Event Point 27

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ANO VIII NÚMERO 27 TRIMESTR AL ABR, MAI E JUN DE 2018 5,00 €

EXPO’98, O EVENTO QUE MARCOU PORTUGAL GRANDE ENTREVISTA: ANTÓNIO GOUVEIA SANTOS FORUM BRAGA DISCUTE O TURISMO DE NEGÓCIOS




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Ficha Técnica PROPRIETÁRIO Estação Livre, Comunicação Tel: 939 093 030 | info@eventpointinternational.com www.eventpoint.pt SEDE DA REDACÇÃO Rua da Fábrica Social, s/n 4000‑201 Porto | Portugal

Índice 06 A Importância Dos Eventos Na Promoção Do Destino, por Luís Araújo

DIRECTOR Rui Ochôa [rui@eventpointinternational.com] EDITORA / DIRECTORA DE INFORMAÇÃO Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpointinternational.com] REDACÇÃO Maria João Leite [mj@eventpointinternational.com] Sara Marques [info@eventpointinternational.com] Alexandra Noronha [alexandra@eventpointinternational.com] DIRECTOR COMERCIAL Filipe Silva [filipe@eventpointinternational.com] ASSISTENTE DE DIRECÇÃO Rita Costa

08 Dossiê temático: EXPO’98, O Evento Que Marcou Portugal 16 Festival Eurovisão da Canção 18 Espaço IPAM 20 Especialista: Graça Canto Moniz

CONSELHO CONSULTIVO Alexandra Torégão, Ana Fernandes, António Gouveia Santos, Isabel Amaral, João Luís Moita, João Paulo Oliveira, Joaquim Pires, Jorge Vinha da Silva, Maria José Alves, Nuno Pinto Magalhães, Paulo Campos Costa, Pedro Magalhães, Pedro Ribeiro, Pedro Rodrigues e Sandra Antunes TRADUÇÕES Diana Reis Marques COLABORAM NESTA EDIÇÃO Luís Araújo e Manuel Macías DESIGN Norma Design [geral@normadesign.com] FOTOGRAFIA DE CAPA Jorge Leal

24 Grande Entrevista: António Gouveia Santos 31 Empresas 36 Espaço APECATE

FOTOGRAFIA Minifoto IMPRESSÃO Norprint ‑ a casa do livro Zona Industrial Alto da Cruz Rua das Artes Gráficas, nº 209 4780‑739 Santo Tirso | Portugal Nº REGISTO ERC 126066 DEPÓSITO LEGAL 330066/11 TIRAGEM 3.500 exemplares PERIODICIDADE Trimestral ESTATUTO EDITORIAL www.eventpointinternational.com/pt/content/18‑about‑us É estritamente proibida a reprodução parcial ou integral de textos ou ilustrações da Event Point. As informações contidas nos anúncios são da exclusiva responsabilidade dos anunciantes. Consequentemente, não podemos ser responsabilizados por qualquer informação incorrecta que se possa verificar. A Event Point não adoptou o Novo Acordo Ortográfico

38 Forum Braga Discute O Turismo De Negócios 40 MICE: Aprender para crescer, por Manuel Macías 42 Espaço APOREP 44 Event Point Talk na Expo Sync 46 Bleisure 48 Consultório de Protocolo 50 Destino internacional: Praga 56 Directório


CL ÁUDIA COUTINHO DE SOUSA

RUI OCHÔA

Expo’98: 20 Anos Depois Parece quase impossível, mas a Expo’98 foi há 20 anos! Para muitos este consistiu no instante zero do sector dos eventos em Portugal. A Exposição Mundial serviu de escola a profissionais e a empresas de diferentes áreas que se vieram depois a fixar no sector dos eventos. Um impulso que viria mais tarde a ser reforçado pelo Euro 2004 ou, mais recentemente, pelo Festival da Eurovisão. Assinalando estas duas décadas, fomos ouvir cinco pessoas que estiveram lá, no terreno da Expo, e que são elas próprias testemunho de um legado fundamental. Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal (TP), apresenta‑nos aquela que tem sido a estratégia da instituição para o segmento da meetings industry, destacando a necessidade de gerar negócio para o país inteiro, o ano inteiro, e elencando os instrumentos que o TP tem colocado à disposição do mercado, para que em última instância mais eventos venham e se façam em Portugal. A grande entrevista desta edição é feita a António Gouveia Santos, director geral do Centro de Congressos da Alfândega do Porto. Uma conversa com vista para o Douro, onde sobressai a ética de trabalho deste gestor, que valoriza, acima de tudo, o bem‑estar das pessoas que trabalham consigo neste venue multi‑premiado nacional e internacionalmente. José Saleiro, da APECATE, traça um panorama, ora luminoso, ora sombrio, do turismo náutico em Portugal. Veja este resumo acutilante, que é também um grito simultaneamente de desespero e de esperança. Finalmente, siga a Cláudia Coutinho de Sousa numa viagem guiada a Praga, e ao esforço da capital checa para se posicionar como um dos principais destinos mundiais para o sector MICE.

Boas leituras, e até breve!


OPINIÃO 6

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A Importância Dos Eventos Na Promoção Do Destino A realização de grandes eventos internacionais é de enorme importância para o destino Portugal, tanto que se tornou um pilar da nossa estratégia turística. Antes de mais, porque nos dá uma grande visibilidade nos mercados emissores, permitindo mostrar o que temos de melhor e, com isso, captar mais turistas e continuar a crescer sustentadamente. Depois, porque o turismo tem uma estratégia nacional bem definida ‑ Estratégia Turismo 2027 ‑, na qual a organização e realização de eventos de cariz empresarial, motivacional ou de lazer, é considerada um dos activos estratégicos do destino, com a capacidade de projectar a imagem do país, aumentar a notoriedade do destino nos mercados internacionais e gerar novas procuras e atractividades ao longo de todo o ano e em todo o território.


Assim, dada a crescente importância estratégica deste segmento, o Turismo de Portugal entendeu que era indispensável a criação de uma equipa especializada e exclusiva para a área de Meetings & Incentives (MI). O seu objectivo principal é, precisamente, apoiar os operadores nacionais ‑ Convention Bureaux e entidades privadas ‑ a reforçar a percepção de Portugal enquanto destino para a realização de eventos e a aumentar a visibilidade das empresas nacionais com ligação a este segmento. Esta contínua articulação entre agentes públicos e privados permite um maior fluxo da informação, uma maior eficácia na utilização dos recursos e um maior compromisso entre os vários agentes do sector no sentido de, através da partilha do conhecimento, melhorarem a performance. Adicionalmente, foi desenvolvida uma plataforma que agrega toda a informação pertinente sobre eventos em Portugal ‑ www.meetingsinportugal.com ‑, desde dados sobre o destino e informação relativa aos eventos mais relevantes a ter lugar em Portugal até um directório de prestadores de serviços associados a este segmento. Esta plataforma possibilita assim solicitar propostas e orçamentos para projectos específicos, tornando‑se numa ferramenta de trabalho com capacidade de concretização efectiva. A captação e realização de congressos e eventos é incentivada também através de um instrumento financeiro, especialmente dirigido às empresas do sector: o Fundo de Captação de Eventos Corporativos e Congressos Internacionais considera, como critérios de validação, o número de bednights que cada evento prevê gerar, em função do número esperado de participantes. Actualmente, há mais de 300 empresas a beneficiar deste incentivo. A este propósito importa também salientar o facto de o Turismo de Portugal ter desenvolvido uma linha de apoio para incentivar a realização de eventos e congressos nos concelhos mais afectados pelos incêndios de 2017. Neste caso, o programa permite o enquadramento de eventos que envolvam entre 15 e 299 dormidas, assentando a intensidade do apoio financeiro num critério base de 22€/dormida, havendo lugar a uma majoração, correspondente a mais 25% sobre o valor base do apoio a conceder, para eventos que ocorram durante o período de inverno IATA. O retorno e efeito multiplicador da estratégia implementada e dos grandes eventos internacionais organizados em Portugal vai certamente muito além dos números de que dispomos. Em 2017, foram organizados 61 eventos e congressos internacionais em todo o país, sendo que para 2018 estão previstos cerca de 97 eventos ‑ 11 dos quais realizados nas zonas atingidas pelos incêndios do ano passado (dado o volume de candidaturas submetidas estamos confiantes de que o número efectivo será superior). Além disso, ao longo de todo o ano, Portugal recebeu inúmeros prémios e menções internacionais incluindo distinções para Lisboa, Porto, Algarve, Madeira e Açores. Praticamente todas as nossas regiões têm algo de distintivo que se destacou e que mereceu reconhecimento internacional. O auge da notoriedade traduziu‑se na eleição de Portugal como o “Melhor Destino Turístico do Mundo”, um título pela primeira vez atribuído a um país europeu.

No âmbito especifico do produto MI, destaca‑se o relatório da Associação Internacional de Congressos e Incentivos, de 2017, onde nos rankings dos países que mais recebem e organizam congressos e convenções Portugal mantém a 7ª posição ao nível europeu e a 11ª posição mundial. Na classificação das cidades, importa referir que Lisboa, Porto e Cascais estão presentes neste ranking com honrosas posições nomeadamente a capital que se destaca no top ten europeu e mundial. É patente que Portugal tem uma grande atractividade nesta área e, o mais interessante, é que não é uma atractividade exclusiva de uma cidade ou de uma região. É de todo o país. São resultados que nos deixam muito orgulhosos porque vêm ao encontro dos objectivos do Turismo de Portugal e dos esforços desenvolvidos no sentido de captar eventos por todo o país promovendo, desta forma, a desconcentração da procura turística. Uma desconcentração que se quer geográfica e temporal, para distribuir os benefícios do turismo por todo o território e ao longo de todo o ano.

LUÍS AR AÚJO PRESIDENTE DO TURISMO DE PORTUGAL


DOSSIÊ TEMÁTICO 8

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“Há em Portugal na área dos eventos um antes e um depois da Expo’98”

© Jorge Leal


© Alvesgaspar

Expo’98, O Evento Que Marcou Portugal 22 de Maio de 1998 foi o dia em que foi inaugurada a Exposição Mundial de Lisboa, um evento que marcou a cidade, o país e o sector. Passaram‑se vinte anos. Não havia um Parque das Nações, um Pavilhão de Portugal, uma Altice Arena, um Oceanário… Não havia tantas outras estruturas e uma zona que convida ao passeio junto ao Tejo. Depois do sonho, e feita uma total mudança urbanística daquela zona da capital, Portugal apresentou a Expo’98, que recebeu a visita de mais de dez milhões de pessoas. Durante cerca de quatro meses, a Exposição acolheu países e entidades e mostrou ao mundo a capacidade portuguesa na organização de grandes eventos; proporcionou aos visitantes animação nas ruas, música, arte, passeios de teleférico, conhecimento, cultura; alterou a dinâmica de uma cidade, e até do país, que ganhou mais vida e mais equipamentos que se adaptaram depois às necessidades existentes e que são ainda hoje úteis e de referência. Os oceanos serviram de mote à Expo’98. A água voltou a ser tema, vinte anos depois, nas comemorações que decorreram de 25 de Maio a 2 de Junho; uma

festa organizada pela Associação Turismo de Lisboa e pela Câmara Municipal de Lisboa, e cuja concepção e produção esteve a cargo da Eventors’Lab. Recordando o passado e olhando o presente, as comemorações foram marcadas por um espectáculo multimédia – onde foram projectadas, num ecrã de água, imagens que acompanhavam as palavras de Mário Augusto interpretadas por Eduardo Rêgo – e pelo regresso dos Olharapos ao Parque das Nações. À Event Point, a directora da Eventors’Lab, Ana Fernandes, explicou as principais preocupações na produção deste evento. “A Expo'98 foi incontestavelmente um momento marcante na nossa história recente. Não só na mudança de paradigma da cidade de Lisboa, mas sobretudo na afirmação de Portugal como país do mundo, que se orgulha de si, com capacidade de organização e concretização. Fazer estas comemorações não poderia frustrar quaisquer expectativas que fossem criadas, apesar dos recursos


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escassos, o tempo que tivemos de preparação e de estarmos no rescaldo da Eurovisão (um novo desafio nacional à escala planetária). Assim resolvemos centrar‑nos no que era essencial: retomar o tema da água, que orientou todo o percurso da Expo, e concentrar a acção num dos edifícios que per si simbolizam a beleza, capacidade e desafio deste projecto: a Pala do Pavilhão de Portugal.” A Eventors’Lab concentrou‑se na “memória do essencial”. Lembrar os meses intensos da Exposição é lembrar também os Olharapos – e foram recuperados nove por Jorge Gameiro, para que fosse possível reviver e passar a experiência às novas gerações – e o hino “Pangea”, da autoria de Nuno Rebelo. “É impressionante como, após 20 anos, esta música continua a ser um símbolo e capaz de emocionar.” Para Ana Fernandes, “os mais de 55 mil espectadores, ao longo das nove noites do evento, comprovam que a Expo continua a ser uma referência”. E “mais do que os aplausos que ouvimos no final de cada espectáculo, ficam as histórias que connosco foram partilhadas, algumas lágrimas de saudade por momentos vividos e a promessa de que regressarão a este espaço de lazer e convívio a cada chamamento”.

20 anos, cinco testemunhos A Event Point recolheu também testemunhos de pessoas que trabalharam no evento, para conhecer histórias e desafios e para perceber de que forma a Expo’98 marcou o sector dos eventos em Portugal.

João Sacchetti

Fundador e primeiro presidente da APECATE Que funções exercia na Expo’98? Era coordenador dos Serviços de Informação da Expo, ou seja, onde se recolhia informação de todas as manifestações que havia todos os dias – em média, umas 200 a 250 manifestações – e se formava uma espécie de plano de trabalho. Era um guia fundamental que servia para a equipa de Direcção saber o que é que ia acontecer. Quais os grandes desafios de trabalhar neste evento? Primeiro, montar um sistema de comunicações célere. Não havia um sistema de informações integrado – tínhamos telefones, email, mas não existia uma plataforma onde cada serviço registasse tudo o que tinha de fazer e o que ia mudar. Mas lá se organizou um formato. A equipa era muitíssimo dedicada e competente e conseguimos fazer isso todos os dias.

