Revista on três rios #21

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Direção Felipe Vasconcellos (felipe@fiobranco.com.br) Financeiro Sabrina Vasconcellos (sa@fiobranco.com.br) Juliana Brandelli (juliana@fiobranco.com.br) Coordenação Bárbara Caputo (barbara@fiobranco.com.br) (24) 98864-8524 Edição Frederico Nogueira (frederico@fiobranco.com.br) Comercial Três Rios Emeline Maia (emeline@fiobranco.com.br) (24) 98843-7944 Petrópolis Ingrid Rizzo (ingrid@fiobranco.com.br) (24) 98862-8528 Criação Ed Silva Felipe Vasconcellos Jonas Souza Maicon Pereira Estagiários Rafael Luna Tatila Nascimento Colaboração Bernadete Mattos (bemattos1@gmail.com) Bernardo Vergara (contato@betrip.com.br) Helder Caldeira (helder@heldercaldeira.com.br) Heverton da Mata (heverton@fiobranco.com.br) João Miguel (joao.miguel@fiobranco.com.br) Luiz Cesar (luizcesarcl@uol.com.br) Mayara Stoepke (mayara@fiobranco.com.br) Pedro Octávio (pedrooctavio@hotmail.com) Roberto Wagner (rwnogueira@uol.com.br) Samyla Duarte (samyla@fiobranco.com.br) Foto de capa Flavio Duarte Distribuição Gratuita e dirigida em Três Rios, Paraíba do Sul, Areal e Comendador Levy Gasparian. Também à venda nas bancas.

Editorial

Índice

er criativo é “pensar fora da caixa”, ser original, fugir dos padrões e, como consequência, ter a capacidade de desenvolver ideias inovadoras. A Revista On #21 apresenta pessoas que, de diversas formas, demonstram este talento. Na matéria de capa, o trirriense Leonardo Gonçalves revela como consegue revolucionar uma profissão tradicional com investimentos em tecnologia e muita criatividade. Marceneiro por paixão e empresário por consequência, ele apresenta suas produções e conta que ter mobiliários que são a cara do cliente pode ser bem mais viável que você possa imaginar. Encontramos um dos compositores mais importantes do país em Miguel Pereira. Ao revelar que “Maluco beleza” é uma das músicas de sua autoria, não é necessário falar sobre o tamanho da criatividade do compositor. Ainda nas artes, uma reportagem apresenta jovens cantores da região que buscam palcos para exercerem a profissão escolhida e contam os desafios enfrentados na jornada. Quem disse que jogos em computadores servem apenas para diversão? Um projeto desenvolvido em Três Rios reúne apaixonados por tecnologia que desenvolvem games com o objetivo de transmitir conhecimento aos usuários. E eles já conquistaram reconhecimento internacional pelo feito! Dança, saúde, turismo, cultura, negócios... e muito mais! Que as próximas páginas sejam inspiradoras para sua criatividade!

GENTE

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Cultura Educação Entrevista Carreira Opinião

ECONOMIA&NEGÓCIOS

37 Exterior 44 Capa 53 Indústrias BEM-ESTAR

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COOL

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turismo Moda tecnologia Música Festas Coluna Social Viagem Sabores

loja.fiobranco.com.br Fiobranco Editora Rua Prefeito Joaquim José Ferreira, 14/Cobertura 01. Ed. Plaza Center | Três Rios Rua Deputado Altair de Oliveira Lima, 30/04 | Itaipava | Petrópolis - RJ | 25.740-180 Telefone (24) 2252-8524 E-mail sac@revistaon.com.br Portal www.revistaon.com.br

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Boa leitura!

Tiragem 3.000

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GENTE

cultura 11 educação 19 entrevista 24 carreira 30 opinião 34

O cidadão exemplar POR MaYara StOEpKE

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a história de um psiquiatra aposentado que mantém o desejo de montar um museu ganhou destaque em três rios quando ele doou uma casa para a construção do primeiro no município. Conhecer as histórias de Marciano Bonifácio pinto Filho é ter uma aula que não existe em escolas ou universidades.

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GENTE Cultura

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artindo do princípio que um homem de 88 anos, médico psiquiatra da Marinha, aposentado, escritor, pesquisador e historiador tem grandes chances de possuir muitas histórias para contar, é dado o ponto de partida para um bate-papo que durou horas. Com quase nove décadas dedicadas ao estudo e à literatura, três casamentos e o sonho de construir um museu, Marciano Bonifácio Pinto Filho lembra com lucidez toda a trajetória. Interessado por história desde os oito anos de idade, nasceu em Serraria e, aos quatro meses, mudou-se com os pais para Três Rios, onde cresceu e vive até hoje. Em uma época em que a mulher era submissa ao homem, ele conta que o pai era “dono” de sua mãe, que trabalhava apenas em casa. Uma mulher que, com muita sabedoria, criou e educou os 12 filhos. Com uma infância recheada de travessuras, lembra-se que sempre foi curioso. Aos oito anos, com uma infecção grave no ouvido, precisou passar uma temporada em Juiz de Fora, em tratamento. Foi na cidade mineira que sua história com as pesquisas, o entendimento sobre a importância da cultura e o sonho de montar um museu tiveram início. O irmão mais velho, que morava na cidade vizinha por conta dos estudos, o abrigou durante a doença e, aos sábados, visitavam o Parque Mariano Procópio. “Eu fiquei curioso em conhecer o museu e a diretora gostou muito de mim, sempre me dava café e me disse algo que nunca esqueci: ‘Museu, a gente olha com os olhos e segura com os olhos’”, lembra aos risos. Encantado com tudo o que havia conhecido ao longo dos seis meses que ficou na cidade, voltou para a casa em Três Rios com o desejo de transformá-la em um museu. “Perguntei ao meu pai se eu poderia montar um museu na sua casa. Ele me disse: ‘poder você não pode, primeiro porque você tem sua mãe, eu e seus irmãos, então, como vou ceder essa casa?’”. Naquele momento, era algo inviável para o pequeno pesquisador e sonhador, mas as paixões pela leitura e pela história o acompanhariam por toda a vida. 12

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aos 88 anos de idade, Marciano lembra que sempre foi muito curioso

Aos 18 anos, decidiu realizar o sonho de cursar medicina e se formar como médico psiquiatra. A escolha não foi por acaso, ele queria desvendar os mistérios da mente humana, vontade que tinha desde os quatro anos. “Havia um médico que morava em frente à minha casa, eu passava lá sempre para falar com ele. Até que um dia ele me perguntou se eu não gostaria de fazer medicina e eu respondi dizendo que ia estudar a sua carreira”. Desde a escola primária, que cursou em Juiz de Fora, começou a pensar na carreira de médico. “Eu queria estudar o pensamento e eu nem sabia o nome disso”. Partiu para o Rio de Janeiro e se dedicou por inteiro aos estudos. Ressalta, ainda, que se considera muito rigoroso e disciplinado. Durante o curso, atuou em enfermaria e no manicômio judiciário. Quando se formou em Niterói, aos 23 anos, foi para os Estados Unidos estudar em um hospital da Universidade de Harvard e por lá ficou cinco anos. “Eu trouxe da América a sonoterapia

e US$ 17 no bolso”, recorda-se. Seu retorno foi devido à doença do pai e guardou na memória uma frase dura dita pelo diretor: “‘Meu filho, nunca se volta atrás, você é um cara que gosta de estudar. Família morre, você vai estar vivo. Se você for embora, nunca mais coloca o pé no meu hospital’”. Ele retornou ao Brasil e foi trabalhar no Hospital dos Servidores do Estado. Ao mesmo tempo, sentia muita vontade de construir carreira nas Forças Armadas. Inscreveu-se em um concurso para a Marinha e passou. Trabalhou como médico psiquiatra até a aposentadoria e conciliava o tempo com uma clínica montada no Rio de Janeiro. Ficou preso por quatro meses durante o período do regime militar no país por um mal entendido, que denomina como “no mínimo estranho”, do qual nunca obteve um pedido de desculpas. “Minha vida sempre foi essa. Trabalhei muito, tive o meu consultório e atendia os pacientes da Marinha. Sempre fui muito honesto e transparente”, resume.

MARCIANO E CINARA Os amigos no dia em que foi assinada a doação do imóvel

FORMATURA Como médico psiquiatra, se aposentou pela Marinha


CASA DA INFÂNCIA Ele pediu ao pai, aos oito anos, que a transformasse em um museu

Cultura e história

Durante a vida profissional, as pesquisas nunca ficaram de lado e o interesse pela história caminhava junto à medicina. Como médico, escreveu alguns livros relacionados à psiquiatria. Como pesquisador e historiador, presenteou Três Rios com três livros que contam histórias da cidade. Enquanto isso, crescia a vontade de deixar uma contribuição para a sociedade muito maior que aquela feita como médico. Era a vontade de realizar o sonho de infância: montar um museu. Parece algo surreal, mas o médico aposentado, pesquisador e historiador, no dia 15 de maio de 2014, em seu aniversário de 88 anos, assinou oficialmente o documento em que passa para o município a casa comprada há 15 anos

para a criação de um museu. O primeiro de Três Rios! “Ninguém está acreditando na história e muitos estão preocupados com os motivos de doar a casa”, diz. Do ponto de vista cultural, a cidade recebe um presente com um valor inestimável. “O Dr. Marciano já contribui para o legado cultural da cidade a partir da produção literária que ele faz. Além disso, a doação da sua casa, que eu estimo que tenha o valor em torno de um milhão e meio de reais, é um ato e um grande exemplo de cidadania, guardando em um só lugar o estilo de vida, as expressões e manifestações culturais, a memória coletiva de um povo. É um pleno exercício de cidadania e isso não tem preço”, diz Marcos Pinho, secretário municipal de Cultura e Turismo. revistaon.com.br

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GENTE Cultura

DOAÇÃO HISTÓRICA O médico considera a cultura como um saber generalizado

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Ele se emociona ao lembrar o dia em que conheceu o médico aposentado e ficou ciente de sua história e desejo. Completa dizendo que o ato vai muito além do que doar uma casa, já que também significa fazer a doação de um lar, uma história, um lugar em que momentos foram vividos. “Eu acho que ele é um exemplo vivo de algo que cada um de nós precisa aprender no compartilhamento de um território geográfico, isso está nas mãos de todos nós, tal qual dos gestores que são eleitos para determinado cargo. Ele doou uma casa, assim como você pode preservar uma calçada, como eu posso gastar menos água e luz, tudo isso é um benefício coletivo. Ele merece todo o meu aplauso pelo cidadão maravilhoso que é”, finaliza. As negociações duraram um ano e meio. “Eu comprei essa casa já pensando em fazer o museu. A minha intenção é contribuir para a cultura de Três Rios. A cultura é o saber generalizado”, diz o médico. Ele explica, ainda, que a burocracia é muito gran-


FUTURO MUSEU A casa doada por Marciano ao município fica no Centro

de e existe um investimento alto para uma iniciativa como essa. “O meu sonho, eu vou acompanhar. Quando chegar o museólogo, ele vai trabalhar no meu pé. Enquanto eu viver, estarei muito presente”, afirma. Com relação aos familiares, ele explica que o respeito pela decisão veio em primeiro lugar e todos o apoiaram e abdicaram de suas partes para que o sonho pudesse ser realizado. Em 1992, quando escrevia o livro “A História de Três Rios e seus Vultos Importantes”, conheceu a pesquisadora Cinara Jorge. Desde então, uma longa amizade

e admiração mútua cresceu. “Nos meus anos de vida, esse é a primeira vez que testemunho um ato dessa natureza em nosso município. Pessoas assim, como Marciano, são raras e devem ser mimadas, queridas e homenageadas por todos, porque saem de si e se doam aos demais. Uma atitude tão altruísta não pode ser e nem será jamais esquecida”, afirma a pesquisadora e admiradora do aposentado. É com o desejo de ver a história de Três Rios reunida em um lugar que, agora, o sonho dele passa a ser de outros trirrienses. A ansiedade é grande, mas o primeiro passo já foi dado pelo grande sonhador. revistaon.com.br

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PUBLIEDItOrIal

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GENTE EDUCAÇÃO

THEREZINHA LIMA

UM TESOURO DA EDUCAÇÃO POR MaYara StOEpKE

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Conversar sobre educação com uma das mais conhecidas educadoras de areal é algo fascinante. aos 68 anos, therezinha lima, diretora da Escola pequeno príncipe, apresenta sua carreira dedicada ao magistério e as visões sobre mudanças nas formas de educar. revistaon.com.br

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história de Therezinha Lima, a “Tia Therezinha”, como é chamada por muitos ex-alunos, na educação começou muito cedo, ainda na infância. Em uma época em que os professores eram chamados de mestres e o hino nacional era cantado todos os dias em filas no colégio. Recebeu uma educação rígida, aos moldes da época, e começou a trabalhar aos 12 anos. Filha de trabalhadores humildes, ela teve cinco irmãos. A mãe era costureira e foi com seu apoio que passou a dedicar-se à educação. Foi com a mãe que Therezinha aprendeu a ler e escrever. Com isso, já entrou na escola alfabetizada, algo muito marcante. “Minha carreira na educação foi construída na minha vocação e começou quando eu ainda era aluna no Colégio Machado de Assis, em Areal, dando aula para os meus colegas”, lembra. Jovem, ela não imaginava que essa profissão faria parte de toda a vida e seria um dos motivos da felicidade conquistada. Nascida e criada em Areal, ela tem boas recordações do município. “A Rua Afonsina sempre fez parte da minha vida, estou retornando para ela e os meus vizinhos estão muito felizes”. Lembra-se que a cultura fazia parte da rotina do município na infância. Havia teatro na praça, com bonecos, cinema, circo-teatro, entre tantos outros eventos. “Eu lamento profundamente que as crianças de hoje não tenham isso. Eu não sei o que aconteceu em Areal em relação a isso”. Aos 14 anos, foi estudar no Colégio Entre-Rios e, aos 17, ainda estudante, começou a dar aulas em um colégio rural, onde hoje é o Colégio Vital Vieira, na Fazenda Velha, em Areal. Em 1967, já formada em pedagogia, fez um concurso público que a transformaria por toda a vida. Tornou-se professora do Patronato de Menores de Bemposta. No local, era tudo ou nada. Transformava-se em uma professora de verdade ou abandonava a profissão. Foi o local onde mais aprendeu. “Eu tinha 18 anos, nunca havia saído de casa e precisava ficar lá a semana toda. Cheguei e me deparei com um mundo completamente diferente ao que eu tinha”. Eram crianças sofridas e abandonadas, na maioria, colocadas em uma fazenda

THEREZINHA E ELISABETE Juntas na profissão, sempre se apoiaram

“ter uma pessoa que acredita na educação e faz dela seu objetivo de vida é um orgulho para qualquer profissional da área”, Marcia Neto afastada da cidade. Por lá ficou durante dois anos e aprendeu a ser professora. “‘Isso aqui precisa ser enfrentado’, era assim que o diretor falava. E eu não desisti, apesar de ser uma menina”. Depois dessa experiência, surgiu um cargo no Colégio Mariano Procópio. Lá foi professora, orientadora pedagógica, secretária e dire-

tora. Ficou por 25 anos até se aposentar e garante que, nessa longa caminhada, além da vocação, se espelhou em alguns profissionais para a escolha. “Hoje há exigência de que você tenha muitos cursos, muito estudo, porque a competição no mercado de trabalho é muito grande. E é preciso isso. Considero um mundo totalmente novo”.


PATRONATO DE BEMPOSTA Em 1967, encontrou seu seu maior desafio

1978 A professora com uma turma no Mariano Procópio

PASSEIO Com a irmã Ivône, que sempre ajudou Therezinha na escola

COLÉGIO MARIANO PROCÓPIO Foi diretora por 25 anos na instituição

“Ser professora é participar da vida do outro e ele da sua”, diz Therezinha

TURMA Tia Therezinha com a mãe, Laura, e alguns alunos

Mudanças na educação

Há 39 anos como diretora da escola Pequeno Príncipe e com 50 anos de profissão, Therezinha faz uma comparação da educação quando começou a vida profissional à da atualidade. “As crianças são as mesmas, adoram brincar e o recreio é a melhor hora, isso não muda. A

principal diferença é a família. Os pais, hoje, não têm muito tempo para filtrar as informações que não param de chegar até as crianças”, afirma. Ela explica que, quando começou na carreira, os pais participavam mais da rotina escolar dos filhos e as crianças chegavam com a lição já entendida. Hoje, quando convoca uma reunião de pais, são poucos os que conseguem ir. “Eles não fazem por mal, é a vida mesmo, foi o tempo que mudou, mas vão ficando brechas e eles passam muito a responsabilidade para nós”. Para ela, o encontro no colégio é também um encontro social, pois as crianças conversam o tempo todo, justamente por não terem com quem conversar em casa. revistaon.com.br

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GENTE EDUCAÇÃO

Em 1967 ela fez um concurso que a transformaria por toda a vida. tornou-se professora do patronato de Menores de Bemposta

NAYAN LOURENÇO Além da leitura, o esporte também tinha espaço na escola

Quando faz um balanço sobre a educação, conclui que a corrupção é um agravante ao rumo que ela tem tomado. “O dinheiro sai para a educação, mas não chega até a educação, assim como para a saúde também não”. Além disso, a professora ressalta que muitos alunos chegam ao Ensino Médio sem saberem ler e escrever. “Apesar de tudo isso, muita coisa é dada ao professor, muitas oportunidades. Na minha época era tudo pago. O que falta, hoje, também é a vocação, todo mundo corre da profissão. É um desprestígio enorme com o professor”, analisa enquanto aponta os baixos salários pagos à classe. A professora também percebe que os moldes educacionais mudaram. “Emília Ferreiro, por exemplo, que ainda é um nome bem respeitado, trouxe uma proposta nova de educação, onde a criança construiria o próprio conhecimento e nós, professores, seríamos mediadores”. Para Therezinha, a melhor maneira de educar as crianças é dar todo o suporte necessário, deixando-as livres para a construção do pensamento. “O menino da periferia pode aprender a ler, assim como o da escola particular, que tem mais recursos, se nós professores mudarmos o nosso olhar. Perceber o que eles trazem e adaptar na sala de aula”, acrescenta. 22

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A ideia mais importante do construtivismo, citado pela professora, é que a aprendizagem não é um processo passivo, indo ao contrário das aulas com repetição. Uma boa escola construtivista tem muitos brinquedos, projetos de pesquisa, jogos matemáticos, um modelo de educação baseado nas situações, problemas e temas escolhidos pelos alunos. Um modelo que valoriza o raciocínio e não apenas corrige as respostas. “O que eu não gosto nisso tudo é que confundiram muito. Muitas escolas, no país inteiro, se aproveitaram dessa brecha dela e se intitularam como uma escola construtivista. Isso fez com que todo mundo achasse que só isso é bom, principalmente as particulares. E não é assim. Com isso, o construtivismo perdeu muito espaço, é uma pena”, explica. A escola

Foi com base nesse pensamento que, há 39 anos, Therezinha fundou a Escola Pequeno Príncipe para colocar em prática o que havia aprendido em anos de profissão. Era a oportunidade de implantar o modelo educacional que sempre imaginou ser o mais eficaz. “Eu não queria ter um colégio para ter dinheiro, nome, aparecer, nada disso. Eu queria a chance de fazer a educação de acordo com o que eu achava que era o melhor, mudando o que eu não gostava. Foi o que fiz e deu certo”, comemora. A instituição privada chegou a ter 200 alunos matriculados. Havia festas culturais, muita música e professores que se adequavam aos conceitos da fundadora. Uma escola inovadora para a cidade que não estava acostumada com aquele tipo de educação. Na verdade, a primeira es-

cola particular da cidade. Conforme os pais viam os resultados com os filhos, passavam as informações para outros pais e, assim, a escola cresceu. As irmãs da fundadora, Ivone e Elisabete Lima, esta mais conhecida como “Tia Bete”, tiveram contribuições importantes no início da escola. “Quando ela resolveu fundar, eu estava saindo da adolescência e marquei no sonho dela. Fui envolvida e me inspirei muito nela para a escolha da profissão. Tivemos muitos momentos felizes com a escola”, conta Elisabete, educadora e psicóloga. “Começamos com cinco alunos e chegamos a 200 em uma época. Eu espero que a escola continue, mas está muito difícil. Nossa escola foi a única que sofreu com as fortes enchentes na cidade há alguns anos e não tivemos apoio de ninguém. A idade está pesando já”, diz Therezinha enquanto orgulha-se da maior paixão. As recordações dos ex-alunos sempre são baseadas na figura da “tia” Therezinha, muito presente na vida de cada um. “Entrei criança e saí pré-adolescente, muitas são as recordações: os colegas que estiveram sempre juntos na mesma turminha, ‘as tias’, as brincadeiras que as crianças de hoje infelizmente não desfrutam mais, as animadas festas juninas e demais datas comemorativas que não passavam em branco e, claro, a tão esperada hora do recreio, quando tia Therezinha aparecia no cantinho do pátio tocando aquela velha sineta enferrujada”, lembra Nayan Lourenço, que foi aluna entre 1994 e 2002 da escola e é graduada em gestão de turismo. Para ela, a postura determinada e enérgica da diretora e professora fez com que tivesse gosto pelos estudos até hoje. Para Antonio Caputo, professor de educação física, não é diferente. “As minhas recordações são as melhores, pois eram pessoas que estavam sempre juntas, nos ajudando em todos os sentidos, seja no aprendizado da escola ou na vida, e tudo isso sempre com muito amor e carinho. O que considero algo único”, afirma o ex-aluno. Acompanhando Therezinha desde os 13 anos, Marcia Neto, outra “tia” da escola, resume que, com a expe-


ANTONIO CAPUTO Hoje professor de educação física, tem boas recordações da época

riência, conheceu uma guerreira que passou a ser seu espelho na profissão. “Você sempre acaba se espelhando, pois desde os 13 anos trabalhando com a pessoa, não tem como não se espelhar. Isso me ajudou muito em meu crescimento profissional. Ter uma pessoa que acredita na educação e faz da educação o seu objetivo de vida é um orgulho para qualquer profissional da área”, resume.

“Eu gostaria que muitos quisessem ser professores, porque é muito bom, eu fui muito feliz. Não construí uma família biológica por uma escolha, para me dedicar a essa deliciosa profissão”, explica ao lembrar que a mãe dizia ser impossível trabalhar, ser mãe e esposa ao mesmo tempo, já que, se fosse para ser mãe, teria que ser em tempo integral. “Ela queria que eu estudasse e dizia: ‘primeiro estudo, tem que se formar, tem que fazer faculdade e não tem que pensar em casamento cedo’, e foi assim”, amou, se apaixonou, mas a razão sempre a colocava integralmente dedicada à profissão. “A única coisa de que me arrependo é de não ter tido um filho, porque o filho te eterniza. De casar não”, completa. Nesse momento se lembra de um episódio engraçado, quando percebeu que o mundo realmente havia mudado e as crianças estavam informadas sobre tudo. “Um aluno me perguntou o nome do meu filho e eu disse que não tinha, pois nunca havia casado. Ele me disse: ‘mas não precisa casar para ter filho’. Eu

respondi que na minha época só poderia ter filho se fossemos casados, mas hoje não, que tudo mudou”, lembra aos risos. A maior transformação nas crianças ela acredita ser o fato de hoje serem vistas como pessoas com personalidades próprias e valorizadas desde cedo, não mais apenas um membro da família que faz o que os pais querem. “Ser professora é você participar da vida do outro e ele da sua. Trocar tudo, amor, conhecimento... Eu costumo falar sempre assim, ser professora é bom demais. É uma carreira muito difícil porque o mundo mudou, mas, para mim, foi uma escolha e sou muito feliz. Está aqui a prova, estou sendo entrevistada por uma ex-aluna”, revela ao final da entrevista. Mas essa prova é apenas um resultado de toda a dedicação da “tia” Therezinha. Afinal, valores, quando passados de forma certa, ficam marcados para sempre. Como está no livro que dá nome à escola: “Tu te tornas eternamente responsável por tudo que cativas”.

