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S UMÁRI O 05 Painel digital 06 diretoria 07 editorial 08 charge 09 entrevista 12 Fala, indústria 54 dicas 56 radar industrial 61 quanto você pagou? 62 artigo capa
24 RETOMADA DO CRESCIMENTO Apesar da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), MS registra bons índices econômicos, mas momento ainda é delicado e exige cuidado
14 inovação ISI Biomassa desenvolve projeto para produção de sanitizante a partir de bioóleo da macaúba
18 reforma tributária Pacote propõe simplificar cobrança de impostos
50 sesi Sesi elabora protocolos de biossegurança e auxilia reabertura do turismo em Bonito
58 obras Fiems entrega modernização do Senai de Sidrolândia e bibliotecas do Sesi em Corguinho e Rochedo
38 senai Senai realiza reparos em respiradores hospitalares durante pandemia
46 iel PQF do IEL finalizou auditoria remota de 43 empresas fornecedoras, entre os meses de junho e julho
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PAINEL DIGITAL
SISTEMA FIEMS NA REDE Fique por dentro dos nossos destaques nas redes sociais
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Senai homenageia voluntários que trabalharam na manutenção de respiradores
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O Brasil enfrentará um desafio grande após o final da quarentena: a recuperação financeira da crise gerada pela pandemia. Por que não começar pelos estagiários?
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D I RET ORI A
S IS TE MA F I E M S Diretor Executivo: Anatole Verlaine Etges Superintendente do Sesi/MS: Bergson Henrique S. Amarilla Diretor Regional do Senai/MS: Rodolpho Caesar Mangialardo Superintendente do I EL/MS: José Fernando Gomes do Amaral
Presidente: Sérgio Marcolino Longen 1ª Vice-pres.: Claudia Pinedo Zottos Volpini 2º Vice-pres.: Alonso Resende do Nascimento 3º Vice-pres.: José Francisco Veloso Ribeiro 1º Vice-Pres Regional: Luiz Claudio Sabedotti Fornari 2º Vice-Pres Regional: Roberto José Faé 3º Vice-Pres Regional: Romildo Carvalho Cunha 4º Vice-Pres Regional: Francisco Giobbi 5º Vice-Pres Regional: Lourival Vieira Costa 6º Vice-Pres Regional: Gilson Kleber Lomba 1º Secretário: Silvana Gasparini Pereira 2º Secretário: Antônio Carlos Nabuco Caldas 3º Secretário: Zigomar Burille 1º Tesoureiro: Altair da Graça Cruz 2º Tesoureiro: Edis Gomes da Silva 3º Tesoureiro: Nilvo Della Senta Diretores: João Batista de Camargo Filho Antônio Breschigliari Filho Julião Flaves Gaúna Marcelo Alves Barbosa Alfredo Fernandes Marcelo De Carli Ferreira Cláudio George Mendonça Marismar Soares Santana Regis Luís Comarella Walter Ferreira Cruz Walter Gargione Adames Vagner Rici Silvio Roberto Padovani Omildson Regis Guimarães José Eduardo Maksoud Rahe
Revista da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul Diretor de Comunicação: Robson Del Casale (DRT/MS 064) Chefe de Redação: Daniel Pedra (DRT/MS 088) Jornalistas: Flávia Melo (MTB/MS 1032) Zana Zaidan (MTE/MS 1255) Fotos: Dicom/Fiems Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.206 - 2º Andar Bairro Amambaí - Campo Grande/MS - 79.005-901 E-mail: dicom@sfiems.com.br Site: www.fiems.com.br Fone: (67) 3389-9017 As opiniões contidas em artigos assinados são de total responsabilidade de seus autores, não refletindo, necessariamente, o posicionamento do Sistema Fiems Revista Mensal - 10 mil exemplares
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Conselho Fiscal: Efetivos: Milene de Oliveira Nantes Ivo Cescon Scarcelli Lenise de Arruda Viegas Suplentes: Egon Hamester Edson Luiz Germano de Souza Irma Tinoco Atagiba Asseff Delegados Suplente junto à CNI: Efetivos: Sérgio Marcolino Longen Claudia Pinedo Zottos Volpini Suplentes: Roberto José Faé José Francisco Veloso Ribeiro
ED ITOR I A L
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A ASCENSÃO
assados seis meses desde o início da restrição social e proibição de grandes aglomerações de pessoas provocadas pelo novo coronavírus (Covid-19), a economia de Mato Grosso do Sul, em especial o setor industrial, começa a dar os primeiros sinais de retomada e já caminha para uma ascensão, voltando ao cenário pré-pandemia mundial. Nesse período, o Sistema Fiems tem avaliado os números e tentado construir ações que tragam algum tipo de apoio para as empresas estaduais se recuperarem. Os meses de abril e maio foram muito difíceis, muito ruins e, nessa avaliação, chegamos a conta de que algo teria que ser feito. Após as ações que foram construídas nas áreas de biossegurança, ou de apoio técnico financeiro, e na qualificação de trabalhadores de alguns setores que necessitavam de cuidados especiais, nós começamos a reavaliar os números novamente e vimos que alguns setores têm retomado o desempenho, evoluindo satisfatoriamente. Precisamos construir algo mais sólido para manter essa evolução e avaliar os que não têm melhorado e o porquê. Esse é o grande desafio no momento e é isso que temos feito. Na minha avaliação, temos uma recessão no Brasil, agropecuária e a agroindústria estão bem, mas o cenário é ainda preocupante, pois 2020 é um ano preocupante mesmo para os setores que têm avançado positivamente, e precisamos de cuidados muito especiais para entender como esses setores vêm se comportando. Temos um dólar fora de controle, beirando os R$ 5,50, falta de matéria-prima em muitos setores da economia, empresas promovendo grandes mudanças para se adequarem aos protocolos de biossegurança, muitas demitiram e acabaram não conseguindo contratar na mesma velocidade, tendo que preparar esses trabalhadores novamente. É uma nova fase que o Brasil vive, a retomada é isso, analisar os setores que estão evoluindo satisfato-
riamente, analisar os que não estão e tentar entender o porquê, seja no mercado nacional, seja no internacional. Então temos aí um cenário de muita cautela e muita avaliação e análise. O empresário está receoso, quem tem recursos, está investindo, quem não tem, não está. No segmento da construção civil, por exemplo, uma cena muito comum hoje é não ter tijolo, a indústria ceramista, que faz parte do Sistema Fiems, está com pedidos encarteirados até dezembro e o porquê disso? Com juros baixos, Selic de 2%, exatamente por que isso está acontecendo? Vimos a bolsa com um cenário muito positivo, então o que está acontecendo com o mercado? Precisamos então de uma análise completa, economistas, tributaristas, avaliação de mercado interno e externo. A retomada, com certeza, passa pela discussão da Reforma Tributária e o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, declara que os setores que foram beneficiados com a desoneração da folha de pagamento, que de certa forma o presidente da República Jair Bolsonaro vetou, têm de continuar sendo tributados para só depois discutir isso na Reforma. Na nossa avaliação, isso está equivocado, pois são setores que estão empregando bem. O estímulo à geração de emprego tem que ser uma constante na nossa economia, para que possamos continuar com a retomada. O pior, aparentemente, já passou e o caminho está mais claro. Estamos saindo dessa crise mais fortalecidos e prontos para alçar voos mais altos.
SÉRGIO LONGEN Presidente do Sistema Fiems
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ENTREVISTA
EDUARDO RIEDEL SECRETÁRIO DE ESTADO DE GESTÃO ESTRATÉGICA “Equilibrar a manutenção das atividades econômicas com as medidas preventivas de propagação do contágio tem sido o grande desafio”
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ecretário de Estado de Gestão Estratégica, Eduardo Corrêa Riedel, é graduado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Zootecnia
pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e especialista nas áreas de Gestão Empresarial, pela Fundação Getúlio Vargas, e Gestão Estratégica para Dirigentes Empresariais, pelo Instituto Francês MS INDUSTRIAL | 2020 • 9
INSEAD, de Fontainebleau. Em entrevista exclusiva à MS Industrial, ele fala sobre os impactos da pandemia do coronavírus na economia do Estado, as ações adotadas para reduzir a crise econômica, como o Programa Prosseguir, e a importância da organização do setor industrial para ajudar no combate à Covid-19. Como o governo estadual tem trabalhado para diminuir os impactos da pandemia do coronavírus na economia? Equilibrar a manutenção das atividades econômicas com as medidas preventivas de propagação do contágio tem sido o grande desafio do nosso governo. Por esse motivo lançamos, em julho, o Programa PROSSEGUIR, com parâmetros objetivos baseados em critérios técnico-científicos, para nortear os gestores públicos na tomada de decisões. Nosso intuito é justamente conter a evolução da pandemia, com adoção de medidas no tempo certo, para que as atividades econômicas não sofram medidas muito restritivas mais para frente. Temos a exata dimensão de que a pandemia é socioeconômica. Ao mesmo tempo em que tomamos medidas relativas à prevenção e estruturação do nosso sistema de saúde, estamos cientes no impacto econômico que os empregos que estão deixando de existir causam em nosso estado. Nestas horas muitos perguntam: uma coisa se opõe à outra? A resposta é não, trata-se de uma crise só. E neste sentido o poder público precisou encontrar as medidas adequadas e justas, ou mais justas possíveis, sem deixar que as pressões de interesses específicos interferissem nisso. Em situações como esta, cada um olha um pedaço da história, mas nós, como governo, tivemos que olhar ‘o 10 •
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livro inteiro’. De março a julho houve redução na arrecadação do Estado? Como o governo está lidando com essa questão? Se compararmos com o segundo trimestre do ano passado, nossa arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) apresentou uma redução de 3% (R$ 63,433 milhões). Tivemos a segunda menor queda do país, só perdendo para Mato Grosso. Nossa maior perda foi regis-
trada no mês de abril (de R$ 265 milhões), com recuperação gradual nos meses seguintes. Esse fôlego tem sido fundamental para continuarmos a honrar nossos compromissos, incluindo o pagamento dos 79 mil servidores estaduais que injetam mensalmente cerca de R$ 396,5 milhões na economia. O momento requer muita cautela e controle, motivo pelos quais também estamos fazendo nosso dever de casa. Para isso instituímos um Plano de Contingenciamento de Gastos (decreto nº 15.414), para suspensão de
“Ao mesmo tempo em que tomamos medidas relativas à prevenção e estruturação do nosso sistema de saúde, estamos cientes do impacto econômico que os empregos que estão deixando de existir causam em nosso Estado.”
