14 minute read

Capítulo 15 A vingança

CAPÍTULO 15

A vingança A vingança A vingança A vingança A vingança

Advertisement

Depois do treino passei na casa da minha mãe para buscar uma sobremesa que ela fez para mim e ela comentou. - Ontem foi aniversário da Renatinha, né filho. Mandou parabéns para ela?

- Claro que não né, mãe. Ah mãezinha, faz um favor? Não fala mais nela.

- Mas ela te fez alguma coisa? - Não mãe, só acabou mesmo.

- Eu mandei parabéns para ela.

- O quê? Empresta seu celular por favor.

Minha mãe me entregou o celular, li a mensagem e depois exclui o número dela do celular da minha mãe, peguei o meu, exclui também e coloquei na cabeça, “eu vou esquecer o número dela!” Pensei tanto nisso que apaguei o número dela da minha mente.

Antes de dormir fui escrever no meu diário e nesse dia tomei uma decisão definitiva, “eu preciso esquecer a Renata de qualquer jeito! Ela ficar com um cara do meu mundo foi muita sacanagem, ela sabe que os lutadores falam demais e que essa história vai se espalhar. Preciso fazer algo sem volta, para que ela nunca mais me aceite.”

“Tive uma ideia!”

No outro dia acordei determinado, entrei no Instagram da mulher que a Renata mais odeia. Quando vi que ela estava solteira pensei “vai ser mais fácil do que eu imaginava.”

No mesmo dia ...

Puxei a minha cadeira e ela se sentou.

- Vou abrir um vinho para a gente.

- Vinho e comida japonesa é a combinação perfeita.

Estávamos na minha cozinha, ela sentada na cadeira que escrevo e eu na cadeira em frente a ela; bebemos um vinho seco, comemos um combo de comida japonesa e conversamos muito, muitas fofocas. - Faz muito tempo que se separou do Leandro?

- Já estava um clima ruim desde aquela vez que conversamos em 2018, agora já vai para duas semanas que terminamos. - É, aquela vez deu maior B.O.

- A Renata é uma invejosa, metida, nem tinha nada demais na nossa conversa. E no fim ela perdeu o processo.

Odeio que falem mal dela! Mas dessa vez vou ter que abrir uma exceção.

- Ela falava a mesma coisa de você, que você era uma invejosa. Irritadamente ela respondeu.

- O cú dela! Ela me imitava em tudo, comentei que queria colocar silicone, passou uma semana ela colocou aqueles peitos falsos e ficou bem mal feito aquela cirurgia.

Pensei, “e cadê os seus peitos? Calma Bruno, não fala nada, foca na vingança.”

- A única coisa que ela nunca conseguiu me imitar foi nas unhas, era ela com o cabelão até a bunda e eu com as minhas unhas.

Segurei a mão dela e suas unhas realmente eram as mais lindas que

eu já vi, unhas de fibra na cor de um verde tiffany. Carinhosamente aproximei a mão dela dos meus lábios e beijei as costas da sua mão. Ela me olhou e sorriu meio sem jeito, arrumei seus cabelos negros, colocando atrás da orelha dela e ela me disse.

- Nossa, como você é carinhoso.

Estranhei, mas gostei desse elogio. Me aproximei dos lábios dela e a beijei lentamente.

A intensidades dos nossos beijos aumentaram, levei minhas duas mãos na bunda dela e a ergui da cadeira, colocando-a no meu colo. A levei para o quarto e fiz tudo o que eu queria fazer com ela.

No fim da noite a levei para casa dela e voltei para minha; demorei para dormir essa noite, sabia que agora não tinha mais volta com a Renatinha. “Espera, posso piorar isso um pouco mais.” Entrei na internet e comprei uma viagem que há muito tempo não fazia.

No final de semana fui com a Lu na boa e velha choperia, puxei a cadeira para ela sentar e já chegaram com uma torre de Chopp, não precisava nem pedir, eu era vip lá.

Ela perguntou. - Bebida não atrapalha nos treinos?

- Se eu misturar faz mal. Só o Chopp não sinto que atrapalha, mas quando eu vou lutar fico de um a dois meses sem beber.

- E porque vocês lutadores perdem tanto peso?

Abril de 2013

Minha quarta luta de muay thai profissional, pesava setenta e dois quilos e a luta era com 71kg. Eu tinha 18 anos, era azul escura, ponta preta de muay thai e meu oponente uma lenda curitibana.

