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Capítulo 18 A pergunta que mudou minha vida

CAPÍTULO 18

A pergunta que mudou minha vida A pergunta que mudou minha vida A pergunta que mudou minha vida A pergunta que mudou minha vida A pergunta que mudou minha vida

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Oque você faria se vivesse de volta?

Você não pode mudar nada do que já passou e tudo que você fizer você vai viver em um eterno limbo, vivendo repetidas vidas fazendo as mesmas coisas. E de novo e de novo, você vai viver a eternidade tendo exatamente a mesma vida.

Eu te pergunto novamente. O que você faria se vivesse de volta?

E de volta, e de volta a mesma vida, fazendo as mesmas coisas, tomando as mesmas decisões. Você estaria agora negligenciando sua família e seus relacionamentos? Estaria num trabalho que não te faz feliz? Faria coisas que não quer ou não gosta de fazer?

Foi exatamente essa pergunta que mudou minha vida, eu estava fazendo muitas coisas que não gostaria de viver de volta. Essa pergunta foi feita pelo neurocientista Pedro Calabrez na jornada do autoconhecimento.

Nas semanas que se seguiram após a tentativa de suicídio da Vivi, não conseguia me afastar dela. De certa forma me sentia culpado e tinha medo que ela tentasse se matar de volta. Não quero levar nas costas a culpa de um suicídio. Comentei com o Nando e ele me disse.

- Essa mulher é louca irmão! Se ela se matar é culpa dela, você não tem nada a ver com isso. Sabe que ela já tentou se matar antes né? - Pelo corte no pulso eu já sabia, mas não sei o porquê.

- Porque ela reprovou no teste do DETRAN! Ela é doida irmão, e vai ficar te chantageando para você não se afastar dela.

O Nando tem razão, e não ficaria vivendo eternas vidas com alguém por dó. Tenho que usar essa pergunta para tomar as melhores decisões da minha vida.

Mandei uma mensagem para ela.

“Viviana, agora que você está melhor e sua família está te ajudando, acho melhor a gente não se ver mais. Obrigado por tudo, fica bem.”

“Como assim? Você não pode me largar! E o Loki? Quero ver meu filho.”

“É melhor a gente cortar qualquer tipo de relação, vai ser o jeito. Obrigado por tudo, fique bem.”

“Não acredito que você está fazendo isso comigo, você vai pagar caro pelo o que está fazendo!”

Foi a coisa certa a se fazer. Estou ciente dos riscos, mas não está certo ficar com alguém por dó. Eu salvei a vida dela, agora ela está tendo o suporte da família e de especialistas. Minha presença só vai atrapalhar a cura dela.

Março de 2022

Mais de um ano sem lutar MMA, desde os 13 anos nunca fiquei mais de 6 meses sem competir, a epidemia atrapalhou muito, mesmo assim seguia treinando todos os dias e me mantinha sempre pronto para o próximo confronto.

Estava treinando com o Beans e fui aplicar uma queda nele, ele se defendeu e dei de cara no quadril dele, abriu meu supercílio.

- Meu Deus irmão, me desculpe! Foi sem querer. - Da nada, isso é um bom sinal! Depois colo com Super Bonder; vamos continuar.

Sempre que tenho um machucado leve acredito que algo bom está por vir. “É uma crença idiota! Mas eu acredito.”

Depois do corte o treino não foi mais o mesmo, o Beans ficou com dó de mim e aliviou muito.

O treino acabou e nos sentamos no octógono, nos encostamos na grade e começamos a conversar.

Ele falou.

- O irmão, foi mal mesmo.

- Relaxa, algo bom vai acontecer, logo fecha uma luta. - Falando em luta, você viu que o Carrasco vai disputar um cinturão na Rússia?

- Vi sim. Que foda né, ganhei dele e agora ele que vai disputar o cinturão lá. Pior que ele fez mais 6 lutas depois que lutou comigo, bateu em todo mundo.

- Ele também bateu em você.

Rimos, pior que ele me bateu muito. Só consegui a reviravolta nos últimos segundos

Ficamos mais de meia hora conversando, contei para ele.

- Voltei a falar com a minha Novinha, hoje vou levar ela em um lugar que há muito tempo quero levá-la.

- Meu Deus, só piora!

Levantei para pegar o Super Bonder, antes fui no armário e peguei o celular para ver se tinha alguma mensagem e não acreditei. Li e depois ouvi o áudio, eu gritei de alegria.

