MEUS
LUGARES PEQUENO TRATADO DO IMAGINÁRIO AFETIVO DAS CIDADES
Este Livro de Memórias Afetivas da Cidade é parte da prática lúdica da disciplina de Expressão Gráfica na Arquitetura ministrada pelos professores Diego Inglez e Lula Marcondes no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pernambuco. Recife, Abril de 2016
O Projeto Meus Lugares - Pequeno Tratado do Imaginário Afetivo da Cidade, tem como objetivo principal conduzir os alunos do curso de Expressão Gráfica na Arquitetura em uma jornada lúdica e poética aos mais variados e inusitados recantos da cidade para que eles potencializem, por meio do design, as qualidades encontradas nesses locais. Essas qualidades se apresentam neste livro com diferentes interpretações e sentidos e são o epicentro das ideias transformadoras das diferentes propostas criadas pelos alunos. Por fim, o presente livro é fruto de um delicado trato com a cidade e seus recantos onde a sensibilização do olhar se fez necessária para enxergar além das aparências e entender a dimensão da riqueza por trás das ações humanas no seio da cidade.
Participantes do Projeto e Lugares Escolhidos: À Cima (Santo Antônio)
Reviva o Varadouro (Varadouro)
Ilza Priscila
Amanda Albuquerque
Larissa Herculano
Amanda Coêlho
Lorrana Marinho
Dafny Mirella
Mariana Rocha
Flora Laprovítera Magdala Gomes
Outra Vista (Boa Vista)
Thaís Monteiro
Ana Rosa Castro Celina Azevedo
À Madalena (Madalena)
Enora Le Meliner
Andressa Zerbinatti
Maria Clara Tadeu
Camila Colaço
Tainá Franklin
Felipe Carvalho Hugo Travassos
Formosa Brasília Teimosa (Brasília Teimosa)
Maria Clara Calado,
Beatriz Bosschart
Thais Mariana
Carla Beltrão
Wanessa Lima
Lara Carvalho Luíza de Paula
A Ilha Resiste (Ilha do Leite)
Maria Eduarda Cordeiro
Cínthia Nery Isabela Donato
A Graça das Graças (Graças)
Lucas Mello
Aimee Castelo Branco
Rosane Melo
Elisângela Cristina
Thaís Martinez
Maria Vitória Lima Natália Cavalcanti
Poço da Panela (Poço da Panela)
Priscila Herculano
Carol Arcoverde
Wliany Sobral
Eduarto Santos Maria Natália
Vá à Várzea (Várzea)
Mariana Lissa
Daniela Bacelar
Murillo Henrique
Isabela Teles
Victor Bezerra
Leonardo Rafael Maria Helena Alexandrino
Seu José (São José)
Mirella Aziz
Dominique Carvalho
Roberta Farias
Júlia Andrade Maria Victória Ribeiro
Pega o Beco (Becos do Recife)
Nathália Moraes
Alice Nóbrega
Richard Dantas
Ivison Guedes
Stéphanie Djick
Maria Carolina Ayala Valéria Oliveira Vanessa Cavalcanti
Índice
À Cima (Santo Antônio)
Formosa Brasília Teimosa (Brasília Teimosa)
Vá à Várzea (Várzea)
Reviva o Varadouro (Varadouro)
A Ilha Resiste (Ilha do Leite)
Seu Zé (São José)
Outra Vista (Boa Vista)
A Graça das Graças (Graças)
Pega o Beco (Becos do Recife)
À Madalena (Madalena)
Eternamente Poço (Poço da Panela)
O Bairro de Santo Antônio já foi Na Avenida Guararapes o estilo conhecido como Ilha de Antônio Vaz, arquitetônico
predominante
é
o
Porto dos Navios e Ilha do Governa- protorracionalista. Uma arquitetura dor. Durante o período da invasão pós-eclética e pré-moderna, transiholandesa, entre 1630 e 1654, o ção que contribuiu para a aceitação conde Maurício de Nassau residiu e difusão do modernismo. Descarta nessa Ilha. Lá ele deu início à sua a utilização de detalhes e adornos
pe qui e a bd p& o s). t fo sto a! a o r r ret s pa p o o n a aç car ord esp rb (fo a r i et s. r Ob
expansão territorial, um fator deter- que remetessem estilos passados, minante para o desenvolvimento valoriza o uso de novas tecnologias urbano da época. Assim, fundou e inovação na planta, porém man-
À Cima
uma pequena cidade que abrangia tendo as tradições de funcionamen- Grupo:
toda a área que hoje é conhecida to interno. Se caracteriza por dese- Ilza Priscila Menezes como Bairro de Santo Antônio, que nhos
geométricos
apesar da sua importante relação decorativas,
com
cortes
e
funções Larissa Laurentino Herculano
saliências, Lorrana Marinho
histórica com o Recife, anda relativa- ditando um ritmo às fachadas. No Mariana Costa mente esquecido pela própria popu- local, o estado de conservação dos lação.
edifícios é relativamente ruim, pois além da deterioração, a desfigura-
Assim, a equipe Bairro de Santo ção, pricipalmente interna, é preo- Local: Antônio buscou a elaboração de uma cupante.
Bairro de Santo Antônio
plataforma de conscientização do valor arquitetônico e histórico das Já na Rua Nova, dos 49 imovéis ruas de maior atividade comercial do catalogados
14
são
ecléticos,
local. Um mundo esquecido, museu assim, este estilo foi adotado como céu aberto, desfigurado aos o símbolo da rua. Ele é característi- Nos três locais os edifícios são entrepoucos devido ao comércio, localiza- co da segunda metade do século medianeiros, ou seja, colados uns do acima do olhar de quem está ali XIX até a década de 30 do século aos outros. a
diariamente. As atividades corriquei- XX. Busca a simetria, grandiosidade ras tornam a passagem naquelas e riqueza decorativa; possui balausruas algo banal e disperso. Tantas trada na platibanda, cornija clássihistórias,
vidas
e
conhecimentos ca, colunas coríntias e arcos roma-
permeados pelo esquecimento.
nos. A conservação é boa, cerca de 30 estão arquitetonicamente em bom estado. A Rua Duque de Caxias, possuí 12 edifícios
Art
Nouveau,
dos
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pesquisados. Nascido no ínicio do século XX, o estilo possui uma temática
naturalista,
arabescos
lineares e cromáticos, ritmo de curvas, elementos ondulados, sinuosos de ferro. Nesta rua é onde encontramos a pior conservação, 36 edifícios estão em estado ruim. No bairro existem três pontos que
O meio escolhido para a divulgação
são extremamente importantes e
e conscientização da história local foi
movimentados por pedestres devido
Cordel. O mesmo pode ser distribuí-
ao comércio: Avenida Guararapes,
do na própria rua ou avenida de que
Rua Nova e Rua Duque de Caxias.
fala, fazendo com que a pessoa que
Nestes locais foram feitos levanta-
diariamente passa ou trabalha nesse
mentos histórico culturais dos estilos
local finalmente o vivencie, levante
arquitetônicos e o estado de conser-
a cabeça à cima e perceba a riqueza
vação dos imovéis.
ali presente.