- EDUARDO RIEDEL Secretário de Estado de Gestão Estratégica
alguns contratos e diárias, entre outras despesas, com estimativa de economizar cerca de R$ 30 milhões por mês. O Programa Prosseguir foi uma das medidas apresentadas para manter as atividades econômicas sem comprometer a saúde. Já é possível sentir os resultados do programa? Sim. Se compararmos o resultado da terceira com a segunda classificação, 31 municípios melhoraram seu grau de risco, 41 mantiveram e apenas sete pioraram. E se tivemos municípios que melhoraram, foi porque enxergaram no nosso Programa de Saúde e Segurança na Economia (Prosseguir) alguns indicadores que precisavam ser trabalhados, e esse era o nosso objetivo. Agora uma consideração importante é que não se trata de sugerir ou não lockdown. A discussão é muito mais ampla do que isso. Até mesmo porque na faixa de risco mais extrema, de bandeira preta, o programa prevê o funcionamento de 57 atividades tidas como essenciais. E a grande vantagem deste programa, que segue a metodologia preconizada pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), é justamente fornecer critérios técnico-científicos para subsidiar a tomada de decisões frente às variações periódicas, uma vez que o monitoramento é permanente. Qual o maior desafio com relação à conscientização da população sobre a importância do isolamento e do distanciamento social, para evitar o contágio do coronavírus? Toda situação que requer consciência coletiva é complexa.
Nem todo mundo está disposto a ceder, abrir mão de um hábito ou comportamento em prol do bem coletivo. E essa pandemia deixou muito evidente essa necessidade de cada um fazer a sua parte pelo bem comum. Se não tivermos bom senso, e não tomarmos as medidas preventivas para controle, especialmente no que diz respeito às aglomerações, colheremos os frutos amargos desta atitude, com a demora na contenção da pandemia. Em Mato Grosso do Sul, o setor industrial realizou diversas ações e doou insumos e equipamentos para ajudar no combate ao Covid-19. Como avalia essa organização e qual a importância dessas iniciativas? A indústria de Mato Grosso do Sul, mais uma vez, se mostrou parceira do governo, respondendo com agilidade, eficiência e forte senso de solidariedade. Por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), levantamos as necessidades dos municípios e da Secretaria Estadual de Saúde, criando uma grande rede de solidariedade com os principais setores econômicos do Estado. Inicialmente, atendemos com mais de 300 mil litros de álcool 70 e, na sequência, seguimos com alimentos, Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) e testes rápidos, entre outros itens. Recebemos doações da Biosul, Bamboa, Refriko, Suzano, Eldorado Brasil, Famasul, Sindicato Rural de Campo Grande, FIEMS, Senai, Sesi, Fecomércio, Sesc, Energisa, Cortex, Paper Excellence, IFMS, UFMS, Fundação Banco do Brasil e Associação dos Produtores Orgânicos de MS, entre outras instituições.
“Toda situação que requer consciência coletiva é complexa. Nem todo mundo está disposto a ceder, abrir mão de um hábito ou comportamento em prol do bem coletivo”
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FALA, INDÚSTRIA
Ter um prédio mais amplo e moderno, com a estrutura praticamente triplicada, vai propiciar uma mão de obra melhor qualificada, gerar mais oportunidades de empregos e, principalmente, aprimorar a produção das nossas indústrias” MA R CE L O Á S COLI prefeito de Sidrolândia, durante entrega da reforma da unidade do Senai
Um novo mundo exige novas competências. O desafio é reinventar maneiras de ser e fazer, trazendo a discussão de novos comportamentos, desempenhos, atitudes e reforçar competências” R O S Â N G E L A RA M OS coordenadora da área de Desenvolvimento de Carreiras do IEL/MS
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A ampliação das vendas dos produtos fabricados no Estado movimenta supermercados e atacadistas, elevando, consequentemente, a produção industrial. Assim, podemos ampliar a capacidade de geração de empregos e ajudar a manter os empregos já existentes” J A I M E V E R R UCK secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar Sobre a importância da campanha “Compre do MS”
“O Sesi está oferecendo suporte às empresas desde o início da pandemia, por meio das consultorias em biossegurança, para que possam continuar funcionando, assegurando saúde do trabalhador e preservando empregos” ” MI CHEL KLAI ME FI L HO gerente de SST do Sesi
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I N O VA Ç Ã O
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LIMPEZA
Sustentável ISI Biomassa desenvolve projeto para produção de sanitizante a partir de bio-óleo da macaúba
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pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19) fez com que aumentasse a demanda por produtos de higiene, especialmente por aqueles denominados sanitizantes, que têm ação antibactericida e antifúngica. Atento a essa realidade, o ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), localizado em Três Lagoas (MS), está desenvolvendo um projeto para produção de um biossanitizante a partir do bio-óleo da macaúba, que poderá ser utilizado para esterilização de áreas comuns, como calçadas, bancos e veículos de transporte público.
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Segundo a diretora do ISI Biomassa, Carolina Andrade, o projeto é desenvolvido em parceria com a empresa Soleá e com apoio da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial). “Ele enquadra-se na chamada de projetos de inovação fomentados pela Embrapii em parceria com o Departamento Nacional do Senai. Essa parceria vai nos possibilitar desenvolver um biossanitizante cuja origem será de resíduos do processamento de macaúba. Com isso, vamos conseguir chegar a um novo biossanitizante com uma nova formulação de custo mais baixo, e vai nos possibilitar ganhar em
escala”, afirmou. O pesquisador do ISI Biomassa, Hélio Merá de Assis, explica que o bio-óleo será obtido pelo processo de pirólise rápida, um processo de degradação de material por aquecimento, de resíduos do beneficiamento da macaúba. “O biossanitizante que será produzido é uma alternativa sustentável para produtos químicos não renováveis e nocivos ao meio ambiente. Esse novo produto possui características eco-friendly e usa como matéria-prima uma biomassa de baixo custo”, ressaltou. Na avaliação do responsável pela área de desenvolvimento, tecnologia e novos negócios da Soleá, Luis Eduardo Ravaglia, o momento que o mundo vive é extremamente delicado, mas também pode ser visto como uma oportunidade de gerar mais inovação. “Acredito que o desenvolvimento desse novo produto poderá nos ajudar ainda num problema futuro. Vejo a biomassa com um potencial enorme, e o Brasil precisa ser pioneiro nessa área. Nosso objetivo com esse projeto, depois de concluído, é ampliar nosso portfólio, que é todo voltado para o beneficiamento da macaúba, e ter mais opções de produtos para o mercado”, concluiu.
MINISTRO MARCOS PONTES DESTACA PROJETO EM REDES SOCIAIS O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, astronauta Marcos Pontes, destacou, em sua conta na rede social Instagram, o projeto desenvolvido pelo ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), de Três Lagoas (MS), para a produção de um sanitizante com ação antibactericida e antifúngica a partir do bio-óleo da macaúba, tipo de palmeira nativa brasileira, com alto teor de óleo. Desenvolvido em parceria com a empresa Soleá e com apoio da Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), o projeto foi lembrando pelo ministro, que postou uma foto de um informativo produzido
pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, que traz a reportagem sobre o projeto do ISI Biomassa. Na avaliação do diretorregional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo, o reconhecimento é motivo de orgulho para a instituição. “Esse projeto de biossanitizante é mais uma solução em que o Senai de Mato Grosso do Sul vem trabalhando como alternativa nesse momento de pandemia que estamos vivendo. Receber esse reconhecimento só nos motiva a continuar trabalhando ainda mais em busca de soluções inovadoras que beneficiem a indústria e a sociedade”, afirmou.
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GERAL
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Pacote que propõe mudanças no sistema tributário brasileiro corrige distorções e simplifica cobrança de impostos
PARA A INDÚSTRIA
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PARA OS ESTADOS MS INDUSTRIAL | 2020 • 19
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mperrada desde 2003, o início da tramitação da reforma tributária no Congresso Nacional, por si só, é considerado uma vitória. Mas a forma como o pacote de projetos está sendo analisada também é uma conquista importante para o setor produtivo e para a sociedade como um todo: governadores, e o próprio setor empresarial, estão participando ativamente das discussões sobre as mudanças propostas, e ganham fôlego para lutar contra eventuais perdas ocasionadas pelas mudanças. “É um sinal muito positivo a maneira como o Congresso e o governo federal estão conduzindo essa discussão. Os projetos que estão tramitando são, em linhas gerais, muito benéficos tanto para a indústria, quanto para a sociedade em geral. Sabemos que eles ainda podem passar por grandes alterações, isso faz parte do processo democrático, mas tudo indica que estados e o próprio setor empresarial terão voz ativa”, comemora o presidente da Fiems, Sérgio Longen.
OS PRINCIPAIS PONTOS ABORDADOS EM CADA PROJETO:
PEC 110/2019 SENADO
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ICMS - Prevê a unificação das regras do ICMS, com as mesmas cinco alíquotas para todo o país: 7%, 12%, 15%, 18%, 21% e 25%. Atualmente, existem 44 diferentes alíquotas para o imposto - Não foi estabelecido ainda sobre quais produtos incidirá cada alíquota, porque essa definição caberá ao Senado (Casa representativa dos estados) e aos próprios estados. É certo, no entanto, que os produtos da cesta básica serão tributados pela menor alíquota.
RESTRICAO PARA A CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS FISCAIS PELOS GOVERNOS ESTADUAIS:
A ideia é reduzir e restringir a concessão de benefícios fiscais pelos governos estaduais. Está em discussão a criação de um fundo de compensação, no qual estados receberiam, por 20 anos, valores relativos a eventuais perdas. Paralelo a este fundo, discute-se a instituição de um Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional, composto, de acordo com o texto aprovado no Senado, de 0,8% das receitas do IPI e do Imposto de Renda.
