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Capítulo 2 Entre a vida e a morte
CAPÍTULO 2
Entre a vida e a morte Entre a vida e a morte Entre a vida e a morte Entre a vida e a morte Entre a vida e a morte
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o caminho de volta a Curitiba a Renatinha falou.
- Vida, estou morrendo de saudade do Ares, quero ver meu “gabundo”.
- Claro vida, nunca mais vou deixar você se afastar dele.
Chegamos na minha casa, que fica na parte de trás da academia. Entramos pela porta da academia, tiramos os tênis para atravessar o tatame e fomos andando até a cozinha; ansiosamente a Renata abriu a porta do quarto e foi correndo abraçar o Ares.
Meu gatinho é uma bola de pelo, ele é cinza claro com o peito e as patas brancas, muito grande e muito gordo. Enquanto a Renata o abraçava ele ficava imóvel no seu colo, seus olhos azuis brilhavam quando ele olhava os olhos da mãe dele, e para aumentar sua fofura ele mostrava seus dentinhos tentando fazer cara de mal igual ao papai, mas ele tinha um dente torto e o deixava ainda mais fofo. Ela falou.
- Aí amor, o cheirinho dele ainda é o mesmo.
- Nosso gordinho safado é o gato mais lindo e cheiroso do mun-
do.
Quando ele era bebê tomava banho no chuveiro em meu colo, com o tempo vi que o banho tirava o cheiro natural dele, seu cheirinho parecia um perfume doce.
A Daenerys, minha gatinha branca com pelos longos, se escondeu
embaixo da cama, ela é muito receosa e tem a memória curta.
Voltamos a dormir todos juntos, eu, ela e o Ares; a Daenerys veio para cama só de manhã.
Comecei a semana renovado, quando as coisas vão bem no relacionamento me sinto ainda mais motivado para os treinos. Fui treinar com o Tio, um antigo rival, hoje um irmão. Ele tem a pele bem clara, é um pouco mais velho, calvo, alto e forte. Durante o treino ele já brincou.
- O que aconteceu que o meu Macaquinho está feliz hoje? Porque, quando ele começa a treinar igual um maluco é que algo de bom aconteceu.
- Estou feliz demais, passei o final de semana com a Renatinha na Ilha do Mel. Voltamos.
- Aleluia, agora a minha sobrinha está a salva! Vou colocar aquela música do Zezé de Camargo para vocês: “cada volta um recomeço.” - O que é verdadeiro sempre volta né Tio, a Mari já estava me mandando mensagem. - Fique longe da minha sobrinha; vou te dar uns tiros, Macaquinho.
O Showman é muito divertido e sempre me ensina muito, tanto na vida como no tatame.
De tarde recebi uma ligação do empresário que estava vendo para mim participar do torneio do PFL. O campeão ganha um milhão de dólares e estava bem animado com a oportunidade.
- Fala, Roverso. Como você está?
- Tudo ótimo irmão, só esperando o contrato para a guerra.
- Então, Roverso. Não conseguimos fechar com o PFL, mas vai se preparando que logo fechamos algo para você.
Desde que fui campeão na Coreia não apareceu nenhuma nova oportunidade e esse evento era o ideal; o UFC estava um pouco complicado.
Sem luta marcada e com nada em vista, o jeito era sair para comer. Queria aproveitar cada momento com a Renatinha. Achei que nunca voltaríamos e agora eu estava muito mais dedicado ao relacionamento. Sair comer era a nossa maior diversão. Fomos no Madero e devoramos o melhor hambúrguer do mundo, sempre pegava o duplo com cheddar, batata e aquela maionese extra. Na última luta na Coreia passei muita fome. Desde que voltei ao Brasil estava comendo mais do que nunca; já passava dos oitenta quilos, bem distante da categoria, 66 kg.
Chegou o final de semana e com ele o prêmio dos Melhores do MMA. Essa edição foi aqui em Curitiba e fizeram uma homenagem ao mestre Zito. Fazia três anos que o mestre tinha falecido; ele era um loirão alto e forte, 1,86m de altura e 100kg de puros músculos. Durante a luta contra a síndrome de Guillain-Barré, que é uma doença autoimune e degenerativa, ele perdeu mais de trinta quilos e não sentia mais suas duas pernas. Mesmo com todas as dificuldades que essa enfermidade trazia, ele continuou lutando contra a doença e vinha dar aula de cadeira de rodas. Meu mestre foi o maior guerreiro que já conheci e tenho muito orgulho de continuar o seu legado.
