Fer nando Gimenez
Agradecendo os encontros que cada amigo me deu, lembro de Cleufe que nesse ano partiu.
Poesia é silaba é métrica Sempre verso talvez rima Inverso proseio sem rima poeto. (Inspirado em Affonso Romano de Sant’Anna)
Entardecendo, no tear do destino vivo tecendo.
Necessidade: escolha ou destino nessa idade?
Ensimesmado pensava em si, em mi(m) enmimesmado.
Na multid達o, vendo se multiplicar tanta solid達o.
De muitas partes, tentei me fazer uno. N達o tive artes!
Para uns, sou um. Para outros, outro sou. Pra vocĂŞ, mais um?
Com sol poente, no bosque decadente, perdi s達 mente.
Me dรก um beijo, sorrindo vai embora, quedo saudejo.
Por ti vicio te querendo mesmo sem estar no cio.
Como dor fosse meu gemido implora por sua posse.
M達os explorantes sobre corpos tateiam, s達o mendigantes.
Quando em versos se finge um escriba? VocĂŞ vai saber?
Vem sem demora, tempo esquecido que sonho transforma.
Doce chuvisco da terra traz cheiro d'algum hibisco.
Vi realejo, carrosel colorido, sonho benfazejo.
Falo ereto, mas vocĂŞ nĂŁo me ouve. Sofro concreto!
Acres odores que sabem a desejo de meus amores.
Foi no passado vir a ser no presente algo pensado?
Fado, destino? Escolha de caminho? Sorte ou tino?
N達o sei se busquei, ou acaso que trouxe, enfim encontrei.
Um escafandro ajuda o professor falar profundo?
Discurso fraco em tinta fosforescente fica brilhante?
Sonha com ela, acorda meio suado, abre janela.
Nossa que susto! Disse ao ver, da mulher, cair o busto.
Com tanta graรงa, sorrindo a velhota a dor esgota.
Vou me tornando um escriba tardio. Em versos vicio.
Lembrei de meu pai, com filhos no j贸quei da alma n茫o sai.
Garรงa branquela no topo da รกrvore barco a vela.
Sei o que não quero mas será que desejo algo que não seio. (após ler Décio Pignatari)
Ao acordar, virar para o lado, na pele relar.
Indo a esmo, minha imaginação comigo mesmo.
Imaginação de poeta, saudade do futuro tem.
Surge a lua para, no horizonte, render sol poente.
Se for com café espere um pouco que vai ter cafuné.
Busca mem贸rias, tantas vidas em fila, cacos da hist贸ria.
Sombra de peixe na lâmina de água. Gato espreita.
LĂrio cheiroso, em meio a rosas, espirro gostoso.
Lâmina d´água translúcida reflete da moça anágua.
Desรงo do tubo, caminho entre risos feliz ao cubo.
No entardecer, atravĂŠs do pinheiral, tremeluz o sol.
Londrina me traz no calçadão, à toa, um pouco de paz.
Vadinho bole na dona da moqueca de siri mole. (Lembrando Dona Flor)
Pingo a pingo cai chuva grossa ao fim do domingo.
Rascunhando a vida, no improviso sigo sonhando.
Menina sapeca brinca no jardim t達o levada da breca.
Vai de flor em flor borboleta atrรกs do safo beija-flor.
As filhas se vão, mas presentes ficam em meu coração.
Somo pureza unidade e verdade, surge beleza. (Ap贸s ler Appolinaire)
Nas andorinhas de tua pele vejo s贸 belezas minhas. (para Sara)
Um cão andaluz vagando perdido na Estação da Luz.
Jab do coração à lona logo leva a prática razão.
Fique na espreita! No mundo acadĂŞmico, mente estreita?
Filhas? Só duas. Por elas, meu coração enfrenta as puas.
Mulheres? Uma por vez! Por elas, meu coração sempre se desfez!
Em versos livres, com rimas diversas, minha alma encanto.
Juntando versos escritos ao longo dos anos recentes, marco meus 57, idade em que se firma a busca de outros rumos.
Curitiba Maio de 2014 Fernando Gimenez