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Capítulo 13 Tudo acabou

CAPÍTULO 13

Tudo acabou! Tudo acabou! Tudo acabou! Tudo acabou! Tudo acabou!

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Fechei a porta, desci as escadas, entrei no carro e fui direto para uma choperia que fica a uma quadra da minha casa, cheguei lá e já pedi uma torre de Chopp. Mandei mensagem para o Moscão ir lá e já mandei mensagem para alguém que eu não via há muito tempo.

“Estou solteiro!”

“Como assim? O que aconteceu? Você está bem?”

“Não devia nem ter voltado com ela, a gente não dá certo mesmo.”

“Sei, daqui a pouco vocês já voltam.”

E o Moscão chegou, ergui o meu copo de chopp e falei todo empolgado.

- Estou solteiro!

- Aee, agora sim irmão, vou até tomar um chopp com você.

Eu matei a torre praticamente sozinho, minhas lembranças vêm em câmera lenta.

- Ei, Moscão, onde você vai?

- Já volto.

- Acorda, Bruno! Vão te roubar aí.

- O Moscão já volta, estou esperando ele. - Já são quase 6 horas da manhã, você está dormindo bêbado no carro, o Moscão já deve estar na casa dele. Venha, vou te ajudar a entrar em casa.

Estava dormindo no carro em frente de casa, nem lembro como cheguei lá; meu vizinho, o Miltão, me ajudou a entrar em casa e eu capotei na cama. Acordei às 14 horas e fui mandar mensagem para Renata; lembrei que ela terminou comigo. Fui mandar mensagem para o Moscão; lembrei que ele me abandonou bêbado no rolê.

Eu estava sozinho, um reflexo das minhas atitudes.

O Moscão não apareceu treinar e mandei uma mensagem de noite. “O irmão, você está bem? A luta está fechada, bora treinar.”

Ele não respondeu, terça não veio treinar, na quarta faltou novamente, mandei mais uma mensagem.

“Irmão, amanhã já é quinta e você não treinou nenhum dia. Se não treinar vou ter que cancelar a luta e vai me queimar a cara com o organizador do evento.”

Ele visualizou e não respondeu.

O final de semana chegou e eu não ia passar sozinho, já estava conversando com ela há alguns dias e queria muito matar as saudades. Fui buscá-la em casa e coloquei nossa música. Ela entrou no carro e falou rindo.

- Nossa música!

- Que saudade de você, minha Novinha.

“Noite passou, fazendo amor, nessa loucura me perco na sua cintura amor.”

E ouvindo Edredom, do Sondplay, passamos a noite fazendo amor.

terminar foi muito pior do que quando eu terminava. Ela me bloqueou de todas as redes sociais. Peguei o celular da minha mãe e mandei uma mensagem para a Renata.

“Depois de tudo que fiz para a gente voltar e tudo que fiz por você; nunca imaginei que invadiria minha privacidade dessa forma. Nunca te dei autorização para ler o meu diário e tudo que você leu fiz quando estava solteiro, não fiz nada de errado. E você ainda se acha na razão de vir terminar comigo, nunca se esforçou para ser a minha melhor amiga e muito menos para falar a minha linguagem do amor. É melhor cada um seguir o seu caminho mesmo.”

Esperei até o fim do dia, ela visualizou, mas não respondeu. O jeito era mandar outra mensagem.

“Oi Novinha, o que está fazendo de bom?”

Aí já sabe né!? Passamos praticamente toda noite juntos, levei a Novinha para casa dela por volta da meia-noite. Quando eu cheguei em casa tinha uma mensagem pendente.

“Aí Bruno, menos né. Você não é nenhum santo, olha o tanto de cagada que já fez com seu amigo, e eu só terminei com você uma vez. Agora está sofrendo um pouco do que sofri nas 4 vezes que terminou comigo. E grandes coisas eu ler o seu diário, achava que era coisas de luta; nunca achei que ia abrir o seu caderno bem naquela parte nojenta, comparando uma puta comigo e com sua ex.”

“Quem comparou foi o Moscão! E chega, não tem mais conversa, já tomei meu remédio para dormir e não quero ouvir mais nada de você!”

“Me manda mensagem pelo celular da sua mãe e agora quer fugir da conversa?”

Visualizei, mas não respondi. Ela não parou de mandar mensagem, me ligou várias vezes, apenas a ignorei como ela já tinha feito comigo antes.

10 minutos depois.

Toc-toc-toc.

