JORNAL DA
fETESSESC FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DO ESTADO DE SANTA CATARINA ANO XXXVI | JANEIRO DE 2015
NA MIRA DO
AUMENTO REAL Perspectivas para a negociação do piso salarial estadual são razoáveis, apesar da crise na indústria e da baixa taxa de investimentos LEIA MAIS - p.ágina 2
SEGURANÇA DO TRABALHO
CHAPECÓ E CAÇADOR
MINHA DOR E O TRABALHO
20% dos fiscais do trabalho em SC se aposentaram nos últimos 6 anos
Confira as datas das assembleias para definir a pauta de 2015
Trabalhadores narram, em primeira pessoa, as dores das doenças do trabalho
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PISO SALARIAL ESTADUAL
Na mira do aumento real: os desafios da negociação Já foram quatro reuniões desde outubro de 2014, mas há motivos para otimismo
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negociação do Piso Salarial Estadual começou em outubro do ano passado com uma proposta inicial de reajuste de 15%, mas, após quatro reuniões entre dirigentes patronais e representantes dos trabalhadores, ainda não houve acordo. Entretanto, as perspectivas de que haja aumento real são razoáveis, analisa o economista do Dieese José Álvaro Cardoso. “Apesar da economia estar crescendo pouco, o mercado de trabalho continua aquecido e os salários vêm obtendo ganhos reais. Além disso, o novo salário mínimo, que passa a vigorar neste mês, também vem com ganhos reais, o que é sempre importante para a negociação dos pisos”. Além disso, o fato de que, em Santa Catarina, muitas regiões vivem o pleno emprego ajuda na negociação. Alguns setores, como a saúde, sofrem com a escassez de mão-de-obra. Ele indica, porém, alguns entraves. “O mais importante é o baixo crescimento da economia. O PIB deve crescer menos que 1% neste ano, o que os patrões não
nos deixarão esquecer nem por um minuto. A crise na indústria também é um fato muito negativo, porque o setor acaba impactando toda a economia, em função da sua centralidade”, enumera Cardoso. O economista também alerta que a queda na taxa de investimentos por parte dos empresários também deve afetar negativamente a economia e, portanto, os ganhos salariais. “Outro entrave são as relações do Brasil com o exterior. A balança de serviços apresentou déficit maior, tanto no mês de dezembro quanto no ano, com destaque para ‘aluguel de máquinas e equipamentos’ e ‘viagens’, o que revela que, mesmo com a desvalorização do real, os gastos no exterior continuaram crescendo. Isso tudo se reflete no processo de negociação”. Ao acompanhar o andamento e o resultado das negociações, é bom lembrar que a categoria da saúde, desde o ano passado, faz parte do 4º faixa do Piso Salarial Estadual, cujo valor hoje é R$957.
SEGURANÇA NO TRABALHO
Mais de 20% dos auditores fiscais do trabalho em SC se aposentaram os últimos seis anos
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ocê sabia que 9,4% dos acidentes de trabalho acontecem no setor da saúde -e que isso representou, em 2011, 63.306 trabalhadores da saúde feridos? O chefe da Inspeção do Trabalho da Secretaria Regional do Trabalho e Emprego de Santa Catarina (SRTE/SC), Roberto Lodetti, deu uma entrevista ao Jornal da Fetessesc sobre a atual situação da fiscalização dos locais de trabalho na saúde e sobre como os sindicatos podem ser mais atuantes em relação à fiscalização e à denúncia de acidentes e doenças do trabalho. FETESSESC - Como o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tem monitorado o cumprimento da NR32? Não temos um programa específico para fiscalizar a NR32 em Santa Catarina nem temos feito auditoria em toda a cadeia de hospitais. Há poucas denúncias feitas no setor da saúde, e a maioria delas é relacionada à jornada de trabalho, à sobrecarga, ao desrespeito à escala de plantão e à falta de pagamento pelo trabalho realizado durante folgas e finais de semana. Elas são muito pontuais, relacionadas a fatos específicos. FETESSESC - Como deveria funcionar essa fiscalização? Fiscalização é uma obrigação do MTE por meio dos seus auditores fiscais do trabalho. Só que hoje temos uma atividade econômica extremamente aquecida, um número de empresas elevado, um número elevado de adoecimento e de acidentes, e por outro lado, uma redução no quadro de auditores fiscais, que
córdia, Videira, Joaçaba, Brusque e São Miguel do Oeste. FETESSESC - De que forma o sindicato pode estimular a formalização dos acidentes de trabalho? O trabalhador, individualmente, dificilmente tem iniciativa de fazer a denúncia, a não ser que seja muito grave. Ele tem medo de sofrer retaliação ou ser demitido. Por isso, o sindicalista tem que saber o que está acontecendo nos hospitais para emitir as CATs sobre as quais tem conhecimento, para orientar os gestores do hospital a mudarem processos de modo a reduzir acidentes e doenças, e para orientar os trabalhadores adequadamente sobre as situações em que eles têm direito de registrar essas ocorrências, ou seja, em todas as situações em que haja lesão ou sintomatologia de doença relacionada.