A intenção ao escolher explorar cores diferentes e marcantes foi chamar atenção para aquela parte das edificações que merecem um olhar diferente e mais atento. O preto e branco simbolizam o vazio e o desconhecimento sobre o tema. Já
o
colorido
busca
florescer um olhar de descoberta através das cores.
E se nós olhassemos um pouco mais para a parte de cima do centro do Recife, olhassemos para a cima, olhassemos À CIMA?
O bairro da Boa Vista assu-
Essa
percepção
levou
o
miu um papel muito importante na coletivo a considerar que a poesia historia do Recife: Abrigando o Palá- do bairro tinha sido esquecida, cio da Boa Vista, ainda hoje abriga a apesar da grande demanda dos faculdade de direito, a assembleia recifenses em ter espaços acolhelegislativa
de
Pernambuco
e
a dores na cidade. Então era vital
câmara municipal. O bairro continua mostrar que a Boa Vista é mais que desenrolando um papel importante uma grande avenida onde passa na cidade, pois se trata de um eixo ônibus e carros. Havia de relembrar central onde cidadãos transitam, se aos moradores que o bairro além de
OUTRA VISTA
encontram e se misturam. Um local histórico permanece um lugar cheio Grupo: de grande riqueza cultural que de romantismo. Nesse âmbito a Ana Rosa Castro sempre inspirou os Recifenses. Esses poesia contemporânea poderia ser Celina Azevedo
foram alguns dos motivos pelos o melhor instrumento para divulgar Enora Le Meliner quais o nosso coletivo escolheu o essa ideia, do mesmo modo que a Maria Clara Alves bairro da Boa Vista.
poesia das décadas anteriores tinha Taina Franklin divulgado a beleza do bairro.
Em pesquisa inicial, percebemos que o Bairro foi criado para
Na pesquisa complementar Local: suprir uma demanda habitacional escolhemos dois poetas atuais que Bairro da Boa Vista que Santo Amaro e São José não personificam essa herança poética; conseguiam suprir, sendo um espaço Miro de Muribeca, que declama com moradores de várias nacionali- seus poemas todo sábado no merdades, e assim criando um ambien- cado da Boa Vista, Aldo Lins, paraite propício para produção de uma bano que morra no Recife desde de arte rica. Foi esclarecido o quanto o 1990 e que também se produz bairro tinha se tornado parte do ocasionalmente
no
Mercado.
Os
imaginário coletivo dos Recifenses e dois poetas participaram da MargiPernambucanos através das artes, nal Recife: Coletânea poética e tem como por exemplo poemas, musicas em comum a prosa política, que e quadros, por se tratar de um local denuncia problemas de maneira residido ou rotineiro de muitos artis- inteligente e com ponto de vista tas, como Abelardo da Hora, Clarisse mordaz. Lispector, Hélio Feijó, entre muitos outros. Manuel Bandeira relata no
A campanha gráfica deveria
seu poema “Evocação do Recife” sua mostrar a poesia do bairro, a beleza relação próxima com o bairro, mos- do jeito que a entramos, crua, sem trando o lado romântico e folclórico artifícios e onipresente. Apareceu da boa vista, falando de ruas e expli- de maneira bastante óbvia que o cando
suas
características.
Esse excesso de recursos gráficos pode-
poema traduz o apego dos morado- ria prejudicar a nossa mensagem, res do bairro nas décadas de 30 a 60 deixando
pensar
ao
leitor
que
e por isso foi o ponto de partida da encontrar esse romantismo era algo
TU TAS ONDE? MIRO
nossa reflexão. O coletivo passeou trabalhoso. Em nossa visão bastapelo bairro e percebeu que esse va induzir a ideia para que ela
O CÉU NA TUA FRENTE
apego vem diminuindo entre os seus passasse para o observador. O titulo
O CHÃO SOB TEUS PÉS
moradores e entre os recifenses no “Outra Vista” provoca instantanea-
O SOL ILUMINANDO TUAS SANDÁLIAS
geral. A sensação que ficou é que o mente um reflexão sobre a imagem
E TU NÃO ENXERGA OUTROS
bairro se tornou um local de passa- apresentada, sem necessidade de
CAMINHOS
gem, onde as pessoas raramente se explicar a conclusão, deixando a deslocam fora dos grandes eixos imaginação do leitor totalmente deixando de conhecer áreas extre- livre. Provocando também que cada mamente atrativas.
um possa criar um laço pessoal com a Boa Vista.
MERCADO DA BOA VISTA ALDO LINS Levanto-me neste dia que amanhece E atravesso o Portal de ferro E as pilastras: "maças portuguesas" Símbolos dos leilões de sombras. Onde Já se foi mercado de escravos Hoje vende-se cravos e canelas, Cereais, legumes, frutas, carnes e ervas Para Eva ou Maria; "maçãs brasileiras".
Coletivo Outra Vista
A fachada estilo Neo-Clássico Fala por si a sua música e poesia. Construído para ser o cemitério Da antiga capela da Santa Cruz. Os mal tratados pela vida Boêmios, mobílias e dinossauros Desenham as diversas cores dos pratos Em pileques homéricos repletos de luz. Na Ribeira da Boa Vista Meu coração poema inacabado Solve os acordes de um pinho Entre pombos na praça de alimentação.
rpc
selo
“Teimosia de ficar. Teimosia de resistir.
E revia. E revivia.
Teimosia de habitar um lugar, de Esperando o dia, pra poder espagente que não tinha onde morar.
lhar, pra todo mundo, a magia que
Toda noite era maior.
havia lá!
E de manhã, tudo tinha ido embora. Mas teimou,
Forma que afronta.
e teima,
Formosa por cada detalhe.
que teima..
Do mar, ao rio.
Brasília do Nordeste.
E não é todo mundo não viu? Que
Brasília de Recife.
tem água dos dois lados.
Brasília do povo.
Água doce pra quem é de Capiba,
Bem na época que Jucelino tava do e salgada pra quem é da Veia. outro lado, fazendo uma Brasília planejada.
E foi numa aula de computador,
A nossa Brasília só queria era ficar. Que nasceu uma inspiração. Sem plano!
Uma admiração.
Sem forma!
Uma alegria!
Só ficar!
Por um lugar que tava alí!
E teimar.
Alí do nosso lado!
e ainda teima,
Logo alí, onde a felicidade parou,
que teima...
e ficou. Logo alí,
Na alegria da bagunça,
Na rua que o menino brinca.
da bagunça organizada,
Na vista que nem todo mundo ve.
bagunça deles, tão deles que ninguem tirava. E não tira. E nem vai tirar.
