Conexão Fiotec - Fiocruz - edição 11

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Rio de Janeiro

Agosto - Setembro - Outubro

Universalização do saneamento básico: uma meta ainda distante Dez anos depois da Lei do Saneamento Básico, 100 milhões de pessoas não têm acesso ao sistema de esgoto e 35 mil estão sem acesso à agua potável

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2017 • Ano 3 • Edição 11

O Diálogo com Claudia N. Duarte dos Santos fala sobre a nova tecnologia de combate às arboviroses e sobre o trabalho da Fiocruz Paraná nessa luta Página 6

Para celebrar o Dia do Idoso (1º de outubro), Dália Romero aborda iniciativas da Fiocruz voltadas à população de terceira idade Página 24


Expediente Conselho Curador Jorge Carlos Santos da Costa Valber da Silva Frutuoso Marcos Jose de Araujo Pinheiro Mario Santos Moreira Maria Rita Lustosa Byington André Luiz Land Curi Italo César Kircove Conselho Fiscal Charles da Silva Bezerra Elias Silva de Jesus Luciane Binsfeld Diretoria Executiva Hayne Felipe da Silva Diretor executivo Mansur Ferreira Campos Diretor financeiro Marcelo do Amaral Wendeling Diretor administrativo Mariana Borges Medeiros Diretora técnica Gerência Geral Adilson Gomes dos Santos

Conexão Fiotec-Fiocruz Informativo institucional da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec). Todo o conteúdo pode ser reproduzido, desde que citada a fonte. Jornalista responsável Simone Marques - MTB 20747 RJ Edição Gustavo Xavier Janaina Campos Reportagem e fotos Gustavo Xavier Janaina Campos Suelen Gomes Projeto gráfico e diagramação Fernanda Alves Dúvidas ou sugestões? Entre em contato conosco comunicacao@fiotec.fiocruz.br (21) 2209-2600 ramal: 2746 / 2670 Av. Brasil, 4036 - Manguinhos www.fiotec.fiocruz.br

EDI TO RIAL


Nova diretoria da Fiotec: foco na qualidade e na parceria com a Fiocruz

O

convite da presidente Nísia Trindade para assumir a Direção Executiva da Fiotec, além de muito nos honrar, nos trouxe um grande desafio: continuar exercendo nossa missão com cada vez mais eficiência e qualidade. Desde do início dos anos 90, quando as fundações de apoio foram instituídas, elas têm exercido um papel importante na ajuda ao desenvolvimento, tanto gerencial, como também técnico e cientifico das instituições apoiadas. Portanto, não nos resta dúvida da importância da Fiotec para a Fiocruz. Por isso, a expectativa da nossa dire-

toria é responder positivamente aos desafios que estão sendo colocados em função do gerenciamento e da execução dos projetos que nos são confiados. Para que isso seja realizado, nossa gestão trabalhará em três eixos fundamentais. O primeiro é o modelo da forma de fazer as decisões, que é a gestão democrática e participativa. Isso estará fortemente associado a duas outras linhas, a primeira delas a gestão do trabalho ou das pessoas. Isso quer dizer que, para nós, as pessoas são o recurso mais importante da organização. Depois à gestão da qualidade, porque ela vai nos permitir ganhar em eficiência, principalmente nesse momento de crise econômico-financeira nos abatendo. Precisamos ganhar eficiência, continuar fazendo melhor o que a gente já faz. E o melhor caminho para fazermos isso é fazer com mais qualidade.

Como nossa missão primeira é ser um prestador de serviços à Fiocruz, temos que estar alinhados às estratégias da presidência da Fiocruz, trabalhando em parceria. Vamos buscar discutir e ouvir as unidades para alinharmos nossas decisões, esse é um princípio da qualidade. Além destas ações, nos prepararmos para participar no contexto a ser estabelecido com a regulamentação do novo Marco Legal para ciência, tecnologia e inovação que nos exigirá competência e ousadia no apoio à política de inovação da Fiocruz. Por isso, temos que ouvir a Fiocruz, trazer da Fiocruz os desejos, as críticas, as sugestões e aperfeiçoar o nosso processo de trabalho. Contem com a gente!

Hayne Felipe

Diretor executivo

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Sumário /06 Diálogo com Claudia N. Duarte dos Santos: Fiocruz Paraná adquire nova tecnologia para o combate às arboviroses.

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Giro de notícias Meses marcados pela presença da Fiotec em eventos locais, nacionais e internacionais.