Ouvi três batidas na porta, já passava dá uma da manhã. Coloquei meu roupão vermelho e fui abrir a porta. Perguntei com um olhar triste.

- O que você está fazendo aqui? Com ar de deboche ela respondeu.

- Aí, Bruno.

Entrou, tirou o tênis, atravessou o tatame e foi andando em direção ao quarto. Fechei a porta e fui andando atrás dela. Entramos no quarto, sentamos na cama e nos olhamos por alguns segundos, sem falar nada.

Perguntei

- Por que você veio aqui essas horas?

Ela não estava afim de conversa, olhou para mim e balançou a cabeça. Acho que nem ela sabe o porquê de ter vindo atrás de mim. Sem ter o que falar, ela me beijou e o seu beijo me desmontou. Sem nenhuma conversa voltamos.

Segunda-feira, dia de começar a semana a todo vapor. Mesmo sem conversar e sem resolver nada, voltamos e eu estava feliz e animado para o treino.

O Moscão não apareceu mais nos treinos, antes de cancelar a luta dele eu pensei “vou ligar para ele e se não atender e não me der nenhuma resposta, vou fazer como o Zito faria. Vou lavar minhas mãos.”

Liguei e o telefone chamava, chamava e nenhuma resposta. Fiz mais, mandei a última mensagem.

ali. “Porra irmão, não vai me responder?” Ele visualizou e não respondeu, para mim nossa amizade acabou

Passaram três semanas; eu e a Renatinha estávamos bem, tínhamos nossas diferenças, mas as coisas estavam fluindo e eu achava que o nosso amor era o suficiente para nos manter juntos.

Cheguei de noite na casa dela e ela estava sentada no sofá, com uma carinha de desânimo, a cumprimentei com um beijo e um abraço, sentei ao lado dela, coloquei minha mão sobre a dela e perguntei. - O que aconteceu que está triste, vida?

- Aí amor, a dona do apartamento pediu o imóvel. Tenho um mês para me mudar. - Ah, que pena que vai ter que sair, aqui é tão bom e barato. E já pesquisou algum outro lugar? - Pesquisei e está tudo muito caro, falei com minha mãe e está sobrando um quarto na casa do Lícelmo. Vou morar com eles.

Eu fiquei muito puto! “Ela não vai morar na casa desse cara!” Disfarcei meu ânimo e todo sorridente e animado falei.

- Já sei, vida!

- O que?

- Vamos voltar a morar juntos, podemos ver uma casa aqui no bairro, aí fica tudo pertinho e você vai ter bem menos gastos.

Ela respondeu bem séria.

- Bruno, já te falei. Meu sonho é casar de verdade, a gente só volta a morar juntos quando se casar. Até lá moramos cada um no seu canto.

- E agora você prefere morar no seu padrasto? Depois de tudo que ele te fez?

- Sim, Bruno. Já está decidido.

O mês passou voando. Chegou o dia da mudança dela e nesse dia recebi uma notícia incrível! Cheguei na casa da Renata e antes do caminhão da mudança chegar fui dar a notícia. - Tenho uma notícia muito boa vida!

- Nossa, amor, o que é?

- Meu empresário fechou uma luta na Rússia, vai ser dia 8 de abril; já estou pronto e ainda tenho mais um mês para me preparar. - E essa é uma notícia boa? Vai para a Rússia de novo? Para os juízes te roubarem mais uma vez?

Janeiro de 2018

Minha primeira luta na Rússia, estava muito bem preparado física e mentalmente. Bati o peso após muito sofrimento, meu adversário estourou dois quilos, pensei “está tranquilo, recupero de oito a nove quilos.” Que nada, tive muita dificuldade com a comida russa, recuperei apenas quatro quilos.

Na luta estava indo muito bem, comecei ganhando o primeiro round e já tinha um ponto extra porque meu adversário estourou o peso. No segundo round levei um soco forte e fui a nockdown, meu adversário caiu por cima e travei ele. Ele liberou o braço direito e deu uma cotovelada na minha boca, ergueu o cotovelo e mandou mais uma; o árbitro entrou no meio e interrompeu a luta. Me levantei rapidamente e reclamei, mas era tarde demais.

Abril de 2018

Levei até fogão elétrico para essa luta, perdi o peso com tranquilidade e recuperei nove quilos.

A luta foi uma guerra, trocamos porrada incansavelmente, abri um corte gigante no supercílio dele. Dominei completamente o primeiro round. No segundo ele foi melhor. E o terceiro round foi um massacre, bati nele do começo ao fim.