Pra todo mundo. Testa tu, e vai!
Grupo: Beatriz Bosschart Carla Beltrão Lara Carvalho Luiza De Paula Maria Eduarda Cordeiro Local: Brasília Teimosa O projeto se baseou, inicialmente, em pesquisas sobre a história do bairro, que tornou-se símbolo de
No meio da praia, em plena segun- um movimento de resistência em uma época em que pouco se da feira, quando o povo tá que tá!
Por que lá.. Ahh, lá só fica quem conseguia ganhar do poder. Devagar, Brasíia Teimosa foi se firmando teima,
É tanta alegria, que espalha pra todo e teima..” lugar.
Formosa Brasília Teimosa
e se concretizando, para tornar-se o que é hoje. Esta sua teimosia criou uma das inspirações do projeto. Outro fator, se não o principal, para
Vai!
o desenvolvimento gráfico do
Lá é colorido.
e bom humor do povo que lá vive.
O céu sorri, o povo sorri. O menino que brinca, na rua mesmo, sem medo de nada. Pausa pra foto! -Pausa não! Brinca menino! brinca! A gente quer isso. A gente quer a alegria. Quem não quer? "Guarda essa maquina, visse? Se não levam" E levaram visse, Seu Joaquim?! Pense num roubo! Roubo de vida. Roubo de luz. Roubo de alegria em toda foto que a gente via.
trabalho foi a alegria, receptividade Em um primeiro contato, estes sentimentos contagiaram a ideia que se tinha sobre lá. Teimosa, por conta da sua história de luta e determinação. Formosa, pela sua luz e alegria, contagiantes aos que pouco a conheciam. Chegamos, então, ao Formosa Brasília Teimosa.
Postal 1: A ALEGRIA DO MENINO
Durante o processo criativo, decidimos por destacar os pontos que mais nos marcaram durante este período de pesquisa e envolvimento com o local, dando vida e luz às imagens que ficaram em nossa mente e nos ajudaram a formar uma visão sobre a comunidade. As cores nas fotos, transformadas em desenhos, representam a felicidade que encontramos alí, em meio ao preto e branco, que resiste em se colorir. Juntamos, então, Teimosia à Formosidade, e passamos aos desenhos o que nos foi passado.
Postal 2: A VISTA
A alusão ao movimento de ocupação da área e sua luta na cidade marcam tal teimosia. A Formosa teima em continuar colorida, viva e alegre.
Postal 3: SEGUNDA NO BURACO DA VÉIA
“A forma teimosa, forma Brasília: A Formosa Brasília, Que teima, E teima...”
Charmoso como ele só, o Bairro das Registros
fotográficos
também
Graças é um simpático reduto locali- foram de grande importância neste zado na Zona Norte do Recife. estudo,
pois
conseguimos
por
Conhecido por apresentar um dos muitas vezes captar a essência maiores índices de qualidade de vida poética
das
antigas
edificações,
da cidade, o bairro exala uma tran- praça e principalmente da figura quilidade imensurável para quem centenária e não menos importanvive lá.
te da localidade, o Baobá das
De uso misto, o lugar une muito bem Graças, o residencial
árvore
que
é
tombada
A Graça das Graças
com o comercial, como patrimônio do Recife desde Grupo:
permitindo assim que pessoas se 1988. desloquem sem a necessidade do Tivemos
uma
uso de transportes. Por possuir essa gratificante
experiência
ao
visitarmos
Aimée Castelo Branco bem Elisângela Cristina essa Maria Vitória Lima
característica, o bairro proporciona majestosa árvore, pois nos depara- Natália Cavalcanti aos seus usuários uma gama gigan- mos também com o "marco zero" Priscila Herculano tesca de serviços que vão desde de um grande projeto arquitetônico Wliany Sobral redes de hospitais até os mais varia- denominado Parque Capibaribe, e o dos ramos da gastronomia, ou seja, primeiro trecho a ser implantado Local: um verdadeiro leque de possibilida- será o Jardim do Baobá, dando Bairro das Graças des que muitas vezes só achamos assim maior visibilidade ao bairro, em grandes centros urbanos. Apesar sem dúvida um ganho a mais no de bastante atraente, as Graças quesito lazer para os seus moradonecessita de um olhar um pouco res.
O sentimento que fica pós conclusão
mais voltado para as suas calçadas,
do projeto é o de extrema gratidão pois estas encontram-se um tanto De posse dos dados coletados, pela oportunidade que tivemos de esquecidas e são bastante usadas, já partimos para o processo de ideali- investigar pormenores deste lugar que a maioria dos trajetos são feitos zação
dos
produtos
solicitados. tão tranquilo e especial, onde a a pé por todo o bairro. Seguimos a linha de elaboração verdadeira graça das Graças pode Nos apropriamos das observações já com 90% de material autoral, fotos ser encontrada na praticidade e descritas para fundarmos um concei- e textos pois o nosso pensamento singularidade de um bairro que é to, uma nomenclatura que foi deixar verdadeiramente impres- único. permite-se ser depositada toda a so a emoção que essa experiência vivência, estudo e poesia adquirida nos causou. neste processo
de criação. Decidi- Todos os produtos, camisas (foto
mos por denominá-la "A graça das panorâmica Graças".
das
Graças),
cartaz
(foto da igreja dos Manguinhos),
No processo de elaboração do real folder (foto do Baobá) e o postal fundamento
da
"graça
das (foto da Academia Pernambucana
Graças", se fez necessário um apro- de Letras), evidenciam toda a idenfundamento no universo daqueles tidade poética do bairro, juntamenque
vivenciam
cotidianamente
o te com doses de afeto adquirido por
lugar. Foram realizadas visitas no todas as componentes do grupo ao local, também diversas anotações e longo do trabalho. observações relevantes do bairro, As cores monocromáticas foram como o usos dos imóveis, fluxo de utilizadas como forma de tornar a
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pessoas e veículo, pontos históricos plástica visual mais clássica e o uso de visitação pública, período das da cor verde, remete a vasta arborito dos usuários do bairro.
Baobá.