JOÃO SACCHE T TI

O que a Expo’98 significou na sua carreira? Foi uma grande mudança. Estava convicto de que a minha vida ia continuar na publicidade, mas na verdade não. Portanto, foi uma oportunidade. E permitiu que eu dali tenha ido para a João Lagos [Sports] – aliás, as coisas que fiz na área dos eventos começaram aí. Foi um ponto de mudança, de viragem na minha carreira. O que fez a Expo’98 pelo sector dos eventos em Portugal? A Expo foi uma afirmação da nossa capacidade de planear, de organizar, de executar bem, com qualidade e com nível. Estávamos convencidos de que não sabíamos fazer. E a verdade é que não só sabíamos fazer, como fizemos com grande nível e grande qualidade. Dotou Lisboa de infra‑estruturas que não tinha, desde logo, o Pavilhão Atlântico, agora Altice Arena. Criou de facto um segmento de actividade: os eventos. Não havia isso com consciência profissional – os eventos são uma classe profissional. E a partir daí foi possível fazer outras coisas: o Dakar em Portugal e o Euro 2004 foram possíveis porque houve Expo. A Expo foi, digamos, a prova dos nove da nossa capacidade de organização à escala planetária. Fui presidente da Associação [Portuguesa de Empresas de Congressos, Animação Turística e Eventos] e sempre afirmei que os portugueses fazem eventos como ninguém. Tem algum episódio que possa partilhar connosco? Passávamos tantas horas ao computador, que tive um problema no olho. Estava em risco de cegar e isso foi de tantas horas que passei a olhar para o ecrã. E cheguei a dormir no chão. Se houvesse um problema nós virávamos ali noites facilmente. Mas é evidente que valeu a pena. É um orgulho, é uma marca importante.


MARGARIDA FERREIRINHA

Margarida Ferreirinha Directora de Comunicação da REN

Que funções exercia na Expo'98? Entre 1996 e 1998 estive na Direcção de Marketing da Parque Expo’98, na concessão e gestão de patrocínios desportivos e programação das actividades desportivas para o período da Exposição Mundial. Em 1998 passei para o Pavilhão da Utopia, actual Altice Arena, onde, depois de um período como adjunta, assumi as funções de Chefe de Visitas, ficando responsável pela operação de público do pavilhão durante o evento. Quais os grandes desafios de trabalhar neste evento? Poder trabalhar num projecto tão ambicioso a tantos níveis, desde a transformação urbanística ao impacto cultural, económico e social foi uma oportunidade extraordinária. O maior desafio penso que foi o da capacidade de coordenação. Conciliar prazos de execução e orquestração de toda a actividade antes e durante o período da Exposição foi uma tarefa monumental, concluída com o maior sucesso por uma equipa verdadeiramente extraordinária. O que a Expo'98 significou na sua carreira? A Expo'98 foi uma experiência riquíssima. O privilégio de colaborar com tantos profissionais talentosos é algo que nos marca. Sempre valorizei muito as oportunidades de integrar projectos verdadeiramente multidisciplinares, onde as diversas componentes tivessem o mesmo peso e relevância e

em que o trabalho de equipa fosse um factor determinante. Já tinha tido oportunidade de participar no arranque do Centro Cultural de Belém e sabia que a experiência da Expo'98 seria outro projecto transformador para mim, a nível pessoal, mas também para o país. O que fez a Expo'98 pelo sector dos eventos em Portugal? A Expo'98 teve um enorme impacto a vários níveis; desde o desenvolvimento de equipamentos cruciais para trazer para Portugal eventos que até aí não consideravam o nosso país, essencialmente devido às restrições de capacidade dos espaços existentes, como permitiu também formar, mais e melhor, profissionais em diversas áreas técnicas e criativas, bem como desenvolver novos conceitos de eventos, mais abrangentes, mais integrados e sobretudo mais sofisticados. A Exposição foi a melhor campanha promocional de todas estas competências que Portugal podia fazer. Tem algum episódio que possa partilhar connosco? Tive vários momentos inesquecíveis: desde a formação da nossa equipa no pavilhão à famosa “ola mexicana” que os assistentes organizavam com o público enquanto esperavam que o pavilhão enchesse e o espectáculo começasse, as perguntas que os visitantes colocavam aos assistentes enquanto estavam nas filas, as emergências médicas – principalmente as duas muito graves da última noite da Exposição, que conseguimos evacuar com sucesso através de um recinto totalmente lotado. Toda a Expo'98 foi uma experiência humana muito marcante e no Pavilhão da Utopia traduziu‑se em 132 dias, com 534 espectáculos vistos por 3.286.386 pessoas!


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CÂNDIDO RODAM

Cândido Rodam

CEO de várias empresas nacionais e internacionais de audiovisuais e de outros serviços para eventos Que funções exercia na Expo’98? Consultor e fornecedor de soluções de equipamentos audiovisuais. Quais os grandes desafios de trabalhar neste evento? Foi um grande desafio, visto ter sido o primeiro grande evento do género em Portugal e tendo em conta as limitações que o equipamento audiovisual tinha há 20 anos. O que a Expo’98 significou na sua carreira? Foi um momento muito importante que ajudou a alavancar o nosso negócio e toda a área do audiovisual, quer pela quantidade de equipamento que tivemos de adquirir, quer pelos espaços de eventos que ficaram depois da Expo’98 (Altice Arena, FIL, Teatro Camões, Casino de Lisboa). Permitiu ainda participar num enorme desafio para Portugal, que foi muito bem sucedido.

O que fez a Expo’98 pelo sector dos eventos em Portugal? Tudo o que já mencionei revolucionou o mercado e as soluções audiovisuais e deixou espaços de eventos de qualidade indiscutível, além de ter colocado o país na rota dos grandes eventos internacionais pela capacidade revelada pelos operadores nacionais. Tem algum episódio que possa partilhar connosco? No dia do ensaio geral, as filas e confusão eram de tal ordem, que os nossos técnicos não conseguiam chegar aos mais de 40 pavilhões em que estivemos envolvidos, causando aquele stress normal nos clientes. Mas no fim, tudo correu pelo melhor, conforme os habituámos. O dia da inauguração da Expo’98 e o concerto da dupla Teresa Salgueiro & José Carreras, onde também participámos, seria o momento marcante que escolheria.


Quais os grandes desafios de trabalhar neste evento? Estávamos a fazer história, não só pela dimensão e complexidade do projecto, como pelo impacto que teve na sociedade. Todos os olhos estavam sobre nós e a pressão era enorme. Diariamente éramos escrutinados pelo enorme investimento que o Estado estava a realizar com o projecto. Creio que ninguém tem dúvidas de que a aposta foi a mais correcta e que os resultados ficaram à vista. O que a Expo'98 significou na sua carreira? Comecei a colaborar na Expo'98 em Janeiro de 1997, com 19 anos. Na altura era trabalhador e (pouco) estudante de Ciências da Comunicação. Costumo dizer que perdi um ano de faculdade, mas ganhei muitos de experiência naquele período. Permitiu‑me igualmente ter uma base de contactos que foi essencial no desenvolvimento da minha carreira profissional após a Exposição.

Gestor Comercial e de Clientes na Altice Arena / Prospecção Comercial na Blueticket

O que fez a Expo'98 pelo sector dos eventos em Portugal? Creio que teve um grande impacto em três campos distintos: nas pessoas que estiveram envolvidas na organização e nos diferentes prestadores de serviços pois trouxe mais know‑how e mais experiência a esses recursos humanos; para as empresas, pois necessariamente tiveram de investir, quer em meios humanos, quer técnicos, e ficaram mais bem preparadas para os desafios que se apresentaram no pós‑Expo; e para o país e para a cidade, pois a partir da Expo'98 passámos a receber eventos de maior dimensão e que colocaram o destino no mapa. Esse efeito é notório nos grandes eventos que Portugal passou a receber e nos quais demonstrou a sua capacidade de realizar os mesmos com elevados patamares de qualidade, como os MTV European Awards, Euro 2004, Cimeira da NATO, Final da Champions, visita do Papa, Web Summit e mais recentemente a Eurovisão, entre outros.

Que funções exercia na Expo'98? Colaborei no Departamento de Relações Públicas, onde tinha a responsabilidade de organizar e acompanhar Altas Entidades, delegações e líderes de opinião à Zona de Intervenção e ao recinto da Expo’98. Adicionalmente tive sob minha responsabilidade a organização dos Dias de Honra dos patrocinadores e apoio ao Gabinete do Administrador, Dr. Mega Ferreira, nos Dias Nacionais.

Tem algum episódio que possa partilhar connosco? Creio que o dia 30 de Setembro, data do encerramento, foi especial. As Relações Públicas nesse dia tinham a responsabilidade de acompanhar as Altas Entidades até à beira‑rio para o espectáculo de encerramento. Quando o fogo terminou, num acto completamente espontâneo, todos os colegas que estavam no local começaram a chorar de emoção, perante o ar um pouco perplexo da comitiva. Foi um momento inesquecível.

JOÃO AMORIM

João Amorim


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João Paulo Velez

Director de Comunicação do Santander Que funções exercia na Expo'98? Fui director de Comunicação e Imagem da Parque Expo 98 e porta‑voz do seu Conselho de Administração. Durante a Exposição, fui também director do Centro de Comunicação Social, por onde passaram 11.000 jornalistas e que, além disso, integrava uma redacção (Agência Expo) que produzia notícias em quatro línguas, era responsável pelo Diário da Expo (em parceria com o Diário de Notícias), da TeleExpo (em colaboração com a RTP) e da Rádio Expo (acordos com RDP e Rádio Renascença). Já depois de 1998, fui director de Marketing e Comunicação da empresa e administrador não executivo da Atlântico – Pavilhão Multiusos de Lisboa SA. Estive ligado ao projecto desde os seus primórdios (1993) até 2004, com a concretização do seu projecto urbano. Quais os grandes desafios de trabalhar neste evento? Dirigir a comunicação de um projecto muito complexo e desafiante e sobre o qual poucos tinham certezas e muitos tinham dúvidas quanto à sua qualidade e execução prática (tanto no país, como no estrangeiro). Estive ligado à promoção da Exposição e do projecto urbano que lhe esteve associado, para mostrar a capacidade dos portugueses para levarem por diante uma obra fascinante que não se limitaria a uma grande festa sobre os oceanos, mas que ao mesmo tempo permitiria concretizar o mais vasto e extraordinário programa de reabilitação de uma zona da cidade com enorme potencial mas que estava esquecida e tomada pelo abandono. Quisemos fazer tudo isto com grande abertura e transparência, convidando os jornalistas nacionais e estrangeiros a visitar o local ainda durante os trabalhos, para ao mesmo tempo divulgarmos o evento e darmos a conhecer a dimensão de um projecto feito ao longo de cinco quilómetros do rio Tejo numa área de 330 hectares. O balanço não poderia ser mais positivo: a Expo'98 foi a que teve maior participação internacional (160 países e organizações), recebeu a visita de dezenas de chefes de Estado e de Governo, registou mais de dez milhões de visitantes (metade portugueses) e alcançou um enorme sucesso como nova zona urbana plurifuncional (com habitação, comércio, escritórios, zonas de lazer e áreas verdes) que, 20 anos mais tarde, está muito viva e pujante. O que a Expo'98 significou na sua carreira? Um desafio único, irrepetível. Um privilégio. Ao mesmo tempo, a possibilidade de ter uma formação ao vivo em arquitectura, design, construção, biologia marinha, diplomacia, imobiliário – e, cobrindo tudo isto, uma extraordinária experiência como comunicador e porta‑voz.

JOÃO PAULO VELEZ

O que fez a Expo'98 pelo sector dos eventos em Portugal? A Expo foi “o” evento. Quando se fala de 9000 espectáculos singulares ou permanentes ou de uma quantidade excepcional de conteúdos expositivos dos vários países, pode dizer‑se que há em Portugal na área dos eventos um antes e um depois da Expo’98. Nada foi o mesmo. Hoje, quando vemos o nosso país cheio de turistas ou de animação, ou vemos Lisboa e as outras cidades a regenerarem‑se tão profundamente, não podemos deixar de pensar em 1998 e na ideia de homens, como António Mega Ferreira, que souberam sonhar. O exemplo da Expo está hoje em todo o país, quer pela animação, quer pela regeneração urbana. Tem algum episódio que possa partilhar connosco? Destacaria dois. O dia do ensaio geral, a 9 de Maio de 1998, em que, depois de tantos esforços, foi possível concluir em situação real que tudo estava a funcionar e pronto a abrir. Foi o respirar de alívio. O outro foi o dia do encerramento em que 400.000 pessoas celebraram com a maior das emoções a alegria e o orgulho de um país aberto ao mundo e capaz de pôr os seus sonhos em prática.

MARIA JOÃO LEITE



EVENTO 16

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Portugal esteve na ‘boca do mundo’

© Thomas Hanses


Festival Eurovisão da Canção Portugal: doze pontos, twelve points, douze points Pela primeira vez, Portugal foi o país responsável pela organização do Festival Eurovisão da Canção. E se a israelita Netta levou para casa a vitória, a RTP ficou com o reconhecimento da EBU (União Europeia de Radiodifusão), entidade responsável pelo concurso, que, segundo a televisão pública, considerou a organização portuguesa a melhor de sempre do festival. A Eurovisão chegou a 186 milhões de espectadores. A vitória de Salvador Sobral no ano passado trouxe a Portugal um dos maiores espectáculos de entretenimento do mundo. Sob o mote “All Aboard”, o Festival Eurovisão da Canção dividiu‑se em três momentos na Altice Arena: as duas semi‑finais (a 8 e 10 de Maio) e a grande final (no dia 12). O recinto contou sempre com milhares de pessoas para verem a prestação das 43 delegações concorrentes. Este é um evento que mexe com toda a Europa. Além dos milhões de espectadores que são esperados, os fãs mobilizam‑se para qualquer lugar onde o festival se realize. E é por isso que o evento é também um excelente cartão‑de‑visita para qualquer cidade e país. Lisboa preparou‑se para acolher na semana da Eurovisão milhares de visitantes e, nesse período, Portugal esteve na ‘boca do mundo’. A Altice Arena e o “grande desafio” A Altice Arena foi o local escolhido para acolher o evento e a sua equipa ficou encarregada do que chamaram “venue adjustments”, ou seja, juntar ao recinto novas áreas que ainda tinham de ser construídas e montadas. Segundo José Luís Lourenço, produtor executivo da Altice Arena, esse foi o caso, por exemplo, da tenda das conferências de imprensa, de um andar construído na Sala Tejo, onde ficaram colocados os camarins, ou da estrutura que suportou as cabines dos comentadores.