Outro destaque positivo, apontado pelo líder industrial, é a previsão de descentralização da receita prevista na PEC/145, um dos três projetos que integram o pacote da reforma tributária (saiba mais sobre cada projeto no box). “Não podemos mais ter essa concentração nas mãos da União, deixando Estados e municípios à deriva, aguardando a boa vontade política do Governo Federal”, destacou. Atualmente, três textos distintos, mas que vão resultar em mudanças no sistema tributário brasileiro, tramitam no Congresso Nacional – a PEC 45/2019, da Câmara dos Deputados, a PEC 110/2019, do Senado e um projeto do Governo Federal, apresentado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, e entregue aos respectivos presidentes das casas. A reforma de Guedes concentrou-se em propor mudanças nas tributações de competência federal, como PIS/Pasep, Cofins e IPI, enquanto os parlamentares vão apresentar as mudanças relacionadas ao ICMS (estadual) e ISS (municipal), por exemplo, mas
FPM A proposta também deverá aumentar em um ponto percentual os repasses às prefeituras do Fundo de Participação dos Municípios, que passa de 22,5% para 23,5% da parcela do IPI e do Imposto de Renda que a União transfere para os estados, para os municípios e para o Distrito Federal. Essa parcela, que hoje equivale a 47% das receitas dos dois impostos, sobe para 48%.
9 TRIBUTOS VIRAM 2 O projeto do Senado propõe a extinção de nove tributos e a criação de dois novos impostos. Seriam extintos: Federais: IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, salário-educação e CIDE Estadual: ICMS Municipal: ISS Todos eles seriam substituídos por dois novos tributos, do tipo IVA (Imposto sobre valor agregado): IBS (Imposto sobre operações com bens e serviços), de competência estadual, e Imposto seletivo, de competência federal e que incidiria sobre bens e serviços específicos, como bebidas alcóolicas.
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também têm competência para rever os impostos federais. Neste especial, vamos apresentar as principais mudanças que constam em cada um dos três projetos, e apresentar a visão do governo de Mato Grosso do Sul, por meio do secretário estadual de Fazenda, Felipe Mattos, e do consultor tributário da Fiems e conselheiro do Comitê Tributário da CNI, Gilvanci Levi Najman Sousa, sobre o pacote que tramita no Congresso.
PROJETO ENTREGUE PELO MINISTRO PAULO GUEDES AO CONGRESSO - PIS/Pasep e Cofins serão aglutinados em um só imposto, que passa a se chamar CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços), que terá uma alíquota única de 12% e terá como base de cálculo a receita bruta das empresas e põe fim ao “imposto sobre imposto”. A CBS é um imposto não-cumulativo, ao contrário do PIS/Pasep e da Cofins que, atualmente, incidem sobre o valor total em todas as etapas da cadeia de produção ou de comercialização, inclusive sobre o próprio pagamento do tributo na etapa anterior. - Guedes anunciou que novas mudanças serão encaminhadas ao Congresso, como no Imposto de Renda e no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Até o fechamento desta edição, as propostas não tinham sido enviadas.
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“TODOS OS ESTADOS PERDEDORES (DE RECEITA) SÃO A FAVOR DA REFORMA POR CONTA DA SIMPLIFICAÇÃO”
- FELIPE MATTOS SECRETÁRIO ESTADUAL DE FAZENDA
O que o Governo do Estado espera com as mudanças no sistema tributário previstas na reforma que tramita no Congresso? Acredito que a PEC 45 é a que mais atende o setor produtivo e da sociedade como um todo, porque ele simplifica, desburocratiza. Essa reforma tributária, que está no Congresso, não é uma reforma que visa beneficiar os Poderes Públicos, Estado e União, tanto que não se discute um centavo de mudança em arrecadação. A ideia é uma simplificação para acabar com ICMS, PIS, Confis, IPI, ISS, além de uma série de discussões. O Governo anseia por aumento/perda da arrecadação com as mudanças previstas para o ICMS? Todas as reformas tributárias têm como ponto comum o fato que a tributação passa a ser para o Estado de destino do produto. Muda a lógica tributaria do ICMS, que agora vai chamar IBS. Como
MS produz mais e manda para fora do Estado, do que importa, nossa balança comercial é positiva. Assim, tudo o que a gente produz passa a ser do Estado de destino. Nós somos um dos estados perdedores. MS vai perder significativos valores. Todos os Estados perdedores são a favor da reforma, por conta da simplificação. Mas o que foi exigido por nós é que exista uma previsão constitucional, que o Estado seja compensado financeiramente por essa perda. Isso está em discussão, que seria criado um fundo de compensação que receberia por 20 anos o valor dessa perda. Como a transição do imposto vai ser de 10 anos, ou seja, vamos conviver com todos os impostos mais o IBS, somente após esse período o estado começaria a receber. Mas essa garantia tem que estar na Constituição, senão os Estados perdedores não aprovam. Como o Governo enxerga a possibilidade de mudanças nas concessões de benefícios fiscais?
Vai haver uma mudança imensa na concessão de benefícios fiscais. Essa foi uma medida importantíssima para MS se desenvolver, se industrializar e ainda é. Mas entendemos que essa concessão virou uma guerra fiscal, na qual todos os Estados perdem. Um exemplo clássico é o querosene de aviação. Todos os Estados cobravam 12%, agora na
disputa para trazer voos a alíquota baixou para 2%, 2,5%, 3,5%, ou seja, todos os Estados acabaram perdendo. A criação de um chamado “Fundo de desenvolvimento regional”, para suprir eventuais perdas com as mudanças previstas nas regras de concessão de benefícios, é considerada suficiente?
O fundo de desenvolvimento regional, que não é o fundo de compensação, tem outra matriz de visão financeira. Contudo, ainda não está formatado. Temos estudos avançados, o secretário de fazenda de Mato Grosso, Rogerio Gallo, está responsável por esse trabalho no Centro-oeste, já passamos os dados, mas ainda está em processo de discussão.
PEC/145: OS BENEFÍCIOS PARA A INDÚSTRIA E O FIM DA JUDICIALIZAÇÃO
- GILVANCI LEVI NAJMAN SOUSA CONSULTOR TRIBUTÁRIO DA FIEMS E CONSELHEIRO DO COMITÊ TRIBUTÁRIO DA CNI
O projeto de reforma, que tramita no congresso, beneficia a indústria? O projeto enviado pelo Governo Federal unifica o Pis/ Cofins, criando a Contribuição Social sobre Operações de Bens e Servicos-CBS, que aumenta a alíquota de 9,25% para 12%, mas permite o crédito sobre custos e despesas operacionais. É uma medida paliativa que ataca apenas parte do problema, já que os demais tributos, como ICMS e IPI, continuarão a penalizar a indústria. Dos 3 setores (indústria, comércio e serviços), a indústria seria a mais beneficiada na redução de carga tributária, havendo aumento moderado para o setor de comércio e penalizando fortemente o setor de serviços. Já no Congresso, a PEC 45/2019, da Câmara, que unifica IOF, Pis,
Cofins, ICMS e ISS, também trará redução significativa de carga tributária para a indústria, sem prejuízo dos incentivos fiscais já concedidos e vigentes, e a PEC 110/2019, do Senado, que unifica 9 tributos, também trará redução significativa de carga tributária para a indústria. Atualmente, muitas empresas judicializam a questão dos tributos por não haver solução administrativa junto à Receita Federal. Porque isso acontece e de que forma o projeto da reforma corrige isso? A Receita Federal regulamenta os tributos federais com base na legislação vigente, ocorre que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgou, em março de 2017, inconstitucional a inclusão do ICMS na base
de cálculo das contribuições de Pis/Cofins e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) estendeu o conceito de insumos para fins de tomada de créditos dessas contribuições. Como isso não ocorreu através de ação direta de inconstitucionalidade, só tem esse benefício as empresas que ajuizaram a ação correspondente. Portanto, a Receita Federal não pode, de ofício, aplicar esse benefício para todas as empresas. A proposta do Governo Federal, com a CBS, corrige essa distorção já prevendo a exclusão de tributos da própria base de cálculo. Também as PEC 45/2019 e 110/2019 reduzirão muito o volume de ações tributárias, já que buscam uma equidade que abrangerá todas as empresas. MS INDUSTRIAL | 2020 • 23
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esde que a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) chegou ao Brasil e ao Mato Grosso do Sul, Governo, prefeituras e setor produtivo tiveram que se desdobrar para que a crise econômica decorrente do isolamento social, proposto como forma de reduzir o contágio da doença, não fosse tão séria e com graves impactos. Não foi fácil para os empresários lidar com a redução do consumo e ver as vendas caírem, assim como não foi fácil para o Governo do Estado ver a arrecadação diminuindo. No entanto, essa realidade, aos poucos, vai dando espaço para uma outra, com números um pouco melhores. Levantamento realizado pela Unidade de Economia, Estudos e Pesquisas da Fiems, com base nos dados do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária), do Ministério da Economia, apontou que Mato Grosso do Sul teve uma alta de 7,6% na arrecadação de ICMS, durante o primeiro semestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019. Em valores, de janeiro a julho de 2020, são R$ 6,024 bilhões arrecadados com o ICMS em Mato Grosso do Sul, contra R$ 5,597 bilhões no mesmo intervalo do ano passado. Os números também são positivos quando se leva em consideração a exportação. No acumulado de janeiro a julho de 2020, a receita total, com a exportação de produtos industriais, alcançou US$ 2,162 bilhões, indicando aumento de 2,2% em relação ao mesmo período de 2019, quando o valor ficou em US$ 2,116 bilhões, sendo o melhor resultado para o acumulado de janeiro
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C APA a julho da série histórica para o Estado. Já com relação à geração de novos empregos, a indústria estadual encerrou o mês de julho com 129.033 trabalhadores diretamente empregados, indicando crescimento de 1,78%, quando comparado com o mesmo mês do ano passado. Somente em julho, a indústria foi responsável pela abertura de 1.568 postos formais de trabalho em Mato Grosso do Sul, resultado de 4.983 contratações e 3.415 demissões. No acumulado do ano, são 4.018 vagas abertas pela indústria, resultado de 34.495 contratações e 30.477 demissões. NECESSIDADE DE ANÁLISE - Na avaliação do presidente da Fiems, Sérgio Longen, os números refletem as ações tomadas pelo Governo do Estado em parceria com o setor produtivo. “Temos avaliado os números e temos tentado construir ações que tragam apoio para as empresas se recuperarem. Os meses de abril e maio foram muito ruins e vimos que era necessário tomarmos algumas ações”, afirmou. Para isso, o Sistema Fiems colocou toda a sua estrutura à disposição das empresas, com ações na área de biossegurança, qualificação profissional para alguns setores e consultorias para gestão de crise, além de apoio técnico financeiro para as empresas, por meio de financiamentos. “Vemos que alguns setores têm retomado ações que trazem melhoras no desempenho e vêm evoluindo sa tisfa toria mente. Nessa evolução, a gente também precisa começar a construir algo mais sólido, para manter esses setores que de certa forma vêm
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ENTENDA O PROGRAMA PROSSEGUIR
Tendo como pilares estratégicos a Saúde, a Economia e Recomendações de Flexibilização, a metodologia do Prosseguir utiliza os elementos de monitoramento indicados pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) e, por consequência, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), reforçando a prioridade do governo em adotar parâmetros científicos, como destaca Riedel. “Dialogamos com todos os municípios, com o único intuito de manter nossa economia andando, mas protegendo a vida das pessoas, com base na ciência”, enfatizou.
