Revista on ed23

Page 1

revistaon.com.br

1


2

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

3


4

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

5


6

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

7


#23 Editorial Patrono da educação brasileira, o educador Paulo Freire escreveu, em uma de suas obras, que, “se a educação, sozinha, não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Em um momento que a sociedade busca mudanças em diversas áreas, a educação torna-se fundamental para construção de uma base que proporcione alcançar os objetivos. Investir na educação, embora pareça clichê, é investir no futuro. E, para atingir qualquer mudança, é necessário ter um ponto de partida. Na região, a transformação já começou. O maior resultado das mudanças está no município de Comendador Levy Gasparian, que apareceu em destaque no Estado do Rio de Janeiro e surpreendeu grandes municípios ao ter sua educação básica como a melhor segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Na matéria de capa, o prefeito, Claudio Mannarino, e a equipe da rede municipal de ensino explicam o passo a passo do sucesso no setor e como este avanço pode transformar toda a cidade. Em seguida, apresentamos bons exemplos executados em escolas de Três Rios, Paraíba do Sul e Areal, planejados por quem também acredita no poder de transformação a partir da educação e da própria transformação da educação. Reportagens que farão você acreditar que a sociedade pode ser muito melhor, do jeito que sempre sonhou. Ainda na edição #23, um dueto com dois ex-prefeitos de Três Rios, abordando a política em diferentes épocas e as experiências como governantes; entrevista com o juiz Eduardo Buzzinari Ribeiro de Sá que, entre outros temas, aborda a situação do processo da Santa Matilde; e o crescimento da demanda pelo profissional especializado em logística, campo em ampliação na região. Informação é cultura, conhecimento e educação. Vire a página e aproveite cada palavra! Boa leitura!

Índice GENTE 11 18 22 32 40 44

11

Carreira Dueto Entrevista Capa Educação Opinião

ECONOMIA&NEGÓCIOS

49

49 Turismo 56 Formação 62 Aconteceu

BEM-ESTAR

67

67 Esporte 81 Saúde

COOL 87 93 99 106 110 112 120

87

Cultura Música Moda Festas Coluna Social Viagem Sabores

Visite a loja da Fiobranco Editora. Compre ou assine sem sair de casa...

loja.fiobranco.com.br


67

32

49

revistaon.com.br

9


10

Revista On Outubro & Novembro


GENTE

BENEVENUTO STUDIOS

carreira 11 dueto 18 entrevista 22 capa 32 educação 40 opinião 44

CURVAS, BELEZA E MUITA ATITUDE POR TATILA NASCIMENTO SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

Fisioterapeuta, empresária, modelo e Miss Rio de Janeiro Plus Size 2014. Essa é Lívia Salomão, que se define como uma mulher muito bem resolvida. Com uma carreira solidificada no mercado, ela gostaria que todos conseguissem ser felizes, independente do número do manequim.

revistaon.com.br

11


ARQUIVO PESSOAL

GENTE CARREIRA

A

moda Plus Size está cada vez mais valorizada e uma representante trirriense faz parte deste universo e ganha destaque por todo o país. Nascida e criada em Três Rios, Lívia Salomão lembra que desde muito nova recebe elogios pelo rosto muito bonito. Conta que também sempre recebeu elogios pelas roupas que usa, mas afirma que não pensava em ser modelo, pois era tímida, apesar de gostar de tirar fotos. Ela explica que sempre esteve acima do peso. “Sempre fui grandona, nasci com quase cinco quilos. O meu biotipo é de uma mulher grande. Tenho o ombro e o quadril largos. Estou acima do peso, mas nada que prejudique minha saúde, eu me preocupo com ela. Não é porque estou acima do peso que vou ficar relaxada. Eu malho e estou sempre fazendo alguma atividade”. Graduada em fisioterapia, conta que a carreira de modelo começou de uma maneira inesperada. “Tudo começou em 2011, época que o universo Plus Size estava começando a ganhar uma visibilidade. Uma amiga, que morava em São Paulo, me inscreveu em um workshop voltado para autoestima e técnicas para desfilar. Ela me incentivou a ir e disse que eu iria gostar. Acabei indo e gostando bastante. Quando terminou, eles disseram que iriam escolher as 12 meninas mais bonitas de São Paulo para montar um calendário que sairia em uma revista. Eu não sabia que haveria esse concurso, mas acabei sendo uma das escolhidas. Nunca poderia imaginar que ganharia. Esse foi o pontapé inicial da minha carreira”. A amiga, Jeniffer Müller, relata que se sente feliz e lisonjeada por ter ajudado no momento de maior decisão na carreira de Lí-

“Sempre achei a Lívia minha amiga mais bonita e charmosa”, Jeniffer Müller

TRABALHOS Como modelo, Lívia faz fotos para catálogos de moda plus size 12

Revista On Outubro & Novembro

via. “Sempre achei a Lívia minha amiga mais bonita e charmosa. Sorriso lindo, curvas simétricas, simpática e tímida na medida certa. Achava que ela levava jeito se fosse incentivada. Na época, eu morava em São Paulo e comprei um book pela internet. Resolvi dar para ela, para incentivá-la, para levantar a autoestima. Coisa de amiga-irmã”, diz. O universo que até então se apresentava como algo distante passou a ser uma realidade na vida da fisioterapeuta. Lívia tinha o perfil que estavam precisando naquele momento e, por isso, começou a ser procurada. Além dos diversos trabalhos já realizados nas passarelas, editoriais e campanhas, Lívia já fez participações na televisão, como no programa “Hoje em Dia”, da Rede Record, com uma pauta sobre moda Plus Size. “Depois da participação no programa, começaram a surgir muitas coisas em relação a consultoria de moda. Muitas meninas vinham me perguntar sobre tendências, então resolvi criar uma página no Facebook para ter um contato melhor com as pessoas e sempre deixar dicas de moda”. Outro trabalho foi a participação na novela “Amor à Vida”, da Rede Globo. “No final da novela, houve uma seleção de modelos que estavam mais em ascensão naquele período. Fui


ARQUIVO PESSOAL

CONCURSO A trirriense participou do Miss Brasil Plus Size representando o Rio de Janeiro

selecionada, passei nos testes e gravei o final da novela. Foi ótimo, teve uma repercussão muito boa. Os produtores gostaram bastante de mim, até me incluíram em uma cena que não estava prevista. É outro universo que não imaginava”. Ela afirma que no segmento Plus Size existem outras atividades que podem ser feitas e cita que foi selecionada para ser a representante brasileira de uma revista eletrônica voltada para o setor e, uma vez por semana, posta textos e fotos sobre o que acontece no Brasil referente à moda Plus. Com a beleza e o destaque que passou a ter, Lívia foi convidada para participar do concurso Miss Brasil Plus Size 2014, representando o Estado do Rio de Janeiro. O evento aconteceu no mês de julho, em São José do Rio Preto. “Já havia sido convidada para participar em 2012, mas não pude ir. Neste ano, fui convidada novamente e fui eleita na seletiva estadual como a Miss Rio de Janeiro Plus Size 2014. Foi uma experiência diferente, bem legal. Nunca tinha imaginado participar de concursos. Quando você trabalha como modelo, precisa ter uma boa fotogenia, fazer uma variação de poses. Já quando você participa de um concurso de Miss,

revistaon.com.br

13


ADRIANA LÍBINI

BENEVENUTO STUDIOS

GENTE CARREIRA

o julgamento é diferente. Você é julgada pela desenvoltura, simpatia e beleza. São várias outras coisas envolvidas”. Um evento que Lívia destaca é o “Fashion Weekend Plus Size” que, segundo ela, é o maior no Brasil voltado para o Plus Size e já está na 10ª edição. “Desfilar na Fashion Weekend é algo diferente. É uma emoção maior. Você tem um público e você vê a reação das pessoas ao vivo. Quando você entra na passarela e as pessoas gostam, comentam na mesma hora. As pessoas pedem para tirar foto, dizem que se espelham em você, é onde temos aquele feedback do trabalho. As pessoas que te acompanham pela internet vão para te ver desfilar, fazem questão de falar com você depois. Que bom que eu estou inclusa nele, pois é um grupo seleto de meninas, fico feliz em já ter sido minha quarta participação”. Sobre a moda, ela não acredita na frase “você não pode usar isso”. Para Lívia, a moda é um estilo da pessoa. “Muitas meninas acham que, porque estão acima do peso, não podem usar isso ou aquilo. Você não precisa usar nada largo, mas não precisa usar muito colado também, pois marca demais as dobrinhas e não valoriza o corpo. Existem muitos clichês do que você pode ou não usar. Como, por exemplo, não poder usar estampa, ter que estar sempre de preto, mas isso é mito. Algumas vezes, determinada estampa não cai bem,

“O problema não é ser gordo ou magro, mas sim a cabeça da pessoa”, Lívia Salomão

mas não que seja proibido usar. O que existem são estampas muito abertas, que vão te realçar e te deixar maior. Se você tem o ombro mais largo, use uma calça estampada e blusa lisa. Com isso, você joga o foco para baixo. Mesma coisa sobre o quadril. Se tiver um quadril largo, use uma calça lisa e uma blusa com estampa. O bom senso conta bastante. Muitas vezes está na moda e a pessoa cisma em usar, mas não encontra o tamanho correto e acaba comprando um tamanho menor. E isso não vai ficar legal”, ensina. A modelo diz que a sociedade cobra que as pessoa sejam magras, mas não se preocupa se elas são felizes. “Vejo tanta gente preocupada com o que os outros vão dizer que deixam de viver muita coisa. O problema não é ser gordo ou magro, mas sim a cabeça da pessoa. Gostaria que as pessoas fossem bem resolvidas como eu e que não deixassem com que a opinião dos outros as afetassem”. Aos 31 anos, sempre incentivar pela família e amigos, Lívia afirma que é muito bom trabalhar com moda, mas enfatiza que não é tão fácil como parece, é um trabalho que exige bastante disposição e persistência. Apaixonada pela fisioterapia, tenta conciliar a carreira, mas admite que, atualmente, dispõe de pouco tempo. “Consigo trabalhar um pouco, mas não como uma atividade fixa. A minha pretensão, hoje, é dar solidez ao meu lado empreendedor dentro do Plus Size e, junto, atuar na minha profissão”. Para isso, ela investe no e-commerce, em uma loja de roupas voltadas para o mundo Plus Size. “Quero solidificar minha loja e fechar cada vez mais trabalhos como modelo”, conclui. 14

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

15


16

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

17


GENTE DUETO

EX-PREFEITO WALDIR JOSÉ DE MEDEIROS Prefeito de Três Rios entre 1977 e 1982

18

Revista On Outubro & Novembro

N

asceu em agosto de 1934 e o local de nascimento é enredo de uma boa história: o parto aconteceu em Bemposta, que pertencia a Paraíba do Sul. O registro foi feito em Sapucaia. Mais tarde, Entre Rios foi emancipada e, em seguida, transformada em Três Rios. “Eu, que era sul-paraibano e sapucaiense, passei a ser entrerriense e me tornei trirriense. Nasci em quatro cidades”, brinca. Quando precisou escolher uma profissão, teve dúvidas. “Tenho o defeito de querer começar uma coisa antes de terminar outra. Frequentei várias faculdades e só terminei a de economia e finanças”. A entrada na política, que culminou com o cargo de prefeito de Três Rios, ele diz ter acontecido por acaso. “Eu não sou político, eu estive na política. Os verbos são muito diferentes”. Antes disso, trabalhou com automóveis, como empresário, e foi professor. “Tudo na minha vida foi por acidente. Durante o curso de contabilidade em Três Rios, comecei a dar aulas”, lembra. Sobre educação, aliás, Waldir diz que há uma confusão. “Temos o defeito de confundir instrução com educação. Educação é o que você tem em casa, vem do berço; o que você tem em escolas é instrução, é diferente”. Quando Samir Macedo Nasser assumiu a prefeitura, em 1973, Waldir foi chamado para ser secretário. “Ele não sabia em que área, mas queria que eu fosse secretário. A primeira coisa que encontramos na prefeitura foi uma desorganização na parte interna. Pedi para fechar a prefeitura por pelo menos uma semana para organizarmos e assim fizemos. A folha de pagamento tinha atrasos grandes. Passei a ser secretário de Planejamento e Coordenação”. Waldir Medeiros sucedeu Samir como chefe do Executivo. “Eram dois partidos, o MDB e o ARENA, e cada um podia ter três candidatos. Fui chamado para ajudar a compor a chapa e somar votos. Com o término da eleição, na divisão de votos, eu estava em primeiro lugar. Entrei na política dessa maneira”. Como prefeito, garante ter feito o que pode. “A obra mais cara foi a construção de quase 900 metros do muro da Beira Rio. Depois, o Alberto [Lavinas] assu-

miu e o José Francisco Sobrinho terminou. Aquela é, provavelmente, a obra mais cara que existe em Três Rios e ninguém sabe. Tem uma massa de compactação e aterro na Beiro Rio que nenhuma prefeitura do estado teria condições de fazer hoje. Deu trabalho e dei sorte. Nesse mesmo tempo estavam fazendo a BR 040 e conseguimos terra e pedra de lá”. Entre os feitos durante o mandato, ele também se orgulha por ter aberto a entrada da cidade e resolver um antigo problema na Curva da Biquinha. “Quando eu governei, o município tinha 594 km² de área. Eram 650 km de estradas vicinais. Cuidar de tudo era um desafio”. Além disso, ele comenta que o distrito industrial que funciona na BR-040 surgiu durante seu governo. “Ficou muito tempo parado e está sendo usado agora. Passo ali e fico com muita satisfação”. Após o mandato, voltou a participar da política municipal como secretário de Indústria e Comércio no governo de Luiz Carlos de Oliveira. Como prefeito, garante não ter feito tudo o que gostaria. “Eu saí com uma grande mágoa de não ter realizado um grande sonho. Queria criar uma companhia de tratamento de esgoto e não consegui. Não resolveria o problema do Brasil, mas resolveria uma parte dele”, explica. O ex-prefeito comenta que o desenvolvimento do município só é possível com a participação de todos. “O município não desenvolveu em função do A, do B ou do C. Todos contribuíram. Uns fizeram mais, outros menos. Muitas obras maravilhosas de hoje serão obsoletas amanhã. São épocas diferentes, não podemos comparar”. A maior lição sobre honestidade, ele aprendeu com o pai e não esquece. “Ele dizia que, ao morrer, se alguém disser que sua grande qualidade foi ser honesto, fique sabendo que você não teve qualidade alguma. Honestidade não é qualidade, é obrigação”, finaliza.

“Eu não sou político, eu estive na política. Os verbos são muito diferentes”, Waldir Medeiros


L

uiz Carlos nasceu no Rio de Janeiro, mas desde a infância frequenta o município de Três Rios. Cursou eletrotécnica e eletrônica básica, poderia ser engenheiro, mas decidiu construir carreira na medicina. Prestou vestibular para a Faculdade Nacional de Medicina, na capital do estado, mas cursou os primeiros anos da faculdade em Vitória, no Espírito Santo. “Um amigo tinha uma clínica e queria que eu fizesse ginecologia e obstetrícia para ficar com ela quando se aposentasse. Mas, quando fiz a cadeira de cardiologia, me apaixonei”, lembra. Com a medicina, atuou como professor auxiliar na universidade, em pronto-socorro e clínicas. “Estava no Rio bem instalado, mas recebi uma proposta irrecusável para trabalhar na Previdência Social em Três Rios. Trabalhei como substituto até o concurso, que aconteceu em 1976”. Enquanto isso, também montou o consultório que existe até hoje no município. Além da medicina, Luiz Carlos participou ativamente de veículos de comunicação, como jornais e rádios. A política surgiu uma década depois da chegada ao município. “Nunca pensei em ser político, não gostava de política, mas fiquei entusiasmado com Tancredo Neves, que dizia que o Brasil precisava crescer e isso seria possível com a participação de pessoas de bem. Assim comecei, não tinha partido, não tinha nada. Fui candidato duas vezes. Na primeira, fiquei em segundo lugar, concorri com Alberto Lavinas, muito forte, ele era um mito em Três Rios. Na segunda, quase perdi para o Celso [Jacob], que era do PDT, partido fortíssimo na cidade, o Brizola veio aqui. Ganhei com 279 votos de diferença”. Ele acredita ter sido eleito pelas amizades que construiu nos anos anteriores e pelo trabalho realizado. “Gastei muito pouco, não pedi dinheiro a ninguém. Saí da prefeitura mais pobre que entrei. Não levei um grampo, tive todas as contas aprovadas. Algumas pessoas podem até dizer que fui

“Nunca pensei em ser político, fiquei entusiasmado com Tancredo”, Luiz Carlos de Oliveira

POR FREDERICO NOGUEIRA

bom ou que fui mau, que poderia ter feito isso ou não feito aquilo, mas ninguém pode dizer que fui desonesto”, enfatiza. Luiz Carlos governou Três Rios entre 1993 e 1996, um dos períodos mais conturbados do país. “Não tinha dinheiro para nada. Além disso, ainda tive um problema muito sério porque Levy Gasparian e Areal foram emancipadas, perdemos 40% da arrecadação. Mesmo assim, embelezamos a Beira Rio, fizemos o anel viário, asfaltamos a Vila Isabel e outros bairros. E atravessamos o rio [Paraíba do Sul], fizemos o desenvolvimento da outra margem. Não fizemos mais porque não tinha investimento”, diz. Entre as ações como prefeito, ele destaca uma: “A que me enche muito de orgulho foi ter prestigiado os professores, dobrado o salário deles. Não conheço uma nação no mundo que cresceu sem prestigiar os professores. Eles são muito mal remunerados. Cuidar da educação não é só fazer bonitos colégios, mas o importante é dar condições financeiras para que o professor possa trabalhar tranquilo. Também tenho orgulho pelo que fizemos na área da saúde”, afirma. Com o fim do mandato, foi candidato a uma vaga na Alerj, mas abandonou a campanha por um problema de saúde. “Tenho um orgulho muito grande por ter sido prefeito da minha cidade, embora não queira repetir essa experiência. Acho que tudo na vida tem seu tempo e o meu na política já passou. Já tenho 65 anos, tenho mais 15 anos de vida útil, caso não aconteça nada de anormal. Nesse tempo, não quero assumir grandes compromissos. O que tinha que fazer como cidadão, considero que fiz”. Uma estação de tratamento de esgoto e uma usina de tratamento de lixo foram obras que Luiz Carlos gostaria de ter feito, mas a falta de verbas impediu. Na política, ela afirma que há honestidade, embora a maior parte dos exemplos mostre o contrário. “Para que o Brasil melhore, temos que melhorar como seres humanos. Temos que ser mais éticos. A grande maioria da população é honesta e trabalhadora, mas há uma parcela que não age desta forma. Quando você escolhe políticos, há os que agem corretamente e os que não agem”.

PADRE

EX-PREFEITO GERALDO LUIZ FERREIRA CARLOS DIAS DE OLIVEIRA Pároco da Paróquia de Prefeito de Três Rios Santa Luzia, no bairro entre 1993 e 1996 Vila Isabel, em Três Rios

revistaon.com.br

19


PUBLIEDITORIAL

É PRA FAZER A FESTA FOTOS DIVULGAÇÃO

Com mais de 15 mil produtos e um espaço exclusivo para artigos de festa, RR Doces se firma como uma das principais opções de compra da região.

U

ma infinidade de produtos. Preços que estão surpreendendo antigos e novos clientes. A nova unidade da RR Doces em Barão de Angra, inaugurada há pouco mais de um mês, já é um grande sucesso. Instalada em um galpão de 1.500 metros quadrados, às margens da rodovia BR 393, o empreendimento marca a consolidação da empresa como uma das mais respeitadas de todo o Centro-Sul Fluminense. A história da RR Doces começou em 2001 e se confunde com a da família Santos. O patriarca, Rafael dos Santos, atua há mais de 50 anos no comércio de varejo e atacado em Paraíba do Sul. Ao lado da esposa, Terezinha, e dos filhos,

NOVA UNIDADE O galpão tem 1.500 metros quadrados e fica às margens da BR 393

A nova RR Doces em Barão de Angra reúne mais de 15 mil itens Rafaela, Ramon e Roberta, ele fundou a primeira unidade da RR Doces, na época chamada Mundo Doce, no Centro de Paraíba do Sul. De lá para cá, foram anos de muito trabalho e dedicação intensa ao negócio. A primeira expansão aconteceu cinco anos após a fundação, em 2006, com a unidade de atacado no bairro Jatobá. Em 2009, com a abertura de duas lojas em Três Rios, veio a segunda expansão. E a terceira acontece agora, com a grandiosa unidade em Barão de Angra. A nova RR Doces, em Barão de Angra, reúne mais de 15 mil itens à venda, desde gêneros alimentícios a uma infinidade de produtos para festas. O objetivo, além de oferecer

INAUGURAÇÃO Família Santos corta a faixa na nova loja em Barão de Angra


CASAL Rafael e Terezinha Santos estão à frente do sucesso da marca

EQUIPE Profissionais capacitados oferecem bom atendimento e cursos de excelência

RAMON E RAFAEL DOS SANTOS Empreendedorismo que passa de pai para filho

PRODUTOS A nova unidade de Barão de Angra conta com mais de 15 mil itens à venda

VARIEDADE Mercadorias vão de gêneros alimentícios a uma infinidade de produtos para festas

OFERTAS RR Doces de Barão de Angra oferece promoções especiais todos os dias

A história da RR Doces começou em 2001 e se confunde com a da família Santos

uma maior variedade de produtos aos clientes, foi garantir o conforto, com muito mais espaço e um amplo estacionamento. Outra vantagem é o fácil acesso para os moradores de Três Rios e Paraíba do Sul. As novidades não param aí: o segundo piso abriga uma área

INÉDITO NA REGIÃO A RR Doces de Barão de Angra conta com um espaço exclusivo para artigos de festas

dedicada exclusivamente ao segmento de festas, com diversos artigos e um showroom que apresenta o trabalho das decoradoras e empresas da região. Para expor suas criações, basta agendar com a direção da RR Doces. Também no segundo andar, uma sala foi criada para a

ORGANIZAÇÃO São diversos materiais como copos, pratos, velas e artigos de decoração

realização de cursos de capacitação, oferecidos periodicamente e gratuitamente para clientes e parceiros da empresa. A RR Doces de Barão de Angra funciona às segundas, das 12h às 19h, e de terça a sábado, das 8h às 19h. A unidade aceita todos os cartões de crédito.

RR Doces Barão de Angra 24 2263-9072 Rodovia BR 393, Km 178 Barão de Angra - Paraíba do Sul - RJ facebook.com/rrdocesatacarejo


GENTE ENTREVISTA

“Lidamos com pessoas que estão no limite da paciência” POR FREDERICO NOGUEIRA FOTOS REVISTA ON

O juiz Eduardo Buzzinari encontra diariamente problemas de diversas origens a serem resolvidos com seu auxílio. Com a experiência, ele diz que as sentenças ficam mais próximas da justiça ideal. Titular da 1ª Vara da Comarca de Três Rios, ele também não tem dúvidas de que o processo da Companhia Industrial Santa Matilde é um dos maiores desafios da carreira.

E

duardo Buzzinari Ribeiro de Sá é juiz titular da 1ª Vara da Comarca de Três Rios desde fevereiro de 2011. Antes, foi delegado de polícia em um município de 6.000 habitantes em Minas Gerais e, como juiz, também atuou em Paraíba do Sul. Diariamente passam por ele processos de competências cível, criminal, fazendária, orfanológica, empresarial e registro público. E ele garante: embora seja uma profissão muito cobrada, tem satisfação pessoal quando elimina problemas na vida de outra pessoa. Por que escolheu o direito?