Fonte: A graça das Graças
edificações antigas e comportamen- zação do bairro e também ao
Fonte: A graรงa das Graรงas
PRAร A DO ENTRONCAMENTO
Fonte: A graรงa das Graรงas
Fonte da Imagem: Pinterest / Edição: A graça das Graças
‘’É graça divina começar bem. Graça maior persistir na caminhada certa. Mas graça das Graças é não desistir nunca.’’ Dom Hélder Câmara
O bairro da Várzea é o segundo maior em extensão territorial do município do recife com 2.264 hectares. É um bairro bastante arborizado, cortado pelo Rio Capibaribe, caracterizado pela presença de prédios baixos, isso porque o solo da região não é muito propício para construções de grande porte. Sendo assim, essa “arrumação” arquitetural proporciona benefícios aos moradores, já que tem melhor passagem do ar, tornando-se, um dos bairros com o clima mais agradável. Por ser um bairro de grande extensão territorial e alta densidade demográfica, há uma notável diversidade cultural, social e econômica. Portanto, como há inúmeros focos de estudos no bairro, foi necessário manter um eixo principal no trabalho, sendo esse, o entorno da praça, enfatizando o Hospital Magitot. Por meio de algumas formas de divulgação, como cartão postal, cartaz, camisa, página em redes sociais, wayfinding e uma espécie de documentário; conseguimos levar o nosso trabalho, para além da sala de aula, atingindo, também, moradores do bairro e de áreas vizinhas. Ao longo da pesquisa, surpreendentemente, percebemos que a falta de informação dos próprios moradores sobre o bairro da Várzea, é tamanha. Visto que a partir da movimentação do nosso trabalho, eles ficaram encantados com a quantidade de informação que há sobre o bairro e que nós, apenas como apreciadores da região, temos conhecimento. Com isso, notamos que era de extrema importância, buscar trazer, de maneira clara e objetiva, essas informações às pessoas que ali habitam. Através dessa problematização, elaboramos, chamadas breves e questionativas, como: “Lembra de mim?”, “Já me viu?”, “Quem sou eu?”, “Sabe a minha história?” e “Me conhece?”. Essas, foram pensadas estrategicamente para cada foco de estudo do trabalho, que são, respectivamente O Instituto Ricardo Brennand, a Capela do Instituto Ricardo Brennand, o Educandário Magalhães Bastos, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e o Hospital Magitot. Elaboramos, ainda, uma logomarca, como proposta de intervenção à problemática existente, a falta de atenção dada ao bairro. Esse processo de criação, consistiu no fato de tentar formar
uma logomarca simples e que transmitisse um comunicado breve e objetivo de conhecer o que há de melhor no bairro. Portanto, o resultado final foi “Vá à Várzea”. Por meio disso, também, transformamos nossas fotos autorais em pictogramas, enfatizando assim as principais características de cada construção estudada. Então, para a elaboração das formas de divulgação, seguimos uma linha minimalista, uma vez que essa é a que mais se enquadra no estilo de pictogramas. Logo, esses meios, transmitem claramente as informações que buscamos passar com o nosso trabalho, de as pessoas se interessarem a conhecer esses locais. Como foi visto, o bairro, possui diversos pontos interessantes para serem estudados, como: Instituto Ricardo Brennand, fundado em 2002 pelo colecionador e empresário pernambucano Ricardo Brennand com o objetivo de levar aprendizado a grandes parcelas da população. O acervo do Instituto Ricardo Brennand é composto por relíquias da história brasileira e mundial. Por isso, é considerado o ponto mais turístico e atrativo do bairro, o que faz com que, muitas vezes, ele seja esquecido pela população local. Dentro do seu complexo, encontra-se, também, a capela do Instituto, a qual possui uma arquitetura bem marcante, mas, infelizmente, é de acesso restrito, por esse motivo, poucas pessoas já a viram. Outro ponto, é a Praça Pinto Damásio, a qual foi o eixo do trabalho, ela é um lugar onde muitos moradores locais se encontram para conversar, jogar partidas de dominó, fazer caminhadas, praticar esportes, levar as crianças ao parque, além de ser palco de apresentações culturais, como o Maracatu Várzea do Capibaribe. Este, por ser o ponto de partida do trabalho e ser um local de grande movimentação, foi a área escolhida para colocar o wayfinding, o qual tem como intuito, localizar as pessoas no bairro e chama-las a conhecer um pouco melhor os locais apresentados. Há também, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a qual foi a primeira capela a ser construída no bairro da Várzea, fazendo com que ela possua um acervo de histórias muito imponentes e relevantes para a formação do bairro, porém, informação essa pouco conhecida entre a população. Vale ressaltar que ela passou
pe qui e a bd p& o s). t fo sto a! a o r r ret s pa p o o n a aç car ord esp rb (fo a r i et s. r Ob
Vá à Várzea Grupo: Daniela Bacelar Isabela Teles Leonardo Bezerra Maria Helena Mirella Aziz Roberta Farias Local: Bairro da Várzea por reformas durante o período de 1868 e 1872, não restando nada da capela original, o que, de certa forma, torna-se um motivo, para a sua história ser pouco difundida. O Educandário Magalhaes Bastos, também foco de estudo, é um local bastante desconhecido pelos moradores, muitos deles, não sabem da sua existência e da sua utilidade, que nada mais é um semi-internato para crianças.
VÁRZEA-PE
No entanto, como já foi dito, a principal área de pesquisa é o Hospital Magitot, uma construção datada de 1905, com estilo arquitetônico romântico de influência inglesa, único na cidade, onde funcionava uma clínica odontológica. Pouco se sabe sobre ele, visto que ele está abandonado a mais de 4 décadas. Tal situação reflete no estado em que ele se encontra, completamente degradado e descaracterizado. Por isso, há pouco interesse por parte da população em geral em resgatar a sua identidade e para trazer melhorias no funcionamento do seu entorno. Há algumas propostas de intervenção no local, as quais são pouco divulgadas. No entanto, essas estão à tona por muito tempo mas que terminam sendo meras propostas. Tendo isso em vista, alguns, poucos, jovens, que entendem a importância desse patrimônio e não aceitam o descaso para com ele, decidiram ajudar da melhor forma possível, enquanto autoridades maiores não tomam uma posição sobre isso. Diante de todas essas situações e problemáticas, o bairro da Várzea é um bairro de inúmeras riquezas e qualidades, que ainda, estão ofuscadas. O trabalho realizado, então, busca, justamente, trazer propostas simples e viáveis para valorizar a Várzea, tão desconhecida pela população.
Do Poeta Joaquim Cardozo: A Vรกrzea tem cajazeiras... Cada cajazeira um ninho Que entre o verde e o azul oscila; Em redes de ramos verdes Me estendo como um caminho, Me espreguiรงo dessa vรกrzea, E me embalo desse ninho.