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Envelhecer no Brasil Segundo pesquisadora do Icict/Fiocruz, atual modelo social exclui população idosa.

/28 Novo grupo de trabalho

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Direito universal? Dez anos após criação de lei, metade da população do Brasil permanece sem saneamento básico.

Seis profissionais de diferentes áreas receberam a missão de revisar os projetos vigentes na Fiotec.


Claudia N. Duarte dos Santos

Fiocruz apresenta nova arma na luta contra as arboviroses Com nova tecnologia para diagnóstico diferencial, Fiocruz Paraná dá força a trabalho feito por outras unidades da Fundação no combate a dengue, zika e chikungunya Por Gustavo Xavier

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Foto: Itamar Crispim, ICC/Fiocruz


Claudia N. Duarte dos Santos

O Conexão Fiotec-Fiocruz trouxe, em sua nona edição, reportagens que mostraram os esforços da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no combate e prevenção às arboviroses no Brasil. Luciano Moreira, pesquisador do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas Gerais), explicou a metodologia de um projeto que espalha Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, com o objetivo de controlar a reprodução da espécie e diminuir sua capacidade de transmitir o vírus da dengue.

Em outras páginas daquela edição, Celina Turchi, indicada pela revista Nature para ocupar a lista dos dez cientistas mais importantes de 2016, esmiuçou o trabalho feito pelo grupo de pesquisa, liderado por ela, que comprovou definitivamente a relação entre o vírus zika e as alterações que hoje são chamadas de síndrome da zika congênita. Agora, o Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) apresenta 8

uma nova ferramenta que amplia a capacidade de diagnóstico diferencial das arboviroses. O novo equipamento, com capacidade para analisar uma média de 1.580 amostras a cada hora, reduz de 50% para 9% os casos de reatividade cruzada entre amostras de dengue e zika. Ou seja, a nova tecnologia permite que os cientistas digam, com precisão quase absoluta, se o indivíduo foi infectado pelo vírus da dengue ou da zika. Claudia N. Duarte dos Santos, chefe do Laboratório de Virologia Molecular do ICC/Fiocruz, explica o funcionamento da nova técnica e os benefícios imediatos trazidos por ela:

Quais são as doenças causadas por flavivirus no Brasil e por que é tão difícil obter diagnósticos precisos? Temos vários flavivirus que circulam pelo Brasil, mas, hoje, os principais são a dengue, febre amarela e mais recentemente o zika. Existem outros flavivirus,

mas que circulam com menos intensidade, então possuem um impacto menor na saúde pública. É tão difícil obter um diagnóstico porque os sintomas clínicos iniciais dessas viroses [dengue, febre amarela e zika] são muito parecidos. Por eles serem próximos filogeneticamente, pertencerem à mesma família, compartilham muitas proteínas, o que acaba ocasionando, no caso de um diagnóstico sorológico, um cruzamento de informações. Ou seja, nós ficamos com uma resposta ambígua, sem conseguir definir em um grande número de casos qual vírus está infectando, ou infectou, o indivíduo.

Quais são as principais diferenças entre a nova metodologia de diagnóstico e a que era utilizada até então? A escolha do formato do diagnóstico vai depender do momento, do curso da doença em que o diagnóstico será realizado. Então, por exemplo, no caso de zika, logo após o início dos sintomas a técnica diagnóstica


de escolha é aquela que vai detectar, seja o vírus circulando no organismo do indivíduo, seja o genoma viral circulando no organismo do indivíduo. Isso vai ocorrer até uns cinco dias após o início dos sintomas. Depois dessa fase, o diagnóstico de escolha, o formato, será o diagnóstico sorológico, que vai detectar os anticorpos que o indivíduo gerou contra aquele agente infeccioso. Esse diagnóstico, que agora utilizamos aqui [Laboratório de Virologia Molecular], lança mão de uma técnica clássica, muito conhecida e utilizada há muitos anos, a técnica de neutralização, que concede resultados muito precisos. No entanto, essa técnica é muito laboriosa, necessita de uma pessoa treinada, um ambiente especial para ser realizada, o que justifica o período de dez dias para ser concluída. Por isso, associamos essa técnica clássica a uma plataforma ultramoderna, de alta performance, capaz não só de reduzir o tempo de

diagnóstico, mas também de analisar um grande número de amostras de maneira precisa, pelo fato de toda a plataforma ser automatizada. Portanto, esse é o primeiro benefício. O segundo é sua capacidade de diferenciar as infecções por zika, dengue ou febre amarela de forma muito mais precisa que os kits diagnósticos disponíveis hoje no mercado.

