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Coluna:
Fotografias da História
FOTOGRAFIA E HISTÓRIA – REFLEXÕES INTRODUTÓRIAS Por Ana Maria Mauad
D
esde as últimas décadas do século XIX a percepção visual do mundo foi marcada pela utilização de dispositivos técnicos para a produção das imagens. A demanda social de imagens foi se ampliando ao longo do século XX, a ponto de podermos contar a sua história através das imagens técnicas, notadamente, a fotografia. Sendo assim, as imagens técnicas na sua dimensão de documentos e monumentos da história contemporânea devem ser trabalhadas a partir da ampliação da noção de testemunho, a maneira de Bloch.
“A fotografia é uma fonte histórica que demanda por parte do historiador um novo tipo de crítica” Tal procedimento engendra alguns desdobramentos teórico-metodológicos, dentre os quais destacamos, os processos de produção de sentido na sociedade contemporânea, com destaque para, os seguintes
aspectos: o papel desempenhado pela tecnologia; a definição do circuito social da produção de imagens técnicas, enfatizando historicidade dos regimes visuais; o papel dos sujeitos sociais como mediadores da produção cultural, compreendendo que a relação entre produtores e receptores de imagens se traduz numa negociação de sentidos e significados; e por fim, a capacidade narrativa das imagens técnicas, discutindose aí a dimensão temporal das imagens, os elementos definidores de uma linguagem eminentemente visual e por fim o diálogo estabelecido entre imagens técnicas e outros textos, tanto de caráter verbal, como não verbal, a partir do princípio de intertextualidade. Deste conjunto de desdobramentos podemos sintetizar os três principais aspectos ao considerarmos as imagens visuais: 1. A questão da produção – o dispositivo que media a relação entre o sujeito que olha e a imagem que elabora. Através dessa atividade de olhar se dá a manipulação de um dispositivo de caráter tecnológico, este possui determinadas regras definidas historicamente.