倀攀最愀 漀 䈀攀挀漀 䜀爀甀瀀漀㨀 䄀氀椀挀攀 一戀爀攀最愀 䤀瘀椀猀漀渀 䜀甀攀搀攀猀 䴀⸀ 䌀愀爀漀氀椀渀愀 䄀礀愀氀愀 嘀愀氀爀椀愀 伀氀椀瘀攀椀爀愀 嘀愀渀攀猀猀愀 匀愀氀攀猀 䰀漀挀愀氀㨀 䈀攀挀漀猀 搀漀 刀攀挀椀昀攀
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Nossa equipe buscou no bairro do Varadouro, em Olinda, aspectos históricos, urbanísticos, arquitetônicos, culturais e sociais que o caracterizassem, a partir da perspectiva do visitante (nós, o grupo) em contato com o local e seus moradores, estes, acreditamos, os mais pertinentes para nos trazer informações e comentários sobre o local. Buscamos também informações a partir de fontes como periódicos e internet. Verificamos que o Varadouro tem uma história rica e importante na formação do município de Olinda. Ele foi o local da instauração do primeiro porto de Pernambuco, portanto, se constituiu na primeira visão e contato com a terra firme para os que aportavam em Olinda e Recife em embarcações. Quando se busca o significado da palavra “Varadouro”, remonta-se a essa origem, hoje já tão diluída por camadas e camadas de história e urbanização. Varadouro é definido como lugar baixo e de pouca água, com fundo de lodo ou de areia à beira do mar, onde se abrigam e encalham as embarcações, para as consertar ou para as guardar. Também, em outra definição, apresenta-se como local onde um grupo de pessoas descansa e conversa. Nos registros da história do local, são encontrados relatos a respeito de embarcações que atracavam no chamado “varadouro das naus” a fim de despachar os escravos e comercializá-los no Mercado da Ribeira. Do passado para os dias atuais, quando se vivencia a rotina do Varadouro como visitante, observa-se que, embora tenha ficado no passado a função de atracadouro, permanece ali um lugar “onde um grupo de pessoas descansa e conversa”. Observa-se um ambiente frequentado por moradores e “compadres”, hoje cena cada vez mais rara nas ruas das cidades verticalizadas e impessoais. Ali encontramos os “velhinhos” jogando damas, os vendedores de frutas e suas bancas cheirosas e coloridas, a pracinha, as crianças fazendo fila no raspa-raspa e o tradicional baixo comércio, composto de padarias, farmácia, bares, salão de beleza, barbearia, peixaria, lojinhas de artesanato e pequenas utilidades. Todos esses elementos tornam o bairro residencial, mesmo com a violência e o descaso a que está submetido. Estes, a violência e o descaso, inclusive, são temas
comuns entre os moradores entrevistados para este trabalho. A partir de depoimentos de moradores e comerciantes, foi possível ter maior conhecimento da história do local, além da que é encontrada em documentos e informações de domínio público. Foi conversando com o senhor Belarmino, avô da dona de um salão presente no Largo do Varadouro, Dona Lene (Lucilene), que tivemos a percepção do bairro como sendo “o coração de Olinda”, pois, de acordo com o antigo morador, era ali “onde tudo acontecia, fervilhava”. Mas, quando o Cinema Duarte Coelho fechou na década de 1980, o movimento caiu drasticamente. Os comércios foram se mudando para outros locais com maior rotatividade, contribuindo para o cenário de abandono atual. Por conta dessa situação, é possível encontrar tanto pessoas que possuem uma forte relação e apego ao local como as que dizem estar ali por falta de opção, por não poder mudar-se por questões financeiras. Como visitantes, também, prestamos atenção nos itens do patrimônio histórico e arquitetônico local. A parte mais visível – e possivelmente valiosa – do patrimônio do Varadouro são o Mercado Eufrásio Barbosa, o Casarão Amarelo (antiga Sapataria Menezes), as ruínas do Cinema Duarte Coelho, o Mosteiro de São Bento, a Padaria Globo. Todos esses monumentos – ou vestígios deles – caracterizam diferentes épocas e estilos de vida e arquitetônicos. O acervo histórico que encontramos neste bairro é o que desperta a curiosidade inicial do visitante, embora ele experimente a sensação de frustração ou lástima, já que boa parte destes equipamentos está muito mal conservada. A partir do que vivenciamos e registramos no Varadouro, adotamos para este trabalho o conceito de geografia sensível, porque percebemos que os limites do bairro eram variáveis de acordo com os sentimentos e as relações afetivas que se estabeleciam em relação a ele. Percebemos, por exemplo, que um aspecto que está relacionado à desvalorizarão do Varadouro diz respeito a sua vizinhança. Geograficamente, o Varadouro está limitado, de um lado, pelo Amparo, e, de outro, pelo Carmo, que estão repletos de pontos turísticos que fazem parte o imaginário mundial da Olinda cartão-postal.
Reviva o Varadouro Grupo: Amanda Albuquerque Amanda Coêlho Dafny Mirella Flora Laprovitera Magdala Gomes Thais Monteiro Local: Bairro do Varadouro - Olinda Mas essas demarcações físicas – ou oficiais – dos territórios, bairros e cidades nem sempre são obedecidas por uma outra geografia, mais sensível e impalpável, a que podemos chamar também de “sensorial”. Esse seria baseada nas características, na vivência e na opinião do seu povo, seus habitantes. A partir da perspectiva geográfica, o bairro do Varadouro se limita ao seu Largo e às áreas planas, pois, segundo nos foi relatado, “quando se começa a subir as ladeiras, deixa de ser Varadouro”. Um dos entrevistados para este trabalho, por exemplo, o designer e artista Petrônio Cunha, que mora na Rua da Boa Hora, não se considera morador do Varadouro por sua casa estar na subida da ladeira. Nós, visitantes, ao contrário, achamos que não havia separação entre a Rua da Boa Hora e a praça onde se encontram as ruínas do Cine Duarte Coelho. Ou mesmo que a casa onde morou o xilogravurista Gilvan Samico, perto do Mosteiro de São Bento, é “tão Varadouro” quanto a casa onde funciona a loja de roupa Período Fértil, quase em frente a Câmara Municipal. Essas aproximações entre o que era a geografia oficial e a do sensível junto à observação de uma riqueza de detalhes belos e significativos nos levou ao “problema” do Varadouro: um bairro importante historicamente, bem localizado geograficamente, mas desvalorizado
social e culturalmente. Fomos então, em busca dos detalhes que faziam dele um lugar peculiar. Relacionando o que foi observado – a história do bairro, os personagens que o compõem, a ambientação e a problemática atual – chegamos ao que acreditamos ser a essência do Varadouro e realizamos um trabalho gráfico do qual resultam os produtos finais: 12 cartões-postais, uma camisa e um cartaz. O nosso foco não foram os aspectos mais evidentes do bairro nem os seus problemas, mas a busca de um modo de representá-lo em fragmentos, ruínas, detalhes significativos. Assim é que nos chamaram atenção janelas, fachadas, pequenas cenas cotidianas que indicam que no Varadouro há riqueza histórica, artística e patrimonial. A representação desse conceito está distribuída nos produtos de mídia popular: o cartaz, que pode ser afixado facilmente em qualquer parede ou muro; os postais, que podem ser comercializados ou distribuídos em pontos turísticos, lojas de artesanato, galerias e museus; e a camisa de malha, item do vestuário informal. O cartaz traz uma imagem do Largo
do Varadouro vetorizada. Foi decidido pelo grupo manter as cores originais do ambiente, pois quando se deixa preto e branco ressalta-se mais o lado pobre e mal cuidado do local. Já quando se muda a cor, descaracteriza-se algo que ainda está presente e rico. Então, mantendo as cores com o slogan escolhido – “Reviva o Varadouro” –, pudemos fazer o link da nossa proposta de olhar o que um dia o bairro foi com o que ele é agora, mas sem enfatizar nenhum deles, tendo um equilíbrio entre as formas do passado e do presente histórico. Para a camisa, foi escolhida a imagem de uma das janelas do Mercado Eufrásio Barbosa. Essa foto reproduz muito bem a elaboração do conceito, pois é uma janela que representa uma época, é bonita e bem trabalhada, mas está num prédio mal cuidado, “caindo aos pedaços”. Porém, mesmo assim, pode-se notar sua beleza olhando-a tanto separadamente quanto inserida no edifício. A proposta inicial era manter as cores originais da foto, mas, após algumas considerações, percebeu-se que, com a vetorização em preto e branco, as formas da janela seriam melhor ressaltadas.
Um bairro
que é mais
que uma
passagem para Olinda
Já nos postais, preferimos manter as fotos cruas, na sua versão sem pós-produção, mostrando que a expressão gráfica não se manifesta necessariamente pelos desenhos, imagens vetorizadas e modificadas. Nesse caso, como selecionamos imagens que privilegiam os detalhes, a maneira original de representação se encaixava mais com a mídia, criando empatia imediata com o público que está habituado a “levar para casa” um pedacinho do lugar que visitou.
MERCADO MUSEU IGREJA PRAÇA REAL DA TORRE BEIRA RIO BENFICA CLUBE INTERNACIONAL ABOLIÇÃO PONTES SABORES MERCADO MUSEU IGREJA PRAÇA REAL DA TORRE BEIRA RIO BENFICA CLUBE INTERNACIONAL ABOLIÇÃO PONTES SABORES MERCADO MUSEU IGREJA PRAÇA REAL DA TORRE BEIRA RIO BENFICA CLUBE INTERNACIONAL ABOLI ÇÃO PONTES SABORES MERCADO MUSEU IGREJA PRAÇA REAL DA TORRE BEIRA RIO BENFICA CLUBE INTERNACIONAL ABOLI-
Madalena, uma história que começa no século XVI e que vem sendo escrita até hoje. Um bairro que começou a partir da venda das terras de Jerônimo de Albuquerque pelos seus filhos, após sua morte. Com as terras adquiridas por Pedro Afonso Duro, através dessas vendas, é fundado um engenho de açúcar onde posteriormente dão origem ao bairro. Anos depois esse engenho é vendido para João de Mendonça e ele ficou conhecido como Engenho Madalena (homenagem à esposa de Pedro Afonso, Madalena) e era na época um dos melhores produtores de açúcar. Locais marcantes do bairro como o Museu da Abolição (onde ficava a casa grande) e a Praça João Alfredo (onde ficava o engenho propriamente dito) pertenceram a esse engenho.
A Madalena foi escolhida por ser um bairro de passagem, onde muito dos marcos da região passam despercebidos. Sendo assim, o trabalho À Madalena buscou mostrar o que acontece no bairro, enquanto as pessoas o transitam, e convidá-las a permanecer para descobrir tudo que a Madalena pode oferecer, tornado assim o ponto de partida para o desenvolvimento do trabalho. O título do trabalho: À Madalena, faz referência ao modo de ser, viver do bairro, seguido da frase “ENQUANTO VOCÊ PASSA, A MADALENA ACONTECE!”, base de todo o desenvolvimento do projeto, pois se refere aos locais que são ignorados por estarem no trajeto de muitos recifenses. Começamos, assim, a produzir material de divulgação desses locais.
Nesse sentido, o Museu da Abolição e o Mercado da Madalena seriam os locais mais enfatizados no projeto, pois estão localizados na via de maior tráfego da região, fazendo com que muitas pessoas desconheçam sua importância para o bairro ou até mesmo sua existência. Além do museu e do mercado, foi visitada a Praça Eça de Queirós, a Igreja da Madalena e o Clube Internacional, pois também são locais importantes para o bairro. Com as visitas para esses Grupo: Andressa Zerbinatti locais, foi obtido um excelente Camila Colaço material fotográfico, o qual foi Felipe Carvalho utilizado em diferentes formas: Hugo Travassos para a produção de cartõesMaria Clara Calado -postais, camisas, ecobags, Thais Mariana entre outros; foi criado um perfil Wanessa Lima no Instagram e uma fanpage no Facebook para auxiliar a divulgação e mostrar todos esses Local: Bairro da Madalena locais da Madalena. As postagens nessas redes sociais, feitas com fotos ou vídeos, autorais, tiveram repercussão de pessoas que já estiveram nos locais, que os acharam interessantes ou que tem vontade de conhecê-los.
Além disso, foi produzido um curta com o enfoque no Mercado da Madalena, intitulado “Bacurau”, fazendo referência à feira noturna que existia antes de surgir o mercado propriamente dito e que possuía esse nome, mesmo nome do pássaro que possui hábitos noturnos, o bacurau. O curta tem depoimentos de funcionários e comerciantes do mercado, contando como é o modo de ser do local, por que ir ao mercado e o que ele tem a oferecer.
Com a problemática das pessoas não notarem o que está a sua volta quando passam na Madalena, o trabalho À Madalena mostrou para elas a riqueza de lugares interessantes que o bairro possui, através de mate riais gráficos como panfletos, lambe-lambes, camisas, ecobags, cartões-postais; através da mídia, com o curta e através das redes sociais. Portanto, a cada postagem, a cada divulgação que é feita mais e mais pessoas se interessam pelo bairro atingindo o real propósito do projeto, conhecer o bairro da Madalena, à Madalena.
s.m. Bras. Nome comum de várias aves noturnas da América tropical. São de plumagem macia, coloração parda salpicada de preto e amarelo e faixa branca no pescoço.
Através da pesquisa desenvolvida o grupo À Madalena produziu diversos materiais com a proposta de evidenciar e enaltecer o bairro, atraves do conceito exposto anteriormente “enquanto você passa a madalena acontece”.
Ilha do Leite
No coração da cidade do Recife, a Contudo, há uma outra face da Ilha Ilha do Leite é um dos primeiros que poucos enxergam e que esse bairros da capital pernambucana e, estudo se propõe mostrar: a Ilha do assim como o restante da cidade, Leite aonde as pessoas residem, esse bairro passou por mudanças ao interagem e exercem a sua cidadalongo do tempo, impulsionadas em nia. grande parte pelo poder público.
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Através de um contato mais íntimo Atualmente, tornou-se comum asso- com o sítio, foi possível identificar ciar o centro da cidade à sujeira, “pontos de vida” no bairro que iam
A Ilha Resiste
assaltos e ausência de espaços com de encontro a imagem construída Grupo: foco na qualidade de vida. Hoje, da região e também a expansão em Cinthia Nery esses bairros se configuram como curso
dos
empreendimentos
de Isabela Donato
concentrações de postos de traba- saúde.
Lucas Mello
lho, num visível embate entre o
Rosane Melo presente e o passado, com vários Lugares como a Praça Miguel de Thaís Martinez prédios históricos subutilizados ou Cervantes que, apesar de ser até mesmo vazios. Com a Ilha do bastante frequentada por acompa- Local: Leite não foi diferente. nhantes de pacientes dos hospitais Ilha do Leite adjacentes, recebe moradores que No passado, regiões como a Ilha do praticam atividades físicas e zadas atividades religiosas para a Leite eram valorizadas justamente descansam aos finais de semana.
comunidade, nos fins de semana.
pela sua proximidade às margens do Rio
Capibaribe,
ocupadas
pelos
representantes das camadas sociais mais abastadas. Com o passar do tempo, porém, a ilha passou por um processo de aterramento para atender ao crescimento da cidade (transformação também ocorrida na região de Joana Bezerra, Ilha do Retiro, e
Há também um polo do programa
outras).
Academia da Cidade, através do qual os moradores podem se exercitar
Conforme o centro do Recife foi se
sob supervisão de profissionais da
especializando na seara comercial,
área da saúde.
pela proximidade com o porto, estabelecimentos como lojas e entidades bancárias se consolidaram e foram expandindo sua área de atuação, A praça, também, dispõe de um sendo possível visualizar - até a bicicletário (integrante da rede Bike década de 70 - um centro marcado PE: parceria entre o Banco Itaú e a pela concentração da dinâmica insti- Prefeitura do Recife), através do tucional e comercial.
qual é possível fazer um passeio
O processo que culminou na caracte- pela região e descobrir essa ilha rização da Ilha do Leite como polo que poucos veem. médico se dá a partir do século XIX, com a fundação do Hospital Português no Paissandu, e do Hospital Pedro II, nos Coelhos. Essa oferta de serviços de saúde ganhou corpo e se tornou um dos fatores de ocupação mais expressivos na região, contri-
Imagem Google Earth Esse sentimento de querer mostrar o que ninguém vê: essa resistência da Ilha do Leite residencial ante a constante expansão hospitalar, foi o que nos impulsionou a apresentá-la a quem não a conhece. Para que o leitor possa descobrir essa face da
buindo para a criação da imagem Ainda nessa praça, há a Capela de ilha que coEXISTE em paralelo aos atual do bairro. Nossa Senhora da Saúde que reali- hospitais e RESISTE ao tempo.
Eterna Mente
POÇO
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Poço da Panela Grupo: Carolina Arcoverde Eickmann Dalila Rafaela Araújo Eduardo Correia Santos Igreja de Nossa Senhora da Saúde
Maria Natália Abreu Mariana Lissa Saruhashi Murillo Henrique Rodrigues Victor Bezerra D’Errico Local: Bar do Seu Vital
A princípio, o intuito do trabalho concentrou-se na divulga-
nial para o local, a qual está basea
um estilo de vida diferenciado em
da nos seguintes pontos:
relação ao encontrado nas diversas
ção do bairro do Poço da Panela para atrair mais pessoas à visitarem o
Poço da Panela
• Valorização da região;
localidades da cidade do Recife. O
local. No entanto, a partir das infor-
• Preservação do bairro em qual permitiria que a comunidade Estrada Real do Poço sua forma original; residente e os frequentadores do
mações coletadas sobre o seu cará-
• Evitar a verticalização do bairro apreciassem e entendessem
ter residencial e das opinies dos próprios
moradores,
tornou-se
necessária outra abordagem, cujo foco seria um projeto do Poço para o
bairro;
o espaço ao seu redor e suas pecu• Mostrar a carga histórica liaridades com o intuito de preser-
e cultural que o bairro traz;
vação do bairro enquanto patrimô-
Um dos pontos ressaltados nio histórico e cultural.
Poço, enaltecendo as características
ao longo do trabalho foi a necessi-
bucólicas que o tornam um lugar
dade de um projeto de educação grupo, foram desenvolvidos três
singular em meio ao atual adensa-
patrimonial.
mento vertical da cidade.
trata-se da apropriação e valoriza- para ilustrar nossa proposta.
Desse
modo,
No
caso
De acordo com os ideiais do
abordado, veículos de comunicação gráfica
elaboramos
ção da herança local e suas caracte-
uma proposta de educação patrimo-
rísticas únicas que proporcionam
A chamada “Eternamente Poço” traduz exatamente esse desejo de se preservar o bairro em sua forma original e, ao mudar
sua
quebrando-a
diagramação
em
“ETERNA
–
MENTE – POÇO”, separadas, as palavras ganham um novo significado, o de manter o Poço para sempre na mente, na memória das pessoas. A
ideia
do
cartaz
foi
ressaltar a peculiaridade do Poço da Panela e suas características marcantes em contraste com o entorno da cidade. A fim de destacar a importância da continuidade da sua preservação e valorização como parte do patrimônio histórico e cultural da cidade.
A
escolha
do
cartão
postal segue a mesma proposta do cartaz: valorizar os locais que carregam a história cultural do Poço. A escolha do Bar do Seu Vital como foco no postal, se baseou no valor emocional que o local traz para a comunidade do bairro. Há mais de quarenta anos, Seu Vital abriu o bar que hoje é o ponto de encontro diário dos habitantes do Poço. Locais como o Bar do Seu Vital ficam eternamente nas memórias
das
pessoas
que
residem no bairro e são o que movem o espírito do nosso movimento.
Para
as
camisetas,
usamos o mesmo princípio do banner e do cartão postal. A ideia de mostrar o que há de melhor no Poço continua presente, mas desta vez na forma do skyline
caricato
do
Poço
da
Panela, com casarões e a Igreja de Nossa Senhora da Saúde. A escolha de cores vivas também
não
foi
por
acaso.
Durante todas as nossas visitas ao
bairro
pudemos
notar
a
grande diversidade de cores que são
encontradas
no
Poço,
o
verde das árvores, o azul do rio e sua colorida coleção de casas coloniais. Todo o processo de confecção da camisa foi feito à mão pelos integrantes do grupo.
Presente no cartaz e no cartão postal está um QR code que leva diretamente ao site que criamos. Optamos
por
um
site
como meio de comunicação e divulgação de um conteúdo mais aprofundado para veicular informações mais detalhadas sobre o bairro e o movimento em si, abrangendo assim, uma gama maior de pessoas. O eternamentepoco.wix.com/home enquadra todo
o
processo
criativo
do
projeto apresentado neste capítulo.
