugal. Que livro tem na mesinha de cabeceira? “Inteligência emocional”, Daniel Goleman; “Os próximos 100 anos”, George Friedman; “Asterix ‑ A filha de Vercingetorix”. O que é que não pode faltar na sua mala de viagem? O meu saco de viagem tem de ter sempre uma muda de roupa para o caso de ficar sem bagagem. Tem algum lema de vida? Estar bem comigo própria. É fundamental. Feira mais espectacular que já visitou? As feiras da China são do outro mundo; as feiras de decoração em Inglaterra são fantásticas; e sem dúvida o Sirha, em Lyon, uma feira de hotelaria com imensos concursos de cozinha. Tem algum hobby? Cozinhar. © António Camilo
Qual é a sua maior qualidade? Ser transparente.
O que é que a atrai mais no seu trabalho? É o desafio. A capacidade que temos de criar, de falar com pessoas. Conheço milhares de pessoas, não sou expert em nenhum setor, mas pela rama conheço‑os todos. E isso é muito gratificante, ter a noção bastante clara do tecido empresarial português. Acho que sou uma pessoa criativa, e se este setor não tiver criatividade… não precisa de grandes skills, mas uma que tem que ter é criatividade, e a capacidade de, de certo modo perceber, o que é que as pessoas querem.
E o pior defeito? Ser transparente. Se pudesse conhecer qualquer pessoa, quem gostaria de conhecer? Obama.
Cláudia Coutinho de Sousa
OPINIÃO 12
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ELSA DIOGO E CÉLIA OLIVEIRA
UMA OPORTUNIDADE PARA O PAÍS – UM DESAFIO PARA OS SEUS PROFISSIONAIS! Trabalhar no setor do turismo é trabalhar num dos setores mais promissores e dinâmicos da nossa economia. Trabalhamos com pessoas e para pessoas. E, numa sociedade em mutação, saber acompanhar as tendências e antever o futuro é a chave para o sucesso de todas as empresas, nomeadamente para quem trabalha na área do turismo de negócios.
O MICE é uma vertente do turismo com cada vez mais relevância no setor. Não somente pelo impacto económico como pelo impacto social. O seu impacto económico é superior ao das viagens de lazer e funciona ainda enquanto promotor do destino, uma vez que os “turistas de negócios” regressam muitas vezes ao destino do evento e/ou recomendam o destino a terceiros. É possivelmente o mercado com maior potencial de crescimento neste setor de atividade. Existem vários fatores associados ao crescimento MICE nos diferentes destinos e, Portugal está, regra geral, na linha da frente em todos: Segurança, infraestruturas e serviços de qualidade, a boa relação qualidade‑preço, a flexibilidade dos profissionais, localização dos aeroportos e boas ligações aéreas e, ainda, a capacidade de organização de grandes eventos que tem levado o nome de Portugal além‑fronteiras como a Eurovisão, Web Summit e outros tantos que não chegam às capas dos jornais. Em Portugal, e de acordo com o [World Travel & Tourism Council] (dados de 2017), o turismo foi responsável por 967.500 postos de trabalho, diretos e indiretos, (20,4% do emprego total), e 17,3% do PIB (33,5 mil milhões) deve‑se ao setor. Deste total, 14,4% é proveniente do turismo de negócios, que deverá ter crescido na ordem dos 3,5% no ano de 2018 e deverá crescer mais 3% até 2028. Todos estes dados revelam a importância e o peso do turismo de negócio no crescimento económico do país. O planeamento e a organização de eventos surgem também como uma ‘arma’ para combater a sazonalidade turística de que algumas regiões ainda são alvo. O que se torna cada vez mais necessário e indispensável é criar planos de ação e delinear orientações estratégicas para os intervenientes do setor, imprescindíveis para um melhor aproveitamento das capacidades que o país apresenta enquanto destino para acolher eventos internacionais. No entanto, as oportunidades também trazem desafios que
devem servir para nos levar para outros patamares. Os desafios são muitos e iremos aqui enumerar apenas alguns: 1. Falta de profissionais qualificados. Um mal que afeta a economia em geral e em particular a área do turismo, nomeadamente o MICE. Há certamente um trabalho que tem que ser feito ao nível da formação, mas também da valorização das carreiras. 2. Clara regulamentação da atividade definindo o que é uma agência de animação turística, uma agência de Incoming, uma agência de organizadores de eventos e congressos. 3. Uniformização do IVA para uma concorrência leal. A par destes desafios tangíveis somam‑se os desafios intangíveis que se prendem com a rápida evolução das pessoas, da forma como lidam com as marcas e do impacto que essa evolução tem na organização dos eventos. O reconhecimento internacional que o destino está a experienciar tem provocado ainda mais interesse por parte dos organizadores de eventos internacionais e é crucial que se consiga dar resposta àquilo que se exige de um destino acolhedor de M&I. Somos o Melhor Destino do Mundo e o mundo está de olhos postos em nós. É uma grande oportunidade para o país e para as empresas que trabalham neste setor. É também um mundo de desafios que nos espera, mas acreditamos que Portugal tem a capacidade e o know‑how para fazer deste destino o Melhor Destino de Negócios do Mundo…
Elsa Diogo
Diretora Geral
Célia Oliveira
Gestora de Projeto
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MAINVISION
“FORTE APOSTA NA ÁREA DA IMAGEM” A Mainvision é uma empresa especializada em soluções globais de audiovisuais para eventos. “No entanto, adianta a responsável pela Comunicação, Márcia Ferreira, “somos conhecidos e reconhecidos pela nossa forte aposta na área da imagem”. Para reforçar este posicionamento, a Mainvision fez recentemente um investimento em painéis de LED interativos de livre instalação [indoor, outdoor, floor, wall, sky e curved]. “Este investimento, com base em ferramentas tecnológicas avançadas, vai permitir‑nos alargar o âmbito cenográfico audiovisual com que nos temos vindo a comprometer, possibilitando a criação de cenários únicos e de alto impacto que elevem as emoções do público”, explica Márcia Ferreira. Para que tudo isto seja possível, a Mainvision dispõe de uma equipa multidisciplinar, que se encarrega não só da parte técnica relacionada com som, vídeo, luz e estruturas, mas também da
implementação, adaptação e produção de conteúdos multimédia. “E esta é também uma questão de confiança, entre nós e os nossos clientes, com quem temos vindo a fortalecer a nossa relação ao longo dos anos e que nos permite continuar a evoluir”, conclui Márcia Ferreira.
MAINVISION Lisboa | 211 583 053 | info@mainvision.pt www.mainvision.pt
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SHAKE IT
questionários de feedback; galerias de imagens e de vídeos; material disponível para descarregar; etc. O check‑in no local do evento, através de código QR enviado por e‑mail ou acessível na própria app. A impressão de crachás de identificação. Uma app que, além de toda a informação do site, permite notificações push; votações online, respondendo a perguntas lançadas durante o evento; a colocação de questões diretamente aos oradores, enquanto decorre uma sessão; um networking mais eficaz, através de um módulo de chat; ou ainda criar jogos que envolvam os participantes, de modo a ter resultados mais efetivos, e alinhados com os objetivos do evento. Miguel Carneiro diz ainda que esta solução pode ser comprada na íntegra ou por módulos, em função das necessidades, e implementada uma única vez ou servir um portefólio de eventos, com diversas iniciativas que acontecem em simultâneo ou em diferentes momentos no tempo. A solução da Shake It foi usada em cerca de 100 eventos, só em 2019. Entre os clientes estão, por exemplo, a Tranquilidade e a EDP, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a European Federation of Internal Medicine, a European Economic Association e os laboratórios Janssen, a Porto Business School e o projeto Ciência Viva, sem esquecer ações menos ortodoxas como o ciclo de festas 360 do Deejay Kamala.
Desta forma, explica Miguel Carneiro, da Shake It, é possível com um único interlocutor criar um site do evento, gerir inscrições, fazer o check‑in dos participantes e envolver todos através do uso da app. Os passos permitidos por esta solução incluem campanhas por e‑mail, com um save the date, link para inscrição e link para descarregar a app. Um site que pode ser personalizado, completamente responsivo, com módulo de inscrições, incluindo o respetivo pagamento, se necessário; informação completa sobre o evento, programa, oradores, venue, como chegar, meteorologia, sponsors e outros parceiros;
SHAKE IT Porto | 223 251 696 | miguel.carneiro@shakeit.pt www.shakeit.pt
UMA SOLUÇÃO INTEGRADA PARA TODO O TIPO DE EVENTOS A Shake It, especialista em apps, e a mad4ideas, que desenvolve soluções de gestão para eventos, decidiram integrar por completo as duas plataformas de que dispõem, a eventshake e a eventsolutions. Isto significa que os clientes podem usar uma única solução para qualquer tipo de evento.
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CONTINUAMOS QUASE INVISÍVEIS, EM TERMOS DE REPRESENTAR UMA CARREIRA ATRATIVA
COMPETIR NA ATUAL “GUERRA PELO TALENTO” Como é que chegamos aqui? E como fazemos agora?