melhorando sua performance, e também avaliar os que não tem melhorado e o motivo”, destacou Sérgio Longen. Ele reforça, contudo, que o momento que o País vive ainda é delicado, apesar dos bons indicadores em alguns Estados. “Vivemos um momento de recessão no Brasil. Alguns setores vêm despontando, como o agro e a agroindústria, mas o cenário é preocupante. O ano de 2020 é um ano que requer muitos cuidados, mesmo entre os setores que avançam positivamente. A
A metodologia prevê o cruzamento de indicadores de três áreas: Vigilância Epidemiológica, Saúde e Impacto Econômico estipulando, por meio de faixas de cores – que variam do verde ao preto, o grau de risco da saúde da região (se baixo, tolerável, médio, alto ou extremo). Seguindo a classificação por cor também são definidas as medidas de flexibilização ou restrição das atividades econômicas, de acordo com a classificação de risco de cada uma delas (se baixo, médio ou alto risco).
economia não vai bem, o dólar atinge um patamar altíssimo, temos falta de matéria-prima em muitas atividades da economia, muitas empresas demitiram como forma de se manter no mercado e não conseguiram contratar com a mesma facilidade. Então é um momento delicado e uma nova fase a que vivemos”, ponderou. Para o líder industrial, a retomada da economia depende de uma análise detalhada sobre todos os setores econômico. “Temos um cenário de retomada
Dados de 28/08 a 11/09
que exige muita cautela. O empresário está receoso, então precisamos de uma análise completa de todos os indicadores. Além disso, a Reforma Tributária é fundamental para atravessarmos esse período e realmente sairmos dele da melhor forma possível”, completou. SAÚDE E ECONOMIA – Para conseguir superar a crise causada pelo coronavírus, que envolve saúde, economia e questão social, Mato Grosso do Sul se espelhou em outros países
e Estados do Brasil. Como em 16 de março de 2020 tínhamos apenas dois casos de Covid-19 confirmados, enquanto outras regiões já enfrentavam uma crise muito maior, foi possível nos organizarmos de forma mais efetiva para desenvolver ações que freariam os impactos da pandemia. “Nós elaboramos um grupo de estudo para entender as experiências de outras regiões. Tudo ainda ocorria com muita incerteza e não conhecíamos muito bem as consequências das
ações a serem tomadas. Montamos um comitê de ações emergenciais focado na saúde, mas nunca escolhemos entre economia ou saúde. Para nós, as duas áreas eram fundamentais e tínhamos certeza de que precisaríamos estruturar a rede de saúde e criar uma ferramenta técnica que nos norteasse nas ações”, recorda o secretário estadual de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel. Entre as ações, destaca-se o Programa Prosseguir, desenvolvido pelo Governo do Estado, MS INDUSTRIAL | 2020 • 29
C APA com o objetivo de manter as atividades socioeconômicas, sem riscos à saúde e até a possibilidade de lockdown, que permitiu que os municípios pudessem se organizar de forma mais efetiva e a economia pudesse se recuperar. “Entendemos que a saúde e a economia deviam andar juntas e ser prioridade. Claro que se os índices relacionados à saúde não fossem bons, teríamos que fechar alguns serviços e empresas, mas para se ter uma ideia, mesmo em nossa opção mais drástica, que é a de lockdown, 57 atividades econômicas continuariam funcionado como essenciais, desde que respeitando os protocolos de biossegurança”, explicou Eduardo Ridel. Para ele, essa preocupação, tanto com a saúde, quanto com a economia e a questão social, permitiu que Mato Grosso do Sul olhasse sempre para frente e conseguisse, aos poucos, ir retomando suas atividades. “Nós não focávamos em quantas pessoas já haviam sido infectadas, mas nas ações tomadas naquele momento e a partir dali”, ressaltou. As recomendações do Prosseguir foram tomadas de forma positiva por todos os municípios, que começaram a entender os indicadores e atuar com relação a eles. “A partir do momento em que um município começa a atuar sobre um determinado parâmetro para melhorar seu indicador, ele está combatendo a pandemia. E a consequência é o bom desempenho de Mato Grosso do Sul com relação ao número de casos confirmados de Covid-19 a cada 100 mil habitantes, e também número de óbitos a cada 100 mil habitantes”, salientou.
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“Entendemos que a saúde e a economia deviam andar juntas e ser prioridade. Claro que se os índices relacionados à saúde não fossem bons, teríamos que fechar alguns serviços e empresas” - EDUARDO RI EDEL Secretário de Estado de Gestão Estratégica
NA ONDA DA RETOMADA, INDÚSTRIAS DO ESTADO SE ADEQUAM PARA NÃO PREJUDICAR PRODUÇÃO
Assim que o coronavírus chegou ao Brasil e, consequentemente, ao Mato Grosso do Sul, os empresários passaram a se equilibrar numa corda-bamba. Inicialmente, diversas atividades econômicas tiveram de ser suspensas e a atividade industrial, de algumas plantas, teve de ser reduzida para se encaixar nas normas de biossegurança. Aos poucos, contudo, as empresas estão voltando à sua rotina e capacidade total de produção, mas sem deixar de cuidar da saúde dos colaboradores e clientes. Em Campo Grande (MS), a Cativa MS Têxtil reduziu o número de funcionários e os salários, em conformidade com a Medida Provisória 936 do Governo Federal, para manter empregos durante a pandemia do novo coronavírus em abril e, no início de julho, comunicou o retorno de sua capacidade total de produção. Na segunda quinzena de março, quando o surto da Covid-19, no Brasil, começou a aumentar, e Estados e municípios decretaram a paralisação de diversas atividades, a indústria sofreu um grande baque com a inadimplência da maioria dos clientes e, como única saída diante da redução repentina de receita e redução das vendas, utilizou a MP 936. “Nossas vendas foram praticamente todas suspensas”, relatou o gerentegeral da Cativa MS Têxtil, Israel de Azevedo. Ele acrescenta que algumas empresas que a Cativa MS Têxtil atende já tinham feito solicitação de produtos e, na última hora, disseram que iriam devolver tudo, enquanto outras cancelaram os pedidos que ainda iriam para a produção. “Então, a nossa equipe ficou ociosa. Por isso, tivemos que conceder férias coletivas para todos por 15 dias e, em abril, com MP permitindo redução de salário e jornada, nós conseguimos encontrar uma solução. Reduzimos inicialmente 70%, e depois 50%, a nossa linha de produção”, recordou.
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Dos 350 trabalhadores, a indústria demitiu 90 funcionários e, com o pedido de desligamento de outros colaboradores, reduziu a equipe para 204 pessoas. “Conseguimos passar por esse período crítico mantendo boa parte do nosso quadro. Poderíamos continuar com a redução de salário e jornada, já que o Governo estendeu os efeitos da MP 936 até o fim do ano, mas, como nossas vendas voltaram a crescer, decidimos que voltaríamos a operar com toda a capacidade”, informou Israel de Azevedo. O gerente-geral da Cativa MS Têxtil completa que, a partir desta segundafeira (13/07), a indústria passa a produzir 10 mil peças por dia, um aumento de 100% em relação com as 5 mil peças diárias que estavam produzindo durante os últimos três meses. “Ainda estamos com previsão de contratar mais pessoas para retomar a nossa produção de antes do início da pandemia”, revelou. Para isso, a empresa teve que tomar todas as medidas de biossegurança necessárias para garantir a segurança dos colaboradores e um médico do trabalho, que integra o quadro de funcionários, ajudou na elaboração do plano de biossegurança. Todos, antes de entrar no prédio, têm a temperatura aferida, é obrigatória a utilização de máscaras de proteção facial, além da colocação de frascos de álcool em gel por toda a fábrica. “Também tivemos alteração no refeitório. As refeições eram servidas no sistema de buffet e agora os pratos já vêm prontos. Além disso, fizemos vários horários de almoço, para que haja menos funcionários no refeitório”, detalhou o gerente-geral da Cativa MS Têxtil. ESCALAS DE TRABALHO - O Grupo Asperbras, da qual a indústria moveleira Greenplac, localizada em Água Clara (MS), faz parte, também se adequou para que todas as suas empresas sigam, rigorosamente, as diretrizes e cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde. Na Greenplac, escalas de trabalho foram alteradas, para evitar aglomerações; estabeleceu-se a distância de 2 metros entre funcionários, quando há transporte até a fábrica; proibiu-se a entrada de terceiros; determinou-se que as mesas fiquem separadas individualmente, com distância mínima de 1,5 metros 32 •
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Na avaliação do secretário, é justamente por ter colocado os olhos tanto na saúde, como na economia, sem exigir medidas radicais de isolamento, sem antes conhecer os números, que Mato Grosso do Sul conseguiu passar uma mensagem de equilíbrio entre as duas áreas. “Os indicadores tinham que dar o tom do peso a ser aplicado, porque essa mensagem é muito importante e poderosa, com efeitos na economia. O Estado sempre seguiu recomendações técnicas de um comitê montado para definir as bases para a tomada de decisão”, detalhou. ESTRATÉGIA PARA RETOMADA – Nessa linha, Mato Grosso do Sul esteve entre os cinco Estados com alta na arrecadação de ICMS, puxada pela exportação que foi favorecida pelo cenário internacional. “Nós poderíamos ter fechado o Estado por algum motivo. Então, se não tivéssemos tomado essas atitudes, talvez não tivéssemos aproveitado a questão do câmbio e desse bom momento de exportação. Assim o Governo do Estado foi muito feliz ao decidir, estrategicamente, não interferir na gestão dos municípios com relação ao que abriria ou não”, comentou o secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck. Para ele, é possível dizer que o Estado tem passado bem pela pandemia do coronavírus. A estratégia foi utilizar as referências do Programa Prosseguir, que busca fazer a gestão da pandemia. Agora, contudo, o momento é definir como será de fato a retomada econômica. “Temos usado a palavra retomada de forma circunstancial, mas ainda estamos no âmbito da gestão de