“Este foi um trabalho que fomos fazendo com a RTP, numa colaboração muito íntima e que foi muito boa. Penso que a RTP também está contente com o nosso trabalho. Acho que poupámos ali muito dinheiro nesse processo. Foi sobretudo um gerir de orçamento muito criterioso para não se gastar dinheiro onde não era preciso gastar e gastar‑se exactamente onde ele precisava de ir”, explicou. O Festival Eurovisão da Canção foi um evento “completamente diferente” de tudo aquilo que a Altice Arena já tinha feito, em termos de dimensão, de tempo de montagens, de ensaios e do evento em si, referiu José Luís Lourenço, lembrando o “grande desafio”. Foram dias cansativos, a trabalhar “praticamente 24 sobre 24 horas”, com ensaios contínuos. Tudo para que os espectáculos corressem da melhor forma. Além disso, foi necessário afinar formas de trabalhar entre a equipa da EBU, já rotinada nestas andanças, e os portugueses, que se estrearam na tarefa. “Para eles as coisas eram óbvias, para nós nada era óbvio.” Mas, apesar das diferentes dinâmicas, o responsável acredita que o evento foi a confirmação de que em Portugal existem “grandes profissionais e muito boas empresas – o trabalho foi excepcional e correu muito bem”.

MARIA JOÃO LEITE


ESPAÇO IPAM 18

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© Andres Putting


Venham Mais Festivais Da Canção, Portugal Agradece Depois da inédita vitória na edição anterior, com o tema de Salvador Sobral, pela primeira vez na história, Portugal ficou encarregue de organizar a edição deste ano. Ao nosso cargo, a 63ª Edição do Festival Eurovisão da Canção decorreu em Lisboa e levou o nome de Portugal aos quatro cantos do mundo, naquela que foi considerada pelos críticos como uma das edições mais fascinantes e bem conseguidas dos últimos anos, conquistando os milhares de espectadores presentes na Altice Arena e espalhados pelo mundo através da transmissão televisiva. A canção que este ano nos representou não cativou os jurados e o público como tínhamos conseguido com Salvador Sobral, mas num evento desta dimensão, as oportunidades para quem o organiza não se prendem tanto com a dimensão competitiva. A canção portuguesa desta vez não saiu vencedora, mas a cultura portuguesa, na qual se integra naturalmente a música portuguesa, teve na edição do Festival um dos seus melhores momentos de promoção internacional, ao nível do que foi a Expo 98 ou o Europeu de Futebol em 2004. O nome do nosso país chegou a todo o mundo. Para termos uma real noção do alcance do evento, registaram‑se 6.6 milhões de live streaming em 198 territórios, o canal oficial do Youtube teve um acréscimo de 10% face ao ano anterior, já sem falar nos valores record conseguidos através da emissão televisiva. O evento contou com a presença de um batalhão de 1600 jornalistas, 500 bloggers e 13 rádios europeias, que transmitiram a grande final e a promoção de todo o país para um total de 200 milhões de espectadores. São números mais do que suficientes para deixar os Portugueses com boas expectativas no retorno que o país irá receber fruto da realização do Festival da Canção no nosso país. A Eurovisão, a exemplo de outros eventos que Portugal já organizou, é sem dúvida uma mais‑valia para o nosso país e contribui para um posicionamento de excelência junto dos diferentes públicos. Demos provas, muitas e de qualidade, da nossa capacidade de receber, organizar e fazer brilhar um evento de enorme importância no meio musical. O investimento foi considerável mas tem, sem sombra de dúvida, impacto muito positivo a médio e longo prazo. Não falamos só nos números da hotelaria, já de si bem positivos com um crescimento de cerca de 40%, mas sim do alcance da mensagem. Os vídeos que os participantes gravaram em diferentes pontos de Portugal permitem chegar a públicos que de outra forma seria impossível alcançar, num total de 42 países. Estes minutos de antena registados antes da actuação de cada artista, são de enorme valor

para a divulgação de Portugal, da sua diversidade, do seu potencial, pois não nos podemos esquecer de que o Festival Eurovisão da Canção é o maior espectáculo musical do mundo e como tal é uma montra inigualável para transformar parte importante dos 200 milhões de espectadores em potenciais visitantes. Mas não foi só no sector do Turismo que o evento teve impacto, as quatro apresentadoras — Catarina Furtado, Daniela Ruah, Sílvia Alberto e Filomena Cautela — escolheram criações de designers de moda portugueses, realçando que Portugal tem muito para oferecer. O excelente trabalho de bastidores, maquilhagem e tudo o que envolve estes espectáculos foi feito igualmente por equipas portuguesas. Quando falamos de eventos, temos quer ter em atenção toda a envolvência criada aos participantes e espectadores, seja on ou off-line. Assim, outro ponto de destaque, que importa referir quando falamos do envolvimento do evento, foi a criação do recinto Eurovision Village. Um ponto muito bem conseguido, que permitiu a milhares de fãs, envolvendo todas as nações, acompanharem a prova através do ecrã gigante e que possibilitou que o impacto do evento na cidade de Lisboa fosse muito além do recinto onde o evento estava a decorrer, criando um palco que era ele próprio a metáfora do espírito que o festival da Eurovisão gosta de promover. O balanço é assim francamente positivo e contribui decisivamente para posicionar o nosso país ao melhor nível, seja na sua excelente capacidade para acolher eventos, seja nas inúmeras capacidades e qualidades turísticas, seja no saber receber que só os portugueses sabem ter na hora de acolher os visitantes.

TERESA AR AGONEZ E PEDRO MENDES DOCENTES DO IPAM


ESPECIALISTAS 20

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“O interesse legítimo da organização pode ser usado para fundamentar a licitude de um tratamento”


RGPD

“Se cria mais dificuldades elas são bem‑vindas” O novo Regulamento Geral de Protecção de Dados entrou em vigor a 25 de Maio, mas ainda há muitas dúvidas na sua aplicação. Numa indústria como a dos eventos, dos congressos, dos incentivos, que gere muita informação e muitos dados pessoais, este regulamento é crítico e, por isso, fomos ouvir a opinião da especialista. Graça Canto Moniz é licenciada e mestre em Direito. Foi investigadora visitante na Universidade de Georgetown (USA) e na Universidade de Tilburg (Holanda). Actualmente é investigadora do CEDIS e doutoranda em Direito na Universidade Nova de Lisboa, instituição onde coordena, com o Professor Francisco Pereira Coutinho, o Observatório de Protecção de Dados Pessoais Há por aí uma série de confusões sobre o RGPD, situações de pânico, destruição de base de dados. O que é fundamental que as pessoas saibam sobre o novo Regulamento? O RGPD é um diploma particularmente longo e complexo e, por isso, muito propenso a gerar confusões. Ainda assim, muitos dos conceitos usados não são novos (ex: dados pessoais, tratamento de dados pessoais, responsável pelo tratamento, sub‑contratante, etc.). O que é fundamental que as pessoas saibam é que a conformidade com o RGPD assenta em duas premissas: (i) saber quais os dados que a organização trata e (ii) qual o risco desses tratamentos. Realizadas estas duas “tarefas” a organização poderá adoptar as medidas adequadas para cumprir o RGPD. Quais são os limites e a abrangência do "interesse legítimo" plasmado no novo regulamento? O que é que pode caber aí? Uma das grandes confusões sobre o RGPD é que para tratar dados de forma lícita uma organização tem de ter o consentimento do titular dos dados. Isto não é verdade. O interesse legítimo da organização pode ser usado para fundamentar a licitude de um tratamento. Porém, este interesse legítimo não é de fácil utilização porque exige um teste de ponderação, uma avaliação cuidada, dos interesses da organização e dos interesses e direitos do titular dos dados pessoais. Esse teste pressupõe a identificação do interesse da organização (ex: corresponde a um direito fundamental, prossegue um interesse da comunidade em geral, há um reconhecimento jurídico/cultural/social da legitimidade desse interesse) e uma avaliação do impacto do tratamento nos interesses e direitos do titular dos dados (quais as

consequências, negativas e positivas, do tratamento; quais as expectativas do titular? Ele pode razoavelmente prever que os seus dados serão tratados?). O Grupo do artigo 29 sugere que sempre que este fundamento for usado a organização adopte “garantias complementares”, como a pseudonimização dos dados, mais transparência, restrição de acessos, etc. Podem caber aqui actividades de marketing directo convencional e outras formas de marketing ou publicidade; mensagens não comerciais não solicitadas, nomeadamente relativas a campanhas políticas ou a actividades de angariação de fundos para fins de beneficência; execução de créditos, incluindo cobrança de dívidas através de procedimentos não judiciais; prevenção da fraude, utilização abusiva de serviços ou branqueamento de capitais; monitorização da actividade dos trabalhadores para fins de segurança ou gestão; entre outros... Este regulamento é só dirigido a cidadãos europeus. É boa prática tratar todos os dados, incluindo os extra comunitários, da mesma maneira? Isto não é verdade. O RGPD é aplicável a titulares de dados pessoais, independentemente da sua nacionalidade ou residência.


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Quando é que é necessário ter um Data Protection Officer? É obrigatório ter um DPO em três situações: (i) quando a organização for uma autoridade ou organismo público; (ii) quando as actividades principais da organização consistam em operações de tratamento que, devido à sua natureza, âmbito e/ou finalidade, exijam um controlo regular e sistemático dos titulares dos dados em grande escala; ou (iii) as actividades principais da organização consistam em operações de tratamento em grande escala de categorias especiais de dados. Concorda que este regulamento pode trazer mais dificuldades à vertente comercial de uma empresa? Quais são os limites aqui? Se cria mais dificuldades elas são bem‑vindas porquanto se traduzem, sobretudo, em mais transparência com os clientes e a população em geral. Os limites serão dois: (i) as práticas comerciais de uma empresa devem ser transparente e (ii) o titular dos dados deve ter o máximo de controlo possível sobre os seus dados. Entregar um cartão de visita é um consentimento para receber informação? Creio que não. Por duas razões: (1) o Grupo de trabalho do artigo 29 esclareceu que o consentimento deve ser obtido através de uma declaração escrita ou oral gravada/registada e (2) de acordo com o art. 7.º, n.º 1, a organização tem de demonstrar o consentimento do titular dos dados. Tenho dúvidas que estas duas condições se verifiquem quando se entrega um cartão de visita. A condição de licitude nestes casos será o interesse legítimo.

Num evento vários tipos de fornecedores (hotéis, transfers, etc.) precisam de ter acesso a informação dos delegados. Que tipo de cuidados há que ter? Em regra, os fornecedores são subcontratantes. Há que rever os contratos com estes, adaptá‑los às novas exigências do art. 28.º e verificar o grau de maturidade dos subcontratantes em relação ao RGPD. Estes fornecedores devem também certificar‑se de que os dados que recebem têm consentimento? Estes fornecedores devem cumprir as instruções que lhes são dadas no contrato pelo responsável pelo tratamento e, adicionalmente, cumprir um conjunto de obrigações que lhes são diretamente dirigidas no RGPD: registo das actividades de tratamento (art. 30.º, n.º 2), cooperação com a autoridade de controlo (art. 31.º), segurança dos dados pessoais (art. 32.º), notificação de violação de dados (art. 33.º, n.º 2), designar um encarregado de proteção de dados (art. 37.º). Na acreditação terá que haver algum cuidado com as listas de delegados impressas?

Contendo essas listas dados pessoais, sim. Por exemplo: a organização precisa de todos os dados recolhidos dos delegados? Quem tem acesso aos mesmos? Onde ficam guardados? Por quanto tempo os vai armazenar e porquê?



GRANDE ENTREVISTA 24

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“Aqui respira‑se o Porto”


António Gouveia Santos

“2018 vai ser o melhor ano da Alfândega do Porto” Foi com a janela aberta para o rio Douro que estivemos à conversa com António Gouveia Santos, director executivo do Centro de Congressos da Alfândega do Porto. A preocupação com os que o rodeiam é a característica mais vincada que sobressai do seu discurso, frontal e reflectido.

Qual foi o seu percurso profissional até chegar à Alfândega do Porto? Tive duas entidades patronais, a primeira foi a Câmara Municipal do Porto [CMP], onde desempenhei funções em diversos cargos, quase sempre dirigentes. No início numa área mais de carácter administrativo, a da fiscalização. Licenciei‑me a trabalhar e a estudar. Era proveniente de uma terra conhecida, mas distante, e a vida não era propriamente o mais fácil que se podia encontrar... ... Veio para o Porto em que ano? Vim para o Porto com cerca de 13 anos. Sou de Vila Nova de Foz Côa e fiz os dois primeiros anos do liceu em Lamego. Depois, por razões de carácter familiar, vim para o Porto e aqui continuei os meus estudos. No 5º ano (actual 9º) comecei a trabalhar na Câmara do Porto, mas continuei a estudar, licenciei‑me, concorri aos cargos de chefia e por lá fiquei. Tenho um percurso que me honra bastante. Estive uma década, grosso modo, como director de Recursos Humanos da CMP, com a qual continuo a ter uma relação, nomeadamente de carácter afectivo. Em resultado de eleições sou presidente do Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto, que é uma colectividade que congrega cerca de três mil sócios, e que tem uma diversidade de actividades muito enriquecedora para os associados e para a cidade, e tem um grande pendor social. Há cerca de 14 anos vim para aqui para a Alfândega.

Esta é a sua cadeira de sonho? Nunca pensei propriamente nisso, acho que a vida se faz por processos. Neste momento é o meu sonho, gosto muito daquilo que faço, tal como gostava muito daquilo que fazia na Câmara do Porto. Para mim o trabalho também tem que ser qualquer coisa de gratificante do ponto de vista emocional, de realização pessoal, sob o ponto de vista daquilo que nós conseguimos construir, ajudando a que outros possam ser felizes em simultâneo. Nessa perspectiva, e na medida em que as pessoas que trabalham comigo estejam felizes, eu também estou. O que é que ainda o move? Move‑me tudo. É um privilégio poder ver as coisas a serem criadas e desenvolvidas. Os resultados que nós hoje aqui conseguimos são o produto do trabalho de uma equipa que, ao longo destes anos, tem tido um espírito forte, uma relação de grande proximidade, e também de grande companheirismo, de grande solidariedade, e de grande capacidade de cada um saber o espaço que ocupa e os limites desse mesmo espaço. E temos conseguido tornarmo‑nos mais reconhecidos em termos nacionais e internacionais. Ao nível deste edifício, com cerca de 160 anos, ele está muito bem preservado, tem sido reconhecido nacional e internacionalmente como um espaço de eleição para a realização de eventos. Este é um espaço diferente, não conheço nem em Portugal, nem fora do país, um espaço que tenha esta diversidade, esta riqueza de poder fazer eventos num local que tem história e que tem carácter. Isto já não se faz. Somos uns privilegiados. Aqui respira‑se o Porto.