Após 3 rounds de luta os juízes declararam o russo vencedor por decisão dividida. Foi tão absurdo esse resultado que até o presidente do evento falou que foi clara a minha vitória e me deu mil dólares de presente.

O caminhão chegou. Ela desceu para abrir o portão, me sentei no sofá e dali não levantei, fiquei assistindo eles fazerem a mudança.

Chegamos na casa do padrasto dela e fiz a mesma coisa, me sentei numa cadeira e fiquei só olhando. Não tinha ânimo para nada, ela não me apoiou no meu trabalho, no meu sonho, foi a pior coisa que ela podia fazer.

Depois da mudança nos distanciamos mais, eu não ia naquela casa de jeito nenhum! E ela não gostava muito de ir na minha.

Aí veio a pandemia, minha luta foi cancelada e nos afastamos ainda mais; não tinha mais o que fazer, nem o amor poderia mais sustentar aquele relacionamento. Ela queria casar e ter filhos e naquele momento meu sonho era voltar para a Rússia e dar a volta por cima.

8 de abril de 2020

Sentei na cadeira da cozinha, naquela mesma que escrevi nossas cartas de amor. Peguei o meu celular na mão e não sabia o que escrever. Mandei para ela.

“Precisamos conversar.”

Ela não demorou para responder.

“Aí Bruno, nem precisa. Só traz minhas coisas.” Tudo acabou! Nós não terminamos, simplesmente acabou.

Ouvi a voz do Moscão no meu vizinho, ele tinha comentado com o Miltão que queria conversar comigo, pensei, “vou acabar com esses dois relacionamentos que não me levam a lugar nenhum agora!” Mandei uma mensagem para o meu vizinho.

“Ouvi a voz do Moscão aí irmão, fala para ele vir aqui na academia para a gente conversar.”

Toc-toc-toc.

Ouvi as batidas na porta e fui abrir para ele. Ele entrou e me abraçou.

- Ô irmão, foi mal. Que saudades que estava de você.

- Vamos lá na cozinha conversar.

Nos sentamos nas cadeiras da cozinha e ele começou a falar sem parar. Contou que tinha terminado com a Priscila há duas semanas e que se afastou de mim porque ela pediu; porque eu era uma má influência e quando a gente saía juntos ele bebia e acabava usando drogas, ele ficou uma meia hora dando desculpas e eu só ouvi. - Irm... Quer dizer, Pablo. Só escutei você em respeito à nossa história, nossa amizade acabou!

- Ah, para irmão, somos família!

- Família não some sem respostas. Não joga a culpa de um vício nas costas de um irmão. Família não troca o irmão por uma mulher! Acabou, não somos mais amigos e você não treina mais aqui.

- Então tá bom, vou pegar minhas coisas.

Ele pegou tudo que tinha na academia, devolvi o videogame dele que estava comigo e o levei até a porta. Abri a porta e ele foi embora.

Fui ao meu quarto, peguei meu roupão vermelho, uma toalha branca e fui tomar um banho. Quando liguei o chuveiro ouvi.

Boom, boom, boom.

O Pablo deu três socos na porta; pensei “só falta ele querer sair na mão, vou ter que brigar de roupão.” Coloquei o roupão, fui abrir a porta e o questionei bem sério.

- O que você quer? - Eu não vou desistir de você! Nossa amizade não vai acabar assim, vou dormir aqui essa noite.

Tive que rir, o Pablo é uma figura. - Vai dormir aqui porra nenhuma! Mas entra, vamos conversar até você se acalmar.

nada tivesse acontecido. Ele achou que voltaríamos a ser amigos, mas só conversei de boa porque para mim já estava bem resolvido o fim da nossa amizade e queria que ele se acalmasse. Quando percebi que ele não ia embora e não tinha entendido o recado, comecei a mexer no insta e ignorá-lo, ficou falando praticamente sozinho. - Eu estou te atrapalhando né!? Vou embora.

“Até que enfim!” O acompanhei até a porta e antes de ir embora ele falou.

- Estou indo, mas amanhã eu volto.

- Cara, acabou! A gente não é mais amigo.

- Você é meu irmão, vou vir aqui todo dia e vou reconquistar sua confiança.

- Vai embora, você está fazendo pior do que uma vagabunda.

Ele me olhou em choque, com os olhos arregalados e perplexo por ouvir essas palavras da minha boca. Ele se retirou para sempre da minha vida.

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