O v O v O v O v O velór elór elór elór elório do mes io do mes io do mes io do mes io do mestr tr tr tr tre Zit e Zit e Zit e Zit e Zitoooo o
18 de março de 2016
Estava na cozinha da minha casa tendo uma discussão com a Alessandra.
- Para com esses ciúmes besta, Ale! Já te contei absolutamente tudo, nós dois pisamos na bola. Vamos seguir em frente e deixar o passado para trás.
Ela pegou a primeira coisa que viu pela frente, a tampa de uma panela de vidro, e atacou em minha direção. Desviei e pegou na parede. Espalhou-se farelos de caco de vidro por toda a cozinha e ela gritou.
- Você está me traindo!
- Você está maluca!? Agora deu, acabou! Não quero mais você na minha vida.
- É isso que você quer mesmo, aí vai poder ficar com essas vagabundas que curtem suas fotos.
Virei as costas para arrumar minhas malas, quando ela me deu a notícia.
- Bruno.
Me virei e perguntei rispidamente.
- O que foi!?
Olhei para ela e estava paralisada com o celular na mão.
- O Zito morreu!
Meu corpo congelou, não sabia se chorava ou se gritava. Ela me abraçou.
- Estão indo para casa do Moscão, vamos lá.
O pessoal do grupo da academia já estava lá. Entrei no quarto do Moscão e ele estava sentado na cama, levantou-se e me abraçou; naquele momento desabamos a chorar.
19 de março de 2016
Estávamos todos da família Zito ao redor do caixão, até que um aluno fez uma piadinha do Zitão. Alguns riram, outro aluno contou mais uma piada e as risadas aumentaram. Quando nos demos conta estávamos todos ao redor do caixão rindo e contando histórias do Zitão. Até além da vida a energia do mestre contagiava.
Viramos a noite no velório, cochilei em um sofá em frente ao caixão. Já era de manhã quando a Alê me acordou.
- Amor, acorda. Olha quem está aí.
O filho do Zito estava na frente do caixão do pai. Alguns meses atrás ele tinha processado o Zito e queria direitos trabalhistas. O Zito fazia de tudo por ele, mas era um ser possuído pela ingratidão.
Me retirei e fiquei do lado de fora esperando o ingrato ir embora. Minutos após ele sair um amigo veio e me perguntou.
- Você ouviu o que o filho do Zito falou?
- Estava aqui fora, o que ele disse? - Ele colocou as mãos sobre as do Zito e disse “pai, eu te perdoo.”
- Mas é um filho da puta! Eu vou atrás desse merda.
O Moscão veio e me acalmou.
- Irmão, fica aqui. Esquece esse piá, nós somos os verdadeiros filhos do Zito.
Não estava concorrendo nessa premiação, era apenas para atletas que lutaram no país. Além da emoção de ver meu mestre ser reconhecido por seu trabalho e sua história, na premiação meu amigo e patrocinador Cássio, ganhou pelo terceiro ano consecutivo como o melhor fotógrafo do ano.
E os reconhecimentos ao mestre não pararam por aí, o Zito sempre gostou de colocar a gurizada para sair na mão e em sua homenagem criei o evento: “O Legado Mestre Zito” com lutas equilibradas e visando encontrar novos talentos.
Na época do Zito ele fazia campeonatos internos e a partir desses eventos ele descobriu dois grandes talentos: o Maurício “Shogun”, campeão do Pride e do UFC, e seu irmão, Murilo “Ninja”, que ganhou esse apelido do Zitão.
O campeonato foi um sucesso, vários nocautes e lutas muito agressivas, os iniciantes não são de ficar se estudando. Eles partem para o tudo ou nada e fazem lutas eletrizantes.
Depois do evento fui com a Renata em um novo patrocinador e
que patrocínio incrível que ganhei: comida japonesa à vontade. Estava ficando cada vez mais pesado e não estava muito preocupado com isso. Minha barriguinha era toda definida e agora estava saliente. Mesmo assim não ligava, estava sem luta e queria aproveitar o tempo perdido com o meu amor.
