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Confusão no mercado
Revendedores de GNV e demais agentes de mercado já ficam em estado de atenção quando o governo decide ligar as termelétricas, que têm prioridade no abastecimento com gás natural. Outra grande inquietação vem dos grandes volumes de gás queimados diariamente nas bases da Petrobras, além da variação de preços entre gás boliviano e nacional. Graça Foster fez questão de frisar que geralmente a imprensa faz uma grande confusão entre os temas. “Não se pode associar as variações de preço à queima. Não é todo consumidor que entende o modo de produção de óleo. A queima de gás é inevitável por questões operacionais”, enfatizou a diretora (veja mais sobre o tema na entrevista na página 10).
Em relação ao tratamento dado ao “coitadinho do gás boliviano”, Foster foi tão direta quanto antes: “por contrato o ajuste é trimestral, feito automaticamente, conforme o negociado, e em dólar. Existe uma fórmula para a composição do preço. Não há surpresas. Há de se levar em consideração as valorizações do real frente ao dólar e ter atenção à base de comparação, que devem ser feitas no mesmo elo da cadeia, bem como não misturar fontes de dados”, disse.
o resultado também”, explica o diretor de GNV do Minaspetro, Ciro Piçarro, que esteve presente na reunião de apresentação do modelo.
Para que setores sejam de fato beneficiados, o interessante seria a disponibilização do gás excedente a preços atrativos, que levem em consideração a sazonalidade e sem submissão do VR ao TOP. “Os leilões demonstraram sua inviabilidade quando se disponibilizam 22 mil de metros cúbicos e só se arrematam 6,87 mil”, lembrou Piçarro, que desabafa: “Infelizmente, vivemos uma politização da Petrobras.
Leilões Eletrônicos
Não se vê no governo federal intenção de se alavancar o GNV. Tecnicamente, sob o ponto de vista da Petrobras, o GNV deveria ser amplamente difundido. O GNV poderia interpretar a personagem do regulador de preços nacionais do mercado de veículos leves. Isso quer dizer que: o preço da gasolina é estável por todo o governo do presidente Lula e o etanol varia de preço terrivelmente; caso o GNV estivesse a preços reais de mercado internacional, o produtor de etanol pensaria duas vezes em retirar a competitividade de seu produto, pois saberia que se o consumidor passasse a usar GNV dificilmente voltaria ao etanol - a não ser, é claro, se o preço do biocombustível fosse bem mais competitivo. O GNV faz tanta falta que, devido à concentração de consumo de veículos leves em gasolina, não há esse produto na grande Belo Horizonte!”.
Como grande parte dos presentes, Piçarro diz não acreditar nos atuais moldes do modelo caso não seja revisto o valor de referência para a participação. Agentes de mercado explicaram que situações diversas os impediriam de serem beneficiados com a nova opção. Revisão do VR e abatimento do volume de compra no Take or Pay foram alguns dos questionamentos feitos à Petrobras e que devem ser ajustados de acordo com a evolução do processo. Setores que não têm previsão de expansão – ou seja, não podem fomentar novos clientes, e, portanto, comprar gás a mais e com entrega firme – e VR alto para período de entressafra também não foram levados em consideração pela estatal na construção do modelo.
Propostas
Uma semana depois da apresentação do modelo, houve outra reunião, na qual foram apresentadas propostas para que se possa realmente levar ao consumidor final o gás com preço menor e instigar o consumo.
A Abegás ouviu nove entidades representativas de agentes do mercado de gás, dentre elas a dos secretários estaduais de energia, e levou à estatal seu pedido: eliminar o VR. “A iniciativa é importante e ameniza um pouco o problema do custo. Mas a operacionalização é muito complexa. Impraticável”, avalia o presidente da associação, Armando Laudorio.
O coordenador de planejamento da Petrobras, Carlos Augusto, esclareceu que a iniciativa é nova e que serão feitos ajustes ao longo do processo, para que ambos os lados fiquem satisfeitos. n