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De olho em abril

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Haja Deus

Haja Deus

A um mês do fim

da redução da Cide

E

do percentual de etanol na gasolina, preços diminuem e mercado aposta em menos volatilidade ao longo deste ano

n Por Rodrigo Squizato

Em geral o mês de abril é um divisor de águas no preço do etanol, porque é quando começa a colheita de cana-de-açúcar na região Centro-Sul (Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste), que responde por cerca de 85% da produção nacional. Neste ano, abril vai ser também o momento de avaliar cuidadosamente o comportamento do mercado antes das mudanças que estão por vir a partir de maio, quando serão revertidas as medidas adotadas pelo governo no início de fevereiro para conter o

Na segunda semana de março, o preço do anidro era de 121% do praticado no hidratado, em função de uma queda menor do anidro desde o começo do ano: de 20%.

A média histórica desde 2000 é de 110% sobre o preço do hidratado aumento do preço dos combustíveis: a redução da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina e a diminuição da mistura de etanol anidro na gasolina.

A partir de 30 de abril, a Cide deve subir de R$ 0,15 para R$ 0,23 por litro de gasolina. Em compensação, a mistura de anidro na gasolina irá aumentar de 20% para 25% no começo de maio, já que as avaliações do governo até agora mostram que os preços cederam e é possível restabelecer o percentual (veja entrevista na página 10).

No entanto, fatores externos ao mercado de combustíveis brasileiros já começam a influenciar

Fatores de influência para o preço do etanol e da gasolina

Combustível Fatores de Alta Fatores de Queda

Redução do preço do hidratado

Aumento da porcentagem de anidro

Gasolina Aumento da Cide

Preços internacionais do petróleo

Queda do preço do etanol

Início da safra

Etanol Aumento da frota flex

Fonte: Mercado

Redução de estoques

Queda do preço do açúcar os preços internos. Os dois mais importantes são a cotação do açúcar no mercado internacional e a redução das chuvas na principal região de produção de cana.

No mercado brasileiro, o preço do açúcar ainda estava, em 6 de março, 9% acima do registrado no início do ano. Contudo, a commodity tem forte correlação com os preços internacionais, uma vez que grande parte da produção brasileira é destinada ao mercado externo. Uma das principais referências para o preço do açúcar no mercado internacional é o contrato futuro negociado na bolsa de futuros Liffe. Por este parâmetro, o açúcar atingiu o pico

É pouco provável que a Petrobras tome alguma medida que não seja na direção de reduzir o preço dos derivados. A estatal, inclusive, já foi criticada por analistas do setor por não baixar os preços. Algo que pode vir a ser feito ainda antes das eleições aumentou consideravelmente desde meados de janeiro. Na segunda semana de março, o preço do anidro era de 121% do praticado no hidratado, em função de uma queda menor do anidro desde o começo do ano: de 20%. A média histórica desde 2000 é de 110% sobre o preço do hidratado. em meados de janeiro. Em fevereiro, a cotação do produto caiu 9,89% e, até 13 de março, havia cedido mais 19,91%. Em termos nominais, a tonelada do açúcar recuou do pico de US$ 759 em 21 de janeiro para US$ 538,40 em 16 de março. Uma retração de 29%. O principal fator para a queda do preço do açúcar foi o aumento da produção na Índia, um dos maiores produtores e consumidores do insumo no mundo.

Na opinião de Mauro, as condicionates para o mercado de etanol devem levar o preço a cair mais um pouco em abril e maio, subindo posteriormente, mas na opinião do executivo este ano não terá uma volatilidade tão grande quanto a registrada no ano passado.

O mercado de açúcar no Brasil não sentiu este efeito, tanto que no começo de março o preço ainda estava cerca de 9% maior do que o registrado no início do ano.

Apesar disso, o preço do etanol hidratado já diminuiu 29% no mercado interno brasileiro. O etanol atingiu a maior cotação desde 2006 na semana de 23 de fevereiro, quando a média dos preços chegou a R$ 1,2055/litro. O preço em janeiro representou a maior cotação em dólar, a US$ 0,6771, já registrada desde que o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) começou a monitorar os preços do produto em 2000.

Segundo o diretor da Delta Trading, Eolo Mauro, a principal razão para a queda do preço do etanol no mercado interno foi a venda por parte de usinas que precisavam se preparar para começar a safra mais cedo, em virtude da redução das chuvas. Em relação ao açúcar, Mauro afirma que ele ainda está valendo mais a pena para as usinas do que o etanol.

Em sua última análise semanal, o Centro ligado à Universidade de São Paulo afirma que houve um pequeno número de negócios porque as distribuidoras aguardam mais quedas no preço.

Já o anidro registrou aumento na demanda, em virtude do crescimento nas vendas de gasolina. Com isso a diferença entre os dois tipos de etanol

Já as exportações de etanol devem registrar um aumento de cerca de 10% neste ano, avalia Mauro. Há alguns fatores que podem levar a uma elevação maior, mas que só serão definidos no segundo semestre. Entre eles, o uso de etanol de cana-de-açúcar misturado à gasolina no Estado da Califórnia.

Em relação à gasolina, além da Cide, qualquer análise séria deve levar em conta o preço do petróleo e derivados. Neste aspecto, dificilmente haverá qualquer pressão de alta no curto prazo, salvo eventos inesperados como atentados terroristas ou danos causados por causas naturais.

Há dois fatores que corroboram isso. No mercado internacional, a demanda deve permanecer sob controle pelo menos até o final do ano, em função do desempenho das principais economias mundiais. Além disso, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tem dado mostras que o atual patamar de preços é adequado para seus interesses.

Na esfera doméstica, é pouco provável que a Petrobras tome alguma medida que não seja na direção de reduzir o preço dos derivados. A estatal, inclusive, já foi criticada por analistas do setor por não reduzir os preços. Algo que pode vir a ser feito ainda antes das eleições.

Juntando os dois quadros, o Brasil deve ter um cenário de maior equilíbrio entre o consumo de gasolina e de etanol. Porque o etanol começa a retomar sua competitividade, mas não ao ponto em que seja dominante em todo o país, como ocorreu no ano passado. Este melhor equilíbrio deve também aumentar a confiabilidade na oferta de gasolina.

Em termos de preços, ambos os combustíveis devem registrar quedas. Resta saber sua intensidade, porque irá depender das decisões dos agentes em diferentes elos da cadeia. n

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