Fiz uma palestra há duas semanas para uma turma de colégio e falei que aos 16 ou 17 anos ainda é muito cedo para fazer uma escolha tão decisiva, que influencia até mesmo na sua felicidade. Antes de mim, um veterinário se apresentou e disse que desde criança já sabia o que seria e, quando fui falar, disse que acho legal quando a pessoa já nasce com um dom, mas é uma categoria muito privilegiada de pessoas. A maioria está cheia de dúvidas. Eu era assim. Não nasci juiz, advogado, nem voltado para cursar direito. Quando criança, queria ser super-herói. Houve até uma situação engraçada que pode ter influenciado nessa decisão. Eu morava no Rio e, passeando com a minha avó, ainda muito pequeno, passou um cara de terno e ela falou: ‘Dudu, por que você não faz direito para virar advogado? Você vai trabalhar de terno, todo bonito’. Eu lembro que fiquei com aquilo na cabeça. Na época de escolher uma carreira, pensei até em engenharia e administração. Optei pelo direito até por afinidade com as ciências humanas. E é uma coisa que sempre achei bacana, você tentar participar de fazer justiça. Sempre gostei da ideia de participar do processo de fazer a coisa certa, consertar um erro, resolver um problema, colocar as coisas nos devidos lugares. Isso é o que sempre me atraiu no direito. A família já tinha alguém na área?

Para não falar que não tinha ninguém, tenho uma prima distante formada em direito, mas que nuca exerceu. Na faculdade, o pessoal até falava que, como não tinha advogado na família, seria difícil abrir um escritório do nada. Formei em 2001 e o 22

Revista On Outubro & Novembro


concurso público já era um filão bem atraente, não tanto como hoje. Se fosse chutar uma estatística, acho que 90% dos que entram na faculdade de direito, hoje, querem concurso público. É reflexo da estabilidade, bons salários e não tem a preocupação em buscar clientes, basta entrar com sua força de trabalho e seu comprometimento. Eu já entrei na faculdade pensando em alguma carreira pública. Como foi o período do término do curso até alcançar o cargo de juiz?

Advoguei muito pouco depois de formado, quatro meses. Ainda em 2001 fiz um concurso para delegado de polícia e passei em primeiro lugar, em Minas. Trabalhei por quatro anos e meio como delegado. Durante esse período, tentava outros concursos. Meu sonho era ser promotor de justiça ou juiz e, na minha cabeça, eu seria delegado, promotor e juiz, nessa ordem. Para o Ministério Público, tentei pelo menos quatro vezes e não consegui. Para juiz, consegui ser aprovado no primeiro que tentei. E, como foi no meu estado de origem, o Rio de Janeiro, a alegria foi ainda maior. Comecei até a acreditar em destino. O concurso é muito difícil, mas a tendência é democratizar cada vez mais o acesso. Antigamente, era indicação, então, o concurso público já foi uma vitória, já democratizou o acesso. O processo ainda não é perfeito, é um critério que mistura mérito com sorte. Se tiver uma pergunta de um assunto que o candidato domina muito, ele se dá bem, mas pode ser um assunto que não domina tanto, e no direito é impossível conhecer tudo. O concurso é democrático, uma pessoa entra no serviço público por mérito e, por mais difícil que seja para uma pessoa, existe uma chance. O aprendizado do dia a dia já é maior que o da graduação?

A faculdade dá o ensinamento técnico, mas a prática dá experiência. No julgamento, é mais ou menos um raciocínio de lógica, com premissa maior, premissa menor e a conclusão. Por exemplo, você tem a lei e tem um crime de homicídio. Matar alguém é crime e você tem uma pena de seis a vinte anos. Essa é a premissa maior, a regra geral. Aconteceu, no mundo dos fatos, que uma pessoa matou a outra e, então você pega isso que aconteceu, encaixa na norma e vai

ter a conclusão, a sentença. A lei diz que a sentença da pessoa é de tantos a tantos anos de reclusão, você vai fazer um encaixe, adequar o fato à norma e tirar uma sentença, dosar a pena de acordo com os critérios legais. Esse é o ensinamento da faculdade. Mas, para aquela norma se transformar em uma sentença material, você tem uma série de variáveis e, conforme você avança na profissão, vai fazendo uma adequação mais perfeita, chegando mais próximo da justiça. Conforme se torna um juiz mais experiente, essa adequação vai ficando mais perfeita, é como lapidar um diamante. Isso acontece em qualquer causa do direito. Em uma causa cível, de dano moral, como em um caso de erro médico, por exemplo. Uma parturiente chegou ao setor de emergência e o médico não quis fazer a cesariana, disse que o indicado era o parto normal. Isso acontece demais aqui em Três Rios. Depois, acaba que ela perde a criança, faz uma perícia e descobre que o indicado naquele caso era uma cesariana, ou seja, o médico tomou uma decisão errada. Você terá que condenar o hospital a pagar um dano moral para aquela pessoa porque não tem como resgatar a vida que foi perdida. Então, tem que dar um valor em dinheiro para aquela vida humana que se perdeu. Eu acho que é nessa área que a experiência do juiz conta muito. Com o avançar da profissão, você consegue fazer com que a sua sentença seja o mais próximo possível da justiça ideal. No direito, cada caso é totalmente diferente de outro, ainda que, por exemplo, sejam dois processos com o mesmo erro médico?

Com certeza. O direito não é matemática, as pessoas são completamente diferentes. O direito não é uma linha de produção. Cada processo é um processo totalmente diferente do outro, com suas particularidades. Vamos pegar esse exemplo da parturiente. Uma parturiente que está no segundo mês de gestação e outra que está no oitavo não têm o mesmo dano moral. A que está no oitavo mês de gestação tem tudo comprado, o quarto do neném está pronto, já tem nome, berço, fez chá de fraldas, a família sabe, os amigos sabem, já apareceu em ultrassons e a mãe conversa com a criança. Enquanto a que está no segunrevistaon.com.br

23


GENTE ENTREVISTA

do mês de gestação ainda está no início, não tem nome, não sabe o sexo, pode nem ter espalhado a notícia. O fato é o mesmo, mas não têm o mesmo dano moral. O da que está no oitavo mês é muito maior que o da que estava no segundo. Nos processos criminais, por exemplo, nunca dois furtos vão ser iguais. Cada caso tem que ser examinado com suas particularidades. Nossa matéria prima é a vida humana, são os acontecimentos da sociedade, e dificilmente temos dois fatos iguais. Por não ser uma linha de produção, os processos demoram a ter um fim...

É um dilema no direito. A sociedade, de uma maneira em geral, e com razão, cobra cada vez mais a celeridade. A nossa Justiça, brasileira, que é a que conheço, é muito lenta. Quando um processo consegue ser resolvido com um ano é uma vitória. O processo é lento por várias razões. Por exemplo, no caso de usucapião depende mais da parte que do juiz, porque tem que juntar muitos documentos, intimar muitas testemunhas, são passos burocráticos. E, às vezes, é uma parte carente que, quando precisa da planta de um imóvel, procura a prefeitura para disponibilizar um engenheiro e, com isso, espera dois anos para conseguir essa planta. Nem sempre é culpa da Justiça. As próprias circunstâncias da vida fazem com que o processo caminhe devagar. Sem contar que a nossa legislação é uma teia de recursos. Um advogado ardiloso consegue arrastar um processo por anos, ele aproveita a morosidade da Justiça e aproveita que o sistema processual brasileiro dá uma série de recursos, então consegue arrastar um processo por anos. Todas essas circunstâncias caem no colo da Justiça e, por consequência, do juiz. A Justiça leva na sua conta muitas coisas que, às vezes, nem é culpa dela. Somos cobrados a trabalhar com cada vez mais celeridade. O grande dilema do direito na atualidade é trabalhar com quantidade e qualidade. De um lado, temos a quantidade absurda de processos, as prateleiras dos tribunais abarrotadas. A cada ano a quantidade é maior, fruto da conscien24

Revista On Outubro & Novembro

tização das pessoas. Do outro lado da moeda temos a qualidade do serviço, que é tentar, daqueles processos, extrair sentenças justas e que resolvam os problemas com qualidade. A sociedade cobra com razão, porque a Justiça tem que ser rápida. Não adianta ser perfeita, mas demorar dez anos para sair uma sentença. Então, temos que ser rápidos e fazer um trabalho de qualidade. Esse número enorme de processos é necessário? Alguns não poderiam ser resolvidos sem participação da Justiça?

Na maioria das vezes os processos são necessários. Existem os que são desnecessários, aventuras jurídicas, com pessoas querendo se dar bem, achando que vão ganhar dinheiro fácil, mas são pouquíssimos, como uma pessoa que pensa em escorregar em uma lanchonete para entrar com uma ação e achar que vai ganhar milhões. Tem coisas que são absurdas, você não pode entender que isso seja sério. E aquilo mobiliza a Justiça, é um processo como os outros, vai levar um ano para ser resolvido e toma tempo de outra situação séria que podia ser resolvida. Também há casos em que a pessoa tem o direito, mas é um direito muito pequeno. Por exemplo, a caixa de supermercado deixou de dar o troco de dois centavos para a pessoa. Acontece, é errado e ela entra na Justiça por dois centavos. Ela tem o direito? Tem. Mas vale à pena movimentar todo um mecanismo judiciário para isso? Não vale o papel daquele processo. E o processo vai até o fim, o supermercado é condenado a pagar dois centavos. Mas, na maioria das vezes o número de processos é necessário. Quando a pessoa chega a entrar na Justiça é porque já tentou resolver o problema de todas as maneiras possíveis, usou todos os recursos que dispunha e não conseguiu. A regra é essa, lidamos com problemas sérios, graves. O comportamento padrão é esse: você tem um problema, tenta resolver de todas as maneiras amigáveis possíveis e, quando chega a entrar na Justiça, é porque todas as maneiras possíveis foram esgotadas.


Órgãos como o Procon ajudam a evitar que mais processo cheguem?

Ajudam. Muitas pessoas procuram o Procon, ele notifica o fornecedor de um produto com defeito, por exemplo, para comparecer a uma espécie de audiência e tentam fazer uma conciliação. Na maioria das vezes consegue. Desafoga bem. Todas as tentativas de mediação, conciliação, são muito válidas. Mas nem tudo as pessoas conseguem resolver sozinhas. Então, quando o problema chega à Justiça, é porque já está no último grau. É o que torna nosso trabalho estressante, lidamos com pessoas que estão no limite da tensão, da paciência, com os nervos à flor da pele. É comum ver pessoas descontroladas, chorando, tentando se agredir nas audiências. Não é atitude de desrespeito à Justiça, mas uma atitude de desespero, um problema que está crescendo. Minha Vara não tem a competência de Família, mas já lidei muito com isso e disputas de guarda são muitas vezes traumáticas quando tem um pai participativo que quer ficar com a criança. O papel de todo juiz é tentar pacificar de uma maneira amigável. Quando duas pessoas moram na mesma cidade e têm uma maturidade boa, é fácil, o filho fica com a mãe, por exemplo, e o pai visita nos finais de semana, leva no colégio, enfim, tem como criar mecanismos para atender os dois interessados. Mas já tive caso da mãe que iria morar no exterior, o pai ficaria no Brasil e os dois queriam a guarda dos filhos. Como conciliar uma situação assim? Nem sempre fazer um acordo depende da habilidade do juiz. O juiz pode ser extremamente habilidoso, mas a própria situação não deixa alternativa para fazer um acordo razoável, então você tem que decidir questões dificílimas. Já consegue lidar bem com suas decisões?

Consigo. Conforme o tempo vai passando, a própria experiência te ajuda a produzir sentenças melhores e a lidar melhor com essas situações. A primeira vez que você vê a mãe de um preso chorando na sua frente, toca seu

coração, você é um ser humano, aquilo te sensibiliza. Mas, com o passar do tempo, a pessoa vai embrutecendo, porque seu julgamento tem que ser técnico e não emotivo. Então, acaba que a própria profissão leva a formar uma blindagem contra apelos emocionais. De tanto ver uma mãe de preso chorando na sua frente, com o tempo aquilo se torna uma parte de um cenário. Não que você vá se tornar uma pessoa totalmente embrutecida, um coração de pedra. Se você se afastar desse lado, também não consegue ser um bom juiz, mas precisa se blindar daquilo. O desafio é sempre encontrar um equilíbrio, não se afastar tanto do seu lado emocional a ponto de perder o lado humano e não se deixar influenciar pelo lado emotivo. Lidamos com pessoas no limite do desespero, como falei, que chegam com o emocional abalado. São pessoas com dívidas até o pescoço que podem perder o patrimônio, famílias que estão com um parente preso e querem que seja libertado, casal que se separa e precisa decidir com quem a criança fica... Sem contar alguns problemas fora do normal, como a Santa Matilde, que você tem que lidar com uma gama imensa de interesses, mais de 2.000 trabalhadores e todas as suas famílias, pessoas que já faleceram, tentar conciliar os interesses. E você tenta fazer tudo da maneira mais ágil, mas encontra entraves. Eu tive muita dificuldade com o processo da Santa Matilde, em particular, quando cheguei a Três Rios porque o primeiro impacto dos trabalhadores era como se eu fosse um inimigo deles e, com o tempo, consegui mudar essa visão. Nem sempre depende de mim. Um processo como o da Santa Matilde tem interesses fazendários, INSS, previdência, fazenda nacional, créditos tributários, credores diversos... A engrenagem tem que funcionar igual um relógio para chegarmos ao pagamento. Se uma pessoa recorre, para tudo. Agora [início de setembro] acabou de voltar dos tribunais superiores e acredito que estamos começando a ver a luz no fim do túnel. revistaon.com.br

25


GENTE ENTREVISTA

Falando da Companhia Santa Matilde, como foi chegar ao fórum e encontrar esse processo que envolve tantas pessoas e histórias?

Se eu tivesse que escolher o maior desafio da minha carreira, não tenho a menor dúvida de que é a Santa Matilde. Eu vim para Três Rios em substituição ao Dr. Amadeu, que era o juiz responsável pelo processo. Então, peguei o processo em andamento e em ponto de ebulição. Foram manifestações de trabalhadores até muito hostis na frente do fórum e uma desconfiança muito grande sobre o papel da Justiça. Diziam que o dinheiro tinha sumido. A primeira reunião que fiz, tive que encerrar porque um representante insistia que o dinheiro tinha sumido, que eu, um juiz anterior ou alguém havia levado embora. A profissão de juiz tem esse lado de sofrer muitas acusações injustas, até por conta desse histórico de corrupção e desconfiança das instituições brasileiras que o povo brasileiro tem. E não está errado, tem motivo para isso. O povo brasileiro é muito calejado de escândalos, maus gestores públicos, então, a administração pública tem essa imagem totalmente desgastada junto à população e essa desconfiança respinga em todos os setores públicos. O judiciário ainda é um dos setores em que as pessoas mais confiam. Não que seja completamente isento de pessoas desonestas, mas a própria Justiça afasta. Em qualquer barril de frutas vai ter uma maçã podre, são seres humanos. Na Justiça não é diferente, há juízes corruptos e temos que afastar. Quanto maior o cargo que as pessoas ocupam, maior o estrago. Um juiz desonesto causa um estrago muito maior que um policial desonesto, um funcionário dos Correios desonesto. Não que um seja melhor que o outro, mas dependendo do poder que aquela pessoa tem nas mãos, o estrago de uma falta de ética é muito maior, o estrago social é muito maior. Imagina sumir com o dinheiro da Santa Matilde? O juiz enfrenta essa dificuldade e não é só no caso da Santa Matilde, como em muitos outros. É difícil a pessoa ter a consciência de maturidade de que, às vezes, ela não tem razão. Um processo judicial nunca termina empatado, a não ser que exista um acordo, que depende das partes e não do juiz. Um processo judicial sempre tem um ganhador e um per26

Revista On Outubro & Novembro

dedor. A parte que vencer vai achar que o juiz é a pessoa mais honesta e competente do mundo. A parte que perder dificilmente vai ter esse grau de maturidade de que ela não tinha razão ou direito naquela situação. O que foi feito para mudar o cenário encontrado no caso da Santa Matilde?

A minha primeira providência, que não foi da noite para o dia, foi tentar trazer os trabalhadores para perto do processo, tentar fazer os trabalhadores participarem. Hoje, atendo qualquer trabalhador que chegar aqui, a qualquer hora, só se estiver uma audiência peço para esperar. Tem uma comissão formal que vem aqui com frequência e conheço cada um por nome. Trouxe os trabalhadores para dentro do processo e não sonego informações. Um exemplo é o saldo da Santa Matilde, que está em pouco mais de R$ 33 milhões. É uma conta do Banco do Brasil totalmente pública, qualquer pessoa que vier perguntar o valor, mostro o extrato. Nenhum centavo sai de lá sem que passe pelo administrador judicial, pelo Ministério Público e pelo juiz. Não tem possibilidade de algum dinheiro sumir. O que tentamos fazer é achar a melhor forma de distribuir esse dinheiro entre os trabalhadores. Agora que o processo voltou, vejo uma luz no fim do túnel. Se um trabalhador recorre, para tudo novamente. Já houve dezenas de reuniões. No leilão do Parque Industrial de Conselheiro Lafaiete, fizemos uma audiência pública e consultei os trabalhadores se achavam viável aceitar o valor oferecido ou recusar e tentar um novo leilão. Era a chance de vender e entrar R$ 9 milhões na conta da Santa Matilde. Eles chegaram à conclusão de que era melhor vender. Tive esse respaldo dos trabalhadores, tomei uma decisão em conjunto com eles. Alguma área do direito te agrada mais e outra menos?

Confesso que o que me atrai mais é a área criminal, tanto que fui delegado de polícia. É mais empolgante. Mas gosto de tudo, até porque o juiz não pode optar por fazer só uma área como o advogado. Eu tenho que fazer tudo. Posso detestar falência, mas preciso fazer. Aliás, é difícil achar uma pessoa que goste de um processo fali-


mentar, é extremamente burocrático, difícil, complicado, cheio de coisas dificílimas de resolver, mas tem que fazer. Leva trabalho para casa?

Direto. É impossível dissociar uma coisa da outra. Não tem como, na sexta à tarde, parar de pensar em um problema e voltar a pensar na segunda-feira. Com o passar do tempo, você até faz uma blindagem, consegue pensar em outras coisas, mas nem sempre é possível. Tem coisas que extrapolam, processos que você não consegue se desligar, decisões que acaba levando para casa. Uma vez que tive que decidir sobre um aborto de um feto com Síndrome de Body Stalk, raríssima, que o feto não tinha nenhuma possibilidade de vida extrauterina, iria nascer e morrer, era 100% certo. E é aquela polêmica. O aborto que a lei permite é aquele que pode ser feito para salvar a vida da gestante, que não era o caso, ou o aborto sentimental, em caso de estupro. Mas em casos de fetos anencéfalos ou dessa síndrome raríssima, não tem apoio legal, é uma construção judiciária. Um caso como esse não tem como parar de pensar, é uma sentença de morte. Havia laudos extremamente contundentes, até da Fiocruz, muito confiáveis, farta documentação. A gestante estava pedindo autorização para abortar e a própria Fiocruz daria o apoio à mulher. É uma decisão, é uma canetada? É, mas não tem como deixar de pensar nisso. Tem casos e casos. Vou deixar aquela pessoa carregar o feto por mais alguns meses sabendo que vai morrer? Nem sempre você decide entre o preto e o branco, tem muitos casos que estão na zona cinzenta. O aborto e a legalização das drogas, aliás, são temas sempre presentes em debates entre políticos. Esses casos também precisam de um debate com a população?

Com certeza. As leis são feitas para a população. Tive um professor que sempre falava que o direito foi feito para o homem e não o homem para o direito. Se existe uma norma que as pessoas não se adequam, o que tem que mudar não são as pessoas, mas a norma. Se há uma lei e ela é um transtorno, o que tem que

mudar não é o ser humano, mas a lei. Já aconteceu, na Rússia antiga, de ter lei proibindo homens de fazerem a barba. Tem como funcionar? Não tem. No Brasil, beber no dia da eleição é proibido. Para quê? Isso só serve para todo mundo beber escondido no balcão, colocar a bebida em latinha de refrigerante, beber em casa. É uma coisa que só contribui para o desprestígio da Justiça. São as pessoas que estão erradas? Não, é a lei que está errada. Não é possível que todo mundo está fazendo o errado. O Brasil tem leis demais?

Sim, demais, é até uma tradição jurídica nossa. Nossa tradição do direito vem do direito romano. Então, essa tradição é de muitas leis escritas, diferente da tradição anglo-saxônica, como Inglaterra e Estados Unidos, com poucas leis e os juízes com uma liberdade muito maior. Isso é bom? Se a lei for boa, não tem problema. É até bom porque você tosa um pouco a liberdade do juiz. Não acho que ter muitas leis seja ruim, desde que tenha a coragem de estar sempre adequando essas leis à realidade social e vemos muitos exemplos que não há adequação. A questão das drogas, na minha opinião, está em descompasso. É uma hipocrisia absurda, da qual participo porque sou juiz e preciso aplicar a lei do jeito que é feita. O juiz pode ter suas opiniões, mas enquanto a opinião dele não for uma lei, não pode aplicar. A questão das drogas é um flagrante descompasso. São décadas e décadas de repressão policial e judiciária e o resultado disso é corrupção policial, contrabando de armas, violência urbana, criação de redutos de paralegalidade nas favelas, milícia. O resultado disso é desastroso, é muito pior do que se não houvesse essa repressão policial e judiciária. Em contrapartida, qual o resultado disso? O consumo de drogas está diminuindo no Brasil? Não, pelo contrário, está aumentando e cada vez com drogas mais potentes. O crack, antigamente quase não víamos. Os processos de tráfico eram de maconha e, de vez em quando, cocaína. Agora é só crack, quase não vemos mais casos com maconha. revistaon.com.br

27


GENTE ENTREVISTA

O contato dos legisladores com o judiciário precisa ser maior?

Com certeza, e esse contato é praticamente nulo. Outra opinião muito particular, o legislador tinha que ter no mínimo uma formação para saber o que está fazendo lá. Você vê propostas de candidatos a deputados e senadores prometendo coisas que não têm nada a ver, não competem a eles, mas ao executivo. As leis são feitas no atropelo para atender reclames imediatos, apelos emocionais da população, sem o devido estudo, são leis completamente anacrônicas. E, depois, tudo cai no judiciário...

Sim, temos que aplicar. A nossa legislação antidrogas é um exemplo de anacronismo. Tínhamos o artigo 281 do Código Penal, que o traficante e usuário tinham a mesma pena. Veio a lei 3.638, que criou os famosos artigos 12 e 16, e fez uma distinção entre traficante e usuário, com o primeiro com pena bem maior e o segundo com pena bem menor. Para mim, sempre foi uma discriminação mais social e econômica que tudo. Chegamos à atual lei antidrogas em que ao tráfico é combinada uma pena altíssima de reclusão, privação da liberdade, e o uso virou um indiferente penal, porque não há pena de prisão, a pena é de prestação e serviços à comunidade, nem é considerado crime. É uma legislação completamente anacrônica. Ainda que eu entenda que a droga tem que ser reprimida pela polícia e pela Justiça, não vejo o menor sentido em você condenar o traficante e isentar o usuário. São duas faces da mesma moeda, um não existe sem o outro. Ou você pune os dois com o mesmo rigor ou não pune nada, descriminaliza, que é, particularmente, a minha opção. Passamos a mão na cabeça do usuário e jogamos o traficante na prisão, com todos os rigores da lei. Para mim, é só uma discriminação social, porque o traficante é o cara da favela, o pobre, e o usuário é o playboyzinho, que pode ser um parente nosso e não queremos que os rigores da lei caiam sobre eles. Quando defendo a descriminalização, não acho que o Estado tem que fechar os olhos completamente para as questões das drogas, só acho que ele tem que abandonar as posturas repressivas e investir em posturas preventivas e terapêuticas, como faz com o cigarro. Conscientizar as pessoas de que 28

Revista On Outubro & Novembro

usar drogas não é legal. Hoje, se você tiver uma pessoa dependente de crack na sua casa e quiser internar, é dificílimo. Ou vai pagar caríssimo ou ter muita dificuldade para uma vaga pública. Então, por que não pegar o dinheiro que é usado na repressão e utilizar em medidas terapêuticas e preventivas? Você tenta recuperar quem quer ser recuperado, porque quem quer usar drogas vai usar, independente de ser permitido ou proibido. O Código Penal não é um cardápio onde a pessoa abre e vê se é crime e qual é a pena. A pessoa que quer cometer um crime não se importa se é um crime ou qual é a pena. Por que o sistema prisional brasileiro tem tantos problemas?