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Ainda tem tempo para acompanhar todos os eventos que decorrem aqui? Felizmente tenho uma equipa que me dá toda a tranquilidade e não me obrigo a isso. Mas se tiver que fazê‑lo, a qualquer hora do dia ou da noite, naturalmente que o faço com todo o prazer. Aqui não há monotonia, há sempre diversidade. Neste percurso de 14 anos, consegue destacar um ou dois eventos que o tenham marcado? São muitos eventos e muitas pessoas. Pela diversidade dos eventos que aqui temos, há uma panóplia de situações que dificilmente se conseguirão repetir. O primeiro Red Bull Air Race, pela quantidade de pessoas que mobilizou, garantidamente foi um evento que marcou a cidade. O evento que a Mercedes aqui realizou [este ano], durante três meses, depois de termos superado a concorrência de grandes destinos europeus e mundiais, para nós foi um orgulho. Acredito que o facto de o Porto ser hoje uma cidade mais coesa, com mais turismo, mais qualidade de vida, ajuda a que haja mais procura, e não me canso de reconhecer que há por parte das entidades oficiais a este nível também um contributo muito importante. Acho que é bom que o presidente da Câmara do Porto tenha assumido a presidência da Associação de Turismo do Porto. É bom que o presidente da Alfândega, Dr. Mário Ferreira, seja vice‑presidente dessa mesma associação, e que haja uma relação muito boa, de grande cooperação, entre a Associação de Turismo do Porto, o Porto e Norte, as instituições de uma forma geral, e que a própria cidade tenha uma percepção e preocupação da importância que o turismo tem, e que o turismo de negócios tem, em particular, para o desenvolvimento da cidade. Nós sabemos, até porque temos um estudo que mostra a importância que o turismo de negócios tem para uma cidade, para uma região, um país. Traduz‑se em algumas dezenas de milhões de euros de contributos para o PIB, mais alguns milhões de euros em termos de impostos e em cerca de mil postos de trabalho directos e indirectos, de forma permanente, ao longo do ano. Não serão muitas as empresas que possam apresentar estes dados como referência do seu contributo para a economia nacional.

Que características acha que tem, em termos profissionais, que o fazem uma das personalidades deste sector? Está a ser generosa na sua afirmação. Penso que acima de tudo temos que estar com verdade nas coisas, temos que saber o que estamos a fazer. Temos que ter um pensamento estratégico e ser capazes de traduzir em actos aquilo que pensamos. E de perceber que quem está connosco, só se sentirá feliz se for considerado como um activo de facto. As pessoas têm de ser respeitadas, ninguém conseguirá nunca ser tão bem sucedido como se tiver pessoas com qualidade, com valor, com atitude, cada vez mais bem preparadas, e que se sintam confiantes, seguras, e saberem que há sempre uma rectaguarda, no sentido de poder colmatar uma qualquer fragilidade, qualquer problema. Nunca aqui ninguém caminha sozinho, estamos sempre todos juntos.

O turismo não é um problema Já aflorou a importância deste sector para a cidade, como vê a evolução do destino nas suas mais‑valias, mas também nas suas fragilidades? Os pontos fortes da cidade têm um bocadinho a ver com o facto de ela hoje ter uma segurança, uma qualidade em termos das infra‑estruturas, ao nível dos hotéis, restaurantes, e das pessoas, que não é nada que não se deva valorizar. Não se pode deixar de valorizar a qualidade das pessoas que estão nos serviços ligados ao turismo de negócios. As pessoas têm características que as identificam e que as distinguem e penso que aqui há uma genuinidade muito grande. Ninguém fará uma pergunta e terá como resposta o virar de costas, ou o fazer de contas que não entende. Também por isso mesmo penso que quem tem competências, a responsabilidade de decidir, deve continuar a valorizar a presença das pessoas em toda a cidade, mesmo naquelas zonas que são mais apetecíveis do ponto de vista do turismo. Penso que essa é uma das preocupações que temos que ter. Agora não sou das pessoas que entendem que o turismo, neste momento, é um problema. Não. O problema foi porventura a falta de turismo. Temos de tratar bem o turismo, os turistas, temos de procurar valorizar e elevar a capacidade de compra dos turistas que nos visitam, com uma oferta mais qualificada. E a cidade está a responder, está cada vez mais forte, mais qualificada a todos os níveis. Penso que ainda há muito para crescer, o que pode e deve ser de algum modo precavido é não deixar que se possam exceder alguns limites que gerem desconforto às pessoas do Porto. A cidade do Porto é de todos, mas essencialmente daqueles que aqui nasceram, daqueles que aqui vivem, e daqueles que querem continuar a fazer aqui as suas vidas.


Mas há uma certa tensão entre o turismo de negócios e o turismo de lazer? Acima de tudo, acho que é necessário esclarecer que o turismo de negócios é um turismo diferente. O retorno do turismo de lazer, de fim‑de‑semana, não tem nada a ver com o de um congressista, com um evento que tem umas centenas ou milhares de pessoas. A proporção, que as estatísticas apontam, é claramente desigual. Estamos aqui a falar de uma proporção garantidamente de 10 para 1. Os estudos não são absolutamente uniformes nos seus dados, mas penso que a diferença é muito significativa. O turismo de negócios além de trazer pessoas que em determinado momento vêm cá porque vêm a um evento de uma qualquer natureza, essas pessoas amanhã virão também em passeio. Como é que vê a importância que o poder político dá a este sector do turismo de negócios? Vejo com grande simpatia e optimismo. Reconheço que, de uma forma geral, há por parte das entidades oficiais, desde as governamentais às autarquias, aos convention bureaux e às regiões de turismo, cada vez mais um sentido de importância e de responsabilidade diferente, e há uma aproximação com as entidades que estão no terreno. Hoje já se percebe a importância que o turismo tem para a economia nacional e para a empregabilidade. Sinto maior aproximação entre todos, as pessoas cooperam, e percebem a importância de falarmos uns com os outros, de discutir.

Se tivesse carta branca para melhorar qualquer coisa neste sector, o que mudaria? Aquilo que gostaria que acontecesse, está a acontecer, pelo que gostaria de reforçar a importância da atitude que é importante ter relativamente aos problemas. Ter uma postura proactiva, ter planos estratégicos, que nos façam reflectir acerca das coisas não para amanhã, não para o ano seguinte, mas com um calendário temporal suficientemente avalizado para que as políticas tenham o seu efeito. Não se planta à noite e se colhe de manhã. Tem que se ter uma estratégia, tem que haver uma filosofia para as coisas. Mais do que os planos de actividade, terá que haver planos estratégicos, em termos dos objectivos de uma instituição. Relativamente à cidade, tem que haver cada vez mais uma boa organização. Não se pode ter um evento aqui que eventualmente possa conflituar com outro. A cidade tem de ser gerida como um todo. E que as instituições possam estar disponíveis para conversar. E estão? Estão. Neste momento essa é uma diferença qualitativa importante. Penso que a Câmara tem evidenciado uma enorme sensibilidade para esta situação. Há uma proximidade, que se traduz no esforço e empenhamento que o presidente tem evidenciado, mesmo dele próprio assumir a presidência da Associação de Turismo do Porto. Tem uma preocupação em que as coisas sejam o mais bem pensadas e geridas, o mais bem desenvolvidas, e escolher equipas que possam corresponder em absoluto. Veja‑se também o caso do nosso presidente, Mário Ferreira, homem sobejamente conhecido e que só pode ser uma enorme mais‑valia para qualquer instituição, e nomeadamente nesta área do turismo de negócios.


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Aumento da capacidade no futuro Qual é o plano estratégico da Alfândega para os próximos anos? Falava há pouco tempo que gostava de expandir o espaço para eventos. Há alguma novidade nessa matéria? Há pouco tempo fizemos aqui uma reunião interna, foram aprovadas opções estratégicas e o plano de actividades pelo Conselho de Administração, e também pelo Conselho Geral, que leva a que se faça uma pequena reflexão relativamente ao futuro. Temos aqui algumas questões importantes, de natureza da própria instituição. É importante dizer que esta instituição é de interesse público, nenhum administrador ganha seja aquilo que for, e é verdade que os associados pagam quotas, mas nunca há a partilha de dividendos. Se os resultados forem positivos para que servem? Reinvestir no edifício, para o tornar cada vez mais apetecível, adaptado às exigências da modernidade, e ser capaz de estar um bocadinho mais à frente se for possível da própria concorrência, em termos nacionais e internacionais. Temos que ter uma capacidade de renovar o espaço, de o requalificar, de fazer aqui coisas novas, e estão pensadas algumas estratégias, que passam por exemplo por uma melhor mobilidade interna, a criação de um passadiço, mais concretamente, que ligue aqui duas áreas que neste momento não têm uma ligação directa, o que vai proporcionar aumentar a capacidade deste Centro de Congressos para fazer eventos com um maior número de pessoas. Podemos duplicar aquela que é neste momento a capacidade, e com alguma facilidade. Também ao nível daquilo que é a imagem, o marketing, a divulgação dos eventos que aqui acontecem, e da vida interna da instituição, o que está pensado é fazer uma mudança. Recorreremos ao sistema digital, aos leds, para divulgar aquilo que aqui acontece, para acabar com as lonas, cartazes. Por outro lado, também é verdade que, em termos de museu, temos que preservar e requalificar o que existe. Temos meios limitados, não podemos ir além daquilo que são as nossas possibilidades, e ao longo dos últimos anos o museu [Museu dos Transportes e Comunicações] tem sido um factor bastante desequilibrador da nossa sustentabilidade económico‑financeira. Temos aqui uma exposição: “O motor da República, os carros dos Presidentes”, que estamos a pensar valorizar, e deixamos de ter aqui uma exposição de carros antigos…

Esse espaço vai ser alocado ao centro de congressos? Esse espaço já está alocado a uma diversidade de eventos, que tem tido uma incidência especial em exposições de elevado interesse cultural, e até científico. Essas exposições são de promotores externos? Sim. Graças ao facto daquele espaço ter ficado disponível, apetrechamos a sala para poder ter exposições da mais alta exigência em termos de condições do espaço, temperatura, humidade, segurança, redes informáticas. Fizemos um investimento que está a ter o retorno no número de pessoas que nos visitam, do ponto de vista financeiro são altamente bem sucedidas, e na valorização do edifício. Abriu‑se aqui um novo segmento que não tínhamos. Nós não recebemos um cêntimo de subsídio de nenhuma entidade, seja ela de que natureza for, pública ou privada. Vivemos exclusivamente dos resultados daquela que é a nossa actividade, que é essencialmente a do centro de congressos.


A equipa é um factor diferenciador Qual é a concorrência da Alfândega neste momento? A concorrência da Alfândega são todas as instituições que eventualmente se dediquem à área dos eventos. Mas achamos que é saudável, não temos problema nenhum, há imensas solicitações. Temos uma certificação de qualidade, uma equipa que se preocupa em fazer bem, e temos por parte dos nossos clientes um feedback muito positivo. Ouvimos sempre os nossos clientes no fim de cada evento, e o grau de satisfação tem sido superior a 90 %.

Como vê a requalificação do Pavilhão Rosa Mota? Vejo com muita satisfação, seria um desperdício se continuasse conforme está. Penso que vai ser uma mais‑valia para a cidade, vai permitir que não tenha que se ir por exemplo para algumas cidades vizinhas para se assistirem a concertos de grande dimensão, com cinco, seis, sete mil pessoas e com qualidade. Nós não deixaremos de cooperar. Somos também concorrentes, mas é positivo e saudável, o cliente pode sempre escolher o que achar melhor. O que importa é que a cidade tenha capacidade e qualidade. E há realmente uma falha na cidade do Porto em termos de um espaço que possa permitir fazer eventos de grande dimensão. O Porto fica a ganhar.


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Dez perguntas a António Gouveia Santos O que distingue a Alfândega de outros venues nacionais? Somos uns privilegiados porque temos um edifício que é uma espécie de imagem do Porto. Tem carácter, são 40 mil metros quadrados junto da melhor e mais importante auto‑estrada que eu penso que passa pelo Porto, que é o rio Douro, que nos liga a essa zona importante do nosso país que vai até Espanha. Sente‑se que para situações concretas, eventos que impliquem medidas de segurança, e segundo as entidades competentes para fazer essas avaliações, este é o edifício mais fácil de trabalhar. Já aqui se fizeram Cimeiras de grande responsabilidade. Aliás este espaço foi adaptado pela primeira vez para a primeira Cimeira Ibero‑Americana, em que estiveram cá, entre outras figuras de relevo, o famoso Fidel Castro, e que exigiu medidas de segurança invulgares. Têm‑se realizado aqui eventos de toda a natureza, e com várias figuras que exigem mais ou menos segurança e as entidades responsáveis pela segurança consideram que há naturalmente uma qualidade de instalações, umas acessibilidades, que facilitam essa mesma segurança. Por outro lado este edifício não cansa, está todos os dias diferente. Gosto de olhar para os congressistas de todo o mundo, que aqui vêm, e ver a expressão surpreendida quando entram em determinados espaços. E a equipa da Alfandega é também um factor diferenciador? Claramente. As pessoas que aqui trabalham têm muito prazer e orgulho nisso. São bons profissionais e pessoas bastante eficazes. Não vou dizer que aqui é o paraíso, há problemas como em todo o lado, e há que saber precavê‑los. Esta instituição, como qualquer outra, tem a preocupação de tratar bem os seus funcionários e estes também sabem bem o papel que desempenham, e que quando aqui estão não estão em nome individual, estão a representar uma instituição que cumpre escrupulosamente os acordos que tem com os funcionários, com os parceiros, seja com quem for. 2018 vai ser o melhor ano da Alfândega? Eu diria que sim. Neste momento temos dados que apontam nesse sentido, e não será muito ousado, seria até uma atitude de alguma hipocrisia da minha parte, não admitir que 2018 vai ser o melhor ano em termos da dinâmica do Centro de Congressos e também de outras realizações, também muito graças a uma administração muito activa, e muito interveniente, onde o presidente tem um papel de destaque, manifestamente importante.