Arqiuvo pessoal/Facebook
O número passou de 125 para 98 auditores responsáveis por fiscalizar os locais de trabalho de todos os setores da economia
estão se aposentando. Há seis anos, Santa Catarina tinha 125 auditores. Hoje, são 98 auditores, sem contar os que vão se aposentar no ano que vem - e esses trabalhadores não estão sendo repostos. Diante desse quadro, é preciso priorizar setores com maiores índices e maior gravidade de acidentes, que hoje são as indústrias da madeira, metal mecânica e construção civil. FETESSESC - Como os sindicatos podem ajudar a suprir a ausência de fiscalização? Como as entidades têm condições de identificar as situações mais reais, ele pode pedir a fiscalização no MTE. É um ofício simples, descrevendo os problemas identificados na instituição. Conforme a gravidade do caso, a denúncia entra em uma fila ou é priorizada. O ofício pode ser entregue em qualquer uma das gerências da SRTE/SC (há unidades em Blumenau, Joinville, Criciúma, Lages e Chapecó) ou em qualquer outra unidade descentralizada em Santa Catarina, situadas nos municípios de Araranguá, Tubarão, Braço do Norte, São João Batista, Balneário Camboriú, Itajaí, Jaraguá do Sul, Rio do Sul, Mafra, Con-
Roberto Cláudio Lodetti, da SRTE/SC
FETESSESC - FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES EM ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DO ESTADO DE SANTA CATARINA Rua Feliciano Nunes Pires, 88, Centro - Florianópolis | cep 88015-220 | Telefone | Fax: 48 3222 8040 Diretoria Efetiva: Diretor Presidente - CLEBER RICARDO DA SILVA CÂNDIDO | Diretor Vice-Presidente - ADAIR VASSOLER | Diretora Secretária - MARIA SALETE CROSS | Diretora 1º Secretária - LEODÁLIA APARECIDA DE SOUZA | Diretor Tesoureiro - JOSÉ CARLOS DOS SANTOS | Diretor 1º Tesoureiro - JOÃO BATISTA MARTINS ESTEVAM | Diretora Patrimonial - ELENARA MARIA GARCIA MACIEL | Diretor de Negociação Coletiva e Assuntos Trabalhistas - JÂNIO SILVA | Diretora de Formação Sindical - TATIANE DE CASTRO | Diretora de Saúde do Trabalhador - SIMONI PAULINO FRANCISCO | Diretoria Suplente: Sandra Mari Pescador, Carlos Antônio Borges da Rosa, Dariana Agnes Baldo, Ivonete Henrique, José Caetano Rodrigues, Elaine Cristina Soster de Carli, Reginaldo K. Coelho e Fábio Ramos Nunes | Conselho Fiscal efetivo: Valdeni da Silva, Serli Euclides Ferreira e Edilene da Silva Ghedin | Conselho Fiscal suplente: Vilmair B. Weirich e José Galliani Filho | Delegados CNTS efetivos: Adair Vassoler e Carlos Antônio Borges da Rosa | Delegados CNTS suplentes: Leodália Aparecida de Souza e Cleber Ricardo da Silva Cândido O Jornal Fetessesc é uma publicação de distribuição gratuita. Tiragem: 5.000 exemplares Impressão: Gráfica Rio Sul | Jornalista responsável: CAMIILA RODRIGUES DA SILVA (MTb-SP 49.786)
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NEGOCIAÇÕES 2015
SITESSCH convoca trabalhadores para Caçador publica assembleias que acontecem de 4 a 13/02 calendário das
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Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Chapecó e Região (SITESSCH) convoca todos os trabalhadores em empresas e instituições de serviços da saúde, sindicalizados ou não, a participarem das assembleias gerais extraordinárias que serão realizadas nos municípios que integram sua base territorial. A assembleia geral se realizará em primeira e única convocação nos horários abaixo, e os pontos de pauta serão os seguintes: a) Apresentação discussão e aprovação das reivindicações referentes às condições de Trabalho e Salários, para a celebração ou não de Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho, instauração de Protesto Judicial e Dissídio Coletivo de Trabalho, visando à renovação da Norma Coletiva Vigente; b) Outorga de poderes à Diretoria para firmar Acordo ou Conven-
ção Coletiva de Trabalho e na hipótese de malogro das negociações, instaurar Protesto Judicial e Dissídio Coletivo; c) Deliberação sobre a conveniência do caráter permanente de assembleia Geral, enquanto perdurar a campanha salarial, permitindo que as futuras convocações sejam efetuadas mediante simples comunicado nos locais de trabalho, bem como conceder a prerrogativa exclusiva a Diretoria da Entidade Sindical Profissional, para convocar assembleia geral durante a campanha salarial. Nos mesmos dias e locais, 30 minutos após o fim das assembleias de aprovação de pauta, ficam igualmente convocados todos os trabalhadores da categoria profissional, associados ou não, a participarem da assembleia para discussão e aprovação do valor da contribuição assistencial a ser descontado dos salários dos trabalhadores, integrantes da categoria profissional e repassados ao sindicato profissional.
assembleias
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Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Serviços de Saúde Seguridade Social de Caçador e Região convoca todos os trabalhadores a participarem das assembleias que definem a pauta de reivindicações da negociação coletiva de 2015. Confira abaixo data e horário:
Conheça as bandeiras da 4ª Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador - Combater as tercerizações em todas as atividades produtivas nos setores público e privado, que levam ao aumento de doenças e acidentes relacionados ao trabalho; - Banir o uso de amianto; - Exigir a obrigatoriedade da criação das Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador em todos os municípios, estados e Distrito Federal; - Obrigar a aplicação de normas regulamentadoras do setor privado para o público; - Apoiar o PL das 40 horas, o PL das 30 horas e ao PL de iniciativa popular que garante 10% das receitas correntes brutas da União para a saúde.
DIREITOS TRABALHISTAS
Governo abre diálogo com Entenda novas regras para centrais sindicais sobre receber seguro-desemprego ataques aos direitos O As medidas provisórias (MPs) 664 e 665, que alteram as regras sobre pensão, auxílio-doença e seguro-desemprego, anunciadas pelo governo no fim do ano passado, não poderão ser revogadas, como reivindicam as centrais sindicais. O governo, porém, garantiu que o diálogo está aberto para negociar o conteúdo das normas. O assunto foi discutido em 19/01 por quatro ministros e seis representantes de centrais sindicais, reunidos em São Paulo. Após o encontro, os líderes sindicais reafirmaram a posição de pedir a revogação das MPs, alegando que as medidas retiram direitos dos trabalhadores. Diante da resistência na reunião, a alternativa encontrada pelas centrais foi incluir os trabalhadores na elaboração dos textos das MPs. “Se não vai revogar a medida, nós
queremos discutir o conteúdo, porque somos contrários à forma como estão apresentadas”, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas. “Então, é óbvio que se o governo aceita o processo de negociação, tem que estar aberto para fazer modificação nas medidas, atendendo às propostas que vamos fazer, porque senão fica sem eficácia essa reunião”, acrescentou. Freitas argumentou que o Brasil passou por um processo de diferenciação no mundo, que gerou crescimento no mercado interno, criou empregos, não usando a fórmula tradicional do Fundo Monetário Internacional. Ele discorda da “ideia de que acabou o espaço para fazer uma política de crescimento na oferta de crédito e para fortalecer o mercado interno”. | Fonte: Agência Brasil
Governo Federal publicou em edição extra do “Diário Oficial da União” de 30 de dezembro a MP 665/2014, que torna mais rigoroso o acesso ao seguro-desemprego. Atualmente, o trabalhador pode solicitar o seguro após trabalhar seis meses. Com as novas regras, ele terá que comprovar vínculo com o empregador por pelo menos 18 meses na primeira vez em que requerer o benefício. Na 2ª solicitação, o período de carência será de 12 meses. A partir do 3º pedido, a carência voltará a ser de seis meses.
Também haverá alteração no pagamento das parcelas. Na primeira solicitação, ele vai receber quatro parcelas se tiver trabalhado entre 18 e 23 meses e cinco parcelas se tiver trabalhado a partir de 24 meses. Na segunda solicitação, o trabalhador vai fazer jus a quatro parcelas se ele tiver trabalhado entre 12 e 23 meses e cinco parcelas a partir de 24 meses. Na terceira, nada muda. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgou a tabela do seguro-desemprego que vigora a partir de 11 de janeiro. Confira abaixo:
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JORNAL FETESSESC | Janeiro de 2015
A Fetessesc está com uma série especial sobre saúde do trabalhador da saúde chamada “Minha dor e o trabalho”, com depoimentos de trabalhadores de todos os setores de clínicas e hospitais que sofreram com doenças relacionadas às tarefas do dia a dia em sua prática profissional Abaixo, compartilhamos alguns relatos que estão relacionados à doenças ortomusculares, depressão e todas as outras enfermidades que decorrem do acúmulo de tarefas, da ausência de equipamento de proteção individual (EPIs) e do assédio moral e sexual que está presente em muitos ambientes de trabalho Se você é trabalhador da saúde e quiser enviar seu relato anonimamente, envie-o para imprensa@fetessesc.com.br. Se preferir contar sua história por telefone (também com a opção de manter o anonimato), ligue para Federação às terças e quartas, das 9h às 13h, ou envie seu número de telefone para o e-mail
Técnica tem depressão após ataque de paciente na ala da psiquiatria
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técnica de enfermagem Laura* tem 41 anos e trabalhou durante 16 na saúde. Foi para a ala de psiquiatria do hospital em 2007 , quando foi atacada por um paciente com psicopatia. Abaixo, o relato de uma vida transtornada pela falta de treinamento e pelo descaso com a segurança no ambiente de trabalho:
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Desde as agressões do paciente, tenho depressão e ansiedade, e desenvolvi a Síndrome do Pânico. Estou em tratamento. Também tive lesões na cervical e na lombar – já tinha duas hérnias de disco porque levantava muito peso. Mas por conta do trauma, só consigo fazer a fisioterapia de costas para o médico. O choque das pancadas no lado esquerdo fez com que eu tivesse que operar o rim. Tudo começou há cinco anos quando a chefe de pediatria disse: “A partir de amanhã, você vai trabalhar na área da psiquiatria, no período da tarde”. Ela não pediu, simplesmente
mandou. Para piorar, eu não tinha nenhum treinamento: aprendi a conter paciente na hora de fazer mesmo. As outras colegas (duas funcionárias em cada um dos três períodos) também não eram capacitadas para lidar com esse tipo de paciente.
TRABALHO NA PSIQUIATRIA
Havia 20 pacientes na ala. A gente fazia de tudo: dava banho, cortava barba e cabelo, fazia atividade física com eles, dava comida na boca -- com talheres de plástico, porque tudo pode virar arma. Enquanto uma cuidava do postinho, onde ficavam objetos dos pacientes, medicamentos e outros materiais de trabalho, a outra tinha revistava os parentes durante a visita. Quando havia internação, a responsabilidade de revistar os pacientes também era das técnicas de enfermagem, e sem nenhuma proteção: quando ocorriam casos de violência, a polícia demorava a chegar. Mesmo com o alto nível de medo e stress, a empresa não oferecia nenhum atendimento psicológico aos funcionários.
Administrativo em jornada 12×36 desenvolve alergia
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auxiliar administrativo Joice* tem 43 anos e trabalhou por quatro anos na saúde. O assédio moral e o acúmulo de funções no hospital onde trabalhava fez com que ela tivesse manchas vermelhas no rosto, e foi necessário quase três meses para ter o diagnóstico correto. Leia o relato:
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Eu trabalhava como auxiliar administrativo do hospital há quatro anos, das 13h às 19h durante a semana e das 7h às 19h nos finais de semana [jornada 12x36]. Meu serviço era fazer relatórios administrativos e financeiros do único hospital da cidade. Durante a semana, eu fazia os relatórios e os balanços contábeis da área de raio X e de oito especialidades médicas, que atendiam em três consultórios. Tudo era feito no Excel. No fim de semana, nós ficávamos em apenas duas auxiliares, então tínhamos que
atender também a emergência e a farmácia. Ou seja, além do meu trabalho de sempre, eu tinha que fazer o relatório de cada um dos pacientes do SUS no fim de semana que, durante o meu horário, chegava a 70 pacientes. Meus problemas começaram a surgir no final de 2013, quando cobri férias de um colega. O hospital não contrata pessoas para isso, então tive que mudar de horário: começava às 18h e terminava à meia-noite. Era muito trabalho e acabava levando relatório para terminar em casa. Em vez de trabalhar seis horas por dia, estava trabalhando dez! Foi então que começou o meu problema de pele, com uma mancha pequena perto do nariz. Primeiro, fui no dermatologista, que pediu exames e biopsia da mancha.
Leia a história completa no site: http://bit.ly/1D2Mzkv
AGRESSÃO
Era domingo de manhã quando cheguei ao trabalho. Uma paciente veio me avisar que ele estava comendo cigarros. Uma colega mandou os pacientes para a área externa da ala, onde podiam fumar (os médicos dizem que reduz a ansiedade). Foi a sorte… Anacleto* é psicopata e foi internado após surtar dentro de um ônibus e agredir o motorista durante uma viagem interestadual para visitar os pais. Já no hospital, ele arrancou o aparelho dos dentes de um dos guardas e agrediu outros pacientes. Naquele dia, ele me abordou por trás, pegou no meu pescoço… Quando desmaiei no chão, duas ou três moças que estavam internadas com depressão tentaram me levantar. Fui atendida no posto de saúde do próprio hospital. Mesmo assim, depois do incidente, o hospital não fez a CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) nem reconheceu o acidente de trabalho. A assistência médica teve que ser garantida judicialmente para que
eu pudesse fazer os exames e comprar os medicamentos que não são fornecidos pelo SUS.
VIDA APÓS TRAUMA
Senti que fui abandonada pela empresa e pelos colegas. Passava dias chorando e, depois de muitas brigas, separei-me de meu marido. Faz um ano que eu também perdi meu filho, porque eu sou uma mãe que só chora… Foram tempos de eu me trancar semanas num quarto. Eu só queria morrer. Hoje, faço terapia mensal, vou à psicóloga a cada 15 dias e tenho acompanhamento da psiquiatra.Eu tomo 25 mg de Pondera de manhã, 200 mg de Sertralina à tarde, 2 Pamelor de 50 mg e 1 Lorazepam de 2 mg à noite, quando minha ansiedade aumenta. O remédio muitas vezes não funciona e eu demoro para dormir. Eu era uma pessoa tão diferente: dava risada, tinha vontade de estudar psicologia. Mas esse sonho morreu. Perdi o amor próprio, tive vontade de me matar. Salvei tantas vidas ao longo desses anos, e agora estou lutando muito para salvar a minha.
Sobrecarga leva funcionária do almoxarifado a ter LER-DORT
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oana* trabalhou por 23 anos como auxiliar administrativo em um hospital da região do meio-oeste de Santa Catarina. Dezoito deles foram na farmácia/almoxarifado, onde acumulava as funções de entregar os produtos e dar baixa no estoque, atendendo todos os 16 setores daquele estabelecimento de saúde. A consequência ela sente aos 52 anos de idade: fraqueza nas mãos e braços e um afastamento profissional precoce, que já dura três anos. Ao longo de mais duas décadas de trabalho, ela tinha uma jornada de seis horas por dia, e um plantão de 12 horas aos finais de semana. Joana trabalhava à tarde, e contou que, por cerca de oito anos, o controle do estoque da farmácia era feito à mão, em um caderno da farmácia. “A informatização do sistema chegou há dez anos”. Tempos depois, a direção do hospital decidiu unificar o almoxarifado, onde os profissionais retiravam
material para cirurgia, limpeza, papelaria, etc., e a farmácia. Ou seja, se antes ela deveria apenas entregar medicamentos e controlar esse estoque, após essa mudança o serviço dobrava. A quantidade de funcionários para a área, entretanto, continuou a mesma: dois auxiliares no período da manhã, um no período da tarde e um no período da noite.
ROTINA
“A quarta-feira era o pior dia. Eu chegava às 13h, vinha uma caixa de mercado de cada setor com a demanda para uma semana. Eu tinha que atender todas as áreas. Ela carregava a caixa cheia de material do fundo da farmácia até o balcão. “Um dia, minhas costas travaram de um jeito que eu tive que sair do almoxarifado na maca do SAMU”, relembra.
Leia a história completa no site: http://bit.ly/1tkremG *Todos os nomes são fictícios.