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VIVA MAIS
O VENTO E O MAR COMO COMPANHIA
A vela é um desporto que promove a autoconfiança e a autonomia individual. Além disso, trabalha vários músculos do corpo e a destreza mental. Tudo isto, sempre com o mar à vista.
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A vela é um desporto com tradições em Portugal. Luís Rocha, diretor técnico nacional da Federação Portuguesa de Vela, explica que esta modalidade desportiva depende de um elemento muito forte e desafiador: o vento. É esta força de propulsão que permite que a modalidade seja praticada nas suas múltiplas formas, sejam barcos, pranchas de winsdurf, de kitesurf ou kiteboard. Como explica, este é um desporto que proporciona múltiplos benefícios para a saúde, desde logo por ser uma modalidade de exterior, praticada ao ar livre e em harmonia com a natureza. Estes elementos, seja a água ou o vento, estão em permanente mudança, o que «proporciona uma oportunidade única de adaptação aos desafios, à criação de soluções, para se prosseguir no objetivo – terminar uma regata, uma manobra mais complexa, ou apenas, a contemplação da natureza e da sua transformação», defende o técnico. A vela acaba por ser uma modalidade que, pela sua natureza, «promove a autoconfiança, mas também a autonomia» e é um desporto em que se trabalham vários músculos do corpo e a destreza mental. TODOS A BORDO
A vela acaba por juntar o melhor de dois mundos: a prática desportiva e a proximidade com a natureza. Aliás, de forma inconsciente, ajuda a desenvolver uma mentalidade de respeito pelo meio ambiente através da prática de um desporto rápido, radical, inteligente e não poluente. Apesar de se tratar de uma modalidade associada a algum poder económico, na verdade, o Desporto Escolar vem esbater essas possíveis limitações através da oferta

de um vasto programa disponível em inúmeros Centros de Formação Desportiva, espalhados pelo país. Luís Rocha acredita que «existe efetivamente uma componente da nossa história que poderá ajudar a despoletar curiosidade pela vela. E o desporto escolar, em consonância com outras disciplinas, ajuda a abrir caminhos que podem culminar na integração no desporto federado». E, na verdade, através do apoio dos clubes e do associativismo desportivo, a modalidade tem atraído cada vez mais alunos de várias escolas. E é seguro? A embarcação usada pelas crianças dos 7 aos 15 anos, é o Optimist, construído em 1948. Para além de ser um modelo seguro e simples para uma criança de 7 anos, também é suficientemente técnico e excitante para os mais velhos. A prova disse são os mais de 170 mil barcos oficialmente registados na classe. REGRAS EM ALTO MAR
Nas competições de vela mais tradicionais existe uma linha de largada e uma linha de chegada, definidas entre dois pontos. Entre estas linhas imaginárias encontra-se definido um percurso que deverá ser cumprido pelas embarcações concorrentes. «Para serem evitadas colisões, existem as Regras de Regata à Vela, que se constituem como o “Código da Estrada” das competições de vela, e que se baseiam na autoregulação», explica Luís Rocha. O mar está há séculos no ADN dos portugueses. A Real Associação Naval de Lisboa (Associação Naval de Lisboa, desde 1911), fundada em 1856, foi o primeiro Clube de Vela no nosso país e o primeiro Clube Desportivo da Península Ibérica. A Federação Portuguesa de Vela surge apenas em 1927 e foi, a partir da sua filiação na Federação Internacional de Vela, que se iniciou a divulgação da modalidade em Portugal. Dai à participação em eventos internacionais foi um passo, com resultados muito positivos, entre eles a conquista de medalhas olímpicas.
CURIOSIDADES DO MUNDO NAÚTICO
Os primeiros barcos à vela recreativos e desportivos são do início do século XVII, e aparecem pelas mãos dos nobres e comerciantes dinamarqueses. Em 1851, realizou-se a primeira competição de vela de todos os tempos. Um só barco americano, o América, aceitou e venceu o desafio de competir contra quinze veleiros ingleses numa corrida à volta da ilha de Wight, denominada Hundred Guineas Cup. O seu peso histórico explica a razão de a Vela integrar o calendário dos Jogos Olímpicos. A necessidade de tornar as embarcações mais ágeis e rápidas, explica a evolução para os barcos mais pequenos. Mas o que faz a diferença nas regatas são mesmo os atletas!