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GENTE ENTREVISTA

“A ÚLTIMA GRANDE SAFRA QUE TEMOS DE JOGADORES É ESSA QUE ESTÁ NOS REPRESENTANDO” POR FREDERICO NOGUEIRA

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para ele, a atual Seleção Brasileira representa a última grande chance para o país conquistar o hexacampeonato na Copa do Mundo FIFa nos próximos 20 anos. Conhecedor do futebol dentro e fora dos gramados, Zé roberto analisa o evento no Brasil, os erros e acertos da Seleção e os legados que a Copa do Mundo pode deixar para o país e até mesmo para três rios.

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osé Roberto Padilha é um trirriense apaixonado por futebol que transformou a paixão em profissão. Chegou longe na carreira dentro das quatro linhas, principalmente como jogador do Fluminense. Vestiu a camisa da Seleção Brasileira quando jogou pela categoria Sub-20 em 1971. Hoje é secretário municipal de Esporte e Lazer, jornalista, autor de livros sobre futebol e a pessoa certa para um bate-papo sobre a Copa do Mundo de Futebol no Brasil. 01 O que representava a Seleção Brasileira em 1970 para o país? Era um instrumento da ditadura naquela ocasião. Vivemos no país do futebol, então ele tem muita influência. Cada país tem sua cultura. O americano 24

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respira basquete e nós o futebol. Não tenho dúvidas que, menos que 1970, o governo vai se aproveitar. Se há 4% de eleitores indecisos, 4% votarão na Dilma se formos campeões ou 4% votarão na oposição se perdermos a Copa. Em 1970 a relação era maior porque o governo usava o futebol como instrumento de poder. Havia o “salve a Seleção, pra frente Brasil”. Hoje, com a democracia, sabemos separar mais, mas ainda há um percentual de votos que vai pelo momento de felicidade da nação e o futebol é um indicador dessa felicidade. 02 E o que representa, hoje, uma Copa do Mundo no Brasil? Eu sou muito a favor da Copa. Quando fomos pedir a Copa do Mundo, o Lula, o Eduardo Paes, Sérgio Cabral,

Pelé e Paulo Coelho, nos representando, eles mostraram que tínhamos condições de receber o evento. Eu escrevi um artigo propondo um pacto pelo país, adiando nossas reinvindicações por um mês para, nesse momento, o mundo levar uma ideia bacana do Brasil. Nós convidamos o mundo para vir, mostramos que tínhamos beleza natural, povo educado, condições de construir estádios e aeroportos e nos aceitaram. Agora, muitos estão aproveitando esse momento para pressionar o governo para que ele dê mais coisas que poderia dar. Nós somos uma receita de felicidade para o mundo. Os brasileiros são frutos de uma miscigenação muito forte. Não temos guerra. O mundo olha para cá e vê nossa felicidade. Não podemos perder a oportunidade de ser exemplo ao mundo.


Quando passar a Copa, vamos voltar às ruas, brigar, votar em quem acharmos que merece. Mas o pacto, nesse momento, seria muito bacana, porque é um orgulho ter a Copa do Mundo. 03 As manifestações apontam os problemas da Copa. Você vê algum que tenha acontecido durante a preparação do país para sediar os jogos? Se você olhar a Copa da África do Sul, vai ver que faltando dez minutos para começar ainda tinha trabalhadores no estádio. Nas Olimpíadas da Grécia também houve dificuldades. Não foi fácil para ninguém arrumar aeroportos, mudar a malha viária, fazer estádios. Mas vamos ter um legado muito forte. O único problema que vejo foi que perdemos a chance de dar um exemplo ao mundo sobre corrupção. O Maracanã, por exemplo, poderia ter uma placa dizendo o quanto receberam e o quanto gastaram para a construção, uma satisfação à população. Muitos falam que os estádios foram superfaturados, que tem corrupção, o que não duvido. Mas poderíamos dar um exemplo de como não ter corrupção, mostrar as contas ao mundo. 04 Em que ponto a política está ligada a um evento esportivo como esse? Em todos. A política está ligada em nossa vida desde que você acorda e vai comprar um pão. O preço do pão é de acordo com a negociação entre os panificadores e o governo. Nós respiramos política e não tem como a política, os governos, não se aproveitarem de um evento tão bacana. Dou exemplo do nosso governo. Quando fazemos uma exposição agropecuária, se ela for maravilhosa, as pessoas vão ficar felizes. Se ela ficar errada, se der alguma coisa errado, um artista atrasar, a pancada no governo acontece. Em todo governo, seja municipal, estadual ou federal, os eventos têm muita ligação com eles. Se a Copa der errado, vai incidir muito sobre a reeleição da Dilma, mas isso é normal. Os riscos, os acertos e os fracassos fazem parte da política. 05 E como os setor privado pode se beneficiar com o evento?

Todos podem se beneficiar. Nós vivemos globalizados, então o mundo está olhando para cá. Mas não é só o mundo do futebol. Se eu sou chinês e quero comprar do Brasil, vou comprar com a imagem que eu tenho do país. O setor privado e o público, todo mundo que vende alguma coisa, depende da imagem que você tem do seu estado, do seu país. Então, acho que está todo mundo de olho na gente, temos que fazer bonito e torço muito pra que esse pacto seja feito, essa trégua seja conseguida. Nós mesmos que estamos pedindo trégua, não o governo. É em prol de nós mesmos, vender uma imagem melhor para depois usufruir. 06 A Copa está acontecendo no momento certo no país? Em termos de futebol, não podia ter um melhor momento que agora. Eu falo que essa é a última chance de ganhar uma Copa nos próximos 20 anos. A última grande safra que temos de jogadores é essa que está nos representando. Nós temos o melhor do mundo. Não quer dizer que vá ganhar, mas temos o Paulinho do Tottenham, o Ramirez do Chelsea, o Neymar do Barcelona. Tudo o que temos de bom a Inglaterra comprou, a Europa comprou. Os que ficaram são mercadorias de menor valor. Todos que o Felipão convocou, com exceção do Fred, que está aqui, mas já foi e voltou, do Jô, que também já foi e voltou, e dos goleiros, todos estão lá fora. Agora, os que estão disputando campeonatos como o Brasileiro e o Carioca são mercadorias de menor valor. São aqueles que serão nossa próxima geração, e essa safra é muito ruim. Ninguém quis comprar. Então, vamos ter muita dificuldade de formar seleções para a outra Copa, mas nessa, pode acreditar, temos a melhor safra, a melhor Seleção. Todos são maravilhosos jogadores, meninos que mudaram as realidades das suas famílias. Tirando o Julio César e o Fred, que são de classe média, todos vieram de camadas mais baixas, puderam vencer e melhorar a condição das famílias. O Brasil merece ser campeão por tudo isso. Torço para o Brasil ser campeão porque, depois, vai ser muito difícil criar uma geração como essa. revistaon.com.br

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GENTE ENTREVISTA

07 A maioria dos convocados joga fora. Isso é um problema para o futebol do Brasil? Acho que é orgulho. O futebol mais rico do mundo é o espanhol, mais organizado. A organização do futebol europeu é superior à nossa, então eles têm mais recursos. O Real Madri tem um milhão de sócios e o Flamengo tem 100 mil. O euro é bem valorizado, eles têm mais dinheiro. Quem tem mais dinheiro compra os melhores. Nós temos orgulho de ter nosso time lá, eles estão pagando mais. O que temos que fazer é revelar mais talentos ou, no futuro, ter campeonatos tão organizados como os europeus. Nos campeonatos deles, não sobram lugares nos estádios. No Brasileiro, você liga a televisão e o estádio está vazio. Eles conseguiram comprar o que há de melhor e vendem espetáculos. Nós não. Temos que nos organizar, ter bons atletas e mantê-los no país. Por enquanto, a melhor economia de clubes está na Europa e temos que ter orgulho de ter no cenário esportivo os melhores jogadores do mundo lá. 08

Então o Brasil é o país do futebol que não sabe organizar esse futebol... Nós sabemos disso. Nós conseguimos colocar na presidência da república um representante através dos votos, mas na CBF a eleição é feita pelas federações. Então, o presidente da Confederação paga uma passagem para alguém da federação e diz que vai chefiar uma delegação e você vota nele. É um poder completamente errado, não foi delegado por nós ou pelos clubes, foi imposto. Enquanto houver essa desorganização na CBF, nas federações, como na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro, nós não vamos ter um futebol organizado, infelizmente. Nós temos a melhor matéria-prima e a pior organização, sem dúvidas. 09 A CBF, hoje, atua como atuava quando você era jogador? Ainda era CBD, Confederação Brasileira de Desportos, naquela época. O futebol cresceu muito e ela não tinha tanta visibilidade, mas nunca se organizou a ponto de, por exemplo, privilegiar o interior. Nós temos 92 cidades no Es26

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tado e a federação estadual nunca veio até Três Rios para ajudar, só dificulta. Ela nunca facilita a entrada do América, do Entrerriense, do Barra Mansa. A federação existe para prejudicar os clubes, tanto que, hoje, o Paraíba do Sul FC não tem equipe, Três Rios não tem equipe, o América não resistiu e nem disputou esse ano. É importante divulgar o futebol no interior, onde estão os grandes craques, mas a federação não apoia. Muito menos a CBF apoia as federações. As próximas safras de jogadores serão ruins até por isso. Em Três Rios, outros também chegaram longe no futebol, como o Ferreira, que jogou na Seleção Brasileira de adultos, foi nosso atleta que chegou mais longe. Temos outros que saíram daqui e jogaram no exterior. Hoje, não conseguimos mais oferecer jogadores aos clubes cariocas porque não há campeonatos, não há incentivo. A Secretaria Municipal de Esporte ajuda a Liga, mas é muito pouco. Sem futebol no interior, nas periferias, não vamos revelar boas safras. 10 A convocação do Felipão para a Copa está aprovada? Tirando o Henrique, que é um legado que o brasileiro tem de sempre levar um amigo. Todo mundo tem um amigo e sempre tem um lugar para ele. O Felipão escala o time principal, depois o banco e tem o lugarzinho para o amigo. Ele fez isso já na outra Copa, em 2002, quando levou o Marcos, do Palmeiras. Quando o Felipão derrubou o Palmeiras para a segunda divisão, o Henrique estava lá e, depois, foi para times menores. Mas é a cota do amigo, odo brasileiro tem. 11 O Felipão é a pessoa certa para estar como técnico mais uma vez? São tantos bons jogadores que o comandante se torna de menor importância. Quando você vai fazer uma vitamina e tem o melhor abacaxi, melhor mamão, tudo da melhor qualidade, não tem como dar errado, é só colocar no liquidificador. Quando você tem safras ruins, aí você precisa do cara da vitamina, o mestre. Hoje temos tantos bons jogadores que o treinador é um mero convocador, um homem para unir o grupo, colocar em campo e deixar que eles resolvam.


É muito difícil, porque cada um joga em um determinado sistema tático e é muito difícil ele mudar isso às vésperas de uma Copa. É melhor ele colocar todo mundo no lugar, como está fazendo, fazer o discurso de chefão, da família Scolari, e colocar os meninos para jogar. Não vejo um treinador com tanta importância no momento. Qualquer técnico que pegasse essa Seleção que temos teria sucesso. 12 Pelos amistosos antes da Copa, onde estavam os problemas e as vantagens da Seleção? Problema, na minha concepção, é que sou muito fã dos canhotos e sempre tivemos um grande canhoto nas Copas. Nós tivemos o Gerson, o Rivelino, Leonardo, Zinho, Zé Roberto. Acho que o canhoto sempre faz falta em um time. O time tem 11 jogadores, bons goleiros, bons laterais, mas um canhoto pode mudar o jogo. Um Ganso, por exemplo. O Ganso, hoje, representaria uma opção no banco que nós não temos. O cara que bate no lugar que o goleiro não espera. A diferença do Ganso para o Neymar é que pegaram o Neymar e não pegaram o Ganso. Ele se submeteu a uma cirurgia e isso é muito forte. Eu tive quatro no meu joelho e sei o que é isso. Você vai perdendo confiança, a força. Mas hoje, pelo que o Ganso joga de futebol, ele teria lugar no banco. Vai chegar um jogo em que os 11 nossos não vão resolver, então você olha para o banco. O banco são peças de reposição, não peças de criação. A única falha que vejo na Seleção é não ter uma pessoa no nível do Ganso para dar uma opção, é o único diferente, que pensa melhor. Essa pode ser a grande falha da Seleção. O Henrique é o grande erro e o Ganso é a grande ausência. A vantagem, não acredito que seja jogar em casa. As pessoas gostam de, em decisões, jogar a primeira partida fora e decidir em casa. Quando eu fui treinador, sempre que tive oportunidade, optei pelo contrário. Vejo vantagem no time, que é muito bom. 13 Você falou na ausência do Ganso. No álbum de figurinhas da Copa está o Robinho, ele também faz falta? O Robinho talvez fizesse falta na concentração, no vestiário, para tocar

pandeiro. Temos essa ideia da diversão. A fase do Robinho e do Kaká passou, a fase de Seleção deles passou. Não acho que faz falta, mas em termos de grupo, em vez de levar o Henrique, podia levar o Robinho, que é outro amigo e ia tocar pandeiro, ia divertir. Mas a cota do amigo não foi para ele, foi para o Henrique. 14 Consegue enxergar um legado que a Copa vai deixar para cidades menores, como Três Rios? O legado é a visibilidade. Quando o Brasil tinha o Guga, formou-se uma geração de tenistas. Você ia ao Sesi e a escolinha do Márcio estava recebendo 20 alunos por dia. Quando o Brasil tinha o Senna, nos tínhamos todos os campeonatos de velocidade no país. Agora o Massa chega em oitavo, não anima ninguém. A visibilidade e os ídolos formam gerações. Quando o futebol vem para o Brasil e vai para a televisão, a garotada vai querer entrar em escolinhas. Mas a garotada vai querer entrar em escolinha e é preciso que tenha ligas organizadas para que existam competições. Se não existirem essas competições, eles não vão exercer aquilo. Precisamos organizar o futebol. Falando de Três Rios, vai ser um ‘boom’ de futebol, as crianças e jovens vão entrar nas escolinhas do Herivelto, do Cid Clei e do Paiva, por exemplo. Mas cadê as competições? No esporte tem a parte educacional e, depois, a parte competitiva. Depois disso, ainda há os que chegam ao alto rendimento, para onde os melhores vão. Nós temos o esporte como o educação, mas como competição está muito fraco, falo até como secretário de Esportes, temos poucos recursos para fazer essas competições. A Federação vira as costas para Três Rios, a Confederação vira as costas para o Rio. A visibilidade vai ser boa, todo mundo vai querer jogar futebol, mas temos poucos recursos e estrutura para dar a essa garotada a oportunidade que precisam. 15

Essa é a hora certa de fazer isso? É a hora certa e já está passando a hora das federações brasileiras enxergarem que têm que investir no interior, investir no futebol como fazia antigamente. revistaon.com.br

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GENTE CARREIRA

O MALUCO BELEZA POR FREDERICO NOGUEIRA

FOTOS rEVISta ON

Enquanto você se esforça pra ser um sujeito normal e fazer tudo igual, ele aprendeu a ser louco, um maluco total. Ele é o “maluco beleza”. Mais que isso: ele compôs esta música! O parceiro musical de raul Seixas mora logo ali, em Miguel pereira. Controlando a maluquez com a lucidez, ele recorda a vida, a carreira, os momentos ao lado de raul e conta boas histórias...

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anhã de um sábado e o frio típico de Miguel Pereira. Árvores ao redor, uma rede e ele, de bermuda e tênis, com meias cobrindo as canelas. O lugar é o mesmo que foi escolhido para fugir da fama, dos flashes e das entrevistas há mais de três décadas. “Ser artista público nunca foi meu interesse, ser uma pessoa que não tem direitos [de privacidade]. Quem quer ser famoso precisa aguentar a fama e não reclamar das consequências. Dentro da minha loucura, sou coerente pra cacete. Não saio me expondo às pampas”, comenta bem humorado. Cláudio Roberto Andrade de Azeredo conta que se declara aposentado desde a mudança para o município e que ainda sobrevive com os direitos autorais de músicas como “Maluco beleza”, “Cowboy fora da lei” e “Rock das aranhas”, entre tantas outras imortalizadas na voz de Raul Seixas, com quem descobriu os prazeres de compor canções. Nascido em 28 de maio de 1952 e criado no Leblon, Rio de Janeiro, ele diz ter noção de que era uma criança “anormal”. “Meu filho é igualzinho a mim. Ele é o melhor aluno no curso de inglês. Minha filha também, eles revezam. Eu tenho dom para línguas natural. No ensino básico, eu era o melhor aluno do colégio sempre. Eu olho para meu filho e falo ‘filho, você é esquisito’. Gente que não é muito parecida com pessoas ditas normais”, comenta. Na chácara afastada do centro de Miguel Pereira, Cláudio mora com a esposa e os dois filhos mais novos, frutos da relação. Para ele, há uma confusão entre inteligência e agilidade mental. “Eu não

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sei se possuo a primeira, mas indiscutivelmente possuo a segunda”. As primeiras relações com a arte surgiram bem cedo. Cláudio conta que fazia poesias aos quatro anos de idade. “Tenho a lembrança de ficar apaixonado com esta idade por uma menina, mas sabia que não era uma idade normal para estar apaixonado. Sempre fui um cara com ambições emocionais muito grandes e essas emoções sempre me motivaram”, revela. Quando chegou a época do vestibular, passou para três instituições no curso de engenharia. “Mas exatas não são minha praia. Meu pai queria que eu fizesse. Eu passei e falei com ele que já podia contar aos amigos o feito do filho, mas que não faria o curso”. Partiu para outro curso superior, o de educação física, ainda sem vontade de cursar, apenas atendendo a um desejo do pai. “Continuo não sabendo o que quero fazer da minha vida, mas tenho certeza do que não quero”, conta aos risos. Foi antes desse período, entretanto, que um encontro transformaria a vida de Cláudio para sempre. “Raul Santos Seixas era meu amigo. A prima dele foi minha primeira namorada. A Heloísa [Seixas] profetizou. Eu tinha 11 anos, estávamos há poucos meses namorando e ela falou ‘eu tenho um primo que, quando você conhecer, vai adorar, é o tipo de maluco que vai te atrair’. Profética! Quando eu conheci o Raul, em 1963, eu tinha 11 anos e ele reconheceu em mim um maluco do time dele, além de reconhecer um compositor. A primeira música que fiz com ele e que depois ele gravou chama ‘I don’t really need you anymore’, eu tinha 12 anos”, re-


corda sobre o início da parceria. A carreira como compositor começa a partir deste encontro, embora Cláudio já escrevesse e tivesse ideias antes. O início da relação com Raul ainda está guardado na memória. “O período com ele foi muito louco. Eu sabia que eu era um cara estranho, diferente, cheio de inseguranças, pré-adolescente, filho único. Quando conheci o Raul, vi que ele era muito mais maluco que eu, estava com 18 anos e ainda não tinham matado ele nem havia sido internado, ou seja, eu tinha grandes chances de sobreviver. Foi meu consolo”, recorda com humor. Viver de música nunca foi o sonho de Cláudio. A estreia como compositor profissional foi com a música “Novo Aeron” no disco de mesmo nome. “O Raul começou a chegar mais. Eu fazia UFRJ de manhã, dava aula particular de inglês e português, fui o primeiro personal trainer que conheci na vida e ainda fazia mocassim para vender na feira hippie. Minha vida era uma loucura. Um dia eu cheguei

“Ninguém nunca me fez sentir gostar tanto de compor como o raul”, Cláudio Roberto em casa e o Raul estava lá com cara de executivo, de terno, e falou que eu devia concentrar minha energia em uma coisa só, na composição. Logo depois, fizemos o disco ‘O dia em que a Terra parou’ em 15 ou 20 dias, o único da carreira do Raul que é todo com uma parceria só”, ressalta. O álbum foi lançado em 1977 e marcou a estreia de Raul na gravadora WEA. O álbum também marcou a mudança definitiva de Cláudio Roberto para Miguel Pereira, que fugia do estouro na mídia previsto com o álbum. “Maluco beleza”, um dos hinos para os fãs de Raul, está neste disco. “Ela transcendeu nós todos, transcendeu nosso prazer de compor. Costumo dizer que a música é a coisa mais democrática que existe, está ao alcance até de um

medíocre como eu. Um medíocre que consegue fazer uma obra eterna. Música é minha fonte de viver, é como filho, criamos para o mundo”, analisa. Sobre a letra, ele acredita que não seja apenas um retrato dele e do Raul, mas faz parte da vida de todos. “O papo é muito dez, fala da inquietude que todos temos, em maior ou menos grau. Há pessoas que não foram dotadas dessa ousadia da ‘autopesquisa’, têm medo de se encontrar, de não gostarem do que vai ver”. A inquietude, aliás, é o que move Cláudio, que a considera fundamental para o nascimento de criação. “Se você não for inquieto ou não estiver inquieto por algum motivo, acabou”. Ele garante que a música, produto final, é muito diferente do processo de composição.

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GENTE CARREIRA

“O raul Seixas, artista que todos conhecem, era medíocre perto do que eu sabia que ele era capaz”, Cláudio Roberto “Ninguém nunca me fez sentir gostar tanto de compor como o Raul, e acredito que para ele também. O prazer que a gente tinha de compor juntos era uma coisa incomparável, muito intenso, nunca experimentei aquilo, nem antes nem depois. Mas compor é necessidade, ninguém compõe porque quer. Acontece quando você precisa colocar alguma coisa para fora. O ato de compor com o Raul está muito além da minha agilidade mental. Acho engraçado quando o povo diz que Deus escreve certo por linhas tortas. Durante muito tempo isso me incomodou, mas descobri que Deus escreve certo por linhas certas, torta é a mente de quem pensa que deve ler aquilo que Deus escreve”, filosofa Cláudio.