A pena de prisão foi a situação menos pior que se conseguiu imaginar para punir uma prática criminal. Antes, tínhamos pena de morte, de mutilação, castração. Era o olho por olho, dente por dente, ou seja, as alternativas eram ainda piores. Quando a pena de prisão surgiu, ela já foi um avanço em relação ao que existia, mas também tem suas deficiências. Há pessoas que passam pelo sistema carcerário e se recuperam, mas não é regra. Elas são jogadas em um ambiente de promiscuidade sexual, de violência, falta de higiene, sem o mínimo de condições humanas. Geralmente a pessoa sai pior do que entrou. Tanto que a tendência, agora, é buscar medidas descarceirizadoras, tentar aplicar medidas alternativas, substituir a pena de prisão por pena de prestação de serviços à comunidade, prestação pecuniária. Mas tem que ser aplicada com muita parcimônia para não virar sinônimo de impunidade, a pena precisa ser fiscalizada. É muito comum, ao substituir por pena de prestação de serviços, a pessoa pedir para substituir por pagamento de cestas básicas. Eu não substituo, indefiro todas. É muito simples pagar, vejo que é necessário que a pessoa, com a força de trabalho e seu tempo, pague a dívida com a comunidade. Ser pai transformou algum aspecto na vida profissional?

Acabei de ser pai de uma menininha linda, chamada Lara, e transforma sim. Antes, lidava com situações que não vivenciava. Já lidava com situações de direito de família, investigação de paternidade, ação de guarda, ação de alimen-

to. Ou, em um processo criminal, com mães de presos chorando. Essa questão da visita dos familiares acontece muito porque não temos carceragens aqui na comarca, o que acho ruim. Então, as pessoas aproveitam o dia da audiência para visitar o familiar. O Tribunal proíbe essa visita, já que na carceragem não pode entrar por questões óbvias de segurança, então, os familiares ficam no corredor e aproveitam o momento para verem o parente, terem um contato. Eu lidava com essas situações antes, imaginando o que era, agora sei na realidade o que é ser pai. Lidava com situações de paternidade com a visão de filho, agora lido com questões de paternidade com a visão de pai e isso é diferente. Ser juiz foi seu objetivo. Após alguns anos de atuação, vê que a escolha foi certa?

Com certeza. É uma profissão que, embora muito cobrada e estressante, ainda dá, em certos momentos, uma satisfação pessoal muito grande quando você consegue resolver um problema, fazer justiça, eliminar o problema da vida de uma pessoa. O juiz não gosta de condenar. Quando consigo pegar um processo como de um pequeno traficante, um iniciante, e consigo substituir a pena por prestação de serviços à comunidade, gosto de fazer em audiência, ver a família presente, o alívio, o sincero arrependimento da pessoa. Ou em um problema de família que você consegue reconciliar um casal, vizinhos que estavam em conflito há décadas e apertam as mãos na sua frente. Qual a orientação aos futuros juízes?

O pressuposto básico é honestidade, boa vontade e empenho, porque, hoje, acho que é mais importante do que os atributos intelectuais, que a capacidade intelectual da pessoa. Primeiro, tem que ter muita disposição para trabalhar, o trabalho não é leve, tem pressão. O principal é boa vontade e boa índole, com isso você consegue o resto. Claro que, para passar no concurso, tem que estudar muito, muitos anos de dedicação, mas ter bons princípios é fundamental. O que você não souber de questões técnicas, aprende. Mas a formação que traz de casa, de berço, isso você não aprende, tem que ter.


revistaon.com.br

29


30

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

31


GENTE CAPA

32

Revista On Outubro & Novembro


AULA DE EDUCAÇÃO POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS REVISTA ON

Com apenas 23 anos e pouco mais de 8.000 habitantes, Comendador Levy Gasparian tornou-se destaque ao ter sua educação básica apontada como a melhor entre os 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro. Tecnologia, formação de professores e mais atenção aos alunos fazem parte do processo de transformação da cidade que, segundo o prefeito, Claudio Mannarino, está apenas no começo.

A

rotina de um dos menores e mais novos municípios do Estado do Rio de Janeiro está diferente desde o mês de setembro. Comendador Levy Gasparian ganhou destaque nacional e passou a ser conhecida pelo ensino de qualidade oferecido na rede pública municipal, resultado de uma série de ações tomadas nos últimos anos. Gasparienses, em especial os mais jovens, em idade escolar, ainda se acostumam com a enxurrada de notícias positivas sobre o tema: o primeiro lugar entre os 92 municípios fluminenses no ranking do Ideb - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. O resultado foi uma surpresa apenas para quem não acompanha de perto o cotidiano da educação municipal. “No resultado de 2011, já estávamos em uma posição confortável, entre os primeiros. O resultado de 2013 surpreendeu o Estado, afinal, somos um município pequeno, novo e sem royalties do petróleo, mas com muita vontade de investir e transformar a educação. Tudo o que sonhamos,

desde que seja plausível, é possível realizar com determinação, transparência e fé”, garante Claudio Mannarino, prefeito de Levy Gasparian desde 2009. Criado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) em 2007, o Ideb é um indicador calculado a partir do fluxo escolar e das médias de desempenho dos alunos em avaliações (no caso dos municípios, a Prova Brasil). O objetivo do Ministério da Educação é que o Brasil alcance média 6.0 em 2021. Com o resultado divulgado referente ao ano de 2013, Levy Gasparian mostra que tem feito o dever de casa: alcançou média 6.5 nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º), nota já acima da meta do município para 2012, que é de 6.2. Como a equipe responsável pela educação municipal é basicamente a mesma de anos anteriores, o prefeito revela como ocorreram as mudanças que levaram o município ao destaque. “Faltava a valorização do ser humano, então investimos no aluno. Se ele tem um colégio revistaon.com.br

33


GENTE CAPA

com paredes sujas e cadeiras quebradas, entende que o município não tem interesse nele, portanto também não se interessa. Começamos a plantar a semente da mudança em 2009, com a construção de duas escolas e reforma das outras. Hoje temos horário integral, escolas com conforto para o aluno e merenda de qualidade. Já temos escolas climatizadas e com quadros interativos. No bairro Gulf, a escola não tem grades, mas vidros na fachada. Disseram que a população quebraria, mas o que acontece é o contrário, os alunos defendem o patrimônio. Se pudesse investir mais na educação, digo que já estaríamos entre os primeiros do país”, comenta Mannarino. Ana Paula Azevedo de Oliveira é a terceira titular da Secretaria de Educação do município desde 2009 e divide com os antecessores [os professores Vanessa Souza e Wellington Luis Soares] e toda a equipe o orgulho pelo desenvolvimento do setor. “Já estava na parte pedagógica da Secretaria há 12 anos, então acompanho esse processo muito de perto. Minha filha estuda em uma das escolas municipais, o que me aproxima ainda mais de outros pais”, comenta. Para Ana Paula, a infraestrutura das escolas, a formação dos profissionais e a atenção com cada aluno formam o conjunto responsável pelo sucesso. “Na parte pedagógica, ampliamos e investimos na formação dos professores. Todos recebem um planejamento das aulas, fazemos reuniões periódicas com as equipes pedagógicas de todas as escolas. Também começamos, este ano, uma proposta diferente, relacionada à Lei do Piso do Magistério, em que eles têm um tempo, dentro do horário de trabalho, para planejamento de aulas, correção de provas e formação”, diz. A secretária ainda aponta as aulas de reforço escolar e a equipe de psicopedagogia, esta em parceria com a Secretaria de Saúde, como fundamentais para o desenvolvimento da educação. O destaque no Ideb levou a primeira-dama do Estado, Maria Lúcia Cautiero Horta Jardim, a visitar o município no final de setembro para conhecer de perto as práticas adotadas. “Quando vemos um município como Levy Gasparian, pequeno, fazendo esforço e superando as dificul34

Revista On Outubro & Novembro

Levy Gasparian alcançou média 6.5 no IDEB dos anos iniciais do ensino fundamental

dades, não tem como deixar de vir abraçar pessoalmente. Vivemos em um país que a educação ainda não chegou onde precisa. Por entender as dificuldades dos municípios pequenos, que precisam cuidar de problemas como os grandes, com recursos menores, sei que a luta é grande”, declarou. Maria Lúcia conversou com diretoras das escolas e visitou dois colégios, entre eles o São João Batista, que teve a nota mais alta no município e uma das mais altas do Estado. “Juscelino Kubitschek dizia que, muitas vezes, o dinheiro não está no bolso, mas na cabeça. Ter muito dinheiro e não ter competência é a desgraça total no poder público, você começa a fazer coisas que não precisa e não cuida do essencial. Aqui em Levy houve uma aula de cidadania, porque cidadania é cuidar da educação. Quem tem educação aprende a cuidar da saúde, do meio ambiente, de tudo. Vocês estão dando um exemplo para o Brasil e para o mundo”, disse para a equipe. A Escola Municipal São João Ba-

ALUNOS A rede municipal de ensino de Levy Gasparian tem 1.500 crianças e jovens

tista, que já conta com lousas digitais nas salas de aula, obteve nota 6.9 nos primeiros anos do ensino fundamental, acima da meta para 2021 (6.0) e bastante superior ao índice de 2011 (5.4). Diretora da escola há 12 anos, Adriana Berião Fedócio afirma que já esperava um crescimento do índice, mas não imaginou que ganharia tamanho destaque. “Foi uma surpresa muito agradável. Isso transforma os alunos, eles ficam envaidecidos. Viram que conseguimos crescer e alcançar coisas estudando. Agora, temos que manter a nota ou aumentar, não pode cair”, comenta a diretora, que tem 610 alunos na escola, divididos em três turnos. “No Ideb dos anos finais, ainda estamos crescendo devagar, precisamos investir mais. São alunos que estão pensando em outras atividades e que os pais não acompanham tão de perto. Então, já estamos com este desafio”, acrescenta. A preocupação da diretora também é


DIVULGAÇÃO PMCLG

ANTES A E. M. Maria Serrat Soares, no bairro Gulf, tinha problemas estruturais em 2009

DEPOIS Com a reforma e ampliação, passou a ser modelo para todas as escolas da rede

FACHADA Alunos e comunidade cuidam da estrutura da escola

compartilhada com a secretária. “Nossa meta, além de manter o índice dos anos iniciais, é elevar o dos anos finais [em 2013 o índice foi de 4.0]. Elevar o índice dos anos finais é uma dificuldade de todos os municípios. Os alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental são adolescentes, e manter o foco deles é complicado, mas já estamos trabalhando”, afirma Ana Paula. “Começamos a investir em 2009 em uma educação e qualidade e os resultados começam a aparecer nos alunos que já entraram no sistema transformado. Era preciso iniciar”, diz o prefeito. Para Mannarino, também é

importante ressaltar a participação da família nos resultados da educação. “Falamos dos educadores, diretores e prefeito, mas foi fundamental a participação dos pais. Quanto maior o aluno, menor é a participação dos pais, e isso faz falta. Então vamos tentar nivelar esse aluno dos anos finais para que siga para uma graduação ou curso profissionalizante. Temos uma dispersão muito grande após o ensino médio, mesmo com cursos gratuitos”. O prefeito anuncia a chegada de cursos superiores gratuitos ao município. “Fizemos um convênio com a

Unigranrio e vamos ter cursos de graduação em Levy Gasparian a partir do ano que vem. Precisava ter, sendo que cidades próximas oferecem? Sim, o objetivo é que o aluno das fases iniciais veja pessoas estudando, conviva com essa realidade e busque aperfeiçoar o conhecimento e ter formação”, acredita. Para a coordenadora pedagógica Luciane Aparecida de Souza, é possível que os exemplos de Levy Gasparian sejam colocados em prática em outros municípios. “Temos uma equipe pequena na Secretaria de Educação, mas proporcional ao número de alunos que temos na rede. Tem que ter disposição. Em alguns municípios, há escolas com notas altas, mas, quando é feita a média, outras escolas puxam a nota para baixo”. Ela lembra que a educação no município já foi destaque no passado por outro motivo. “Antes, Levy era referência pelo salário dos professores, hoje é pela qualidade do ensino oferecido”, acrescenta. Sobre a valorização dos professores da rede municipal, Mannarino afirma que ainda pretende investir mais. “Os professores foram valorizados financeiramente em um governo anterior. Hoje, há uma valorização na formação deles, mas antes de deixar o governo tenho certeza que ainda vou conseguir investir mais. Aliás, ainda não investi no funcionalismo público municipal como gostaria ou como deveria, ainda não fiz o investimento que gostaria como servidor público. Vou fazer até o fim do mandato, é uma das últimas barreiras a serem ultrapassadas”, explica.

RECONHECIMENTO Diretoras das escolas municipais foram homenageadas pela secretária de Educação, Ana Paula Azevedo, e pelo prefeito, Claudio Mannarino

revistaon.com.br

35


GENTE CAPA

VISITA A primeira dama do Estado, Maria Lúcia Horta (esq.), conheceu de perto a rede municipal de educação

Educar e transformar Investir em educação significa transformar a sociedade, ainda que os resultados não sejam imediatos. “Em 2004, quando fui candidato pela primeira vez, comecei a campanha colhendo assinaturas de profissionais e da população para a instalação de uma faculdade em Levy Gasparian. Sempre achei que por meio da educação você alavanca a cidade. O município tem hoje a lei do incentivo fiscal, do ICMS de 2%, mas o empresário observa muitos fatores antes de optar por um município ou outro, como a qualidade da saúde e da educação. A única ferramenta que um administrador público tem para transformar a sociedade é a educação”, enfatiza o prefeito. Mannarino acredita que administrar um município pequeno, ao contrário do que aparenta, é mais difícil. “Falo sempre que as multas do Tribunal de Contas são do mesmo tamanho para todos os prefeitos. A quantidade de recursos que existe em uma cidade grande para tampar um buraco é bem maior que em uma cidade pequena e o asfalto custa o mesmo preço. O custo de uma lâmpada acesa em Levy é o mesmo de uma 36

Revista On Outubro & Novembro

cidade grande. Se fosse proporcional, seria ótimo, mas não é. A dificuldade é bem maior na hora de comprar o que é necessário e até de pedir no governo do Estado e em Brasília. O seu eleitorado é muito menor, logo, seu atrativo é menor. Por isso precisamos fazer malabarismo com o que temos”. Assim, a Prefeitura de Levy Gasparian também obtém bons resultados em áreas como a saúde e infraestrutura. “Em pleno século 21, tínhamos bairros sem água, a população precisava comprar água potável para beber. Nós conseguimos, mesmo com as dificuldades, levar água para os bairros”, exemplifica. Na saúde, ele revela que 25 mil pessoas são cadastradas e atendidas no município, um número aproximadamente três vezes maior que a população. “Com investimentos na saúde, o número de internações caiu entre 60% e 68%. Investimos na qualidade, no ser humano. Com essa redução de custos com internações, podemos investir em médicos especialistas”. O município faz parte de dois consórcios de saúde, um interestadual, com Minas Gerais, e outro estadual. A diferença entre os modelos, segundo o

prefeito, ainda é grande. “O consórcio com Minas tem funcionado muito bem, onde temos a Acispes (Agência de Cooperação Intermunicipal de Saúde Pé da Serra). As pessoas saem daqui com problemas de saúde e voltam maravilhadas com o atendimento e coma estrutura. Já o consórcio do nosso do estado, da nossa região, ainda falta investimento, mas acredito que isso vai mudar. Temos bons exemplos que podem ser seguidos, como a Acispes. A saúde no Brasil tem jeito”, acredita Mannarino que é favorável, ainda, a maiores investimentos na saúde básica pelos governos estadual e federal. Meio ambiente e esporte estão entre os próximos investimentos da Prefeitura. “Queremos investir em qualidade de vida, estamos vendo pastos e morros sem árvores plantadas. Todos os prefeitos começam a investir agora, mas já deveríamos ter investido, me coloco nesse meio dos que não investiram. Temos que correr atrás do tempo perdido. E investi pouco no esporte, o que também pretendo correr atrás. Esporte não é só criar quadra ou ginásios, tem que investir em bons profissionais, no material humano”, finaliza.


“Com a educação você cria um novo horizonte, passa a ter esperança”, Cláudio Mannarino

Cidadão, político e sonhador Nascido no Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 1954 [mas registrado cinco meses depois], filho de imigrantes italianos, Claudio Mannarino foi criado por outro casal a partir dos três anos de idade, em Três Rios. “O pessoal fala que pai é quem cria, mas devo muito aos dois pais e duas mães. Tive a sorte de ter conhecido as duas famílias”, diz. Com a nova família, do patriarca Altino Moreira, mudou-se para o então distrito de Levy Gasparian em 1969. Cursou engenharia, já escreveu histórias infantis, trabalhou no Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). A política surgiu cedo na vida de Claudio. “Quando era jovem, tinha um motivo para estar nas ruas, lutar por um Brasil melhor. Era o movimento contra a ditadura”. Seu primeiro partido foi o PT. “Para nós, estudantes, era uma referência, era um partido muito puro. Depois, ingressei no PTB. Levei meu pai de criação a entrar na política e fizemos, junto com a população de Levy, a emancipação da cidade”. Ficou afastado da política durante alguns anos, mas retornou com um propósito. “Mergulhei de cabeça para ser prefeito dessa cidade, afinal, ajudei a emancipar e achava que estava no caminho errado”. Foi candidato em 2004, mas só conseguiu ser eleito para o Executivo em 2008 [pelo PMDB]. “Ganhamos com uma diferença muito pequena e honramos todas as promessas. Em 2012, mais uma vez não usei a máquina política e fui reeleito”. Ele comenta que entrou na política para resolver problemas. “Achei que era muito mais fácil tampar um buraco ou fazer uma casa popular, mas não é. Escolhi caminhos difíceis, mas estou chegando onde quero. O Brasil tem jeito, mas precisa destruir a ganância e a vaidade dos políticos e tentar incluir um pouquinho de caráter em cada um”. Claudio cita o presidente do Uruguai, José Mujica, quando fala do poder da edu-

cação, inclusive para transformar a política. “Quando eleito, ele disse que investiria em educação, educação e educação, só assim a sociedade ficaria instruída para afastar corruptos e mentirosos do poder”, diz. Ativo na política, ele entende a desilusão popular. “Convido pessoas de bem para entrarem e elas pessoas não querem, dizem que há muita sujeira. Assim, se as pessoas de bem não entram para transformarem a política nojenta e suja, quem permanece são aqueles que fazem a política nojenta e suja. Com a educação você cria um novo horizonte, passa a ter esperança. Investindo na educação, vamos ter políticos de bom caráter, de boa visão, olhando o povo. A maioria dos políticos só quer saber do próprio umbigo”. Embora acompanhe de perto as mudanças na política nos últimos anos, ele afirma que não precisou se transformar. “Mas apanho muito por isso. A maioria dos políticos quer tirar proveito, pensa no próprio bolso. Alguns me chamam de bobo, mas prefiro ser assim. Sou um bobo feliz por ser um bom administrador”, declara. Quando pensa no futuro, Claudio Mannarino sonha com uma Levy Gasparian que não perca as características de cidade do interior. “Não quero o progresso a qualquer preço, que traga insegurança. Hoje, durmo de janela aberta, por exemplo. Tudo precisa ser harmonioso. Temos que criar uma situação que o progresso caminhe junto com a educação, modernidade, saúde e outras áreas. Tudo que tem harmonia é agradável, assim como a música”. Com mais dois anos como prefeito, ele não pretende dar sequência à vida política ao fim do mandato. “Quero criar meus dois filhos pequenos de forma diferente da que criei meus dois filhos maiores, mais próximo deles. Por todas as conquistas que tenho conseguido na minha cidade e por tudo que consegui na minha vida, posso dizer que sou um homem extremamente feliz. Talvez não agrade a todos, mas estou imensamente agradecido por mim”, finaliza. revistaon.com.br

37


38

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

39


GENTE EDUCAÇÃO

Quando a

escola vai além POR FREDERICO NOGUEIRA E TATILA NASCIMENTO

É possível aprender e ensinar mesmo sem papéis e canetas! Dentro ou fora das salas de aula, diretores e professores de escolas da região desenvolvem projetos que envolvem ainda mais os alunos com conteúdos da grade curricular. Além disso, atividades extras com o objetivo de integrar o corpo discente com a sociedade fazem parte da rotina de algumas escolas.