Cidade para viver? Gosto muito de viver no Porto. Destino de férias Gosto da descoberta. Deixar que as coisas fruam. Mas normalmente o Algarve é um destino eleito. Gosto muito também de fazer campismo e dois ou três dias por ano faço campismo com amigos. Qual é o seu prato preferido? Sou um bom garfo. Gosto de Coelho à Caçador, mas de Trás‑os‑Montes; Cozido à Portuguesa, Tripas, Arroz de Marisco. Comida portuguesa, de uma forma geral. Qual é o seu clube? Sou do Benfica, com muito orgulho. Mas reconheço no FC Porto um papel muito importante para a afirmação da cidade. Tem algum hobby? Gosto de jogar futebol, de correr, de conversar e estar com os amigos e família. O que queria ser quando era miúdo? Alguma coisa ligada à área social, onde se podem fazer coisas para as pessoas. Pensei na advocacia, na medicina, na psicologia, na sociologia. Aceitaria um cargo político? Não tenho qualquer ambição de natureza política. Gosto muito de fazer o que faço. Já houve algum evento do nosso sector a que tenha assistido e onde não tivesse feito uma pergunta? [risos] Acho que não devemos ser passivos e só ouvir. Devemos partilhar as nossa opiniões com frontalidade. Qual é o seu lugar preferido aqui na Alfândega? Gosto muito do Cais. É um espaço de uma beleza sempre diferente. É um lugar de liberdade, de sonho. O que é que o tira do sério? A hipocrisia das pessoas. A deslealdade. A mediocridade. A pequenez. A mentira é algo que me tortura.


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Infrasom

Empresa de audiovisuais aposta no corporativo A Infrasom nasceu em 2008, fundada por três sócios, Júlio Martins, Pedro Martins e Vítor Santos. Nessa altura, 90% da actividade da empresa dirigia‑se ao mercado dos espectáculos musicais e foi aí que se manteve e cresceu, resultado também da entrada de novos sócios, Nelson Parcelas e Manuel Moreira. Em finais de 2017 junta‑se ao projecto Fernando Rosa, vindo de uma empresa de referência no panorama nacional dos eventos corporativos, que ajuda a imprimir nova dinâmica à Infrasom. Rapidamente surgem diversos clientes na área corporate, novos acordos, e perspectivas de um crescimento forte neste segmento. Este crescimento só foi possível, garante Fernando Rosa, com a vinda para a Infrasom de outras pessoas, como João Canas, director técnico, Raquel Rainha, gestora de clientes, e Fernando Jorge, logística, e o empenho dos membros anteriores da equipa de técnicos, como Nuno Nave, responsável de armazém. Perante estes resultados num tão curto espaço de tempo, a Infrasom está a investir para apresentar aos novos e antigos clientes soluções tecnológicas inovadoras, que marquem a diferença. Só neste último mês a empresa investiu na compra de 130 m2 de ecrã de leds. “E com essa quantidade já seremos um player muito significativo neste mercado”, garante Fernando Rosa.

Estrutura A Infrasom faz parte de uma sociedade de participações financeiras, Just People, SA, cujo presidente do conselho de administração é Nelson Parcelas. Hélder Flor é outro dos elementos desta sociedade, e apesar de serem ambos médicos, e portanto de uma área de actividade completamente diferente, gostam de se manter próximos do negócio dos audiovisuais para eventos. A empresa tem um armazém com 800 m2 em Mafra, uma frota de carrinhas e dois camiões, sendo a área de actuação mais forte toda a região Centro e Sul do país. A equipa técnica da Infrasom “tem sido alvo de inúmeros elogios pelo conhecimento, humildade, simpatia e disponibilidade dos seus técnicos”, revela Fernando Rosa.

Visão “A principal missão na Infrasom é tratar os clientes como amigos, e é o que acontece hoje com a maioria deles. Criamos uma cumplicidade, uma parceria, uma amizade! E é também por isso que temos uma atenção redobrada com os nossos eventos, e fazemos com que cada um deles seja único”, reforça Fernando Rosa. “Para o futuro o nosso foco será sempre o de estar na vanguarda da tecnologia, e apostar forte nas relações, o que faz de nós uma empresa com um projecto recente, mas já com um sucesso considerável!”, conclui o responsável da Infrasom.

Infrasom Mafra, Lisboa 219 862 198 mail@infrasom.pt www.infrasom.pt www.facebook.com/InfraSOM/

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10 Anos Do Museu Do Oriente

Conciliar Reuniões E Cultura A celebrar o décimo aniversário, com uma média superior a 200 eventos comerciais por ano, o Centro de Reuniões do Museu do Oriente (CRMO) inaugura no auditório um novo ecrã de led de alta luminosidade, e da mais recente tecnologia, com uma área de 36 m2 (8 m de largura por 4,5 m de altura). O Museu do Oriente é reconhecidamente um espaço de referência no panorama dos eventos da cidade de Lisboa. “No entanto, num mercado muito competitivo, temos que dar resposta às solicitações cada vez mais exigentes dos clientes”, asseguram os seus responsáveis. “Acreditamos que o novo ecrã de led vai reforçar o potencial de atractividade deste espaço”. O acervo do Museu é eminentemente cultural, mas com esse acervo também é possível proporcionar aos clientes dos eventos uma experiência diferente. “A realização de visitas, livres ou guiadas, aos espaços museológicos e de serviços de catering nesses mesmos espaços são apenas alguns exemplos do modo como pretendemos que os clientes conciliem as suas iniciativas com a oferta cultural do Museu”, explica Pedro Cunha, da Direcção de Coordenação Cultural. O CRMO tem um auditório com capacidade para 355 lugares sentados, um foyer e seis salas de capacidade variável, permitindo realizar encontros, congressos, seminários, reuniões, lançamento de produtos e outros eventos de carácter cultural, científico, empresarial, comercial ou social. Projecção, iluminação, sonorização, gravação de imagem e som, tradução simultânea, são serviços disponibilizados pelo Centro de Reuniões.

Estende‑se por sete pisos, com uma área bruta de cerca de 16 mil metros quadrados, e uma localização ímpar junto ao rio Tejo. Alberga duas exposições, a coleção da “Presença Portuguesa na Ásia”, onde se destacam diversos biombos chineses e japoneses dos séculos XVII e XVIII, várias peças raras de arte namban, uma colecção de peças de porcelana brasonada da Companhia das Índias e um significativo acervo relacionado com as culturas dos povos de Timor; e a coleção Kwok On, com cerca de 14.000 objectos, um vasto conjunto de peças relacionadas com as artes performativas asiáticas e com as grandes narrativas e religiões populares de que essas artes são expressão. É considerada a primeira no género à escala europeia, possuindo exemplares de notável qualidade e de grande espetacularidade, vários deles únicos ou muito raros.

Museu e colecções

Centro de Reuniões do Museu do Oriente Lisboa 213 585 200 | 213 585 294 centro.reunioes@foriente.pt www.museudooriente.pt www.facebook.com/museudooriente

Resultado da recuperação dos antigos Armazéns Frigoríficos do Porto de Lisboa, inaugurados no início da década de 1940, o Museu do Oriente foi projectado pelos arquitectos João Luís Carrilho da Graça e Rui Francisco.

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Diventos “Com os olhos postos no futuro” No ano em que recebe o 46º Congresso da Sociedade Internacional de História da Medicina, e já a preparar o Congresso Mundial de Cirurgia Ambulatória da IAAS, em 2019, a Diventos explica os sucessos de quase 20 anos. Estabelecida no mercado nacional português como PCO – Professional Congress Organizer – a Diventos ‑ Congressos e Eventos é hoje o resultado de um processo de posicionamento levado a cabo por Miguel Basto e Nélia Leite de Faria, os dois fundadores. Já em 1999, aquando dos primeiros passos da empresa, acreditavam que a construção de “uma organização sólida se devia a princípios como a competência, a discrição e o rigor”. Actualmente, e caminhando a passos largos para a aquisição de mais clientes, a Diventos assume o secretariado e a organização de eventos como foco. “O processo criativo, que vai desde a adopção de uma visão estratégica à flexibilidade e autenticidade, são o factor de diferenciação”, explicam ambos. Esta é uma organização que defende que “cada cliente é único e que, por isso, as suas necessidades são específicas”. O facto de não olhar para o público‑alvo como uma massa homogénea, permitiu‑lhe duplicar o número de eventos anuais em 2015, e assistir a novo aumento em 2017. Como consequência natural, a equipa da Diventos cresceu de três para oito colaboradores num curto período de tempo. Miguel Basto e Nélia Leite de Faria destacam que “a experiência e o profissionalismo” são os valores que mais contribuíram para a expansão. “Categorizar serviços, a fim de oferecer um planeamento de excelência – seja ele de congressos, jornadas, reuniões ou jantares – é fundamental”, garantem. O alargamento da rede de contactos nas áreas de catering, alojamentos

e audiovisuais, a par de uma boa relação com membros da indústria farmacêutica, são também um meio para responder à crescente demanda. Adicionalmente, a Diventos tem ainda “uma plataforma de gestão imprescindível, que permite ao cliente obter todo o controlo electrónico, quer de bases de dados de sócios e inscritos, quer da documentação e comunicação de e para cada entidade, tudo à distância de um clique”. Este PCO inova ainda mais por ser capaz de realizar eventos ‘chave‑na‑mão’, cuja identidade visual – logótipo, cartaz, flyers – está assegurada, potenciando a qualidade e o alcance do produto. A Diventos, concluem Miguel Basto e Nélia Leite de Faria, “actua no presente, sempre com os olhos postos no futuro”.

Diventos – Congressos e Eventos Porto 226 076 290 diventos@diventos.com www.diventos.com www.facebook.com/diventoscongressoseeventos


ESPAÇO APECATE 36

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Turismo Náutico

Um Conto Do Passado, Presente E Futuro?

JOSÉ SALEIRO

Passado O Turismo Náutico passou momentos difíceis e de grandes constrangimentos que dificultaram o desenvolvimento de todo o sector deixando‑o na cauda da Europa. Face a outros destinos europeus, Portugal tem, e sempre teve, um potencial enorme e reconhecido para o desenvolvimento do turismo náutico. Alguns bons exemplos de empreendedorismo foram surgindo, como é o caso de Lisboa e Porto, emblemáticas cidades europeias banhadas por dois rios, que sempre foram palco de desenvolvimento económico e que, mais uma vez, demonstraram esse potencial sendo palco de operações marítimo‑turísticas de referência. Estas iniciativas foram levadas a cabo por verdadeiros aventureiros que tiveram a coragem de demonstrar que nem todos os portugueses estão de costas voltadas para o mar e que, com resiliência, se podem ultrapassar grandes adversidades e barreiras, outrora criadas pelo próprio mar e agora impostas pelas entidades que têm competências para gerir e regular o acesso a este recurso. Reconhecendo o problema e onde se situava agora o “cabo das tormentas”, a APECATE promoveu o debate em torno do Regulamento da Actividade Marítimo‑Turística (RAMT), que deu lugar, em 2014, a uma alteração legislativa. Foi um processo moroso e difícil, uma verdadeira viagem por mares tumultuosos, mas em boa hora, apesar de tardia, foi publicado o novo Regulamento que tomou por nome Regulamento das Embarcações Utilizadas na Actividade Marítimo‑Turística (REAMT). Vislumbrou‑se então o final da tempestade, com uma nesga de sol a espreitar por entre as nuvens. Em 2009, a criação de um Balcão único e respectivo Registo – Registo Nacional dos

Agentes de Animação Turística, coordenado pelo Turismo de Portugal IP, já tinha colocado dentro da Animação Turística a actividade marítimo‑turística, enquanto actividade económica, pondo fim à sua regulação por uma tutela cujas competências e valências são mais indicadas na área da segurança e defesa com formação e vocação militar. Nos termos do novo Regulamento, fica então claramente assumido que às tutelas da Defesa e do Mar passa a competir apenas a regulação das embarcações e a segurança.

Presente Passados quatro anos sobre a publicação do REAMT, e num breve balanço da actual situação, podemos com segurança afirmar que a actividade Marítimo‑Turística cresceu, que os níveis de segurança a bordo destas embarcações aumentaram, que o sector está mais saudável e que posicionou Portugal numa base que lhe permite assumir‑se no mercado internacional de forma mais afirmativa e expressiva. Contudo, esta nesga de sol está novamente a desaparecer. A base encontrada, que nos permitiria alavancar esta área da Economia do Mar, está a inverter‑se, não porque a lei tenha mudado, mas sim porque os processos administrativos e de secretaria das entidades com competências na regulação das embarcações são de facto muito cinzentos e revelam um desrespeito profundo por todo o trabalho tido na alteração legislativa de 2014. Através de requerimentos, licenças especiais, editais e até baseando‑se em leis de simplificação administrativa, conseguem complicar, inibir e desmotivar a flor do empreendedorismo que


surgiu em 2014, e que tende, agora, a tolher‑se com o cerrar de cinzentas nuvens que todos os dias se esforçam por tapar a nesga de sol que tão bem vinda foi. E perguntamo‑nos…mas a seguir à tempestade não vem sempre a bonança? Vem, mas esta foi sol de pouca dura! O barco navega, e com base no trabalho realizado e numa casa mais arrumada, Portugal parte para a integração de um projecto europeu, com mais de 20 anos, que dá pelo nome de Estações Náuticas, e que nada mais é do que uma rede europeia de destinos de turismo náutico. Finalmente vamos deixar de ser o turismo náutico da cauda da Europa, pensamos todos nós que afincadamente trabalhamos sobre esta integração, que tem sido um sucesso e sobre a qual não posso deixar de enaltecer o trabalho da Fórum Oceano e do grupo dinamizador do Portugal Náutico. Mas, ao mesmo tempo que regamos e adubamos a flor do empreendedorismo náutico, o sol esconde‑se por entre as nuvens da burocracia administrativa e dos cinzentos burocratas que, dia após dia, com impunidade e desrespeito, contornam a lei e o espírito da mesma. Não falando em jeito de conto, porque o assunto é grave, sério e continua a tentar dar corpo ao virar de costas ao mar por parte dos portugueses, abordemos as coisas como elas são. É do conhecimento geral de todos quantos já ousaram ter uma embarcação, fosse ela para fins comerciais ou recreativos, que a legislação é desajustada, os processos são desajustados, o tempo de resposta para qualquer requerimento, por mais simples que seja, é desajustado, que a forma de fiscalização é desajustada. O desajuste é tão grande que não conheço nenhum país europeu que crie tantas dificuldades e entraves ao desenvolvimento da náutica… Nesta matéria não estamos na cauda da Europa. Somos líderes e temos um jeito muito especial de tratar mal a nossa identidade náutica, o nosso país e os nossos empreendedores. Poderia enumerar centenas de situações que, como responsável pelo Departamento da Actividade Marítimo–Turística da APECATE, me são relatadas quase todos os dias ou que se passam comigo na 1º pessoa, e que vão desde a recusa das capitanias, sem nenhuma base legal, em registar uma embarcação, aos operadores que todos os dias perdem clientes para outros países ‑ porque somos incapazes de reconhecer cartas de nautas de recreio de fora da Comunidade Europeia para o comando de embarcações, levando‑os a procurar países como a Croácia para alugarem embarcações durante as férias ‑, ao arrasar de negócios de praia com mais de 30 anos e com investimentos de centenas de milhares de euros, levando famílias ao desespero, etc. São inúmeras, cansativas, desesperantes, frustrantes, injustas, desprovidas de bom senso e de inteligência racional as situações que me são reportadas. Onde fica? Onde fica esse lugar que tem por nome O Mar Como um Desígnio Nacional? Onde fica que todo o sector quer navegar para lá e não consegue sair do cabo das tormentas!?