E como estávamos aproveitando, todos finais de semana fazíamos algo diferente. Fomos em parques de diversões e a Renata tinha muito medo dos brinquedos mais ousados; na montanha russa não desgrudava da minha mão e se encolhia toda de medo. No final de semana seguinte teve uma festa da minha família e eu não era o maior fã de confraternizações, mas esse era um dos pedidos dela. Então fomos à festa e nos divertimos muito; os meus tios ficaram impressionados com a beleza da minha princesa e um deles até perguntou. - Orra, Bruno. Qual o segredo? - Que segredo, tio?
- Para conseguir uma mulher assim. Ela parece modelo, lembra as musas do futebol.
- Olha, tio, não entendo muito de futebol, mas meu segredo é simples.
- Então qual é?
- São os gatinhos. Antes de se apaixonar por mim ela se apaixonou pelo Ares.
- Vou trocar meus cachorros por gatos. - É uma boa ideia.
Rimos, mas isso tem uma grande parcela de verdade, meu gordinho cinza é um amor.
Eu estava tão disposto a fazer tudo com ela que até para o carnaval fui. Ela é muito agitada e ama uma bagunça. Eu sou mais caseiro e prefiro um rolê que dê para sentar e conversar ou algo que possa aproveitar o momento a sós com ela.
centro das atenções no carnaval curitibano, mesmo não sendo meu rolê nos divertimos muito, a Renata estava muito feliz com as minhas mudanças e parceria.
Estava chegando a hora de voltar para a realidade e começar a fazer a dieta. Tínhamos um rolê numa choperia no final de semana e logo antes de ir, subi na balança e estava com oitenta e nove quilos e quinhentas gramas. Engordei demais, quase vinte e quatro quilos acima da categoria; minha barriga estava redondinha e os quadradinhos tinham sumido. Fui para a choperia e fiz minha despedida das gordices que amo, com certeza naquela noite passei dos noventa quilos, não quis nem me pesar, a dieta ia começar na segunda-feira; e como é bom deixar as coisas para segunda né!?
Chegamos na minha casa e a Renatinha deixou a flor que lhe dei em um copo com água. Ela sempre cuidava muito bem das flores que ganhava.
Entrei no quarto primeiro e achei muito estranho o Ares estar encolhido no canto da parede, deitado no chão.
- Oi gordinho lindo do pai, vamos deitar na cama?
Peguei ele no colo e nos deitamos na cama, percebi que ele estava um pouco mais inchado do que o normal e comentei com a Renata, que já estava deitada ao meu lado. - Será que o Ares está bem vida? Ele está tão inchado e tão quietinho.
Aí ela o abraçou e falou.
- O “gabundo” da mãe, você está dodói? Fica bem, a gente vai cuidar de você filho.
Ela deu um beijinho no Ares e me beijou, dormimos os três abraçadinhos e quando nos levantamos de manhã o Ares estava no chão gelado, ainda mais inchado. Liguei para uma amiga veterinária e ela recomendou um remédio, fui correndo comprar, só queria ver meu filho bem.
De noite depois da minha aula fui buscar a Renata no terminal, ela
estava chegando do trabalho e estava muito preocupada com o Ares. Estiquei meu braço e abri a porta para ela entrar. Nos beijamos, nos abraçamos e ela perguntou. - Como está o meu “gabundo”? - Os remédios não adiantaram em nada, ele continua inchado e no chão gelado. Vamos levar ele em uma clínica veterinária.
Chegamos em casa, abri a porta e o Ares estava no mesmo cantinho, quietinho e ainda mais gordo pelo inchaço. A Renata o pegou no colo e ele ficou igual um bebê nos braços dela. - Ô meu filho, você está dodói? Mamãe e o papai vão te levar ao médico, você vai ficar bem.
Entramos no carro e o Ares foi deitado no colo dela, ele estava quase sem forças para se mexer.
Chegamos na veterinária e fomos direto a emergência, ela fez algumas perguntas e examinou o Ares.