Hoje a metodologia faz diagnósticos de zika e dengue. Existe uma previsão de quando essa tecnologia possa ser usada para detectar outras doenças? Outro diferencial da plataforma que estamos utilizando agora é sua flexibilidade para inclusão de outros vírus ou patógenos. Hoje, já podemos analisar outros vírus, como o chikungunya ou o vírus da encefalite de Saint Louis, desde que haja demanda para isso. Essa nova tecnologia nos permite customizar os diagnósticos de infecções por vírus.

Os projetos coordenados por você, com apoio da Fiotec, para desenvolvimento de kits diagnósticos contra arboviroses circulantes no Brasil, têm relação com essa nova metodologia de diagnóstico? Sim. Nós temos dois projetos que incluem esse equipamento, um deles financiado pelo BNDES [Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social], cujo equipamento já está em funcionamento no nosso laboratório; e um outro projeto, apoiado e coordenado pela Fiotec, que é a doação de um segundo equipamento [Opereta], feita por uma instituição filantrópica internacional. Esse equipamento começou a ser utilizado anteriormente para fazer a triagem de compostos antivirais, um grande número deles, que inibissem a replicação dos vírus da dengue, zika, chikungunya e, enfim, da febre amarela. Então, esse equipamento começou a ser utilizado em nosso laboratório com es9


Claudia N. Duarte dos Santos

sa finalidade. Até que um grupo chefiado pela Dra. Andrea Koishi percebeu a real capacidade do equipamento, tendo a ideia de associar a técnica de diagnóstico clássica, utilizada até então, à nova tecnologia. Nós contamos com um equipamento extremamente potente, para realização de pesquisas básicas, aplicadas, e com resultados muito rápidos.

Como você enxerga a contribuição do ICC aos esforços feitos pela Fiocruz no combate a zika, dengue e febre amarela? Com a capacidade do novo equipamento em processar, simultaneamente, um grande número de amostras, a ideia é realizar diagnósticos não apenas aqui da região sul, mas quando necessário, de outras unidades da Fiocruz que recebam um grande número de amostras e não tenham capacidade de atender a tal volume de trabalho. A ideia é formarmos uma rede e conseguir, com a ajuda 10

desse equipamento, apoiar a Fiocruz na missão de fornecer diagnóstico a um maior número de indivíduos, no menor tempo possível. Isso possibilitaria a tomada de decisão por medidas efetivas no enfrentamento de eventuais epidemias.

Com o auxílio desta nova tecnologia de diagnóstico, você acredita que estamos mais próximos de entender e nos prevenir melhor da infecção pelo vírus da zika? Nossa ideia não é realizar uma pesquisa para prevenção. Estamos realizando, na verdade, um projeto diagnóstico. Mas eu acredito que sim, que a partir do momento em que entendemos a proporção de indivíduos que se infectam com o vírus zika, mas não apresentam sintomas clínicos, e os identificamos, conseguimos contribuir com o prognóstico no planejamento familiar dessas pessoas. No sentido de dizer ‘olha, você possui anticorpos contra

a zika, então você já deve ter sido infectado’, o que poderia, claro, contribuir com um melhor entendimento sobre a dispersão viral e outros aspectos epidemiológicos. Mas eu não gostaria de me comprometer dizendo que conseguimos prevenir melhor a infecção. A prevenção virá a partir da produção de uma vacina ou de um tratamento antiviral. Melhorando o diagnóstico nós contribuímos para saber melhor qual é a extensão da infecção, o número de pacientes assintomáticos e, desta forma, obter um panorama mais amplo da doença. Além disso, por se tratar de uma plataforma capaz de diferenciar infecções por ZIKV e DENV, permite um melhor manejo (tratamentos/ intervenções) de pacientes.


Policlínica é inaugurada no Uruguai por meio de Programa Trilateral Brasil-Alemanha-Uruguai

No dia 3 de agosto, foi inaugurada na cidade Plácido Rosas, no Uruguai, uma nova policlínica construída por meio do Programa Trilateral Uruguai-Brasil-Alemanha para apoio ao combate da epidemia do HIV/AIDS. Essa foi a oitava policlínica instaurada este ano. A Fiotec, em parceria com o Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz (Cris), apoia a Cooperação Financeira Trilateral entre o banco alemão Kreditanstalt für Wiederaufbau (KfW), o Uruguai e o Brasil. A gerente de Projetos Especiais da Fiotec, Mabel Melo, esteve presente na inauguração junto a representantes do Ministério da Saúde do Brasil e da diretoria da Administração de Serviços de Saúde do Estado (Asse) do Uruguai, entre outros. 11


Fiotec participa de encontro com financiador para estudo sobre desigualdades em saúde e impacto de políticas sociais

As analistas Ana Carolina Gomes e Fernanda Sousa estiveram em Salvador, nos dias 21 e 22 de agosto, para uma reunião entre o Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz) e o National Institute of Health Research (NIHR). O objetivo do encontro foi falar sobre o “Global Health Research Group on Social Policy and Health Inequalities”, projeto que está em fase de iniciação - financiado pelo próprio NIHR, e que é fruto de uma colaboração entre o Cidacs e a Medical Research Council/Chief Scientist Office Social and Public Health Sciences Unit (MRC/CSO SPHSU), da Universidade de Glasgow (Escócia). Coordenada por Maurício Barreto, pesquisador da Fiocruz Bahia e coordenador do Cidacs, a iniciativa propõe estudos sobre as desigualdades em saúde e medições do progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) em relação às doenças não transmissíveis (DNT) no Brasil.

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Relatório de avaliação do projeto “Caminhos do Cuidado” foi apresentado em Brasília

A formação de mais de 235 mil agentes comunitários, auxiliares e técnicos de enfermagem em saúde mental, entre os anos de 2013 e 2015, foi avaliada em uma das etapas finais do projeto “Caminhos do Cuidado”, apoiado pela Fiotec há mais de quatro anos. Os resultados preliminares do “AvaliaCaminhos” foram apresentados entre os dias 29 e 31 de agosto, na Fiocruz Brasília, em um encontro que reuniu orientadores, articuladores, educadores e profissionais da área que fizeram parte do processo de construção conjunta da metodologia de avaliação de aprendizagem do projeto. Quem também fez parte do evento foi o gerente geral da Fiotec, Adilson Gomes dos Santos, que compôs a mesa de abertura do encontro ao lado do representante do Departamento de Atenção Básica (DAB/MS), Marcelo Pedra; do representante da Área Técnica de Saúde Mental (SM/MS), Claudio Barreiros; da pesquisadora e coordenadora do projeto “Caminhos do Cuidado”, Maria Cristina Guimarães (Icict/Fiocruz); e da professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e representante do “AvaliaCaminhos”, Lisiane Bôer Possa.

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Profissionais visitam Peru e México para apresentar normas da Fiotec

Entre os dias 21 e 30 de agosto, as profissionais de Projetos Especiais, Clarisse Castro e Leila Spelta, visitaram a Universidade Cayetano Heredia, no Peru, e Clínica Especializada Condesa, no México, para apresentação da instituição e das normas que serão exigidas no monitoramento que será realizado ao longo do projeto para implementação da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (ImPreP) na América Latina. A iniciativa visa oferecer medicamentos antirretrovirais a cerca de 7.500 pessoas não infectadas pelo vírus HIV, com o objetivo de reduzir o risco de aquisição da doença por via sexual principalmente entre homens que fazem sexo com outros homens, mulheres transexuais e travestis.

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Fiotec recebeu semana de abertura de curso que discute acessibilidade e cidadania

Aconteceu em 20 de outubro o encerramento da semana presencial do curso de especialização “Acesso à Saúde: informação, comunicação e equidade”, promovido pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) em parceria com o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (ISC/UFF). Durante quatro dias, cerca de 40 alunos participaram de aulas, palestras, apresentações e dinâmicas realizadas no prédio da sede da Fiotec, apoiadora da capacitação. Todas as atividades tiveram um mesmo objetivo: qualificar profissionais inseridos na Rede de Atenção à Pessoa com Deficiência, do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de uma perspectiva que potencialize o acesso e a inclusão de pessoas com deficiência (PcD) e seus familiares no sistema de saúde pública. 15


Suplemento Temático dos Cadernos de Saúde Pública (CSP) é lançado em evento na Fiotec

Integrantes do Centro de Estudos sobre Tabaco e Saúde (Cetab) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz) e convidados reuniram-se na manhã do dia 6 de outubro, na sede da Fiotec, para participar das discussões promovidas pelo evento de lançamento do Suplemento Temático dos Cadernos de Saúde Pública (CSP) “A Política de Controle do tabaco no Brasil: Avanços e Desafios”. A apresentação que abriu o evento foi realizada por Valeska Figueiredo, do Cetab, que discutiu pela primeira vez em público os resultados do estudo “Uso de tabaco em programas da televisão brasileira e desdobramento na rede social de língua portuguesa do Brasil”, realizado com recursos do Programa Inova-Ensp e apoiado pela Fiotec.

