Capítulo 12 O jogo virou

CAPÍTULO 12

O jogo virou O jogo virou O jogo virou O jogo virou O jogo virou

Depois da nossa melhor viagem 2020 começou com tudo. Quase 4 anos juntos e ela fez o primeiro treino de muay thai comigo.

Estávamos no octógono da minha academia e estava ensinando a Renatinha a se defender.

- Assim vida, você ergue a guarda e enquanto uma mão bate a outra protege o seu rosto.

Ensinei a ela os movimentos básicos do muay thai, primeiro os golpes de boxe: Jab, direto, cruzados e o upper. Depois ensinei os chutes na coxa, costela e cabeça. E por último a arma da casa e o principal golpe de defesa pessoal para mulheres. - Para treinar você bate com o joelho na altura do abdômen, mas se algum dia algum homem tentar fazer algo com você; você apoia suas duas mãos no ombro e sobe com o joelho bem nas partes baixas, não tem homem que aguente. - Tá bom, vida.

Fomos fazer uma luvinha para ela colocar os movimentos em prática. Colocamos as luvas, caneleiras e protetor bucal; ela estava indo super bem, muito técnica, porém batia toda delicada. - Está bom os movimentos, vida. Bate mais forte!

Fui ao chão com as duas mãos nas partes baixas.

- Arg! - Aí amor, desculpa. Você falou para ir forte. - Joelhada no saco não né, vida. É só para se defender.

Depois do nosso treino fomos comer comida japonesa no meu patrocinador. Estávamos sentados prontos para fazer o pedido e ela perguntou.

- Amor, será que aqui tem lámen?

- Quem diria hein Renatinha? Viciou mesmo em Naruto, quer até os pratos do desenho.

Ela sempre dizia que não ia assistir desenho, que era coisa de criança. Nossa parceria aumentava a cada dia.

Chegamos no apartamento dela e a noite estava sendo perfeita, ela foi tomar banho e fiquei a esperando no sofá, ouvindo música na TV. Ela abriu a porta do banheiro e saiu só de calcinha branca, com os longos cabelos castanhos ainda molhados e com o corpo úmido; me levantei do sofá e fui em direção a ela, cheguei bem perto olhando no fundo dos seus olhos azuis, me aproximei lentamente, beijei seus lábios carnudos e grudei minhas duas mãos no seu bundão. Ela interrompeu o beijo. - Vida, eu estou cansada. Vamos assistir Naruto?

- Claro, vida.

Nos deitamos no sofá e assistimos dois episódios do desenho, estávamos avançando rápido no anime e ela adorou um dos vilões.

- Ah, tadinho do Sasori. Agora que eu estava gostando dele. - Pior que ele era muito mais forte do que elas. Você vai amar quando chegar no Pain, é o vilão mais sinistro. - Ah não, eu gosto dos vilões bonzinhos.

- Igual eu? Hahaha. Rimos e nos beijamos. Fomos para o quarto e eu estava muito

excitado, quando temos um dia divertido meu tesão se multiplica por mil. Nos deitamos na cama, passei minha mão na barriguinha dela. - Vida, hoje não. Estou cansada.

Mais uma vez recusou minhas investidas

- Tá bom, vida, vamos dormir.

- Me dá um beijinho de boa noite.

Nos beijamos, ela virou de costas e a abracei, ela dormiu rapidinho e eu demorei para pegar no sono, “não acredito que as coisas vão voltar como eram.”

O treino para as lutas começou com tudo. 2019 não fiz nenhuma luta internacional, mas foram duas guerras contra oponentes muito duros e estava concorrendo a dois prêmios nos Melhores do MMA.

O prêmio foi no teatro Guaíra e eu cheguei na beca, terno preto, cabelinho na régua e meu cinturão dourado no ombro. Logo na entrada dei uma entrevista falando como foram minhas duas lutas em 2019. A repórter estendeu o microfone e falei.

- A luta contra o Carrasco foi uma verdadeira guerra, trocamos porrada em três rounds insanos. Mesmo respondendo os seus golpes, estava nítida a vitória dele e nos últimos 15 segundos consegui a reviravolta do ano. Contra o Psicopata foi outra guerra, mesmo ele estando muito mais pesado eu dominei a luta toda, fiz de tudo para buscar o nocaute, mas ele resistiu bravamente e também me machucou bastante, chegou a quebrar meu nariz. Agora em 2020 pretendo voltar para a Rússia, meu empresário já está negociando uma luta e logo voltaremos ao território mais gelado e temido do mundo.

A premiação foi um show e fui coroado com o prêmio de melhor luta do ano contra o psicopata e a reviravolta do ano contra o Carrasco.

A Renatinha foi comigo na premiação e depois do prêmio fomos para a casa dela, comer pizza e assistir Naruto. Estávamos bem, as coisas tinham esfriado um pouco na cama, mas eu estava lidando bem

com isso; até que outro problema reapareceu. Recebi uma mensagem enquanto estávamos assistindo. - Ô irmão, preciso de você. - Fala Moscão, você está bem?