VIVENCIAR
“Percorrendo o São José pudemos perceber que quanto mais se anda, mais se descobre e mais se quer descobrir.”
pe qui e a bd p& o s). t fo sto a! a o r r ret s pa p o o n a aç car ord esp rb (fo a r i et s. r Ob
Seu Zé Grupo: Dominique Carvalho Júlia Andrade Maria Victória Ribeiro Nathália Moraes Richard Dantas Stéphanie Dijck Local: Bairro de São José
A proposta surgiu e se transformou a entender suas origens, o jeito foi numa oportunidade. A oportunidade falar, buscar por personagens, por foi dada e um projeto nasceu. E figuras populares daquelas ruas, nasceu do experimento mais pode- ouvindo seus testemunhos e registrando suas bagagens. O bairro
roso: a vivência.
Não demorou muito tempo para que então mostrou mais uma faceta e a necessidade de experiências em se revelou como o cenário da vida campo nos batesse a porta. Depois dessas pessoas, o que ele significa de desdobramentos acerca de como só aumentava enquanto todas trabalharíamos o desafio de mostrar aquelas palavras eram ditas - talvez São José, o que precisávamos para esse estado de inspiração que ele testar, nos causou tenha facilitado o nosso descobrir e sentir o bairro, exploran- dever de detectar com muita sensido também, além do seu peso histó- bilidade o sentimento que vinha continuar
era
conhecer,
rico, as diversas perspectivas exis- junto àquelas palavras, ora de tentes em cada um que por lá passa. paixão, ora de pertencimento, ora Percorrendo o São José pudemos de saudosismo ou até de nostalgia. perceber que quanto mais se anda, O exercício da história oral, além de mais se descobre e mais se quer certificar todo o levantamento de descobrir; as várias camadas de dados anteriormente feito, se tinta presentes naquelas paredes, os adequou muito bem aos segmentos diferentes estilos arquitetônicos, os que o trabalho naturalmente vinha monumentos peculiares em seus tomando. usos mostram a riqueza histórica do Reconhecíamos naquele momento a lugar
e
instigam
a
curiosidade. grandeza que estava em nossas mãos.
Para desvendar tudo isso e começar
"São José já é um bairro muito visitado, o que precisamos mostrar?"
essa disposição no perímetro do bairro permite que com uma caminhada vários desses locais possam ser vistos, no entanto, o que aparen-
Os mascates e pescadores de outrora começaram com a cultura de comércio que pode ser vista até os dias de hoje no traçado urbano, o que faz com que o bairro seja bastante visitado para esse fim. A questão é o problema que essa realidade implica: fora de horário comercial, o bairro se torna hostil, e suas riquezas
são
consequentemente
isoladas, reprimidas nas noites e nos fins de semana. O São José é carregado por esferas de tombamentos federais preenchidas
por
diferentes
monumentos
localizados uns próximos aos outros;
ta é que, na maioria das vezes, as abóbadas e torres que simplesmente aparecem na nossa frente durante o passeio não são suficientes para que não passem desapercebidas pelo nosso olhar apressado. A saída é mudar a forma na qual o local é visto,
deixando
ao
alcance
das
pessoas esclarecimentos e resumos feitos com base em nossas apurações, levando em consideração as complicações que surgem em alguns momentos durante a procura por registros históricos que acabam por dificultar o processo de conhecimento geral.
RESISTIR! O bairro forma um dos polígonos que mais sofrem com a sede de mudança e modernização que a cidade é submetida de tempos em tempos, prova disso é a Avenida Dantas Barreto, uma via que simplesmente não funciona e que varreu boa parte do bairro na década de 70. Vivemos atualmente outro momento dessa modernização contraditória: o bairro mais uma vez está na rota de empreiteiras, com destaque ao Cais José Estelita, paisagem marcante da cidade do Recife que se tornou protagonista de uma disputa entre os que defendem sua preservação contra aqueles que alegam não enxergar negatividade no impacto que causaria o andamento do projeto progressista da vez. Fato é que o movimento contrário
ganhou
enorme
força
popular e atingiu reconhecimento em escala internacional. Não há como falar do bairro sem citar a situação do Cais. Os muros dos armazéns que guardaram por 50 dias os ocupantes se
transformaram
numa
grande
galeria ao ar livre de manifestos populares expressados em diferentes maneiras. E o Estelita até agora resiste.
PRODUTOS
QUEM É SEU ZÉ?
decorrer do nosso processo A princípio foi desenvolvido o banner senhadas por nós baseadas em criativo, começamos a identificar que possui como principal função turísticos encontrados no bairro. O transmitir o conceito geral do proje- terceiro produto, uma camisa, evoca São José como um personagem. No
Seu Zé é aquele senhor de pele quei- to. Com isso em mente desenvolve- novamente o personagem “Seu Zé” mada do sol, marcada pelo trabalho mos o produto utilizando o persona- estampado em estêncil, novamente e por suas memórias. Seu Zé é a gem “Seu Zé”, a personificação de trazendo o modo artesanal de forma como a gente chama esse São José, trazendo em sua cabeça produção, bem como a ideia de senhor querendo ter mais intimida- uma frase que expressa o quão vestir o projeto, incorporando-o ao de, ainda que talvez esse nem seja o profundas são as marcas do tempo nosso dia-a-dia. Como complemento que recaem sobre o bairro. O emol- do
seu verdadeiro nome.
Não há interesse em saber do nome duramento real, muito menos de suas tantas simbolizam
feito o
com
projeto,
arabescos também
rebuscamento
foram
uma
desenvolvidos
ecobag
com
uma
das estampa que dá nome a todos os
histórias prontas para serem conta- igrejas do polígono. Os cartões monumentos existentes no bairro e das. Nosso senhor é metáfora e pode postais foram desenvolvidos levando que nos passam desapercebidos em ser aquele artesão, profissão de São em consideração a forte presença do meio a correria dos dias. O último José de Nazaré, o santo que nomeia comércio de artesanato no bairro e item foi um sketchbook com costura o bairro. Pode ser também aquele para evocar essa forte característica aparente de capa feita com vetores que vende frutas logo ali na calçada, foi decidido que as imagens que desenvolvidos a partir dos monuque cuida com zelo do seu espaço dariam rosto aos postais seriam de-
mentos encontrados no bairro.
num mercado, que vai carregando sua
carroça
produtos,
e
e
anunciando
que,
mesmo
seus coma
idade, se mostra disposto e vigoroso Nosso objetivo é mostrar o peso de populares
impressos
nos
nossos
textos e produtos, fazendo com que a intimidade a qual se inicia no modo com que o projeto se refere ao bairro se reflita na nova perspectiva que buscamos instigar, tanto para os recifenses, quanto para os de fora.
o o
São José utilizando-se de meios
sei o eu car pes e reg qu
só
para muito mais.
Universidade Catรณlica de Pernambuco - UNICAP Departamento de Arquitetura e Urbanismo Disciplina Expressรฃo Grรกfica na Arquitetura 2016.1