#14 Revista Visagismo Novembro

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E foi ponderando este descaso que as mulheres negras iniciaram seus próprios movimentos para a igualdade de direitos, “atestamos e promovemos uma perspectiva feminista negra que aflora da situação específica do que é ser mulher negra e, comumente pobre, traçamos por fim o papel que essa concepção tem na luta antiracista no Brasil” ⁷. É possível entender que para a mulher negra ganhar um pequeno espaço nessa sociedade rica em raça e cultura foi necessário que a mesma batalhasse para que isso ocorresse, contando apenas com o suporte de suas companheiras negras que buscaram e lutaram pelos mesmos ideais, a liberdade profissional e de gênero tal luta resultou em vitórias profissional não tão consideráveis comparando a situação em que se encontram. ⁷ “Ainda que, avanços tenham sido alcançados pelas mulheres no mercado de trabalho, operando posições relevantes a nível profissional, este avanço foi muito circunscrito referindo-se à população negra. Há uma pequena parte de mulheres negras trabalhando como executivas, médicas, juízas, dentre outras profissões de destaque; a grande maioria ainda realiza trabalhos domésticos e recebe pouco por isso”. ⁷ O OLHAR DO VISAGISTA PARA A BELEZA ESTÉTICA NEGRA Uma das características peculiares do preconceito vivenciado pelos negros brasileiros é o processo do branqueamento ou ideologia do branqueamento, “uma pressão cultural exercida pela hegemonia branca, sobretudo, após a abolição da escravatura, para que o negro negasse a si mesmo no seu corpo e na sua mente, como uma espécie de condição para se integrar”. ⁸ O ideal estético europeizado vem sendo aceito e repassado, através de um modelo que diminui ao máximo, ou simplesmente exclui a participação dos “não-brancos” na construção de um imaginário de beleza ⁸. Prontamente, as características físicas mais valorizadas esteticamente na sociedade brasileira pouco remetem à africana. ⁸ Na atualidade, este processo de negação de características positivas aos não brancos ainda permanece. Entretanto, se vê cada vez mais uma aceitação social dos caracteres negros, principalmente no que se refere à manutenção dos cabelos naturais, portanto, cacheados ⁸. A aceitação deve-se ao fato de a estética capilar ter exercido um papel de resistência, luta e posição política em diversos momentos históricos para os afrodescendentes ⁸. Por intermédio dos movimentos sociais (Rastafári Jamaicano, Black Power nos Estados Unidos) de oposição ao padrão que lhes eram impostos, que estimulava a modificação dos seus caracteres (cor da pele e textura dos cabelos). Oferecendo assim, sinais da expressão da negritude, consequentemente contrária à hegemonia do processo de branqueamento imposto. ⁸ Para o profissional visagista a beleza é relativa e, realmente, está nos olhos de quem a vê ⁴. Portanto, não podemos nos fixar em um padrão para determinar se um rosto ou corpo é bonito ⁴.

26| VISAGISMO • 2022


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