A pesagem foi ao vivo na emissora do SBT, o clima estava tenso enquanto aguardávamos a hora da encarada; o apresentador do jornal mostrou uma reportagem sobre o casamento homo afetivo e na hora

do intervalo o Zitão começou com suas piadinhas.

- Se essa moda pega vai ter muito lutador saindo do armário, o Ceará e o Moscão vão ser os primeiros a assumir o relacionamento.

O apresentador deu risada e entrou na brincadeira.

- Então quer dizer que na luta tem muitos enrustidos?

E o Zitão já devolveu. - Olha, tem menos do que nas emissoras de tv. Tem uns apresentadores que só de falar do casamento gay os olhos já brilham.

Todo mundo riu, onde o Zito estava a energia dele contagiava.

O programa voltou ao ar e nesse bloco subimos para fazer a pesagem, ambos cravamos 71 kg e logo fomos para a encarada; foi a encarada mais longa da minha vida, o apresentador ficava fazendo comentários de como nos olhávamos como se fôssemos matar um ao outro. A encarada só acabou quando o Zitão fez mais uma brincadeira.

- Se eles ficarem se encarando mais um pouco vai rolar o próximo casamento gay.

Ele acabou com o clima da pesagem, todos riram, os únicos que continuaram sérios foram eu e o Teixeira.

Voltei para a cadeira ao lado do Zito e ele falou.

- Viu filho, ele não é tão grande como nas fotos. Amanhã você vai emburacar ele.

Quando entrei no ringue ele já estava do outro lado, ele era gigante, muito mais forte. Eu voltei aos meus 72 kg, ele com certeza passava dos 82 kg.

A luta começou e eu não quis nem saber se ele era maior e mais forte, fui para cima! Trocamos muita porrada e mesmo ele sendo mais forte eu conectei um volume maior de golpes e ganhei o primeiro round.

do assalto ele me aplicou um cruzadão de direita e me levou a knockdown. Me levantei rapidamente e quando o juiz terminou a contagem acabou o round.

Terceiro e último round, estava perdendo e fui com tudo para cima, conectei os melhores golpes e abri uma vantagem. Ele me dominou no clichê e me arremessou no chão, quando cai ele pulou com o joelho na minha cara.

Tudo ficou escuro, o médico veio me examinar e escutei a torcida gritando.

- Sujo! Sujo! Sujo! - Desclassifica! Desclassifica! Desclassifica!

Recuperei a consciência e falei para o juiz que queria voltar para a luta, o juiz que era o saudoso Matos, me alertou. - Se você não voltar ganha por desclassificação.

- Eu vou lutar!

Me levantei e voltamos para a luta. Trocamos porrada incansavelmente, o terceiro round foi eletrizante. Quando a luta acabou o Teixeira me abraçou e falou.

- Foi mal ali Roverso, foi no calor do momento.

- Acontece. Foi uma honra lutar contra você.

E ao final de três rounds os juízes deram empate.

- Ah então está explicado porque perder tanto peso, deve dar muita diferença pegar alguém tão mais forte.

- Sim, por isso que hoje luto com 66kg. E você, o que mais ama fazer?

- Minha paixão é cuidar das minhas unhas, desde muito nova eu gosto de pintar e cuidar delas. Eu tive algumas dificuldades na infância e estilizar as unhas me distraía.

- Que tipo de dificuldades?

Eu não devia ter perguntado! Ela me contou uma história muito semelhante a que a Renatinha passou na infância. Isso me traz uma revolta tão grande! Como pode um homem tocar em uma criança? Isso é inaceitável! Uma pessoa assim tinha que ser excluída da sociedade. O clima ficou horrível, conversamos mais um pouco e tentei reverter isso com um convite.

- Tenho um convite para te fazer.

- Agora fiquei curiosa, o que é?

Já era de tarde quando chegamos em Balneário Camboriú, deixamos nossas coisas no hotel e fomos para beira mar. Chegando na praia estava um sol escaldante, estendemos uma toalha na areia, deixamos nossas coisas em cima e já tirei a camiseta e falei.

- Bora entrar no mar?

- Eu tenho medo do mar. Prefiro ficar tomando sol. Vai lá, te espero aqui.