D

esenvolver a educação e transformar a sociedade. Enquanto Comendador Levy Gasparian ganhou destaque no ranking do Ideb, os outros municípios da região também estão em crescimento no índice. Areal, Três Rios e Paraíba do Sul também contam com escolas, professores e alunos que se destacam pelos bons exemplos em prol da educação. Se a imagem antiga das escolas mostrava apenas comportamentos rígidos e professores como 40

Revista On Outubro & Novembro

detentores de todo conhecimento, escolas destes municípios desenvolvem novos meios de ensinar e envolver todos os que fazem parte da escola, sempre com o objetivo de aprimorar o ensino e permitir o crescimento individual de cada aluno. Em Areal, o Ciep Vinte e Quatro de Novembro registrou o maior Ideb dos anos finais (4.6) e o segundo melhor dos anos iniciais (5.1) entre as escolas municipais. Com 555 alunos e 75 profissionais na equipe, a escola

desenvolveu, este ano, a III Feira de Conhecimentos, com o tema “Anos 60, juventude, ousadia e rebeldia”. Na feira, todas as turmas da escola desenvolveram um fato histórico ou cultural relativo à década de 60, como Jackson Five, Martin Luther King, a construção de Brasília, a Guerra do Vietnã e os movimentos pacifistas, a Jovem Guarda, o primeiro festival de MPB, o movimento hippie, a Tropicália, os Beatles, o Golpe Militar, entre outros. Segundo a diretora, Jaqueline Sá, a


CIEP VINTE E QUATRO DE NOVEMBRO

CIEP VINTE E QUATRO DE NOVEMBRO

AREAL O Tropicalismo foi um dos temas abordados na escola de Areal

JOVEM GUARDA O movimento foi um dos temas abordados no Ciep Vinte e Quatro de Novembro

feira acontece desde 2012 e rende frutos positivos na aprendizagem, no comprometimento e no comportamento dos alunos. “O projeto surgiu em 2011, quando a equipe de direção, juntamente com o corpo docente, percebeu que a escola não poderia limitar-se a quatro paredes de uma sala de aula, onde o professor é ‘dono’ do conhecimento e os alunos apenas ‘máquinas’ que o reproduzem sem questionamentos. A filosofia de trabalho do Ciep Vinte e Quatro de Novembro é dar suporte a seus alunos para que eles

ao longo do processo”, enfatiza. Em Três Rios, a Escola Municipal Américo Silva também proporciona aos alunos diversas atividades que fogem à clássica rotina escolar. Com isso, registrou nota 6.9 nos anos iniciais, o maior Ideb da rede municipal de Três Rios, acima da meta para 2021, e uma das notas mais altas do Estado. A diretora, Virgínia Maria de Figueiredo, lembra que a escola já tem um histórico de boas notas no indicador. “Desta vez tivemos uma diferença muito grande, pois houve um investimento da Secretaria de Educação, fora o reconhecimento do nosso trabalho. Estamos colhendo o que viemos plantando com projetos anteriores. É uma escola pública, mas fazemos questão que seja uma escola pública de qualidade. O aluno tem que sair da escola com as mesmas condições de um aluno da escola estadual ou particular. Cobramos muito, fazemos questão desde o uniforme até o dever de casa. Tenho a sensação de que estamos seguindo no caminho certo”, diz a diretora, que ainda enaltece a relação com os pais dos alunos como importante contribuição. Dança, teatro, cinema, coral e grêmio estudantil são algumas das atividades que o aluno pode realizar dentro da escola. A proximidade com o Asilo São Vicente de Paulo fez surgir o projeto Amigos do Asilo, que coloca jovens em contato com os idosos mensalmente, de diversas formas. O Disque Pilha e a campanha Eco óleo já fazem parte do cotidiano dos alunos, que ficam, com isso, envolvidos com questões relacionadas ao meio ambiente. “No Disque

“Percebemos que a escola não poderia limitar-se a quatro paredes de uma sala de aula”, Jaqueline Sá

se tornem pessoas mais críticas diante do mundo que os cerca”, explica. Jaqueline comenta que a equipe é estimulada a continuar o projeto pelos resultados vistos nos alunos. “Pudemos ver que alunos de sexto ano conduziam seu trabalho com a mesma maturidade de um aluno de nono ano. Testemunhamos que muitos alunos indiferentes aos conteúdos que lhes são impostos em sala de aula mostraram-se geniais quando fogem à rotina pedagógica. Ainda entendemos que muitos alunos rotulados como bagunceiros guardam dentro de si um enorme talento e, além disso, contemplamos os laços de amizades que se construíram

revistaon.com.br

41


E. M. AMÉRICO SILVA

GENTE EDUCAÇÃO

BEATLES A diretora Jaqueline Sá e o diretor adjunto Marcelo Monteiro com professores e alunos do Ciep Vinte e Quatro de Novembro

TRÊS RIOS O Disque Pilha é um dos projetos da Escola Municipal Américo Silva

Pilha, as pessoas ligam para a escola e dizem onde fica sua residência. O aluno que mora mais perto vai até o local e recolhe as pilhas, levando para a escola, onde ficam armazenadas e são encaminhadas para o descarte correto. Já no projeto de recolhimento do óleo usado, no início fazíamos sabão, mas, depois, passamos apenas a recolher e encaminhar para uma empresa responsável pela coleta correta”, explica Virgínia. Até mesmo mudanças simples são geram resultados, como a realizada na merenda. “Os pratos de alumínio foram substituídos por pratos de louça e, a colher, por garfo e faca. Cada criança passou a arrumar sua própria comida, evitando o desperdício”, finaliza. Pela terceira vez consecutiva, o Ciep

gressão no Ideb”, diz a diretora, Eunice Maria Da Conceição Silva. A escola desenvolve o projeto “Leitura escrita em todas as áreas” e, dentro dele, é trabalhado o subprojeto “Quem Sou Eu”. Há também o projeto Família na Escola e a Feira de Ciências. A diretora acrescenta que todos os alunos e professores são envolvidos nos projetos. Mesmo dentro da sala de aula, a escola desenvol-

“Integramos a matemática com o português, o aluno precisa interpretar para chegar aos resultados”,

CIEP VINTE E QUATRO DE NOVEMBRO

Haroldo Machado de Barros, em Paraíba do Sul, se destacou com o índice mais alto nos anos finais. Em 2013, a escola atingiu nota 4.6, já perto da meta de 2015. “Nossos professores são muito bons, desde a pré-escola. Não é um trabalho que está nas mãos somente dos professores do 9° ano, mas um trabalho que vem sendo realizado desde a pré-escola até o segundo segmento. A minha satisfação é muito grande, pois desde 2005 estamos em pro-

E. M. AMÉRICO SILVA

Eunice Maria da Conceição

HIPPIES Fatos históricos e culturais foram apresentados pelos alunos de Areal 42

Revista On Outubro & Novembro

GRÊMIO ESTUDANTIL Os alunos participam com frequência das atividades na escola trirriense


CIEP HAROLDO MACHADO DE BARROS

“É uma escola pública,mas fazemos questão que seja uma escola pública de qualidade”, Virgínia Figueiredo

MEIO AMBIENTE Alunos de Paraíba do Sul aprendem sobre sustentabilidade na escola

ve meios de transformar o ensino. É realizada a integração das disciplinas de português e matemática. “A matemática depende do português para o aluno interpretar. Atualmente, os problemas de matemática não são apenas dois mais dois, ele vem com uma parte de interpretação para o aluno chegar a um resultado”, diz a diretora. As três escolas são exemplos da nova educação, que conta com diversas outras instituições cheias de boas atitudes e iniciativas na região. Afinal, quando a escola vai além, a sociedade também vai além.

revistaon.com.br

43


GENTE OPINIÃO

O IPTU E OS MUNICÍPIOS DE NOSSA REGIÃO Tributar mais de quem pode mais e menos de quem pode menos POR ROBERTO WAGNER

O

IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) é um tributo previsto no art. 156, I da Constituição Federal. É competência dos municípios instituírem e cobrarem o IPTU. A despeito da elevada carga tributária brasileira (37,42% do PIB em 2013), a tributação sobre patrimônio (IPTU, IPVA, ITBI, etc.) corresponde a apenas 3,6% de toda arrecadação nacional de tributos. Há estudos que indicam que, na última década, a arrecadação municipal de IPTU no Estado do Rio de Janeiro vem caindo continuamente, segundo dados da CODIN (Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro) constantes no anuário “Finanças dos Municípios Fluminenses”, ano 5, 2012. Em 2011, o IPTU contribuiu com 6,5% do orçamento corrente das prefeituras e, em 2000, correspondia a 10,3% da arrecadação municipal. O IPTU vem encolhendo a tal ponto que, por exemplo, nos municípios do Estado do Paraná, o repasse de IPVA é maior que a arrecadação sobre imóveis em 90% das prefeituras. Não duvido que em nosso Estado os números também sejam estes. Até 1996, em números, o IPTU era o tributo patrimonial de maior arrecadação no país. De 1997 até hoje, o IPVA (imposto estadual) assumiu a dianteira e não mais perdeu o posto de número um. Em nossa região, segundo o anuário já citado, o ranking dos que mais arrecadam, comparado à receita líquida corrente, é o seguinte: 1º) Petrópolis, 7,4% da receita líquida municipal; 2º) Paraíba do Sul, 4,2%; 3º) Três Rios, 3,1%; 4º) Areal, 1,3%; 5º) Sapucaia, 0,9%; 6º) Comendador Levy Gasparian, 0,8%. O IPTU deve ser uma fonte importante de receita para os municípios de nossa região. Com os recursos advindos de sua arrecadação, ordena-se o solo urbano, cuida-se da limpeza pública e manutenção de logradouros, ou seja, pode ser visto como uma “taxa de condomí44

Revista On Outubro & Novembro

nio para manter a cidade”. Tenho um amigo que mora no Canadá e paga US$ 100 de IPVA e US$ 3.000 de IPTU. Por que no Brasil é o inverso? É que o IPTU é mais impopular que o IPVA, gera desgaste político para o mandatário local, dada a sua proximidade de agente político arrecadador com seu eleitor contribuinte. Sei que até mesmo este artigo será antipático ao leitor da On, perdoe-me, fala aqui o professor de direito tributário. Também é verdade que a administração do IPTU é relativamente custosa para as pequenas cidades, haja vista a necessidade de manutenção de cadastros imobiliários atualizados e com bom grau de cobertura, já que a base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel (leia-se: valor de mercado), e o ônus de apurá-lo é da Secretaria Municipal de Fazenda, e não do contribuinte. Só se pode evoluir com o IPTU em nossa região se os municípios tiverem dois instrumentos de controle: Cadastro Imobiliário (CI) e Planta Genérica de Valores (PGV), ambos atualizados. O primeiro identifica o contribuinte e as características do imóvel; e o segundo informa o valor do metro quadrado onde estão inseridos os imóveis da cidade e será usado como base de cálculo do IPTU. Com esses dados atualizados em mãos, os prefeitos podem adotar a tão sonhada progressividade no IPTU, tributar mais de quem pode mais e menos de quem pode menos. Em nosso Estado, os municípios que mais arrecadam IPTU são, pela ordem, Rio de Janeiro, Niterói e Petrópolis. E os municípios de nossa região, dentre os 92 municípios fluminenses, estão na seguinte colocação: Três Rios (31º); Paraíba do Sul (37º); Areal (61º); Sapucaia (65º); Comendador Levy Gasparian (79º). É hora de rever as isenções de IPTU marcadas por privilégios, informatizar os CI’s, aprovar novas PGV’s e tributar progressivamente a propriedade urbana “não edificada, subutilizada ou não utilizada” em nome de uma melhoria coletiva das cidades de nossa região. Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador de Areal/RJ, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio e advogado tributarista. rwnogueira@uol.com.br


revistaon.com.br

45


GENTE OPINIÃO

PROFESSORES, MÉDICOS E SEUS DIREITOS Em caso de desrespeito aos direitos profissionais, devem ser feitas as devidas reclamações POR DELTON PEDROSO BASTOS JR

P

ensando em um tema para a coluna desta edição, me deparei com a análise do calendário de datas comemorativas de outubro. Assim, temos homenagens a duas profissões de suma importância no cenário nacional, quais sejam, o professor, comemorado em 15/10, e o médico, comemorado em 18/10. Deixo aqui, desde já, meus parabéns a estes profissionais, que atuam em seus trabalhos de forma a nos educar, preparando para a vida, e cuidar de nossa saúde, nos permitindo gozar a vida. Grande parte dos professores encontra-se trabalhando de maneira excessiva e desproporcional e, principalmente, a classe médica, em quase sua totalidade, trabalha sem a observância por parte de seus empregadores de direitos essenciais, principalmente no que tange à carga horária. A seguir, exporemos alguns direitos que, por não serem tão populares, talvez não sejam de conhecimento dos profissionais. Os direitos dos professores encontram-se consolidados basicamente na LDB, que é a Lei 9394/96. Entre os direitos, destacamos o aperfeiçoamento profissional licenciado, inclusive com remuneração para este fim; o direito à progressão funcional baseada na titulação ou no desempenho; em sua carga horária de trabalho deve estar incluído período de avaliação e estudos. Entre os direitos sociais dos professores, podemos evidenciar o direito à segurança no exercício de sua profissão, emitir entendimento nos projetos pedagógicos e no funciona46

Revista On Outubro & Novembro

mento da escola e eleger e ser eleito para os cargos diretivos da entidade em que trabalham. Já em relação aos médicos, além da CLT, seus direitos são regulados pela Federação Nacional dos Médicos (FENAM) e podemos chamar atenção para: carga horária do médico empregado de quatro horas diárias ou 20 horas semanais, que somente poderá ser alterada mediante acordo por escrito, cabendo o direito ao recebimento de horas extras pelo excedido; direito ao piso salarial mínimo da categoria, que atualmente é de R$ 10.991,19, segundo a FENAM; além do direito a férias e 13º salário. Um alerta aos médicos é que, segundo pesquisas, a maioria das ocorrências de desrespeito aos direitos dos médicos está nos contratos de plantão, cabendo reconhecimento de vínculo empregatício e, consequentemente, o recebimento de todos os encargos relativos. Em caso de desrespeito aos direitos profissionais, devem ser feitas as devidas reclamações junto aos sindicatos de classe e, havendo a manutenção do desrespeito, deve ser a situação levada a conhecimento da Justiça do Trabalho. Clamamos, assim, nossos mestres e nossos doutores que lutem e façam valer seus direitos. Delton Pedroso Bastos Junior é advogado, sócio-fundador da Bastos Juris Advocacia e membro da Associação Brasileira dos Advogados Tributaristas. deltonbastos@bastosjuris.com.br


revistaon.com.br

47


48

Revista On Outubro & Novembro


ECONOMIA&NEGÓCIOS turismo 49 formação 56 aconteceu 62

UMA PEDRA NO

BOM CAMINHO POR JOÃO MIGUEL

FOTOS PMPS

Conhecida como a Rainha das Águas Minerais, Paraíba do Sul recebe unidades de conservação da natureza para preservar o meio ambiente e buscar repasses do ICMS Verde. Uma delas, a 700 metros de altitude, é o Monumento Natural Pedra da Tocaia.

revistaon.com.br

49


ECONOMIA & NEGÓCIOS TURISMO

PEDRA DA TOCAIA No local, trilhas na mata densa podem ser exploradas de várias formas, como para contemplar a paisagem, fazer escaladas ou tirar fotografias

L

ocalizada em Queima Sangue, segundo distrito de Paraíba do Sul, a Pedra da Tocaia é um dos pontos turísticos do município que encantam turistas e visitantes. Segundo a secretária Municipal do Ambiente e Agricultura, Nathália Mafra, após um estudo técnico, a Unidade de Conservação (UC) foi criada por decreto (1.100/2013) e cadastrada no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). “Em 2013, a Pedra da Tocaia foi transformada em UC, na categoria Monumento Natural, com o objetivo de preservar a Mata Atlântica, a biodiversidade existente no local e buscar recursos do ICMS Verde. Desta forma, também será possível criar novas rotas para o turismo”, explica. As cidades do Estado são avaliadas anualmente em relação à implantação de ações ecológicas. As que adotarem práticas ambientais poderão receber o ICMS Verde. Do total do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) repassado pelo Governo do Estado aos municípios, uma porcentagem é distribuída conforme critérios ambientais estabelecidos pela Lei 5.100/2007. As cidades pontuam ao cumprir os critérios propostos. Os repasses são proporcionais às metas alcançadas. 50

Revista On Outubro & Novembro

O projeto integral do Monumento Natural Pedra da Tocaia abrange uma área aproximada de 257 hectares. Com acesso pela Estrada Bela Vista, a Pedra da Tocaia fica a 12 Km de distância de Três Rios, 70 Km de Juiz de Fora (MG), 76 Km de Petrópolis e 140 Km do Rio de Janeiro.

Em 2013, a Pedra da Tocaia foi transformada em Unidade de Conservação

O principal atrativo do local é a beleza da paisagem, com vegetação típica de cipós, trepadeiras, imbaúbas e angicos. Há trilhas na mata densa que podem ser exploradas de várias formas, seja para contemplar a paisagem, fazer escaladas, cavalgadas, tirar fotografias, acampar ou fazer caminhadas mais longas, em trilhas ou na mata fechada. A altitude é de 700 metros, mas não é o ponto mais alto do município. A Pedra do Monte Cristo, por exemplo, outra Unidade de Conser-

vação também criada recentemente por decreto, tem 900 metros de altitude. Segundo o secretário municipal de Comunicação e Transparência Pública, Daniel Vizeu, a Pedra da Tocaia possui histórias curiosas. “De acordo com registros, há mais de 150 anos o local é conhecido como Pedra da Tocaia, pois Duque de Caxias acampou com suas tropas nesta área antes de invadir Minas Gerais, em 1842. E, para se ‘tocaiar’, a tropa utilizava a enorme pedra como estratégia”, explica. Além desta história, existe a lenda do ouro na Pedra da Tocaia. “De acordo com relatos antigos, um bandoleiro português chamado Manuel Henriques, apelidado de ‘Mão de luvas’ por possuir uma deficiência na mão, formou um grupo de salteadores e passou a atacar as caravanas carregadas de ouro e pedras preciosas que passavam por ali, vindas de Minas Gerais com destino ao Rio de Janeiro. Cada cavaleiro levava uma mula com dois baús. Quando uma das mulas morria, em decorrência das emboscadas feitas pelo fidalgo e seus comparsas, os cavaleiros enterravam o animal e também as caixas de ouro, para não sobrecarregar outros animais. Diz a lenda que até hoje existe ouro enterrado naquele local”, conta.


UNIDADE DE CONSERVAÇÃO Tem o objetivo de preservar a Mata Atlântica e buscar o ICMS Verde

VISUAL Do alto, é possível ver Paraíba do Sul e até Três Rios

E não foi em busca de ouro, mas em busca de aventura e do belo visual que o publicitário Fabrício Fajardo subiu a Pedra da Tocaia. “O caminho é tranquilo e de fácil acesso por não ser muito íngreme. A paisagem lá de cima é incrível, uma visão privilegiada da região. Um ótimo passeio”, recomenda. O engenheiro agrônomo e estudante de direito Josemar Dantas já visi-

O principal atrativo do local é a beleza da paisagem, com vegetação típica tou a Pedra da Tocaia algumas vezes fazendo caminhada e pilotando moto. “Da última vez levei minha namorada para conhecer o local”, conta. Ele dá

algumas dicas para quem nunca foi ao topo. “O acesso via Queima Sangue possui trecho de estrada de terra muito bonito. Porém, próximo ao local

revistaon.com.br

51


ECONOMIA & NEGÓCIOS TURISMO

LENDAS Segundo relatos, haveria ouro enterrado no local desde a época dos bandoleiros portugueses

“O acesso via Queima Sangue possui trecho de estrada de terra muito bonito”, Josemar Dantas

TOPO O local mais alto está a 700 metros de altitude

do início da caminhada, o acesso por carro é um pouco ruim, com subidas íngremes e pedras soltas. Mais adiante, o caminho passa por uma propriedade privada, cuja porteira às vezes encontra-se fechada. A trilha é bastan-

te acessível, aberta, sem obstáculos e de subida moderada”, explica. Como todo esforço merece sua recompensa, na Pedra da Tocaia não poderia ser diferente. “Do alto, contempla-se uma ampla e bela paisagem, que inclui as cidades de Paraíba do Sul e Três Rios. Podemos afirmar que a vista compensou o esforço”, conclui Josemar. No entanto, o lendário local, com suas histórias do tempo do império e da independência, ainda merece maiores atenção e preservação ambiental. Por isso, a administração municipal busca

recursos para a implantação efetiva do projeto de proteção integral da área. Já existem iniciativas de reflorestamento com a criação das unidades de conservação. Segundo Nathália Mafra, o governo busca recursos para o plano de manejo e implantação da unidade até 2016. Com tantas belezas naturais e com este visual privilegiado das cidades da região, os turistas que visitam o Monumento Natural da Pedra da Tocaia nunca se esquecem que no meio do caminho tinha uma pedra. Uma pedra que faz parte do turismo e da economia.

Soluções simples e inteligentes. Sua empresa em boas mãos!

52

Revista On Outubro & Novembro

CENTRO EMPRESARIAL TRÊS RIOS Rua Sete de Setembro, nº 159 - 3º Andar Centro - Três Rios - RJ - CEP 25.802-130 www.barbosacontabil.com.br | /barbosaonline Tel.: (24) 2252-0626 / 2252-6303


revistaon.com.br

53


www.feiradoempreendedor.rj.sebrae.com.br

54

Revista On Outubro & Novembro


Se você precisa de informações sobre como abrir ou melhorar sua empresa este é o lugar ideal. Evento gratuito com palestras, orientação empresarial, ideias de novos negócios, tecnologia e ótimas dicas! Prepare-se para desafios e conquistas.

Venha fazer bons negócios!

revistaon.com.br

55


D

esde 2009, há uma forte política de atração de novos investimentos para a região, principalmente Três Rios, por meio de incentivos fiscais. Com isso, inúmeras empresas se instalaram no município, gerando demandas por profissionais cada vez mais especializados. Porém, um em cada três empregadores no mundo tem dificuldades para preencher cargos. Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral feita com 167 grandes organizações mostra que 91% das companhias pesquisadas têm dificuldades na contratação de profissionais. Entre os setores afetados pela falta de profissionais qualificados está o de logística, segmento que cresce até 5% ao ano e movimenta mais de US$ 180 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira de Logística (Abralog). A logística ganhou papel essencial na estratégia das organizações por aumentar sua competitividade e os empresários começaram uma reestruturação em função disso.

“A logística é o sistema nervoso da administração”,

PLANEJAR, IMPLEMENTAR E GERENCIAR POR JOÃO MIGUEL

FOTOS REVISTA ON

Surge um novo profissional em Três Rios e região. Com a chegada de várias empresas na região desde 2009, o setor de logística está em alta. Para atender a esta demanda, já há inclusive um curso superior gratuito que prepara especialistas para um mercado de trabalho que vai muito além do transporte. 56

Revista On Outubro & Novembro

Sebastião da Rocha Costa Filho

O supervisor de logística Sebastião da Rocha Costa Filho trabalha no setor desde 2008. Ele conta que existe um mito de que logística está relacionada apenas ao setor de transporte. “A logística é o sistema nervoso da administração. Ela é responsável pelo alcance de resultados que satisfazem tanto a empresa quanto o cliente”, explica. Segundo Sebastião, o segmento oferece grandes oportunidades na região, mas o mercado é exigente e precisa de profissionais qualificados, que estejam adequados às novas exigências. “A tendência é que a demanda por este profissional seja cada vez maior em Três Rios e região. A logística é uma ferramenta que proporciona diminuir perdas e obter maiores lucros. Não basta administrar. Para ser competitivo, é preciso administrar bem”, conclui. A falta de oferta de profissionais


ECONOMIA & NEGÓCIOS FORMAÇÃO

SEBASTIÃO DA ROCHA Trabalha no setor de logística de uma empresa desde 2008

CARLOS ALBERTO Durante o curso, foi promovido na empresa onde trabalha

ROGER COSTA O gerente de produção coloca o aprendizado em prática

especializados disponíveis neste mercado de trabalho tem sido motivo de investimentos na capacitação. A Faeterj Três Rios - Faculdade de Educação Tecnológica do Estado do Rio de Janeiro, oferece o curso para formação deste profissional. A diretora Mônica de Souza Alexandre diz que a chegada do curso superior de Tecnologia em Logística na

instituição foi uma escolha estratégica. “Pensamos no curso em função do mercado de trabalho, de preparar mão de obra especializada para atender a crescente demanda de pequenas, médias e grandes empresas de Três Rios e região”, explica. A Faeterj, que pertence à Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec), oferece o curso de forma pública e gratuita desde 2013.