Referimo‑nos a um dos maiores desafios que se abateu sobre a nossa indústria nos últimos dez anos – que se sente em muitos outros setores ao mesmo tempo, o que torna tudo pior. E isso, claro, tem prejudicado a disponibilidade do tipo de recursos humanos, com determinadas capacidades, de que precisamos para responder às expectativas cada vez maiores que são colocadas à atual indústria. Este assunto apareceu literalmente de um dia para o outro, e os mais recentes inquéritos mostram que é agora uma das principais preocupações dos membros da AIPC em quase todo o mundo. Não estamos sozinhos – e a demografia pode explicar muito. Mas como indústria temos alguns problemas muito particulares que terão de ser resolvidos se queremos continuar a ser competitivos no mercado de trabalho, e identificar que problemas são esses é um primeiro passo positivo no sentido de encontrar soluções. Primeiro, num mundo em que todos competem pelos melhores e mais brilhantes, nós continuamos quase invisíveis, em termos de representar uma carreira atrativa. Toda a gente sabe o que um médico, dentista, engenheiro ou contabilista faz – mas quantos fazem ideia do que acontece na meetings industry e o sistema de fornecedores que a suporta? Isso é o produto de uma questão de imagem que desafia a indústria há muito tempo – cuja negligência se expressa agora de novas formas. Mas isto fica pior. Se é que temos uma imagem, ela é provavelmente mais associada a “turismo”, ele próprio com o problema de ser muitas vezes sinónimo de salários baixos, trabalho repetitivo, e por isso menos interessante para um graduado ambicioso nas diferentes áreas de que precisamos para operar com sucesso nesta indústria. Terceiro, ainda estamos aquém em termos de credenciais e formação que sejam reconhecidas fora da nossa própria indústria, que é por definição de onde muita da nossa nova força de trabalho tem que vir. Mais uma vez, muitos dos programas de universidades que tocam nas nossas necessidades estão inseridos no turismo ou em facility management, nenhum dos quais é necessariamente inspirador para aqueles que procuram uma carreira reconhecida. E, mesmo assim, muitas das capacidades e skills que precisamos na indústria estão espalhadas por várias disciplinas em vez de terem um foco identificável
que pudesse captar a atenção daqueles que queremos atrair. O que fazer? Não há uma solução fácil, mas se não houver um esforço concertado o problema vai persistir e até piorar em determinadas áreas. No entanto, há algumas oportunidades claras. A primeira tem que ver com a possibilidade de melhorarmos a nossa imagem e perfil de uma maneira geral junto das nossas respetivas comunidades. Os Centros de Congressos, em particular, representam uma presença real e de perfil alto nos locais onde se localizam, e colocar mais esforço na educação das comunidades locais, mostrando como é dinâmica e entusiasmante esta indústria – o que acontece nesses venues –, teria um retorno em vários sentidos, incluindo na atração de potenciais empregados. Em segundo lugar, necessitamos de construir uma imagem mais distintiva do que uma carreira neste setor significa, e de como pode ser atraente para indivíduos que têm muita escolha em termos de carreira e de progressão. Depois de fazer isto, precisamos de o promover onde interessa: nas feiras de emprego, online, e na literatura relacionada com oportunidades de emprego, e em qualquer lugar onde sejam pesquisadas opções de carreira. Finalmente, temos de re‑considerar o que é necessário para reter aqueles que de facto atraimos num mundo onde a rotatividade é expectável e as oportunidades abundam. Incentivos, formação, certificação e outro tipo de reconhecimento precisam de estar sobre a mesa se esperamos reter aqueles que recrutamos com sucesso – e muitas vezes com um grande investimento da nossa parte. Oferecemos das mais excitantes e variadas oportunidades de carreira hoje em dia – uma janela para diferentes profissões, disciplinas e interações e um foco para algumas das mais importantes matérias e desenvolvimentos no mundo. O facto de isto ser relativamente desconhecido fora da nossa esfera é um grande obstáculo a atrair e reter os melhores, mas precisamos de agir imediatamente de modo a assegurar o futuro da nossa indústria. Aloysius Arlando Presidente da AIPC | International Association of Convention Centres
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“ESTÁ ESTABELECIDO QUAL O TIPO DE INICIATIVAS E DE EVENTOS EM QUE SE PODE RECORRER A VOLUNTÁRIOS”
VALE TUDO NO TRABALHO VOLUNTÁRIO? O recurso ao trabalho de voluntários em eventos e congressos já é uma realidade nos últimos anos, sobretudo em certames de grande visibilidade como a Web Summit ou o festival da Eurovisão. Este tipo de trabalho tem um enquadramento legal que é muito claro: só pode ser usado em atividades sem fins lucrativos.
No entanto, o debate sobre o que constitui trabalho voluntário e de que forma se pode evitar que seja usado em situações que deveriam estar a ser asseguradas por funcionários remunerados surge, por vezes, durante a realização de grandes eventos em Portugal. Mas afinal, o que é o trabalho voluntário?
Fins não lucrativos A lei n.º 71/98 define que “voluntariado é o conjunto de ações de interesse social e comunitário, realizadas de forma desinteressada por pessoas, no âmbito de projetos, programas e outras formas de intervenção ao serviço dos indivíduos, das famílias e da comunidade desenvolvidos sem fins lucrativos por entidades públicas ou privadas”. Este diploma estabelece ainda que se consideram organizações promotoras as “entidades públicas da administração central, regional ou local ou outras pessoas coletivas de direito público ou privado, legalmente constituídas, que reúnam condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da sua atividade”, sendo que poderão aderir a este regime “outras organizações socialmente reconhecidas que reúnam condições para integrar voluntários e coordenar o exercício da sua atividade”. As atividades que podem recorrer ao trabalho voluntário devem ter “interesse social e comunitário”, nas áreas cívica; da ação social; da saúde, da educação; da ciência e cultura; da defesa do património e do ambiente; da defesa do consumidor; da cooperação para o desenvolvimento, do emprego e da formação profissional; da reinserção social; da proteção civil; do desenvolvimento da vida associativa e da economia social; da promoção do voluntariado e da solidariedade social, segundo a lei. Mais tarde, o decreto‑lei nº 389/99 veio regulamentar a aplicação desta legislação, estabelecendo que podem integrar e coordenar voluntários pessoas coletivas de direito público de âmbito nacional,
regional ou local, de utilidade pública administrativa, incluindo as instituições particulares de solidariedade social e outras, “desde que o ministério da respetiva tutela considere com interesse as suas atividades e efetivo e relevante o seu funcionamento”. Para Ana Fernandes, vice‑presidente da APECATE – Associação Portuguesa das Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos, “está estabelecido qual o tipo de iniciativas e de eventos em que se pode recorrer a voluntários. É claro que um voluntário colabora para facilitar e não pode ser entendido como alguém que está a fazer um trabalho que não é remunerado e devia ser”. A responsável salientou que “do ponto de vista dos direitos, também está consagrado o que se tem de garantir a um voluntário” e que inclui seguro, subsídio de transporte e alimentação, bem como a garantia “de não‑exploração”, ou seja, não pode prestar trabalho que deveria ser remunerado. Assim, de acordo com a lei, o voluntário tem direito, entre outras coisas a programas de formação, a um cartão de identificação, enquadramento no regime do seguro social voluntário, faltar justificadamente caso esteja empregado, receber indemnizações, subsídios e pensões e outras regalias legalmente definidas, em caso de acidente ou doença contraída no exercício do trabalho voluntário e beneficiar de um regime especial para utilização de transportes públicos. Ana Fernandes realça que “o trabalho voluntário é muito meritório,
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Quem quer ser voluntário? sobretudo em projetos em que estão em causa questões sociais de grandes eventos nacionais, mas têm de ser as entidades que podem recorrer a dinamizar o trabalho voluntário. Em projetos com fins lucrativos isso nunca poderá acontecer”. A Fundação da Juventude é uma dessas entidades, que dinamizam e coordenam o trabalho de voluntários a nível nacional. “Trabalhei já com voluntários em eventos a nível nacional e o que fizemos foi envolver o IPDJ [Instituto Português do Desporto e Juventude] que é uma das entidades que pode gerir uma carteira de voluntários e foi aí assegurado o uso de voluntários”, explicou Ana Fernandes. Para a vice‑presidente da APECATE, “os eventos que recorrem a voluntários têm uma dimensão e desígnio nacional tal que poderão justificar o uso”, sendo que a responsável não tem conhecimento do recurso a voluntários em atividades privadas. “Se o fizerem estão a infringir as regras”, destacou.
“Não me parece que haja genericamente abuso do trabalho voluntário. Mas é importante que o mesmo seja fiscalizado”, garantiu a dirigente associativa. A Event Point contactou a ACT (Autoridade para as Condições do Trabalho) e o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre esta questão, mas não obteve respostas em tempo útil acerca de possíveis inspeções realizadas neste setor ou da necessidade de alterar a legislação. A Fundação da Juventude também não forneceu as informações pedidas.
A realização da Web Summit, em novembro, levantou novamente dúvidas acerca desta questão. Com perto de 2.700 voluntários este ano, segundo os dados divulgados pela organização, o certame oferece o bilhete diário, em troca do trabalho, o que tem sido valorizado por quem quer assistir e, quem sabe, fazer contactos com as empresas e entidades presentes. Em 2018, a realização do festival da Eurovisão em Portugal, também com recurso a perto de 300 voluntários, foi mal vista pelos sindicatos CENA‑STE e STT ‑ Sindicato dos Trabalhadores das Telecomunicações e Comunicações Audiovisuais, que acusaram a RTP de promover “más e antiquadas práticas laborais”, segundo um comunicado, citado pela agência Lusa. O PS, por sua vez, deu conta de “sérias dúvidas” acerca do trabalho recrutado para este evento. Em sentido contrário e mais recentemente, durante a Web Summit, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse: “Eu, se tivesse idade para ser voluntário, era voluntário. Eu adorava ter sido voluntário num acontecimento mundial, estar de perto a ouvir grandes oradores mundiais, se eu tivesse 20 e tal anos, universitário, recém‑formado, inscrevia‑me como voluntário” e considerou que era uma “oportunidade única”.
O primeiro‑ministro, António Costa, também defendeu o recurso a estes voluntários no evento de Paddy Cosgrave. “Muitos dos voluntários estão cá para viver por dentro essa experiência. Há 21 anos foi a Expo 98 e houve voluntários. O ministro da Educação foi voluntário e fez‑lhe bem a experiência de voluntariado”, salientou. Alexandra Noronha
OPINIÃO 24
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A EXPERIÊNCIA DA MARCA É TUDO O QUE VEMOS, OUVIMOS, SENTIMOS, CHEIRAMOS E PROVAMOS
DESENHAR EXPERIÊNCIAS DE MARCA COM SIGNIFICADO Especialistas do Journal of Marketing definem experiências de marca como “sensações, sentimentos, cognição e respostas comportamentais espoletadas por estímulos relacionados com as marcas que são parte do seu design e identidade, embalagem, comunicação e ambiente”. Toda a exposição e pontos de interface combinados constituem a experiência. Noutras palavras, a experiência da marca é literalmente tudo o que vemos, ouvimos, sentimos, ou mesmo cheiramos e provamos. Uma boa experiência precisa de ser desenhada com um profundo e empático conhecimento da audiência.
A natureza da audiência de eventos está a mudar. As audiências já não se contentam por fazer parte de uma multidão. Elas vão insistir em que os eventos e as experiências da marca as reconheçam e saibam o seu valor. Os dias em que olhávamos para as pessoas que vão a eventos como um público passivo já passaram. As audiências de hoje estão à vontade com o digital, são mais exigentes, mais impacientes e têm grandes expectativas de que os eventos sejam envolventes, personalizados e participados. Hoje as experiências com mais sucesso são baseadas num conhecimento estratégico do público‑alvo. Esta ideia é aplicada aquando do desenho criativo de uma experiência, que tem como objetivo específico envolver ativamente a audiência. Esta evolução da audiência significa, no limite, que os eventos também têm de evoluir. Confiar nas abordagens e conhecimento tradicional, que a indústria dos eventos tem usado durante anos para gerar experiências, não será suficiente para criar a nova geração de eventos. Continuar a criar eventos do ponto de vista da logística, e com a abordagem tradicional, vai limitar o nosso potencial de criar experiências envolventes que mexam com os participantes de forma significativa, memorável e partilhável. Vamos continuar a assistir a inovações em termos de tecnologia, apps, redes sociais, inteligência artificial, realidade virtual, drones, vídeo interativo, projeção mapping, hologramas e outros. O que precisamos de pensar neste momento é como vamos aplicar esta panóplia de tecnologias da melhor forma para potenciar e aumentar a experiência nos eventos. Nos próximos anos, a expectativa é assistir ao aumento do valor do orçamento de marketing das empresas que vai no sentido das experiências, uma vez que os marketeers as reconhecem como uma abordagem poderosa para construir e manter uma relação forte com o consumidor, e para criar inovação e crescimento da marca.