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A relação com Raul não foi totalmente pacífica, ficaram sem contato durante um ano e, quando se reencontraram, já não lembravam o motivo do distanciamento. O respeito entre os dois, concordando ou não com suas atitudes, mostrou para Cláudio o significado de amar incondicionalmente. Raul Seixas morreu em 1989 e o acontecimento também foi uma tragédia para Cláudio. “Já tinha recebido notícias falsas da morte do Raul umas 15 vezes antes. Quando vi na televisão, foi horrível. Eu nunca me intrometi na vida dele, não queria ter ares paternais ou maternais. Eu dizia para ele que não queria estar no fim, porque sabia que seria doloroso e sofrido. Eu achava que sabia, mas não sabia. Durante 45 dias fugi da dor com drogas, achando que consegui-

ria burlar. Resumindo, sofri desesperadamente por dez anos da minha vida e achava que isso não passaria. Só depois que doeu tudo o que tinha que ter doído que passou. Sonhei com ele, foi um sonho libertador. E acabou”, revela. Para Cláudio, Raul Seixas foi um dos maiores companheiros que teve. “Raul foi pai, irmão, amigo, filho, foi o garoto escroto da esquina que eu queria dar porrada. Foi tudo isso e mais alguma coisa. Sou fruto de uma descoberta dele. Minha mãe chamava o Raul de ‘ídolo de pés de barro’. Era a visão dela, mas para mim não era assim, era muito mais que aquele ídolo. O Raul Seixas, artista que todos conhecem, era medíocre perto do que eu sabia que ele era capaz”, enfatiza. Cláudio considera o Brasil um país de má informação. Acredita que não há desprezo pela cultura, mas ignorância. E apresenta um fato que poucos prestaram atenção. “No disco dele chamado ‘Mata virgem’ tem uma música, ‘Negócio é’,


CLÁUDIO ROBERTO O compositor vive em uma chácara, cercada por vegetação, no município de Miguel Pereira

que é minha e de um amigo de infância, o Eduardo Brasil. A música é minha e dele e a única que o Raul gravou de autores contemporâneos dele que não é dele. Ninguém nunca pensou nisso? Não é possível. Muitos fãs de carteirinha do Raul não fazem essa ligação. Também nunca vi alguém falando sobre a primeira pessoa que colocou o Raul na televisão. Foi o Chico Anysio, em um programa que tinha ao vivo. O Raul entrou cantando com Os Panteras uma música do Ray Charles. Isso é uma loucura. Que país é esse que eu vivo? Se fosse na Inglaterra ou nos Estados Unidos, isso já teria sido pesquisado muito, aqui nunca se falou sobre o assunto”, conta o compositor. Ao assistir televisão, ele diz que ainda consegue encontrar surpresas na música brasileira, algumas agradáveis, mas a maioria desagradável. “A mesma coisa que faz haver a desinformação faz haver a má qualidade”, diz. A atual política brasileira também é outro ponto de descrédito por parte do artista. “Sempre tive consciência política e sempre me abstive de participar disso. Estão brincando de democracia em um sistema como o nosso”, completa. Cláudio considera a leitura seu maior vício na vida. “Faz uns seis meses que não leio nada, mas é a primeira vez que isso acontece”, acrescenta. Porém, nem todos os livros agradam o compositor. “Comecei a ler um do Gabriel Garcia Marquez e não consegui terminar, descobri que tenho um ranço com escritores

latinos. Há uma eterna lástima, um eterno lamento”, explica. A “maluquez e a lucidez” se misturam em um Cláudio, que, apesar de se considerar liberal, tem os próprios limites. “Sou um cara que nunca deu uma demonstração de afeto sexual na rua para com a mulher que sou casado. Ando abraçado, de mão dada com ela, mas nunca dei um beijo de língua nela na rua, acho uma coisa muito pessoal, particular”, revela. Para os dois filhos mais novos, ele espera que sejam felizes como ele é. “Acredito que você é aquilo que você faz com as coisas que te acontecem. Você tem a obrigação de pegar as coisas que te acontecem e transformar em coisas boas para você. Se não fizer isso, é um otário, vai viver combatendo moinhos. Você não pode ignorar as coisas. Se te assustam, se doem, se fazem gozar, é irrelevante. O que interessa é o que você faz a partir dali”, filosofa mais uma vez. Com a constante inquietude e a arte nas veias, ele gostaria de escrever livros e roteiros de filmes. “Mas sei que nunca vou ter disciplina para escrever um, nunca vai acontecer”. Este é o caminho que ele mesmo escolheu, mas nunca soube onde chegaria. E não foi besta pra tirar onda de herói. Um cowboy fora da lei, um maluco beleza... ou simplesmente Cláudio Roberto, um dos mais importantes compositores da música brasileira. revistaon.com.br

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GENTE opinião

casse sua família, e que não queria mais a intromissão de D. Odília em sua vida com ele. Resultado. Jussara e Hugo se separaram. Hugo preferiu “mamãe”. Huguinho Júnior ficou com Jussara, que após uma profícua terapia com o Davi da Egos, descobriu que “onde entra o dinheiro, entra o poder” e que “mãe também escraviza”.

O EMPADÃO

Roberto Wagner Lima Nogueira é procurador de Areal/RJ, mestre em Direito Tributário - UCAM-Rio e advogado tributarista. rwnogueira@uol.com.br

D. Odília ainda dava boas chineladas no filho, que pedia para a mãe esperar a esposa sair.

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POR ROBERTO WAGNER

ntes mesmo de casarem, D. Odília há havia oferecido ao filho Hugo e sua então namorada Jussara, a possibilidade de construírem no seu terreno na Rua Isaltino Nogueira, em Três Rios, já que a área de sua casa era enorme. Hugo e Jussara assim o fizeram, levantaram uma bela residência em área nobre da cidade. Jussara jamais gostara da incisiva ascendência de D. Odília sobre o seu filho, agora seu esposo, mas, aceitava em nome das “vantagens”. Tudo era decidido e acertado a partir da opinião de D. Odília. Todo dia, antes de entrar na sua casa, Hugo primeiro passava na casa de D. Odília, tomava um café e só assim chegava em casa. Jussara ouvia o barulho do carro na garagem e sabia que seu marido não viria para casa direto, iria em D. Odília, primeiro. As casas quase geminadas, dentro do mesmo terreno, facilitavam o contato entre filho e mãe. A dominação era tanta, que quando nervosa, D. Odília ainda dava boas chineladas no filho, que com vergonha da esposa, pedia para a mãe esperar a esposa sair, para depois bater nele. Geralmente, D. Odília esperava, mas, quando irava, não respeitava nem Jussara, batia em Hugo na frente dela mesmo. Até com as plantas no jardim de Jussara, “mamãe” implicava. Quando Jussara reclamava com Hugo, ele pedia paciência à esposa, já que sua mãe era idosa e tinha mais experiência de vida do que ela. D. Odília se metia em tudo na vida de Hugo, inclusive e sobretudo na criação de seu filho único, já que, praticamente, bancava financeiramente a criação do neto. Jussara não podia reclamar, afinal D. Odília estava “ajudando”. As coisas já não estavam muito boas, quando Jussara encomendou um empadão na Tia Anastácia, para Hugo pegar no final de tarde. Hugo passou, pegou e quando chegou em casa, como de hábito, foi primeiro em D. Odília. Lá chegando ela quis um pedaço do empadão, e comeu. Hugo chegou em seu lar com o empadão faltando um pedaço. Jussara, não acreditando no que estava vendo, indagou: “Hugo, quem comeu uma parte do meu empadão? ”. Hugo, tomando banho, respondeu do chuveiro: “Foi mamãe, passei lá antes, ela disse que está uma delícia!”. Jussara esperou Hugo sair do banho e pois as cartas na mesa. Ou “mamãe”, ou ela, não aguentava mais o mando da sogra em sua vida. Hugo ponderou com a esposa que D. Odília queria o bem do casal, tanto era assim que pagava diversas despesas da família e praticamente bancava os custos de Huguinho Júnior, sem falar na doação do terreno para que eles construíssem sua moradia. Jussara retrucou que queria um marido de verdade, que se bancasse e ban34

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ADEUS, XERIFE! Ele escolheu o momento perfeito para anunciar o fim do segundo ato da ópera.

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POR HElDEr CalDEIra

s dois dedos de pimenta no temperamento do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim Barbosa, permitiram um sabor todo especial à vida republicana brasileira nos últimos anos. Numa Corte de falsos nobres togados, sua pose de xerife não poderia deixar de ser um incômodo à chama de vaidades que infesta o mais alto plenário jurídico do país. Ao excêntrico ministro Marco Aurélio Mello, fez questão de deixar claro: “Vossa Excelência foi vencido!”; ao midiático Gilmar Mendes, vociferou: “Vossa Excelência me respeite! Eu não sou um de seus capangas de Mato Grosso!”; ao amigo-do-rei Ricardo Lewandowski acusou, sem piedade: “Vossa Excelência faz chicana, ministro!”; e tantas foram as inflexões propostas por Joaquim Barbosa num ambiente de hostilidades mascaradas em delicadezas, de politicagens disfarçadas em pedigree. Não por acaso - e por sorte da (ainda) República! -, restou ao indicado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o que poderia ser a mais inglória das missões de um ministro do STF: ser o relator da Ação Penal referente ao maior escândalo de corrupção já visto na história contemporânea deste país. Inglória, sobretudo, porque o Poder Judiciário do Brasil nunca teve o bom hábito de mandar políticos safados para o xilindró. Inglória porque, certamente, sofreria - como de fato sofreu, incluindo até ameaças de morte - todas as pressões possíveis e imagináveis da turma que está estacionada na chefia do Poder Executivo desde janeiro de 2003. Também não foi por acaso que, ao apagar das luzes da Ação Penal 470 - o Mensalão do PT -, Joaquim Barbosa tenha conquistado a admiração de uma parcela expressiva da população brasileira e seu nome tenha ascendido aos píncaros de intenções de voto para a eleição presidencial que se avizinha. Considerando o atual cenário de queda da presidente Dilma Rousseff e as flâmulas ainda mornas dos principais adversários, Aécio Neves e Eduardo Campos, o nome de Barbosa seria uma barbada. Quis as circunstâncias que a história não fosse assim. Tal qual um xerife em pleno domínio de seus meios, Joaquim deixou expirar


os prazos legais de desincompatibilização e filiação partidária para, então, anunciar sua abdicação ao trono. Uma das figuras mais inteligentes deste Brasil que vai a pique, escolheu o momento perfeito para anunciar o fim do segundo ato da ópera, minutos antes da soberana rainha vermelha entrar em cena para ser vaiada e xingada na abertura da Copa do Mundo.Muitos são os detratores de Joaquim Barbosa. A maioria viciada nas hipocrisias sociais que consolidam o ambiente de falsa cortesia e puritanismo pedestre que faz da sociedade brasileira um festival de bizarras mentiras, um conglomerado de decadentes que ainda não sabe bem o que é ser uma civilização, quiçá uma democracia. Reconhecê-los detratores, portanto, soa elogio ao ministro. Ainda que admirando a sagacidade e o tirocínio de Joaquim Barbosa ao anunciar sua aposentaria do Supremo Tribunal Federal no auge de sua popularidade, resta-nos lamentar que a Corte fique refém do que o próprio ministro classificou como “maioria de circunstância”. Certamente teremos outros atos de ópera com ele como protagonista, noutros teatros. Por enquanto, contentemo-nos com um singelo e emblemático “adeus, Xerife!” P.S.: No momento em que escrevo este artigo para a Revista On #21, o suposto portal de notícias “Brasil 247” - basta somar 2+4+7=13 e é possível compreender de onde vêm as “notícias” do site! - anuncia em matéria de capa que “300 intelectuais assinaram um manifesto contra Joaquim Barbosa”, por não permitir que mensaleiros deixem a prisão para trabalhar. Interessante observar: mais da metade dos tais “intelectuais” signatários são políticos, sindicalistas e parlamentares. Intelectuais? Ficou mais com cheiro de convescote de mamíferos das tetas do Estado a defender a quadrilha que só quer trabalhar agora, quando presa. Faz-nos rir.

Helder Caldeira é escritor, articulista político, palestrante, conferencista, apresentador do SBT e autor dos livros “A 1ª Presidenta” e “Águas Turvas”. helder@heldercaldeira.com.br

A LEI GERAL DA COPA O objetivo é regular as atuações da FIFa e seus direitos durante dois eventos.

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POR DEltON pEDrOSO BaStOS Jr

stou em Salvador, uma das capitais onde ocorrerão os jogos da Copa do Mundo, maior evento da Terra e, em razão disso, me pego pensando em todas as implicações que tal evento traz à vida das pessoas. Impossível não ouvir as reclamações de taxistas sobre o trânsito e da população em geral com relação às ruas impedidas e aos cordões de isolamento. Assim, pensei que esse tema seria interessante para debatermos, principalmente pelo fato de Congresso Nacional ter sancionado uma lei específica para o período, lei esta que vai, em alguns pontos, em contrariedade com nossa legislação nacional, principalmente o Estatuto do Torcedor

e o Código de Defesa do Consumidor. Dentro de nossas limitações, abaixo passo a trazer alguns comparativos nesse sentido. A Lei Geral da Copa foi promulgada e sancionada sob o número 12663 de 05 de junho de 2012. Trata-se de lei criada com o fim específico de regular as atuações da FIFA e seus direitos durante os eventos da Copa do Mundo e da Copa das Confederações. No artigo 11 da Lei, fica estabelecido que a FIFA será a responsável por divulgar marcas e controlar o comércio de rua nos locais de competição, podendo estabelecer limites nas imediações e nas principais vias de acesso. Ou seja, a entidade ganha, através de lei, o direito de impedir trânsito e acesso às proximidades dos estádios, além de controle com relação a ambulantes e vendedores a até 2 km do local do jogo. A FIFA tem direitos exclusivos na transmissão e liberação das imagens dos jogos, mas o artigo 15 obriga a FIFA a disponibilizar algumas imagens de partidas e das cerimônias, de abertura e de encerramento, limitado o tempo a 30 segundos em eventos e até o limite de 3% do tempo da partida. Tal artigo permite que emissoras de menor porte possam utilizar em seus noticiários imagens dos jogos. O artigo 16 determina o pagamento de indenização à FIFA por parte daqueles que se aproveitarem dos locais de jogos para fazerem qualquer tipo de propaganda ou comércio, inclusive de comida ou bebida e até mesmo propaganda aérea, com especial ênfase à venda de ingressos (cambistas). A meu ver, o ponto principal é que fica garantido por lei o direito de a FIFA (artigo 22) ser indenizada pela União por danos ocasionados por incidente ou acidente de segurança relacionado aos eventos, exceto se a FIFA houver concorrido para a ocorrência do dano. O principal é que a União deverá ser obrigatoriamente intimada em todas as ações movidas contra a FIFA decorrentes de tais fatos. A FIFA e os órgãos dela participantes têm, ainda, direito à isenção de custas processuais e somente poderão ser condenadas a tais pagamentos se ficar comprovado seu dolo. Ou seja, até mesmo o Governo Federal, quando condenado em ações, deve arcar com custas processuais, mas para a entidade de futebol foi aberta uma exceção, violando firmemente o princípio constitucional da igualdade entre as partes. O artigo 25 estabelece que fica a cargo da FIFA estabelecer os preços dos ingressos, não havendo nenhum tipo de limitação, inclusive para os produtos vendidos dentro dos estádios, já que a legislação estabelece que o Estatuto do Torcedor não precisa ser respeitado no que concerne aos preços no interior dos estádios. Não podemos, logicamente, deixar de elogiar algumas colocações da lei, entre elas, destaco o artigo 37 que dispõe que será concedido aos jogadores campeões mundiais de 1958, 1962 e 1970 um prêmio em dinheiro e auxílio mensal para aqueles sem recurso. O prêmio em dinheiro será de R$ 100.000,00 ao jogador ou a seus familiares caso já tenha falecido. Por fim, os artigos 56 e 64 estabelecem a possibilidade de decretação de feriados nacionais nos dias de jogos do Brasil e ponto facultativo nos locais de jogos das outras seleções, devendo ainda as escolas estabelecerem calendário escolar para que não haja aulas durante a competição. Enfim, estamos diante do maior evento esportivo do planeta, que poderá deixar um legado maravilhoso ou temeroso, isso dependerá de nós, brasileiros. Delton Pedroso Bastos Junior é advogado, sócio-fundador da Bastos Juris Advocacia e membro da Associação Brasileira dos Advogados Tributaristas. deltonbastos@bastosjuris.com.br revistaon.com.br

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Sem limites para o conhecimento POR FREDERICO NOGUEIRA

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“E agora, José?” Na prova passou, à faculdade chegou, no sonho acreditou, o resultado conquistou. E agora, José? Bem, agora José saiu de Três Rios, está nos Estados Unidos, onde ficará por mais de um ano pelo programa Ciência sem Fronteiras e mostra que, com dedicação, é possível alcançar os objetivos para transformar o futuro.

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Está chegando perto e vai dando um medo. Estou ansioso e nervoso ao mesmo tempo. Vou ficar muito tempo longe, nunca fiquei tanto tempo assim longe de casa, isso que está me preocupando mais”. A entrevista aconteceu dois dias antes da viagem que marcará a vida de José Aleixo de Azevedo França, um trirriense de 20 anos, e estas palavras resumiram o sentimento do jovem naquele instante. No dia 7 de junho ele partiu para os Estados Unidos por meio do programa Ciência sem Fronteiras, do Governo Federal. Um sonho alcançado que terá, como resultado, a realização de outros sonhos. De família humilde, ele sempre morou na Morada do Sol, no bairro Vila Isabel, e estudou no Colégio Estadual Moacyr Padilha, o Vocacional. A primeira lembrança marcante da vida escolar está fora dos muros da instituição. “Foi quando fui sozinho pela primeira vez, com seis anos. Lembro até hoje”. A paixão pelos estudos teve início também cedo e os responsáveis por grandes contribuições ao conhecimento tornaram-se inesquecíveis para José. “A Isabel Cristina, professora que me alfabetizou, teve um papel excepcional na minha vida, foi fundamental para o que sou hoje, me inspirou e meu deu muita base. Eu me esforçava e ela via algo diferente em mim, acreditava em mim, isso foi importante”, lembra. O interesse pelos estudos e a vontade de alcançar sonhos para transformar a própria vida e a família foram maior es que as barreiras enfrentadas. “Criança é um bicho cruel. Por eu gostar muito de estudar, o pessoal [outros alunos] não gostava muito de mim na escola. Faziam brincadeiras, colocavam apelidos, eu era meio gordinho, usava óculos, o pessoal caía em cima. Não foi fácil. Durante uma fase da minha vida eu subia a rua de casa chorando porque não aguentava os apelidos. Mas isso não foi barreira, foi aí que consegui mais força”, comenta. Mesmo com os incômodos causados pelos colegas, José Aleixo preferia sofrer sozinho. “Eu via o quanto ele se esforçava, mas sentia uma tristeza 38

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JOSÉ ALEIXO O jovem acredita que buscar conhecimento fora do Brasil será importante para o futuro profissional

“Faziam brincadeiras e colocavam apelidos, mas isso não foi barreira, foi aí que consegui mais força”, diz José Aleixo no coração dele. Há pouco tempo que ele me falou que perturbavam na escola, ele não contava, guardava tudo. E sempre falava que queria mostrar para aqueles garotos que seria alguém. E está mostrando mesmo”, diz o pai, Walter Aleixo. Aliás, o pai tinha outros planos para o único filho homem [José Aleixo tem duas irmãs]. “Queria que ele fosse militar, jogasse futebol, mas tive que entender, é o sonho dele. Ver o filho chegar à faculdade é um orgulho, uma coisa que nem eu nem a mãe dele conseguimos. É um orgulho grande ver o resultado daquilo que ele tanto buscou”, emociona-se. Cursar o ensino superior sempre foi um sonho de José. “Quando era pequeno, falava que queria ser médico. O foco profissional mudou, mas a

vontade de fazer faculdade continuou a mesma”. No colégio, gostava de matemática e química. Foi a segunda que fez o jovem se apaixonar e querer ir mais longe. “Sempre tive curiosidade em aprender química. Ficava pensando em como as coisas são feitas, como se transformam. Quando tive minha primeira aula na escola, me apaixonei e decidi que queria aquilo”. Assim, ao final do Ensino Médio, ele fez o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e passou para três cursos superiores. Escolheu o de química industrial da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em Seropédica, e iniciou em 2012. O sonho do ensino superior já estava alcançado quando ele decidiu ir mais longe. “Sempre tive vontade de ir para


APOIO FAMILIAR As conquistas de José são motivos de orgulho para as irmãs, Loren e Lorraine, e o pai, Walter

os Estados Unidos. Quando comecei a fazer curso de inglês, ele foi intensificado [Ele lembra da professora Denise Dias, importante no ensino do idioma]. Conheci o Ciência sem Fronteiras com a professora Hilana Ribeiro, ainda no Vocacional, mas achava muito distante para mim, utópico. Quando entrei na faculdade, vi várias pessoas passando para o programa e passei a querer ir também. Antes de fazer a inscrição, pensei muito. Mas me inscrevi no ano passado e o resultado saiu agora, no primeiro dia de maio”, lembra ao falar sobre mais uma professora importante em sua formação. Com o resultado, José Aleixo descobriu que iria para a cidade de Hammond, no estado de Indiana. “Quando vi o resultado, não acreditei. Comecei a abraçar minha mãe, que estava perto. Ela falava todos os dias que eu ia conseguir”. O programa tem duração de um ano e três meses, tempo em que José não pode retornar para casa. “No final, ainda volto para terminar minha faculdade aqui, já que parei no quinto período”, acrescenta.

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“Conheci o Ciência sem Fronteiras ainda no Vocacional, mas achava muito distante para mim, utópico”, José Aleixo Até os 30 anos ele deseja conquistar os títulos de mestre e doutor. Quer ser pesquisador e atuar como docente no ensino superior. “O Ciência sem Fronteiras será ótimo para o currículo, qualquer coisa fora do país já tem enorme peso. Sem falar do conhecimento que vou conquistar, o que vai me colocar à frente de outras pessoas”, analisa. O desejo de seguir na área acadêmica, ele garante, teve influência dos exemplos profissionais que viu na escola. Ao mesmo tempo, o interesse por lecionar no ensino superior também surgiu a partir das observações no ambiente escolar. “Sinceramente, acho que se fosse dar aula em um colégio, seja público ou privado, acabaria perdendo minha motivação. As escolas têm óti-

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mos professores, com ótimas formações, mas eles acabam desestimulados pelos alunos que não têm interesse em aprender. Isso afeta o professor. Acredito que o papel do professor seja auxiliar o aluno na busca pelo conhecimento, que deve partir de cada um. Mas isso não acontece”, enfatiza. O professor doutor Amadeu Guedes é outro profissional que José sempre lembra quando pensa nas pessoas importantes dentro dos muros escolares. “O José Aleixo foi meu aluno e era muito interessado. Nós, professores, sempre vimos claramente o sonho dele, o interesse em seguir estudando. Na escola, o aluno recebe diversos estímulos e transforma em ações. No Vocacional, nossa preocupação é

formar o cidadão, por isso desenvolvemos diversos projetos ao longo do ano. Uma das iniciativas é a realização de um encontro com ex-alunos aprovados em cursos superiores com o objetivo de estimular os que ainda estão na escola. A história de José Aleixo é um exemplo para os alunos”, afirma o professor. Walter já aguarda o retorno do filho, ainda mais feliz e realizado. “A educação é muito importante. Ele vai voltar mais gabaritado, mais completo, realizando o sonho dele. Sonho que acabou se tornando o de toda a família. A química é a paixão da vida dele”. E José Aleixo já está disposto a realizar novos sonhos. “Com minha profissão, vou poder ajudar meus pais, minhas irmãs, poder dar uma vida melhor para eles. O que eles não puderam me dar, vou poder dar para mim e para eles. Vou poder ajudar minhas irmãs a alcançarem os sonhos delas também”, finaliza.


Aos 22 anos, a trirriense Ruana Santa Rosa Cruz também está nos Estados Unidos pelo programa Ciência sem Fronteiras. Aluna do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal de São João del-Rei, ela estudou, em Três Rios, no Centro de Ensino Vila Isabel e chegou ao novo lar no dia 7 de março. Ela conta como tem sido a experiência:

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Ela também está lá!

“O meu destino foi a Kent State University (KSU), em Kent - Ohio. Apesar de toda a vontade de vir, os primeiros dias não foram nada fáceis. Deixar tudo o que se conhece para trás e chegar em um lugar completamente novo é um desafio. Felizmente, logo no primeiro dia tive a ajuda de alguns brasileiros que vieram pela chamada anterior a minha do Ciência sem Fronteiras (CsF). As maiores dificuldades foram a mudança da língua oficial e me acostumar com o tipo de comida. Meu inglês era nível intermediário quando cheguei, mas o inglês que se aprende no Brasil é bem diferente do que se pratica ao conviver com um americano. Apesar do difícil começo, após esses três meses de adaptação, eu com certeza me sinto bem mais segura para conversar sobre qualquer assunto com meus colegas de universidade. Em relação à comida, é possível se acostumar, no entanto é impossível não sentir muita falta do nosso bom feijão com arroz, das padarias brasileiras e do churrasco. Os restaurantes japoneses e mexicanos acabam se tornando a segunda casa dos brasileiros aqui. A KSU tem programas especiais para estudantes estrangeiros. Tive oportunidades de conversar com pessoas de todas as partes do mundo: América do Sul, África, Europa, Oriente Médio. E sim, brasileiro é realmente o povo mais animado que existe. Os americanos são muito receptivos e dispostos a ajudar, mas a diferença de cultura e de animação é grande. Em relação à universidade, se trata de uma universidade semi-pública. A estrutura e os serviços oferecidos são incríveis. É possível realizar todas as atividades do dia a dia sem sair do campus: dormitório, restaurantes, centro médico, academia. Mais do que uma importante experiência acadêmica para minha vida profissional, o Ciência sem Fronteiras proporciona uma experiência pessoal singular, o que não deixa de influenciar na profissional que eu me tornarei. Apesar de alguns problemas em relação à distribuição de verba para alimentação por parte da gestão do programa, especificamente aqui nos EUA, o intercâmbio está sendo a maior mudança positiva que eu já vivenciei.” revistaon.com.br

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O CONSTRUTOR DE SONHOS POR FREDERICO NOGUEIRA

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ter uma casa com móveis exclusivos é o sonho de qualquer pessoa. ter uma empresa com mobiliário que fortaleça a marca e seja atrativo para clientes é o desejo de qualquer empresário. realizar todos estes anseios é a vocação de Leonardo Gonçalves, um marceneiro trirriense que revoluciona a produção de móveis em madeira ao aliar criatividade, tecnologia e bom gosto.

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Na escola, a matemática era a matéria preferida, o que já revelava um caminho profissional a ser seguido 46

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MARCENARIA A primeira foi no bairro Triângulo, mas hoje está em um galpão no Ponto Azul

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Quando usa o plural “somos”, Leonardo refere-se à empresa que ainda não tinha nome naquele período e que, hoje, é uma marca consolidada e tornou-se referência em marcenaria. “Comecei a trabalhar com uma construtora no Rio de Janeiro e ela exigia nota fiscal, nós ainda não tínhamos. Eu tive que ir ao contador abrir a firma e ele perguntou qual seria a razão social da empresa. Falei para usar meu nome. Quando perguntou qual seria o nome fantasia, eu não tinha. Começaram a chamar de ‘L de Freitas’. Alguns amigos não se conformavam de ver o trabalho aumentando e a empresa ainda não ter uma logo. Foi nesse processo de criação da marca e de aperfeiçoamento que nasceu o nome ‘LD Móveis’”, comenta Leonardo. A legalização da empresa foi o primeiro passo para o crescimento que, como consequência, gerou mudanças na estrutura física da marcenaria. No início, eram 50 m² e, atualmente, um galpão dez vezes maior no bairro Ponto Azul, que já começa a ficar pequeno para as demandas. Porém, antes disso, Leonardo recorda outro momento importante para a ampliação da empresa. “Um ponto fundamental foi ter saído da cidade, um dia, no ano de 1996, em um ônibus para São Paulo. Fui participar da primeira feira e encontrei algo que não esperava, os equipamentos. Rodei a feira uma manhã inteira e fiquei olhando para uma máquina de corte por uns 40 minutos. Chegou um senhor perto de mim e me mostrou o caminho para adquirir uma máquina como aquela, porque eu não fazia noção de como conseguir comprar. Fiz tudo do jeito que ele ensinou e consegui”. Com o objetivo de aperfeiçoar os processos, Leonardo começou a investir em máquinas como esta, para diferentes funções. Até que conheceu uma novidade e outra grande mudança aconteceu, há três anos.

TECNOLOGIA O investimento constante tem o objetivo de aprimorar os processos

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marceneiro é um artista. As obras de Leonardo de Freitas Gonçalves estão expostas em residências e empresas de Três Rios e diversos lugares do país. Filho de Edson e Luzia, ele vidraceiro e ela costureira, o trirriense nasceu em 1977 com a vocação de tecer ideias e, com as ferramentas certas, transformar todas em realidade. O primeiro palco para o artista brilhar foi o bairro Triângulo, onde viveu durante a infância e começou a trabalhar a partir da juventude. “Meu irmão tinha uma marcenaria e eu ficava brincando por lá. A brincadeira passou a ficar séria e comecei a trabalhar com ele aos 14 anos”, recorda. Na escola, a matemática era a matéria preferida, o que já revelava um caminho profissional a ser seguido. Na marcenaria, Leonardo aprendeu todas as etapas de produção de móveis em madeira, desde o projeto até a montagem final. Quando o irmão mudou de cidade, coube a ele dar continuidade à empresa. Na verdade, coube a ele iniciar uma nova empresa a partir daquele momento. “Lembro bem da cena do primeiro dia sozinho na marcenaria, sem meu irmão. Foi uma segunda-feira. Chegamos eu e um funcionário que está comigo até hoje para trabalhar. Havia uma lista de clientes que precisávamos atender e começamos a negociar com cada um novos prazos de entrega. Eram 14 clientes. Teve um muito importante, ele acreditou que daria certo e fechou novos serviços. Com aqueles pagamentos, passei a investir na empresa”, diz. Foi no dia a dia da profissão que Leonardo aprendeu a desenvolver o talento. Foi assim que ele também aprendeu a gerir o negócio. “Naquela época, não tínhamos materiais em estoque, sempre comprávamos após ter o pedido do cliente. Hoje trabalhamos com estoque, o que é fundamental. Eu visitava cliente, administrava, fechava os contratos, pagava contas, fazia o móvel, transportava e montava. Duas pessoas para fazer todos esses processos. Hoje somos 20”, informa.

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EQUIPE Para Leonardo, nenhuma máquina é tão importante quanto o talento humano

A evolução da marcenaria

“Quando comecei, tudo era na caneta, no lápis. Para fazer um armário, eu levava um dia para fazer contas, outro para cortar a madeira, mais um para acertar, depois montar para ver se estava tudo certo, verificar medidas, corrigir se fosse preciso, desmontar e só depois levar e montar na casa do cliente. Hoje, é pos-


“Não imaginava que seria possível fabricar móveis sem uma trena nas mãos”, Leonardo Gonçalves

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sível fazer em poucos dias um processo que naquela época demorava mais de um mês”, analisa Leonardo. Marceneiro por paixão e empresário por consequência, ele conheceu ferramentas capazes de oferecerem a otimização de processos. “O maior segredo chama-se software. Hoje, a empresa está apoiada em três deles para chegar aos resultados finais com agilidade e qualidade. Os softwares geram as informações e mandam os comandos para as máquinas, que executam também com agilidade”, explica. Leonardo acrescenta que, com a informatização dos processos, o monitoramento dos resultados torna-se facilitado e a ocorrência de erros passa a ser mínima. Se as trenas eram instrumentos fundamentais no passado, o cenário está bem diferente. Cada peça tem um código que indica sua localização no produto, facilitando a montagem. E, em caso de algum problema com a peça, na mesma hora é possível fabricar outra idêntica apenas observando este código. Antes da produção dos móveis, outro processo tecnológico está diretamente ligado à satisfação do cliente. “Montamos o projeto de acordo com os desejos dele. Temos um processo que é o projeto assistido. Levamos um projetor para o local onde o móvel será instalado e, ali, vamos alterando de acordo com a vontade dele, que já observa como vai ficar um armário, por exemplo, antes mesmo de existir. Se quiser mais uma gaveta, nós colocamos na hora e ele enxerga como ficará, se o agrada ou não”, diz Leonardo. Entender o cliente, aliás, é uma das grandes chaves do sucesso de qualquer empresa. Leonardo comenta que, em seu ramo de atuação, é ainda mais importante. “Afinal, é ele que vai conviver com aquele móvel durante muito tempo. E o processo de uma obra não é fácil, tira a comodidade da pessoa e estamos lidando com a ansiedade dela”, comenta. Entender que seu trabalho lida diretamente revistaon.com.br

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para leonardo, a pessoa não compra só um móvel, mas um sonho, um estilo de vida

PROJETOS O marceneiro acompanha os desejos de cada cliente para realização do produto final

AMBIENTE O mobiliário é capaz de transformar cada lugar de acordo com a personalidade do proprietário

DETALHES A atenção ao acabamento é fundamental para os resultados dos projetos 48

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com sonhos e expectativas o faz ter a real noção do lugar de destaque alcançado. “Em uma reunião recente com uma cliente, ela conseguiu me emocionar. Disse que há anos sonhava fazer um móvel com a nossa empresa e que não acreditava que aquele momento havia chegado. Não a conhecia antes, mas aquilo me mostrou a dimensão da responsabilidade de um marceneiro. A pessoa não compra só um móvel, ela compra um sonho, um estilo de vida, algo que imagina há anos. O desafio é que temos poucos meses para realizar um sonho que durou anos e o resultado não pode ser menos que surpreendente”, analisa Leonardo. A cliente em questão é a professora e empresária Deise Lima. “Não conhecia o Léo, mas sempre ouvi falarem que os móveis dele eram maravilhosos. Porém, achava que ele só trabalhasse para o Rio de Janeiro e que tudo era caro. Começamos uma obra em casa no ano passado e passei a querer mudar todos os móveis. Comentei com uma amiga e ela sugeriu que fizesse com o Léo, mas falei que achava impossível, embora fosse meu sonho de consumo. Na primeira conversa com ele, fiquei encantada com a qualidade do conhecimento, é inacreditável o nível”, comenta a empresária. Ela enaltece, ainda, o atendimento prestado. “É personalizado, de uma forma que não estamos acostumados. É minha primeira casa própria, mas estou muito mais realizada por ter os móveis do Léo que pela casa”, confessa. Os produtos finais, embora sempre conquistem o cliente, já não causam surpresas ao construtor de sonhos justamente pela tecnologia empregada. “Vejo tudo montado antes mesmo de ficar pronto. Os projetos passam pela minha cabeça, pelo papel e pelo software. Então, o que me surpreende mesmo é saber a velocidade com que eles são feitos, conhecer os processos”.


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FAMÍLIA Leonardo com a esposa, Isabelle, e os filhos, Lorena e Davi

Em casa

Embora já tenha realizado muitos trabalhos fora de Três Rios, é na cidade que Leonardo se sente em casa. “Vi que muitas pessoas, como a Deise, já pensaram que fazer um móvel com a LD Móveis possa ser impossível, mas é justamente o contrário. Quero que todos realizem esses sonhos. Com o crescimento da cidade e da região, queremos atender toda a demanda, contribuir com todos os sonhos”, informa. Embora precise gerenciar a empresa, são as funções básicas de um marceneiro as que mais agradam Leonardo. “Eu tenho pessoas que cuidam da parte financeira, não gosto, sou muito mais ligado na parte de realizar. O dinheiro é consequência do trabalho, mas não é o que penso enquanto executo as atividades”, comenta. Com uma rotina que começa às 8h diariamente, suas principais atividades são avaliar projetos e visitar obras. “Sobrou um tempinho outro dia e comecei a fazer uma mesa na fábrica. Não consegui acabar porque outra atividade precisou da minha atenção, mas é disso que gosto, do contato com cada colaborador, de participar do desenvolvimento de cada produto, ver sendo desenvolvido”, acrescenta. Os colaboradores são vistos por Leonardo como o coração da empresa. “São

MÃE O marceneiro com Luzia, importante para sua formação

fundamentais, mais importantes que qualquer software ou máquinas. Com a convivência, tenho certeza que são as pessoas certas para estarem ali. Hoje, dos 20 que temos, não há ninguém que precise de observação. Sou 100% feliz com a minha equipe”, enaltece. Luiz Eduardo Alves dos Santos é o colaborador que está com Leonardo desde o início da empresa. “Eu trabalhava com o irmão dele e continuei. Comecei como ajudante e estou no setor de acabamento. Para o desenvolvimento da empresa, foi uma luta. O início foi difícil, as pessoas olhavam os dois garotos à frente de uma marcenaria e não acreditavam muito. Com competência fomos caminhando. Aprendi muitas coisas, tenho grandes conquistas através da empresa”, comenta Eduardo, que considera a equipe como uma família. Já Robson Auad está há seis anos na empresa e atua no setor de logística. Para ele, a informatização dos processos foi importante. “Toda mudança requer tempo e adaptação. Temos equipamentos como aqueles das maiores empresas do país. E o investimento continua. É um diferencial porque, com isso, conseguimos oferecer prazos curtos aos clientes para entrega dos produtos”, finaliza. Aposentadoria é uma palavra que

Leonardo ainda não conhece nem faz questão de conhecer. Casado há nove anos com Isabelle Matta Gonçalves, que atua no setor financeiro da empresa, ele tem dois filhos: Lorena, de cinco anos, e Davi, de um. As letras iniciais dos filhos, embora sejam as mesmas da empresa, foram coincidência, garante a esposa, que enaltece, ainda, a paixão do marido pela profissão. “Ele gosta mesmo do que faz. O conheci quando ainda tinha a marcenaria no Triângulo e acompanho toda a evolução. Eu me encanto com todos os produtos que ele faz. E, hoje, os filhos já dão umas voltinhas na fábrica, também gostam dos equipamentos, de cheirar poeira”, brinca Isabelle. Quando está distante das serragens e equipamentos, é com os filhos, a família e o tênis que Leonardo passa o tempo. Um tempo cada vez mais escasso, mas sempre fundamental. “A imagem da empresa há 18 anos não tem nada a ver com a imagem dela atualmente. Nunca imaginava fabricar móveis sem ter uma trena nas mãos, mas hoje é assim. Aumenta a produção, aumentam os desafios”, finaliza. Ele garante não fazer planos para o futuro mas, como construtor de sonhos que é, sabe bem os caminhos necessários para alcançá-los. revistaon.com.br

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ECONOMIA & NEGÓCIOS INDÚSTRIAS

É

inegável que o plástico faz parte do nosso dia a dia. Experimente olhar ao redor. Em cima da mesa, na cozinha, dentro da geladeira. Tem bastante plástico por aí, certo? Em Três Rios, o plástico também faz parte do dia a dia, mas de uma forma diferente. O setor industrial relacionado ao material se tornou responsável pela principal atividade de muitos trabalhadores do município e da região. Há cerca de 30 anos, operava em Três Rios uma das mais importantes indústrias do segmento de plástico no país, a AD Líder Embalagens S/A. No final dos anos 90, a empresa encerrou as atividades e fechou as portas. O parque fabril onde ela funcionava ficou abandonado durante anos, simplesmente largado ao tempo. Quem viveu naquela época não poderia imaginar que este mesmo local ainda faria parte do início da recuperação do setor, com a volta das indústrias de plástico para a cidade.

Nos últimos anos, várias empresas do segmento se instalaram em três rios, movimentando a economia e gerando empregos

PLÁSTICOS EM EXPANSÃO POR JOÃO MIGUEL

Desde 2009, mais de uma dezena de indústrias do segmento se instalaram em três rios. O setor de transformação de plásticos está em plena expansão e vem aumentando a capacidade produtiva, com expectativa de grande crescimento para os próximos anos.

Nos últimos anos, várias empresas do segmento se instalaram em Três Rios, movimentando a economia e promovendo a geração de empregos. Desde 2005, o governo municipal desenvolve uma política de atração de novos investimentos, principalmente por meio de incentivos fiscais. Com o setor de plástico não foi diferente. A chegada das empresas começou há quase 10 anos, quando o secretário municipal de Indústria e Comércio, Julio Cezar Rezende de Freitas, que está na pasta desde abril de 2004, visitou uma feira de plásticos que acontece a cada dois anos em São Paulo. “Fizemos revistaon.com.br

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JULIO CEZAR O secretário de Indústria e Comércio ressalta a importância dos incentivos fiscais

vários contatos, inclusive com fornecedores da matéria-prima, que foi um canal bem interessante e nos deu mais acesso às empresas para que elas pudessem vir conversar conosco. Na primeira vez, em 2005, fomos conhecer o setor e saber quais eram as necessidades. Como, na época, ainda não existia incentivo fiscal, não tínhamos muitas coisas a oferecer”, explica. Na segunda visita, no ano de 2007, Julio conta que foi diferente, porque Três Rios já possuía um programa de benefícios fiscais. “Com isso, despertamos o interesse dos empresários, que começaram a visitar a cidade para conhecer a estrutura e tudo começou a fluir”, lembra. Segundo o secretário, 95% daquelas empresas se instalaram no município. Ele diz, ainda, que o incentivo fiscal é um componente muito importante na decisão de uma organização, mas, além disso, a cidade precisa ter estrutura para receber os investimentos. “Estrutura de educação, segurança e saúde, porque isso é qualidade de vida, as empresas também analisam esses fatores”, explica. 54

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RUDILAR ROTTA O gerente revela que a empresa quadruplicou a produção desde 2010

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ECONOMIA & NEGÓCIOS INDÚSTRIAS

SÉRGIO CARNEIRO Diretor afirma que a questão logística foi fundamental para escolha do município

“produzimos embalagens para os clientes e estes exportam. logo, o que é fabricado em três rios vai para o exterior”, diz Rudilar Rotta, gerente da Videplast

Entre as organizações que buscaram em Três Rios o caminho do desenvolvimento, a Videplast tem sede em Videira (SC) e atua há quase 30 anos no ramo. O gerente da unidade Três Rios, Rudilar Rotta, conta que são cinco delas no total. “A matriz fica em Santa Catarina, com afiliadas no Paraná, Goiás, Mato Grosso e aqui, em Três Rios”, explica. Assim que o incentivo fiscal foi aprovado para o município, a empresa buscou um local em que pudesse se instalar. E Três Rios tinha o lugar perfeito para isso, no Distrito Industrial. Então, em 2009, o parque fabril que estava abandonado há anos, desde o fechamento da antiga AD Líder, ganhou vida nova. O grupo catarinense aproveitou a estrutura existente para instalar a in-

dústria. As atividades foram iniciadas no ano seguinte e, desde então, a empresa trabalha em vários segmentos, sendo que a linha da indústria alimentícia é considerada a principal. “Atendemos indústrias de todo o país, com forte vocação para o ramo alimentício, de bebidas, pet food, automotivo, dentre outros, disponibilizando ao mercado uma linha completa de embalagens flexíveis”, conta o gerente. Uma particularidade desta unidade de Três Rios é a produção do stretch filme, um filme plástico que envolve os paletes e é muito usado para unitização e securitização de cargas. “A produção deste filme está concentrada na unidade de Três Rios e atendemos todo o território nacional por aqui”, explica Rudilar. A empresa ainda exporta de for-


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PRODUÇÃO A SR Embalagens ampliou o espaço físico e as linhas de produção

ma direta e indireta para vários países. “Produzimos a embalagem para nossos clientes e estes exportam para vários países. Com isso, o que é fabricado aqui em Três Rios acaba indo para o exterior. Mas trabalhamos com exportação de forma direta também”, conta. Em 2009, outra indústria, a SR Embalagens, que trabalha há 35 anos no ramo de embalagens flexíveis e tem sede em Barretos(SP), também optou por construir uma unidade em Três Rios para expandir os negócios. Segundo o diretor Sérgio Carneiro Filho, os motivos pelos quais a empresa foi instalada no município foram vários. “Consideramos a questão logística, pelo posicionamento da cidade em relação às três grandes capitais (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), além da proximidade com os fornecedores de matéria-prima e, sem dúvida, por causa do incentivo fiscal do Estado”, explica. Os principais produtos fabricados nesta indústria são filmes técnicos para em-

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ECONOMIA & NEGÓCIOS INDÚSTRIAS

EXTRUSORA Para formar mão de obra, empresas e Prefeitura foram parceiras em cursos de capacitação

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“Estou satisfeito com o investimento. Começamos com duas linhas de produção e hoje temos seis”, diz Sérgio Carneiro, diretor da SR Embalagens

pacotamento de alimentos, com destaque para cereais, açúcar, sal e bebidas. “Temos clientes de todos os estados do Brasil e uma linha de exportação para o Mercosul e para os Estados Unidos”, conta o diretor. O secretário de Indústria e Comércio diz que o Estado do Rio tem sido bastante ousado na atração de investimentos nos últimos anos e que o governo municipal tem trabalhado nessa linha, valendo-se justamente da logística privilegiada do município e dos incentivos fiscais para a chegada das empresas. “Os benefícios fiscais, tanto do Estado quanto do município, somados a esse conjunto de fatores, foram o que fizeram as empresas decidirem vir. Hoje, o setor de plástico paga 2% de ICMS, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços. Anteriormente, o valor era de mais ou menos 15% a 17%. Uma redução muito significativa,” analisa Julio Cezar. Entre os benefícios oferecidos pelo município também estão a isenção de IPTU, isenção de taxa de licença de obras e a isenção para o alvará de funcionamento. O tempo destes benefícios depende do número de funcionários que a empresa tem, do valor do investimento que foi aplicado e do faturamento. “Todos esses fatores determinam o prazo, que vai de cinco a 30 anos. Após esse período, a empresa volta ao sistema normal”, explica. Segundo a Prefeitura, atualmente são 14 empresas do setor de plástico instaladas no município. Para ter uma ideia, somente as duas indústrias mencionadas na reportagem geram, juntas, cerca de 350 empregos diretos, a maioria deles com mão de obra de moradores de Três Rios e cidades vizinhas. O secretário explica que, com o esvaziamento do setor na década de 90, houve certa dificuldade para recomeçar devido à falta de mão de obra local. Por isso, o município fez convênio com as empresas, dando aulas

teóricas e práticas para formar operadores de máquinas. “Preparamos os funcionários daqui de Três Rios para que eles pudessem trabalhar na indústria de plástico. Hoje, grande parte da mão de obra é local”, conta Julio. E os resultados para o setor têm sido positivos. Segundo Sérgio Carneiro, desde 2010 a empresa praticamente triplicou o tamanho. “Estou satisfeito com o investimento. Começamos com duas linhas de produção e hoje temos seis. A unidade de Três Rios conta com seis linhas de coextrusoras de grande porte, com toda a questão da gestão de produtividade e de qualidade. E a expectativa é continuar crescendo, está sendo muito bom para o grupo”, afirma. Rudilar Rotta também aponta o crescimento e diz que, desde 2010, a unidade quadriplicou a produção. “Dentro da capacidade produtiva hoje, temos um espaço para crescimento em produção de 50% da capacidade instalada. Estamos com algumas obras dentro do parque fabril e pretendemos chegar a números bem mais expressivos do que os de hoje”, comemora. Para Julio Cezar, a chegada das empresas em Três Rios foi importante porque gera empregos e proporciona um aumento na arrecadação do município, permitindo fazer outros investimentos para o crescimento da cidade. “Ficamos satisfeitos em ver o sucesso das empresas e de dar dignidade à população, que eu acho que é o grande objetivo de todo governo. Todos saem ganhando: as empresas satisfeitas, os colaboradores satisfeitos e o governo também”, conclui. A história que começou há muito tempo, com um tradicional segmento chegando praticamente ao fim, teve sua reviravolta. Como se fosse de plástico, o setor passou por uma verdadeira reciclagem e se moldou para entrar de vez na história de Três Rios, gerando empregos, renda e desenvolvimento econômico. revistaon.com.br

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BEM-ESTAR esporte 59 saúde 71

BALLET Com muita dança e poucas calorias POR MaYara StOEpKE

FOTOS rEVISta ON

Engana-se quem pensa que o ballet limita-se aos passos difíceis na ponta do pé. Há 10 anos a bailarina profissional e educadora física Betina Dantas desenvolvia a modalidade Ballet Fitness, que se tornou uma das atividades mais procuradas por mulheres em diversas partes do país, inclusive três rios.

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BEM-ESTAR ESPORTE

A

BENEFÍCIOS Em uma aula de 30 minutos é possível eliminar até 740 calorias

BALLET

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a modalidade une passos de ballet com a pegada fitness das academias

nenhuma outra modalidade traz, seria um sucesso. Só não imaginava levar a modalidade para fora do Brasil, como temos recebido vários convites. Este ano já estivemos em Miami e vamos treinar professores lá”, comenta Betina. Ela explica, ainda, a importância de procurar profissionais qualificados e certificados por ela para iniciar na modalidade. “Os treinamentos são feitos após análise criteriosa do currículo. São cinco módulos de capacitação e o professor só recebe certificado após o terceiro módulo. Ele só pode trabalhar em escolas ou academias licenciadas do Ballet Fitness. Hoje, temos 10 licenciados no Brasil e pretendo ter mais 10 até o fim do ano”, ressalta. Como se trata de duas modalidades diferentes, o professor tem que ser bem orientado,

BETINA E PAULA A profissional certificada passou por aulas com a criadora do método

já que ministrar uma aula sem capacitação é extremamente perigoso. Um dos profissionais licenciados no Brasil por Betina é a trirriense Paula Rosmaninho, fisioterapeuta, ex-bailari-

arQuIVO pESSOal

dança é uma ótima aliada para quem quer manter o corpo em forma e ter uma vida saudável. Entre as modalidades de danças que proporcionam condicionamento físico e resultados para o corpo está o ballet. Pensar em bailarinos e bailarinas ainda te remete às imagens de lindas moças e rapazes com sapatilhas de ponta fazendo “demi-plié”, “passé”, “sissone”, “cabriole” e “entrechat”? Pois saiba que há outras possibilidades. A modalidade que vem crescendo e se disseminando é o ballet fitness. Seja para bailarinos, dançarinos ou quem nunca pisou em uma academia de dança, a modalidade une passos de ballet com a pegada fitness das academias, como agachamentos, abdominais e flexões, e promete resultados como postura alinhada, músculos tonificados e o corpo inteiro trabalhado perfeitamente. Famosas como Gabriela Pugliesi e Carolina Magalhães aderiram à modalidade para definição do corpo, trabalhando a barriga, os glúteos, braços e pernas. Em um aula monitorada pelo médico esportivo Franz Burini, foram descobertos todos os benefícios da metodologia. As aulas podem substituir a musculação e devem ser praticadas de duas a três vezes por semana. Criadora do método no Brasil, Betina Dantas, do Estúdio Anacã Corpo e Movimento, de São Paulo, explica que, no início, dava aulas apenas para amigas e mães de alunas. Porém, suas alunas da rede de academia Bodytech começaram a praticar a modalidade interessadas em uma aula diferente, que oferecesse resultados femininos para o corpo. “Tenho uma equipe de seis masters trainers e, em agosto, abriremos o primeiro studio de ballet e jazz fitness em São Paulo. Recebemos mais de 50 e-mails por dia de mulheres, bailarinas, ex-bailarinas e bailarinas profissionais querendo fazer aulas”, conta. A modalidade caiu no gosto das mulheres que buscam um corpo definido sem perder os traços femininos. “Sempre soube que, com o tempo, vendo os resultados incríveis, duradouros e que


BALLET

AUXÍLIO É importante ter o apoio de um profissional qualificado para a atividade

CRESCIMENTO A modalidade caiu no gosto das mulheres que buscam um corpo definido

na clássica e professora credenciada ao método na Academia de Dança Maria Emília, em Três Rios. “A ideia de trazer

o ballet fitness para a academia foi de uma aluna de ballet clássico e convidei a Paula, que sempre foi nossa aluna. Ela

conseguiu a formação com a Betina em São Paulo e nos tornamos a única academia credenciada em Três Rios a dar essa

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BEM-ESTAR ESPORTE

“O meu corpo fica mais preparado para o dia a dia”, diz Aline Ribas

TÉCNICA A modalidade une passos de ballet com a pegada fitness das academias

modalidade”, explica Mariclara Mockdece, diretora da academia. Há cinco meses as aulas se torna-

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ram um sucesso entre as 22 alunas e foi uma surpresa. A única exigência é que os praticantes sejam maiores de 15

anos, pois precisam estar com os sistemas motor e muscular desenvolvidos. A modalidade vale até mesmo para mulheres grávidas, desde que acompanhadas de supervisão médica, já que os exercícios podem ser adaptados de acordo com a possibilidade do aluno. “Eu sempre fiz dança, mas, depois de uma idade, começamos a sentir um pouco de dificuldade, foi quando comecei a pesquisar e descobri o ballet fitness”, conta Paula. Junto à diretora da academia, resolveram iniciar as aulas na escola de dança. E deu certo! Paula tornou-se a primeira profissional do interior do estado do Rio credenciada a ensinar o método. “Eu fiz um currículo, mandei para a Betina, que me autorizou a fazer o curso”, comenta.


TRÊS RIOS A turma de Paula já tem mais de 20 alunas que praticam o ballet fitness

BALLET

“recebemos mais de 50 e-mails por dia de mulheres, bailarinas, ex-bailarinas e bailarinas profissionais querendo fazer aulas”, conta Betina Dantas, criadora do método Com aulas dinâmicas, o praticante pode eliminar cerca 740 calorias em 30 minutos. “É muito estudo e todos os exercícios e sequências têm um objetivo durante as aulas. Muitas pessoas já relatam mudanças e emagrecimento. Temos pessoas com idades mais avançadas, a partir de 50 anos, que estão tendo ótimos resultados. É um trabalho bem completo, já que trabalha, também, a postura, a memória, a coordenação, o equilíbrio, a flexibilidade, entre outros resultados”, garante Paula. Há dois meses frequentando as aulas, Roberta Jorge procurou o ballet fitness para fugir das academias. “Já sinto muita diferença na minha perna. O ballet trabalha o corpo inteiro, é a dança mais completa. Eu recomendo e estou adorando”. Como fisioterapeuta, Roberta precisa de muita resistência, pois fica em pé a maior parte dia durante o trabalho.

Para trabalhar a parte muscular, a professora de educação física Aline Ribas está há quatro meses se dedicando às aulas. “O meu corpo fica mais preparado para o dia a dia e eu lembro muito da minha juventude, quando fazia dança, é muito bom”. Quem também aproveita a novidade é Viviane Malheiros. “Eu já faço corrida e procurei o ballet fitness para ajudar a fortalecer os meus músculos e melhorar a postura e a resistência”, explica a dentista. Com aulas dinâmicas e divertidas, é possível eliminar peso rapidamente. Diferente da musculação, os exercícios utilizam grupos musculares de uma vez só, trabalhando o sistema cardiovascular e o condicionamento aeróbico. Os valores das aulas variam de acordo com o número de dias praticados durante a semana e, apesar de mais procuradas por mulheres, as aulas podem ser feitas por homens. revistaon.com.br

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PUBLIEDItOrIal

LIPOCONFORT

TRATAMENTOS ESTÉTICOS após 18 anos, a priscila Estética passa a se chamar lipoconfort para entrar no ramo de franchising.

A

qualidade dos resultados que tornou a clínica Priscila Estética uma das mais conceituadas na região e referência em tratamentos para o corpo é a mesma que está presente na nova etapa da empresa. Desde o dia 23 de maio de 2014, a clínica Priscila Estética passou a adotar o nome de Lipoconfort, o mesmo do tratamento estético desenvolvido pela fisioterapeuta Priscila Cunha em 2010. Após 17 anos de atuação e com a oferta dos melhores e mais modernos tratamentos estéticos, a clínica, acostumada a transformar pessoas, passa por sua maior transformação. Com o sucesso e confiança alcançados, a mudança do nome acontece na hora certa e, junto a ela, um novo plano empresarial já está em prática visando o desenvolvimento dos profissionais, a expansão no mercado e ampliação das áreas de atuação, sempre com o objetivo de oferecer o que há de melhor na estética para os clientes. Os conceitos do Lipoconfort, en-

um novo plano empresarial acompanha o lançamento da marca lipoconfort quanto tratamento, são os mesmos da clínica Priscila Estética: levar bem-estar e autoestima aos clientes de forma inovadora e com resultados comprovados e garantidos em contrato. Por isso, após intensas pesquisas e análises, surgiu o plano de transformação. “Com clientes 100% satisfeitos, a marca se consolidou e o tratamento vem ganhando cada vez mais notoriedade, fãs, adeptos e exposição na mídia, tanto regional quanto nacional. Devemos grande parte deste sucesso às pessoas que confiaram na Priscila Estética e no tratamento Lipoconfort”, diz a Dr.ª Priscila Cunha. Se você já é cliente, conheça mais a mudança e apaixone-se pelos resultados. Se ainda não é cliente, agende

PRISCILA CUNHA A fisioterapeuta preparou um novo espaço para a clínica e aguarda sua visita

agora mesmo sua avaliação e comece sua transformação. “Agora, oficialmente Lipoconfort, queremos muito agradecer a você pela confiança e por acreditar em nossos serviços e produtos, desejamos que faça parte dos novos e maiores desafios que virão”, convida a fisioterapeuta.


Avaliações

Personalité Para ingresso no programa Lipoconfort. Facial Por meio da limpeza de pele lux. Durante a limpeza, com a resposta da pele aos produtos e técnicas, além do grau de sensibilidade, é traçado o melhor programa de Liffitingconfort. Estriapeelconfort

Para a redução de estrias brancas e vermelhas. Lipoconfort three

A meta mais audaciosa para os problemas estéticos que mais incomodam os clientes. A trilogia antiestética celulite-gordura-flacidez estão com os dias contados! O tempo de tratamento varia entre seis e 12 semanas e as sessões acontecem uma ou duas vezes por semana, dependendo de cada caso.

Liffitingconfort

Rejuvenescimento que melhora simultaneamente olheiras, manchas, flacidez de pele e tônus muscular facial. O tratamento dá um verdadeiro “up” em você! Também pode ser feito no pescoço, braços, rosto e região interna da coxa.

Antes

Depois


PUBLIEDItOrIal

Lipoconfort

Antes

Depois de uma sessão

O tratamento Lipoconfort não é uma máquina, mas uma metodologia que utiliza técnicas e até seis equipamentos com diferentes funções para redução de celulites, flacidez e gordura localizada. Antes, o Lipoconfort atuava apenas na gordura localizada e, após pesquisas, passa a atuar nas três áreas. “O importante é deixar nosso cliente feliz e satisfeito”, relata a criadora da técnica, Dr.ª Priscila Cunha. Entre as novidades da clínica em Três Rios, o cliente passa a ter a presença em todos os atendimentos da criadora do Lipoconfort, o melhor custo-benefício com o tratamento três em um, presença de acompanhamento nutricional e um coach estético para motivação visando metas mais transformadoras. No novo formato da clínica, o cliente passa por dois tipos de avaliação e tem à disposição três tratamentos especiais. Lipoconfort a Laser

Imagine algo que era bom. Imagine, agora, que pode ficar ainda melhor! O Lipoconfort é assim! A nova tecnologia a laser entra para somar resultados e dobrar as reduções de medidas. De acordo com a Dr.ª Priscila Cunha, o tratamento, antes, reduzia em torno de 12cm. Agora, os resultados estão ainda mais animadores e empolgantes. E o que é melhor: indolor, deixando a técnica mais confortável. Apesar de não ser invasivo, o laser consegue incrementar os resultados por agir na microcirculação, quebrando mais triglicerídeos que a técnica anterior. O Lipoconfort é um método que, agora, com o sistema de franquias, passa a tratar do trio problemático (celulite, flacidez e gordura) e o laser é a cereja do bolo, deixando o método mais eficaz para grandes resultados.

Rua XV de Novembro, 402 - Sala 305 Centro - Três Rios - RJ (24) 2252-2663 /esteticaderesultados /lipoconfort


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BEM-ESTAR SAÚDE

ÁGUA PARA

VIVER BEM POR MaYara StOEpKE

FOTOS rEVISta ON

a atividade física na água vem ganhando espaço na região por meio da natação e da hidroginástica. Seja para melhorar a respiração, a concentração ou as articulações, a prática de exercícios dentro da água deve ser feita com o auxílio de profissionais especializados.

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BEM-ESTAR SAÚDE

S

eja na terra ou na água, praticar atividades físicas é fundamental para uma vida saudável e com qualidade. Os benefícios vão desde uma melhora corporal até a socialização de pessoas de todos os sexos, classes e idades. Você já deve ter ouvido sobre exercícios dentro da água, mas quais são os resultados adquiridos por meio dos nados, das braçadas e das pernadas? As professoras de educação física Andréa e Ana Beatriz Caldas explicam que a atividade ajuda desde a coordenação motora de uma criança até a socialização de um idoso que tem o desejo de integrar-se novamente na sociedade e fazer amizades. E o melhor de tudo isso: não tem limite de idade e contrandicações. “Claro que cada modalidade será de acordo com a necessidade de cada pessoa. Se uma

BENEFÍCIOS ÁGUA ANDRÉA A professora diz que a natação é uma diversão para as crianças

para praticar as atividades não há limite de idade ou contraindicações gerais

atividade não é bacana para uma determinada situação, outra com certeza se encaixará”, afirma Andréa. Sem o desgaste das articulações, pessoas com necessidade de perder peso também podem ter como aliado o esporte na água. “Quando o corpo está na água, ele sofre uma pressão que, só de estar ali, já traz benefícios para qualquer pessoa”, explica Ana Beatriz, evidenciando que o corpo fica com apenas 10% de todo o seu peso quando submerso. Isso explica o fato de nossas articulações sofrerem menos impacto e desgastes que em atividades realizadas no solo. Geralmente, pessoas com sobrepeso não conseguem iniciar uma atividade física em solo, por exemplo, por não aguentarem o impacto no corpo, ressaltam as profissionais. A atividade na água, quando aliada a uma alimentação saudável, leva resultados satisfatórios para a saúde e, consequentemente, 72

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FERNANDO DUARTE Além dos exercícios na água, os idosos também se divertem

contribui com a perda de peso. Pessoas com problemas ortopédicos, como dores nos joelhos e na coluna, procuram bastante esse tipo de atividade para ajudar a diminuir os incômodos.

Lindalva dos Santos, 75 anos, procurou a atividade na água por indicação médica para aliviar as fortes dores nos joelhos. “Depois da hidroginástica, minhas dores melhoraram muito, eu já


não conseguia dobrar mais as pernas. Sem contar que as aulas são muito divertidas”, conta animada, minutos antes de entrar na água. Existe uma preocupação muito grande por parte dos pais de crianças pequenas com a água, mais especificamente com as piscinas, já que visitam os amiguinhos e, muitas vezes, não conseguem ter o controle dos locais. A natação, nesse momento, se torna uma necessidade e, além de ser uma forma de prevenir afogamentos, é uma atividade física muito recomendada para crianças com problemas de concentração, respiratórios e hiperatividade. “A pressão da água faz com que os pulmões trabalhem com mais eficiência. O soprar na água melhora a respiração e os exercícios específicos expandem a caixa torácica. A musculatura do tórax, das costas e do core ficam mais fortalecidas”, aponta Ana Beatriz sobre os resultados. Crianças muito agitadas também encontram na natação uma forma de gastar toda a energia. “As mães chegam

NA GRAVIDEZ Aos oito meses de gestação, Valdicéia equilibrou o ganho de peso e o inchaço

PROFESSORA Ana Beatriz pratica atividades na água desde a infância

aqui contando que o filho melhorou na escola, está escrevendo melhor e mais concentrado”, diz Ana Beatriz, acrescentando que até a qualidade do sono e a vontade de comer melhoram. Bebês de apenas alguns meses já podem praticar os exercícios na água, desde que acompanhados por um responsável e com a supervisão médica. “Existem alguns cuidados com bebês muito novos,

por exemplo. Não devemos colocar essas crianças em piscinas com muito movimento, pois algumas ainda não tomaram todas as vacinas necessárias e o cuidado deve ser maior”, indica Andréa. Para os bebês muito novos, a atividade na água é como uma continuidade ao ambiente em que vivia no útero materno, algo mais lúdico e sem a finalidade da prática de exercícios. Com o

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BEM-ESTAR SAÚDE

O corpo fica com apenas 10% de todo o peso quando está submerso que passou a fazer essa atividade”, explica a mãe, Viviane Barbosa. As atividades na água variam de acordo com a idade, explica a professora de educação física Flávia Saiol. De três a cinco anos, se a criança estiver iniciando as atividades, há um período de adaptação para, apenas quando o medo da água desaparecer, os nados começarem. “Trabalhamos sempre com uma parte lúdica, em alguns momentos usamos brinquedos para deixar com mais jeito de criança. E, no final, sempre há brincadeiras”, diz. Há seis anos como professor de hidroginástica, Fernando Duarte explica a dinâmica da modalidade. “A aula de hidroginástica é iniciada com o aquecimento, trabalha os movimentos do corpo e termina com alongamento e a volta à calma”. O trabalho é feito adaptando os exercícios com a necessidade de cada pessoa e sua finalidade. “Tive uma gestante que fez aula um dia antes do parto, então, um dos benefícios da hidroginástica é dar qualidade de vida”. Valdiséia Vieira, 41 anos, está grávida de oito meses e desde os cinco faz aulas de hidroginástica por recomendação médica e conta os resultados: “Ajudou para não ganhar muito peso e na minha qualidade de vida. Eu faço duas vezes por semana e não sinto um desgaste grande, mas você sente uma diferença no dia que faz. Como fico mais cansada, acabo dormindo mais tranquila e melhor”, afirma. Segundo a professora Andréa, além do bem-estar promovido pela água, acontece uma melhora na circulação sanguínea e nos edemas dos tornozelos e pés causados pela gravidez. Outras modalidades, como deep running, hidrobike e esteira na água também foram desenvolvidas com a finalidade de integrar pessoas de todas as idades à atividade física. “Algumas

BENEFÍCIOS ÁGUA

RESPIRAÇÃO É possível trabalhar e amenizar problemas respiratórios

SEM DORES Lindalva sofria com incômodos que impossibilitavam algumas atividades

tempo, essa modalidade vai se tornando uma atividade física. Vitória de Araujo, de sete anos, faz as aulas de natação há cinco meses por recomendação médica. Com sobrepeso, 74

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a prática da atividade física na água já a fez perder três quilos. “Ela gosta da natação, então resolvemos, junto ao médico, que essa seria uma ótima opção. O jeito de agir também já mudou depois


“O jeito de agir também já mudou depois que passou a fazer essa atividade”, conta Viviane Barbosa, mãe de Vitória

vezes há um desgaste tão grande decorrente dos exercícios praticados em solo que muitas pessoas desistem. A atividade na água é um bom começo para quem quer praticar atividades físicas e mudar a qualidade de vida. Depois de um período na água, a pessoa pode aderir a outras modalidades fora d’água”, finaliza Andréa. Os valores para a prática de natação e hidroginástica nas academias trirrienses cabem no bolso, ao contrário do que muitos possam imaginar. As atividades também são oferecidas gratuitamente na rede pública. E aí, que tal dar um mergulho na saúde?

VITÓRIA DE ARAUJO Em cinco meses, perdeu três quilos com a mudança de hábitos

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A SAÚDE EM DIA E

UM “UP” NO SEXO

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odas as pessoas passam por inúmeras transformações ao longo da vida. Os cabelos mudam de cor, a pele sofre transformações e a região íntima também acompanha as consequências do tempo. Nas mulheres, a flacidez e as rugas são mudanças estéticas naturais, enquanto a incontinência urinária e a queda de bexiga são alterações clínicas que podem acontecer com as transformações do assoalho pélvico. Como qualquer outro músculo do corpo, os que compõem o assoalho pélvico devem ser estimulados e trabalhados para que sejam fortalecidos. Tratar da saúde desta região é o objetivo das técnicas utilizadas na fisioterapia uroginecológica, mas, como resultado adicional, os pesquisadores descobriram que, com ela, também é possível cuidar da parte sexual. “Muitas mulheres faziam a fisioterapia para cuidar de disfunções na saúde e relatavam, após as sessões, melhorias na estética vaginal e nas relações sexuais. Começamos a pesquisar e desenvolver mais trabalhos relacionados a esta área e, hoje, temos tratamentos para quem não tem problemas críticos de saúde, mas desejam melhorar a vida sexual”, explica a fisioterapeuta Gabriela Ragazzi, especialista em fisioterapia uroginecológica e a pioneira no interior do estado do Rio de Janeiro em oferecer os tratamentos. As queixas de flacidez vaginal e dores nas relações sexuais após os 40 anos são comuns nas mulheres e surgem, basicamente, como consequências do envelhecimento, queda de hormônios e diminuição do colágeno. “Tudo isso gera

DIVULGAÇÃO

A fisioterapia uroginecológica surgiu para solucionar disfunções do assoalho pélvico, como queda de bexiga e incontinência urinária, mas também oferece benefícios para a vida sexual do paciente.

Flacidez vaginal e dores nas relações sexuais são comuns após os 40 anos a flacidez e falta de lubrificação e, junto com a perda do prazer, a estética também é levada em consideração quando o tratamento é buscado. Além disso, o músculo enfraquece e o tratamento tonifica a região, melhorando em todos os sentidos”, explica Gabriela. Enquanto a vida sexual passa por um “up”, a mulher que passa pela fisioterapia uroginecológica previne, ao mesmo tempo, que mais tarde tenha queda de bexiga ou incontinência urinária. “Em todos os casos, explico que garanto 50% dos resultados, a parte que depende do trabalho do profissional, e os outros 50% dependem do paciente, da conscientização dele, que precisa, em casa, cumprir com os exercícios que passo”, comenta. Para as avaliações e acompanhamento, a fisioterapeuta conta com o exame de eletromiografia, que capta os sinais elétricos das contrações musculares e fornece um laudo ao profissional e ao cliente. “Com os eletrodos, o exame é confortável e não é invasivo. Até mesmo por isso, tem aumentado o número de homens que buscam o tratamento, principalmente em casos de pós-operação para retirada de tumores na próstata”, comenta a especialista. Viver feliz, com a saúde em dia e uma vida sexual prazerosa, mesmo com

GABRIELA RAGAZZI A especialista em fisioterapia uroginecológica atende em Três Rios

o avançar do tempo, já é possível com o desenvolvimento de tratamentos e técnicas fisioterapêuticas. Se sua vida ainda não está assim, não perca tempo e encontre a felicidade e o bem-estar! Aceitamos

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COOL

turismo 81 moda 88 tecnologia 94 música 98 festas 104 coluna social 108 viagem 112 sabores 116

A rainha volta ao poder POR JOÃO MIGUEL

FOTOS rEVISta ON

O parque Salutaris, cartão-postal de paraíba do Sul, vem passando por mudanças estruturais para a revitalização do espaço. aos poucos, a rainha das Águas Minerais mostra que não perdeu a majestade. revistaon.com.br

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COOL TURISMO

D

urante muitos anos, o Parque Salutaris foi o mais famoso cartão-postal de Paraíba do Sul. O local era o principal ponto turístico da cidade para atrair visitantes de várias cidades. Muitos se hospedavam no antigo Hotel Salutaris e aproveitavam para conhecer o parque e suas fontes de água mineral. A antiga fábrica das águas Salutaris, que já funcionou a todo vapor, também atraía os olhares de curiosos. Com águas terapêuticas descobertas em 1887, segundo o Departamento de Recursos Minerais do Estado do Rio, o Parque Salutaris foi a primeira estância hidromineral do Estado e vem se firmando como a maior atração da cidade. São três fontes de águas minerais. A fonte Alexandre Abrahão possui água ferruginosa; a fonte Nilo Peçanha tem águas magnesianas; e a fonte Maria Rita é classificada como de água alcalina de rosa cálcica bicarbonatada. Mas a história do Parque Salutaris teve momentos difíceis. Segundo o secretário municipal de Turismo, Alessandro Cavalcanti, o local passou muito tempo sem receber cuidados e ficou esquecido. “Durante muitos anos, o poder executivo não se importou com estas ações, tendo como resultado o fechamento de algumas fontes, a escassez de água por falta de manutenção e, principalmente, o corte e a falta de reflorestamento em volta, fazendo com que o parque começasse literalmente a secar, sendo esquecido pelos visitantes por não possuir mais atrativos”, explica o secretário. Em 2013, foi iniciada a recuperação da área. “Em menos de três meses,

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ENTRADA O Parque Salutaris é aberto para visitação e os turistas, além da população local, podem ter contato com a natureza

todas as fontes foram reencontradas, a tubulação trocada e houve o plantio de mais de 5.000 mudas de árvores, além da criação da área de preservação. Com todas estas ações, o parque começou novamente a ser visitado e ter suas maiores riquezas reestabelecidas, as três águas”, comemora Alessandro. Com isso, o Parque Salutaris voltou a ganhar vida e receber turistas. E os moradores de Paraíba do Sul aprovam as melhorias e a conservação do parque, principalmente com a volta das fontes de água mineral. O funcionário público e morador do município Gilberto de Abreu Silva conta que está gostando do resultado. Agora, pelo menos uma vez por semana ele passeia com a família no parque e aproveita a água da fonte para encher ga-

lões. “Sempre venho pegar água e ela é muito boa. O parque melhorou muito, agora está mais bem cuidado. Estão cuidando melhor das plantas”, observa. Segundo a Prefeitura, diariamente mais de 50 pessoas buscam as águas e seus benefícios para a saúde no parque. Para o secretário, o Salutaris é de grande importância para o município e para o Estado, e esta ascensão está diretamente ligada à manutenção do parque. “Isso engloba o reflorestamento, a preservação em seu entorno, além de técnicas como limpeza e higienização das tubulações das fontes.”, explica. Por ser uma área de preservação e possuir águas minerais, o local tem sido utilizado para a realização de eventos de contato com a natureza e a prática de esportes ao ar livre, como etapas de cam-


à GUAS O Parque Salutaris foi a primeira estância hidromineral do Estado revistaon.com.br

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COOL TURISMO

LAZER Espaço tem área para prática de diversos esportes e atividades físicas

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HISTÓRIA O galpão que estava abandonado passou por reforma e manteve os traços da arquitetura original

O local tem sido utilizado para a realização de eventos de contato com a natureza peonato de Downhill e corridas de aventura, como Trip Trail. Isto movimenta a rede hoteleira e a economia da cidade. “Com uma taxa de ocupação de 90% nesses eventos, temos um investimento direto de, no mínimo, R$ 160.800 na rede hoteleira, com 670 leitos. Sem levar em consideração as despesas pessoais com alimentação e outros de um público estimado em 3.000 pessoas por dia”, analisa. Quem aproveita o bom momento do parque para lucrar são os comerciantes do local. Marcos Vinicius tem um quiosque e elogia a recuperação e o crescimento das vendas. Para atender bem os visitantes, ele reforça o time de funcionários nestas datas específicas. “Estão fazendo bem mais eventos e está vindo bastante turista. Nesses dias, melhora bastante o movimento”, comemora. O parque funciona todos os dias. Possui uma academia da terceira idade, trilhas ecológicas, as fontes minerais e a área de preservação ambiental. Também é usado para prática de esportes como skate, basquete, downhill, corridas, caminhadas e futebol. Além dis-

so, há uma variedade de árvores pelo parque, como imbaúbas, amendoeiras, canelas e eucaliptos. Recentemente, foi inaugurado o Lago das Minerais, que oferece passeios de pedalinho e caiaque. Para o secretário de Turismo, a criação do espaço complementa a beleza e a fauna da Salutaris. “O Lago das Minerais ampliou a área do parque e se tornará o cartão-postal da cidade por estabelecer com perfeição o equilíbrio ecológico. Várias espécies de animais já retornaram ao parque e já podem ser vistas novamente nas manhãs. Pela abundância em água, acreditamos que mais espécies vão retornar”, explica. A indústria do turismo, quando bem administrada e recebendo investimentos adequados, tem grande potencial para fortalecer a economia e melhorar a qualidade de vida da população local. Com a geração de emprego e renda através do turismo e da recuperação do Parque Salutaris, a Rainha das Águas se mantém firme no trono, cada vez mais forte, e saúda seus munícipes e visitantes. Vida longa à rainha. revistaon.com.br

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PUBLIEDITORIAL

A CRIATIVIDADE

DE HUGO CARNEIRO FOTOS DIVULGAÇÃO

Fotógrafo se destaca no mercado ao buscar novas abordagens para um dos eventos mais tradicionais, o casamento. tudo sem abrir mão da emoção.

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ma estrada deserta de Las Vegas, uma caverna em Cancún e a torre Eiffel de Paris. O que poderiam parecer cenários dignos de cinema foram os planos de fundo para noivos que queriam eternizar o dia mais romântico de suas vidas em grande estilo. Com um ensaio fotográfico cada vez mais personalizado entre as tendências nos casamentos, Hugo Carneiro é um dos principais nomes nesse segmento em toda a região e, agora, fotógrafo premiado: Hugo foi premiado e listado entre os 20 melhores fotógrafos de casamento do mundo pelo Wedding Photography Select (WPS). São mais de dez anos dedicados à fotografia, sendo que há cinco anos Hugo abriu o próprio estúdio e entrou de vez no mercado de casamentos, seu foco principal desde então. Sem deixar de lado o in-

Hugo foi listado entre os 20 melhores fotógrafos de casamento do mundo pelo Wedding photography Select

teresse por belas paisagens, o fotógrafo as incorporou em seu trabalho, o que se tornou um de seus principais diferenciais e uma vasta gama de possibilidades para os tradicionais ensaios de noivos. Tanto que muitos deles optam por levar o fotógrafo em suas viagens, o que garante fotos inusitadas e experiências inesquecíveis. “Um casal, por exemplo, me le-

vou para acompanhar seu casamento na Grécia. Éramos só nós três e acabei servindo de testemunha para a união”, conta Carneiro, que já acompanhou noivos em locais como Las Vegas e Nova York, nos Estados Unidos, Cancún, no México, França, Dinamarca e Argentina. Além de registrar a cerimônia e a festa de casamento, ensaios como as e-sessions, feitas antes do grande dia, e o trash the dress, sessão de fotos divertida e descontraída, estão cada vez mais populares entre os noivos. “As pessoas estão percebendo que a fotografia não é um serviço tão caro quanto imaginam. No caso dos ensaios no exterior, é cobrado o valor do ensaio e as despesas de viagem. E, apesar do nome, o trash não destrói o vestido. Ou seja, dentro do investimento de um casamento, a foto ainda representa um percentual muito baixo, mas uma


“as pessoas estão percebendo que a fotografia não é um serviço tão caro quanto imaginam”, Hugo Carneiro

das formas mais importantes de imortalizar esse dia tão importante”, avalia. Tudo isso para garantir um ensaio completamente único e que traga um pouco do estilo do fotógrafo aliado à personalidade do casal. Isso é possível unindo as mais modernas tendências de fotografia de moda, cenas espontâneas, técnicas de iluminação e, claro, conhecendo os noivos. Por esse motivo, após a assinatura do contrato eles respondem um questionário que ajudará a definir o caminho a ser seguido nas fotos. Foi assim com a advogada Paula Machado Braga. Moradora de Três Rios, ela se casou com Saulo Braga em um sítio em Levy Gasparian e optou por contratar o fotógrafo petropolitano. Após conhecer o trabalho de Hugo em um casamento para o qual foi convidada, Paula passou a acompanhar seu blog e página no Facebook e quando chegou a hora de selecionar quem faria as fotos do próprio casamento, ela pesquisou mais de 15 profissionais antes de fazer a escolha. “Sempre priorizei a fotografia entre os demais serviços que iria contratar. Esse era o item mais importante a ser escolhido, por isso pesquisei fotógrafos nas cidades do Rio, Petrópolis, Três Rios, Juiz de Fora, Belo Horizonte e até de Curitiba. Decidi pelo Hugo devido às fotos diferenciadas, além do amor e dedicação pelo que faz, que se reflete nas fotos que realiza e na busca constante pelo melhor e por novas tecnologias para a realização do seu trabalho. Não sou uma pessoa fácil de agradar e surpreender, mas nos ensaios e no casamento, a cada foto que recebia era surpreendida por uma mais linda que a outra! O resultado foi além do que esperava e imaginava”, analisa Paula, que gostou tanto da experiência que fez não apenas o e-session, mas também o bridal, o trash the dress e, claro, a cerimônia do casamento.

NA CAVERNA Mariana e Samuel registraram sua passagem por Cancún

PRÊMIO Foto da noiva Maria Carolina está entre as fotos selecionadas pelo WPS

RECONHECIMENTO Foto de Fernanda e Luiz Paulo também foi eleita pelo WPS

Com o conhecimento adquirido, Hugo Carneiro também se destaca nos workshops que ministra por todo o país. São eventos voltados para fotógrafos profissionais com o objetivo de apresentar técnicas de iluminação, um tema em que Hugo é especialista. Fotógrafos do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte já puderam participar de workshops. Mesmo quando privilegiam um olhar diferenciado e criativo e a qualidade técnica, os noivos buscam principalmente um registro da emoção do casamento, desde detalhes na decoração aos olhares mais significativos. É na cerimônia que acontecem alguns dos momentos mais marcantes, mas toda a diversão e descontração

da festa também vão parar no álbum. No total, cada casamento requer quatro horas de preparação e outras seis de trabalho, podendo render até 3.000 fotos, das quais cerca de 1.500 são selecionadas, tratadas e entregues ao casal em formato digital. O objetivo é retratar com exatidão aquele dia e atender todos os gostos - dos casais mais românticos aos mais aventureiros. Hugo Carneiro Fotografia Rua Dr. Nelson de Sá Earp, 95/507 Petrópolis – RJ (24) 2249-4765 / (24) 98834-2200 facebook.com/hugocarneirofotografia hugocarneiro.com.br/blog


COOL MODA

PANTONE DE INVERNO 2014

Fernanda Eloy fernanda.eloy@hotmail.com.br Designer de moda e proprietária da marca Fernanda Eloy e do blog de moda www.sushidechocolate.com

FOTOS SHuttErStOCK

A escala Pantone é conhecida pelo seu sistema de cores, que é muito utilizado na indústria gráfica, têxtil, tintas e outros materiais. Na moda, utilizamos essa escala sempre como referência. O pensamento dessa temporada é que a cor transcende tempo e lugar, a estação inspira ingenuidade, imaginação e arte.

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Royal Blue

Há tempos o marinho transita entre coleções com facilidade. Desta vez, o Royal Blue rouba a cena com a sua cor intensa. Essa tonalidade elegante chama muita atenção, pois até o momento estamos acostumados com o tradicional azul marinho. 2

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Sangria

Feito vinho diluído, o novo tom de uva deve tingir a cartela de cores da temporada. O Sangria é um vermelho mais aberto com um toque rosado, ao contrário do Aurora Res, que é um vermelho quente, porém esse vermelho rosado promete encher de glamour até as produções mais simples. 6

Aurora Red

É uma variação do mais puro vermelho. Apesar de ser uma tonalidade vibrante, o tom tem um toque de sofisticação e modernidade na hora da produção.

Mauve Mist

Mauve Mist é um tom suave, romântico e elegante e lembra o lilás com pitadas de rosa. 7

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Aluminum

O cinza ganha um toque de sofisticação e recebe o pigmento verde em sua composição. Ele lembra uma mistura entre o prata e o cinza. Com isso, a tonalidade de tom básico torna-se curinga nas produções.

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Cognac

Nada mais é do que um marrom elegante e “cult”. Porém, vale destacar que esse tom foi nomeado em homenagem a cidade de Cognac, na França, conhecida pela produção da bebida derivada do conhaque. É a cor típica do outono e ganha requinte e classe em suas produções.

Misted Yellow

O amarelo dessa estação vem em uma nuance de mostarda com um toque iluminado dando cor às produções. E seu tom quente promete colorir o inverno com sofisticação. 88

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Bright Cobalt

É um azul um pouco mais aberto e intenso e esse tom vibrante, promete ser statement (significa afirmação,

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confirmação) da temporada. Na maioria das vezes já foi chamado de Azul Kleyn e Azul Bic, mas independente do tom ele entrou de vez no closet para deixar sua produção ainda mais charmosa e versátil. 9

Cypress

Nas lojas, o tom de verde, em várias nuanças, vem predominando nas coleções. E agora, se faz presente no inverno 2014 como tendência, porém sua cor vem repaginada. Cypress com um toque sutil e florestal. Esse verde majestoso tem uma presença imponente nas produções. Ele é o verde militar com uma pitada extra de marrom. 10

Radiant Orchid

É uma variação da mistura do fúcsia, roxo e rosa. Conforme a empresa Pantone, o nome tem origem devido em alusão à flor de orquídea. Ela tem como predominância a mistura de cores citadas acima, semelhante ao lilás e lavanda. E carrega um significado interessante: “despertar a imaginação”, que segundo a Pantone é um convite à inovação e criatividade.


COOL MODA

ROUPAS QUE FALAM POR SaMYla DuartE

FOTOS arQuIVO pESSOal

a moda é uma expressão da identidade. Ela pode identificar pessoas e até comportamentos. Em grupos onde os membros partilham os mesmos interesses, uma peça de roupa, pode se transformar em uma etiqueta de pertencimento. Entre os góticos, os delineadores pretos não podem faltar. Os punks, resistindo desde 1980, ainda ostentam os moicanos. para os roqueiros, cabelos compridos e camisetas de banda. Mas o que tantos simbolismos no vestuário querem dizer?

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COOL MODA

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ara Renata Liporaci, produtora de moda especializada em figurinos de teatro e com passagens por revistas como Claudia, Capricho e Vip, o uso de peças características de determinada “tribo” não deve ser feito em vão. “A pessoa tem que ser aquilo que está vestindo, sustentar o look. Estilo também é questão de atitude. Não adianta se vestir de preto e encher o corpo de piercings enquanto suas atitudes pedem um vestido estampado e leve”, afirma. Já Camila Vitorino, graduada em moda pela Universidade Veiga de Almeida (UVA), leva a questão a outro ponto. Para ela, as roupas são, historicamente, elementos de diferenciação. Camila acredita que a vestimenta pode mostrar desde o poder aquisitivo até crenças religiosas – e por isso a diferenciação entre as tribos se torna tão importante quanto a própria existência delas. “A forma de um grupo se vestir da mesma forma mostra que aqueles indivíduos estão de acordo com a mesma ideologia, compartilham dos mesmos ideais e estilos de vida”, diz. Quando o “uniforme” da tribo é muito diferente, pode haver exagero – e é por isso que Renata acredita que cada um deve ser fiel ao próprio estilo. “Na medida certa, nada vira erro dentro dos estilos mais alternativos”, pondera. Para ela, os adolescentes são mais propícios aos erros na hora de escolher o figurino. “Eles costumam exagerar um pouco mais para chamar atenção, mas acaba sendo somente uma fase”, comenta a produtora. Camila, no entanto, compreende que a vontade de parecer da mesma tribo, ainda que contrarie um pouco o estilo próprio, pode ter vários significados, sendo o maior deles a vontade de se sentir inserido. A graduada em moda acredita, ainda, que o limite entre modismo e identidade no estilo pode gerar confusão. “Muitos podem entrar em grupos primeiramente por modismo e, depois disso, conseguem identificar algo que realmente faça sentido para eles. Assim, acabam inseridos ideologicamente no grupo”, afirma. Renata acredita que o uso [e abuso] de peças características de determina90

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ARIELLE SHULTZ A jovem acompanha blogs e sites de moda e, incentivada pelas novidades, já pintou os cabelos de diversas cores

renata liporaci acredita que cada um deve ser fiel ao próprio estilo dos grupos é uma forma de mostrar o pertencimento àquela tribo. “Estilo é jeito de viver, a roupa é apenas o modo como dizemos isso para as pessoas”, afirma. Sobre a mudança do estilo e a influência das tendências, Renata é incisiva. “Estilo tem influências externas o tempo todo. Nem todo mundo era hippie nos anos 60 e, dos que eram, nem todos permaneceram com o mesmo estilo até hoje”, conta, confirmando a crença de que sempre é possível mudar. Mas será que existem grupos ditados apenas pela moda e sem qualquer ideologia? Camila acredita que sim. “Hoje as blogueiras movimentam o mundo da moda, ditando tendências de moda e comportamento, mas imaginemos em um futuro breve. Com a tecnologia e velocidade de informação que temos hoje, o nosso futuro é cada vez mais breve. Será que em cinco

LAUREN BAQUEIRO Além dos sete piercings no rosto, ela tem cinco tatuagens no corpo

anos teremos as mesmas blogueiras agindo da mesma forma?”, questiona, levantando também a questão da efemeridade da moda. A jovem Arielle Schultz, de 18 anos, é um exemplo da tendência pela tendência: ela acompanha blogs, sites e Tum-


a diferenciação entre as tribos se torna tão importante quanto a própria existência delas

RENATA LIPORACI A produtora de moda acredita que as pessoas devem ser o que vestem

blrs de moda, principalmente de fora do país e, incentivada pelas novidades, já pintou os cabelos de azul, verde, roxo e, agora, loiro. Para ela, a justificativa

das mudanças é só gostar de visuais diferentes. “Vi umas fotos de uma menina estrangeira e resolvi fazer [as tinturas coloridas] também, só que me animei e fiz durante um bom tempo”, conta. Lauren Baqueiro é uma ativista que também usa o corpo para expressar uma ideologia. Além dos sete piercings no rosto, que ela garante não se relacionarem com o ideal que defende, carrega cinco tatuagens, entre delas a mais valorizada: o logo da Sociedade Protetora dos Animais. Vegana, Lauren não utiliza produtos de origem animal e luta para que a exploração chegue ao fim. “Eu acredito que podemos e precisamos viver com igualdade, e quando falo isso

incluo os animais não humanos de todas as espécies”, explica, citando também a necessidade da defesa de minorias. “Particularmente, me encontrei na adolescência com o movimento punk, que propõe uma contracultura”, explica, quando questionada sobre o visual cheio de piercings, mas contraria o senso-comum: “Ter ou não ter piercings não faz diferença diante do que me tornei hoje”, mas confessa que “além de nada mais ser que um adorno, a tatuagem carrega consigo um ideal”. E é com seu ideal marcado na pele e nas atitudes que a ativista nega ter sofrido influências do meio para a composição do estilo. Especialistas como Renata e Camila afirmam: a moda é, sim, uma maneira de se expressar através das roupas. Inconscientes da associação ou apenas seguindo tendências, os adeptos dos estilos alternativos, coloridos, góticos ou metaleiros, entre tantos outros, passam uma mensagem de diferenciação e personalidade que demanda, acima de tudo, uma boa dose de coragem.

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PUBLIEDITORIAL

QUANDO O UNIFORME

É A QUALIDADE FOTOS DIVULGAÇÃO

Empresa trirriense que começou com dois funcionários e em um espaço pequeno torna-se a maior confecção de uniformes da região.

C

om clientes de diversos municípios dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, a empresa trirriense SR Uniformes está de casa nova. Com 14 anos de história, a confecção ampliou o espaço de produção para atender com ainda mais rapidez, sem comprometer a qualidade já reconhecida de cada produto. A SR Uniformes teve início na casa da costureira Sandra Ribeiro, em 2000, quando ela e apenas mais uma pessoa formavam a equipe responsável por todos os processos, desde a venda à entrega, passando pela produção de uniformes. “Eu já tinha experiência com vendas e, em 2005, comecei a ajudar minha mãe. Passei a atuar no contato com os clientes e ela ficou no trabalho interno. Tudo começou em um cômodo de 20 m²”, lembra Diogo Ribeiro de Melo, diretor comercial. Em 2009, o investimento em uma máquina de bordados tornou a SR Uniformes pioneira na oferta do serviço na região. “Também neste período, uma parte da confecção foi transferida para o Centro, enquanto outra continuava na Morada Sol. Vimos a necessidade de unir todas

a Sr uniformes tem capacidade para produção de 10 mil peças por mês

EMPRESA FAMILIAR Higor Ribeiro de Melo, Sandra Gomes Ribeiro e Diogo Ribeiro de Melo

as áreas da empresa e passamos para um galpão, também no Centro, onde ficamos até o final de 2013”, comenta Diogo. A nova e recente mudança foi para uma sede própria e ainda maior, que oferece melhores estruturas para a produção de uniformes e conforto para os 37 colaboradores. Com capacidade de produção de 10 mil peças por mês, este número deve dobrar até o final do ano. “Além da nova estrutura, temos estoque de material para os clientes que se tornam parceiros. Somos parceiros dos maiores fornecedores de te-

cidos do país e, com isso, conseguimos ter materiais em estoque para atender algumas emergências. A SR Uniformes preza pela qualidade dos produtos e pelo cumprimento dos prazos”, finaliza Diogo. Para vestir bem sua empresa, é importante confiar em quem já tem experiência.

Estrada Santa Rosa, 69 - BR 393 Passatempo - Cantagalo - Três Rios - RJ (24) 2252-8674 / 2255-6166 www.sruniformes.com.br contato@sruniformes.com.br


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COOL TECNOLOGIA

GAMES PARA

APRENDER E ENSINAR POR JOÃO MIGUEL

FOTOS rEVISta ON

projeto de um professor trirriense com alunos do curso técnico de informática do CVt de três rios cria jogos educativos e ganha reconhecimento internacional da Microsoft.