O coordenador do curso, Danilo de Castro, conta que a faculdade qualifica a mão de obra para garantir que as vagas de empregos, principalmente as de maior remuneração, sejam preenchidas pelos munícipes. “Quando a renda é gerada e empregada aqui, nossas condições sociais sáo elevadas”, afirma. E foi exatamente o que aconteceu com Carlos Alberto da Silva, aluno do

revistaon.com.br

57


ECONOMIA & NEGÓCIOS FORMAÇÃO

DANILO DE CASTRO Coordenador do curso na Faterj, que forma mão de obra especializada

quarto período do curso que foi promovido na empresa em que trabalha. “Antes de ingressar no curso, eu era encarregado de setor. Cuidava das rotinas relacionadas ao faturamento, processamento de pedidos e emissão de documento fiscal. Hoje, estou exercendo o cargo de supervisão, sou responsável pela organização das atividades no depósito da empresa, coordenando operações de armazenagem, distribuição, controle de tráfego e gerenciamento de estoque”, explica. Danilo de Castro conta que o profissional de logística estará apto a atuar nos três setores da economia. “Nossa região, que tem uma economia com maior participação do setor de comércio e serviços, agora também avança na área industrial. O foco seriam esses dois grandes setores. Este profissional terá condições de otimizar processos, reduzir custos e aumentar a competitividade destas empresas, dinamizando ainda mais a participação delas no mercado”, explica. O curso também apresentou novos horizontes para Roger Lopes de Souza Costa, gerente de produção em uma indústria metalúrgica, que assumiu o cargo logo após o início das aulas. “Desde o primeiro período, pequenas coisas que aprendi em sala se transformaram em grandes mudanças no trabalho. A direção da empresa me deu total confiança para implementar estes 58

Revista On Outubro & Novembro

JACKELINE CARDOZO A gestora de maquinários conta que sempre quis fazer o curso

conhecimentos”, diz. Ele conta que, com os resultados, um dos diretores da empresa se interessou pelo curso, passou no vestibular e também está estudando. “As pessoas ficam impressionadas quando falo que o curso é gratuito”, finaliza. O coordenador ainda explica que o curso possui uma série de vantagens para o aluno. “O curso é de nível superior, portanto, o formado poderá participar de concursos de terceiro grau e será qualificado como tal nas vagas de emprego. Outra grande vantagem é a duração do curso, que qualifica mais rápido que uma graduação convencional. São três anos e o aluno terá disciplinas específicas de logística, produção, comércio exterior e transportes. Quan-

CVT O curso superior gratuito é oferecido pela Faeterj, em Três Rios

do o aluno completa os módulos, são emitidas certificações intermediárias, possibilitando o aluno ter uma qualificação específica em uma determinada área para tentar uma vaga no mercado de trabalho”, finaliza Danilo. O consultor de vendas externas Josué Bello Silva descobriu o curso por meio de um amigo e aceitou o desafio justamente para ampliar as perspectivas profissionais. “Este curso abre um leque de conhecimentos. Posso trazer o conhecimento da logística para minha área de vendas, agregar mais valor, melhorar minha forma de trabalho e subir alguns degraus na carreira, por ser um curso superior”, conta o consultor, que está no segundo período.


Danilo de Castro conta que o profissional de logística estará apto a atuar nos três setores da economia

JOSUÉ BELLO O estudante afirma que o curso amplia as perspectivas profissionais

A gestora de maquinários Jackeline Cardozo, também do segundo período, conta que sempre quis fazer este curso. “Morei um tempo em Vassouras por conta da empresa e a faculdade mais próxima era em Volta Redonda. Uma amiga contou deste curso, me inscrevi no vestibular, fiz a prova passei. Realizei um sonho. Sempre quis fazer esta faculdade, não buscava nenhuma outra”, explica Jackeline, que já trabalha com logística há algum tempo. “Trabalho com transportes, documentação de máquinas, frota em geral. Dá um total de 300 equipamentos, entre máquinas e caminhões. Estou realizada demais, o curso é de excelente qualidade”, comemora Jackeline. O curso é oferecido no turno da noite e, segundo a diretora Mônica de Souza Ale-

xandre, a forma de ingresso é o vestibular. “São questões de português, matemática e uma redação. A inscrição é feita pela internet, no site da Faetec, e a prova é realizada duas vezes no ano, geralmente em julho e dezembro”, explica. Embora o curso seja gratuito, é necessário pagar uma taxa de inscrição para fazer o vestibular. A área de logística engloba muito mais que armazenagem e distribuição de produtos no mercado. Isto faz com que tanto uma indústria quanto um estabelecimento comercial precisem de profissionais do segmento. Por isso, com uma demanda crescente, há mais oportunidades do que especialistas. Um bom momento para se qualificar e entrar no mercado de trabalho.

revistaon.com.br

59


60

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

61


ECONOMIA & NEGÓCIOS ACONTECEU

Grupo Fiobranco participa da Semana da Administração na UFRRJ POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS VALDO ROCHA

Evento no Instituto Três Rios reuniu estudantes universitários e profissionais que já estão no mercado.

P

alestras, workshops, dinâmica em grupo, apresentações de alunos e mesa redonda, além da presença do Conselho Regional de Administração. Assim foi a Segunda Semana da Administração do Instituto Três Rios da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que aconteceu entre 8 e 12 de setembro. “É uma forma de fazer o link da sala de aula com as práticas do mercado. Trazer palestrantes de fora é importantíssimo, para que os alunos vejam diferentes abordagens e diferentes experiências”, diz Elizabeth Hatchuel, vice-coordenadora do curso de administração no ITR. Elizabeth explica que percebe um amadurecimento dos alunos a cada semestre. “Eles têm ajudado a promover o curso e, ao mesmo tempo, estão constantemente buscando atualização sobre as inovações e práticas do mercado. Acompanho muito de perto a participação ativa destes

alunos na execução dos projetos de extensão. O contato precoce com a responsabilidade para lidar com professores convidados, pesquisadores e profissionais de mercado, e ainda se manterem ativos enquanto lidam com o ambiente universitário, estimula a criatividade e o espírito empreendedor, características fundamentais para o futuro administrador”, analisa. O diretor do Grupo Fiobranco, Felipe Vasconcellos, foi convidado pela organização para apresentar o case de sucesso da empresa, que atua no segmento de comunicação há mais de cinco anos. No bate-papo com o público, formado, na maior parte, por estudantes de administração, o CEO e fundador da empresa apresentou a história do Grupo e a importância do planejamento para alcançar objetivos traçados. O Grupo Fiobranco, que começou como uma agência de design, hoje atua em áreas específicas da comunicação, com a Fiobranco Editora e Gráfica, a Fiobranco Filmes e a agên-

CASE DE SUCESSO Felipe Vasconcellos, do Grupo Fiobranco, e Elizabeth Hatchuel, da UFRRJ, (ao centro) com participantes do evento 62

Revista On Outubro & Novembro

O evento teve o tema “Inteligências acadêmicas e de mercado: Práticas de sucesso” cia QG23. “Digo sempre que tenho sorte e logo explico que ela é uma união de oportunidade e competência. Precisamos estar preparados para encontrar e criar oportunidades e, com competência, desenvolver ações que gerem resultados. No Grupo Fiobranco, estamos sempre atentos às oportunidades e, com a competência de todas as áreas da empresa, alcançamos lugar de destaque no mercado em pouco tempo. Na apresentação, quis despertar ainda mais este olhar nos futuros administradores”, comenta Felipe Vasconcellos. Para a aluna Ana Paula Viana, do quarto período de administração, a palestra foi marcante. “O Felipe relatou sua experiência de ter saído do Brasil em busca da realização de um sonho e, apesar de ter oportunidade de ficar lá fora, escolheu voltar a Três Rios e empreender na construção de um modelo de negócio inovador, até então desconhecido na região. Em uma cidade pequena, onde grande parte dos estudantes acaba tendo que migrar em busca de oportunidades no mercado de trabalho, é de grande valia mostrar que o efeito inverso também


surte bons resultados e que é possível inovar e empreender, independente de onde esteja”, diz. A estudante garante que o desafio da organização foi grande, mas os resultados foram satisfatórios. “A Semana Acadêmica da Administração é fundamental para promover debates, oficinas e discussões sobre temas diretamente relacionados à teoria e à prática da administração no mercado de trabalho. Ela promove a interação entre os discentes e as empresas da região, possibilitando o conhecimento das áreas de atuação e o amadurecimento do administrador”. Francisco de Jesus, vice-presidente de Fiscalização do Conselho Regional de Administração do Rio de Janeiro (CRA-RJ), participou pela segunda vez da Semana e enaltece a participação dos acadêmicos na montagem e execução do evento. “Temos em verdade eles aplicando efetivamente ações de administradores, poderíamos dizer que se trata de um grande laboratório, onde todos os pontos de uma gestão são testados, provados e avaliados. Depois, se assim se fizer necessário, são reajustados”, explica. Para o administrador, eventos como este são importantes para a preparação real de gestores. “Um fator que devemos destacar é o contato direto e sem barreiras do alunado com profissionais já em atuação e vitoriosos no mercado, mostrando suas trajetórias, suas vitórias e suas derrotas, abrindo uma forma diferenciada para ele, o alunado, enxergar de forma mais empreendedora o futuro que os espera, e, assim, ‘contaminá-lo’ com o vírus do

CONHECIMENTO Ter contato com práticas do mercado contribui com a formação

“Digo sempre que tenho sorte e logo explico que ela é a união de oportunidade e competência”, Felipe Vasconcellos

profissional ousado e inquieto, além de competente”, acredita Francisco. A Segunda Semana da Administração teve o tema “Inteligências acadêmicas e de mercado: Práticas de sucesso”. No último dia, a van itinerante do Conselho Regional de Administração (CRA-RJ) ofereceu serviços aos estudantes de administração e administradores, como registro profissional, registro de estudante e atualização cadastral. Segundo Francisco de Jesus, o contato com o Conselho é importante para o aluno conhecer a legislação e seus direitos enquanto cidadão e profissional. A aluna Mayara Vagueira, do quarto período, também ficou satisfeita com os resultados. “Penso que essa é a função da Semana Acadêmica: proporcionar uma troca de experiências com pessoas que atuam no mercado e os discentes. Fiquei muito contente ao recebermos as confirmações dos convidados. Trouxemos quase todos os que desejávamos e foi um sucesso. Palestras ricas, debates produtivos e alunos mais participativos que no ano anterior”, diz. As histórias inspiradoras contadas pelos palestrantes empolgaram a estudante. “Comemoramos o sucesso e o feedback positivo das pessoas, mas, com certeza, o mais importante é a sementinha que ficou em nós. A experiência de organizar um evento como este nos enriqueceu muito. Pudemos, inclusive, aplicar práticas da administração que até então só havíamos visto na teoria. Com certeza incrementamos nossos currículos e saímos mais preparados para o futuro profissional”, finaliza. revistaon.com.br

63


64

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

65


66

Revista On Outubro & Novembro


BEM - ESTAR esporte 67 saúde 81

NO RITMO DA SAÚDE POR MAYARA STOEPKE

FOTOS REVISTA ON

Emagrecer dançando ficou fácil. Desenvolvida há 10 anos, a Zumba Fitness mistura o ritmo latino com exercícios aeróbicos e pode queimar até 1.000 calorias em uma hora de aula. No Brasil, a maior divulgadora da modalidade é a cantora Claudia Leitte. Em Três Rios, a novidade chegou com força e agrega um grande número de adeptos.

revistaon.com.br

67


SHUTTERSTOCK

BEM-ESTAR ESPORTE

H

omens e mulheres, de todas as idades, que querem fugir da rotina das academias de ginástica e exercícios mecanizados encontram na Zumba Fitness uma atividade animada, contagiante e eficaz. Criada pelo personal trainer e coreógrafo colombiano Alberto Perez, a Zumba reúne salsa, merengue, mambo e até axé. Entre muita diversão e dança, os alunos encaram o momento como uma festa enquanto praticam a atividade física. O exercício é realmente contagiante. Apesar do esforço físico, não existe corpo mole quando se trata da Zumba. Muito menos falta de gingado! “Você pode saber ou não dançar para fazer a Zumba. Não existe contraindicação e há diversos benefícios para a saúde. Perda de peso, enrijecimento e tonificação dos músculos e a melhora das partes cardíaca e respiratória, além da socializa-

ALONGAMENTO A aula inicia com exercícios leves para prepara o corpo 68

Revista On Outubro & Novembro

“Pernas, glúteos, braços, abdômen e a mente se beneficiam com a Zumba”, Kim, professor

ção que acontece em aulas completamente divertidas”, explica Glaicon Fernandes, o “Kim”, professor credenciado de Zumba que atua no Sesc Três Rios. Os resultados dependem de cada aluno, porém, em média, são visíveis em um ou dois meses. A reeducação alimentar também deve fazer parte do novo estilo de vida para que os resultados aparecem, explica o professor. “Pernas, glúteos, braços, abdômen e a mente são as principais partes do corpo trabalhadas


Os resultados dependem de cada aluno, mas, em média, são visíveis em um ou dois meses

JANDERSON HONÓRIO O jovem conta que não há diferenças entre homens e mulheres na Zumba

com a Zumba”. As aulas acontecem em academias, escolas de danças e estúdios específicos e são iniciadas com um aquecimento que prepara todos os alunos. Famosas como Shakira e Jennifer Lopes, além das brasileiras Fiorella Mattheis e Claudia Leitte, praticam a atividade, que possibilita perder de 600 a 1.000 calorias em uma hora de aula. “Procurei a Zumba para perder peso e por precisar fazer uma atividade física. Aqui, emagrecemos brincando. Além disso, tenho mais disposição para trabalhar, distrai a minha cabeça, conheço pessoas diferentes e, claro, emagrece”, conta Cintia Shimitz, aluna há seis meses. Ela explica, ainda,

que o aluno consegue aprender os passos rapidamente. Para ela, que nunca fez uma atividade física, a Zumba oferece excelentes resultados. Não é muito diferente de Luciana Aparecida Souza. Aluna há um mês, procurou a modalidade por ordens médicas para combater o sedentarismo e o estresse. “Como não gosto de academia, precisava de uma atividade diferente, mais descontraída e dinâmica. Eu conto as horas para chegar o dia da aula”, explica. O ambiente divertido, além de proporcionar a prática do exercício, aproxima as pessoas e é ótimo para quem quer conquistar novos amigos. “Tenho mais disposição, durmo melhor e minha ali-

revistaon.com.br

69


BEM-ESTAR ESPORTE

“É uma dança aliada à prática física e aeróbica , com muita diversão. É necessário comprometimento e seriedade, como em qualquer atividade física, mas é bem mais descontraído”, Janderson Honório, 18 anos

LUCIANA SOUZA Cansada de academias, encontrou na Zumba a motivação que precisava

ANIMAÇÃO A aula reúne ritmos latinos e contagia todos os alunos 70

Revista On Outubro & Novembro

RAFAEL MORENO Em três meses, perdeu nove quilos com a modalidade

mentação melhorou. Ficamos nos policiando para ter um resultado melhor para o verão e um maior bem-estar”, finaliza. Ainda são poucos os homens adeptos, mas Janderson Honório e Rafael Moreno afirmam que não existem barreiras para quem quer fazer uma atividade física. Janderson, de apenas 18 anos, pratica algumas modalidades de exercícios e encontrou na Zumba algo diferente. Tudo começou por acaso, por recomendação da mãe, também praticante. O jovem já se sente mais disposto e com a saúde renovada. “É uma dança aliada à prática física e aeróbica e, claro, com muita diversão. É necessário comprometimento e seriedade, como em qualquer atividade física, mas é bem mais descontraído”, conta. O aluno, que nunca pensou em praticar dança por se considerar “duro” demais, hoje descobriu que isso não existe. “É uma atividade para homens e mulheres, eu indico”. Rafael Moreno, 40, perdeu nove quilos em três meses de aula. “Sempre dancei, mas sem técnica alguma. Quando conheci a Zumba, me identifiquei”, diz. Ele e a esposa praticam há seis meses e garantem que, no trabalho, muita coisa mudou. “Trabalho o dia todo em pé e para mim é ótimo, tira o estresse”. A marca global Zumba® Fitness-Party, lançada pelos sócios colombianos e xarás Alberto “Beto” Perez, Alberto Perlman e Alberto Aghionmania, está presente em 185 países, com 14 milhões de praticantes. Antes de iniciar, é importante verificar se o professor é credenciado a dar aulas da modalidade. Depois disso, basta começar a se movimentar e nunca mais parar.


revistaon.com.br

71


72

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

73


BEM-ESTAR ESPORTE

74 ANOS DE “PELADINHAS” E PROFISSIONALISMO O Esporte Clube Areal, mais conhecido pela sigla ECA, carrega, entre chuteiras, bolas e traves, uma história de paixão pelo futebol e muita amizade entre seus integrantes. Um dos principais motivadores para a emancipação de Areal, o clube é responsável por grandes conquistas e títulos. POR MAYARA STOEPKE

74

Revista On Outubro & Novembro

FOTOS REVISTA ON


ARQUIVO PESSOAL

O

ano era 1940 e a história começou no Grupo Escolar, passou pela Rua Afonsina e permanece por 14 anos na conhecida Barateza, centro do município de Areal. Criado por um grupo de amigos apaixonados por futebol com a finalidade de jogar uma “peladinha”, o Esporte Clube Areal completa 74 anos. Moradores de Três Rios, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Itaipava e outras cidades frequentam e disputam campeonatos nos gramados arealenses e garantem que o ECA é uma família. Foram 14 anos de partidas entre amigos em campos improvisados, até que, em 1954, sem campo, o clube acabou. “Nessa época jogávamos fora, íamos para Alberto Torres e, quatro anos depois, foi inaugurado o campo onde é hoje”, lembra Ari de Freitas, 76 anos, membro e jogador do ECA. Para reativar o time, Waldir Marinho Rego, já falecido, foi quem interferiu e conquistou o espaço que acolhe o clube atualmente. O amor pelo futebol é tanto que Ari explica que nessa época era jogador da Associação Atlética Arealense, time rival do ECA, e, mesmo assim, fez e é parte da história. “Havia uma rivalidade muito forte, nós da AAA éramos os mauricinhos”, brinca. Passaram por lá atletas como Abel Ferreira, José Roberto Padilha, Garrincha, Roberto Dinamite, Donizete “Pantera”, Ferrete, entre outros. “Disputamos campeonatos em Três Rios nos anos 60 e, depois de 1972, tudo ficou meio parado. O campo ficou abandonado e o mato cresceu

EQUIPE DE 1988 O esportitas viveram momentos de auge no clube

muito”, recorda Ari. Foi em 1978 que Nelson dos Santos contribuiu para a reinauguração e iniciou um trabalho com crianças de 10 a 15 anos, nas tardes de sábados. “Quando vi tudo abandonado, cano arrancado, placa de caminhão jogada e uma desordem danada, perguntei ao pessoal

revistaon.com.br

75


ARQUIVO PESSOAL

BEM-ESTAR ESPORTE

“Vencemos dois Jogos Abertos do Interior do Estado do Rio de Janeiro”, conta Vander

76

Revista On Outubro & Novembro

1989 Vander com o troféu, o presidente Pedro Augusto e Waldir Marinho Rego

ECA. “Hoje temos os campeonatos da categoria C, B e A, o torneio de verão e um calendário organizado com todos os jogos e eventos, mas o menos importante é jogar bola. É tudo uma grande diversão”, brinca. O time chegou a levar seis ônibus com torcedores para assistirem jogos em outras cidades. “Teve uma vez que achamos que Areal fosse ficar vazia, porque, quando olhamos, tinha muita gente vendo a gente jogar”, lembra aos risos. O presidente explica que, no período em que o time disputou e ganhou vários campeonatos em Três Rios, a população de Areal sentiu que era capaz de emancipar o então distrito. Se podiam se unir pelo futebol e vencer, como não conseguiriam desligar-se de Três Rios? E assim foi feito. “O vereador, na época, Lilinho, estava sempre presente no ECA e fazia parte da diretoria, foi uma pessoa que sempre nos incentivou. Quando começamos a

ARI DE FREITAS Tinha dois anos quando o primeiro time foi formado

ARQUIVO PESSOAL

se o campo do ECA estava morto. Então, reuni uma turma, reformamos o campo e, depois, foi só crescendo”, resume Nelson. Com a escolinha criada, foram desenvolvidos alguns dos jogadores que futuramente disputariam e ganhariam títulos importantes para o clube. “Isso aqui é minha vida. Cortei muita grama, fui massagista, roupeiro e estou aqui até hoje”, conta enquanto o time dos veteranos joga. Com a retomada, foi criado o Campeonato dos Veteranos em 1981, que existe até hoje, com jogos aos domingos. Antonio Rosa é o jogador mais antigo do time. Aos 81 anos, conta que faz questão de participar de todos os jogos. “Jogo desde o primeiro campeonato. Não sou da cidade e, quando cheguei, fui muito bem recebido, nos tornamos uma família. Não posso dizer que jogo bola, porque aos 81 anos já não tenho muita força, mas gosto de estar aqui e, enquanto tiver saúde, estarei”. Hoje outros membros da família jogam no clube. A importância do clube para a sociedade vai além das disputas e dos troféus. O trabalho social que o esporte desenvolve também é importante. Edvaldo Lagreca, 64, frequenta o clube há 24 anos e dá créditos ao futebol por sua cura da depressão. “Fui campeão 12 vezes pelo Campeonato dos Veteranos, entre vários outros títulos, e isso aqui me ajudou muito quando a minha família foi embora. Todos os amigos que fiz me deram muita força e me orgulho muito por fazer parte da família”, resume com lágrimas nos olhos e cheio de lembranças. Em 1988 foi criado o primeiro quadro de jogadores de Areal que disputou e ganhou títulos por Três Rios profissionalmente, já que a cidade ainda não era emancipada. “Fomos tetracampeões, sendo que vencemos dois Jogos Abertos do Interior do Estado do Rio de Janeiro”, conta Vander, presidente do clube há 12 anos. Ari Calil, filho de Ari de Freitas, acompanhou grande parte da história do clube e disputou campeonatos importantes pelo

MARACANÃ Em 2002 o time do ECA disputou partida no estádio carioca

VANDER, NELSON E ARI O orgulho e a satisfação de fazer parte do time é motivadora


TROFÉUS As conquistas são resultados de trabalho e treinos

HISTÓRIA Muitos amigos e bons momentos passaram pelo gramado

movimentar a cidade com o futebol, levando ônibus e mais ônibus cheios de pessoas para assistir aos jogos, ele percebeu essa força e mobilizou a cidade com um plebiscito que emancipou Areal. Ou seja, a nossa união deu força para isso acontecer”, explica Vander. Em seguida, Lilinho tornou-se prefeito de Areal. O que era para beneficiar o clube, acabou por dividir algumas pessoas e fez com que o clube perdesse membros e força. Apesar dos títulos, o Esporte Clube Areal nunca ganhou um campeonato pelo munícipio de Areal pois, quando teriam a oportunidade de jogar os Jogos Abertos do Interior do Estado do Rio de Janeiro, uma decisão co-

locou a Seleção Arealense como time que representaria a cidade. “O nosso sonho era ter disputado e defendido o município de Areal”, diz Vander. O vice-presidente, Ricardo Teixeira, também passou a infância no clube e compara o futebol com os jogos eletrônicos que as crianças gostam atualmente. “Isso, para nós, é o videogame, o celular, a internet, só que 1.000 vezes melhor”, brinca e logo faz um apelo: “A criançada precisa do esporte e essa geração está a cada dia mais desanimada. Gostaríamos que o clube voltasse a ser como antes, lotado, para não acabar”. Vander explica que, atualmente, o clube é mantido por um quadro de 255 sócios-atletas que disputam campeonatos e eventos, possui um campo, um bar, quatro vestiários, uma sede, um depósito e uma sala de troféus, bem diferente de quando as “peladinhas” começaram. “Quando fazemos uma grande obra, por exemplo, essa contribuição não é o suficiente. É preciso uma atenção do município ao clube que, hoje, é um dos poucos pontos de turismo da cidade. Trazemos pessoas de fora que consomem na cidade, ou seja, geramos receita”, finaliza.

revistaon.com.br

77


78

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

79


80

Revista On Outubro & Novembro


S

SANGUE BOM POR MAYARA STOEPKE

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Doação de sangue: um ato de solidariedade que pode mudar e salvar a vida de outras pessoas. Apesar da necessidade e da segurança em todo o processo, o país ainda possui um número baixo de voluntários. Saiba o que é preciso fazer e como se sente quem consegue contribuir com outras vidas.