Concordei e entrei no mar sozinho, a água estava muito gelada, mas parece que aos poucos nosso corpo vai se adaptando a temperatura. Fiquei meia hora curtindo o mar e tentando pegar jacarezinho. Quando sai da água fui em direção a ela e falei. - Conheço um lugar irado para a gente ir ver o pôr do sol.

Fomos para a praia de Laranjeiras, paramos no melhor pico para fazer uma foto, a abracei e sorrindo fizemos uma selfie; no fundo o sol se pondo atrás do mar e o céu alaranjado.

Ela perguntou. - A gente vai postar essa foto, Bru? - A princípio vou deixar guardada, mas se quiser postar fique à vontade.

Enviei a foto para ela, mas não postamos, acho que no fundo nós

dois queríamos nos vingar dos ex, e eles sendo irmãos, a vingança era ainda pior. Não precisávamos expor nada, para nós era o suficiente sentir que nunca mais teríamos nada com aqueles dois.

Viramos a madrugada enchendo a cara e jogando baralho, nem voltamos a transar, era como se nosso propósito junto já estivesse concluído. Quando voltamos para Curitiba nos despedimos e nunca mais nos vimos.

Final de setembro de 2020

Faltando um mês para o meu aniversário. Boom, boom, boom.

- Acorda irmão!

Saí do meu quarto assustado, o Beans nunca bateu na minha porta assim.

- Aconteceu alguma coisa, Beans? - O Ronaldinho está ali na frente, quer falar com você. - Puta que pariu. Será que ele está armado? - Espera, vou lá ver. O Beans é malandro, se ele estiver armado ele vai saber. O Beans voltou.

- Irmão, pelo que vi não está armado, só se estiver dentro da mala. - Beleza, vou lá. Se ele ameaçar puxar algo vou emburacar ele.

Fui à entrada da academia e o cumprimentei. - Dae Ronaldinho, tudo bem? - Tranquilo, Roverso, vamos lá fora conversar.

Fomos para fora da academia e ele já começou a falar. - Você era meu amigo, Bruno! Como você foi ficar com a minha mulher? Eu peguei o celular dela, sei de tudo.

Junho de 2020

Estava curtindo muito a vida de solteiro, todo dia era um rolê diferente. Recebi uma mensagem no Instagram e a tratei com o respeito de sempre. A conversa fluiu e não gostei para onde estava indo.

Perguntei. - E o Ronaldinho como está?

- A gente terminou, já faz uns dois meses. - Eu também terminei faz dois meses.

Aí já era, a conversa fluiu como nunca e o ex dela era apenas um conhecido do mundo da luta. Marcamos um jantar na casa dela.

Ela abriu a porta do apartamento dela e me cumprimentou com um beijo no rosto. Fomos até a cozinha e coloquei sobre a mesa uma pizza e aquela Pepsi que não pode faltar. Nos sentamos e comentei.

- Cara, nunca me imaginei vindo comer uma pizza na sua casa.

- Meu, eu também nunca reparei em você. Mas depois que fiquei solteira não perdia um story seu. - Lá é só comida boa e zoeira.

Rimos e ela já emendou um convite para um próximo encontro, técnica de sedução que eu usava, “Será que ela quer me seduzir?”

Tem um story que ia ficar muito massa, tem uma amiga que faz passeio a cavalo, já imaginou que irado a gente fazendo um vídeo andando a cavalo?

Julho de 2020

- Vai, faz uma foto minha agora.

E ela tirou várias fotos enquanto galopamos a cavalo, passeamos por cerca de duas horas; lá tinha montanhas incríveis e os cavalos passavam com facilidade pelos obstáculos; foi minha primeira vez andan-

do a cavalo.

Agosto de 2020

Sentada entre minhas pernas e meus braços envolvendo ela em um abraço dentro da banheira do motel.

- Bruno, sabe o que mais gosto em você?

- O quê?

- Que você é sincero. Você não fica iludindo, deixa muito claro que sai com várias mulheres; mas quando está comigo sinto que é só eu e você.

- Mas agora é só eu e você! O amanhã já não sei. Falei e dei risada, ela riu também.

- Aí cara, só você mesmo. Mas me conta uma coisa então, já ficou com outras lutadoras além de mim?

- Eu não curto muito ficar com mulheres do mundo da luta, nosso mundo é pequeno e sou bem discreto.

- Ah, mas me conta uma pelo menos.

Não me peça para contar histórias, minha memória não é das melhores para coisas triviais, mas quando se trata de lembrar de uma história; tenho a memória fotográfica. Contei tudo para ela. - Então contando as ring girls foram 9?