Ai, ai, ai... larga esse jogo e vai estudar!”. Quem nunca atendeu a um pedido carinhoso assim quando jovem? É fato que os games estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia, a sociedade já nasce em meio a uma realidade tecnológica bastante avançada. Isso prejudica ou favorece o desenvolvimento intelectual? Até pouco tempo atrás, os jogos ainda eram considerados como vilões para o aprendizado das crianças. Porém, esta questão vem sendo amplamente discutida por meio de novas pesquisas e estudos. Com o desenvolvimento destas ideias, surgem possibilidades na área da educação. E aí pode até “zerar”, na gíria dos games, sem medo. O professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro Paulo Roberto de Azevedo Souza, apostando na capacidade educativa dos jogos, inaugurou um curso extracurricular com alunos do Centro Vocacional Tecnológico (CVT) de Três Rios. “Estava procurando um software educativo que ajudasse a pessoa a programar, algo que deixasse o aluno mais bem preparado para o mercado de trabalho”, explica. Foi quando descobriu o Kodu, um software da Microsoft que permite criar diferentes tipos de games, dos mais complexos aos mais simples, sem ser necessário um profundo conhecimento em programação. “Quando baixei o Kodu e 94

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“Muitos só acreditam no ensino tradicional. Queremos oferecer mais ferramentas educativas e criativas para o aluno desenvolver mais habilidades”, Paulo Roberto

vi como funcionava, comecei a explorar a ferramenta à noite e só parei pela manhã. Fiquei pensando o tempo todo nos meus alunos do CVT, precisava levar isso para eles”, conta o professor. Por meio de um jogo icônico, bastante atrativo e para iniciantes, Paulo Roberto começou a fazer um experimento com os alunos. Ele constatou que esta plataforma do Kodu também trabalhava habilidades exigidas no mundo profissional contemporâneo, como as de programador e roteirista. “Baixei o projeto piloto da Austrália, que tinha como foco a psicopedagogia. Então, direcionei o projeto completamente para a programação, para fortalecer a linguagem de Programação I. E foi assim que surgiu o projeto”, explica Paulo, que registrou a pesquisa na dissertação de especialização. Este trabalho logo chamou a atenção da Microsoft, que reconheceu “parceiro

na educação” (MPL - Microsoft Partners in Learning) e o integrou ao Kodu Game Lab Community, uma comunidade global de desenvolvedores que usam a ferramenta. “Eu mandei um e-mail para a Microsoft dizendo que gostaria de fazer um trabalho com o Kodu no Brasil. Eles ficaram surpresos com o meu contato pelo fato de trazer a ferramenta para uma escola técnica porque ainda estava na versão beta. Mas gostaram muito da ideia e deram o maior incentivo”, conta Paulo Roberto. Onze alunos do curso começaram a utilizar o software para criação e programação de jogos educativos. “Na sexta aula eles já tinham se tornado programadores de jogos, uma coisa que eu registrei cientificamente e me surpreendeu”, explica. Um dos jogos criados foi o premiado Quizwalk, encomendado por uma educadora de São Paulo e voltado para pessoas com deficiência auditiva. O jogo é um quiz sobre conhecimentos gerais e, para isso, realizaram estudos de vários elementos. “Na verdade, deixamos um objetivo oculto, porque este jogo não foi feito apenas para surdos. Foi feito para crianças surdas jogarem com as crianças sem deficiência, então também colocamos música para deixar essa mensagem bem clara”, comenta. Com isso, professor e alunos começaram a fazer roteiros para os jogos. Após a criação de um jogo multiplayer para


EQUIPE Professor e alunos desenvolvem os jogos desde os roteiros até a parte gráfica

desenvolver o raciocínio lógico, Paulo Roberto conseguiu publicar o primeiro artigo em um congresso brasileiro de informática educativa. O artigo foi apro-

vado e bem comentado, com isso ele ingressou no mestrado. No ano seguinte, foi realizado o congresso brasileiro mais importante sobre

jogos, o “SP Games”. Na ocasião, o professor apresentou resultados de pós-testes sobre o Kodu, mostrando o quanto o jogo ajuda em programação ou nas demais áreas. “Baseado nesse artigo completo, fiz um novo artigo, que foi aceito no dia 20 de maio deste ano no maior congresso que existe sobre construcionismo, que é uma teoria mais forte sobre informática educativa. Fui notificado que foi aceito como artigo de pesquisa finalizada e conseguimos chegar ao topo do congresso”, comemora. Entre os sucessos alcançados, o projeto concorreu e chegou até a final da primeira Copa Mundial do Kodu. “Muitos só acreditam no ensino tradicional. Na verdade, não queremos fazer nenhuma oposição ao estudo tradicional, queremos oferecer mais ferramentas educativas e criativas para o aluno se interessar e desenvolver mais habilidades”, explica. Com cerca de 10 games já produzidos, a turma do terceiro módulo do curso técnico de informática do CVT

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COOL TECNOLOGIA

“Você aprende brincando, essa é a grande verdade. a possibilidade que o Kodu projeta é incrível”, Lucas Loureiro Ribeiro

CVT Paulo Roberto apresentou o projeto aos alunos, que demonstraram o interesse em contribuir

abraçou a ideia e acreditou no potencial dos jogos para promoção e ensinamento de bons hábitos. E criatividade para isso é o que não falta. Os alunos desenvolvem os jogos tanto separada-

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mente quanto em grupo. O aluno Matheus Marques morava em Miguel Pereira e mudou-se para Três Rios para estudar. Ele se destacou desenvolvendo um jogo que ensina bons

hábitos para cuidar do meio ambiente e dos recursos hídricos. “Como é uma questão muito preocupante, resolvi criar um jogo mostrando como deixar de poluir os rios e preservar o meio ambiente. O jogo mostra situações do cotidiano. Quando você faz algo errado contra a natureza, dá ‘game over’ e você perde. Com isso, a criança aprende o que é considerado certo, para ganhar o jogo, e acaba evitando naturalmente o que seria errado”, explica Matheus. Paulo Vitor Barbosa Ramos conta que eles fizeram um jogo para um asilo, no estilo do tradicional jogo da forca. “O idoso vai digitar a resposta pelo mouse,


INTERFACE O software permite criar diferentes tipos de games, dos mais complexos aos mais simples

para desenvolver a coordenação motora dele, e depois vai ver uma foto, com a resposta. Com isso, ele aprende mais sobre o tema”, explica o aluno. “Esse foi um dos melhores projetos que já fizemos, sem contar que distrai e ensina ao mesmo tempo”, conta Paulo, que se sente realizado com o curso e se encontrou profissionalmente nesta área. Já o aluno Lucas Loureiro Ribeiro diz que, mesmo cursando computação na faculdade, se surpreendeu com o aprendizado no curso técnico, principalmente com o desenvolvimento de jogos no Kodu. “Foi uma excelente oportunidade, pela visão que o software te proporciona para o mercado de trabalho. Foi uma ideia nova que o Paulo Roberto trouxe e nós agarramos. Aqui na região não tem muita oferta nesta área de desenvolvimento de jogos. Além disso, se aproximou muito do meu estilo de vida, porque é tudo voltado para a educação. Você aprende brincando, essa é a grande verdade. A possibilidade que o Kodu projeta é incrível”, conclui Lucas. Além das ótimas ideias, os alunos têm algo em comum: a vontade de continuar os estudos e trabalhos na área. “Hoje em dia eu penso em trabalhar com isso para sempre”, finaliza Matheus. Todos os alunos estão empregados, trabalhando com programação e, claro, envolvidos com as aulas e palestras sobre software educativo. Segundo Paulo Roberto, trabalhar com um projeto de jogos ainda é muito difícil, já que há barreiras que devem ser rompidas para ingressar em escolas. Porém, a turma realizou uma palestra no Colégio Municipal Walter Francklin que teve ótima adesão dos alunos e tornou-se

marcante. “Chamamos de Kodu Game Show. Foi uma experiência fantástica, todos os alunos quiseram jogar. O próximo Kodu Game Show vai ser na UFRJ, com uma palestra para professores”, orgulha-se. Para o professor, os alunos conseguiram esgotar a ferramenta no ano passado, em outubro, quando eles deram aula para professores universitários do Sul, em parceria com a PUC/SP. “Já produzimos duas apostilas em português sobre o jogo e uma de matemática, que é utilizada em Portugal”, explica. Sobre o futuro, o professor conta que novidades estão próximas. “A pesquisa sempre traz surpresas. Este ano nós vamos trabalhar com robótica educativa. Vamos produzir vários protótipos, com uma robótica de baixo custo. Por exemplo, um carrinho que tem placas de modem como o chassi, e CD ou DVD que ninguém usa mais, como rodas. O importante é equilibrar o carro e fazê-lo andar, colocando o motor da melhor forma. A próxima pesquisa vai ser em cima disso para descobrir quais áreas são estimuladas nos alunos pelo trabalho com a robótica”, revela. Para quem gostaria de iniciar em programação, o professor recomenda a comunidade Kodu BR, que iniciou o projeto em Três Rios. “A programação orientada a objetos é um caminho excelente para quem quer ingressar na área. Temos todos os vídeos oficiais da Microsoft legendados, temos sete aulas, passo a passo de como mexer. Atendemos o Brasil todo e muita gente do exterior, como a China, pela página. A comunidade oficial do Kodu no Brasil tem um amplo conhecimento da Microsoft e nasceu em uma escola pública. Isto foi uma grande vitória”, conclui. Na página do Kodu Game Lab Brasil no Facebook (facebook.com/kodubr), é possível encontrar um roteiro de 16 aulas no álbum de fotos. O projeto ganhou o título global de Parceiros da Educação. O último artigo publicado é do congresso da área de informática educativa mais importante do mundo, em Viena. Foi uma grande vitória e o pessoal da Microsoft está de olho. E a região também! revistaon.com.br

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COOL MÚSICA

CANTAR, CANTAR E CANTAR... POR tatIla NaSCIMENtO

SUPERVISÃO FREDERICO NOGUEIRA

Eles são jovens e, apesar dos diferentes estilos, compartilham o mesmo sonho. a sensação prazerosa que sentem ao cantar ultrapassa qualquer atividade. Cantar é arte e vivê-la intensamente faz parte da vida deles que, com suas vozes, conseguem transmitir sentimentos, inspiram, emocionam e traduzem vontades que talvez nunca seriam ditas apenas com palavras soltas.

O

músico João Flávio Costa, 22 anos, afirma gostar de música desde muito novo. Relembra que gostava de montar baterias de sucata e que sua diversão era tocar aquelas latas e baldes. “Desde que me entendo por gente gosto de ‘fazer barulho’. Meu avô me contava que quando eu era bem novo só queria ficar brincando com o trinco da porta porque fazia barulho”, recorda. Ele conta que, aos nove anos, ganhou, de um vizinho, um teclado de brinquedo e conseguiu tocar a música “Parabéns para você”. “A partir disso, minha mãe resolveu comprar um teclado para mim. Comprei umas revistas e fui estudando por conta própria. Quando eu tinha 13 anos, comecei a tocar na igreja e lá aprendi bastante coisa”. O jovem, que é estudante de engenharia florestal, conta que nunca tinha pensado em ser um cantor profissional. “Comecei por acaso, em uma festa de família. Como não tinha ninguém para cantar, eu mesmo tive que fazer isso”. 98

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“Costumamos levar nosso próprio equipamento de som, o que torna a atividade um pouco mais cansativa”, João Flávio, 22 anos

Em 2009, João Flávio formou uma dupla com o músico Lucas Rocha. Ele conheceu o parceiro no colégio e, na época, montaram uma banda para participar de um festival. “Depois desse festival, tocamos em alguns carnavais, mas quando concluímos o ensino médio tivemos que desmontar a banda, pois cada um seguiu um rumo diferente. Eu e o Lucas resolvemos não parar e montamos a dupla. Como vivemos situações parecidas com os estudos, a formação da dupla foi uma boa forma de não abandonar a música”, comenta. João Flávio diz que as pessoas que mais o apoiam são os pais. “Na minha casa, todo mundo me ajuda muito. Minha ‘equipe’ de trabalho é principalmente meu pai e minha mãe, da mesma forma

que o pai do Lucas ajuda muito. Minha mãe foi uma grande incentivadora e financiadora dos meus primeiros equipamentos e meu pai é quem marca os shows, ajuda na montagem, me carrega para todos os cantos, enfim, é quem faz boa parte do trabalho dos bastidores”. O jovem tem o forró como estilo musical preferido. “É o ritmo que cresci escutando e o que mais gosto também. Ultimamente toco bastante sertanejo, desde os de raiz ao universitário”. Ele afirma que a rotina é bastante corrida. “Costumamos levar nosso próprio equipamento de som, o que torna a atividade um pouco mais cansativa. Temos que chegar cedo para montar tudo. Geralmente começamos a tocar às 23h e vamos até às 4h. Depois temos que


Quando questionado sobre o estilo musical, Adam afirma gostar de tocar o que gosta de ouvir. Rock, pop rock, MPB, entre outros. Segundo ele, toda música bem feita, que tem harmonia, melodia e uma letra bem elaborada, soa bem aos ouvidos. Acostumado a tocar em barzinhos, casas de show, festas particulares e exposições agropecuárias, afirma que a noite é uma escola para o músico. Adam conta que já teve muitos momentos marcantes durante a trajetória como músico e explica que é muito importante quando o cantor tem seu trabalho reconhecido. Demonstrando muita força de vontade, Adam relata que qualquer carreira tem suas barreiras e afirma que na música não é diferente, mas é preciso saber superá-las. Sempre procurando trabalhar e aprender cada vez mais, o jovem cantor segue com alguns projetos que, de acordo com ele, serão realizados em breve. “Acredito que vão gerar bons frutos, se Deus quiser”, enfatiza. Muito incentivado pela família, amigos e especialmente pela namorada, que sempre o acompanha nos shows, afirma que a música é como um sentimento. “A música representa alegria, paz e amor. Tudo é música, sem ela a vida ficaria sem graça. Música vem da alma. Sempre fui incentivado, mas sempre mantenho meus pés no chão, porque a vida de músico não é fácil”, desabafa.

arQuIVO pESSOal

desmontar tudo e, só então, retornamos para casa”. O músico afirma que a sensação de fazer um show e perceber que o público está gostando é a melhor possível. Como plano para o futuro, revela que pretende evoluir na música e diz ter bastante vontade de montar uma banda. João Flávio define a música como uma forma de se expressar melhor. Na vida de Adam Donato, 26 anos, tudo começou também na infância, aos sete anos, por influência da avó, “dona” Thereza, que o colocou para fazer aulas de teclado na igreja, despertando a paixão pela música. Depois de estudar durante cinco anos, teve a oportunidade de aprender a tocar violão. “Minha mãe apareceu com um violão e umas revistinhas com músicas, dizendo que iria aprender. Mas, na verdade, quem aprendeu fui eu. Comecei a ler aquelas revistas, pegar o violão diariamente e fui aprendendo do meu jeito, criando os meus métodos. Sou totalmente autodidata no violão e hoje estou me arriscando em alguns instrumentos”, conta. Há cinco anos, Adam recebeu um convite inesperado para tocar em um barzinho. A partir daquele dia não parou mais. “Confesso que, na hora, fiquei muito nervoso, quase não fui, porque só tocava em casa ou em rodas de amigos. Mas meus amigos que estavam comigo me incentivaram a ir e acabei aceitando”, lembra.

JOÃO FLÁVIO O jovem, que é estudante de engenharia florestal, não pensava em ser cantor revistaon.com.br

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PEDRO SANTOS Para o jovem, começar a cantar foi algo natural

ADAM DONATO A música começou na vida do jovem aos sete anos, por influência da avó

“a música é como se fosse um ar que enche mais os pulmões quando a gente respira, que revigora as energias, que faz explodir várias coisas dentro de nós”, Livia Kodato, 28 anos Para Livia Kodato, a maior dificuldade que os músicos enfrentam é a desvalorização da profissão. “Não entendo como a música, algo que está muito presente na vida das pessoas, é tão desvalorizada quando se trata dos músicos. É difícil achar um emprego mais estável, lugares para tocar que reconheçam o trabalho. Nem sempre é fácil para quem trabalha só com isso. É difícil conseguir espaço e valorização do trabalho”. Mesmo com os problemas, a paixão pela música fala mais alto e Livia afirma ter dificuldades para expressar em palavras o que a música representa. “A música é como se fosse um ar que enche mais os pulmões quando a gente respira, que revigora as energias, que faz explodir várias coisas dentro de nós. É como se fosse uma parte da vida onde a gente não precisasse ter medo de mergulhar, de se jogar. Onde podemos ser vários personagens e, ao mesmo tempo, sermos nós mesmos, onde podemos sentir sensações diferentes e expressar coisas ‘inexpres100 Revista On Junho & Julho

sáveis’ por outros meios”, tenta explicar. Na infância, Livia ouvia com o pai músicas que iam de Beatles a Milton Nascimento, de Led Zeppelin ao Quinteto Violado e chegavam até Beto Barbosa. “Acho que a lembrança vem de uns seis anos de idade, mas tenho gravações em fita K7 esboçando as primeiras notas com uns dois anos. Minha família, meus amigos e meus professores, sempre me apoiaram. Acho se não fosse pelo incentivo de todos eles, eu não teria acreditado em mim”. Ela conta que sempre gostou de cantar, mas nunca tinha pensado em trabalhar com isso, mas revela que sempre que pegava o violão, em casa ou com os amigos, todos elogiavam sua voz. Aos 28 anos, há seis deles nas aulas de canto, ela toca vários instrumentos. “Meu primeiro foi o teclado, aos 12 anos, mas estudei uns seis meses e parei. Depois aprendi um pouco de violão, em casa. Comecei a estudar bateria com 16 anos e voltei a tocar há um

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GUTÁ FOTÓGRAFO

COOL MÚSICA

LIVIA KODATO Professora de artes, tem planos de aumentar o tempo dedicado à carreira musical

ano. Depois, me arrisquei no baixo e aprendi um pouquinho de flauta doce”. Professora de artes, Livia conta que tem planos de aumentar a dedicação ao talento musical. Atualmente, participa de uma banda, como baterista, e faz eventos, como casamentos. Em época de shows, toma alguns cuidados. “Procuro comer mais maçã e beber mais água. Antes de cantar, faço exercícios de aquecimento vocal e também alongamento e aquecimento do corpo em geral. Aprendemos muito nos apresentando. Por mais que a gente aprenda a teoria e pratique as técnicas, é no palco que encaramos o público, os imprevistos, os improvisos. Mas é uma sensação ótima! Cada dia que me supero ou que realizo um trabalho satisfatoriamente, é um momento importante para mim”, finaliza. Diferente de Livia, que não gostava da própria voz, Pedro Santos, 20 anos, leva a música de forma natural. “Foi um processo. Lembro da minha mãe cantando em casamento e eu indo junto, depois eu lembro de acompanhá-la um pouquinho e, logo após, já lembro de cantar algumas músicas com ela e, depois, começar a cantar sozinho. Mas foi uma coisa bem natural. Acho que, no fundo, não escolhemos cantar, a música que nos escolhe”, diz Pedro. Com um estilo diferente do chamado


“popular”, o estudante de design gráfico gosta de cantar temas de musicais e é fã de cantores como Tim Maia, Barry Manilow, Johnny Mathis e Freddie Mercury. “A tendência atual não é esse tipo de música. Quem canta funk, pagode, sertanejo ou forró tem uma demanda de shows maior. A MPB tem um apelo popular, mas acho que não é midiaticamente apelativo. Não que as pessoas prefiram, mas é uma questão midiática, relacionada ao que é mostrado para as pessoas e está mais em evidência. Mas é claro que existe uma demanda para o estilo que eu canto. O grande público, a coisa mais midiática, é de uma música que tem um apelo mais para a dança, da pessoa cantar junto, não é tanto aquela coisa de você sentar e degustar a música, apesar de ainda existir isso. Acredito que meu estilo tem um espaço, mas talvez nem tanto na região”, analisa. Incentivado a criar um show, Pedro o apresentou em agosto de 2013, no Teatro Celso Peçanha, em Três Rios. “O

“Cantar é tão essencial quanto respirar”, Pedro Santos, 20 anos

show foi dentro do estilo que eu canto. Os músicos que me acompanharam são excepcionais e a repercussão foi muito boa. Eu gostei bastante, tivemos um público legal, as pessoas cantaram junto e se emocionaram”, lembra. Pedro, que também é compositor, destaca um momento marcante da carreira. “Há muito tempo, eu compus uma música que falava de amor, chamada ‘Essa canção é para você’. Ela fala sobre você compor, dedicar uma música para alguma pessoa. Na época, todo mundo queria saber para quem eu tinha composto a música. A ideia surgiu e eu comecei a cantarolar a música e a letra foi vindo na cabeça. Não teve alguém específico. No final de 2012, minha avó faleceu e, no show do teatro, eu dediquei para ela a música. Eu já tinha composto a música

há muito tempo, mais depois que eu a encaixei nessa situação, ela começou a ganhar muito sentido. Foi como se eu tivesse feito a música para minha avó, é uma coisa que não sei explicar direito. Eu me emocionei muito e foi difícil cantar. Foi um momento muito marcante porque eu acho que ela estaria ali se estivesse viva. Foi uma coisa muito forte”, emociona-se. Na música, um dos grandes sonhos de Pedro é trabalhar em musicais. “O meu ápice é conseguir entrar em um elenco de algum desses musicais renomeados e também tocar em grandes teatros. Cantar é tão essencial quanto respirar. Quero me dedicar mais e seja o que Deus quiser”, finaliza. João Flávio, Adam, Livia, Pedro e tantos outros merecem os aplausos por acreditarem na beleza de serem eternos aprendizes na arte de cantar, cantar e cantar...

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AMOR SEM FRONTEIRAS POR MaYara StOEpKE

FOTOS FIOBraNCO FIlMES

Viver uma história de amor com um final feliz é o sonho de todos os casais. Para Flávio e roberta essa história começou em três rios e a união foi celebrada com uma linda cerimônia na cidade mineira de tiradentes. uma demonstração de carinho que inspira outros corações apaixonados.