As mais eficazes experiências de marca serão baseadas no conhecimento estratégico da marca e do público‑alvo. Esta ideia vai ser aplicada no desenho criativo das experiências para cumprir os objetivos da marca. As experiências do futuro precisam de considerar todos os interfaces relevantes, live e online, de modo a terem sucesso. E isso vai obrigar a ter cada vez mais, e mais variadas, skills.
Kim Myhre
Diretor cessante da MCI Experience
E SPAÇO A PECAT E 26
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ANIMAÇÃO TURÍSTICA ‑ COMBATER A CONCORRÊNCIA COM AS ARMAS CERTAS Como todos sabemos, a concorrência está aí, feroz, nem sempre leal, é um facto, e está para ficar. Há milhares de registos no RNAAT [Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística], há cada vez mais empresas estrangeiras a operar em Portugal, umas recorrendo a apoios locais, outras em total autonomia. Costumamos dizer com optimismo que há lugar para todos mas, se não queremos perder o que já conquistámos, temos de encontrar formas estáveis e sustentáveis de nos afirmar no mercado.
Sem pretendermos substituir‑nos às decisões de cada um e, muito menos, dar lições a quem quer que seja, consideramos que é importante que todos conheçam as propostas da APECATE nesta matéria da competitividade e, conhecendo, decidam as que querem utilizar. Há duas vertentes que a APECATE sempre defendeu no que respeita ao desenvolvimento das empresas: a qualidade na gestão e a qualificação da oferta, por um lado; e a formação e qualificação dos recursos humanos, por outro. SELO DE QUALIDADE No que respeita à primeira, foi criado o Selo de Qualidade APECATE, que tem a chancela da SGS, uma multinacional acreditada na área da certificação e, tanto quanto podemos avaliar, com valor de mercado. O grande objectivo é que todos os associados da APECATE possam distinguir‑se dos milhares de registos existentes, como um grupo de empresas fiáveis, de vanguarda, certificadas. É um instrumento que está feito, testado e ao alcance de todos os que prezam a qualidade. Só têm que o utilizar e fazer valer. FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL A segunda vertente, em construção, é a formação profissional e a certificação dos nossos técnicos que operam com actividades de turismo de natureza e aventura. É um processo com várias vertentes: a formação inicial, com um CET [Cursos de Especialização Tecnológica] já disponível em duas escolas do Turismo de Portugal; e o RVCC [Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências] que, incompreensivelmente, ainda não foi operacionalizado para o nível 5.
1. O CET em Turismo de Natureza e Aventura Um CET é um Curso de Especialização Tecnológica de nível 5, post‑secundário e pré‑universitário. Pode ser frequentado por quem quer continuar os estudos e já fez o 12º ano (ou o 11º mais um Plano Adicional de Formação), mas a sua essência é ser um curso para quem quer valorizar‑se profissionalmente numa determinada área ou entrar numa nova carreira que exige novas competências. O CET em Turismo de Natureza e Aventura, que começou por chamar‑se Turismo de Ar Livre, foi proposto pela APECATE à ANQEP – Agência Nacional para as Qualificações e Ensino Profissional, entidade que depende de dois ministérios: Educação e Trabalho. A componente tecnológica deste curso foi concebida e criada por nós, incluindo‑se neste “nós” vários associados que são empresários e formadores. Para mais informações sobre a história deste dossier, consultar https://apecate.pt/nova‑qualificacao‑profissional/ Neste momento, e há já vários anos, este curso está a ser ministrado em duas escolas do Turismo de Portugal: Coimbra e Setúbal. Os alunos recebem um certificado que lhes dá o título de Técnico Especialista em Turismo de Natureza e Aventura. Contratar para as nossas empresas quadros com esta qualificação certificada é, objectivamente, uma mais valia. Não saem da escola com a experiência de um técnico já feito mas já começam a trabalhar com uma boa formação de base. Os programas do curso actual podem consultar‑se no Catálogo Nacional de Qualificações, em http://www.catalogo.anqep.gov.pt/PDF/ QualificacaoReferencialPDF/1888/EFA/tecnologica/812307_RefTec A versão actual deste curso é fruto da colaboração que nos
Para além de uma ligeira alteração legislativa, para implementar o RVCC, são precisas apenas duas coisas: 1. reorganizar o CET de acordo com as exigências do modelo dos chamados Resultados de Aprendizagem, que são desmultiplicados a partir do Perfil de Competências, trabalho que a APECATE já fez e já entregou, para análise, ao Turismo de Portugal; 2. criar o modelo de avaliação. Por que é que este RVCC é tão importante? • Permite que qualquer técnico ao serviço das empresas de animação turística, que cumpra os requisitos de candidatura a definir no modelo, possa candidatar‑se e ver reconhecidas oficialmente as suas competências. Este ponto é muito importante para uma afirmação no mercado: uma empresa que tenha os seus quadros com competências certificadas tem, à partida, uma maior credibilidade.
foi solicitada este ano pela Direcção de Formação do Turismo de Portugal, IP, com vista à sua actualização, alargamento e melhoria curricular. Foi um longo trabalho, com momentos interessantes de debate e que, em nosso entender, valeu a pena. 2. O RVCC O objectivo da APECATE nunca foi criar apenas esta qualificação para a chamada formação inicial. O que sempre quisemos foi criar um mecanismo de certificação dos nossos activos (quadros das nossas empresas), ou seja, um modelo de RVCC para esta área, o que implicou a definição de um perfil de competências profissionais e respectiva formação, ou seja, o referido CET. RVCC significa Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. É um instrumento que tem como objectivo atestar que um determinado indivíduo adquiriu ao longo da vida o conjunto de competências requeridas para uma determinada profissão, através de um processo de avaliação, que pode requerer formação complementar. Esta luta pelo RVCC tem sido um dos nossos cavalos de batalha mais complexos, que ainda não conseguimos levar a bom porto. Razões de peso que explicam, embora não justifiquem, esta situação: 1. existe RVCC para o nível 4 mas nunca foi criado o modelo para o nível 5; 2. inovar implica vontade política e, pelos vistos, ainda não fomos considerados nas prioridades de quem nos governa.
• Desde que seja autorizado o processo do RVCC, passam a estar disponíveis, no mercado da formação profissional, as chamadas UFCDs (Unidades de Formação de Curta Duração), umas com 25h outras com 50h, o que permite que quadros no activo possam completar a sua formação em regime post‑laboral, apenas nas matérias em que sintam necessidade de mais formação. Por exemplo, um técnico de caminhadas pode não precisar de fazer a UFCD de 50 h “Caminhadas e outras actividades pedestres” (sente‑se pronto para ser avaliado), mas considerar que precisa das 25h da UFCD “Meteorologia em Turismo de Natureza e Aventura”ou das 50h de Marketing Digital ou de qualquer outra matéria. Hoje, esta formação modular certificada não é possível para o nível 5. Sem que nada o justifique. • Melhorar a formação é essencial à qualificação dos nossos produtos. Sem técnicos especializados e, também por essa via, mais produtivos não é possível melhorar a relação preço‑qualidade da oferta. Sem esta melhoria, não ganhamos em competitividade, porque, como todos sabemos, não é baixar preços que é importante: é acrescentar valor ao produto. No nosso 8º Congresso, retomaremos o tema. Com o governo ou por uma via exclusivamente associativa, 2020 tem que ser o ano da solução final do problema da certificação profissional dos técnicos de turismo de natureza e aventura.
Ana Barbosa*
Presidente da Mesa da Assembleia-Geral da APECATE
autora não adotou o Novo Acordo Ortográfico.
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PORTUGAL VOLTA A CONQUISTAR PRÉMIOS
“PEIXE” PORTUGUÊS SEDUZ JÚRI DOS BEA WORLD Big Fish, a agência portuguesa que conquistou um primeiro prémio nos BEA World, na categoria Melhor Ativação de Marca, com o projeto Worten Game Ring, foi o principal destaque nacional na edição deste ano destes prémios, que acolhem eventos do mundo inteiro. Entre os portugueses, referência ainda para os dois segundos prémios da EDP, nas categorias Uso de Tecnologia e Sustentabilidade, com o projeto Transforming Music Festivals. E para a UP Partner, distinguida com o segundo prémio na categoria Melhor Festival, com o Lisbon Coffee Fest. Entre os finalistas nacionais constavam ainda a Desafio Global, com a inauguração da Nova SBE, a Live Experiences, com o EDP Cool Jazz e a Altice Arena, nomeada na categoria de Best Location.
No final, Jorge Trindade, diretor criativo da Big Fish, em exclusivo para a Event Point, falava no contraste que lhes terá dado a vitória, entre uma opção com evidentes preocupações de sustentabilidade, o uso de caixas de cartão, associadas ao unboxing, e o universo tecnológico dos jogos eletrónicos.
A importância de regressar a casa Depois de terem nascido e crescido em Itália, em Milão, onde os promotores estão sedeados, os Best Event Awards (BEA) aventuraram‑se por outras paragens: dois anos em Espanha, um ano na Rússia, dois em Portugal… mas perante o desconforto evidente, entre alguns dos parceiros, com a escolha da Turquia para receber a edição deste ano, o presidente dos prémios, Salvatore Sagone, responsável do ADC Group, decidiu levar o evento de volta a casa. “Dar um passo atrás e dois em frente”. Com esta decisão, notou‑se desde logo um maior controlo do promotor sobre o evento que, enquanto andou a rodar por fora de Itália, cedia muito desse controlo ao organizador local ‑ com todas as vantagens e desvantagens que isso acarreta. A escolha recaiu por fazer de um hotel, o Meliá Milano, o epicentro do festival onde se inserem os prémios. Aqui decorreram as apresentações ao vivo, de defesa dos candidatos com acesso à short list, perante o júri dos BEA – uma das características mais interessantes destes prémios ‑; as conferências e workshops; os encontros com os oradores; as pausas para café; os almoços; e foi também aqui que ficaram alojados boa parte dos participantes, entre
membros do júri, imprensa, oradores, concorrentes e delegados. Para conduzir todos os trabalhos, incluindo a gala em que foram conhecidos os vencedores dos BEA World 2019, foi chamada uma equipa da Masters in Moderation, liderada pelo experiente holandês Jan‑Jaap In der Maur, que já moderou, por exemplo, para a ICCA ‑ International Congress and Convention Association, MPI ‑ Meeting Professionals International e Associations Congress – para nos ficarmos apenas por associações internacionais relevantes na meetings industry.
Passadeira de gala Dois apresentadores e um animador; uma passadeira ao centro, em jeito de desfile de moda, com todos os prémios já dispostos em palco; ecrãs a toda a volta, que faziam a cenografia da sala e onde se projetavam os finalistas, os vencedores e os respetivos vídeos de apresentação; muita gente elegantemente vestida; bandeirinhas de cada país representado nas mãos dos participantes; Portugal quatro vez chamado ao palco; e uma vencedora russa que, premiada por diversas vezes, teve energia e coragem para chorar, ajoelhar‑se em palco, agradecer a toda a gente, e abraçar meio mundo. Assim se pode resumir uma noite fria em Milão, aquecida pelo riso dos vencedores, e pela after party dos BEA World 2019. Para o ano haverá mais.