Ela estava impressionada negativamente, e ali na banheira só tinha um jeito de reverter a situação. - Esquece elas. Não tem uma mulher que tenha dado os rolês que a gente deu, você é única!

Ela virou para mim e sorriu, nos beijamos e já estava doido para pegar de jeito aquela loiraça. A virei de costas e a coloquei de quatro dentro da banheira, meti profundamente forte e quando meu corpo batia naquele bundão magnífico, espirrava água para todos os lados.

Início de setembro de 2020

Deitado na cama da Ketlyn.

- Nossa cara, você é muito vingativo! Que maldade fazer isso com sua ex.

- Tudo que vai, volta!

- Ela só postou uma foto com o cara, eles são só amigos.

- Claro, igual eu e você, só amigos. Será que o seu ex ia ficar de cara se sabe que a gente fica? - Nada a ver, já acabou faz meses. Mas mudando de assunto, mês que vem é seu aniversário né. O que quer de presente?

- Sua companhia é o melhor presente! E a gente podia viajar para Bombinhas, vi um mergulho irado lá. - Que massa, então vamos viajar no seu aniversário. Aí vou adiar minha cirurgia de silicone para depois.

Conversei com o Ronaldinho e colocamos todos os pingos nos is. - Fica tranquilo, vou me afastar dela. Eu e a Ketlyn só ficamos, nunca tive envolvimento com sua filha.

Chorando ele me disse.

- Ela falou que minha pequena já está até te chamando de pai. Porra, isso acabou comigo.

Relaxa, isso nunca aconteceu e nem vai acontecer.

Ele foi embora e com muita tristeza mandei uma mensagem para a loira mais deslumbrante que já conheci.

“Oi Ketlyn, preciso falar com você. O seu ex acabou de sair daqui da minha academia.”

Ela respondeu imediatamente.

“Porra, mas é um filho da puta! Esse retardado tomou meu celular e viu toda a nossa conversa. Desculpa Bruno, sei que odeia se expor.”

“Foda. Acho que é melhor a gente se afastar.”

“Super te entendo, cara. Eu tinha comprado o nosso mergulho para o seu aniversário, depois passa o seu e-mail que te mando. Até lá você arruma alguém para ir com você.”

Não queria me afastar dela. Nesses meses foi a única pessoa com quem pensei em namorar. O jeito é seguir solteiro.

E segui para a boa e velha choperia, mas dessa vez não fui com nenhuma mulher, fui com um aluno que é como um irmão para mim; na verdade é como um...

- Primo, como está a prima? - Ah irmão, você sabe que mal vejo a Renata. - Ah primo, estou com saudades dela.

- Tá nada! Todo dia tem uma mulher diferente.

- Eu penso nela todo dia, ainda a amo. Mas queremos coisas diferentes, vida que segue.

- E hoje, quem é a próxima vítima? - Estou bem de boa, cansado dessa futilidade de pegação. Tive que me afastar da única mulher que eu gostei nesse tempo solteiro.

- Logo arruma alguém e sossega. - Nem estou mais procurando, vou ficar bem de boa mesmo.

Bebemos duas torres de chopp, conversamos muito e dei algumas aulas de sedução para o primo.

Ele foi no banheiro e fui verificar o celular, tinha uma mensagem de uma aluna muito gata; uma policial baixinha, de cabelos negros e pele bem clara, siliconada e bem séria.

“Nossa Bruno, marcamos de beber depois do treino e nem lem-

brei de te convidar, agora que o profe Nando falou que você bebé.”

“Oi Vivi, bebo às vezes. Onde vocês estão bebendo?”

“Aqui perto da academia, num centro de comidas. Mas já vai fechar por causa desse horário reduzido da pandemia. Na próxima vez vou te chamar.”

Não perdi tempo e lancei o convite.

“Bora beber a saideira lá em casa.”

O primo voltou do banheiro e já contei. - É primo, não vai ser hoje que volto para família. Surgiu um rolê. - Vai lá irmão, vou mandar um “oi sumida” aqui para umas meninas.

- Não, primo! Lembra o que eu te ensinei? Mensagens únicas, entra no perfil dela e veja algo diferente, abra a conversa com um comentário único. É bem melhor do que um “oi tudo bem” ou “oi sumida”. Vai que vai dar bom.

This article is from: