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Investigadores da FEUP rumo aos EUA
É a oportunidade de uma vida: três investigadores da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) foram distinguidos com Bolsas Fulbright que lhes garantem acesso a universidades e centros de investigação nos Estados Unidos da América. E a possibilidades de colaboração com equipas de topo nas suas áreas de investigação.
Entre catalisadores inovadores capazes de acelerar a degradação de poluentes no tratamento de águas, até ao desenvolvimento de tecnologia catalítica isenta de metais nobres que possam ser usados na produção de hidrogénio verde a baixo custo, passando pela aplicação de inteligência artificial na gestão de dados clínicos que possam apoiar à decisão médica, há uma certeza: os três investigadores da Faculdade de Engenharia da U.Porto (FEUP) distinguidos com Bolsas Fulbright estão entusiasmados com o futuro. Ou não fosse esse um dos motivos pelos quais se dedicam à investigação científica, acreditar que cada passo poderá ser uma contribuição para algo maior, capaz de mudar a vida das pessoas.
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Ana Sofia Gorito dos Santos é estudante de doutoramento em Engenharia Química e Biológica na FEUP. O seu trabalho de investigação, que decorre no Laboratório de Processos de Separação e Reação (LSRE) - Laboratório de Catálise e Materiais (LCM), centra-se no desenvolvimento de uma tecnologia catalítica inovadora para a eliminação simultânea de poluentes orgânicos e inorgânicos presentes na água. A atribuição da Bolsa Fulbright vai permitir aprofundar conhecimentos na Universidade do Texas, em Austin (EUA), por um período de seis meses, como investigadora visitante.
“Um catalisador tem como função promover e conduzir uma reação específica de forma a obter os produtos de reação desejados com a minimização dos subprodutos indesejados. No caso específico da aplicação de catalisadores no tratamento de águas procuramos que estes acelerem a degradação de poluentes que possam estar presentes ou convertam estas espécies indesejáveis em compostos ambientalmente mais compatíveis”, explica a investigadora.
De partida para o City College of New York está Rui Ribeiro, investigador pós-doc também no LSRE-LCM da FEUP, onde se dedica ao desenvolvimento de materiais à base de carbono para aplicações ambientais e conversão de energia eletroquímica. Os seis meses em Nova Iorque, com a equipa de investigação liderada pela professora Teresa Bandosz, vão dar-lhe a oportunidade de desenvolver catalisadores com materiais sustentáveis à base de carbono com propriedades melhoradas para duas reações eletroquímicas que estão atualmente a dificultar a implementação de células de combustível regenerativas unitizadas. Isso permitirá aumentar a viabilidade da utilização generalizada do hidrogénio como vetor energético, contribuindo para a transição energética e a descarbonização.
“A médio-longo prazo, esta tecnologia poderá fazer de Portugal um País exportador de energia elétrica – com todas as vantagens económicas adjacentes - e a população poderá usufruir da melhoria da qualidade do ar inerente à menor utilização de combustíveis fósseis”, reconhece Rui Ribeiro.
Entusiasmado com esta viagem, o investigador da FEUP atribui-lhe grande importância quer no plano profissional, como pessoal realçando “a oportunidade de viver e ser um embaixador da cultura portuguesa na vibrante e cosmopolita cidade conhecida como capital (multicultural) do Mundo”.
Recorde-se que as Bolsas Fulbright para Investigação com o apoio da FCT destinam-se a bolseiros(as) de doutoramento diretamente financiados pela FCT que tenham previsto ou venham a prever, no âmbito do seu plano de formação, a realização de um período de investigação numa universidade ou centro de investigação norte-americano.
“I WANT YOU TO BE A SPONGE HERE”
João Matos também integra esta pool de bolseiros Fulbright para 2022/2023. É estudante de mestrado em Engenharia Biomédica na FEUP e vai desenvolver a sua tese de mestrado no Laboratório de Fisiologia Computacional, no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
“Ser premiado com esta bolsa abriu portas para a realização de um sonho. Viver no campus do MIT e trabalhar com alguns dos melhores investigadores na área significa viver imerso num ambiente de networking e aprendizagem altamente dinâmico.
Com consciência disso mesmo, sigo, todos os dias, o conselho que o Leo Anthony Celi, meu orientador, me deu: I want you to be a sponge here”, admite João Matos. “Estou extremamente motivado para aprender tanto quanto possível, tirar o máximo partido desta oportunidade e criar contactos para alavancar futuros projetos”.
Durante este ano letivo no MIT, o estudante de engenharia biomédica vai dedicar-se ao desenvolvimento, modularidade e automatização das bases de dados de Informação médica disponíveis ao público em Cuidados Intensivos, “o que é da maior relevância no contexto da investigação reprodutível, diminuindo as barreiras ao acesso aos dados de saúde globais”, atesta. Impulsionado pela vontade de ter um impacto na saúde e qualidade de vida das pessoas, João Matos quer reunir a inteligência artificial e os dados clínicos, alimentando uma revolução universal de apoio à decisão médica.
Algures nesta estadia por terras de tio Sam, confessou-nos que quer ter tempo para poder dedicar-se ainda ao desenvolvimento de algoritmos de reinforcement learning para modelar os níveis de glicose em pacientes que receberam infusão de insulina na unidade de cuidados intensivos.
Esta não será a estreia de João Matos em missões internacionais. Participou no programa ERASMUS+ na Bélgica e viveu meio ano no Japão ao abrigo do programa Vulcanus, e sente-se “extremamente grato por agora ter uma experiência de intercâmbio nos Estados Unidos, com a perspetiva de concluir o mestrado com uma visão alargada – muito minha –de algumas das culturas mais distintas do mundo”.
A participação de João Matos no programa de Bolsas Fulbright insere-se numa modalidade apoiada pela FLAD - Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, destinada a estudantes de mestrado em universidades portuguesas que queiram realizar um período de investigação numa universidade ou centro de investigação norte-americano.