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unho é o mês dos namorados, do romantismo, das declarações apaixonadas à pessoa que está ao lado em todos os momentos. Um mês recheado de presentes, mimos, casamentos e comemorações. Se inspirar em histórias felizes é uma ótima opção para superar as dificuldades do dia a dia de um relacionamento. Flávio Junqueira e Roberta Vasconcellos formam um exemplo de que, com muito amor, é possível transformar situações difíceis em uma sólida união. Há quase 13 anos essa história teve início. Adolescentes, se conhecerem em uma festa no CAER (Clube Atlético Entre-Rios), clube tradicional de Três Rios. Desde então, não se desgrudaram. Com cinco anos de di104 Revista On Junho & Julho

ferença entre as idades, ambos afirmam que esse fato não atrapalhou o namoro. Filhos de famílias amigas, mesmo com a diferença de idade (Roberta tinha 14 anos e Flávio já estava com 19), o apoio sempre esteve presente por parte das famílias. “Muito pelo contrário, acho que eles nem perceberam essa diferença”, brinca Roberta. Aquele primeiro encontro foi no dia 19 de outubro de 2001. “Como estamos juntos há muito tempo, as conquistas, as descobertas e os momentos são sempre juntos”, explica Roberta, que diz, ainda, que o apoio entre os dois fortaleceu ainda mais o relacionamento. O comprometimento com os estudos fez com que o namoro fosse, durante muito tempo, à distância. “Antes, eu estava morando no Rio de Janeiro por

conta dos estudos e ela aqui, em Três Rios. Agora ela está no Rio trabalhando e eu estou aqui. Mesmo com essa dificuldade, estamos sempre juntos”, conta Flávio. Foram muitos os momentos de força em épocas de pré-vestibular, provas e faculdades. O objetivo sempre foi dar apoio ao outro em todos os momentos e não ficarem muito tempo sem se encontrarem. As formaturas chegaram e lá estavam os dois, juntos, comemorando as etapas concluídas. “É sempre assim, a dificuldade e a conquista sempre juntas”, afirma. Em 2012, o grande pedido aconteceu! “A ideia era casar no ano seguinte, mas com a correria dos estudos, tivemos que adiar”, conta Flávio. Roberta lembra que o pedido de casamento foi, para ela, uma


COOL FESTAS

Encantadora e histórica, tiradentes foi o cenário escolhido para o casamento

surpresa durante a comemoração de 11 anos de namoro. “Tínhamos combinado de jantar em um restaurante no Rio e ele foi para lá, fez o pedido e me entregou a aliança. Eu realmente não sabia de nada. A única pessoa que sabia era o meu irmão”, recorda. Logo depois começaram os preparativos para o grande dia. Em meio aos trabalhos, era necessário encontrar tempo para a organização da cerimônia. O casal explica que a internet e o telefone foram grandes aliados durante um ano de organização. “A noiva sempre escolhe grande parte de tudo, e como eu moro no Rio, casar em Tiradentes não foi muito fácil. Fomos algumas vezes à cidade, mas resolvemos de longe grande parte das questões”. A escolha do local da festa

FELICIDADE O pedido de casamento aconteceu em 2012, na comemoração de 11 anos de namoro

era uma dúvida, mas a decisão teve influência da avó de Roberta, Vera, que escolheu a linda cidade mineira de Tiradentes. Encantadora, aconchegante e histórica, a cidade serviu de cenário durante o relacionamento do casal, já que uma tia de

Roberta mora no município e as viagens eram constantes. “A nossa primeira viagem juntos e familiar foi para Tiradentes. E foi muito especial porque foi a oportunidade do Flávio conhecer e interagir mais com a minha família”, lembra. O casal se

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COOL FESTAS

“Ver o Flávio me esperando no altar foi o momento mais especial da minha vida”, resume Roberta

CENÁRIO Tiradentes foi o local escolhido para o casal celebrar a união em grande estilo, com lindas paisagens

FAMÍLIA A cerimônia reuniu amigos e familiares durante um final de semana na cidade mineira

encantou com a cidade, que tem várias igrejas históricas e grande relação com casamentos. O sonho de um casamento durante o dia e uma festa durante toda a noite combinava com a cidade. Para eles, estar em Tiradentes é como estar em casa. O casamento se transformou em uma oportunidade de toda a família se reunir e passar alguns dias juntos. Foi o que aconteceu. “Arrumamos uma forma que as pessoas chegariam na quinta ou sexta-feira e iriam embora só no domingo. Se tornou realmente um evento”, lembram. Muitos convidados 106 Revista On Junho & Julho

não conheciam a cidade e ficaram encantados, manifestando a vontade de voltarem. Com forte estilo mineiro, o casamento contou com comida típica e os doces ficaram sob responsabilidade do “Chico” que, com sua culinária, encantou todos. A decoração teve flores do campo coloridas e detalhes dourados. Por ser durante o dia, optaram por cores suaves. O buquê, conta Roberta, foi um ponto importante e escolhido com muito cuidado. Foram orquídeas brancas, flores prediletas da noiva. “O momento do ca-

samento foi o mais emocionante. A entrada na igreja com meu pai é indescritível. Ver o Flávio me esperando no altar foi o momento mais especial da minha vida. Os padrinhos, amigos e familiares emocionados e demonstrando todo carinho pelo casal nos fez ter certeza que a escolha de estar naquela cidade e naquela igreja tinha sido acertada. Foi mágico”, resume Roberta. Para recordar o momento único e especial, Beni Jr. foi o escolhido para registrar em fotos e a Fiobranco Filmes para eternizar a união em material audiovisual. O casal queria um vídeo diferente, que emocionasse e não fosse como os convencionais, nada clichê, voltado para o cinema. A produtora foi até a cidade e transformou o sonho do casal em um lindo vídeo cinematográfico. “Nós já conhecíamos o trabalho da Fiobranco e tínhamos certeza que daria certo. Recebemos o trailer e foi emoção total. A família já se emocionou e tenho certeza que o trabalho final será incrível”. A equipe acompanhou o casal em todo o processo e utilizou imagens da cidade na composição do vídeo, conseguindo emocionar e inovar como os noivos desejavam. “É uma arte mesmo. Eles pegam aquelas oito horas de festa e transformam em um filme que conta exatamente tudo o que aconteceu e não falta nada. A trilha sonora também ficou linda, foi perfeito”. O casal ainda mora separado, ela no Rio de Janeiro e ele em Três Rios, mas os planos são de, no final do ano, conseguirem ficar definitivamente juntos. “Depois de anos, os dois ficam em Três Rios”, brincam. Para os casais que passam por algumas dificuldades de distância, os recém-casados deixam uma mensagem, “Sempre existem conflitos com essa questão de distância, não é fácil. Mas quando você está com a pessoa que você gosta, é fácil superar. Tem que se dedicar para fazer dar certo. Ceder um pouco e as coisas vão passando. O apoio é fundamental”, finaliza Roberta.


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COOL COLUNA SOCIAL

OS DESTAQUES DA SOCIEDADE FOTOS pEDrO OCtaVIO

Nesta edição, homenagem especial para o mês dos namorados; um grande presente para a história de três rios; e o sucesso de uma escritora da região que se prepara para lançar mais um livro. Pedro Octavio C. Quintella 35 anos de colunismo social Como colunista social, já participou de “O Cartaz”, “Diário de três rios”, “Jornal arealense”, “Jornal de areal”, “tribuna post” e “Bafafaetc”. trabalhou na Rádio Globo e na TV Rio. atualmente assina uma coluna para o “Entre-rios Jornal” e para o portal revista On. Comanda um programa diário na 87,7 FM.

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Lançamento

A pedagoga, professora , pós-graduada em Informática Aplicada à Educação e escritora Leila Maria Rinaldi Vieira é uma arealense, casada com o empresário Antônio Laurides Vieira e há vários anos está radicada na Posse. Ela dirigiu por 11 anos o Jornal de Areal, junto com outras amigas, e vários exemplares deste jornal fazem parte do acervo da Biblioteca Municipal Gabriela Mistral, do Centro de Cultura Raul de Leoni, em Petrópolis. Leila, na década de 90, lançou seu primeiro livro, “A revolta das historinhas”, que deu origem ao seu terceiro livro, que muito em breve será lançado. Vale acrescentar que, em 2011, lançou o segundo livro, “Super-heróis brasileiros”, que conta uma interessante aventura do seu neto, Arthur Emanuel, misturando dados reais da vida do menino com imagens fantásticas de magia, com a energia das flores e que mostra algumas críticas sobre um lixão que o governo municipal tentou em sua cidade.

ONCOLOGIA O médico Nilson Soares com sua equipe, Erica Cristina, Berenice Soares e Carla

PROGRAMA Pablo Mathias com o diretor da 87 FM, Paulo Roberto, e o apresentador Alexandre Mauro

LIVRO A pedagoga e escritora Leila Rinaldi se prepara para um novo lançamento

PALESTRA Roberto Duarte, Juliano Biondi, Maria Alice, Daniel Pereira e Filemon Oliveira


Presentão

O médico e psiquiatra da Marinha, hoje reformado, e historiador, Marciano Bonifácio Pinto Filho, presenteou a cidade com um casarão onde será instalado pela Secretaria de Cultura e Turismo o Museu Municipal de Três Rios, que contará com um significativo acervo do seu doador e, também, de inúmeros outros acervos de moradores de Três Rios. Filho de tradicional família trirriense, após formar-se em medicina, fixou residência no Rio de Janeiro e depois morou durante vários anos nos Estados Unidos, onde estudou na Harvard University. Ele é autor de vários livros sobre a história regional, inclusive um de memórias, onde retrata interessantes passagens da vida entrerriense/trirriense. Na foto, ele aparece com Ezilma Teixeira, que é uma das integrantes do projeto. Lançamento de livro

Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança, sua alteza imperial e real, lançou o livro “Uma princesa entre a Corte e o mato-Theresa da Baviera”. Theresa (1850-1925) foi uma pesquisadora da natureza que dedicou-se à investigação das etnias indígenas brasileiras, desbravando as matas desconhecidas para alcançar os resultados. Palestra

Em maio, aconteceu uma palestra sobre o eSocial, em Três Rios, organizada pela Sicomércio. O sistema pretende unificar o envio de informações pelo empregador em relação aos seus empregados. Ministrada pelo administrador e professor Roberto Dias Duarte, a palestra esclareceu dúvidas dos participantes. Estavam presentes o diretor do Sicomércio Juliano Biondi de Freitas, a diretora Maria Alice Bastos Cunhas, o vice-presidente Daniel pereira e Filemon Oliveira, entre outros. Profissionalismo

A foto registra o oncologista Nilson Soares com sua equipe, formada

pela secretária Erica Cristina Silva, a enfermeira Berenice Soares e a técnica em enfermagem Carla Adamis. O médico Nilson Soares, que é de Juiz de Fora, é uma das maiores autoridades em oncologia de Minas Gerais. Novo programa

O advogado e apresentador Pablo Mathias está no comando do programa On The Rock, na 87 FM. Transmitido todos os sábados, entre 12h e 14h, já caiu no gosto dos ouvintes da rádio. Na foto, o novo apresentador aparece ao lado do diretor da rádio, Paulo Roberto, e do também apresentador Alexandre Mauro.

PERSONALIDADES Fernando Costa ao lado de Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança

Lago das Minerais

O novo cartão-postal de Paraíba do Sul foi inaugurado com festa no dia 24 de maio. Um dos principais pontos turísticos do município, o Parque Salutaris passou a ter um lago, novo ponto de diversão da população, que oferece passeios de pedalinho e caiaque gratuitamente. Também foi inaugurado o Horto Municipal, que vai distribuir mudas de diversas plantas. Representante

HISTÓRIA O médico Marciano Pinto com a professora e historiadora Ezilma Teixeira

Durante toda a Copa do Mundo, Três Rios volta a ser uma vez mais notabilizada com a destacada artesã Ieda de Campos, que foi indicada para representar o município, pelo SEBRAE-RJ, para participar com seus elogiáveis trabalhos da Expoart “Brasil Original”. Dicas

Em qualquer evento, seja num coquetel ou mesmo numa reunião informal, preocupe-se com seu linguajar, seu gestual e com o tom da sua voz. Evite gírias ou expressões chulas e controle suas mãos e braços. Nunca dê altas gargalhadas. Fale baixo e devagar. A tudo isso se dá o nome de elegância.

INAUGURAÇÃO O prefeito Marcinho, de Paraíba do Sul, no dia da inauguração do Lago das Minerais revistaon.com.br

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SEU EVENTO EM GRANDE ESTILO renata ragone Cerimonial atua com estilo para transformar suas festas e comemorações em grandes eventos para você e seus convidados.

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a hora de organizar um casamento, festa de 15 anos ou outros eventos marcantes e não errar nos detalhes para receber bem cada convidado, é fundamental ter, ao lado, um profissional que acompanhe a organização do evento, desde os preparativos até o grande dia. Quem participa destes momentos especiais é o cerimonialista, profissional responsável por desenvolver os grandes sonhos. A cerimonialista Renata Ragone formou uma equipe especialista em tornar sua festa única e inesquecível. Desde o primeiro encontro com o cliente ao término da festa, o contato com os profissionais é fundamental para que os sonhos sejam realizados com perfeição e cada detalhe receba a devida atenção. Com experiência em eventos, principalmente casamentos, Renata Ragone 110 Revista On Junho & Julho

a equipe do cerimonial acompanha de perto todas as necessidades do cliente transformou a paixão por organização de festas em uma empresa já reconhecida no ramo, que corresponde todas as expectativas do cliente, transmitindo confiança, respeito e satisfação. “Nosso primeiro encontro é sempre um bate-papo, com o intuito de conhecer a pessoa e entender suas ideias. É o momento de nos contar os sonhos”, resume Renata. Após o primeiro contato, a cerimonialista acompanha de perto todas as necessidades do cliente, contribuindo com todos os detalhes. No dia do evento, ela explica que toda a organização é verificada de perto, com acompanha-

mento total da festa. “Meu diferencial é esse acompanhamento que faço. Realizo, também, ensaios antes do evento, além de presentear o cliente com lembranças. O que eu puder fazer para deixar o cliente satisfeito, vou fazer”, declara Renata Ragone.

(24) 98801-0238 (24) 99325-4114 /renataragonediniz


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COOL VIAGEM

QUANDO A HISTÓRIA

COMPENSA QUALQUER

FALTA DE ESTRUTURA POR BERNARDO VERGARA

FOTOS arQuIVO pESSOal

MEUNIERD / SHUTTERSTOCK.COM

Que lugares históricos sempre me encantaram mais que lugares modernos eu já sabia, mas que iria me deparar com um país tão antigo, histórico e rico culturalmente e arquitetonicamente, eu não sabia. a Bulgária é sempre tão citada como o patinho feio da Europa que as pessoas acabam não tendo a curiosidade de conhecê-la. Eu passei por cima desse preconceito, confesso que devido ao apelo de encontro a uma grande amiga, ou melhor, irmã, que estava vivendo na capital Sófia e me surpreendi positivamente. alguma falta de estrutura acabou por passar quase que de maneira imperceptível perto da riqueza histórica e cultural de mais de 6.000 anos de existência daquela nação.

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Domingo d Plovdiv enteresol na cidade de amigos


C

aí por lá meio que de paraquedas. Minha ida à Bulgária foi pensada muito mais pelo encontro com a minha parceira Ludhi do que pela vontade de desbravar aquele desconhecido país. Recordo bem dos tempos em que vivi em Dublin, na Irlanda, dos muitos cidadãos búlgaros que habitavam a capital irlandesa, quase sempre vivendo de maneira muito precária. Diante daquelas lembranças e da forte fama de ser um país muito pobre, confesso que tinha até certo receio do que encontraria por lá. Estava em uma viagem de exploração pela Europa com minha mãe e com um grande amigo mochileiro, o Bruno Monnerat, quando, quase no fim da viagem, após o regresso da minha mãe ao Brasil, rumamos para a cidade de Sófia, a capital da Bulgária. Nossa chegada não poderia se mais confortante. A Ludhi estava no aeroporto, ansiosa nos esperando e, com uns dez minutos de conversa, já havia nos deixado familiarizados com o país. Após um rápido táxi chegamos em

casa e tivemos contato com o João Silva, o então namorado da Ludhi, que hoje se tornou seu marido. Tivemos a mesma receptividade, que acabou por nos deixar mais à vontade ainda. O fator que havia levado o casal a viver na Bulgária era o futebol. João Silva havia sido contratado para defender o principal time da capital, o Levski Sófia. Do aeroporto para a casa e da casa para as primeiras voltas pela cidade. Para mochileiros que se prezem, a casa é apenas o local para dormir e o contato com a sociedade local é o que nos interessa. Naquela primeira caminhada, pudemos ver de verdade o que era a Bulgária, agitada, decorada por monumentos históricos grandiosos, trabalhada em uma arquitetura com traços medievais e, ao mesmo tempo, de características soviéticas, recheada de parques naturais. E o principal, vivendo uma rotina bem mais estruturada do que imaginávamos. Quanto mais conhecíamos a cidade, mais ficávamos impressionados com a história local. Não me passava pela cabeça que aquela cidade era uma das mais anti-

“para mochileiros que se prezem, a casa é apenas o local para dormir e o contato com a sociedade local é o que nos interessa”

rtugal

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sil x B Conexão Bra

Monumento alusão às guerras visvíde das


COOL VIAGEM

“Foi fantástico constatar como diferentes legados sociais, culturais e religiosos foram deixados após a exploração de cada civilização” gas capitais da Europa, tendo vivido mais de 6.000 anos de história, batalhas e períodos. Por ali viveram, no final do século sete, tribos turcas da Ásia Central junto aos eslavos locais. Já no final do século 14, foram invadidos por turcos otomanos, iniciaram sua autonomia em meados de 1878, se tornando independentes apenas em 1908. Foram dominados pelo regime soviético de 1946 a meados de 1990 e somente após isso se tornaram uma nação democrática. Ufa, quanta história em só um lugar! Foi fantástico constatar como diferentes legados sociais, culturais e religiosos foram deixados após a exploração de cada civilização. Além das aulas de história ao ar

livre, a verdade é que eu, Bruno e o casal nos divertimos pela cidade. Logo na primeira noite eles nos apresentaram a duas amigas búlgaras e nos soltaram na belíssima e animadíssima noite local. Mais uma boa surpresa, as búlgaras, além de belas, eram animadas. Durante os dias, a temperatura era super convidativa e as tardes se apresentavam lindíssimas e longas, facilitando a exploração da região por caminhadas. Diga-se de passagem, as principais cidades búlgaras têm estrutura facilitada para tours via caminhada, o que sempre agrega muito valor à exploração. Tenho bem viva na memória a imagem da grandiosa catedral bizantina de Alexan-

der Nevski, os grandes parques naturais ao redor da cidade, a famosa Praça Slaveikov, a ida ao estádio do Levski para acompanhar o treino do João Silva e, principalmente, as belíssimas construções soviéticas, que nos remetiam à história recente de transição que o país passou. Ainda tivemos tempo de conhecer a cidade de Plovdiv, distante 150 km da capital e com um legado histórico ainda mais impressionante. Plovdiv foi descoberta antes de cidades como Atenas e Roma, passou por mudanças de nome durante seus domínios e até hoje mantém ruínas romanas em perfeito estado de conservação. A comprovação veio em uma caminhada pela parte velha da cidade, onde tivemos contato direto com o legado romano deixado, tendo representação máxima na figura do belíssimo anfiteatro romano. Para os leitores da Revista On que apreciam a história do velho mundo, a Bulgária é parada obrigatória no próximo tour europeu. Nos vemos em breve!


Bulgária Região Europa / Península balcânica Capital Sófia Área 110,994 km² População 7,8 milhões de habitantes Economia Indústria e agropecuária Clima temperado continental Idioma Búlgaro Moeda leva Búlgara Religiões predominantes Ortodoxa e Muçulmana

Quando ir Durante o verão (maio a setembro), temporada em que as temperaturas estão quentes e os dias com duração estendida. Nos meses de julho e agosto as temperaturas podem estar altas demais e os dias muito abafados. Como chegar Voando pela companhia alemã lufthansa (lufthansa.com) do Rio de Janeiro a Sófia, com uma escala na cidade de Frankfurt, na Alemanha, desde R$ 3.200. Onde ficar Em Sófia, sugiro o hotel quatro estrelas Best Western Plus Bristol, localizado no centro da cidade, bem próximo à famosa Rua Vitosha, com diárias na faixa de R$ 185. Para a cidade de Plovdiv, sugiro o também quatro estrelas Leipzig Hotel, situado próximo ao centro histórico da cidade, com diárias de R$ 125. Onde comer Sugiro o restaurante Vodenitzata, localizado no coração de Sófia, que explora a culinária tradicional búlgara e conta com apresentações de danças típicas. Entre os pratos, de entrada a salada Chopska e como prato principal a tradicional Musaka, feita de batatas recheadas e carne moída. Em Plovdiv, não deixe de conhecer a casa de doces Sweet House Kolakov, que entre suas muitíssimas opções de doces saborosos, serve a famosa Bureka, que pode ter diferentes recheios.

O que fazer Em Sófia, conhecer a belíssima Catedral Alexander Nevski, no centro da capital, passar uma tarde no Palácio Nacional da Cultura NDK, a fim de apreciar as diferentes formas de apelo artístico local e, por fim, se jogar na noite búlgara, que é extremamente animada e bem frequentada. Já em Plovdiv, não deixar de conhecer o Anfiteatro Romano de Plovdiv, que foi construído no século 2 e permanece incrivelmente bem conservado. Dar uma explorada na parte histórica da cidade chamada Old Town e suas ruas em paralelepípedos e, por fim, se maravilhar com mais uma herança arquitetônica romana, o Aqueduto Romano. Antes de viajar Turistas brasileiros não necessitam de visto de visitante para estadas de até 90 dias. A única exigência é pela posse de passaporte brasileiro, com vigência mínima de seis meses após o último dia de estada no país. Quem Leva A empresa betrip solução em viagens. Para maiores informações sobre roteiros, datas e valores, seguem os contatos: www.betrip.com.br e (24) 2220-2494 e (24) 98829-2645.

Com amigos e o anfiteatro romano ao fu ndo


COOL SABORES

Descobrindo novos sabores

T

odos precisamos nos ausentar da rotina diária por alguns dias. São as férias tão desejadas e necessárias. Quando esse momento chega, pensamos logo em viajar, não importa o destino ou a distância da sua viagem. Deixar o local que reside por um período de férias é se permitir conhecer outros lugares, outras pessoas, outros costumes, cheiros, cores, sabores. É se permitir a novas experiências e descobertas. Foi neste breve período que tivemos e escolhemos um lugar bem tropical para visitarmos. Escolhemos Natal, no Rio Grande do Norte, e por lá ficamos alguns dias, não deixando de visitar tudo na cidade e ao redor. Além de uma linda cidade com um povo muito hospitaleiro, tem praias deliciosas com mar calmo e água morna para relaxar.

JOKA E SÔNIA A receita apresenta o sabor do Rio Grande do Norte

Uma visita imperdível é ir, numa manhã de sábado, até a Feira do Alecrim, no Bairro do Alecrim. Acredito que é a maior feira livre que já conhecemos. Pode-se encontrar de tudo para preparar uma excelente refeição. Provamos várias e deliciosas frutas, ficamos curiosos

e admirados com a quantidade de condimentos expostos à venda. Que incentivo para sua imaginação culinária! E foi caminhando e conhecendo que descobrimos o Restaurante e Tapiocaria da Vó, de propriedade do Joka, em Ponta Negra. Lá, verificando um cardápio de dar água na boca, provamos delícias da culinária potiguar na íntegra. Tapiocas, caldos, petiscos e refeições preparados com o grande carinho da Sônia, sabores que nos fazem deliciar! E com esse sabor do Rio Grande do Norte, apresentamos a nossa sugestão para a ocasião: Camarão na folha da bananeira. Receita do Joka executada pela Sônia da Tapiocaria da Vó em Ponta Negra. Esperamos que façam e degustem esse prato sentindo um sabor potiguar. Bom apetite!

Camarão na folha da bananeira INGREDIENTES

500 gramas de camarão com casca 1 cebola grande em cubos 2 tomates em cubos 1 pimentão verde em tiras 1 colher de chá rasa de sal

1 colher de sopa de colorau 1 colher de sopa de orégano 1 colher de chá de cominho temperado (com pimenta do reino branca) Suco de uma laranja pera

MODO DE PREPARO

Em uma panela, coloque a cebola grande cortada em cubos, dois tomates inteiros cortados em cubos, um pimentão verde cortado em tiras, uma colher de chá rasa de sal, uma colher de sopa de colorau, uma colher de sopa de orégano, uma colher de chá de cominho temperado, o suco da laranja pera, coentro ou cheiro verde a gosto e uma colher de sopa cheia de manteiga. 116 Revista On Junho & Julho

Leve a panela ao fogo médio até refogar. Coloque o camarão e refogue por mais uns três minutos. Prepare o tabuleiro de alumínio forrado com a folha de bananeira e coloque o refogado de camarão. Tampe com a folha de bananeira e leve ao fogo alto por mais três minutos. Retire, coloque em uma travessa e sirva imediatamente. Pode acompanhar com arroz branco ou purê de macaxeira (aipim).

Coentro a gosto ou cheiro verde (salsa e cebolinha) 1 folha de bananeira cortada em partes, lavada, higienizada, para forrar o tabuleiro de alumínio


JClICK

Bernadete Mattos Consultora graduada em gastronomia bemattos1@gmail.com Luiz Cesar Apresentador do programa Papo Gourmet, no Canal 5 luizcesarcl@uol.com.br

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