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CASOS DE ESTUDO Worten Game Ring: criar uma experiência inesquecível A Lisboa Games Week é um dos mais importantes eventos de videojogos que se realizam no nosso país e a Worten, através da sua marca de gaming Worten Game Ring, disse presente. Do briefing da marca à agência constavam os seguintes objetivos: reforçar notoriedade e posicionamento, colocar a Worten no top of mind da comunidade gamer, estreitar o bond emocional com o target, criar uma lifetime experience de entretenimento, maximizar a criação de conteúdos para as redes sociais. A ideia criativa da equipa da Big Fish teve como natural inspiração o mundo do gaming. E num jogo tudo começa com uma caixa de cartão, onde está colocado o novo jogo ou a consola. O conceito de comunicação foi então criado a partir desta ideia, tendo sido desenvolvida uma estratégia partindo do claim “Faz unboxing ao melhor da Lisboa Games Week”. A comunicação começou pré‑evento e a equipa Big Fish criou um conjunto de conteúdos originais para as redes sociais da marca. No evento, o stand de 500 m 2, e 9m de altura, foi desenhado exclusivamente para o eventos, e construído em cartão, incluindo uma pop‑up store de 100 m 2, uma zona de entretenimento e um piso de experimentação. Foram usados 1680 kg de cartão. Entre os momentos mais importantes durante o evento, destacou‑se o direto do host virtual Morais HD no ecrã gigante; os torneios para profissionais de gaming e amadores; o lançamento do jogo ‘Pokémon Let’s Go’, que mereceu uma ativação especial com uma caça ao tesouro; os formatos de entretenimento com youtubers, com desafios que incluiam caixas de cartão; bem como sessões de live illustration durante os dias do evento por Hugo Makarov, que assim ia decorando o stand.
Como cereja no topo de bolo, e seguindo sempre o conceito de unboxing, as 965 caixas que preenchiam o stand foram ‘desembrulhadas’ e continham todas prendas para o público. RESULTADOS DA ATIVAÇÃO Foram criados mais de 400 conteúdos, tendo sido alcançadas 3.916.583 pessoas. Ao todo registaram‑se 30 horas de live streaming, 26.637 live views, 587 novos followers e mais de 10 mil mensagens via chat nas redes da Worten. Os resultados únicos foram os seguintes: 381.964 views online; 40.000 views offline; 400 mil pessoas alcançadas (digital + tv); 65 mil horas de competição vistas; e mais de 700 jogadores no stand. Em termos de media tradicional, houve cobertura da RTP, Cidade FM, e TV Cine. FICHA TÉCNICA Agênciao organizadora: Big Fish Cliente: Worten Público‑alvo: Participantes do Lisboa Games Week, comunidade de gamers Local: FIL, novembro de 2018 Categoria a concurso nos BEA World: Brand Activation
EDP: criatividade e sustentabilidade nos festivais de Verão O objetivo da EDP na participação nos festivais era o de criar um espaço disruptivo que potenciasse a interação com os convidados, promovesse a marca, bem como os seus princípios de sustentabilidade. O stand foi desenvolvido para cumprir estes desafios e obrigou a um trabalho que demorou seis meses a completar. Foram utilizados três semi‑reboques ligados uns aos outros, criando um espaço para a ativação, que podia ter dois formatos: um maior de 700 m 2 e um mais pequeno de 300 m 2 . A estrutura era montada em 37 minutos, e era amiga do ambiente, continha painéis fotovoltaicos, o que permitia o abastecimento de energia para alguns dos equipamentos. Em termos de comunicação, a EDP lançou o mote “Let’s Go” que perpassou por toda a promoção: imprensa, digital, redes sociais, cinema, TV, influenciadores, culminando nos dias de evento. A ativação contou com experiências divertidas, estabelecendo proximidade entre a marca e os clientes. FICHA TÉCNICA Organizador: EDP – Energias de Portugal, S.A. Evento: Transforming music festivals Cliente: EDP – Energias de Portugal, S.A. Categorias: Sustainable Innovation e Use of Technology
Lisbon Coffee Fest: três dias a promover a cultura do café Ao longo de três dias, o Lisbon Coffee Fest contou com diversas experiências em torno do café, workshops, momentos musicais e de animação, a 5ª edição do Campeonato Nacional de Baristas e uma área com 49 expositores. O evento, da AICC – Associação Industrial e Comercial do Café, foi organizado pela UP Partner. O Lisbon Coffee Fest, que decorreu em março deste ano, foi pensado para promover a cultura do café junto do público, reunir os profissionais do setor com os amantes do produto e mostrar a importância da AICC na promoção das empresas portuguesas do setor. Os visitantes – e foram mais de seis mil – puderam conhecer um pouco melhor este universo. Portugal é um país de amantes de café, sendo consumidores cerca de 80% dos seus habitantes. A AICC tem quase 90% das marcas portuguesas como associadas e, segundo a Nielsen, empresa de medição e análise de dados, o valor de mercado em Portugal ronda os 556 milhões de euros. Com estes números, e após um brainstorming com várias partes envolvidas na indústria, não foi difícil chegar à ideia de criar o primeiro grande evento dedicado inteiramente ao café. Foram três meses de preparação. O local escolhido foi um espaço de cinco mil m 2, para que coubessem todas as empresas, independentemente da sua dimensão. O desafio foi criar condições para o evento ter máquinas industriais, stands,
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energia elétrica suficiente, entre outros cuidados. Desafios ultrapassados e, entrando no local do evento, era possível descobrir o universo do café. Mas também a street food, a música ao vivo, os Instagram corners e outras propostas. OS NÚMEROS DO EVENTO O Lisbon Coffee Fest contou com dois palcos, 16 horas de workshops, 49 expositores, com 90% das marcas portuguesas representadas. O evento foi visitado por mais de seis mil pessoas e foram servidos 23 mil cafés em copos feitos de materiais reciclados. A promoção do Lisbon Coffee Fest foi feita especialmente nas redes sociais e meios digitais – Facebook, Instagram stories e website –, na rádio parceira (RFM) e nos canais de divulgação da AICC. Também foi possível divulgar o evento em pacotes de açúcar e fazer promoções cruzadas com a Zoomato, Ticket Line, Uber, influenciadores e meios de comunicação social. A três semanas do evento, toda a comunicação foi ativada, sendo que no resto do tempo toda a promoção foi feita nos meios digitais. Foram investidos cinco mil euros nos ‘media’, mas o valor mediático atingiu mais de 500 mil euros. FICHA TÉCNICA Agência organizadora: UP Partner Cliente: AICC – Associação Industrial e Comercial do Café Público‑alvo: Público em geral Local: LX Factory, Lisboa, em março de 2019 Categoria a concurso nos BEA World: Festival
Nova SBE: criatividade e profissionalismo no evento de inauguração A 29 de setembro de 2018, 8.200 convidados assistiram à abertura das novas instalações da School of Business & Economics (SBE) da Universidade Nova de Lisboa, num dia aberto a altas instâncias empresariais e à comunidade. O evento foi organizado pela Desafio Global e pela Câmara Municipal de Cascais. A ideia foi celebrar a abertura do maior campus da Europa, atrair notoriedade nacional e internacional, e proporcionar um dia aberto à comunidade com várias atividades, como tedtalks e momentos de animação. Foram convidadas para o evento 8.200 pessoas. Foram criadas três áreas de acreditação, havia sete tipologias de convidados diferentes, divididos entre a cerimónia institucional, o campus aberto, o jantar de gala e a festa. Entre os presentes estiveram presidentes de conselhos de administração e respetivas comitivas, de bancos, seguradoras e outras empresas em Portugal, bem como estudantes e público em geral. Tendo em conta o número elevado de convidados, tratou‑se de um evento de alta complexidade logística. Perante esse desafio, a organização optou por várias soluções criativas: o palco da cerimónia era uma reprodução cénica do campus e dos seus edifícios; foi criada uma cápsula do tempo, que vai guardar, pelos próximos 25 anos, mensagens e objetos colocados por oradores
e convidados; três orquestras atuaram em vários lugares e momentos – com destaque para a Orquestra Sinfónica que tocou no palco ao longo da cerimónia institucional; e uma festa para encerrar o evento dirigida a todos os tipos de participantes. OBJETIVOS CUMPRIDOS Foram 12 meses de preparação, algumas indecisões e nove propostas diferentes. Na semana anterior ao evento, uma equipa da Desafio Global mudou‑se para o campus e foram instalados cinco geradores para assegurar a eletricidade necessária. No dia da inauguração, esteve presente uma equipa composta por 14 gestores de eventos, 45 hospedeiras, 35 seguranças, 50 voluntários, 20 técnicos de audiovisuais e 30 bailarinos. Juntando os empregados de catering, o staff de ativações, equipas técnicas e o staff do campus estiveram envolvidas no evento 200 pessoas. No final, o balanço foi positivo, os objetivos foram cumpridos e o evento foi alvo de extensas reportagens na imprensa e nos canais de televisão. Foram publicados 287 artigos sobre o novo campus, com um valor mediático de 4,3 milhões, que gerou 37 milhões de impressões e 27.138 interações online. A mensagem chegou a 3,2 milhões de portugueses e cada cidadão foi impactado em média 11 vezes.
FICHA TÉCNICA: Agência organizadora: Desafio Global & Câmara Municipal de Cascais Cliente: Nova SBE Público‑alvo: 8.200 pessoas, entre presidentes de conselhos de administração e respetivas comitivas, de bancos, seguradoras e outras empresas em Portugal, funcionários da universidade, estudantes e público em geral. Local: Novas instalações da Nova School of Business & Economics, Carcavelos, em setembro de 2018 Categoria a concurso nos BEA World: Public Institution Event
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EDP Cool Jazz: música, sensações e experiências Jazz, blues, R&B, pop. Foram estas as sonoridades que envolveram o público, ao longo do mês de julho, no decorrer da 16ª edição do EDP Cool Jazz, em Cascais. Este evento de sensações e de experiências, em património histórico, foi produzido pela Live Experiences. Juntar o público em espaços aprazíveis – o evento decorreu no Parque Marechal Carmona, no Hipódromo Manuel Possolo e na Casa de Histórias Paula Rego –, num encontro com a natureza e com o património, tendo como pano de fundo a fusão de várias sonoridades, produzidas por artistas novos e consagrados. Além dos concertos principais, o evento apresenta ainda as Cascais jazz Sessions e as Cascais Lazy Sundays. É um festival de música, sólido e consolidado. O evento tem uma forte preocupação ambiental e, este ano, conseguiu cumprir o seu objetivo ecológico, neutralizando 349 toneladas de CO 2, o que compensou toda a pegada do evento. O EDP Cool Jazz também se associou a uma causa solidária, tendo este ano promovido um concerto de solidariedade, que arrecadou verbas para a CERCICA Cascais. De acordo com a análise da Cision, de 1 de novembro de 2018 a 31 de agosto de 2019, o evento foi referência em 1.397 notícias – em imprensa, rádio, televisão, online e blogues – e em 102 publicações em redes sociais, desencadeando 61,7 milhões de impressões. A análise integrou também a campanha de promoção publicitária, de 6.085 anúncios nos media. O plano promocional e editorial do EDP Cool Jazz está valorizado em mais de 11 milhões de euros, sendo mais de 6,5 milhões de euros de valor editorial e mais de 4,5 milhões de valor promocional. FICHA TÉCNICA: Agência/Organizador: Live Experiences Cliente: Live Experiences Local: Parque Marechal Carmona, Hipódromo Manuel Possolo e Casa de Histórias Paula Rego, em Cascais, no mês de julho Categoria a concurso nos BEA World: Festival
Altice Arena: Versatilidade e sustentabilidade Nasceu em 1998, por ocasião da Expo de Lisboa, tendo sido um dos epicentros da exposição enquanto Pavilhão da Utopia. A estrutura interior foi criada para se assemelhar a um barco do século XVI invertido, num tributo à história de Portugal. Mas por fora a sensação é de se está perante uma nave espacial. De lá para cá tornou‑se uma referência no acolhimento dos mais diversos eventos nacionais e internacionais. A arena conta com mais de 10 mil metros quadrados e prima pela versatilidade, podendo receber até 20 mil pessoas. Atualmente recebe cerca de um milhão de visitantes e uma média de 150 eventos por ano. Os mais de 20 anos de experiência ao serviço deste setor são o principal cartão de visita da Altice Arena. O desempenho energético da arena é uma das principais mais‑valias do espaço. Por exemplo, o ar é insuflado na área ocupada pelo público por trás dos assentos, de forma a optimizar a climatização. É sempre privilegiada a ventilação e luz natural. O venue possui diversas certificações, que inclusive refletem a componente da sustentabilidade. Nos BEA World a Altice Arena esteve nomeada para os prémios de Best Location.
APOREP 36
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USO DA BANDEIRA NACIONAL EM INAUGURAÇÕES Quando uma empresa privada decide inaugurar instalações e convida para presidir a essa cerimónia uma alta entidade, a dúvida dos organizadores é saber se a placa evocativa deve estar tapada com um pano ou com a bandeira nacional. Outra é saber se é necessário colocar a bandeira nacional no auditório onde vão ser feitos os discursos.
1. DESCERRAMENTO DE PLACAS Antigamente, na inauguração de edifícios públicos, a placa era tapada com a bandeira Nacional quando a cerimónia era presidida pelo Presidente da República, pelo Primeiro Ministro ou por um membro do Governo. Depois de descerrada havia sempre alguém que recebia a bandeira nacional das mãos da alta entidade, guardando‑a para evitar que a mesma caísse no chão. Noutros países, como o Reino Unido ou o Brasil, as placas nunca foram tapadas com a bandeira nacional e sim com panos monocolores. Nalgumas inaugurações vemos a Rainha de Inglaterra a fazer o descerramento puxando por uma cortina que se abre para os dois lados de um varão, assim revelando o texto da placa. Em Portugal, em inaugurações de instalações privadas, também era costume tapar a placa com um pano verde ou com um pano branco com o logótipo da empresa. Mas com o passar do tempo e o desenvolvimento das comunicações, as empresas privadas passaram a tapar a placa com a bandeira nacional para dar mais solenidade ao evento. Passou a ser tradicional fazê‑lo mesmo quando a alta entidade era apenas o presidente da câmara. Com a entrada em vigor do decreto lei nº150/87 de 30 de março, sobre o uso da bandeira nacional, esta tradição deveria ter acabado. Mas é difícil combater o argumento de que “sempre se fez assim em todas as nossas inaugurações!”. Apesar de a lei estipular que nunca se deve usar a bandeira nacional para revestimento de placas comemorativas, esta continua a ser uma prática comum. Com efeito o artigo 10º daquele diploma determina que “em atos públicos a Bandeira Nacional, quando não se apresente hasteada, poderá ser suspensa em lugar honroso e bem destacado, mas nunca usada como decoração, revestimento ou com qualquer finalidade que possa afetar o respeito que lhe é devido.” Por isso aconselhamos os nossos associados a mudar de procedimento. Se quem vai inaugurar as novas instalações for o Presidente da República, basta pedirem a alguém do gabinete da Presidência para enviar antes da inauguração o pavilhão presidencial que será colocado em cima da placa evocativa. Devem informar o gabinete das dimensões da placa para que o pavilhão tenha a dimensão correta. Se quem preside à inauguração for o Presidente da Câmara, pode‑se igualmente pedir emprestada uma bandeira municipal,
sem esquecer de indicar as dimensões da placa evocativa para não terem uma placa minúscula tapada por uma bandeira gigante. Tratando‑se de outra alta entidade, aconselhamos a tapar a placa com um pano ostentando o logotipo da empresa. Se os anfitriões insistirem no uso da bandeira nacional, mesmo depois de lhes ser explicado que não o devem fazer, é necessário garantir pelo menos que depois do descerramento a bandeira ou fica pendurada/desfraldada junto da placa ou alguém a deve dobrar cuidadosamente e guardar. Caso haja bênção, a entidade eclesiástica presente procederá à bênção das instalações junto da placa revestida e, em seguida, quem preside à cerimónia descerra a placa. A placa evocativa do evento mencionará o motivo do ato, o nome e cargo da pessoa que preside à inauguração e a respetiva data. 2. BANDEIRAS NO PALCO Apesar de não ser indispensável ter bandeiras só porque estão presentes altas entidades, em termos de comunicação não‑verbal, um palco com bandeiras confere mais autoridade e credibilidade ao evento. Quanto ao lugar adequado para as colocar, normalmente é o lado direito da mesa da presidência, ou seja, à esquerda de quem observa na plateia. Mas pode ser no centro do palco ou onde tiver visibilidade. Ao colocar bandeiras, se entre elas estiver a bandeira nacional, deve respeitar o que determina o Decreto lei 150/87 de 30 de março, disponível online. Se é assinante da Event Point, no artigo “A bandeira nacional não é um adereço!” publicado na edição 23 encontrará resposta para todas as dúvidas sobre a colocação correta da bandeira nacional em eventos, ou em alternativa pode ler aqui: http://eventpointinternational.com/pt/ item/5‑case‑studies/2169‑a‑bandeira‑nacional‑nao‑e‑um‑adereco.
Isabel Amaral Presidente da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo
OPINIÃO 38
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O FORMATO DOS CONGRESSOS CIENTÍFICOS É O MESMO HÁ DÉCADAS!
TENDÊNCIAS 2020 NOS EVENTOS CIENTÍFICOS/ MÉDICOS A chegada de um novo ano significa sempre um período em que se impõe um mix de reflexão e predição dos próximos tempos.
2019 fez‑se sentir um ano pleno de desafios que exigiu das empresas do setor e principalmente dos meeting desigers uma nova velocidade padrão para absorver e gerir de forma correta toda a evolução tecnológica que inunda o mercado diariamente, a par de todas as regras regulamentares, novos códigos europeus de conduta que impõem restrições e a legislação RGPD. Adivinhamos facilmente um 2020 para o qual talvez a previsão mais segura, para os profissionais desta indústria, seja continuar neste ritmo de velocidade cruzeiro alucinante, para conseguirmos acompanhar todas as mudanças tecnológicas recém‑chegadas e as que com certeza estão para vir. Mas será assim na área dos congressos e reuniões científicos? A par deste desfile interminável de avanços tecnológicos, o mundo das reuniões científicas continua a evoluir? Ou está a atravessar uma fase de apertada restrição regulamentar onde não pode e não consegue abarcar todos estes avanços recentes? Os meetings designers terão o desafio de acompanhar ambos os ritmos e apresentarem soluções de acordo. O formato dos congressos científicos é o mesmo há décadas! São constituídos por sessões plenárias, sessões paralelas, sessões de pósteres, comunicações orais e discussões, alguns introduziram workshops/cursos de pré/pós congresso práticos. Mas a impressão geral é que nada mudou muito a nível nacional! Os tempos evoluem, a tecnologia avançou e as expectativas dos participantes, principalmente dos mais novos, aumenta. Atualmente, os congressistas esperam retorno sobre o tempo que investiram para participar num congresso ou reunião. A geração mais jovem, dos que cresceram com acesso instantâneo à Internet e às redes sociais, vive num mundo de informações digitais e cada vez
mais só está disponível a participar em reuniões científicas se essas reuniões responderem às suas necessidades. Esta geração não hesita em fazer sentir a sua posição com os pés: se algo não corresponder às suas expectativas, eles simplesmente vão embora e fazem questão de o partilhar nas redes sociais e influenciar a sua comunidade. A coexistência desta dualidade conduz‑me a outra reflexão…. Estará a comunidade científica preparada para mudar o formato das reuniões científicas e dos congressos acompanhando as evoluções tecnológicas já identificadas como mais ágeis, mais envolventes e com melhores resultados? Os presidentes de sociedades científicas, de programas de congressos e membros de comités científicos deverão introduzir novos instrumentos nas reuniões científicas que tenham sido já testados e utilizados com sucesso noutros mercados e em ambientes de outro género de reuniões. Teremos todos de adicionar o adjetivo ‘ousadia’ nas propostas que apresentamos se quisermos alterar o formato tradicional de uma sessão científica. Existem imensas ferramentas já disponíveis no mercado, o grande desafio será como introduzi‑las nas sessões científicas, avaliar e decidir ‘o como’ é que estas ferramentas podem ajudar a tornar as sessões mais envolventes e atrativas para os congressistas e de que forma são um veículo positivo de partilha de conhecimento científico, sem que isto signifique ostentação e/ou violação dos códigos regulamentares? Estará a comunidade científica preparada para abandonar o púlpito e fazer conferências estilo TED talk? Para comunicar ciência sem ler slides de costas para o público? Estas alterações vão necessitar de muita ousadia, de abertura e vontade dos profissionais de saúde para reconhecer a necessidade, de se adaptarem e receberem a formação necessária para começarem a implementar novas dinâmicas. Os early adopters tecnológicos da comunidade científica, e que já têm esta abordagem, já não se conseguem imaginar a comunicar ciência noutro formato. Vai por certo recompensar o esforço! Para além da comunicação, temas como alimentação responsável, saudável, sustentável, abordagem consciente dos alimentos consumidos e disponibilizados será outra das prioridades onde as reuniões e congressos científicos terão de evoluir, a par da utilização de materiais recicláveis, da utilização de plástico e da pegada ecológica de cada evento. Votos de um 2020 pleno de Sucesso!
Paula Ferreira de Almeida
Directora comercial da Factor Chave
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PAULA OLIVEIRA: MAIS UM TALENTO PORTUGUÊS AO SERVIÇO DO FUTEBOL INTERNACIONAL Quando se fala em portugueses que se destacam no futebol mundial, pensamos imediatamente em Cristiano Ronaldo ou José Mourinho. Mas nem só de golos e títulos se constrói o sucesso internacional. Do Brasil ao Qatar, da Rússia a Angola, no Porto e em Londres, há uma portuguesa com um curriculum impressionante na área dos eventos desportivos.
Da Liga de Clubes até à FIFA, passando pelo Porto Convention Bureau, a carreira de Paula Oliveira tem sido feita sobretudo em eventos de grande dimensão, lidando com questões tão diversas como o protocolo, hospitality, gestão de acreditação, VIPs e até a logística. Em linguagem futebolística seria o que se chama uma jogadora de equipa bastante polivalente. Na área dos eventos, o melhor prémio é continuar a ser convocada para participar em grandes acontecimentos e é esse o dia‑a‑dia de Paula Oliveira. Da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde estudou línguas, até ao Mundial de Clubes 2019, no Qatar, há um longo caminho. Paula Oliveira explica como tudo começou: “O meu interesse pela organização de eventos começou no Porto Convention Bureau, uma associação sem fins lucrativos que foi criada pela Câmara Municipal do Porto e pelos principais stakeholders da cidade, cujo objetivo era promover o Porto e o Norte de Portugal como destino de turismo de negócios, congressos e viagens de incentivo”. Foi nesta altura que, ao começar a organizar visitas educacionais para os mercados internacionais, sentiu despertar o gosto pela área. Mas seria em 2004, ano determinante para Portugal em termos de eventos desportivos, que a paixão se revelou totalmente. “O meu interesse pelos eventos desportivos, e nomeadamente pelo futebol, começou com a organização do Euro 2004. Um grande evento internacional no meu país! Foram três anos de preparação e planeamento, de muito trabalho e dedicação por parte de uma equipa muito jovem e a maior parte de nós sem grande experiência! Ainda hoje, em todo o lado onde encontro colegas ligados ao futebol, continuam a dizer ‘EURO2004, BEST EVER!”, conta. Paula Oliveira participou na organização do sorteio da fase de qualificação e de vários momentos importantes neste Campeonato Europeu ao longo dos três anos seguintes. Durante o Euro 2004, esteve sobretudo nos estádios do Dragão e do Bessa. E se este campeonato foi intenso para todos os portugueses, Paula Oliveira, nos bastidores, não viveu a prova com menos intensidade. Na cerimónia de abertura e nos jogos, trabalhou para que jogadores, árbitros, público, convidados e jornalistas tivessem todas as condições necessárias para que o campeonato fosse bem‑sucedido. Foi o momento decisivo que a levaria depois a eventos como o Circuito da Boavista, o WTCC, a presidência portuguesa da União Europeia e várias provas da UEFA e da FIFA, em Portugal e fora do país. Os últimos anos foram passados a trabalhar na organização de eventos desportivos em Angola (CAN 2010), Polónia (Euro 2012), Brasil (Mundial 2014), França (Europeu 2016 e Mundial Feminino 2019), Rússia (Mundial 2018) e Qatar (Mundial de Clubes 2019 e Arabian Golf Cup 2019). Ao mesmo tempo, continuou a trabalhar em Portugal, em projetos como lançamentos do mercado automóvel, congressos, festivais e também na Liga Portuguesa de Futebol Profissional (2017‑2019).
O currículo impressiona mas, para Paula Oliveira, o maior feito foi “conhecer novos países, pessoas de países tão diferentes como Argentina, Austrália, Uruguai, México, Geórgia, Rússia, Qatar, Líbano, Egipto, Grécia, Alemanha e conseguirmos todos trabalhar juntos, criar uma equipa, às vezes com as dificuldades das línguas, e no final ficarmos orgulhosos do trabalho que realizámos”. Assim, mais do que experiências no curriculum, conquistou memórias para toda a vida: “Os grandes eventos ficam sempre na memória de toda a gente e nós ficamos com amigos para toda a vida! O Euro 2004, a final do Mundial no Maracanã e, este ano, a Final do Mundial de Futebol Feminino foram momentos marcantes e emocionantes da minha experiência”, confessa. A portuguesa já está habituada a grandes finais, a eventos vistos por milhões de pessoas e que custam muitos milhões de euros. A pressão, porém, parece ser esquecida, assim como o cansaço. “Sou uma apaixonada pelo meu trabalho! Adoro aquilo que faço! Trabalhar em eventos é não ter horários, não ter um dia igual ao outro, fazer viagens, andar 20 km por dia, conhecer pessoas novas, novos lugares, novas formas de trabalhar! Chegar ao fim de um evento e ver como esse evento fez a diferença na vida das pessoas e de quem nele participou, é uma grande sensação de orgulho pelo trabalho desenvolvido”. Por isso, também não quer falar em eventos mais desafiantes do que outros. “Cada evento tem sempre a sua particularidade e exigência! Inovar, ser criativo e fazer sempre um evento que marque a diferença é um grande desafio”, sublinha.
A experiência no Qatar No final de novembro, quando falou com a Event Point, Paula Oliveira estava a trabalhar com o Supreme Committee for Delivery and Legacy como Hospitality RES Specialist para a organização da 24ª edição da Arabian Golf Cup e para a organização do FIFA Club World Cup 2019, ambas no Qatar. “Descrever um dia típico é muito difícil”, admite, exemplificando: “Quase nunca temos dias iguais na organização de um evento, principalmente numa fase de implementação. Quando as coisas correm bem, temos dias mais calmos, outras vezes são precisas horas extras de trabalho. Costumo dizer que um jogo de futebol começa às X horas do dia Y. As coisas têm que estar prontas de forma a que o jogo comece, os convidados e os espectadores entrem e as equipas estejam em campo. Acho que muito poucas pessoas têm noção do trabalho que está por trás da realização de um grande evento como um Europeu ou um Mundial. São muitas horas de dedicação e trabalho de uma grande equipa de áreas tão diferentes”. A sua vasta experiência internacional faz com que possa olhar,
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A fórmula mágica dos portugueses de uma forma bastante analítica, para as diferenças entre a organização de eventos em Portugal e noutras partes do mundo. “Apesar de, em Portugal, as coisas terem mudado nos últimos anos, ainda continuamos a achar que qualquer um pode fazer eventos. Já existem muito boas empresas e que trabalham muito bem em diferentes áreas (montagem de tendas, digital, impressão, design) e não ficam nada atrás do que tenho visto em vários países. Nesta área, creio que temos que ser um pouco mais profissionais e levar a organização de eventos a sério, tirando partido da capacidade excecional que nós, portugueses, temos de fazer coisas bem‑feitas”. “A experiência no Qatar tem sido muito boa, mas acho que também aqui estão numa fase de aprendizagem para o Mundial de Futebol. Por isso estão a preparar‑se com todos estes eventos. É um país muito diferente, com uma cultura própria e uma forma de estar e trabalhar muito particular”, revela. A possibilidade de lidar com todas estas diferenças culturais e organizacionais é, para Paula Oliveira, uma das maiores vantagens da sua atividade profissional. “É uma das coisas fantásticas de trabalhar em eventos internacionais em diferentes países. Nós temos a experiência, mas quando chegamos temos que nos adaptar a uma nova realidade, a uma nova cultura, uma nova forma de estar. Os eventos desportivos moldam‑se a cada país. Temos que nos adaptar ao país e não impor nada. Este é o lado enriquecedor de participar nestes eventos. Estou aqui há dois meses e sei que vou chegar a Portugal com uma grande aprendizagem sobre os países do Médio Oriente, pois tento sempre aprender a história, as tradições, a culinária, as pessoas dos países que nos acolhem. Nós temos o know‑how, mas eles têm o conhecimento local”.
É quase um clichê, mas os portugueses são conhecidos pela forma como improvisam soluções e conseguem ter tudo a funcionar, mesmo que seja preciso trabalhar até ao último minuto. Será que Paula Oliveira partilha desta ideia? “Muito mesmo! Acho que é por isso mesmo que gostam de trabalhar connosco. O português consegue sempre encontrar uma solução e um caminho para resolver problemas. Nos eventos, há uma fase de planeamento, mas mesmo que o planeamento seja bem feito, acontecem sempre imprevistos pois estamos a lidar com pessoas e com situações de stress. Ao contrário de outras nacionalidades que bloqueiam perante um problema, nós encontramos aquela fórmula mágica de dar a volta de forma simples!”, elogia. Já no que respeita às eventuais dificuldades de uma mulher em singrar numa área tão tradicionalmente masculina como o futebol, Paula Oliveira considera que “é uma ideia completamente ultrapassada hoje em dia”. “Nunca tive problema algum em trabalhar no futebol e sempre fui muito bem aceite pelos homens. As mulheres têm muito a dar ao futebol e creio que devia haver mais mulheres nesta área! Não digo que não haja exceções e já me aconteceu, mas quando percebem que sabemos do que estamos a falar, mudam logo de atitude! Mesmo aqui no Qatar, fui muito bem aceite por todos os colegas! Acho que posso dizer que os homens deste ‘mundo’ sabem que a mulher pode fazer a diferença e pode trazer novas formas de trabalhar para o futebol”. Com tantos eventos realizados e tantas experiências somadas, qual foi o maior ensinamento que retirou? A resposta é perentória e prova que, em eventos para pouca gente ou para milhões de pessoas o princípio é o mesmo: “Aprender a ultrapassar os problemas em equipa e aprender a ser humilde e respeitar toda a gente. Num evento TODOS são importantes para o sucesso do nosso trabalho!”. Olga Teixeira
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CONSULTÓRIO DE PROTOCOLO As especialistas de protocolo e imagem, Cristina Fernandes e Susana de Salazar Casanova, respondem às perguntas dos leitores da Event Point. Se quiser participar envie um e‑mail para info@eventpointinternational.com.
É obrigatório numa cerimónia institucional ter bandeiras (Portugal, UE, etc.)? Não existe obrigatoriedade de colocação de bandeiras em eventos/ cerimónias não oficiais, mas não estamos certas de que se refira na pergunta apresentada a contexto oficial ou não oficial. Contudo numa cerimónia com a presença de altas individualidades do Estado (designadamente dos representantes dos órgãos de soberania) e, se o formato da cerimónia assim o permitir, verifica‑se a prática de colocação da Bandeira Nacional, normalmente acompanhada pela bandeira da União Europeia (e, eventualmente, outras, em função das necessidades de representatividade, nomeadamente de outros Estados). A decisão de colocação de bandeiras num evento/ cerimónia está relacionada, também, com a mensagem/imagem que se pretende transmitir, de maior ou menor formalidade.
Devemos por títulos nos badges? Ou só o nome do participante? Partindo do pressuposto que se refere a títulos académicos, a resposta é negativa, não os devemos mencionar. Outros títulos, como por exemplo patentes militares e títulos eclesiásticos, sim, devem ser mantidos. Em nosso entender, é importante que haja coerência no evento também no que se refere à utilização, ou não, de títulos. Por exemplo, se o anfitrião opta por não mencionar títulos académicos, então nenhum elemento de comunicação do evento os deve indicar. Num evento com o Presidente da República de que forma se deve identificar a cadeira onde ele se deve sentar? A cadeira do Presidente da República não é identificada pois, sendo o mesmo acompanhado por alguém, sempre, ao lugar que lhe cabe, esta prática é desnecessária. Além deste aspeto, sendo o lugar do Presidente da República o primeiro lugar protocolar, a identificação tornar‑se‑ia deselegante. Cristina Fernandes & Susana de Salazar Casanova
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O SETOR MICE TEM SIDO UMA APOSTA FORTE DA REGIÃO
FUNCHAL: CIDADE AUTÊNTICA E COM IDENTIDADE A Madeira é conhecida por ser uma ‘pérola do Atlântico’. E, de facto, é uma ilha preciosa em gentes genuínas, património e cultura com identidade. No Funchal leva‑se a sério a autenticidade. E todas as suas mais‑valias estão ao dispor de quem visita a cidade, seja em lazer, seja em negócios.
É à planta do funcho, Foeniculum Vulgare, que a cidade do Funchal deve o seu nome. Existe em abundância na ilha e está presente na gastronomia e na doçaria regional. Mas também o vinho da Madeira, a poncha e o bolo do caco se tornaram símbolos locais. E se há sítio onde se come e bebe bem é lá, nesta ilha rodeada pelo Atlântico. A Capela do Corpo Santo, a Igreja do Socorro e a Fábrica de Chapéus fazem parte da zona velha do Funchal. A cidade é rica em património cultural e museológico. Conta com o Museu da Fotografia da Madeira – Atelier Vicente’s, o Museu de Arte Sacra, o Instituto do Vinho, Bordado e Artesanato da Madeira, o Museu do Brinquedo e, entre outros, o Museu CR7, dedicado ao futebolista Cristiano Ronaldo, que leva mundo fora o nome da ilha e de Portugal. E depois há também a Sé do Funchal, a Igreja de São João Evangelista, o Teatro Municipal Baltazar Dias ou a Fortaleza de São Tiago. E pelo caminho é possível apreciar também os diversos monumentos que se espalham pela cidade, em homenagem ao trabalhador, à bordadeira, ao emigrante ou ao empresário, os vários parques e jardins, e também
os muitos miradouros de onde é possível admirar a terra e o mar. Um dos locais de passagem obrigatória é o Mercado dos Lavradores, que data de 1940, onde se encontram flores, frutas, vegetais, produtos tradicionais e artesanato típico, numa festa de cores e de cheiros. É no Mercado dos Lavradores que se realiza um dos grandes eventos da cidade, a Noite no Mercado, que a 23 de dezembro enche os visitantes de alegria, com dança, música e gastronomia ao longo da noite. Este é um dos eventos famosos do Funchal, conhecido também por outras iniciativas, como a Festa da Flor e a noite de Passagem de Ano. Eventos que levam turistas à cidade ao longo de todo o ano. Mas há mais para ver e para fazer, como aproveitar a montanha para caminhadas, percorrendo percursos pedestres, para a observação de aves ou para a prática de BTT; mas também aproveitar o mar, para a observação de cetáceos ou para a prática de mergulho. São muitas as atividades junto da natureza, que podem ser usufruídas pelos turistas, que visitam a ilha nas férias ou numa lógica de incentivos, ou como complemento de uma visita de negócios.
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Um destino MICE O setor MICE tem sido uma aposta forte da região – o Funchal tem, por exemplo, o Centro de Congressos da Madeira –, que se afirma como destino para a realização de conferências, congressos, eventos, incentivos e reuniões de trabalho. “A Madeira está cada vez mais dotada dessas infraestruturas. Hoje, não só as unidades hoteleiras dispõem de capacidade de oferta, como também as infraestruturas públicas têm essa mesma capacidade instalada. Tem sido um mercado procurado essencialmente por empresas que querem aqui realizar eventos”, referiu Eduardo Jesus, secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira, em declarações à Event Point, à margem do Congresso da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, que decorreu no Funchal, de 14 a 17 de novembro. O responsável sublinhou a importância da animação turística, uma oferta de animação “muito diversificada” e alicerçada na prática de atividades de montanha ou no mar e na oferta cultural, “que vai desde a gastronomia, aos costumes, aos hábitos e às tradições”. Tudo isto tem permitido “a atração de boas propostas para a Madeira”.
Em outubro, a Madeira foi distinguida nos World Golf Awards como Melhor Destino de Golfe Emergente do Mundo. Um reconhecimento que resulta de um trabalho da Associação de Promoção da Madeira com os três campos de golfe da região (Madeira e Porto Santo). Isso permitiu verificar se a procura da Madeira por empresas inclui a prática do golfe. “Percebeu‑se logo a janela de oportunidade que uma distinção como essa faz a uma reorganização interna de produto, como foi esse do golfe, canalizando para cá pedidos de interesse”, frisou Eduardo Jesus, que lembrou também o trabalho que tem sido feito no que toca à captação de negócios, havendo um plano de ação implementado nesse sentido. “É trazer para cá negócios, é trazer para cá investimento. E aí a Madeira também tem sido posicionada de uma forma diferente, por aquilo que se faz no âmbito do empreendedorismo. As startups da Madeira têm vindo a ganhar um espaço interessante no panorama mundial.” Startups que “são também um chamariz para que se possa ver a Madeira de outra forma e, acima de tudo, alicerçada numa vontade que está baseada na inovação e na área tecnológica”.
© Jim & Robin Kunze
Capacidade de resposta O Savoy Palace e o Pestana Casino Park, no Funchal, foram os hotéis oficiais do 45º Congresso da APAVT. O primeiro conta com um grande e flexível espaço para eventos e foi lá que decorreram todas as sessões do congresso. “Estamos a assistir a um congresso onde participam 750 pessoas e este é um espaço generoso para acolher todas elas”, referiu Eduardo Jesus, sublinhando também “toda a capacidade de resposta”, no que toca à alimentação, fruição e animação; a tudo o que complementa os eventos – um “sistema complexo” a que a Madeira consegue responder. “E a prova evidente é este congresso que aqui está.” Em termos de capacidade hoteleira, “o Funchal está bem servido e tem vindo a fazer um trabalho interessante, não só com novos investimentos, mas, acima de tudo, com a requalificação da nossa oferta” – uma prioridade, para onde têm sido direcionados apoios,
estímulos e incentivos. “Muita da oferta que hoje existe, alicerçada em hotéis que eram dos anos 60, 70 e 80, é completamente nova. Houve aqui um passo enorme e essa aposta da requalificação é propositada, porque não temos como objetivo o crescimento da oferta de camas de forma descontrolada”, disse, acrescentando: “Isto fez com que olhássemos para o produto e para a oferta de uma forma muito consciente. Não interessa crescer descontroladamente e depois não ter capacidade de dar resposta. Interessou‑nos a requalificação e o Funchal beneficiou, e bastante, desta política.” O Funchal é um destino cheio de potencial para o turismo de negócios. Um jardim no Atlântico com condições para acolher quem quer investir ou realizar os seus eventos. É também um local com qualidade de vida e que surpreende quem quer fugir à confusão das cidades congestionadas. Um local com identidade.
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Três perguntas a Eduardo Jesus Os eventos têm um peso significativo no número de visitas à Madeira? Os eventos têm uma relação direta com o número de visitas e é por isso que a Madeira procura ter eventos durante todo o ano. É a forma mais direta de se combater o efeito da sazonalidade. A Madeira continua a ser a região que apresenta melhores índices de sazonalidade e isso tem a ver com este alimentar permanente e consolidado ao longo de doze meses. Interessa‑nos ter eventos fortes em todos os trimestres. E isso porque é através dessas manifestações, que têm a grande particularidade de procurar envolver quem nos visita na realização, na concretização desses mesmos eventos, que traz a apetência deste destino. Hoje a disputa pelos destinos é feita de variadíssimas formas, onde aquilo que acontece no destino determina muito a vontade de viajar. Qual é a oferta do Funchal para o setor dos eventos? A oferta que temos acaba por ser uma oferta que é tão natural como aquela que oferecemos a todo o turista que nos visita. Porque temos alicerçada na animação turística uma oferta muito específica. É facílimo um grupo que vem à Madeira, numa lógica de incentivos, encontrar muito rapidamente uma operação montada que envolva o desfrute da montanha e que seja uma prática destinada mais para seniores ou uma prática mais radical destinada para públicos mais jovens. Hoje encontram‑se, desde o radical ao mais conservador, momentos de fruição da montanha. Isto para dizer que é a combinação de tudo aquilo que já é a nossa oferta normal que se montam em pacotes específicos e que fazem a diferença também para os eventos. O património natural e a autenticidade das gentes são as grandes mais valias turísticas do Funchal? Sim, sem dúvida. São essas e não queremos outras. E por uma razão muito simples. Porque nós encontramos na montanha, no mar e na cultura aquilo que nos diferencia. E este é um destino autêntico. Aquilo que se encontra na Madeira tem de ser autenticamente nosso, tem de ser aquilo que é genuinamente nosso, aquilo que nos faz diferentes e que, por essa diferença, é uma novidade seja lá para quem for. É isso que nós também, madeirenses, gostamos de encontrar quando vamos a um qualquer destino. E os destinos que considero, e esta é uma expressão minha, ‘destinos honestos’ são os destinos que têm por base esta preocupação do genuíno e da identidade.
Maria João Leite* *Viajou para o Funchal a convite da APAVT
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O PASSE DO INTERRAIL PERMITE CRIAR INCENTIVOS SUPER FLEXÍVEIS E INOVADORES © Ramy Salameh
A FOTOGÉNICA NUREMBERGA
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A DE HOORN BREWERY, LEUVEN
UM “INCENTIVO” PARA TRABALHAR: COMBOIOS, CERVEJAS E CIDADES HISTÓRICAS A Eurovisão vai chegar a Roterdão em 2020. Um evento ideal para uma cidade que é vista como uma das mais cool da Europa. O facto da Eurovisão ir tomar conta do “Rotterdam Ahoy”, um venue que vai abrir as suas portas em 2020, é também um reflexo da expansão rápida da cidade como destino para reuniões e eventos.
Uma coisa é certa, haverá um clamor por ideias para incentivos antes, durante, e depois da Eurovisão e a emergência de Roterdão e da Europa enquanto especialistas de cerveja artesanal vai ajudar a potenciar novas oportunidades, novas inaugurações e bares lotados. O facto do Eurostar agora operar um serviço direto de Londres até Roterdão, significa que a ferrovia vai ter um papel significativo no transporte dos superfãs da Eurovisão, mas também é uma alternativa para organizadores de incentivos que estão à procura de oferecer aos clientes uma forma cénica, sustentável e relaxada de corporate team building e bonding, e ao mesmo tempo indo de encontro às expetativas do trabalhador Millennial e da Geração Z. Uma ideia de incentivo pode
ser uma hopping tour de comboio pelas cervejarias, usando o passe “Interrail”, e começando precisamente nesta cidade holandesa. O que é interessante é que o Interrail, que desde a sua criação em 1972 era exclusivo para jovens viajantes, está agora aberto a todas as idades e é uma excelente opção para quem quer viajar com um tema. O passe permite criar incentivos super flexíveis e inovadores, oferecendo diversas possibilidades de duração, começando por três dias, até a um mês, de forma a ir de encontro às necessidades do cliente. Numa viagem recente, explorei quatro das cidades europeias mais ligadas à cerveja e às cervejarias, numa descoberta dos mais entusiasmantes programas que podem ser criados para team buildings e incentivos.