- Pô irmão, lembra que falou que era para te chamar se dessa vontade de usar drogas? Tá foda.

- Cola ali na academia, já chego lá. - Já estou aqui na frente.

- Vou falar com a Renata, já vou.

Sabia que ela não ia gostar nem um pouco, mas eu não podia deixar o meu irmão fazer cagada. Pausei o desenho. - Vida, vou pausar aqui. Preciso falar com você.

- O que foi vida? Parece preocupado.

- Sei que te falei que ia parar de sair com o Moscão, mas ele precisa de mim. Antes de viajarmos ele me contou que está com um problema com drogas e me dispus a ficar com ele quando ele tivesse com vontade de usar. Não vamos sair, vamos ficar lá na academia conversando.

- Claro, amor, ajuda ele. Essas coisas de drogas são tristes. Meu ex era viciado em cocaína, só de lembrar me dá um ruim.

- O Pablo diz que está usando bala, mas desconfio que seja cocaína também.

- Ajuda ele vida, sei que o Zito ia querer que ele largasse as drogas. - Ah, o Zito ia mandar ele para o corredor! Vou indo lá, amanhã vamos fazer um treino e dormir lá na academia com o Thanos e o Loki?

- Vamos, e dessa vez não vou te nocautear.

Rimos e fui para academia; chegando lá o Moscão já estava me esperando. Desci do carro e ele também, nos abraçamos e entramos na academia, fomos até a cozinha e nos sentamos para trocar uma ideia.

Perguntei.

- E aí irmão, o que está pegando? - É foda irmão, chega de noite dá muita vontade de usar uma balinha.

- Mas é só bala mesmo?

- É sim. Aí não rola beber, se tomo uma cerveja quero ir atrás dessa merda.

- Agora que fechamos uma luta vamos focar nos treinos e de noite você fica com a Priscila ou cola aqui.

Ficamos conversando até de madrugada, mais de 10 anos de amizade, era zoeira infinita.

No dia seguinte treinamos e ele estava bem empolgado para a luta, o esporte é ótimo para combater as drogas e os vícios. De noite fiz um treino com o meu amor, ela estava aprendendo super-rápido e estávamos mais unidos do que nunca.

Após o treino ela tomou banho primeiro. Depois eu fui e ela ficou no quarto com os gatinhos. Saí do banho, me sequei e coloquei meu roupão vermelho; abri a porta do quarto e ela estava sentada na cama, de cabeça baixa e pensativa. Coloquei minha mão sobre a mão dela e perguntei. - Você está bem vida?

- Tira a mão de mim!

Ela afastou minha mão bruscamente.

- O que aconteceu? Ela respondeu indignada, balançando a cabeça.

- Li o seu diário.

Arregalei os olhos, “puta que pariu! Será que ela leu tudo?”, não pude acreditar que ela invadiu minha privacidade desse jeito.

- Que parte você leu?

- Só li uma página, nojento! Qual a necessidade de você ficar com uma puta?

Setembro de 2019

Uma semana antes da despedida de solteiro do Nando.

O Cássio tinha se divorciado há alguns meses, ele tem cerca de 1,70m de altura, é careca e musculoso. Eu também estava solteiro e no shape. O Moscão estava namorando com aquela do chopp.

Eu o Cássio e o Moscão fomos dar um rolê, nos encontramos na frente da academia e sugeri.

- Já que a despedida do Nando vai ser água com açúcar, bora numa zona?

O Moscão não curtia ir nesses lugares. - Ah não irmão, vamos numa baladinha.

- Para você pegar as minas e abandonar a gente no rolê? Na zona é melhor de trocar ideia. Já sei, o Cássio é nosso patrocinador e ele decide. E aí irmão, qual vai ser?

O Cássio riu e falou.

- Bora para a zona.

Fomos à melhor casa noturna de Curitiba, subimos um lance de escada, que dava direto no palco principal. A sala era grande e escura, várias mesas redondas e as meninas seminuas passeando pelo salão.

Logo que chegamos avistei uma loira baixinha, magrinha, cabelos

lisos e olhos azuis; ela tinha a pele bem clara e estava usando um vestido preto. Nossos olhos se cruzaram e nossa conexão foi instantânea; a garçonete interrompeu nossa troca de olhares. - Boa noite meninos, tem uma mesa disponível bem de frente para o palco.

Ela apontou para mesa, nos sentamos e pedimos um baldinho de cerveja. Enquanto conversávamos, as meninas desfilavam pelo salão, eu e o Cássio estávamos curtindo muito, já o Moscão. - Não sei porque vocês gostam de vim nesse lugar, vocês ficam só olhando. Eu é que não vou pagar 500 reais para ficar com uma vagabunda.

- Pô irmão, não chama elas assim! Elas estão trabalhando. E fica quieto que o show vai começar.

As cortinas se abriram e uma morena sensacional estava no palco, alta, cabelos castanhos, seios fartos, pernas grossas e quadril largo. Comentei.