Após examinar a veterinária falou o que estava acontecendo. - Ele está com uma obstrução, acontece muito com gato adulto, castrado. Precisamos desobstruir a uretra dele e ele precisa ficar sob observação.
A Renata perguntou.
- Isso é perigoso?
- Existe o risco de vida.
A Renata colocou as duas mãos no rosto, tampando os seus olhos e se encolhendo de medo.
- Ai, doutora. Meu bebê vai ficar bem?
- O risco é baixo, mas precisamos desobstruir a uretra e deixar ele sob observação; se tudo der certo amanhã ele já vai para casa.
O Ares ficou internado e nós muito preocupados, mas lá no fundo
sabia que meu filho era forte e ia sair dessa.
Fomos acertar as contas e já foi quase todo o meu dinheiro. Na última luta recebi muito pouco e não tinha nenhuma reserva de emergência. Acertamos tudo e fomos para casa muito preocupados. Foi angustiante ficar aguardando uma ligação da clínica.
No outro dia pela manhã o telefone tocou logo cedo.
- Alô.
- Bom dia, Roverso. Como você está?
Era o Machtmaker do melhor evento do Brasil.
- Muito bom dia, bem e você como está?
- Tudo perfeito. Em maio vamos fazer uma edição do nosso evento em Curitiba, temos uma luta para você no peso pena, 66 kg. - Quem é o adversário e como vai funcionar a bolsa do evento?
O adversário era um oponente muito duro, quando comecei a lutar fora do país ele passou para o primeiro do ranking nacional. Negociamos o pagamento da bolsa e fechamos a luta. Eu estava bem fora do peso, já tinha perdido seis quilos, estava com oitenta e quatro quilos, bem longe da categoria peso pena.
Fui para o treino e no mesmo dia já comecei uma dieta mais forte, estava dezoito quilos acima do peso, ainda tinha dois meses até o combate. Ia perder o total de vinte e quatro quilos, tirar dez quilos sempre foi tranquilo, mas dessa vez teria que levar a dieta à risca.
Depois do almoço recebi uma mensagem da clínica e já encaminhei o recado para a Renata.
“Oi vida, a clínica me mandou uma mensagem e falaram que já desobstruiram o Ares, mas ele ainda não está conseguindo ir ao banheiro sozinho. Vai ter que passar mais um dia internado.”
Ela ficou muito triste de passar mais um dia longe do nosso gordinho safado, mas não tinha nada que pudéssemos fazer além de esperar.
Segui treinando focado na luta e levando a dieta à risca. No outro dia a clínica mandou mensagem logo cedo e o meu bebê não apresentava melhoras. Além de estar muito preocupado com ele, a conta da clínica já estava mais alta do que o dinheiro que eu tinha para pagar. Comentei com eles e me falaram:
“Fica tranquilo, Bruno. Até o fim do dia o Ares vai estar de alta e não vamos cobrar a diária de hoje.”
Fiquei um pouco mais aliviado, estava contando as horas para ter ele de volta em casa.
De noite quebrei meu cofrinho e peguei todas as minhas economias. Tinha o total de novecentos e sessenta reais e a conta já passava de mil e quinhentos reais. Estávamos para ir à clínica e falei para a Renata.
- Amor, o dinheiro não vai dar. O que vamos fazer?
- Vamos lá e você não fala nada, deixa que eu negocio.
Ela colocou as moedas e notas de cinco e dois reais em uma sacola e quando chegamos na clínica eu nem abri a boca. A atendente nos passou a conta e deixei a Renatinha negociar. - Até o momento deu 1650 reais, mas o gatinho de vocês vai precisar ficar pelo menos mais dois dias em observação.
A Renata estendeu a sacola com moedas sobre a mesa e começou a falar com lágrimas nos olhos. - Moça, isso é tudo que temos. Não temos condições de deixar nosso bebê mais dias aqui, estou com muito medo de perde-lo.
Ela começou a chorar, eu a abracei colocando sua cabeça em meu peito e dei um beijo em sua testa; nosso medo era recíproco. A moça da recepção pegou a sacola com as moedas e falou.
- Só um minuto.
Enquanto a moça foi nos fundos da clínica contar o dinheiro e conversar com a responsável, eu e a Renata nos sentamos no banco da recepção e falei para ela.