- Ae porra! Vamos lutar.

- Tesão irmão, onde vai ser?

- Você não vai acreditar. O Carrasco fechou um contrato com outro evento e cortaram ele da disputa de cinturão. Aí queriam o cara que ganhou dele.

- Vamos, e vamos voltar com o cinturão!

O dia foi incrível, finalizei meus três treinos, dei minha aula e a noite prometia ser ainda melhor.

Fui buscar minha Novinha, parei com o meu Lancer branco na frente da casa dela e me estiquei para abrir a porta, ela entrou no carro e nossa música estava tocando. Toda sorridente ela falou.

- Nossa música! Que saudades de você.

Nos abraçamos e ela toda curiosa perguntou. - Onde você vai me levar? Já faz um ano que estou curiosa.

- Daqui a pouco vou matar sua curiosidade e vamos matar as saudades.

- Você é um safado!

A beijei e fomos rumo a surpresa. Chegando lá, estacionei o carro na garagem e abri a porta para ela entrar na suíte, curiosamente e apreensiva ela perguntou.

- Bruno, que lugar é esse? - É a suíte 50 tons de cinza.

Envolta da cama tinha uma grade e amarras para prender as mãos. Nas paredes algemas e máscaras temáticas. Na lateral uma banheira gigante.

- E o que vai fazer comigo? Envolvi minha mão no pescoço dela e falei suavemente.

- Vou te foder, minha putinha.

Ela mordeu os lábios e quando sua mordida se desfez nossos lábios se encontraram, a beijei e mordi os lábios dela, envolvi minhas duas mãos na sua bundinha, a ergui e a levei até a cama.

Enquanto tirava a roupa dela e beijava sua pele que é branca como a neve, ela me indagou.

- Para que essas correntes na cama?

Sorri, prendi os braços dela nas duas correntes e as duas pernas nas amarras de baixo; beijei cada parte do seu corpinho sensual e viramos a noite transando.

Pela manhã a levei até a casa dela e depois fui treinar. Quando fechou a luta já estava pronto e perto do peso, ainda tinha mais dois meses para me preparar. Foquei muito na preparação e conversei com vários patrocinadores para fazer uma rifa que me ajudasse financeiramente, assim podia me concentrar 100% nos treinos e não precisaria dar tantas aulas no dia.

Mantive minha aula da noite, mas reduzi todas as outras atividades, os patrocínios fizeram a diferença na preparação e muitos amigos ajudaram na rifa.

E até na rifa teve histórias para contar, a Ketlyn comprou alguns números e vi que ela tinha acabado de fazer a cirurgia, mandei uma mensagem agradecendo.

“Muito obrigado pela ajuda! E como está a recuperação?”

“Sou sua melhor amiga né! Está foda, não posso nem trabalhar. Só faz 20 dias e é 45 dias para voltar às atividades.”

“Então só vamos estrear esses peitões daqui 25 dias?”

“Hahaha, cara você não perde uma. Foda que a sua pegada é muito forte.”

“Posso ser bem carinhoso e cuidadoso com você.”

Meia hora depois

- Não acredito que estou aqui! Só você para me fazer sair de casa assim.

Ela foi de Uber lá em casa, aproveitamos a noite toda. Eu fui bem cuidadoso. Ela já era linda, com silicone ficou ainda mais tesão.

Agora solteiro estava voltando a sair com várias mulheres, treinava três vezes por dia, uma aula às 19 horas, vendia rifas e buscava patro-

cinadores durante o dia e de noite depois da minha aula saía com alguma gata.

Uma das noites que fiquei sozinho me perguntei “se eu vivesse de novo ia ficar saindo com uma mulher diferente todos os dias? Ia ficar vivendo essa vida fútil de sexo sem sentido? Até aqui foi legal viver isso, mas acho que a vida pode ser bem mais.”

E deitado comecei a escrever no meu diário do celular, foi o texto mais longo que já tinha escrito, foram 10 páginas assumindo todos os meus erros. Pensei “preciso compartilhar esse texto com a psicóloga e com o Beans.”

Mandei o texto para eles e o Beans deu a incrível resposta.

“Nossa irmão, não sei nem o que falar.”

A psicóloga me animou.

“Incrível, Bruno! Parabéns, esse é o motivo de estar de alta da terapia. Sua análise está perfeita.”

Falei brincando.