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A ARQUITETURA ICÓNICA DA ESTAÇÃO CENTRAL DE ROTERDÃO
Roterdão reciclado Roterdão tem uma cultura de cerveja artesanal emergente, que casa perfeitamente com a descrição da cidade enquanto “laboratório vivo”, um local de inovação urbana, sustentabilidade e experimentação. Exemplo disso é o “Vet & Lazy”, uma fábrica de cerveja artesanal, localizada nas entranhas da “Tropicana”, um antigo complexo de piscinas subtropical, que hoje lidera a economia circular da cidade. A fábrica promove iniciativas sustentáveis, incluindo a criação de uma cerveja residual fabricada a partir de grãos de café do bar orgânico “Aloha Bar”, também localizado na Tropicana. A partir daqui, uma pequena viagem de táxi de água no rio Mass leva‑nos até ao jovem mestre de cerveja, Jazze Post. A operar na “Thoms Stadsbrouwerij” (cervejaria), localizada dentro das muralhas da cidade, Post refere: “temos a Thoms Pilsner, Pale Ale e a IPA e estas cervejas vêm diretamente dos tanques que estão em cima do bar, e o sabor único advém do facto de serem não pasteurizadas e não filtradas. As nossas mesas self service são muito populares, especialmente durante os eventos da Oktoberfest”, diz, apontando para o tamanho do mais comprido bar de Roterdão. A diversificada visita a Roterdão incluiu um jantar no popular “De Matroos”, antes de partir da monumental “Centraal Station”. Do comboio observam‑se os parques eólicos e a vida suburbana, e rapidamente cruzamos a fronteira belga para chegar finalmente a Leuven.
Leuven – A capital belga da cerveja Leuven é conhecida como a “capital da cerveja”. Um local onde a cultura cervejeira e a universidade fazem parte do tecido da cidade. Os tentáculos da Katholieke Universiteit Leuven espalham‑se por quase todos os aspetos da vida, incluindo na investigação da ciência na base da cerveja, usando como parte do campus o conjunto de edifícios “Great Beguinage”, do século XIII, que chegou a ser uma comunidade fechada de mulheres devotas, e hoje é um local classificado pela UNESCO. Inserido na universidade está também o KU Leuven Insititute for Beer Research. Durante um período de três semanas em abril, Leuven abre as portas a uma série de tours de cerveja, provas e visitas a fábricas. A cidade é conhecida pela sua cerveja excelente e recebe grande parte das cervejas inovadoras e artesanais da Bélgica, utilizando um venue inigualável na fábrica histórica De Hoorn, onde antes se produzia a Stella Artois. O primeiro evento é o “Leuven Beer Innovation Festival”, uma plataforma para cervejas tradicionais inovadoras. A este segue‑se o “Food and Hops”, com tours em volta da cerveja, e culminando no “Zythos Beer Festival”, o maior festival de cerveja da Flandres e imperdível para qualquer fã de cerveja, que assim tem a oportunidade de explorar mais de cem cervejarias, que produzem mais de 500 tipos de cerveja. Estudante + cerveja foi sempre uma fórmula ganhadora. Leuven
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MICRO‑CERVEJARIA HOF TEN DORMAAL, LEUVEN
comprova esta equação, com a mais antiga universidade belga, que data de 1425, e a maior empresa de cervejas, a “AB inBev”, produtora da Stella Artois. A propósito, uma visita a esta fábrica permite perceber a grandiosa operação que está ali em marcha. A vibrante e jovem Leuven é enquadrada por edifícios históricos. Percorrendo a artéria principal que sai da estação de comboios, chegamos ao Grote Mark (praça principal), ao “Oude Markt”, e à biblioteca da universidade em Ladeuzelplein. Filas e filas de bicicletas cruzavam o Grote Markt em frente a duas esculturas, a igreja gótica do século XV St. Peter, e o espetacular edifício “Stadhuis” (Câmara Municipal). Repleto de bares, e conhecido como “o mais comprido bar da Europa”, o Oude Markt é conhecido pelos frontões de estilo flamengo, pelos edifícios da KU Leuven, pelos quais todos os estudantes passaram, e pela biblioteca de estilo flamengo e renascentista, um outro local imperdível para os estudantes. Já um pouco fora da zona mais antiga de Leuven fica a “Vaartkom & Sluisstraat”, um antigo distrito industrial que foi transformado e regenerado, tendo como centro o edifício da antiga cervejaria “Brouwerij De Hoorn”, onde em 1926 a primeira Stella Artois foi produzida. A linhagem da cervejaria remonta a 1366, antes de Sebastian Artois assumir o cargo de mestre cervejeiro em 1708. É perto de Vaartkom que a Stella Artois moderna é hoje “bombeada” para mais de 80 países e é possível fazer tours, sendo que o mesmo acontece em micro‑cervejarias artesanais nos arredores da cidade. A nossa visita ao “Hof Ten Dormaal”, uma cervejaria/quinta familiar, onde cultivam os próprios grãos e lúpulo, antes de os transformar numa emocionante variedade de cervejas artesanais, foi uma viagem liderada por Jef Jansses, o mestre cervejeiro. Jansses não hesita: “não temos medo de experimentar”, enquanto colocava em cima da mesa uma cerveja de “cânhamo” chamada “Summer of 67”, e uma edição limitada da Belgian Blond Ale 12%, envelhecida em barris de Jura [whisky], deixando à mostra o braço todo tatuado.
Nuremberga – Túneis e cerveja vermelha Nuremberga é uma cidade MICE impressionante. Alberga mais de 120 feiras nacionais e internacionais, que recebem mais de 35 mil expositores, e mais um milhão e meio de visitantes (26% deles estrangeiros). Algumas das mais importantes são a Feira dos Brinquedos, a BioFach (produtos orgânicos), a It‑sa (segurança informática), FachPack (packaging), a BrauBievale (feira da cerveja). O Nuremberg International Congress tem um novo pavilhão, o “3C”, desenhado pelo grande Zaha Hadid que ajuda a consolidar o fluxo de delegados. 70% de todas as pernoitas são relacionadas com negócios, sejam visitas a feiras, congressos ou viagens de negócios. Por isso, há uma grande necessidade de explorar, compreender e experienciar a cidade, e uma dessas formas é debaixo do solo, nos históricos túneis da cerveja. “A cerveja salvou‑nos!” Este era o sentimento dos habitantes de Nuremberga que sobreviveram aos bombardeamentos aliados durante a II Guerra Mundial, refugiando‑se nos celeiros de cerveja subterrâneos do século XIII, que levaram 400 anos a completar. Esta não foi a única vez que a cerveja foi vista como salvadora, uma vez que muitas vezes substituiu a água não potável na Idade Média. As paredes de arenito vermelho que se encontram ainda marcadas pelos escavadores e as placas fluorescentes, que brilham no escuro, iluminando as saídas do período da Segunda Guerra Mundial, assim como as leis de pureza de fabricação de cerveja de 1303, decretadas pelo conselho de Nuremberg, ainda hoje caracterizam a cidade. A nossa descida começou mesmo atrás da estátua de Albrecht Dürer que, assim como a casa onde viveu o pintor, datada do século XVI, sobreviveu intacta à II Guerra Mundial. A rede de túneis tem quilómetros e passa por exemplo por baixo do Castelo, um dos mais importantes palácios reais do Sagrado Império Romano, e que é um dos locais mais fotogénicos de Nuremberga. A tour terminou quando emergimos, com os olhos ainda a habituarem‑se à luz do dia, no pátio da cervejaria “Hausbrauerei Altstadthof”, para provarmos a maltada Rotbier (cerveja vermelha) e o whiskey single malt (feito de cerveja destilada). Depois de passarmos a fronteira de florestas de pinheiros entre a Alemanha e a República Checa, chegamos ao nosso último destino: Pilsen.
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CÂMARA MUNICIPAL DE PILSEN
A SIMPATIA DA FISCAL NA VIAGEM ENTRE ROTERDÃO E LEUVEN
Pilsen – Cerveja em cima e debaixo do solo No topo da torre sineira da Igreja de São Bartolomeu na Namesti Republiky (Praça da República), percebe‑se a história, herança e indústria presente na manta de retalhos dos telhados, de onde se vislumbra desde as chaminés sinuosas que representam a atual indústria da Pilsen e a mundialmente famosa fábrica de cerveja Pilsner ‘Pilsner Urquell’. Outros edifícios notáveis incluem a Grande Sinagoga, num elaborado estilo romanesco e mourisco, e os frescos renascentistas presentes na fachada da velha câmara municipal. Tal como em Nuremberga, a história de Pilsen tem uma dimensão subterrânea, com quilómetro de túneis abobadados do século XIV, acessíveis pelo Pilsner Historical Underground Museum. Depois do portão de ferro forjado ser fechado, vêmo‑nos de novo atrás do nosso guia, a serpentear os túneis, enquanto ele explicava alguns achados medievais e dava conta dos poços de água, que durante um período chegaram a ser mais de 300. Esses túneis teriam ligação, em algum momento, com as adegas de cerveja da nossa próxima paragem, a “Pilsner Urquell Brewery”, a vários quilômetros de distância, e que foi fundada em 1839 sob a administração do mestre cervejeiro bávaro Josef Groll, que criou a primeira Pilsner‑lager, em 1842. Isto tudo foi explicado maravilhosamente durante a nossa tour à cervejaria, enquanto descíamos ao complexo de celeiros, e nos servíamos
da nossa própria Pilsner diretamente dos barris de carvalho. No país que consome mais cerveja per capita do mundo, a possibilidade de banharmo‑nos na “Purkmistr microbrewery”, nos arredores de Pilsen, não constituiu uma surpresa. Talvez este seja “O” incentivo para muitos e uma maneira ajustada de terminar esta viagem de comboio. Ser submergido em litros e litros de cerveja não pasteurizada e não filtrada, misturada com água com lúpulo triturado e levedura de cerveja, propicia a circulação sanguínea e a nutrição da pele. A única torneira associada ao banho, era aquela que permitia encher o copo de cerveja. Estas ideias podem ajudar os organizadores de eventos a pensar num tema e numa jornada via Interrail. Com um acesso a 31 países europeus, o único limite é a imaginação. MAIS INFORMAÇÕES: Interrail ‑ www.interrail.eu Rotterdamandpartners – www.rotterdampartners.nl Visit Leuven ‑ www.visitleuven.be Visit Nuremberg ‑ www.tourismus.nuernberg.de Visit Pilsen ‑ www.pilsen.eu/en/tourist Ramy Salameh
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