“Quando penso em retomada, eu me refiro a uma gestão da pandemia, mas ao mesmo tempo criar condições para o desenvolvimento da economia. Não dá para esperar acabar a pandemia para pensar em retomada” - JAI ME VERRUCK Secretário estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar
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nos refeitórios; e também deixou em casa funcionários com banco de horas ou férias. Os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são obrigatórios em todos os ambientes do complexo industrial da empresa, bem como a medição de temperatura de todos os colaboradores ao chegarem à fábrica e escritório. Álcool em gel foi disponibilizado em todos os ambientes, para a higienização das mãos. Após extensa pesquisa, a empresa também investiu em uma cabine de desinfecção pulverizadora completa. Instalada na entrada da fábrica, a cabina pulveriza o Antisséptico Hidratante, autorizado e registrado na ANVISA para uso humano. Com acionamento automático, através de um sensor de presença, o produto usado é biodegradável, não irrita pele e mucosas, além de proporcionar excelente cobertura e pulverização. Além das medidas de prevenção, a empresa utiliza newsletters internas para conscientização dos colaboradores. Nas comunicações internas, são reforçadas medidas como lavar as mãos com frequência, usando sabão, água e álcool 70%; não tocar olhos, nariz ou boca; quando tossir ou espirrar, cobrir o nariz e a boca com cotovelo dobrado ou com um tecido; ficar em casa se acordar indisposto; se tiver febre, tosse ou dificuldade para respirar, procurar assistência médica. “A pandemia, de alguma forma, surpreendeu e nos fez mudar em muitos aspectos. Só o fato de termos alterado escalas para diminuir o fluxo de funcionários, a mudança nos horários de atendimentos, além de muitas outras adaptações no dia a dia da fábrica, para a garantia da segurança de todos os colaboradores, foram fatores que afetaram nossa produtividade. Porém, passamos por um processo de aprendizagem nos últimos meses, sem diminuir os nossos investimentos e nem a nossa produção, mantendo todos os colaboradores seguros”, informou a Greenplac, por meio de sua assessoria. NOVA ROTINA - Preocupada em garantir, acima de tudo, a saúde e segurança dos colaboradores, a Eldorado Brasil, indústria de celulose instalada em Três Lagoas (MS), também teve que tomar medidas para conter a propagação da Covid-19, tão logo o vírus começou a circular no Brasil. “Nossa primeira medida foi criar um protocolo específico para
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“Ao sabermos que o estado teve uma manutenção, e até mesmo um certo aumento da arrecadação, podemos destacar que grande parte disso vem do agronegócio” - PA ULO CORRÊ A Deputado Estadual Presidente da Assembleia Legislativa
abertura e fechamento de atividades. Quando penso em retomada, eu me refiro a uma gestão da pandemia, mas ao mesmo tempo criar condições para o desenvolvimento da economia. Não dá para esperar acabar a pandemia para pensar em retomada”, ressaltou. Por isso, é fundamental que haja uma união de ações entre o Governo do Estado e o Sistema S, como Sesi, Senai e Sebrae, para apoiar as empresas nesse momento, para se reestruturarem e investirem em produtos e serviços inovadores. “A crise econômica da pandemia ainda vai ser sentida de hoje até pelo menos uns dois anos. Precisamos promover ações que pensem a curto prazo, para salvar as empresas nesse momento, mas também para dar condições para que elas se mantenham no mercado a longo prazo”, ressaltou. CAUTELA – O presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Paulo Corrêa, destacou o bom desempenho de Mato Grosso do Sul diante da crise do coronavírus, mas ponderou que é necessário tomar cuidados. Nesse cenário, reforçou a importância da parceria do Governo do Estado com as entidades do setor produtivo, para possibilitar essa retomada e o funcionamento das empresas. “Ao sabermos que o estado teve uma manutenção, e até mesmo um certo aumento da arrecadação, podemos destacar que grande parte disso vem do agronegócio. O produtor rural de Mato Grosso do Sul está de parabéns, e fez com que as commodities, a saca de milho, a arroba do boi estivessem com preço melhor. A indústria também teve seu papel, cumprindo todas as medidas de biossegurança, e não precisou parar, os frigoríficos continuaram funcionando, as carretas MS INDUSTRIAL | 2020 • 35
estão circulando normalmente nas rodovias, o que é sinônimo de progresso, desenvolvimento real”, salientou Paulo Corrêa.
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essa situação, em acordo com as diretrizes brasileiras e internacionais de enfrentamento ao vírus”, afirmou o diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação Interna da Eldorado Brasil Celulose, Elcio Trajano Junior. Todos os profissionais que pertencem a grupos mais vulneráveis à doença, como os maiores de 60 anos, as gestantes e os que têm doenças respiratórias ou crônicas, foram postos em atividade domiciliar, assim como aqueles cujas atividades são compatíveis com a modalidade de home office. Além disso, todos os colaboradores têm recebido, periodicamente, equipamentos de proteção individual, como máscaras e álcool gel. “Alteramos nossa rotina de trabalho, em todas as operações industriais, florestais e logísticas no terminal portuário, para assegurar o distanciamento. As equipes e escalas de trabalho foram redimensionadas, e os refeitórios e meios de transportes da empresa passaram a operar com capacidade reduzida, de modo a evitar aglomerações”, detalhou Elcio Trajano. Ele acrescentou que a pandemia do coronavírus tem sido um desafio inédito para cidadãos, governos e empresas do mundo todo, mas é importante buscar dar respostas rápidas a cada situação. “Criamos um comitê multidisciplinar de saúde, sob coordenação da minha diretoria, para alinhar, internamente, todas as ações necessárias ao enfrentamento da doença e garantir assistência integral a todos os colaboradores”, comentou. Graças a essas medidas, foi possível continuar colhendo florestas, transportando madeira para a fábrica, produzindo celulose e escoando a produção para o Brasil e diversos países no mundo. “A disciplina e a dedicação dos nossos colaboradores têm sido decisivas para isso. E no momento em que o mundo precisa de cada vez mais produtos de higiene e limpeza, feitos a partir da celulose, o trabalho dos nossos mais de 4.500 colaboradores se torna ainda mais importante”, destacou.
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SENAI
DAS FÁBRICAS
Senai utiliza expertise em manutenção industrial para realizar reparos em respiradores hospitalares durante pandemia de Covid-19
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PARA OS
H O S P I TA I S
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Q
uando a fisioterapeuta do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul parou ao lado do leito de Edgard das Neves para dizer que ele já poderia respirar sem ajuda de um respirador hospitalar, a informação, em vez de causar alívio e alegria, trouxe medo e apreensão ao cinegrafista, que havia ficado internado numa UTI por 22 dias e outros 14 dias numa enfermaria. “Eu tive medo, porque não sabia mais se conseguiria respirar sozinho. Esse aparelho salvou minha vida e foi fundamental para a minha recuperação”, recorda. Aos 55 anos, Edgard das Neves foi um dos mais de 60 mil pacientes diagnosticados com Covid-19, em Mato Grosso do Sul, e que evoluiu para um quadro grave, necessitando de cuidados intensivos. Os primeiros sinais da doença foram dores no corpo, diarreia e febre, mas em cerca de quatro dias os sintomas se agravaram e ele começou a sentir falta de ar. “Eu respirava e o ar não vinha. A sensação é de puxar, puxar o ar, mas como se seu nariz e sua boca estivessem trancados e não fosse possível passar nada. É desesperador”. Assim que começou a respirar com dificuldade, ele correu em busca de atendimento médico e, ao chegar à Upa próxima à sua casa, já desmaiou. “Foi o que me salvou, porque viram que eu estava realmente mal e me transferiram imediatamente para o hospital”. No Hospital Regional, Edgard ficou poucos dias na ala amarela, destinada a pacientes em situação urgente, mas pouco tempo depois, que ele não sabe precisar com certeza, um dos médicos avisou que ele precisaria ser entubado. “É uma sensação de desespero. Eu estava lúcido e completamente consciente. Naquele momento, pensava que se fosse entubado, dificilmente acordaria novamente. Tive muito medo, disse isso para o médico e ele me explicou que seria um procedimento necessário para que o tratamento pudesse ser eficaz
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e eu pudesse respirar melhor, então concordei e imediatamente apaguei”, recorda. Foram 22 dias sob fortes sedativos e só então Edgard se lembra de abrir os olhos. Durante todo esse tempo entubado, ele precisou respirar com ajuda de aparelhos e, mesmo depois de sair da UTI e continuar o tratamento na enfermaria do hospital, a respiração ainda era garantida por um respirador.
“Foi por isso que eu fiquei com tanto medo de tirar depois. Foram mais de 30 dias respirando com aparelho. Eu queria me livrar daquilo, até porque sabia que outros pacientes precisavam daquele mesmo equipamento para conseguir sobreviver, mas a gente tem muito receio. Graças a Deus, aos poucos fui conseguindo respirar, mas ainda saí do hospital muito fragilizado e precisei de acompanhamento de fono-
audiólogo e fisioterapeuta por quase três meses”, revela. AÇÃO CONJUNTA - O respirador hospitalar utilizado por Edgard é apenas um dos oito equipamentos que se encontravam estragados no Hospital Regional, e foram consertados por técnicos do Senai de Mato Grosso do Sul numa ação conjunta entre Fiems, Governo do Estado
e Energisa como forma de ajudar no combate à pandemia do coronavírus, que até agora já matou mais de 1.100 pessoas em todo o Estado. Na avaliação do nefrologista Fernando Goldoni, que atua na linha de frente no combate à Covid-19, no Hospital Regional, um respirador é hoje um equipamento essencial no tratamento da doença. “O pulmão dos pa-
cientes costuma ficar muito comprometido, então o respirador é fundamental para ajuda-los a respirar, nesse período”, ressalta. “Uma UTI conta com 10 leitos completos, então podemos dizer que o trabalho do Senai de manutenção de respiradores permitiu que abríssemos quase uma nova UTI aqui no hospital. Cada paciente grave de Covid-19 utiliza o equipamento, em média, por MS INDUSTRIAL | 2020 • 41
10 dias, então a cada 10 dias são 8 pessoas com mais chances de serem salvas”, destaca a neurologista Aline Mizuta Kozoroski Kanashiro, uma das médicas que atuam na linha de frente no combate ao Covid, no Hospital Regional. Partindo dessa informação, é possível dizer que o trabalho do Senai permitiu a reabertura de mais de nove UTIs em todo o Estado. Isso porque até agora já foram consertados 96 respiradores hospitalares de 138 que se encontravam estragados, garantindo uma melhor estrutura para atendimento dos pacientes com Covid-19 em 17 municípios. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, antes da pandemia, Mato Grosso do Sul tinha 990 respiradores, número que saltou para 1.904, com ações do Governo do Estado e também com a solidariedade de empresas, que se disponibilizaram a doar os equi-
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pamentos, e instituições, como o Senai, que colocaram suas equipes para atuar na manutenção dos aparelhos estragados. “Ficamos muito felizes por essa parceria, porque o Senai é uma instituição referência em manutenção de equipamentos, com um corpo técnico de alto nível, e colocou toda a sua estrutura à disposição, para auxiliar na manutenção desses equipamentos que são de extrema importância para os nossos pacientes”, salientou o secretário estadual de Saúde, Geraldo Rezende, reforçando que o momento é de união entre todos os setores da sociedade. ESTRUTURA ADADPTADA – A iniciativa do Senai de Mato Grosso do Sul faz parte de uma ação integrada dos Departamentos Regionais do Senai de todo o País. Desde o início da pandemia
no Brasil, foram recebidos para conserto 3.919 ventiladores pulmonares, dos quais 1.082 estão em manutenção, 178 em calibração e 1.850 já foram devolvidos aos hospitais de 460 municípios de todos os Estados. “A iniciativa de manutenção dos respiradores hospitalares tem sido muito bem sucedida, pois houve o engajamento efetivo de todos os parceiros do Senai nessa ação. Estão todos de parabéns”, avalia o diretor-geral da instituição, Rafael Lucchesi. “O número de equipamentos enviados pelos hospitais foi muito positivo, e esperamos receber o maior número de aparelhos que estão parados no País. A rede voluntária continuará trabalhando até que a pandemia de coronavírus esteja sob controle”, completa. Em Mato Grosso do Sul, o Senai adaptou uma estrutura composta por unidades móveis, para
que o trabalho de manutenção fosse possível de forma segura para todos os colaboradores. Para isso, houve uma separação entre espaços destinados ao recebimento dos respiradores e também para higienização dos equipamentos. Só depois é que eles eram encaminhados para a manutenção. O apoio da Energisa, nessa, ação também foi fundamental no trabalho de logística, buscando os respiradores, estragados nos municípios e levando até à oficina adaptada do Senai, localizada em Campo Grande. A concessionária de energia ainda ajudou nos custos do processo de calibração dos equipamentos, etapa essencial para que eles pudessem ser devolvidos aos hospitais em plena condição de uso. “Decidimos contribuir no combate à pandemia com o transporte e calibração dos respiradores para diminuir a curva de infecção do vírus no nosso estado. À medida que os números crescem, percebemos o quanto esses equipamentos são essenciais no tratamento dos casos mais graves que chegam nos hospitais. E, além disso, adotamos várias outras iniciativas para amenizar o impacto da pandemia em Mato Grosso do Sul”, afirmou o diretor-presidente da Energisa MS, Marcelo Vinhaes.
“A instituição está se mobilizando, assim como as outras Casas que integram o Sistema Indústria, para dar uma resposta a essa crise. Entendo que esse é o momento de não medirmos esforços para encontrar soluções para ajudar no enfrentamento ao novo coronavírus” - SÉRGIO LONGEN PRESIDENTE DO SISTEMA FIEMS
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR - Ao todo, foram investidos na operação R$ 501.462,68, sendo R$ 100.320 contrapartida da Energisa. Segundo o presidente da Fiems, Sérgio Longen, o Senai já tem uma expertise de mais de 70 anos na área de manutenção, e esse é o momento de colocar suas capacidades à disposição, para ajudar no combate a essa crise. “A instituição está se mobilizando, assim como as outras Casas que integram o Sistema Indústria, para dar uma resposta a essa crise. Entendo que esse é o momento de não medirmos esforços, para encontrar soluções, para ajudar no enfrentamento ao novo coronavírus”, afirmou. O diretor-regional do Senai, MS INDUSTRIAL | 2020 • 43
Rodolpho Caesar Mangialado, destacou que houve uma espécie de seleção na própria equipe, para identificar quais eram os colaboradores com mais experiência na manutenção de máquinas industriais e até quem já havia tido contato com equipamentos hospitalares. Assim foi montada uma equipe que reuniu engenheiros, administradores e instrutores, que dividiram o trabalho conforme a experiência de cada um e envolveu desde a produção de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como máscaras e aventais, passando pelo recebimento, triagem, higienização, reparo, calibração e testes dos equipamentos. “Eu sempre disse que o fundamental era nos empenharmos o máximo possível. Se conseguíssemos recuperar apenas um, dos 138 estragados que havíamos recebido, já era um feito importante, porque conseguiríamos salvar uma vida e isso já valeria todo o esforço. Conseguindo repara 96, ficamos ainda mais felizes, porque são mais e mais vidas tendo uma chance maior de vencer essa doença, sem falar no legado, porque esses respiradores poderão ser usados depois da pandemia para pacientes com outras enfermidades”, declara o diretor-regional do Senai, Rodolpho Mangialardo. Mesmo sabendo da importância da ação, a instrutora da área do vestuário do Senai de Campo Grande, Luane Sales de Oliveira, nunca imaginou que seu trabalho de produção de máscaras, para os técnicos que atuavam diretamente com os respiradores, teria impacto na hora de salvar vidas. “Eu sabia que as máscaras eram importantes, até no dia a dia, para evitar o contágio do coronavírus, mas é gratificante saber que de longe, fazendo apenas o que eu sei fazer e que é tão simples, eu pude salvar pelo menos uma vida”, comenta. Na mesma linha, o engenheiro mecânico Jeancarlos Lucietto colocou seus conhecimentos à disposição da manutenção de 44 •
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respiradores, de forma automática. “Inicialmente, foi como fazer qualquer outro trabalho, que precisa de dedicação e empenho. Só depois que me dei conta de que é um trabalho que faz toda a diferença, porque diferente de melhorar a produtividade de uma empresa, que também é importante, essa manutenção de respiradores hospitalares ajuda a salvar vidas. Quando a ficha caiu, me senti ainda mais motivado”, destacou. AJUDA VOLUNTÁRIA – Além dos colaboradores do Senai, a equipe de manutenção dos respiradores hospitalares contou com um reforço de fora da instituição. Voluntários que viram
na iniciativa de reparo de equipamentos uma oportunidade de colocar seus conhecimentos à disposição para salvar outras vidas. É o caso da engenheira eletricista Ana Maria da Silva, que não pensou duas vezes na hora de bater à porta do Senai para colaborar com o que fosse necessário. “Minha mãe ficou doente no fim de 2019 e precisou de um respirador. Não tinha nada a ver com a pandemia, mas ali eu entendi a importância daquele equipamento. Quando soube que o Senai estava trabalhando com isso, eu me disponibilizei a vir ajudar com meus conhecimentos na área, e participei do reparo e dos testes dos equipamentos re-
“Se conseguíssemos recuperar apenas um, dos 138 estragados que havíamos recebido, já era um feito importante, porque conseguiríamos salvar uma vida e isso já valeria todo o esforço.” - RODOLPHO MANGIALARDO DIRETOR REGIONAL - SENAI /MS
cuperados”, explica Foi também depois de viver uma experiência semelhante que o engenheiro-mecânico e agente fiscal da Iagro, Júlio Nazar, decidiu se voluntariar para auxiliar na manutenção dos respiradores. “Tive um problema respiratório em 2015 e até hoje não sei o que foi, mas precisei ser entubado e sei qual é o sentimento de faltar ar e precisar de um respirador. Para que ninguém passe pelo que eu passei, eu quis ajudar como voluntário, alternando meus horários de trabalho na Iagro e aqui no Senai. Saber que a gente pode salvar a vida de uma pessoa é uma sensação muito gratificante e faz valer a pena colocarmos nosso tempo aqui”, finaliza.
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QUALIFICAÇÃO ONLINE PQF do IEL finalizou auditoria remota de 43 empresas fornecedoras entre os meses de junho e julho
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iante da pandemia do coronavírus e com o isolamento social imposto como medida de segurança, o IEL precisou se reinventar e realizou de forma remota, durante os meses de junho e julho, as auditorias para concluir o trabalho de qualificação das empresas fornecedoras que integram o PQF (Programa de Qualificação de Fornecedores) e que passaram pela implantação do Sistema de Gestão da Qualidade em Fornecimento - SGQF:2015. Ao todo, foram 43 empresas auditadas, 18 auditores disponibilizados e mais de 400 horas em auditoria. Segundo o superintendente do IEL, José Fernando do Amaral, a iniciativa foi inédita. “Tivemos que nos readaptar ao momento que estamos vivendo, para concluir as atividades do programa iniciadas em junho de 2019. A realização dessas auditorias representa o fechamento do ciclo de implantação do Sistema de Gestão de Qualidade em fornecimento dentro dessas empresas fornecedoras, e estamos muito satisfeitos com o resultado desse trabalho. Apesar de online, não tivemos redução da qualidade e o feedback foi muito positivo”, afirmou. A coordenadora de desenvolvimento empresarial do IEL, Jackeline Pires, ressaltou que nesse momento de pandemia, é ainda mais importante que as empresas busquem se qualificar para um mercado cada vez mais competitivo. “O PQF por si só representa diferencial em fornecimento para a cadeia produtiva local, nestes tempos de pandemia, o qual vivemos, sem dúvidas é uma oportunidade de demonstrar a qualidade e eficiência dos
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ENTENDA O QUE É O PQF Desde que começou em Mato Grosso do Sul, em 2008, o PQF resultou na movimentação de mais de R$ 1,15 bilhão em negócios e atendeu 456 micro e pequenas empresas, que foram qualificadas para fornecer e prestar serviços às chamadas empresas âncoras, como a Suzano e o Sebrae, além das prefeituras de Campo Grande, Três Lagoas, Ribas do Rio Pardo. Destas, 279 já receberam os certificados. No total, foram 39 mil horas de consultorias, 15.300 horas em diagnósticos, avaliações
R$ 1,5 bilhão
de movimentação em negócios
e auditorias e 464 pessoas formadas como auditoras da Norma ISO9001, na qual o programa se baseia. Para que atendam com precisão às expectativas das empresas-âncora, as empresas-fornecedoras participantes do PQF passam por um detalhado processo de qualificação. Primeiro, o IEL constitui um comitê gestor local, para conduzir o programa no ambiente empresarial em que ele será implementado, além da determinação de um plano de qualificação a ser desenvolvido.
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micro e pequenas empresas qualificadas
Em seguida, cada empresa participante passa por uma etapa de diagnóstico, a partir de requisitos definidos pelas empresas-âncoras, e o IEL avalia quais aspectos do negócio podem ser aprimorados. Na etapa de desenvolvimento do programa, o IEL atua em duas frentes - capacitações e consultorias. As capacitações são coletivas, dirigidas a todas as empresas fornecedoras participantes, enquanto as consultorias são individuais, realizadas em cada empresa.
auditorias independentes, verifica se os requisitos estabelecidos para todas as áreas de gestão do programa são atendidos. A atividade de auditoria também envolve a identificação e preparação de auditores, a elaboração de procedimentos, o planejamento e a programação de auditorias para aprovação pelo comitê gestor local. Índice das empresas fornecedoras que obtiveram aprovação no processo de certificação, durante as auditorias realizadas, chega a 97% das participantes.
Então, é chegado o momento da certificação. Por meio de
39 mil
horas de consultorias
15.300
horas em diagnósticos, avaliações e auditorias
serviços prestados para atender as demandadas das indústrias locais”, salientou. Na avaliação do coordenador de suprimentos da Suzano, uma das âncoras do PQF, Gustavo Salvador, foi fundamental a adaptabilidade do programa, ao criar uma solução para o andamento do Programa no momento de pandemia. “Conseguimos manter os cronogramas de avanço e a qualidade das auditorias, priorizando também a saúde dos auditores e auditados, trabalhando, todos, de maneira remota”, comentou. Ele ainda destacou que o trabalho remoto permitiu a implementação de uma alternativa que reduziu o impacto, mesmo em um período tão complexo e sem precedentes. “O programa ajuda muito na sustentabilidade dos negócios locais, fortalecendo os sistemas de gestão que aumentam a competitividade e perenidade. Dessa forma, todos da cadeia são favorecidos: fornecedores, clientes e sociedade. E os resultados foram excelentes. Os auditores foram bem capacitados e mantivemos o padrão, qualidade e prazos estipulados”, completou. Para a empresária Máyra Golin Rodrigues, da empresa Arater, localizada em Campo Grande (MS), participar do PQF foi uma oportunidade única de melhorar seus processos de gestão. “O mais interessante é que houve um engajamento e um comprometimento de toda a minha equipe e realmente uma melhora nos nossos processos de gestão. Estou muito satisfeita com esse programa, e agora a expectativa é nos tornarmos fornecedores de empresas como a Suzano”, finalizou. MS INDUSTRIAL | 2020 • 49
S ES I
BONITO
SEGURO Sesi elabora protocolos de biossegurança e auxilia reabertura do turismo no município. O trabalho, em parceria com Sebrae, se tornou referência em MS
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A
cidade de Bonito, principal destino turístico de Mato Grosso do Sul, pôde retomar as atividades econômicas e reabrir atrações de forma segura graças ao projeto “Bonito Seguro”, um trabalho do Sesi em parceria com o Sebrae/MS que oferece apoio, 100% gratuito, para que empresas e pequenos negócios reabram as portas de forma segura. O Sesi atuou em duas frentes para possibilitar a retomada do turismo: primeiro, elaborou os protocolos de segurança contendo as orientações necessárias para readequação do atendimento de cada segmento durante a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). E também está oferecendo uma consultoria individual para cada empresa, sem qualquer custo, para que o empresário entenda qual postura adotar e quais mudanças implementar para garantir a segurança do cliente. Desde maio, quando o projeto teve início, até o fechamento desta edição, essa consultoria já foi contratada por 541 empresas de Bonito. “O Sesi está atuando para, acima de tudo, preservar a saúde das pessoas, a sustentabilidade das empresas e manutenção do emprego e renda em Bonito. Estamos auxiliando empresas de diversos segmentos a manter as portas abertas, cumprindo todas as medidas de biossegurança e garantindo uma atuação segura para seus colaboradores e clientes”, afirmou o gerente de Saúde e Segurança do Trabalho (SST) do Sesi, Michel Klaime Filho. Para o gerente da unidade do Sebrae/MS em Bonito, Matheus Oliveira, a ampla procura das empresas mostra a preocupação dos pequenos negócios com a saúde e segurança dos turistas. “Tivemos inscrições de empresários de todos os segmentos do município, inclusive os que atendem indiretamente o turismo. Isso demonstra a maturidade do destino, é importante que eles
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mantenham isso, para que chegue à 100% do destino seguro”, disse. “Foi essencial a ajuda do Sesi e do Sebrae para todo o trade de turismo de Bonito. Hoje nós recebemos com segurança os turistas que vêm do Brasil todo,
preservamos a saúde dos nossos colaboradores e passamos mais credibilidade aos clientes. Bonito agradece”, afirmou o presidente do IDB (Instituto de Desenvolvimento de Bonito), Guilherme Polli.
COMO FUNCIONA O TRABALHO DO SESI
Protocolos de biossegurança O Sesi elabora os protocolos de biossegurança específicos para a atuação de cada segmento econômico, sempre com apoio da entidade que o representa. No caso de Bonito, foram atendidos aqueles ligados ao turismo: hospedagem, atrativos turísticos, agências de turismo, estabelecimentos de alimentos e bebidas, serviços de transporte, estabelecimentos comerciais em geral e boas práticas para os guias de turismo.
Aprovação pelas autoridades locais Os protocolos são entregues à prefeitura municipal que, ao analisá-los, decide se é seguro, ou não, autorizar o funcionamento da atividade. Em Bonito, o prefeito Odilson Soares recebeu os documentos no dia 25 de julho, e publicou decreto com a liberação do turismo para o dia 1ª de julho.
Consultoria personalizada Com as empresas liberadas para voltar a funcionar, o Sesi oferece uma consultoria personalizada nos protocolos de saúde e segurança da Covid-19. O trabalho consiste em uma visita técnica do Sesi à empresa, em que são analisadas as dependências, equipamentos, tipo de serviço oferecido, funções dos colaboradores e, então, é entregue um diagnóstico com orientações quanto as mudanças necessárias para uma atuação segura e como implementá-las.
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DICAS
LIVRE DE
COVID Trabalha com alimentação? Com o consumidor em alerta para evitar o contágio pelo novo coronavírus, restaurantes, bares e lanchonetes devem ir além das boas práticas de biossegurança: o cliente também precisa ter confiança para consumir seus produtos e serviços. Confira as dicas* da analista de gestão em Saúde e Segurança do Trabalho do Sesi, Priscilla Santana Bueno, em parceria com o
Sebrae, para um funcionamento seguro e que minimize uma crise mais severa no caixa.
Faça com que seu cliente saiba todos os cuidados que você está tomando Informe as novas condutas do seu estabelecimento por meio de cartazes, disponibilizados em local visível, e contendo outras orientações para prevenção da Covid-19
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Colaboradores devem dar o exemplo Providencie luvas, máscaras descartáveis e álcool em gel para todos os colaboradores
Faça com que seu cliente se sinta seguro
Disponibilize álcool em gel e, durante o funcionamento, intensifique a higienização do local, superfícies (cadeiras, mesas, balcão, caixa, máquinas de cartão, entre outros) e banheiros
Cardápio seguro
Avalie a necessidade de disponibilizar alimentos crus no cardápio. Além de proporcionar uma experiência mais segura para o consumidor, é possível reduzir o desperdício
** com base no decreto 14.218/2020, da Prefeitura de Campo Grande, e na resolução conjunta da Sesau e Semadur, nº 3/2020
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RADAR INDUSTRIAL
E MP R E GO De janeiro a agosto deste ano o setor industrial de Mato Grosso do Sul, que é composto pelas indústrias de transformação, de extrativismo mineral, de construção civil e de serviços de utilidade pública, gerou um saldo positivo de 2.797 postos de trabalho, resultado de 40.797 contratações e 38 mil demissões, conforme levantamento realizado pelo Radar Industrial. Ainda de acordo com os números do Radar, os principais responsáveis por esse bom desempenho são as indústrias de alimentos e bebidas (+1.246), construção (+781), química (+355), papel, papelão, editorial e gráfica (+258), extrativa mineral (+147), metalúrgica (+120) e produtos minerais não metálicos (+111). Com esse saldo, o conjunto das atividades industriais em Mato Grosso do Sul encerrou agosto com 123.824 trabalhadores empregados, indicando elevação de 0,55% em relação ao mês anterior, quando o contingente ficou em 123.146 funcionários.
E X P O R TA ÇÃ O A receita obtida com as exportações de produtos industrializados de Mato Grosso do Sul já superou, de janeiro a agosto, US$ 2,43 bilhões, uma alta de 2% em relação ao mesmo período do ano passado, quando somou US$ 2,38 bilhões, conforme levantamento do Radar Industrial da Fiems. Apenas no mês de agosto, as exportações de industrializados do Estado totalizaram US$ 275,1 milhões, sendo que, no mês, o setor respondeu por 66% de toda a receita de exportação de Mato Grosso do Sul, enquanto no acumulado do ano a participação está em 68%. Os grupos de maior destaque nas exportações de produtos industriais de Mato Grosso do Sul são: “Celulose e Papel”, “Complexo Frigorífico”, “Extrativo Mineral”, “Óleos Vegetais”, “Couros e Peles” e “Açúcar e Etanol”, que, somados, representaram 98% da receita total das vendas sul-mato-grossenses de industrializados ao exterior.