“Essa história daria um bom livro, né?”

“Escreve, Bruno. Vai ajudar na sua terapia.”

Me sentei na frente do computador e pensei, “por onde começo?” Geralmente é pelo começo né!? Mas qual começo? Quando conheci o Zito? Melhor, quando fui adotado!

Não! Escrevi esse texto com meus erros pensando nela. Minha história vai começar em 2008 quando o amor da minha vida apareceu naquela quadra de futebol.

Todos os dias escrevia um pouco, mas era muito chato digitar. Tentei escrever no celular, mas foi ainda pior, não lembrava dos detalhes. “Quer saber? Não vou escrever livro nenhum, vou focar na luta e nas horas livre vender rifas e ir atrás de patrocínio.”

Depois do texto assumindo meus erros, os pensamentos na Renata aumentaram muito e seria a minha primeira luta de MMA sem ela ao

meu lado. Mas eu não podia ir atrás dela, se a amo de verdade tenho que deixá-la longe de mim para que um dia ela encontre alguém que quer casar e ter filhos, que são os dois maiores sonhos dela.

Eu não quero isso! E outra, já reconquistei ela de todas as formas: me afastando, me aproximando lentamente, com cartas, com flores, com mensagens, ligando, conversando pessoalmente, levando a gata que dei para ela no veterinário, passando perfume na gata, bom; acho que já fiz de tudo. Eu conheço bem ela, um carro de som ou qualquer coisa que eu já usei seria inútil, ia precisar de uma ação transformadora e lá no fundo eu não quero o mesmo que ela; então vida que segue.

Estava treinando para a luta e a vigilância sanitária bateu na academia, recepcionei educadamente as duas agentes. - Muito bom dia, como posso ajudar?

Somente uma delas falava, a outra apenas anotava tudo em uma prancheta. - Bom dia. Recebemos uma denúncia de insalubridade e de que há animais circulando pela academia. Mais especificamente, gatos. - Podem ficar à vontade para inspecionar. Tenho três gatinhos, mas eles não têm acesso à academia. Minha casa fica atrás da academia e é separada do ambiente de trabalho.

- Vamos averiguar.

Elas inspecionaram cada metro quadrado da academia e até as convidei para entrar na minha casa e ver como não tinha nada a ver com a academia. Após a análise ela deu o seu parecer.

- Realmente está tudo em ordem. Quando é uma denúncia temos que analisar bem. - Eu posso saber quem denunciou?

- Não posso revelar o nome, mas foi uma mulher. A vigilância foi embora e fui até o Beans. - É a filha da puta da Viviana!

- Será irmão?

- Tenho certeza! Ela está bloqueada em todas as minhas redes sociais e ontem ela me mandou um e-mail.

E-mail da Viviana

Boa noite Bruno Roverso. Sei que me bloqueou em tudo, mas ainda temos assuntos pendentes. Eu vou falar com minha advogada e solicitar judicialmente a guarda compartilhada do Loki.

Ou você responde esse e-mail agora ou amanhã começo a tomar as devidas providências.

Obviamente não respondi e bloqueei os e-mails dela. Quero distância dessa mulher.

No mesmo dia de tarde, estava fazendo a preparação física na academia ao lado da minha e recebi uma mensagem do Beans.

“Irmão, a polícia está aqui. Tem uma denúncia de maus-tratos aos animais.”

É brincadeira! Larguei meu treino pela metade e fui lá ver o que estava acontecendo. Cheguei na academia e perguntei ao Beans. - Cadê os policiais? - Foram embora, irmão. Eles chegaram e perguntaram se aqui tinha animais, que tinha uma denúncia por maus-tratos aos animais. Aí falei, “- Tem lá na casa do proprietário, que fica atrás da academia. Mas os gatos são mais bem tratados do que a gente”. O policial riu e falei que hoje a vigilância sanitária veio aqui, que sua ex é da polícia e está com raiva porque terminaram. Aí ele falou que conhecia ela e que ela é meio pinel mesmo, que vai registrar como perseguição. - Tomara que ela pare com isso e fique bem logo.

A rifa custava 10 reais e tinha 30 prêmios, um de cada patrocinador. Uma semana antes da viagem ia fazer o sorteio e um dia antes de sortear recebi um Pix de 500 reais com a mensagem. - Vai lá e arrebenta! Eu te amo e sempre vou te amar, do amor da sua vida, Vivi.

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