- Vida, nosso filho vai ficar bem. Qualquer coisa eu pego o cartão do pai e ele fica aqui o tempo que for necessário. - Só quero ver ele bem, queria ele dormindo no meio entre a gente e estar abraçando ele e você.
- Logo ele vai estar dormindo com a gente de volta.
A recepcionista voltou e falou.
- Conversei com a dona e ela liberou para ele ficar aqui o tempo que for necessário. Fiquem tranquilos que logo o Ares vai estar em casa com vocês.
A Renata agradeceu.
- Muito obrigado! Não sei nem como agradecer, será que eu e meu namorado podemos ver o Ares?
- Claro. Inclusive vou te passar os horários de visita e quando quiserem podem pedir fotos pelo nosso WhatsApp.
Fomos ver o Ares e nosso gordinho cinza estava muito magrinho, todo debilitado, estava deitado e mal se mexia. A Renata abriu a jaula e com os olhos cheios de lágrimas ficou acariciando a cabeça do nosso filho, antes de irmos para longe dele.
No dia seguinte treinei como nunca, quando as coisas não vão bem o meu foco nos treinos aumenta ainda mais. Estávamos nos preparando para uma guerra contra o melhor peso pena do Brasil e eu precisava ocupar a cabeça com algo produtivo.
O Ares seguia internado, eu e a Renata revezamos os dias de visitas; nosso bebê só foi receber alta depois de uma semana e quando o peguei no colo meus olhos brilharam e abri aquele sorrisão. Falei para ele:
- Oi gordinho safado do pai, vamos voltar para casa?
O tirei da jaula e o abracei, beijei e aproximei meu nariz do cangote dele, senti aquele cheirinho único que ele tinha, parecia que o cheiro dele era um perfume de tão doce. Chegamos em casa e ele ainda estava bem debilitado. Comprei uma areia especial para ele e uma
ração específica para gatos que sofrem com obstrução. Nos deitamos na cama, o abracei e liguei para o meu amor. - Oi vida, o Ares já está em casa, estamos deitadinhos na cama. Quando chegar no terminal me avisa que vou te buscar. - Ai que saudade do meu “gabundo”. Aviso sim, te amo muitão. - Também te amo muitão.
Quando ela chegou em casa ficou muito feliz em ver nosso gatinho deitado ali na cama. Ela se aproximou dele e o acariciou delicadamente, passando a mão no rostinho dele e dizendo. - Aí meu filho, você vai ficar bem, a mãe vai cuidar de você.
Fomos dormir e o Ares estava deitado entre a gente, bem no meio da cama. Dei um beijo no meu gatinho e no meu amor. Falei: - Dorme bem vida, te amo muitão.
- Também te amo muitão.
Ela me beijou, beijou o Ares e deu um cheirinho no cangote dele, ele era muito cheiroso.
Cinco horas da manhã
A Renata me chacoalhou e falou bem alto.
- Bruno, acorda! O Ares está no chão, ele não se mexe.
Levantei desesperado, ele estava jogado no chão, peguei ele no colo e sua cabecinha caiu para o lado, suas pernas estavam mole. Um braço segurava ele e com o outro comecei uma massagem cardíaca e seu coraçãozinho voltou a bater, ele puxou o ar com muita vontade de viver.
Ele estava respirando e vivo outra vez. O entreguei no colo da Renata, que já estava em estado de choque. Rapidamente coloquei a roupa e peguei a chave do carro. Aos prantos ela gritou:
- Vida, ele não está respirando.
Ele deixou a vida nos braços dela. O peguei e voltei a massagear seu coração, foi cerca de um minuto até ele puxar o ar bem fundo e voltar à vida em meus braços. Entreguei ele para Renata e falei. - Vida, não para de massagear o coração dele!
Fomos correndo até o carro e fui na velocidade máxima para clínica veterinária, no meio do caminho ela falou chorando.
- Ele parou de respirar de volta.
- Não para de massagear o coração dele!
Chegando na clínica tinha que dar uma volta gigante na quadra, sem me importar com nada entrei na contramão e parei o carro na porta da veterinária. Peguei o Ares do colo dela e ele estava mole, entrei correndo dentro do consultório e gritando.
- Por favor, alguém salva meu filho!