BEM-ESTAR SAÚDE

egundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma média de 3,5 milhões de bolsas de sangue são coletadas anualmente e o índice de doadores no Brasil é de aproximadamente 1,8% da população, um número baixo quando comparado com o índice necessário para manter os estoques regulares. A ação não permite remuneração para doadores, todos são voluntários, e, do total de pessoas que procuram os hemocentros, 64,8% são do sexo masculino e 35,1% do sexo feminino. A faixa etária que mais realiza doações está entre 18 a 29 anos. Entre as perguntas mais frequentes sobre o assunto estão “por que devo doar?”, “quem pode doar?” e “é seguro?”. As respostas são muito claras e despertam a necessidade da ação. O biomédico Mário Antonio Coimbra Guerreiro Brasil, coordenador do curso de biomedicina do Centro Universitário Anhanguera de Niterói, explica que o doador deve ter boa saúde, não estar em uso de medicamentos, ter entre 16 e 69 anos (16 e 17 anos mediante consentimento formal do responsável legal), pesar acima de 50 Kg, apresentar documento oficial com foto e ser sincero ao responder perguntas feitas antes da doação. Perto do horário da coleta, também há algumas orientações: “o doador deve dormir pelo menos seis horas na noite anterior, não praticar exercícios físicos nem ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores e evitar fumar duas horas antes”, explica. Além disso, o doador não pode ter se submetido ao exame de endoscopia nos últimos seis meses ou feito tatuagem, piercing ou maquiagem definitiva nos últimos 12 meses. O processo é realizado com total segurança. O Ministério da Saúde tornou, no final de 2013, obrigatória a realização de Teste de Ácido Nucleico (NAT) em todas as bolsas de sangue coletadas no país, além da detecção dos vírus das hepatites B e C, HIV, HTLV I/II, doença de Chagas, sífilis e malária (na Região Norte), o que fez a rede de sangue brasileira ser reconhecida internacionalmente. Mário Antonio explica que é retirado menos de 10% do volume sanguíneo total de um adulto e, por isso, o organismo revistaon.com.br

81


BEM-ESTAR SAÚDE

VOLUNTÁRIOS Alunos do Instituto Três Rios da UFRRJ se uniram para o ato de solidariedade

Na doação, é retirado menos de 10% do volume sanguíneo total de um adulto do doador não sofre consequências. “O plasma é reposto em algumas horas, as plaquetas se restabelecem em alguns dias, e as hemácias demoram alguns meses. Por esse motivo, a doação de sangue só deve ser realizada a cada 90 dias para os homens e 120 dias para as mulheres. A doação de sangue não é prejudicial ao organismo, pois o volume de sangue retirado frente a quantidade de volume sanguíneo do corpo humano é muito pequena. A fraqueza pode acontecer em alguns casos, mas isto é passageiro e momentâneo, logo depois a pessoa se encontra pronta para realizar suas atividades”, explica o biomédico. Segundo ele, após a coleta, o sangue passa por uma série de exames sorológicos, desde a confirmação do grupo sanguíneo até testes para HIV e 82

Revista On Outubro & Novembro

hepatites B e C. “Estes testes são feitos para certificar que a bolsa está apta a ser transfundida sem causar nenhum prejuízo ao organismo receptor. Uma bolsa de sangue pode atingir até quatro receptores dependendo do que será transfundido”, informa Mário Antonio. O Hemonúcleo de Três Rios foi inaugurado em 28 de junho de 2013 e, embora ainda não esteja em funcionamento para coleta de sangue por questões burocráticas, moradores da região não deixam de praticar o ato de solidariedade em cidades próximas, como Juiz de Fora e Petrópolis. Sabrina Travassos doou sangue em 2007, quando participou de um trote solidário, em Três Rios. Na ocasião, uma equipe do Hemonúcleo de Petrópolis realizou a coleta de sangue dos voluntários no Hospital de Clínicas

Nossa Senhora da Conceição. “Meu pai era doador, então sempre vi a ação como uma forma de salvar vidas, um ato simples e humanitário. Após a doação confirmei isso, saber que a minha ação salvou uma vida é emocionante”, conta. Para Sabrina, as campanhas sobre doação de sangue deveriam ser ainda maiores. “O governo deveria incentivar e educar toda a população para importância da doação de sangue, medula óssea e de órgãos, mostrar que doar é um ato de amor ao próximo, que vidas podem ser salvas e que, ao fazer isso, nos tornamos heróis para quem recebe”, finaliza. Jessica Paula, aluna de direito na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Instituto Três Rios, fez sua primeira doação no começo deste ano. Como garante que a sensação é indes-


“Meu pai era doador, então sempre vi a ação como uma forma de salvar vidas”, Sabrina Travassos

CAMPANHA O objetivo foi mostrar a importância da doação de sangue

critível, teve a iniciativa de organizar um grupo com aproximadamente 30 pessoas para o mesmo ato no Hospital Santa Tereza, em Petrópolis. “O objetivo dessa campanha é mostrar a importância da doação de sangue e como esse gesto simples e indolor pode salvar vidas. Já convivi e participei do desespero de uma família com um ente que precisava muito de

sangue e não estava conseguindo. Foram duas semanas de desespero, fazendo campanhas em redes sociais e ligando para amigos para que fizessem a doação para salvar a pessoa que se encontrava doente. É muito triste. Por isso, sempre quis doar, acho um gesto humano e fraterno”, explica. Para a estudante, ainda falta conhecimento para que pessoas saibam como é o procedimento. “As pessoas sabem que é importante, mas muitas não sabem onde doar ou quais os procedimentos. É o que tenho percebido quando converso com a população. Espero que, quando o hemocentro de

Três Rios estiver pronto para receber doações, essa divulgação se intensifique ainda mais, aumentando o número de doadores na cidade”, diz. Mário Antonio Coimbra também afirma que sempre existe a necessidade de campanha em busca de doadores. “Poucas pessoas têm a consciência da importância desse simples gesto que é salvar a vida de outrem. A doação de sangue nada mais é do que você dar um pouco do seu sangue para salvar de uma a quatro vidas. Hoje em dia contamos mais com os doadores de rotina do que propriamente com novos doadores”, finaliza.

revistaon.com.br

83


84

Revista On Outubro & Novembro


revistaon.com.br

85


86

Revista On Outubro & Novembro


COOL

cultura 87 música 93 moda 99 festas 106 coluna social 110 viagem 112 sabores 120

VIDA CIGANA POR MAYARA STOEPKE

FOTOS REVISTA ON

Com danças e crenças muito particulares, os ciganos ainda enfrentam preconceitos e lutam para obterem direitos na sociedade. Em Três Rios, um grupo faz reuniões semanais para colocar em prática a cultura e apresentá-la, sem mitos, aos que não fazem parte da comunidade.

revistaon.com.br

87


COOL CULTURA

“Os ciganos tradicionais não trabalham, são nômades e precisam se sustentar através da troca”, cigana Calderachi

A

origem do povo cigano ainda é tema de pesquisas, pois faltam documentos que comprovem seu surgimento. Uma das teorias, a mais aceita, diz que os ciganos surgiram na Índia e há cerca de 1.000 anos se espalharam pelo mundo. No Brasil, o primeiro registro oficial da chegada dos ciganos é de 1.574, com ao menos três etnias: Calon, Rom e Sinti, todas com línguas e costumes próprios. Segundo a Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), existiam 800 mil ciganos espalhados pelo território brasileiro em 2011. Um povo que vive no mundo, marcado pela liberdade e religiosidade, sem endereço fixo e documentos. Assim vivem alguns ciganos. Suas tradições são passadas de geração para geração, no cotidiano, sem muitos registros documentados. Amantes da lua, festeiros, místicos e nômades, são alvos de preconceitos por algumas pessoas que os consideram ladrões e enganadores, o que pode ter surgido pela tradição de saírem às ruas para cultivarem a cultura. A atividade acontece duas vezes por ano e as mulheres sempre estão acompanhadas dos maridos, mesmo

FESTA CIGANA Ensaio do grupo para a festividade de 2014, em Três Rios 88

Revista On Outubro & Novembro

que distantes. Zaina Masculesco, a cigana Calderachi, explica que os ciganos precisam sair para não deixarem os dons se perderem. Eles conseguem pertences das pessoas por meio da persuasão e não por roubo, como alguns acreditam. “Os ciganos tradicionais não trabalham, são nômades e precisam se sustentar através da troca. Por isso, por meio da conversa, conquistamos alguns bens materiais”, diz. Filha de ciganos, Zaina não quis seguir a tradição de casar-se com alguém da comunidade. Hoje, vive dividida entre a tradição cigana e a sociedade. Mineira, vive em Três Rios há mais de 30 anos e conta que passa por inúmeras situações de preconceito. “Está estampado em mim que sou cigana. Tenho dente de ouro, me visto como cigana quase sempre, ando cheia de acessórios, maquiada, as pessoas percebem e algumas reagem com preconceito. Menos que antigamente, é claro”. A cigana segue alguns rituais: faz leitura na borra de café, trabalha com as cartas, estuda e pratica atividades para não perder a vidência. A evolução é inevitável e necessária. Segundo ela, por exemplo, os ciganos convivem na sociedade, trabalham e conquistam documentos que comprovam sua existência, o que antes não possuíam.

Em Três Rios, Carmem Curioni, professora de dança há 25 anos, Silvestre Souza e um grupo formado, em sua maioria, por mulheres, lutam para mudar essa imagem, garantir diretos para os grupos que passam pela cidade e para os poucos que vivem na região. A paixão pela cultura faz parte da vida da professora trirriense, o que é visível, principalmente, em suas roupas e acessórios. Ela diz ser cigana de corpo e alma e explica que existe uma possibilidade de pertencer a uma família cigana devido ao nome e sobrenome. “Eu nunca me vesti como a maioria das pessoas, gosto desde pequena de tranças, saias com muitas pontas, acessórios. Perto da minha casa havia grupos ciganos. Aliás, minha avó acolheu muitos grupos que passaram pela cidade há muitos anos”, lembra. Há 12 anos, após um curso de dança cigana com Yara Portes, em Juiz de Fora, passou a viver de fato a cultura que sempre a encantou. A partir daquele momento resolveu contribuir para extinguir o preconceito que existe com relação ao povo. “A cultura cigana não é só a dança, são os mistérios, a beleza do dançar, a alegria que usam para qualquer tipo de festividade, eu me apaixonei”, conta. Para ela, os ciganos chamam a atenção de todos pela beleza. Com um pouco de preconceito ou não, as pessoas se identificam. “Acredito que todas no grupo, assim como todas as mulheres, gostariam de ser ciganas. Hoje posso dizer que até o homem, por conta liberdade, sem libertinagem”, explica.

GRUPO DE DANÇA Juntos, os membros valorizam a cultura cigana


Carmem Curioni é professora de dança há 25 anos e uma das pessoas que lutam para mudar a imagem dos ciganos na sociedade

Após se aprofundar nos conhecimentos ciganos, conduz um grupo que pratica a dança e algumas reflexões ciganas em Três Rios, tornando real o desejo de muitas mulheres que se identificam com a cultura e não tinham a oportunidade de conhecer verdadeiramente a tradição e características. “Trabalho com os quatro elementos, que são as energias, e, partir de então, a pessoa pode entender o seu corpo, o que ela pode soltar de alegria e tristeza, colocar para fora a mulher invisível que existe em seu interior, já que é uma dança extremamente feminina e sensual. Tra-

CARNAVAL Grupo se apresentou no desfile do G.R.E.S Bom das Bocas

balho esse prazer em dançar e algumas coisas da cultura cigana”, explica. Ao contrário do que os leigos pensam, os ciganos dançam para Jesus, para Deus e para o vento, explica Carmem. “Acredito que quem me procura é para se entender mais. As mulheres se sentem à vontade, já tive homens também na escola, já que qualquer pessoa pode fazer, mas as mulheres são a maioria”. Acabar

com a timidez, aprender a dançar para o marido e viver a paixão pela cultura cigana são os principais motivos que as levam até a professora, que disponibiliza, também, aulas particulares. Nilda de Albuquerque, chamada de Gina pelos ciganos, foi circense, levou uma vida nômade por 15 anos e afirma ter paixão por ciganos desde a infância. “Não nasci em nenhum clã, que eu saiba, mas

revistaon.com.br

89


COOL CULTURA

sempre tive uma atração muito grande por ciganos. Eu fugia de casa para estar com os ciganos, sentava no colo da cigana e minha mãe me batia, afirmando que eles iriam me carregar”, lembra. A liberdade sempre a atraiu e, quando se tornou adulta, teve a oportunidade de estar com ciganos. Há 20 anos dedica-se à cultura, escreve poesias, pintar e desenhar. “Quando estou entre os ciganos, dançando, é onde me sinto bem. Já fui até confundida como cigana”. A história de Gina não é muito diferente de todas as mulheres do grupo, que sempre tiverem paixão e atração pela cultura e, juntas, compartilham a dança, músicas, entre outras atividades. Marise Furtado começou na dança de salão, mas se encantou pela dança cigana. Aluna desde o início do grupo criado por Carmem, a cigana de corpo e alma afirma que se identifica totalmente com a cultura. “Teve um dia que a Carmem me chamou a atenção porque eu estava fazendo tudo errado, estava viajando na dança”, brinca. Ela explica que, depois de conhecer a cultura, usa mais acessórios, se acha mais bonita, mais mulher e mais segura. “Quando danço, esqueço todos os problemas, sem contar os amigos que fazemos, não tem dinheiro que pague isso”, finaliza. O parceiro de dança de Carmem, Silvestre Souza, faz dança cigana há

CARMEM CURIONI Registro de participação no congresso dos ciganos no Arpoador 90

Revista On Outubro & Novembro

MARISE FURTADO Apesar de não ser de família cigana, se encantou pela cultura

dois anos e explica que os homens também podem fazer aulas, apesar de serem minoria na escola. “O homem tem um papel fundamental, de reger as mulheres, e, diferente das ciganas, somos mais discretos em nossas roupas”, explica. Na cultura, o homem não pode tocar na cigana e conduz a dança apenas com gestos e olhares, o que deixa a dança mais sensual. Para ele, após conhecer a cultura tudo ficou mais transparente e fácil de compreender. “Quando alguém quer te fazer mal, por exemplo, sentimos logo. Assim como ao contrário, vamos denotando as coisas”. Assim como as ciganas, eles são muitos desconfiados

e se destacam pela sedução. Segundo Silvestre, as mulheres ficam atraídas pelo ar misterioso dos homens, e na dança não é diferente. Há oito anos, em parceria com o Governo Municipal, o grupo realiza um festival de dança que acontece no mês de maio na Praça dos Peixinhos. “No evento, totalmente gratuito, temos oráculos, vendemos comidas e acessórios ciganos e trabalhamos no show. Esse ano, por exemplo, nosso tema foi explicar sobre a religião cigana”, explica Carmem. Ela luta para que os ciganos que passam pela cidade e os que residem no município tenham direitos e ganhem

ZAINA MASCULESCO A cigana diz que ainda é alvo de preconceito por suas roupas e costumes


“O homem tem um papel fundamental, de reger as mulheres na dança”, Silvestre Souza

BANDEIRA CIGANA Tradições da cultura cigana não são perdidas com apoio do grupo

mais qualidade de vida. Um censo para saber a quantidade de ciganos na cidade não existe e a professora chama a atenção para isso. “Nós, aqui em Três Rios, não temos mais espaços para abrigar circos, pois estão sendo ocupados por empreendimentos, os acampamentos ciganos não existem mais. Um dos meus objetivos, junto à Secretaria de Cultura, é ter uma secretaria nômade que valorize essa etnia. Havendo um lugar para essas pessoas acamparem, beberem água, registrarem sua passagem, entre outras coisas. Luto por um local para essas pessoas”, finaliza.

revistaon.com.br

91


COOL MÚSICA

A VOLTA DAS AULAS DE MÚSICA NAS ESCOLAS Existe uma proposta factível para esta atividade voltar às grades extracurriculares. Márcio Simões marciosassis@gmail.com Graduado em administração com habilitação em marketing, é fundador da ASK Indústria, proprietário da primeira loja especializada em instrumentos musicais na região, associado da Associação Brasileira da Música, radialista e escritor.

A

música, na vida do ser humano, é uma dádiva e envolve todos pela emoção e desejo de bem-estar e sentimentos de liberdade. Seu aprendizado desde cedo, em tenra idade, promove, segundo diversos estudos científicos, melhora das habilidades intelectuais vitais nas crianças. Como um dos resultados, a participação em atividades musicais aumenta a habilidade da criança para aprender matemática básica e a leitura. Os estudantes que participam de aulas de músicas e praticam com um aprendizado constante, obtêm notas significativamente mais altas nos testes padronizados e, ainda, desenvolvem habilidades cruciais para uma vida bem sucedida, como autodisciplina, trabalho em grupo e habilidades para a resolução de problemas. Treinamento em música ajuda estudantes com fraco desempenho escolar, com o comportamento e a atitude. Em Rhode Island, os pesquisadores estudaram oito classes de primeiro grau em escolas. Metade das classes tornaram-se grupos de “teste em artes”, recebendo

92

Revista On Outubro & Novembro

treinamento contínuo em música e artes visuais. No jardim da infância, este grupo tinha ficado para trás no desempenho escolar. Depois de sete meses realizou-se um teste padrão com os estudantes. O grupo de “teste em artes” alcançou seus colegas estudantes em leitura e ultrapassou seus companheiros em matemática em cerca de 22%. No segundo ano do projeto, os estudantes de artes ampliaram essa margem. Os professores notaram melhorias significativas sobre a importância da música nas salas de aulas. Em 1998, a ABEMUSICA realizou um abaixo-assinado para volta das aulas de música nas escolas em São Paulo, na Expomusic, feira internacional da música, uma das maiores da América Latina, com a participação dos fabricantes da área. Assinei, lembro perfeitamente que fui o octogésimo terceiro a assinar, a missiva. Para chegar ao Congresso, foram milhões de assinatura entregues pelas mãos de Roberto Frejat, da banda Barão Vermelho, e outros músicos presentes, junto com os diretores da conceituada ABEMUSICA. Na próxima edição, explico o que aconteceu após a sanção da lei. Até breve!


revistaon.com.br

93


COOL MÚSICA

O CANTO

QUE ESPANTA OS MALES POR MAYARA STOEPKE

A música melhora a memória, acalma, socializa e é considerada um ‘‘remédio’’ para vários problemas. Em Três Rios, o Coral Municipal, liderado pelo regente Robertho Ázis, há 14 anos encanta com suas músicas e apresentações especiais em eventos da cidade, enquanto os participantes vibram em cada ensaio.

94

Revista On Outubro & Novembro


A

“A proposta do coral não é uma formação de cantores profissionais”, Robertho Ázis, maestro

o coral se tornou uma grande família. “A proposta do coral não é uma formação de cantores profissionais. Quando criamos o coral, eu trouxe a filosofia do Sesc, que era um evento para socializar, já que a maioria deles são aposentados”, conta. Nas noites de terça e quinta-feira, os 50 integrantes se reúnem para ensaios muito divertidos. Além de cantar, conversam, comemoram aniversários e datas especiais. “Nós temos uma senhora com mais de 90 anos, altamente produtiva, então, fazemos esse trabalho de socialização, claro, sem fugir da parte de canto, afinação e respiração, que também ajuda na terceira idade”, completa. Desde a primeira formação, muitos integrantes passaram pelo grupo, que já fez apresentações até em inglês e esperanto. Vinícius de Moraes e Roberto Carlos são dois dos grandes artistas já homenageados pelo grupo. “No governo atual estamos obtendo uma atenção diferenciada ao coral. Esse é o quinto ano ARQUIVO PESSOAL

s apresentações públicas nos finais de anos em Três Rios são marcadas pela presença ilustre do Coral Municipal. O que poucos sabem é que cada integrante é dono de histórias que ganham mais vida a cada encontro, a cada música, a cada apresentação do coral. Os ensaios são encontros de amigos que desfrutam da arte que mais gostam, a música. A arte, que também pode ser terapia, é a motivação de muitos integrantes que, já aposentados, se dedicam ao trabalho. Tudo começou em 1986, com o coral do Sesc Três Rios, chamado Canto Livre, onde Robertho Ázis era o regente. O coral existiu por 12 anos e terminou com o final de um contrato. O prefeito da época convidou Robertho para conversar e incentivou a formação do Coral Municipal de Três Rios, em 2000. Foi assim que surgiu o coral municipal. “A nossa preocupação em municipalizar o grupo era para que eles, mais tarde, tivessem um amparo legal e não acontecesse como o coral do Sesc, que existiu por 12 anos e de repente acabou”, explica Robertho. O cantor e compositor tem a música correndo em suas veias desde os seis anos. Fã da Música Popular Brasileira, vive do trabalho relacionado à música desde os 18 anos. Foram vários festivais, prêmios, composições e, para ele,

POP ROCK Caracterizados, os integrantes homenagearam até o grupo Mamonas Assassinas revistaon.com.br

95


REVISTA ON

REVISTA ON

REVISTA ON

COOL MÚSICA

DEDICAÇÃO Edson encontrou no coral a oportunidade de se reciclar e especializar

MAIS TEMPO Desde o coral do Sesc, a aposentada Simone Salgueiro acompanha o maestro

PAIXÃO Marisilda sempre admirou corais e encontrou o de Três Rios há dois anos

que fazemos um espetáculo no final do ano. Já apresentamos o ‘Coral Canta Roberto Carlos’, ‘Coral Canta Brega’, ‘Coral Pop Rock’, ‘Coral Canta Vinícius de Moraes’ e esse ano vamos homenagear a Velha Guarda”, revela Robertho. São músicas que, de alguma forma, fizeram parte da vida de todos eles e, em meio às lembranças individuais, são cantadas com muito carinho.

tem o seu tempo, é normal”, acrescenta. Em dezembro, o grupo parte para Conservatória, conhecida como a “cidade das Serestas” e, em seguida, a tradicional apresentação de final do ano. Simone Salgueiro já avisou para a família sobre o compromisso e até recusou uma viagem. A aposentada, de 77 anos, é a integrante mais antiga do coral e acompanha Robertho desde o Sesc. “Eu toquei um pouco de piano na juventude, estudei por uns 10 anos e sempre gostei de música”, conta. Depois da aposentadoria, a vontade de ter outra atividade virou uma necessidade. Os ensaios se tornaram uma terapia. “O coral é a minha válvula der escape. São duas noites da semana que eu venho com o maior prazer”, resume. O cantor Roberto Carlos sempre marcou a vida de Simone e a apresentação que mais a marcou foi quando cantaram as canções do artista. “Sentimos a emoção das pessoas que nos assistem. Eles cantam junto conosco, já virou tradição”. O apoio da família é fundamental. Seus filhos saem da capital do estado para prestigiarem todo o coral. “Além de tudo isso, eu destaco a paciência do Robertho, porque a maioria de nós não conhece nada de música e ele consegue algo incrível”, ressalta. Edson Eduardo, 63, começou a cantar

em corais de igreja aos 17 anos. Fã de Tim Maia, sua vida sempre teve a música presente, até que conheceu o coral em 2012, após convites de alguns integrantes. “Aqui eu tenho a chance de me reciclar e me aprimorar mais na música”, conta. Sem abrir mão de cantar na igreja, cita que as apresentações sempre o marcam muito, afinal, todos se preparam durante o ano para aquela noite especial. “Quando nos apresentamos, é um dever cumprido”, resume. Marisilda Soares, 58, sempre foi encantada com corais. Há sete anos, ainda morando em São Paulo, ingressou em um coral de canto lírico. “Onde tinha coral, eu ia. Não sei explicar a razão disso, mas sempre gostei muito”, conta. Há dois anos em Três Rios, conheceu o Coral Municipal quando escolhia o apartamento em que ia morar com o marido na nova cidade. “Eu havia saído do hotel para ir à missa e, depois caminhar, quando passei em frente ao local de ensaios, logo falei com o meu marido que ali tinha um coral”, recorda. Ela considera o coral uma parte da sua vida e as aulas são momentos de diversão. “Quando cantamos, dá uma sensação de felicidade porque estamos passando algo bom e bonito. Ver as pessoas se emocionando conosco é uma resposta de que estamos

“Entrar no coral mudou a minha vida”, Marisilda Soares

Embora o coral não tenha pessoas jovens de idade, ele está aberto a todos acima de 18 anos. “Pessoas de até 108 anos podem entrar sem problema algum”, brinca. Quem nunca cantou e não tem experiência com música também pode fazer parte. O regente ensina, com muita técnica e paciência, o canto. “Não existem pessoas desafinadas, existem pessoas que possuem dificuldade em reproduzir o que estão escutando. Com o tempo e persistência, todo mundo canta. Algumas pessoas aprendem mais rápido, outras mais devagar, cada um 96

Revista On Outubro & Novembro


indo bem, essa é a nossa maior satisfação”. Marisilda explica, ainda, que, para muitas pessoas, fazer parte do coral é uma chance de viver mais e melhor, já que se ocupam, fazem amigos e se dedicam. “Entrar no coral mudou a minha vida. Eu era professora de química e precisava ser muito rígida.