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PROD UÇÃ O IN D UST RIA L Em agosto, 57,8% das empresas industriais sul-mato-grossenses apresentaram estabilidade na produção, no mês anterior esse resultado era de 51,4%. Já as empresas que apresentaram crescimento responderam por 21,9% do total, contra 31,4% no último levantamento, indicando uma acomodação no ritmo da atividade industrial na passagem entre os meses de julho e agosto, de acordo com a Sondagem Industrial realizada pelo Radar Industrial da Fiems junto a 64 empresas no período de 2 a 12 de setembro. Esse desempenho refletiu no índice de avaliação da produção, que fechou o mês em 50,1 pontos. Sobre a ociosidade nas indústrias, há uma nova queda, mas, mesmo assim, ainda segue em patamar elevado. Em agosto, a ociosidade média na indústria sul-mato-grossense ficou em 25%, contra 27% no mês anterior. Já o índice de utilização da capacidade instalada fechou o mês em 47,2 pontos, ficando praticamente estável em relação ao último levantamento.
D E S E M PEN H O IN D UST RIA L - IGDI O IGDI (Índice Geral de Desempenho Industrial) de Mato Grosso do Sul, que foi criado pelo Radar Industrial da Fiems e é calculado com base nas pesquisas de Confiança e Sondagem Industrial, completou, em agosto deste ano, o 15º mês consecutivo acima dos 50 pontos. No respectivo mês, o Índice somou 56,4 pontos, indicando um recuo de 1 ponto na comparação com julho deste ano, quando chegou a 57,5 pontos, a 2ª melhor marca do indicador. Na passagem de julho para agosto, o ocorreram quedas no índice de intenção de investimento e na participação das empresas com produção estável ou crescente. Além disso, explica o economista, teve relativa estabilidade, mas com pequeno recuo, na participação das empresas que contrataram e no índice de confiança.
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O B RAS
DE OLHO NO FUTURO Fiems entrega modernização do Senai de Sidrolândia e bibliotecas do Sesi em Corguinho e Rochedo
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O
Sistema Fiems entregou, no mês de agosto, as obras de modernização e ampliação da Agência do Senai de Sidrolândia e as bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi em Rochedo (MS) e Corguinho (MS). As três obras consumiram investimentos da ordem de R$ 4,5 milhões, sendo R$ 3,5 milhões apenas na
Agência do Senai de Sidrolândia, enquanto R$ 1 milhão foi aplicado nas duas bibliotecas de Corguinho e Rochedo. As obras de modernização e ampliação da Agência do Senai de Sidrolândia aumentaram a área construída da unidade de 574 m² para 1.442 m². “É uma satisfação muito grande para nós, diretores do
Sistema Fiems, entregar mais essa obra para o nosso Estado e para este município que passa por um momento de pleno desenvolvimento e industrialização. Neste momento, toda a estrutura do Sesi e Senai está voltada para auxiliar as empresas a cumprir todos os protocolos de biossegurança, enquanto mantivemos a continuidade dos investimenMS INDUSTRIAL | 2020 • 59
tos de base, como é o caso desta obra em Sidrolândia”, declarou o presidente da Fiems, Sérgio Longen. O prefeito de Sidrolândia, Marcelo de Araújo Ascoli, completou que a população do município está feliz com a ampliação e modernização da unidade do Senai. “Uma cidade como a nossa, que mais cresce e se desenvolve em Mato Grosso do Sul, merecia uma estrutura ainda mais moderna do que a que já tínhamos aqui. Temos uma agroindústria muito forte, aqui no nosso município, com aves e suínos, e estamos na expectativa da chegada de uma indústria de bovinos. Essa oportunidade de termos um prédio mais amplo e moderno, com a estrutura praticamente triplicada, vai propiciar uma mão de obra melhor qualificada, gerar mais oportunidades de empregos e, principalmente, aprimorar a produção das nossas indústrias”, afirmou. Bibliotecas - As bibliotecas da Indústria do Conhecimento do Sesi de Corguinho e Rochedo vão atender estudantes das redes pública e privada com cursos gratuitos de robótica, projetos de leitura, contação de histórias e cursos de inclusão digital, com foco no aprendizado de informática básica. A unidade de Corguinho fica na Rua 15 de Agosto, esquina com a Rua José Bonifácio, no centro, enquanto a de Rochedo fica na Rua Antônio Lúcio, s/n, no centro. Para o prefeito de Rochedo, Francisco de Paula Ribeiro Júnior, a biblioteca vai aprimorar o ensino dos alunos da rede municipal de ensino, além de abrir caminho para a atração de novas indústrias. “A biblioteca é de uma importância muito grande para os alunos do município de Rochedo, porque é por meio do conhecimento que as crianças podem vencer na vida, e se tornarem grandes profissionais. Outro ponto importante é conseguir capacitar a população de Rochedo e, assim, conseguir trazer mais indústrias e gerar empregos e oportunidades”, avaliou. Já a prefeita de Corguinho, Marcela Ribeiro Lopes, considerou a inauguração da biblioteca uma grande vitória para o município. “Estamos falando de um espaço tecnológico de conhecimento que vai atuar em parceria com a rede municipal e com os projetos de assistência social do município, como os voltados para a melhor idade, e também gerar mais oportunidades de emprego e renda para a nossa população, por meio dos cursos de qualificação profissional”, pontuou.
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QUANTO VOCÊ P A G O U ?
Fonte: Boletim de arrecadação de tributos estaduais - CONFAZ / Minstério da Economia. Elaboração: SFIEMS COEP
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A RT IG O
É PRECISO PLANEJAR A RETOMADA - ROB SON B RA GA DE ANDRADE Presidente da CNI
Está mais do que na hora de setores públicos e privados se unirem para elaborar um planejamento estratégico, com vistas a viabilizar uma retomada gradual das atividades produtivas, a partir do momento em que as autoridades sanitárias considerarem mais adequado e seguro. As medidas que têm sido implementadas pelo governo — várias delas sugeridas pela Indústria —, vem ajudando as empresas a suportar o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, incluindo a preservação de grande parte dos empregos. Entretanto, não podemos esperar de braços cruzados a hora da reativação da produção, sob pena de a volta às atividades ocorrer de maneira improvisada. É necessário que seja elaborado, urgentemente, um plano consistente, que projete cenários e preveja a realização de ações efetivas no pós-pandemia. Como os recursos privados serão limitados, em razão da brusca interrupção de empreendimentos comerciais e industriais, o Estado terá papel fundamental para uma retomada sustentável na economia. Nesse sentido, é urgente facilitar o acesso ao crédito, pois os recursos liberados pelo governo não estão chegando no caixa das empresas. O governo precisa, ainda, sinalizar como pretende criar as condições necessárias para aumentar a produção industrial, que, de acordo com o IBGE, acumulou uma queda de 26% em março e abril. Recente pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que apenas 13% das empresas do setor não sentiram efeitos econômicos negativos da pandemia, enquanto 84% foram prejudicadas. Para fazer frente a esse desafio, consideramos que as iniciativas governamentais deverão priorizar o reaquecimento do setor de construção civil; a atração de investimentos em infraestrutura, em especial com concessões na área de
transportes; a implementação do novo marco legal do saneamento básico, aprovado recentemente pelo Congresso Nacional; e a expansão do setor elétrico. A mobilização das cadeias produtivas desses e de outros setores, no cenário da severa recessão que se anuncia, será essen¬cial para a sobrevivência das empresas e, por consequência, para a preservação de empregos. Em todas as épocas, sobretudo em períodos de crise, deve-se adotar uma atitude pragmática. Por isso, agora mais do que nunca, não há vantagem em se prender a conceitos absolutos de liberalismo ou estatismo. Sem a participação ativa do Estado, o Brasil e o mundo não conseguirão superar essa grave crise. Em grandes turbulências anteriores, instrumentos e recursos disponibilizados pelos governos foram imprescindíveis para que os países resgatassem o caminho da expansão. Foi assim na Grande Depressão de 1929, quando o governo do presidente americano Franklin Delano Roosevelt implementou o New Deal, ambicioso programa de medidas econômicas e sociais que viabilizou a recuperação da economia dos Estados Unidos e de outras nações afetadas. Processo semelhante ocorreu durante o caos financeiro iniciado em 2008, que levou bancos centrais dos principais países a injetar trilhões de dólares na economia global para minimizar o tamanho da queda das atividades econômicas. Naquela ocasião, mesmo o governo americano, acostumado a práticas mais liberais, deixou de lado vários tabus econômicos. Com aporte de recursos públicos, salvou da falência diversas instituições financeiras, seguradoras, companhias aéreas e mesmo segmentos da indústria, como o automotivo. No Brasil, para ajudar o país a enfrentar as consequências econômicas da atual pandemia, governo e Congresso já tomaram
duas medidas relevantes. A primeira foi o auxílio de 600 reais mensais para trabalhadores informais ou que perderam o emprego — o que está permitindo que as famílias mais pobres se sustentem. A outra foi o programa que autoriza empresas a fechar acordo com empregados para reduzir a jornada de trabalho, com diminuição proporcional no salário. A iniciativa preserva empregos e dá um alívio temporário ao caixa das empresas. No atual estágio, a indústria considera que, além da facilitação do acesso ao crédito, é necessário que o governo aja para melhorar as condições de financiamento emergencial para o capital de giro das empresas. Obrigadas a suspender suas atividades, em decorrência da pandemia e das restrições ao comércio, as indústrias tiveram uma queda drástica de receitas, que se mostram insuficientes para pagar despesas fixas, elevando a possibilidade de inadimplência. Essas medidas são essenciais para que os recursos cheguem a tempo de evitar a desestruturação maciça do setor produtivo nacional. O planejamento estratégico para a superação da crise deve prever ainda a retomada da agenda de reformas estruturais, especialmente a tributária, interrompida devido à eclosão da pandemia. Outras prioridades são a reestruturação do setor elétrico, a atualização de normas para o licenciamento ambiental e o aumento de investimentos em tecnologia e inovação. O combate à insegurança jurídica também é crucial para a recuperação dos investimentos, em particular os estrangeiros; a formação de um ambiente mais propício para negócios; e o aumento da competitividade do país com relação a outras economias. Caso não tome essas providências, o Brasil poderá ficar a reboque na nova ordem mundial que, certamente, emergirá no póspandemia.
O conteúdo publicado nesta página é de inteira responsabilidade do autor e as opiniões no texto não representam o posicionamento do Sistema Fiems 62 •
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