Galeria Pedestre

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relação unilateral em benefício do consumidor, vendendo cada vez mais produtos de categorias variadas em grandes quantidades tornando a atividade comercial impessoal, que se distanciava ainda mais do conceito de galeria e a relação da cidade com o edifício. “Os shoppings centers, os mais significativos edifícios desse momento, nascem independentes, ignoram o lugar e marcam presença pela força do seu tamanho sem, no entanto, criar a diferença e o encantamento” (VARGAS, 2018, p. 207). O fim do capítulo representa a conclusão da formação da tipologia de galerias que adaptáveis, são parte da dinâmica urbana e essenciais para o desenvolvimento da economia ao longo da história, mas que em sua introdução no Brasil, vieram da influência destas movimentações internacionais vistas ao longo do capítulo 1.

2. Galerias Comerciais no Centro de São Paulo Com objetivo de contextualizar as galerias comerciais e seu surgimento na cidade de São Paulo é necessário fazer uma breve explicação sobre os "surtos urbanísticos" ocorridos em São Paulo, denominação esta que foi utilizada por Benedito Lima de Toledo (1996) ao descrever, de acordo com Prestes Maia, a a transformação urbana paulistana em quatro fases. O primeiro "surto" ocorreu durante a administração de João Theodoro entre 1872 a 1875 e foi caracterizada por intensa atividade na Várzea do Carmo e na estação da Luz. O segundo, no entanto, correspondeu ao período da administração de Antonio da Silva Prado de 1889 até 1911 com destaque para as renovações ocorridas após a construção do Viaduto do Chá(1892),com intervenções como: [...] Executaram-se vastas e custosas obras de saneamento, sobretudo na várzea do Tamanduateí; canalizaram-se os rios e ribeirões da cidade; garantiu-se, para a população, melhor e maior quantidade de água potável; rasgaram-se novas ruas e avenidas; ajardinaram-se as praças e pavimentaram-se, da melhor maneira possível, as ruas da parte principal da cidade . Disso tudo resultou uma nova cidade de São Paulo, bem diversa daquela que nos havia legado no século XIX (PETRONE, 1955, p. 139).

O terceiro surto urbanístico especificado por Prestes Maia e citado por Benedito Lima de Toledo (1996), sucedeu uma série de obras que estabeleceram novas configurações ao Centro de São Paulo, local de estudo dos próximos subcapítulos, com a construção do Centro Novo durante a gestão do prefeito e Barão de Duprat entre 1911 e 1914. E, por fim, o quarto surto ocorrido entre 1938-1945 que deteve:

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