ARQUIVO PESSOAL

ARQUIVO PESSOAL

VINÍCIUS DE MORAES O coral prestou homenagem ao artista em 2013

REGENTE ROBERTHO ÁZIS Com orgulho, ensaia todos os integrantes semanalmente

Era difícil ter amizade e, depois do coral, eu me soltei mais, consegui fazer amizades e isso me ajudou muito na mudança de cidades. Sou outra pessoa”, resume. Para fazer parte do coral não é necessário nenhum tipo de formação na música ou pagar mensalidade. Os ensaios acontecem

todas as terças e quintas-feiras, de 19h às 21h, no segundo andar da Casa de Cultura. “Qualquer pessoa que tiver mais de 18 anos pode vir cantar conosco. Deixo um convite para todas as pessoas que sentirem vontade de participar do coral. Serão muito bem-vindos”, convida Robertho Ázis.

revistaon.com.br

97


COOL MODA

TROPICAL

SUMMER FOTOS KINKY

As estampas tropicais estão com uma pegada mais elegante para o próximo verão.

Fernanda Eloy fernanda.eloy@hotmail.com.br Designer de moda e proprietária da marca Fernanda Eloy e do blog de moda www.sushidechocolate.com

A

moda está cada vez mais acelerada. Mal saímos do inverno 2014 e nesse momento já esta sendo desfilado o Verão 2016. Mas vamos nos concentrar no presente. Nesta edição falo sobre uma forte tendência do verão, o Tropical Summer. As estampas tropicais estão sempre presentes na moda dos países mais quentes. A novidade deste verão 2014/15 no Hemisfério Norte é que esse tropical está com uma pegada mais elegante. Um tropical que, muitas vezes, traz folhas e coqueiros combinando nos tons entre si, como no caso da estampa do macacão que tem o verde como predominante. Nessa proposta,

98

Revista On Outubro & Novembro

vestidos, conjuntos, scarpins e bolsas ganham suas versões tropicais. Florais, P&B, fundos escuros, efeito pincelado, bordados, folhagens e toques de laranja são os principais destaques. Aproveitando o clima tropical da estação, outra tendência surge para divertir a moda. O contorno exótico e um tanto pitoresco do abacaxi serve como motivo principal de estampas, bordados localizados e até mesmo como cenário e tema de coleções inteiras. As espadrilles da temporada pouco lembram o antigo e modesto calçado do leste espanhol. Ressurgiram há algumas temporadas e ganham versões ainda mais luxuosas. Aposte nessas tendências e arrase no verão!


revistaon.com.br

99


100 Revista On Outubro & Novembro


COOL MODA

VAIDADE NÃO

TEM IDADE

FOTOS REVISTA ON

POR TATILA NASCIMENTO

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

LUCIANA VIEGAS

É fato que a aparência sofre mudanças com o passar dos anos. Porém, envelhecer está muito além de fazer aniversário. A idade está na cabeça de cada pessoa e, com isso, mais mulheres não deixam de cuidar da aparência na terceira idade. Maturidade e muito estilo podem, sim, caminhar lado a lado.

F

átima Esteves tem 60 anos e sempre gostou de estar arrumada, garante ser vaidosa desde pouca idade, o que é importante para manter a autoestima. “Batom e perfume sempre serão minhas marcas. Gosto de me vestir com roupas simples, confortáveis e que me façam sentir linda. Não adianta usar o mais caro se você não se sente bem. Simplicidade e detalhes fazem a diferença. Costumam dizer ‘Fatinha, você coloca um lenço e fica chique’. Com um pequeno detalhe, você transforma uma roupa”, diz. Para Fátima, o idoso tem que aceitar o envelhecimento, as mudanças no corpo e tudo o que acontece com o passar dos anos. Aposentada há cinco anos, conta que sentia falta do convívio social, até que começou a trabalhar com biscuit. “Uma vez assisti uma palestra e a palestrante disse ‘Se olhe e se aplauda sempre que puder’. E assim faço. Não importa a opinião dos outros, quero me sentir bonita e dar sempre aquele aplauso para essa mulher guerreira, de coração mole, que

“Não importa a opinião dos outros, quero me sentir bonita”, Fátima Esteves, 60 anos revistaon.com.br

101


COOL MODA LUCIANA VIEGAS

se comove e que adora o brilho. Gosto da vida e com ela estou cada dia melhor, mesmo que o tempo esteja mudando meu corpo. O envelhecimento vai acontecer normalmente, todo mundo passará por isso. Já fui jovem, magrinha, linda, amei muito e hoje estou muito bem do jeitinho que estou. Fico feliz por mim. Estou sempre fazendo cabelo e unha, gosto disso. Bebo muita água e sorrio bastante, isso sim me faz ficar bela”. A psicóloga Ângela Marques diz que as mulheres encaram o envelhecimento como algo inevitável, mas que pode ser retardado com algumas atitudes. “Viver sem envelhecer significa cuidar-se, principalmente do emocional, do olhar a si mesmo, não encarar o envelhecimento como mutilação, como um não poder fazer algo. Viver sem envelhecer é manter-se em equilíbrio consigo mesmo e ser capaz de se amar mais do que nunca, ir de peito aberto para a vida”. Ângela afirma que a vaidade é importante para uma vida melhor, mas ressalta que tudo em exagero aprisiona. “Que essa vaidade seja para cada uma que a procura e não em função do outro, da expectativa que o outro tem da pessoa. Vaidade é saudável, envelhecer com uma vida social e sexual ativa é excelente, mesmo sabendo que a nossa sociedade ainda se surpreende com isso em várias circunstâncias. Quebrar preconceitos é a regra para um bom viver”. Ela explica que, hoje em dia, as mulheres se permitem ser avós, profissionais, mães e esposas ao mesmo tempo. “As mulheres tem que ter a autoestima elevada, devem se cuidar, nunca esquecendo quem elas são, o caminho que já percorreram e se permitindo viver as novas propostas que a vida lhes oferece”.

ESTÍMULO Para Fátima Esteves, é muito importante para a autoestima e para estar bem

“Viver sem envelhecer é manter-se em equilíbrio consigo”,

ARQUIVO PESSOAL

Ângela Marques, psicóloga

SALÃO Fátima Esteves entre os cabeleireiros Marco Aurélio Mota e Rafael Pessoa 102 Revista On Outubro & Novembro

Margarida Bernardes, conhecida como Guidinha, tem 67 anos e também sempre teve o costume usar maquiagem e se cuidar. “Acho muito importante. Fazendo isso, a pessoa não se sente envelhecida. Eu me sinto jovem, mesmo com a idade que estou”. Ela revela que usa vários cosméticos, como rímel, batom, base, pó compacto e brilho, além do uso diário de filtro solar. “Há 30 anos uso o protetor. Utilizo vários cremes, pinto o cabelo todos os meses e adoro fazer minha unha, mantê-las sempre pintadas”, diz. A aposentada ainda deixa uma dica: “O conselho que dou é que todos os idosos cuidem de si, pois nós que fazemos nossa idade. Ela está na nossa cabeça e não em uma certidão de nascimento”. O cabeleireiro Rafael Pessoa conta que a procura pela beleza e cuidados em geral tem aumentado nos últimos anos. “Creio que isso seja um reflexo de que antigamente existia certa restrição pelo machismo, normalmente dos maridos, quando as mulheres não po-

diam ser muito vaidosas. Hoje, a história é diferente. As mulheres estão mais independentes e cada vez mais exigentes, tanto com os cabelos quanto com os cuidados com o corpo em geral”. Segundo Rafael, as mulheres costumam frequentar o salão pelo menos duas vezes por mês, principalmente pelos indesejados cabelos brancos, pois não querem que cresçam parecendo desleixo. Ele considera importante o cuidado com a aparência e, sobre o tipo de corte ideal, explica que dependerá muito do dia a dia e de cada mulher, mas acredita que cabelos muito longos pesam na aparência e recomenda o uso de cabelos médios ou curtos. “A sociedade exige uma aparência cada vez melhor. Para grande parte das coisas, hoje em dia, a aparência vai contar muito. Procure hidratar os cabelos, pelo menos uma vez por semana, para que ele esteja sempre com aspecto saudável. Use filtro solar diariamente, funciona como um ótimo re-


ARQUIVO PESSOAL

PSICÓLOGA Angela Marques diz que as mulheres encaram o envelhecimento como inevitável

“Utilizo vários cremes, pinto o cabelo todos os meses e adoro fazer minha unha”, Margarida Bernardes, 66 anos juvenescedor, e as unhas, mesmo que não estejam feitas, nunca deixe com esmaltes descascando”, aconselha. Aos 68 anos, Ana Carlota Salzano lembra que, antigamente, usava papeis para arrumar o cabelo e, no lugar de fixador, usava cerveja. “Acho importante o cuidado com a aparência porque vejo muitas mocinhas que não se cuidam. Se eu não me arrumar, não sou ninguém. Tenho que levantar e me arrumar, mesmo trabalhando em casa, fazendo meus artesanatos. O lápis de olho não pode faltar. Tenho mania de roupa, gosto muito de vestidos. Eu uso roupa simples, mas gosto de estar sempre arrumadinha”. A artesã afirma que estar ativa faz muito bem ao ego. “Mesmo com mais idade, gosto de ter alguma coisa com a cor da moda. Não existe mais aquela re-

gra de que o idoso tem que usar roupas de idoso. Os meus netos adoram, costumam brincar dizendo que a ‘vovó está sempre no formol’. Gosto de passear, viajar, sair para dançar. Não sei lavar a cabeça sem fazer escova. Eu mesmo

VAIDADE Margarida Bernardes conta que tem o costume de se arrumar bem desde muito nova

revistaon.com.br

103


COOL MODA

MARGARIDA BERNARDES Aos anos 66 anos, diz sentir-se jovem por cuidar da aparência

104 Revista On Outubro & Novembro

faço. Faço unha toda semana, pinto de várias cores, mas nada muito escandaloso, e gosto bastante de decorá-las”. Maria Emília Soares, design de moda, especialista em moda, cultura de moda e arte, explica que a ideia de terceira idade é relativamente nova e, apesar de ser um grupo de consumidores de grande potencial, passava despercebido até pouco tempo. “Se pensarmos que as idosas de hoje vivenciaram todo um período de transformação cultural de maior liberdade e individualismo a partir dos anos de 1960 e que essas ideias as acompanharam, influenciando também sua maneira de vestir, elas darão preferência a peças que gostam, combinandoas como quiserem, valorizando sua individualidade, seu estilo. Mas não podemos generalizar. Há um grupo que cresceu cheio de regras, ditando o que pode ou não vestir. Para estas pessoas fica mais difícil romper com as normas. Então, apesar de haver uma mudança sinalizada no jeito das senhoras


“Os meus netos costumam brincar dizendo que a ‘vovó está sempre no formol’”, Ana Carlota Salzano, 68 anos

CUIDADO Ana Carlota Salzano faz as unhas semanalmente

ROTINA Levantar e se arrumar, mesmo ficando em casa, faz parte da vida de Ana Salzano

se vestirem, ainda veremos muitas delas se vestindo de maneira mais tradicional”. Segundo a especialista, a moda deve expressar quem é a pessoa. “O bacana mesmo é usar toda essa informação de moda disponível para aplicar o nosso jeito, o nosso estilo. Não sou muito a favor de regras, conhecer seu corpo e saber valorizar o que ele tem de bacana é o mais importante. Com o passar dos anos adquire-se mais experiência em saber o que funciona ou não em nós, como as cores que favorecem, decotes que enfeitam. Se, ao se olhar no espelho você se sentir bem, não importa a idade, está valendo”. A roupa, ainda de acordo com Maria Emília, influencia na aparência da idade, tanto para mais, quanto para menos. “Para quem quer parecer mais nova, uma dica simples é marcar a cintura, dando uma sensação de jovialidade, que pode ser feito coordenando as partes de baixo e de cima em cores contrastantes para criar uma ‘quebra’ de silhueta bem no meio do corpo, escolher peças que, mesmo soltinha, já são construídas com modelagem acinturada ou usar o casaco aberto, criando um vão vertical afinador no centro do torso”. Ela finaliza esclarecendo que, para todas as idades, o importante é se conhecer, abraçar sua essência, aceitar as imperfeições e usar a moda como aliada, e não se tornar vítima dela, para viver feliz. revistaon.com.br

105


COOL FESTAS

TODA PRINCESA MERECE UM CASTELO POR MAYARA STOEPKE

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

Casar em um castelo é o sonho de muitas noivas que estão prestes a dizer o “sim”. Uma festa marcante, com todos os familiares e amigos, é o que muitos esperam logo após a cerimônia. Para Renata Vasconcellos e Rafael Machado, o sonho, que não era sonho, virou realidade em um dos mais bonitos locais da região, o Castelo de Itaipava.

S

abe aquela história de uma amizade antiga que depois de anos vira namoro e casamento? Foi assim com Renata Vasconcellos e Rafael Machado, que se conhecem desde a adolescência. Os pais já eram amigos e o casal frequentava as mesmas festas, os mesmos lugares e sempre se esbarravam. 106 Revista On Outubro & Novembro

Até que perceberam que nasceram um para o outro. “Um dia eu pedi para ficar com ela, mas, na época, a nossa diferença de idade falava mais alto. Ela tinha só 13 anos e eu 18, ela não quis, achou um absurdo”, lembra aos risos Rafael. Em um churrasco de amigos em comum, se esbarraram novamente. Junto

com o esbarrão, chegou a felicidade, em 2013, e não se desgrudaram a partir de então. “O fato de já nos conhecermos há muitos anos e as famílias também facilitou muito o nosso entrosamento, tudo fluiu muito rápido e naturalmente”, explica Renata. A mesma estrutura familiar, os mesmos gostos,


os mesmos objetivos e as mesmas expectativas uniriam ainda mais o casal. Já que para o amor não existe tempo, que tal ficar noivos com seis meses de namoro? Renata, em meio às brincadeiras, jogava indiretas de que gostaria de casar. “Foi incrível, ele disse que iríamos para o Rio de Janeiro passar o final de semana e que era para eu levar umas roupas. Como percebi algo diferente, levei uma roupa mais bonita. É difícil fazer surpresa para mim, mas ele conseguiu”, brinca Renata. Foi com muito romantismo que aconteceu o grande pedido. “Eu a levei para jantar em um hotel e, durante a conversa, perguntei: ‘Quer casar comigo?’. Ela rapidamente aceitou e foi muito engraçado porque fomos convidados para ir em uma boate e tudo acabou em muita dança, bebemos a noite toda, foi tudo a nossa cara”. Uma das características mais marcantes do casal é a comemoração. Gostam de festas, conversar, dividir

ANGRA DOS REIS A primeira viagem feita juntos marcou a oficialização do namoro

UNIÃO O companherismo entre os dois reforçou ainda mais a relação

todos os momentos com os amigos. E não poderia ser diferente no noivado. Ao retornar do Rio, onde o pedido foi somente com os dois, as duas famílias se reuniram para comemorar e o pedido foi oficializado. Em seguida, começaram os preparativos para o grande dia. “Eu nunca tive o sonho de casar. Não sou católica, então

nunca quis casar em igreja, gostaria de reunir os amigos, a família, mas nunca tive esse sonho que geralmente as mulheres têm”, conta Renata. Foi quando surgiu a ideia de fazer o casamento no Castelo de Itaipava, afinal, “uma princesa merece casar em um castelo”, diz Rafael. O momento marcante para o casal

revistaon.com.br

107


COOL FESTAS

NOIVADO Amigos de longa data, não foi difícil conquistar as famílias FIOBRANCO FILMES

tinha que ter a cara deles, com festa e alegria. Renata queria algo diferente, que marcasse a nova fase dos dois e que levasse momentos especiais para os convidados. Então, cada detalhe foi tratado com muito carinho e a escolha pelo Castelo de Itaipava proporcionou um momento mágico e inesquecível para todos que estavam presentes. “O engraçado é que, geralmente, a noiva toma a frente de tudo. No nosso caso, como passei um ano em Juiz de Fora, em algumas reuniões o Rafael foi sozinho, eu aprovava pelo telefone”, conta Renata. O companheirismo também marca muito a relação. Nos plantões de Renata, que é médica radiologista, em Juiz de Fora, era Rafael quem a acompanhava.

“Eu a levei para jantar em um hotel e durante a conversa perguntei: ‘Quer casar comigo?’” Rafael Machado Mas, como um casamento em castelo precisa de uma organização impecável, todos os profissionais foram escolhidos de acordo com as necessidades do casal, assim como a decoração. “Para registrar esse momento com lindas recordações, investimos em fotografia e filmagem. Optamos por uma empresa de fotografia tradicional do Rio e, para filmar, uma empresa da nossa cidade que desenvolve um trabalho incrível”, explica Renata. Responsável por registrar toda a festa e transformar aquele momento em um arquivo único e emocionante, a Fiobranco Filmes investiu em uma grande produção, inclusive com imagens captadas por um drone, para registrar cada momento. “Confiamos 100% e a expectativa é de um vídeo incrível, como os que já assistimos”, diz Renata. Em um ano de organização e planejamento, eles lembram que curtiram muito os preparativos. Ao contrário de alguns casais que brigam durante as decisões, com os dois foi ao contrário. “Tudo saiu como queríamos, não estávamos preocu108 Revista On Outubro & Novembro

CERIMÔNIA Reuniu amigos e familiares no Castelo de Itaipava para celebrar e comemorar com o casal

pados porque fizemos tudo com muita antecedência”, diz Rafael. Para o casal, que adora festejar, todo esse processo foi motivo para festa. Renata chegou a ter cinco chás de panela, potes, lingerie... “Tudo era motivo para festa”, lembra. A lua de mel, presente dos pais do noivo, foi no Taiti. “Dizemos para todos os casais que não existe tempo para um amor de verdade e o mais im-

portante é o companheirismo. Precisa existir parceria”, finalizam. Uma história marcada por muito apoio com um final deslumbrante e feliz, que ficou na memória de todos os convidados presentes e, claro, dos noivos, que fazem planos de continuar a história como um príncipe e uma princesa. Ou seja, como nos contos, felizes para sempre.


revistaon.com.br

109


COOL COLUNA SOCIAL

UM HARÉM TRIRRIENSE FOTOS PEDRO OCTAVIO E MARCO GARAVALDI

Dança, arte e confraternização marcaram o evento, no início de setembro, realizado no Espaço de Criação Móbile. Pedro Octavio C. Quintella 35 anos de colunismo social Como colunista social, já participou de “O Cartaz”, “Diário de Três Rios”, “Jornal Arealense”, “Jornal de Areal”, “Tribuna Post” e “Bafafaetc”. Trabalhou na Rádio Globo e na TV Rio. Atualmente assina uma coluna para o “Entre-Rios Jornal” e para o portal Revista On. Comanda um programa diário na 87,7 FM.

110 Revista On Outubro & Novembro

H

arém é, para a cultura árabe, a parte da casa proibida a homens de fora. É, portanto, um ambiente onde as mulheres podem cuidar de sua beleza, desenvolver trabalhos artísticos, trocar confidências e se divertirem. Com este mesmo propósito de reunir mulheres apreciadoras da dança do ventre, surgiu, há 11 anos, em nossa cidade, este evento que reúne dança, arte, amizade e confraternização. Daliana Miranda é a organizadora que escolhe a cada ano um tema para ser representado por suas alunas e artistas convidados no “Dançando no Harém”. O tema deste ano foi “No templo de Ísis”, deusa egípcia de grande importância em todo o Egito. Conhecida como “Deusa da maternidade e do nascimento”, suas várias faces serviram para abençoar a aluna Teresa Cristina Marasco, que realizou linda dança aos seus oito meses de gestação, além de fornecer o pano de fundo para o espetáculo que uniu a dança do

ventre com outros estilos, como cigana, o flamenco-árabe, indiana, circular, folclórica árabe e dança aérea. O evento aconteceu no Espaço de Criação Móbile, outra novidade quanto aos espaços artísticos de Três Rios, localizado na Praça Salim Chimelli, onde são ministradas aulas de dança aérea com tecidos, trapézio e técnicas circenses, sob a direção de Ceci Miranda. No dia 6 de setembro, os convidados especiais foram Carmem Curioni e Silvestre da Matta, com dança cigana, e a bailarina profissional de dança do ventre recém-chegada do Egito Aline Mucci, de Vassouras. No dia 7 de setembro, os convidados eram mineiros de Barbacena, a Casa de Charme Estúdio; de Juiz de Fora, a grande bailarina Cintia Prado e suas alunas do Tablado Árabe, e a participação do bailarino e professor de folclore árabe, o libanês Tufic Nabak. Em ambos os dias, o músico trirriense Wander Leal realizou o improviso de

WANDER LEAL O músico fez participação especial no evento

CINTIA PRADO A bailarina de Juiz de Fora participou no dia 7 de setembro


derbak, instrumento típico árabe, com as alunas do Grupo Ishtar, Luciana Melo, Luciana Gomes,Luciana Fonseca, Juliana Alves e Andreza de Oliveira. A dança que integra e compartilha fica a cargo de Aurora Garcia e Souza com danças circulares. O espetáculo foi plenamente registrado pela filmagem de Tiago Miranda e pelas lentes artísticas do fotógrafo Marco Garavaldi. Daliana deixa uma coletânea de textos que fundamentam sua paixão por esta modalidade artística a qual se dedica há 15 anos. “A dança feminina”, desde os mais remotos tempos,é uma expressão ritual e sagrada de identificação entre a mulher e a Deusa. A equipe que realiza este evento é uma verdadeira fraternidade, as irmãs Miranda: Terezinha, Fátima e Ana; a atriz Cida Medeiros, a apresentadora Lilian Reis e a assistente de som Bianca Marasco. Iluminação da HS SOUND.

DANÇA Professor e bailarino Tufic Nabak e Daliana Miranda, organizadora do evento

Condecoração O colunista do portal da Revista On e doutor em Engenharia de Produção, com mestrado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), Marcus Quintella, recebeu no dia 25 de setembro, a “Condecoração Engº Paulo de Frontin”, da sede da Associação de Engenheiros Ferroviários -AENFER, no Rio de Janeiro, que é destinada a personalidades que se distinguiram, de maneira relevante, na contribuição para o aperfeiçoamento e progresso dos transportes ferroviários do país, bem como na defesa dos interesses da classe ferroviária.

Aniversário O dia 13 de setembro foi um dia muito especial para Paulo Vaz Ramos. Os seus 80 anos foram devidamente festejados com uma big festa no Salão Minny Festas, que ficou pequeno para o grande número de parentes e amigos que lá foram cumprimentar o aniversariante. A emoção e a descontração eram nítidas no aniversariante. Entre outros que lá estiveram, Dalva e Juarez dos Santos, Celeste e Aroldo Martins, Geovanda e Bibi Ribas e a filha Luciana Ribas.