- Nossa, essa é a mulher mais gostosa que eu já vi.

O Moscão começou a rir. Perguntei seriamente. - O que foi o, retardado?

- Irmão, essa mulher parece suas ex, uma fusão da Alessandra com a Renata.

Ri e concordei.

- Pior que parece.

Enquanto riamos quem se deu bem foi o Cássio. A morena veio até a nossa mesa e estendeu a mão para ele, o levou até o centro do palco e o colocou sentado numa cadeira.

Ela rebolava de costas para ele e tirou o sutiã mostrando seus belos seios siliconados para a plateia. Continuava dançando para o meu amigo, até que ela tirou a calcinha lentamente, se abaixando e mostrando tudo;

o Cássio via essa cena de camarote, e ela virou de frente para ele e sentou em seu colo, pegou as duas mãos dele e levou até o seu bundão.

Quando o show acabou nosso amigo voltou para a mesa e falamos.

- Orra, se arrego hein irmão.

Ele estava rindo, foi muita sorte. E aquele dia a sorte estava do meu lado também.

A loirinha e eu trocamos olhares a todo instante, quando me levantei para ir até o banheiro ela me abordou.

- Vai ficar só me olhando a noite toda?

- A noite toda? Ah, eu faria coisas que você nem pode imaginar. - Já estou te imaginando dentro de mim desde a hora que você chegou. Vamos lá para o quarto. - Pior que hoje não rola, estou na conta do meu patrocinador.

Me despedi e fui até o banheiro. Voltando para a mesa ela me abordou novamente.

- Vamos lá embaixo.

Ela me estendeu a mão e descemos para o térreo de mãos dadas; nos sentamos num sofá grande e cinza, próximo à porta de entrada. Ela falou.

- Desde que você chegou aqui não paro de te olhar, vamos para o quarto comigo.

- E quanto é o quarto? - É 150 do quarto, uma bebida de 100 e o programa é 300, mas o programa eu não te cobro.

- Mesmo assim não dá, mês passado bati o carro e estou sem grana.

- Eu quero você hoje!

Ela me puxou e beijou-me com muita vontade, aproveitei para passar a mão na sua perna, subindo por debaixo do seu vestido preto e pegando firme na sua bundinha. Era tudo o que eu poderia aproveitar naquela noite. Ela parou de me beijar e falou.

- Espera aí, eu já volto.

Achei que ela ia chamar os seguranças, nesses lugares não pode beijar e ficar agarrando as meninas que estão trabalhando; quer se divertir? Tem que pagar!

Ela voltou com um casaco na mão e com a bolsa debaixo do braço. Falou para mim.

to? - Vamos para o meu apartamento. Seu carro está no estacionamen-

- Eu vim de carona.

- Vou chamar um Uber.

Fomos para o apartamento dela e transamos até o sol raiar, aquela loirinha era quase tão insaciável quanto eu.

Ela quebrou minha confiança lendo o meu diário, não fiz nada de errado, estava solteiro e livre para fazer o que eu quisesse. Depois desse episódio nos afastamos muito, o que já era frio congelou!

No final de semana, num domingo de tarde, fui ao parque correr com o Moscão e desabafei sobre o que aconteceu.

- Ah Irmão, depois disso minha vontade é terminar de vez.

- Termina irmão, essa história já deu o que tinha que dar. Que viagem da mina ler o seu diário. - Depois de tudo que fiz para a gente voltar? Foda. Preciso encher a cara irmão, Já terminamos o seu treino, bora lá comigo.

- Não rola beber, você tá ligado. E tem luta também.

- Só vai junto, toma água.

Fomos ao bar do meu pai e tomei duas caipiras de cerveja, é uma delícia, ele banha a borda da taça com sal e dentro despeja uma garrafa de cerveja, uma dose de vodka, açúcar e duas azeitonas; é um sabor único.

Fiquei mais para lá do que para cá e quando recebi uma mensagem da Renata já estava bêbado demais para ser racional. - Bruno, quando sair do seu pai vem aqui em casa para a gente conversar.

Falei para o Moscão. - Vamos embora irmão, me leva para casa que vou pegar o carro e vou lá na Renata.

- Você não vai dirigir assim! Vou te levar para casa e amanhã você termina com ela.

O meu irmão me deixou em casa e no que entrei já peguei a chave do carro e fui para casa dela.

Abri a porta do apartamento e ela estava me esperando no quarto. Me sentei na cama, ao lado dela, e ficamos calados por alguns segundos. Ela quebrou o silêncio.

- Olha Bruno, eu amo você. Mas seus defeitos nunca mudam, você não sabe dar um carinho, não me dá atenção e olha as coisas que você já fez; acho que é melhor...

Interrompi ela.

- Então é assim!? Você vai terminar comigo? Beleza, vou fazer igual você fez quando eu ia terminar com você, nada!

Levantei, virei as costas e fui em direção à porta, abri a porta e antes de sair falei as últimas palavras.

- Pelo menos você ganhou uma viagem legal no fim do ano.