O Futuro O futuro ninguém conhece mas, quando olhamos para trás, conseguimos rapidamente perceber pela linha que se desenha com a nossa passagem, qual a direção em que seguimos. Essa linha traçada pela envolvência que tenho tido nesta área não me aponta em boa direção, pelo que se não fosse eu próprio corajoso, audaz e de sagaz positividade, já teria abandonado este barco. No entanto, sei que o potencial passado e presente é imutável no futuro. O Mar está à porta de nossa casa e em algum momento o conseguiremos navegar de forma calma, serena e, acima de tudo, com estabilidade. As barreiras, tempestades e outras guerras serão ultrapassadas com uma palavra‑chave: mudança!

A mudança irá flectir o sentido da linha que há largos anos percorremos, mas para existir mudança terá que prevalecer a coragem dos que a podem promover. Pessoalmente, e ao fim de largos anos em torno da realidade do dia‑a‑dia, não acredito que um mar, gerido e regulado por organismos que, ou primam pela burocracia, ou que são altamente competentes em matérias militares e de defesa nacional, vá algum dia ter espaço para o desenvolvimento de uma actividade civil, recreativa ou comercial. É um pensamento audaz e de grande mudança, fruto de uma convivência entre o amor pelo mar e o ódio pelas guerras, mas é a mudança necessária, a única mudança que, depois de exploradas anos a fio todas as vias mais diplomáticas e assentes na compreensão, me surge agora como a nesga de sol que poderá evitar que o trabalho feito se afunde no meio de um mar de incompreensões e de tormentas.

JOSÉ SALEIRO VICE‑PRESIDENTE DA APECATE


MERCADO 38

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JOSÉ CARLOS COUTINHO, JOÃO PAULO OLIVEIR A, JOAQUIM PIRES E RUI OCHÔA

Forum Braga Discute O Turismo De Negócios O Forum Braga é o ponta de lança de uma estratégia para o sector do turismo de negócios que começou a ser desenvolvida há três anos, lembra Carlos Oliveira, presidente da InvestBraga, entidade gestora da infra‑estrutura, na sua alocução de boas‑vindas ao seminário “Turismo de Negócios, Uma Aposta de Futuro”, inserido na Semana da Economia de Braga. No evento, que decorreu a 24 de Maio, Carlos Oliveira destaca os impactos colaterais deste sector na vida de uma cidade, sublinhando a sua importância. Neste sentido surgiu este seminário que contou com a presença de destacados players da indústria e de uma plateia bem composta, de agentes locais, e não só.


Um dos keynote speakers do seminário foi Pedro Rodrigues, director da Desafio Global. O especialista fez um retrato do universo dos eventos corporativos, as particularidades, os problemas, os desafios, e deixou algumas pistas e oportunidades para a cidade. Pedro Rodrigues aponta a necessidade de o Forum Braga estar no top of the mind dos decisores, e isso implica um trabalho de prospecção intenso e de comunicação constante. Lembra ainda a necessidade do venue ser um agregador de valor aos eventos, e não um foco de dificuldades e problemas. E apela a que este, e outros venues, tenham nos seus sites ferramentas que permitam imaginar como o evento caberá no espaço. Isso faz com que seja mais fácil convencer o cliente de que aquele é o espaço perfeito para o seu evento. Barcelona não será um destino perfeito para eventos, porque a perfeição é difícil de atingir, mas é o líder do ranking da ICCA (International Congress and Convention Association), sendo a cidade que mais eventos (que cumpram os critérios da ICCA) recebeu no ano de 2017. Elena Altemir, International Promotion Manager no Convention Bureau de Barcelona, partilhou com a audiência a estratégia da instituição para este sector. A responsável alerta: “qualquer estratégia de promoção de destino leva tempo”, e que na base de tudo está o trabalho em equipa porque esta é “uma indústria de pessoas para pessoas”. Altemir aponta ainda a necessidade de que as estratégias sejam flexíveis e que se adaptem facilmente às mudanças, sejam elas quais forem. Uma estratégia clara é estar presente nas principais associações do sector para ter um lugar à mesa nas discussões sobre esta indústria. Outra é acreditar nas potencialidade da co‑opetition (colaboração + competição), cujo principal exemplo é a relação entre a cidade da Catalunha e Viena. Os dois destinos partilham diversos eventos, que se realizam um ano num destino, e no ano seguinte no outro. Elena Altemir revela ainda que o turismo de negócios representa 12% do PIB da cidade, mas que agora há um desafio a encarar: “Barcelona é um destino maduro, já toda a gente o conhece… o que vamos oferecer de novo”? Os integrantes do segundo painel do dia apontaram de facto Barcelona como um exemplo neste sector, mas foi do destino Portugal, e em concreto de Braga, que se falou. Joaquim Pires, responsável M&I do Turismo de Portugal, deu conta do que tem sido feito pela instituição e da nova postura, arrojada e com personalidade, de captação de congressos e eventos internacionais. O responsável destacou ainda a grande aproximação entre o Turismo de Portugal e as empresas desta indústria. João Paulo Oliveira, da Leading, focou a sua análise no potencial de Braga e na necessidade das instituições e dos agentes do negócio falarem e juntos construirem o produto. Realçando as mais‑valias da região, lembra a necessidade de agora captar negócio, e há um trabalho que tem que ser feito pela Câmara, pelos hospitais, pelas universidades, etc., de sensibilização. “Só na área da nanotecnologia há mais de cem congressos por ano”, lembra o director da Leading, um dos mais importantes organizadores de congressos do país. João Paulo Oliveira teme, no entanto, que não haja uma entidade no terreno, que possa fazer um trabalho de proximidade e agregador.

ELENA ALTEMIR

José Carlos Coutinho, director geral de feiras, congressos e eventos da InvestBraga, assume que o Forum Braga será um equipamento agregador de valor, com o qual será fácil trabalhar.


OPINIÃO 40

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“O nosso sector MICE está a alcançar um ponto de maturidade”


MICE

Aprender Para Crescer Quando se passa mais da metade da nossa vida a trabalhar no sector de turismo, 36 no meu caso concreto, e desses mais de 15 na área de congressos, reuniões e eventos, quase sem darmos conta, desenvolvemos alguns mecanismos que permitem uma percepção e um faro para este negócio que antes não poderíamos adivinhar que viríamos a ter. Recordo que, no início dos anos 90, quando tive a sorte de criar o Costa del Sol Convention Bureau, em Espanha só existiam três convention bureaux, Madrid, Barcelona e Sevilha, e o fenómeno da Internet ainda não atingira o mínimo de público. Assim, íamos frequentemente promover o nosso destino a um mercado essencial para os mencionados acima, os Estados Unidos, especialmente uma feira de incentivo no McCormick Center de Chicago, chamada IT&ME, onde muitas das coisas que nos acontecem aqui agora, já lá eram apontandas como tendência. Era o mundo dos freelancers, das Incentive Houses e dos Meeting Planners que, de forma muito individualizada, e por vezes surpreendente, eram portadores de negócios suculentos e interessantes, baseados principalmente no segmento de incentivo, no mundo dos consultores especializados e associativismo incipiente no sector MICE. Algo semelhante acontecia na Palexpo de Genebra com a EIBTM, agora IBTM, em que a vertente profissional era menor, porque havia menos competidores. Na realidade, havia menos de tudo: havia menos destinos preparados para sedear eventos, havia menos salas de convenções, menos hotéis e centros de congressos, menos profissionais e também menos ligações aéreas. Hoje, tudo cresceu, e de que maneira. A população mundial está destinada a um importante consumo de viagens, motivado principalmente pelo crescimento dos fenómenos chamados low cost e pela facilidade em encontrar informações rápidas, úteis e acessíveis sobre qualquer destino na Internet e suas variadas aplicações. Com o uso maciço da internet e o aparecimento de agências online, houve um momento de crise teórica no nosso querido segmento MICE a nível global: os gurus previram que congressos com presença física e muitas reuniões passariam por uma grande mudança, tendendo a uma considerável redução de negócios, baseada principalmente no "streaming e broadcasting" dos conteúdos dos congressos e reuniões, o que eliminaria grande parte dos participantes desse tipo de evento. Isto seria ajudado por videoconferências e também, como um mal menor, as reuniões teriam lugar em salas de aeroporto, para economizar custos com deslocações e, acima de tudo, para poupar tempo de viagem... Claro que esta era a profecia dos entendidos.

Então, veio a realidade que alterou qualquer teoria. Actualmente, o negócio de reuniões e eventos é uma realidade na qual, apesar da competição feroz entre cidades, áreas e recursos, nenhuma doença grave foi detectada, pelo contrário. Detectamos pontos fortes porque temos novos mercados para conquistar, mas o mais importante é que a nossa carteira de clientes, à medida que envelhecemos, também seja renovada com novos clientes, mesmo que eles pertençam a mercados maduros, daí que a espiral de promoção e renovação dos nossos clientes e eventos nunca possa parar. Apesar da proliferação de novas tecnologias e redes sociais, os clientes de congressos, convenções, incentivos para o lançamento de produtos, etc., continuam a afirmar que precisam de se encontrar, conhecer, sentir‑se próximos dos seus pares em destinos atractivos e em venues bem preparados. E isso é‑nos prescrito com um remédio agora chamado de "bleisure"; dizem‑nos que, para reduzir a tensão e o stress do nosso trabalho, devemos combinar trabalho com lazer e experiências no usufruto da cidade que visitamos, e isso no final é a essência da nossa profissão: incentivar os profissionais que viajam por motivos de trabalho a dedicarem um pouco do seu tempo para descobrir o destino e aproveitá‑lo, gerando uma riqueza adicional nos lugares visitados. Devemos ter a consciência de que já estamos a viver o futuro, o nosso futuro, que havíamos previsto ou sonhado há 20 ou 30 anos, e que embora nos digam que a sociedade viaja vertiginosamente, não é menos verdade que nosso sector MICE está a alcançar um ponto de maturidade, no qual, apesar do valor acrescido que as aplicações proporcionam, recursos como a gamificação, realidade virtual ou aumentada e outras variantes das novas tecnologias aplicadas ao nosso sector, na realidade ainda queremos viajar e encontrarmo‑nos num ambiente profissional agradável com os nossos queridos colegas de qualquer outra parte do mundo.

MANUEL MACÍAS DIRECTOR DO CONVENTION BURE AU DE SE VILHA


ESPAÇO APOREP 42

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Protocolo Desportivo Quando nos Jogos Olímpicos do Rio, em 2014, a organização usou por duas vezes uma bandeira da China com erros no seu desenho, isso obrigou a um pedido desculpas formal. Um desses momentos foi na cerimónia de abertura dos Jogos, vista por milhões de telespectadores. O erro era subtil, mas teve um forte impacto mediático, que foi preciso resolver pelo protocolo.


Estes erros acontecem muitas vezes, por detalhes e pormenores, e são altamente replicados pela imprensa e pelas redes sociais. O protocolo desportivo é, hoje em dia, obrigado a preocupar‑se não só com as formalidades cerimoniais, mas também em aspectos como estes, uma vez que estes eventos são vistos por várias pessoas. Em geral, a organização dos actos protocolares desportivos tem por base regulamentos, normas internas e tradições de cada desporto, e na sua coexistência com as leis e regulamentos do protocolo oficial existente. É o responsável de protocolo que tem as ferramentas para fazer coincidir e interpretar e aplicar estes elementos. A inexistência de legislação comum para os eventos desportivos faz com que muitas das realizações se baseiem no protocolo olímpico, e nas suas adaptações. Além da Carta Olímpica, outros grandes eventos internacionais vão marcando tendências, que depois são replicadas em eventos locais. As finais das provas da UEFA e FIFA, e as suas cerimónias, apresentam, cada vez mais, cenários em que a comunicação comercial assume enorme importância. O impacto visual é enorme, pelo que é preciso entender que os momentos protocolares são também momentos em que se passa dos limites formais e institucionais, para momentos de comunicação de marcas.

Para isso, é preciso que nos eventos desportivos os responsáveis de protocolo entendam os eventos de uma forma global. No campeonato do Mundo da Rússia, por exemplo, serão as hospedeiras da Qatar Airways a entregar as medalhas e o troféu no jogo da final.

Em Portugal, a taça de campeão nacional de futebol é entregue num cenário em que o patrocinador do evento, a NOS, é a imagem principal em pleno relvado. Na Taça da Liga, a entrada das equipas em campo tem uma forte presença do patrocinador CTT. Nesta linha, veremos nos próximos anos como irão evoluir as cerimónias de entrega do troféu da Liga Europa e da Liga dos Campeões, que são feitas no relvado, por oposição à tribuna presidencial, local escolhido durante a "era Platini”. Por agora, a vertente comercial ainda não é visível, mas será perfeitamente normal que assim aconteça, uma vez que a realização das cerimónias no relvado assim o permitem. Perceber como actuar ao nível do protocolo, nos eventos desportivos, com toda a tradição cerimonial, todas as leis nacionais, mas também com as novas realidades económicas e comerciais, é fundamental para que a imagem destes momentos seja muito positiva. Neste campo, a formação nesta área é importante, mas rara em Portugal. Um exemplo positivo é o da Pós‑Graduação em Eventos, Protocolo e Comunicação Estratégia da Coimbra Business School, que dotou o programa com uma vertente de protocolo desportivo. Mas também é preciso que quem organiza eventos desportivos aposte nos profissionais, como faz a Runporto nos seus eventos, ou como o Clube de Vela Atlântico que organizou em Matosinhos e Porto um Campeonato do Mundo de vela de 49er, e a Volvo Ocean Race em Lisboa e que apostaram em ter na equipa responsáveis de protocolo.

MIGUEL MACEDO ASSOCIADO DA APOREP E CONSULTOR EM PROTOCOLO DESPORTIVO


MERCADO 44

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© João Cautela . World Academy

Event Point Talk na Expo Sync

O Futuro Dos Eventos A segunda edição do Salão Profissional de Tecnologias Audiovisuais e da Música, Fotografia e Multimédia realizou‑se no Pavilhão 3 da FIL de 26 a 29 de Maio. E foi no último dia da Expo Sync que a Event Point Talk lançou o desafio a quatro reputados profissionais para que reflectissem sobre o tema Audiovisuais: projectando o futuro dos eventos. Em palco estiveram Cádia Silva, responsável da FX Road Lights (PRG Alliance), José Luís Lourenço, produtor executivo da Altice Arena, Marina Lebernegg, gestora de eventos da Desafio Global, e Pedro Magalhães, CEO da Europalco. Para este painel são evidentes algumas diferenças no modo de trabalhar com clientes estrangeiros e nacionais. Os primeiros tendem a decidir mais cedo e a apresentar um planeamento mais estruturado e detalhado do trabalho, os segundos funcionam muito mais no curto prazo, mesmo no que diz respeito à tomada de decisão de fazer um evento, e confiam menos no planeamento,

talvez porque acreditam na quase milagrosa capacidade de desenrascanço dos compatriotas. Pedro Magalhães, da Europalco, notou que, ainda assim, os clientes estrangeiros não são afinal tão diferentes dos nacionais. Se é certo que habitualmente adjudicam mais cedo um evento, até porque não conhecem tão bem o mercado português, mas depois, na operação, o


comportamento não difere substancialmente do dos clientes nacionais. As clivagens entre diferentes tipos de eventos tendem a esbater‑se, embora seja certo que os corporativos continuem a ser mais “ricos” do ponto de vista do uso dos audiovisuais do que um congresso, por exemplo. Mas aos poucos também os eventos de formato mais tradicional arriscam e inovam nos conceitos, e por consequência nas soluções de audiovisuais que apresentam. Da audiência veio a pergunta sobre se a criatividade era ou não valorizada, e reflectida nos orçamentos. De uma maneira geral este é um factor que não surge individualizado nos orçamentos, diluindo‑se por exemplo nos valores do aluguer dos equipamentos. Ainda assim, Marina Lebernegg, da Desafio Global garantiu que a criatividade das agências já começa a ser reconhecida por parte dos clientes, e para esta contribuem muitas vezes os fornecedores, com ideias, sugestões. Cádia Silva, da FX Road Lights, destacou que as empresas de audiovisuais têm muitas vezes a tarefa de transformar uma ideia em algo possível, concreto. E que é esse um dos seus grandes valores. José Luís Lourenço puxou para a conversa um tema conexo deste, e recordou os casos de clientes que chegam com o projecto de outra pessoa, alguém que dedicou às vezes muito tempo e dinheiro para apresentar uma proposta, dizendo, “Faça‑me isto, mas mais barato”, algo que considerou “muito complicado” e eticamente inaceitável. Ficou por isso vincado que é escassa, para não dizer inexistente, a protecção à propriedade intelectual, à criatividade das propostas que são apresentadas por cada profissional, por cada empresa desta área aos seus clientes.

Recursos humanos Uma outra questão levantada da plateia prendeu‑se com as condições de trabalho neste sector, e sobre as formas de garantir a protecção dessas pessoas, muitas delas freelancers. Pedro Magalhães defendeu que apenas uma associação das empresas do sector poderia garantir que estas fossem ouvidas, nomeadamente pela Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), para que pudessem ser reconhecidas e enquadradas as necessidades

próprias deste tipo de actividade, garantindo ao mesmo tempo condições dignas para o desempenho da profissão. José Luís Lourenço deu o exemplo concreto do rigging, explicando que na Altice Arena conseguiram estabelecer turnos de 12 horas, no máximo, ao mesmo tempo que cada pessoa não pode estar mais do que determinado tempo a trabalhar consecutivamente em altura. Esta opção tem implicações no número de horas extra, por exemplo, e pode ter reflexos no que é cobrado ao cliente, quer por causa do período de montagens, mais curto ou mais longo, quer do número de pessoas necessárias para o fazer. Por outro lado, os nossos convidados acreditam que este é o caminho certo a seguir. Acresce ainda o facto de o número de trabalhadores qualificados nesta área ser limitado, não sendo por isso fácil encontrar sempre recursos humanos disponíveis.

O que aí vem? Falando da luz, o LED vai continuar a marcar os próximos anos, explicou Cádia Silva. Fazer mais com menos, é o conceito. E se nos falta regulação, no mercado português, é importante não desistirmos. Não vale a pena continuar a dizer que o mercado é pequeno, que os clientes são assim, os trabalhos assado… é importante ter sempre que possível a melhor e mais recente tecnologia, porque isso é uma garantia, concluiu a responsável da FX. Não podendo esperar loucuras, Pedro Magalhães recordou que as mudanças mais profundas acontecem com intervalos grandes, acrescentando que há tecnologias e desenvolvimentos que não foram pensados para a nossa área mas que podemos usar. O uso da Inteligência Artificial, por outro lado, marcará os próximos anos, substituindo as pessoas em tarefas rotineiras, garantiu. Os automatismos são uma área que tem ainda muito para dar em Portugal, afirmou José Luís Lourenço, referindo‑se aos elevadores, etc., também porque os equipamentos são caros, mas eles existem. Marina Lebernegg, finalmente, referiu o uso cada vez mais sofisticado do vídeo, a fusão deste com a iluminação, sempre com o objectivo de tornar as experiências dos participantes em eventos mais imersivas.


RADAR 46

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Muitos delegados aproveitam e reservam mais uns dois ou trĂŞs dias para conhecer um destino


Juntar Trabalho E Lazer? Sim! A vida profissional é cada vez mais stressante, obriga a viajar de um lado para o outro, para conferências ou por motivos de negócios. É por isso que surgem movimentos, tendências que procuram aliar a componente do lazer, mas também do relaxamento, da experiência, nas conferências, eventos, ou simplesmente em viagens de trabalho. Até há palavras que resumem a temática. O bleisure é uma tendência de viagens, que alia “business” (negócios) a “leisure” (lazer). A meetings industry já percebeu esta tendência há muito tempo. O trabalho é a prioridade, claro, mas praticamente a maioria dos congressos tem no programa momentos de lazer e dão a oportunidade aos congressistas de levarem as famílias consigo. O que acontece é que muitos delegados aproveitam e reservam mais uns dois ou três dias para conhecer um destino. Os promotores, normalmente, já incluem sugestões de actividades no destino, informação sobre eventos culturais, locais onde jantar. E os convention bureaux investem tempo em conteúdos mais turísticos. Um turista de negócios pode sempre voltar, e trazer família e amigos. Em 2017 o Booking.com revelava que 49% dos viajantes de negócios estendem as suas viagens profissionais. Aproveitar o tempo o melhor possível exige algum planeamento. É importante fazer o trabalho de casa, escolher o que visitar, decidir se se quer fazer compras, ver algum espectáculo, conferir uma galeria ou um acontecimento desportivo, ir ter com amigos locais, ou viajar até um outro destino próximo. Pelo tempo ser curto, um alojamento perto do que se quer visitar permite maximizar melhor a estada. O hotel, aliás, pode

ser um bom aliado na reserva e aconselhamento de actividades. A descompressão é pois bem‑vinda quando a exigência do trabalho é grande e esta pode ser a ferramenta para tornar a experiência menos stressante e mais memorável. Em 2015, a ICCA (International Congress and Convention Association) dava conta de um estudo da ConferenceLeeds que mostrava que 58% dos delegados consideram que ter tempo livre torna a experiência do evento mais satisfatória. Uma palavra em voga no sector é bem‑estar (wellness), e por isso em vários eventos existem zonas de relaxamento, de reflexão. O “me time” (tempo dedicado a nós próprios) assume relevância depois de um dia inteiro a ouvir palestras exigentes, e a fazer o esforço de networking (algo que para muita gente não é algo que saia naturalmente, diga‑se). Algumas organizações colocam à disposição massagens, instrutor de yoga, promovem sessões de corrida ou outros desportos. Aliás, nas tendências do sector para 2018 estima‑se que em cada vez maior número de eventos haverá locais sem wi‑fi, para que os delegados possam desconectar. Esses locais terão sofás confortáveis, uma luz mais branda, e um som ambiente propício ao relaxamento. Fica a sugestão.


INQUÉRITO 48

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CRISTINA FERNANDES E SUSANA DE SAL A Z AR CASANOVA

O Anfitrião E As Suas Responsabilidades Num pequeno ou grande evento, o papel do anfitrião é decisivo. Características fundamentais num anfitrião Nos cuidados indispensáveis e da responsabilidade do anfitrião/anfitriã surge, em primeiro lugar, a elaboração da lista de convidados e a apresentação atempada do convite. Por exemplo, em micro eventos, deve contactar telefonicamente as pessoas que quer reunir. Poderá, posteriormente, remeter um pró‑memória. Ao planear o acontecimento deve ter o cuidado de seleccionar pessoas com motivações e gostos comuns. No dia do evento, quem convida deve receber com delicadeza e proporcionar a cada convidado a atenção que este merece. Todo o espaço deve estar na mais rigorosa arrumação e agradável apresentação: este

detalhe impacta positivamente os participantes. À chegada, a anfitriã (ou os anfitriões, dependendo da situação) deve apresentar os convidados, se eventualmente não se conhecerem. No decurso do evento deve procurar, na medida do possível, dedicar atenção aos presentes, criando polos de interesse comum com o objectivo de estabelecer um diálogo útil. Se incluir uma refeição, o menu deve agradar ao maior número de indivíduos. O bom senso é indispensável e excluem‑se os pratos que não são, por regra, apreciados. No final do evento, agradece a presença e despede‑se dos convidados.


Opções para distribuir convidados à mesa de refeição Entendemos que em encontros profissionais os lugares devem ser previamente definidos. Quem convida é quem conhece o grupo e, por isso, é quem dispõe de informação sobre as precedências, os interesses e os objectivos de cada um. Recorde‑se que é importante proporcionar um momento agradável e espaço para conversar. À mesa pode organizar‑se dois tipos de presidência: à francesa (quem preside senta‑se ao centro da mesa) e à inglesa (quem preside senta‑se nos topos da mesa). É muito frequente que se opte, em encontros privados, pela presidência à inglesa, ou seja o anfitrião senta‑se no topo da mesa e à sua frente o seu cônjuge. Ambos os modelos são acertados, é uma questão de preferência dos próprios, em função dos seus objetivos. Os lugares à direita e à esquerda de quem preside são os mais importantes do ponto de vista protocolar. Quando o encontro é informal, os anfitriões podem optar por deixar à consideração dos presentes a escolha dos respectivos lugares. Dúvidas frequentes:

Detalhes importantes O tamanho da mesa deve ser proporcional ao número de comensais.

Deve servir‑se a refeição quando os convidados chegam ou esperar algum tempo? É aconselhável haver um período de tempo antes da refeição principiar. É um momento óptimo para os convidados se cumprimentarem, conversarem e tomarem um aperitivo. O que fazer no caso de um convidado estar atrasado? Quanto tempo se deve esperar? Depende de quem é o convidado e de quem está à espera. Consideramos que quinze minutos após a hora marcada é um período de tempo de espera justo. Refira‑se, complementarmente, que os atrasos causam inúmeros transtornos, em particular na manutenção e na apresentação com qualidade dos próprios alimentos. Como se deve processar o serviço? Em situações profissionais, o serviço tem início no convidado de honra ou na pessoa de maior estatuto, seguindo‑se as precedências empresariais, sendo o anfitrião a última pessoa a ser servida. Note‑se, contudo, que é fundamental escolher previamente o tipo de mesa e o tipo de presidência afim de se cumprirem os objetivos. Que regras se aplicam em refeições volantes? As refeições de pé são uma solução quando se quer receber um número elevado de pessoas e não é possível sentá‑las numa mesa, ou quando há restrições orçamentais. Se o objectivo for uma menor formalidade, este modelo é, também, acertado. Este tipo de evento pode trazer algumas dificuldades aos convidados, dado ser desconfortável segurar no prato e no copo e ainda degustar a refeição, tentando manter uma conversa de forma elegante.

Nunca se devem sentar treze pessoas à mesa de refeição. Preferencialmente deve convidar‑se um número equilibrado de homens e de mulheres. A toalha e o serviço de jantar devem ser de boa qualidade. O guardanapo (de tecido) deve ser colocado do lado esquerdo (depois é posto, sobre o colo, antes da refeição ter início e no final fica em cima da mesa). As flores decorativas devem ser naturais e frescas. Ao montar o lugar coloca‑se na mesa um copo de água, um copo de vinho tinto e um copo de vinho branco. Caso se queira fazer um brinde deve acrescentar‑se o copo correspondente à bebida, por exemplo: um copo de vinho do Porto ou uma flûte de champagne. O pão deve ser colocado num prato do lado esquerdo. O anfitrião é a pessoa que prova e aprova o vinho. Deve evitar‑se a selecção de alimentos difíceis de comer e que exijam utensílios específicos (crustáceos, por exemplo).


DESTINO INTERNACIONAL 50

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Praga é uma cidade que está a preparar bem o futuro


HILTON PR AGA

Praga Investe No Turismo De Negócios 2018 é um ano marcante para Praga. Cumprem‑se os 100 anos da instauração da Checoslováquia, os 50 da Primavera de Praga, os 10 do Convention Bureau de Praga, e pela primeira vez a cidade ascende ao Top 10 da ICCA. Praga é uma cidade de conto de fadas e a melhor maneira de conhecê‑la é a pé. Isso permite a flexibilidade de travar a fundo quando vislumbramos a cúpula de uma igreja, a fachada de um edifício, uma rua pitoresca, dar meia volta, e seguir outro caminho. Entre as deambulações, ao sabor da corrente guiada pelos sentidos, o agradecimento por esta não ter sido uma cidade demasiadamente afectada pelo rasto de destruição da Segunda Guerra Mundial. Excepção feita a um episódio. Corria o ano de 1945, o último do conflito, e um raid americano deixou cair uma série de bombas na cidade, apenas porque os pilotos confundiram Praga com Dresden. Praga, claro, foi ocupada pelo regime nazi e fez parte do Protectorado da Boémia e Morávia. O governador mais temido foi um tal de Reinhard Heydrich, que ficou para a história como o Carniceiro de Praga. Para os aficcionados da Segunda Guerra Mundial é possível visitar a igreja (Santo Cyril) onde se refugiaram os autores do assassinato do poderoso Heydrich. A operação teve como nome de código "Antropoide" e os seus executantes foram elevados à condição de heróis nacionais. A Charles Bridge (Ponte Karlov) é a ponte mais antiga, de circulação pedonal, e liga as duas margens do rio Moldava. Começou a ser construída em 1357, por ordem de Carlos IV, tendo sido concluída em 1402. De 1683 a 1928 foi decorada com inúmeras estátuas, das quais se destaca a de São João Nepomuceno. Vigário‑Geral em Praga, João de Nepomuceno foi mandado

torturar pelo rei Venceslau IV e atirado ao rio. O (suposto) sítio onde o clérigo foi lançado ao Moldava é assinalado por um brasão. Reza a lenda que se se colocar a mão no brasão e pedir um desejo, este realiza‑se no prazo de um ano. Mesmo ao lado da ponte fica o Mlýnec Restaurant, para alimentar o corpo com a melhor cozinha checa. Da Ponte Karlov avista‑se o imponente Castelo de Praga, a uns quinze minutos a pé e a uma escadaria de se perder o fôlego. O Castelo é um complexo extenso que inclui a Catedral de São Vito, em estilo gótico, o Palácio Real, onde ocorreu a famosa defenestração de Praga de 1618 (em que atiraram vários nobres pela janela), a Basílica de São Jorge, a Pinacoteca, o Palácio de Verão da Rainha Ana, entre vários outros. Do outro lado do Moldava, fica a Praça da Cidade Velha (Old Town Square), a mais importante (e espectacular) praça da cidade, dominada pela Igreja de São Nicolas, pelo Memorial, de Ladislav Saloun, que assinala o episódio da história checa em que foram decapitadas 27 pessoas por tentativa de rebelião face ao império dos Habsburgos, e pelo relógio astronómico, que figura na antiga Câmara Municipal. Mas há imensas outras atracções em Praga, desde o bairro judeu, às inúmeras igrejas, sem esquecer o Memorial a John Lennon ou a Dancing House. É neste centro histórico, facilmente caminhável, que gravitam muitos dos players do sector da meetings industry.


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Cidade em azáfama total Praga é uma cidade que está a preparar bem o futuro. Há venues muito recentes, centros de congressos em construção, e hotéis a planearem remodelações das valências para eventos. É o caso do Marriott . “Praga está ao rubro”, diz o director William Boulton Smith, e para isso muito contribui a sensação de grande segurança que se vive na cidade. Numa altura em que cidades como Londres ou Paris ainda sofrem as consequências de atentados terroristas, zonas mais periféricas, como Praga, Budapeste ou Lisboa tornam‑se centrais no que diz respeito a eventos. Além da segurança, o director do Marriott lembra que a capital checa está hoje muito bem conectada em termos de voos, além de ter um aeroporto “óptimo”, e muito perto da cidade. “Todas as grandes companhias estão cá”, refere, e isso abre o espectro de clientes potenciais. China e Índia são hoje mercados promissores para Praga. Outra facilidade que a cidade oferece é a possibilidade de aluguer de edifícios históricos, o que pode conferir um élan extra a um evento. “Até o tram pode ser alugado”, sublinha Boulton Smith. E, por isto tudo, os bookers têm confiança em Praga. O Marriott inicia em Julho obras de remodelação de toda a zona dedicada a eventos, para aproveitar a low‑season de congressos. Também o Hilton, um dos principais hotéis vocacionados para congressos e eventos na capital checa, vai entrar em obras com a renovação de todos os espaços de reuniões. Já o Vienna House Diplomat verá todos os seus quartos serem remodelados este Verão, num estilo Great Gatsby, anos 30. Este hotel dos anos 80 está a dar passos firmes na direcção da modernidade. Do mesmo grupo fazem ainda parte o Angelo e o Andel’s, hotéis também eles com grande propensão para o MICE. O estaleiro está montado no O2 Arena, a Altice Arena de Praga, para a construção de um centro de congressos e um espaço multiusos. A abertura está agendada para o Verão do próximo ano e em 2020 já há congressos marcados para o novo espaço. O complexo chamar‑se‑á O2 Universum. No mesmo ano, a Betsport, dona e gestora do espaço, espera reforçar o complexo com um hotel de quatro estrelas, com 300 quartos. O O2 Universum vai estar conectado com a arena, aumentando em muito a área disponível para eventos. Em 2022, o Centro de Congressos de Praga espera inaugurar um novo hall com 5000 m2. Para o Congresso da ICCA, que se realizou aqui em 2017, o venue construiu uma nova e mais moderna entrada e tornou o edifício mais sustentável, com ganhos de 30% nos custos da energia. Intacta está no entanto, e ainda bem, a sala que recebeu personalidades como Obama ou Brejnev, constituindo‑se como um pedaço da história da cidade. O Cubex é o mais recente venue da capital checa, um espaço moderno que promete agitar o sector dos eventos. O espaço é minimalista, tendo como inspiração o cubismo checo. Particularidades do espaço são as paredes brancas para projecção e a possibilidade de o organizador definir a cor de qualquer espaço.

Um país em que o Google tem competição Fundada em 1996 por Ivo Lukacovic, para muitos checos Seznam significa internet. Mas na verdade a palavra tem por tradução: lista. Quer como motor de busca, quer na publicidade online, a empresa procura por em causa a fatia de mercado do gigante americano, e desse ponto de vista é praticamente uma excepção na Europa. No passado foi mesmo líder de mercado no país. Lembre‑se que a Google apenas não lidera em países como a China, Japão, Rússia e Coreia do Sul. O sector das tecnologias é importantíssimo para a República Checa, e tem como principal epicentro Praga. O ecossistema das start‑ups é muito activo, acarinhado na cidade, e está no radar de investidores internacionais. A capital ajudou a criar tecnologias como: Avast, Kiwi.com, SocialBakers, JetBrains, entre outros.


PAL ÁCIO ŽOFÍN

Venues históricos e com charme Numa cidade com história para dar e vender dois venues que transpiram charme: a National House of Vinohrady e o Palácio Žofín. O primeiro data de 1894 e insere‑se no estilo neo‑renascentista, fazendo quase lembrar um salão de baile vienense. A sala Majakovsky, que homenageia o novelista russo Vladimir Majakovsky, é a mais espectacular e imponente, uma verdadeira obra de arte. A capacidade é para 670 pessoas em teatro e 700 em cocktail. Com a cheia de 1784 em Praga, surgia uma ilha, em pleno Moldava, de 250 por 100 metros, e onde hoje se situa o Palácio Žofín. A área mudou de dono uma série de vezes, mas em 1834 Václav Novotný comprou a ilha assegurando que a ia transformar num espaço social e de cultura para Praga. No projecto estava previsto um restaurante, uns banhos e um edifício residencial. A 27 de Setembro de 1840, o Arquiduque Franz Karl visitou a ilha, e esta passou a ser conhecida por Ilha Sofia (Žofín), numa homenagem à esposa de Franz Karl e mãe do Imperador Franz Joseph I. Em 1884, o edifício existente foi transformado num

palácio neo‑renascentista, destinado aos mais variados eventos. E ainda hoje se mantém. Desde 1994 é gerido pela Agentura NKL Žofín. Pelo Žofín passam os mais variados eventos, desde congressos internacionais a concertos, até eventos corporativos ou casamentos. Há quatro halls disponíveis. O maior, e também o mais impressionante, em banquete pode receber até 800 pessoas. Trata‑se de uma sala absolutamente deslumbrante, capaz de provocar espanto a quem quer que a visita. Num outro registo, a Old Wastewater Plant, ou Estação de Tratamento de Águas, construída entre 1901 e 1906, tendo estado em funcionamento até 1967, funciona hoje como museu e um espaço original para eventos. Além disso, é cenário de uma acção de team building, uma espécie de Fort Boyard checo, dinamizada pela Quix Events, empresa de organização de eventos, com grande vocação tecnológica. Criado de raiz pela empresa, o jogo tem feito as delícias de empresas, mas também de turistas.


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APARTAMENTOS OLD ROYAL POST

Alojamento para vários gostos numa cidade também de compras e de lazer A ausência de barulho leva a pensar que não estamos no centro da cidade. Mas estamos. O Mandarin Oriental Praga ocupa um antigo mosteiro do século XIV, transformado num hotel que combina elementos renascentistas, barrocos e góticos, tudo com um toque asiático, mas criando um conjunto harmonioso, pleno de requinte. O feeling é quase de resort, favorecendo a privacidade de um grupo que queira utilizar a unidade para eventos e congressos. Como palco desses eventos, o Mandarin tem à “porta de casa”, e a uma distância caminhável, tudo o que de melhor Praga tem para oferecer. As salas mais requisitadas para eventos são: o Grand Ball Room, com capacidade para 130 pessoas sentadas e 200 em cocktail; o Dominicus Hall, para 100 pessoas em pé; o Lounge que recebe 150 pessoas em recepção, por exemplo; e a Adega, para jantares privados com até 22 pessoas. O restaurante do hotel tem capacidade para 92 convivas. Em termos de quartos, estes perfazem os 99. A suite presidencial tem uma vista única, de cortar a respiração, do Castelo de Praga. Bem perto, os apartamentos Old Royal Post situam‑se num edifício do século XIV, que uns séculos mais tarde acolheu os correios reais. Entretanto o edifício foi totalmente renovado e em Dezembro de 2015 arrancava o projecto com 26 apartamentos. Estes são todos diferentes, primando pelo bom gosto e pela originalidade, procurando homenagear personalidades importantes para a República Checa.

Colado ao Centro de Congressos de Praga, fica o Holiday Inn Prague Congress Center, uma unidade com 250 quartos que serve de apoio ao venue. O hotel, por sua vez, tem também espaços para eventos com capacidade para 120 pessoas. Também o jardim pode ser usado para esse efeito. Já nos arredores da cidade, fica o AquaPalace Hotel. Com vista para o sector dos eventos, mas claramente vocacionado para o lazer, o AquaPalace tem no parque aquático o seu ex‑libris. Talvez por ser o maior parque indoor da Europa central, recebe visitantes de mercados como o alemão, austríaco e de outros países vizinhos da República Checa, além claro dos clientes nacionais. Combinar os dois segmentos, lazer e corporate, é um desafio grande para a unidade. Em termos de centro de conferências, este recebe eventos até 650 pessoas e todo o tipo de iniciativas, desde congressos até reuniões, e mesmo casamentos e galas. Com uma estratégia de fomento de relações próximas com os hotéis, o Fashion Arena Prague Outlet, a 25 Km do centro de Praga, alberga mais de 200 marcas internacionais e checas. O espaço VIP é muitas vezes cedido a hotéis e a grupos como um ponto de encontro, de descanso, de relaxamento. A zona é agradável, o catering bom e este acesso dá ainda direito a um desconto em diversas lojas.


Cinco perguntas a Roman Muska, director do Convention Bureau de Praga O que significa para Praga estar no top 10 da ICCA? Era um dos nossos objectivos a longo prazo e estamos muito entusiasmados de termos conseguido. O mais difícil está agora à nossa frente: mantermo‑nos no Top 10 nos próximos anos e possivelmente chegar ao Top 5 dos principais players. Estamos completamente alertados de que o ranking se centra nos eventos associativos e representa apenas uma parte da meetings industry, mas é muito importante para nós ver as tendências em termos de destinos e países. Quais são os principais argumentos que tornam Praga um destino de topo para congressos e eventos? Há muitos factores que afectam positivamente a meetings industry em Praga. Alguns deles herdamos – uma história rica e venues antigos bem preservados, e a localização vantajosa no coração da Europa. Quanto aos outros factores, eles estão constantemente em melhoramento – qualidade de serviços, venues e hotéis novos ou reabilitados, número crescente de ligações aéreas directas, apoio financeiro e administrativo para congressos e conferências internacionais, e muito mais. Quais são os mercados principais para o destino? Os principais mercados incluem: América do Norte e países europeus como o Reino Unido, Alemanha, França e Benelux. Com tudo o que está a acontecer em Praga, especialmente em termos de novos venues, como vê o destino nos próximos anos? Esperamos que Praga seja capaz de receber congressos internacionais ainda maiores. Graças às novas aberturas, vai haver mais espaço, não só para receber eventos maiores, mas também em maior número. Considerando esta oportunidade, esperamos conseguir trazer mais congressos internacionais para Praga. Quais são os principais objectivos do Convention Bureau de Praga para os próximos anos? A nossa principal estratégia tem que ver com a manutenção de Praga como um destino para eventos no top mundial. Tendo isto em conta, temos três objectivos: aumentar o número de eventos internacionais, continuar a construir uma imagem positiva de Praga como destino de topo para eventos, e, por último mas não menos importante, aumentar o reconhecimento do valor que a meetings industry traz ao país.

CLÁUDIA COUTINHO DE SOUSA* *VIAJOU A CONVITE DO CONVENTION BURE AU DE PR AGA


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