MARCUS QUINTELLA Com a diretora Maria das Flores e o presidente Luiz Euller Carvalho de Mello

PAULO VAZ RAMOS Cercado pelo carinho das netas Melissa, Marina, Marília e Maria Eduarda

MÓBILE O grupo tem direção de Ceci Miranda e o Espaço de Criação sediou o evento

DICA Cumprimentar e agradecer aqueles que nos prestam serviços, ainda que sejam pagos para isso, só nos fará bem e pode significar uma recompensa a quem tem um trabalho estressante. Ser elegante é olhar nos olhos dos outros de forma natural, reconhecendo no outro o seu valor intrínseco. revistaon.com.br

111


COOL CHECK-IN

CHAPADA DIAMANTINA

POR BERNARDO VERGARA

Pais Brasil Estado Bahia Cidade Referência Lençois Área 30.921 km² Economia Turismo e Ecoturismo Clima Tropical Idioma Português Moeda Real

UMA RIQUEZA QUE VAI MUITO ALÉM DAS PEDRAS PRECIOSAS Adentramos a chamada capital do turismo de aventura no Brasil e nos surpreendemos. A Chapada Diamantina, que por muito tempo foi sinônimo de exploração de pedras preciosas, hoje guarda tesouros naturais muito mais valiosos e acessíveis, além de ser uma região rica em cultura e história, e, mais do que isso, muito receptiva e acolhedora.

112 Revista On Outubro & Novembro

FOTOS JORGE COSTA

GALERA BRINDANDO A CHEGADA AO CUME DA CACHOEIRA DA FUMAÇA


01

T

oda grande aventura se inicia em um bate-papo informal, sem muito planejamento. Conosco não foi diferente. Em ideias trocadas junto com risadas e outros assuntos bem variados, surgiu a ideia de explorar a região da Chapada Diamantina, na Bahia. Após alguns papos e contatos telefônicos, definimos que realizaríamos a expedição em um grupo de cinco amigos e iríamos ao destino de carro. Sim, isso mesmo, de carro desbravaríamos os aproximados 1.500 quilômetros de estrada até a primeira fronteira da chapada. Assim nos lançamos na estrada[1], munidos de um GPS, um guia turístico e muita curiosidade. Parti de Três Rios com Helinho, Léo e Jorge com a missão de buscar o nobre amigo Tiago ‘’Because’’ na cidade de Belo Horizonte e de lá emendar estrada adentro. Tínhamos como meta inicial percorrer 1.350 quilômetros até a cidade de Itaberaba, na Bahia, onde encontraríamos alguns amigos de infância que estavam vivendo por lá e que nos prometeram cama para essa primeira noite, além de um jantar de recepção. Apesar de termos chegado um pouco atrasados na casa dos anfitriões Wogel, nossa recepção foi calorosa e brindada com uma boa pizza. Ali desmaiamos por algumas horas e, na manhã seguinte, estávamos todos de pé para dar início à exploração da Chapada Diamantina. Após algumas dicas de roteiro, cálculos de quilometragem e algumas indagações, nosso parceiro Leandro Spangemberg nos deu um roteiro minuciosamente escrito à mão que muito nos ajudou nos dias seguintes. Dali em diante nossa aventura começou e se estendeu por cinco dias de muita aventura, acesso às riquezas naturais, exploração de cidadezinhas pacatas e charmosas e, acima de tudo, contato com pessoas nativas muito gentis e receptivas. Nosso objetivo era explorar a região, sem tirar nada dela que não fossem experiências, lembranças e aprendizado. Os primeiros passos nos levaram a entrar na região da Chapada pela cidade de Andarái em busca do belíssimo Poço Azul e suas águas cristalinas e azuladas escondidas em meio a uma caverna. De lá nos direcionamos à pequena e charmosa vila de Igatu, toda construída por pedras nos tempos do garimpo e chamada de Machu Picchu baiana, onde passamos o final do dia antes de partir para a cidade de Mucugê. revistaon.com.br

113


COOL CHECK-IN

“Nosso objetivo era explorar a região sem tirar nada dela que não fosse experiências, lembranças e aprendizado” Em Mucugê tivemos tempo de eleger uma pousada, sair para uma rápida exploração pela praça central, apreciar um bom jantar e dormir, para, no dia seguinte, seguir viagem com destino a Ibicoara. Tínhamos planos iniciais de passar o dia na cidade, explorar a trilha da Cachoeira do Buracão[2] e nos mandar para a cidade do Vale do Capão ainda naquela noite. Nossa programação caiu por terra após conhecermos nosso guia, Noábio, e sermos informados de que a principal riqueza da cidade, a Cachoeira da Fumaçinha, não estava em nossos planos. Durante aquele dia tivemos acesso à Cachoeira do Buracão, que acabou nos surpreendendo bastante pela beleza e rusticidade. No final do dia buscamos um pouso para dormir e ir em

114 Revista On Outubro & Novembro

busca da citada principal atração no dia seguinte. Nas primeiras horas do dia estávamos adentrando a trilha para conhecer a tão esperada Cachoeira da Fumaçinha. Foram nove quilômetros de trilha de nível forte pelos cânions, até nos depararmos com uma cachoeira que se formava dentro da fenda de uma rocha gigantesca de aproximadamente 100 metros de queda d’água. O que a tornou mais incrível foi o fato de termos tido acesso a ela por baixo e ter usufruído daquele fenômeno da natureza. Aquele momento foi inigualável! Ao final daquele dia nos mandamos para a cidade do Vale do Capão, onde logo de cara conhecemos dois paulistas muito bacanas e, juntos, fomos conhecer a famosa pizza integral do Capão,

02


onde conseguimos um violão e fizemos a festa dos presentes na pizzaria [risos]. Diga-se de passagem, a pizza era diferente e saborosa. A partir dali, nosso grupo tinha se tornado maior, com a integração do Diego e do Rafael. No dia seguinte, fomos em busca das atrações próximas ao vale e desbravamos a grandiosa Cachoeira da Fumaça, o Rio e a Gruta da Pratinha, de águas cristalinas, e, por fim, apreciamos um pôr do sol indescritível no Morro do Pai Inácio. Nos deslocamos para a cidade de Lençois, tratada como a capital da Chapada, a fim de pernoitar. Essa era uma noite de sábado e nossos planos eram de aproveitar um típico forró da terra, porém, nossas pernas cansadas e olhos baixos nos levaram de volta à cama mais cedo que imaginávamos.

No último dia ainda tivemos tempo de desbravar a da Lapa Doce e suas cavernas, o Poço do Diabo com sua tirolesa e rapel e, por fim, repetimos o pôr do sol do Morro do Pai Inácio, que havia nos encantado no dia anterior. Naquela mesma noite botamos o pé na estrada para retornar para casa, com a certeza de que aqueles muitos quilômetros que viriam pela frente não eram penitência alguma perto do prazer que havíamos dividido durante aqueles dias na região. Ao total, percorremos 4.000 quilômetros de muitas aventuras, risadas, cultura, boas amizades e, acima de tudo, aprendizado. Recomendo, com total certeza, aos leitores da Revista On, uma exploração a essa região riquíssima em recursos naturais, paisagens, aventuras e pessoas... Até a próxima!

QUANDO IR No intervalo entre os meses de maio e outubro, quando o clima está mais seco e frio e a ocorrência de dias chuvosos é menor.

de cardápio variado e excelente comida.

COMO CHEGAR Voando pela companhia nacional Azul (voeazul.com.br ) do Rio de Janeiro à cidade de Lençois, com uma escala na cidade de Salvador, a partir de R$ 1.050. Ou via carro, explorando a BR 116 e seus quase 1.500 quilômetros que distanciam o Rio de Janeiro da cidade de Lençois. ONDE FICAR Sugiro se hospedar nas cidades de Lençois (capital da Chapada) e ainda na cidade de Mucugê. Em Lençois, minha sugestão é a Pousada Raio de Sol (pousadaraiodesollencois.com.br), com diárias de quarto duplo na faixa de R$ 150; em Mucugê, sugiro a Pousada Monte Azul (pousadamonteazul.com.br), com diárias de quarto duplo na faixa de R$ 160. ONDE COMER Na cidade de Lençois, sugiro o restaurante Quilombola, que serve pratos regionais e tem como especialidade a moqueca de carne de sol. Em Mucugê, sugiro o restaurante Sabor & Arte,

O QUE FAZER Explorar as infinitas opções de recursos naturais da região, como cachoeiras, rios, grutas, morros e cavernas; praticar uma gama extensa de esportes de aventura, como rapel, tirolesa, mountain bike e escalada; e se abastecer de cultura nas cidadezinhas e vilas históricas, que mantêm de maneira fiel as lembranças da época do garimpo. QUANTOS DIAS FICAR No mínimo três e, se possível, até sete dias, tempo ideal para desbravar toda a região da chapada. ANTES DE VIAJAR Se preparar em relação aos equipamentos de exploração de passeios e trilhas na natureza. Se for esportista, considere os aparatos indispensáveis para a realização do esporte específico de forma segura. Em relação às vacinas, não é necessário tomar nenhuma específica. QUEM LEVA A empresa betrip solução em viagens. Para mais informações sobre roteiros, datas e valores: (24) 2220-2494 e (24) 98829-2645. revistaon.com.br

115


116 Revista On Outubro & Novembro


COOL DIÁRIO DE BORDO

PORTUGAL ESPANHA CONTINENTE EUROPA POPULAÇÃO 52 MILHÕES MOEDA EURO IDIOMAS PORTUGÛES E ESPANHOL

QUANDO IR

Agosto é um mês ideal para essa viagem, pois é verão e o verão europeu é bem agradável, sem calor excessivo. COMO CHEGAR

Fomos pela Ibéria companhia aérea num voo de nove horas do Rio de Janeiro a Madri. Passeamos pela Espanha e fomos de ônibus para Portugal apreciando belas paisagens. ONDE FICAR

Como comprei o pacote, fiquei em diferentes hotéis e gostei muito dot serviço de quase todos. É uma opção interessante, pois geralmente são bem localizados e oferecem vários serviços. ONDE COMER

Restaurantes não faltam tanto em Portugal como na Espanha. Nós, brasileiros, temos mais afinidade com a culinária portuguesa, o famoso bacalhau esteve sempre presente nas refeições e quase sempre acompanhado de um bom vinho. Os portugueses possuem 365 receitas de bacalhau, uma para cada dia do ano. DICA

Além de visitar vários e belos lugares, tentar conversar com as pessoas da localidade é algo muito interessante e agradável, ajuda a conhecer melhor o lugar visitado.

ÓBIDOS CIDADE MEDIEVAL PORTUGUESA

ESPANHA E PORTUGAL

POR AMADEU GUEDES

M

inha viagem aconteceu através da agência Êxtase, dos amigos e ex-colegas de trabalho Leatrice Januário e José Maria. Eles acompanharam o grupo, do qual eu fiz parte, nos 14 dias de passeio, sempre dispostos a orientar e esclarecer dúvidas. Parti do Brasil no dia primeiro de agosto de 2014 pela noite e cheguei a Madri no dia dois de agosto, pela manhã. Madri é belíssima, ruas e prédios bem cuidados, muito arborizada, um cenário de sonho. Visitei várias cidades e, nelas, vários lugares na Espanha, como Málaga, Granada, Ronda, Puerto Banús, Marbella, Toledo, Sevilha e outros. Dentre as cidades e os lugares que mais me fascinaram destaco o Palácio de Alhambra em Granada, belíssima construção com rica herança arquitetônica árabe; a grandiosa Praça da Espanha em Sevilha e Toledo, uma encantadora cidade medieval, que se destaca pela arquitetura e pelos trabalhos em metais, como belíssimas espadas de aço. Meu fascínio por Portugal já é antigo e começou pela literatura. Autores como Camões, Camilo Castelo Branco, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Almada Negreiros, Fernando revistaon.com.br

117


COOL DIÁRIO DE BORDO

SEVILHA PRAÇA DA ESPANHA

Namora, Bernardo Santareno e José Saramago me contaram muito da história desse país. Passear por ele me ajudou a entender melhor tudo o que senti da literatura portuguesa, desde o lirismo visceral de Florbela Espanca até o afeto de José Saramago pelos trabalhadores rurais daquela terra. Portugal é territorialmente pequeno, mas culturalmente fabuloso, é detentor de um patrimônio arquitetônico medieval gigantesco e esse

118 Revista On Outubro & Novembro

PORTUGAL UNIVERSIDADE DE COIMBRA

patrimônio é quase todo original devido aos poucos conflitos por que o país passou ao longo da sua história. Mértola, Évora, Vila Viçosa, Fátima, Lamego, Vila Real, Braga, Guimarães, Batalha, Óbidos, Porto, Coimbra e Lisboa foram passagens marcantes em Portugal. A capela dos Ossos em Évora é impactante; a Procissão das Velas em Fátima é carregada de emoção; o Santuário de Bom Jesus em Braga hip-


PORTO ÀS MARGENS DO RIO DOURO

ESPANHA PALÁCIO DE ALHAMBRA

notiza de tamanha beleza; a arquitetura medieval e as muralhas de Óbidos são encantadoras; a beleza da cidade do Porto fascina e as verdíssimas serras em Vila Real, todas cobertas de videiras, encantam e enchem os olhos de qualquer turista. Algo que me chamou muito a atenção em Portugal foi a hospitalidade dos nossos patrícios. Eles são extremamente atenciosos, polidos e agradáveis. Em um restaurante de nome Maria Severo em Évora, durante uma apresentação de fado, o fadista de nome José, depois de uma conversa conosco, cantou um fado e dedicou a três pessoas do nosso grupo, o Hélio Gomes Morais, seu filho Marco Aurélio e eu. Uma agradável homenagem a nós brasileiros! Um ponto que despertou minha atenção nessa viagem foi o grande cuidado com o país onde se vive, tanto em Portugal como na Espanha. Todos os lugares a que fui, vi a natureza bem cuidada e respeitada, muito verde e as cidades grandes e pequenas impecavelmente limpas. revistaon.com.br

119


COOL SABORES

Sandwich, sanduíche, sanduba

Conhecia a ‘origem do nome sanduíche’ de ouvir contar, e confesso que sempre imaginei que era uma lenda, interessante, bacana, mas achava que era um recurso para se adicionar ‘glamour’ às duas fatias de pão recheadas com alguma coisa, o bom e velho ‘sanduba’, tão importante na minha vida de estudante. Pois não é que, pesquisando, fiquei convencida de que pelo menos um tanto do ‘causo’ é real? Segue o que encontrei: era uma vez John Montagu (1718/1792), o quarto Conde de Sandwich, herdeiro do título de uma linhagem de poderosos e fiéis comandantes da armada britânica. Acontece que esse moço viveu um tempo em que não havia tantas terras a conquistar. Pelo contrário, foi nesse período, por exemplo, que os EUA se separaram. Dizem que o moço não estava nem aí para o Reino Unido, fruía sua condição hereditária privilegiada em coisas mais prazerosas. Era, por exemplo, apaixonado por jogos de apostas. E foi numa noitada longa de muita bebida, muito dinheiro na roda, que ele ‘inventou’ o sanduíche, o ‘sandwich’. Precisou comer, pediu comida, queria carne, mas exigiu que viesse dentro de duas fatias de pão, para que seus dedos não se engordurassem e não ‘marcassem’ as cartas do baralho. Pronto, ‘causo contado’. É tudo verdade? Vai saber... Mas o ‘causo’ vai ser para sempre muito bom. E o sanduíche, que já foi só carne com pão, hoje é assunto sério. Para além dos ‘podrões’ de minha juventude, ele é matéria de estudo e pesquisa de nutricionistas, de ‘chefs’, de ambientalistas, e segue podendo ser uma delícia!” Lília Sertã Junqueira 120 Revista On Outubro & Novembro

Com esse “causo” contado, percebemos que o ato de confeccionar sanduíches evoluiu, aperfeiçoou-se e marcou sua presença na gastronomia mundial. Hoje, aqui bem próximo, podemos desfrutar, saborear, degustar um dos sanduíches mais gostosos que já comemos, os sanduíches da Hamburguesa, feitos

com todo carinho e profissionalismo da Chef Marcela Vaz, Clarice Junqueira e Frank Patrão. Para provar, é só ligar (24) 2263-1008, de quinta-feira a domingo, das 18h às 23h, e fazer seu pedido. Nesta edição, apresentamos uma sugestão da Hamburguesa em homenagem ao programa Papo Gourmet. Delicie-se!

Sanduíche Papo Gourmet INGREDIENTES

1 pão de hambúrguer com gergelim Folha de alface fatiada Tomate em cubos pequenos Folhas de manjericão fresco 2 fatias de queijo cheddar 1 hambúrguer de sua preferência

MOLHO

½ cebola em cubos 2 colheres de sopa cheia de manteiga 30 ml de vinho branco seco 1 copo de requeijão 60 gramas de mussarela ralada 25 gramas de queijo parmesão 200 gramas de creme de leite Noz moscada a gosto

MODO DE PREPARO

Em uma panela, coloque a manteiga e refogue a cebola até murchar. Acrescente o vinho branco e deixe por um minuto. Após, acrescente os queijos, os temperos

e o creme de leite. Prepare a carne ao ponto desejado e derreta o queijo cheddar por cima. Com tudo pronto, é só montar o sanduíche. Bom apetite!

HAMBURGUESA Com Frank Patrão, Clarice Sertã Junqueira e Marcela Vaz de Carvalho

INGREDIENTES A escolha certa faz o resultado final ser incrível e delicioso


JCLICK

Bernadete Mattos Consultora graduada em gastronomia bemattos1@gmail.com Luiz Cesar Apresentador do programa Papo Gourmet, no Canal 5 luizcesarcl@uol.com.br

revistaon.com.br

121


Parceiros desta edição Andrêsa Campos (24) 2220-2393 Bastos Juris Advocacia (24) 2252-3651

LD Móveis (24) 2251-4456

Silvia Estima (24) 2255-1319

ldmoveis.com.br

silviaestima.com.br

Loja de Biquíni (24) 2255-1126

Sola Construtora (24) 2252-9471

bastosjuris.com.br

lojadebiquini.com.br

solaconstrutora.com.br

Barbosa Contabilidade (24) 2252-0626 barbosacontabil.com.br Betrip Solução em viagens (24) 98829-2645

Lumman Calçados & Sports (24) 2252-2077

Solução Equipamentos (24) 2252-2075

lumman.com.br

Bramil (24) 2251-6000

Marcela Mendes Assumpção (24) 2255-2726 Michely Bilheri (24) 2252-6299 Music Station (24) 2252-2951

bramil.com.br

lojamusicsatation.com.br

Casa da Sogra Restaurante (24) 2252-4584 Casas Franklin (24) 2252-0636 CDL Três Rios (24) 2252-0570

Nikko Sushi (24) 2222-3143 O Boticário (24) 2252-2990 OdontoUnic (24) 2251-3158 Odonto Clin (24) 2252-6055 Oriental Taiyo (24) 99287-5459 Orthopride (24) 4020-1506 orthopride.com.br Ortoclínica (24) 2252-4055 Ótica Pastor (24) 2252-0742

betrip.com.br

cdltresrios.com.br

Celefrutas Supermercados Delivery (24) 2255-1795 celefrutas.com.br Centro Médico Santa Catarina (24) 2255-0605 Construmil (24) 2251-9300 Cultura Inglesa Três Rios (24) 2252-3626 cultura3rios.com.br

Don Bistrô (24) 2222-6226 donbistro.com.br

Élégance (24) 2255-1446 Espaço Saúde e Bem Estar (24) 2252-6635 Êxtase Turismo (24) 2255-1249 extaseturismo.com.br

Farmácia Real (24) 2252-0808 FASE (24) 2244-6464 Fiobranco Filmes (24) 2252-8524 fiobrancofilmes.com

FR Móveis Planejados (24) 2255-2491 Hélio Dutra (24) 2251-6500 Hotel Fazenda Morro Grande (32) 8408-8406 hotelmorrogrande.com.br

Jardim Escola Pedacinho do Céu (24) 2255-2768 José Eustáquio (24) 2255-3805 Laboratório Tinoco (24) 2255-2973 labtinoco.com.br

solucaoequipamentos.com

Studio Arte Suave (24) 2252-3458 Teludi Academia (24) 2252-3354 Tianastácia Restaurante (24) 2252-3016 Triseg (24) 2252-0080 alarmestriseg.com.br

Unimed Três Rios (24) 2251-6262 unimed.coop.br/tresrios

Vitorin Móveis Planejados (24) 2251-2804 vitorinmoveis.com.br

planejarconstrutora.com

Prefah Engenharia (24) 2255-4351 prefah.com.br

Premier Medicina Especializada (24) 2252-0952 ProNatural (24) 2252-1888 Proteger (24) 2255-3812 Rit Odontologia (24) 2252-4619 RR Doces (24) 2263-9072 Saidler Consultoria (24) 2251-5677 Santa Isabel Diagnóstico por Imagem (24) 2252-1170

Agências CMI (24) 2255-4030 agenciacmi.com.br

Cubo Comunicação (24) 2263-1824 cubopropaganda.com.br F5 Comunicação (24) 2252-6894 Go! Mídia (32) 3692-5600 gomidia.com.br

H10Design (24) 2252-1859 agenciah10.com.br

MK Mix (24)2252-3801 NovaStudio (24) 2232-0078 novastudio.com.br

Santa Isabel Ressonância Magnética (24) 2252-4729

owlinterativa.com.br

Pontapé Comunicação e Marketing (24) 2255-5025

santaisabeldiagnostico.com.br

pontapemarketing.com.br

Shopping Jeans (24) 3311-8909 SIAC Análises Clínicas (24) 2252-1692

QG23 (24) 2252-8524 qg23.com

Sinai Interativa (24) 2255-4507

Fiobranco Editora Rua Prefeito Joaquim José Ferreira, 14. Cobertura 01 | Centro | Três Rios - RJ | 25.804-020 Portal revistaon.com.br Assine loja.fiobranco.com.br

122 Revista On Outubro & Novembro

Emeline Maia (emeline@fiobranco.com.br) (24) 98843-7944

Matthaus Mello (comercial@fiobranco.com.br) (24) 98864-8524

Owl Interativa (24) 2255-4299

Telefone (24) 2252-8524 E-mail sac@revistaon.com.br

Administrativo e Financeiro Sabrina Vasconcellos (sa@fiobranco.com.br)

Comercial Cauã Centini (caua.centini@fiobranco.com.br) (24) 98862-8528

santaisabeldiagnostico.com.br

laboratoriosiac.com.br

Direção Felipe Vasconcellos (felipe@fiobranco.com.br)

Edição Frederico Nogueira (frederico@fiobranco.com.br)

oticapastor.com.br

Perfil Odonto (24) 2252-6372 Planejar Construtora (24) 2263-1233

#23

Criação Ed Silva Felipe Vasconcellos Saulo Azevedo Estagiário Tatila Nascimento Colaboração Bernadete Mattos (bemattos1@gmail.com) Bernardo Vergara (contato@betrip.com.br) Delton Bastos Jr. (deltonbastos@bastosjuris.com.br) Fernanda Eloy (fernanda@dafilha.com.br) Heverton da Mata (heverton@fiobranco.com.br) João Miguel (joao.miguel@fiobranco.com.br) Luiz Cesar (luizcesarcl@uol.com.br) Márcio Simões (marciosassis@gmail.com ) Mayara Stoepke (mayara@fiobranco.com.br) Pedro Octávio (pedrooctavio@hotmail.com) Roberto Wagner (rwnogueira@uol.com.br) Foto de capa Fiobranco Filmes Distribuição Gratuita e dirigida em Três Rios, Paraíba do Sul, Areal e Comendador Levy Gasparian. Também à venda nas bancas. Tiragem 3.000


revistaon.com.br

123


124 Revista On Outubro & Novembro


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.