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A nova versão do Manual de Procedimentos de Projetos da Fiotec já está disponível

Confira! 17

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após a criação da Lei do Saneamento, metade da população permanece sem sistema de esgoto O saneamento básico é a atividade relacionada ao abastecimento de água potável, ao manejo de água pluvial, à coleta e tratamento de esgoto, à limpeza urbana, ao manejo de resíduos sólidos e ao controle de pragas e/ou agentes patogênicos. Trata-se de um direito assegurado pela Constituição Federal e definido em 2007 pela Lei nº 11.445/2007 – Lei do Saneamento Básico. A lei ampliou o conceito de saneamento básico e estabeleceu seus princípios fundamentais, instituiu a regulação dos serviços e resgatou o planejamento para a elaboração e implementação do Plano Nacional de Saneamento Básico e dos Planos Municipais e Regionais de Saneamento Básico. Por Janaina Campos


Este ano, a promulgação da lei completou 10 anos. O marco trouxe à tona um dado alarmante: cerca de metade da população do País continua sem acesso a sistemas de esgotamento sanitário. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), divulgado no início do ano, mais de 100 milhões de pessoas precisam utilizar medidas alternativas para lidar com os dejetos. Apesar de estar melhor distribuído, o abastecimento de água também é um problema que persiste. Hoje, são mais de 35 mil sem acesso à agua potável. A cada 100 litros de água coletados e tratados, apenas 63 são consumidos.

Seminário “Saúde, saneamento e ambiente em debate”

Em abril deste ano, o Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (DSSA/ENSP) promoveu o seminário “Saúde, saneamento e ambiente em debate: cenários e perspectivas”. De acordo com Clementina Feltmann, coordenadora do projeto responsável pelo seminário, sua realização foi pensada justamente em função dos dados do SNIS. “Embora alguns avanços sejam perceptíveis, principalmente em relação à universalização

do abastecimento de água, ainda há no País uma defasagem acentuada no saneamento, relativa, sobretudo, à coleta e tratamento de esgotos, à drenagem urbana e à gestão dos resíduos sólidos municipais”, explicou. Em razão disso, o seminário reuniu especialistas no assunto com o objetivo de construir um olhar crítico sobre o presente e o futuro do saneamento e da saúde ambiental no Brasil, em cima de quatro temas: Políticas e Programas de Saneamento e Saúde Ambiental; Planejamento Urbano e Saúde; Avaliação de Impactos de Tecnologias em Saneamento e Saúde Ambiental; e Vigilância em Saúde Ambiental e Saneamento.


Saneamento e saúde

ção de 75% dessas internações.

Dados do Ministério da Saúde (DataSUS), de 2013, mostraram que mais de 340 mil internações por problemas gastrointestinais foram registradas no País. Se 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto, haveria uma redu-

Durante o seminário, um dos pontos mais abordados foi a questão da saúde. Afinal, falar de saneamento é falar de saúde. O professor Tiago de Brito Magalhães, da Coordenação Geral de Vigilância em Saúde Ambiental– DSAST/SVS/Ministério da Saúde, afirmou na ocasião que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um dólar de investimento em saneamento básico pode reduzir 4,3 dólares em custos de saúde pública. Por isso, as políticas econômicas, sociais e ambientais precisam ser integradas e visar a eliminação de riscos à saúde e ao ambiente, garantindo inclusão social e efetiva da população.

Segundo Clementina, “a defasagem de saneamento vem acarretando, sistemicamente, um persistente quadro de iniquidades, problemas de saúde e insalubridade ambiental, demonstrados por indicadores de morbimortalidade para doenças determinadas pela ausência e pela inadequação, ineficiência, ineficácia e baixa efetividade das soluções de saneamento propostas e existentes”.

Recursos financeiros como barreira

Uma das causas da existência de um sistema precário de saneamento, sem dúvidas, foi o aumento descontrolado da população urbana, que impossibilitou uma organização para o aumento da capacidade de saneamento. Além disso, o tamanho das cidades, seja em escala ou população, faz com que o custo do saneamento seja alto, frente aos recursos financeiros disponíveis. Os maiores investimentos em saneamento nos últimos três anos, de acordo com o Instituto Trata Brasil, foram feitos em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Bahia,


totalizando 63,3%. Já os estados do Amazonas, Acre, Amapá, Alagoas e Rondônia são os que menos investiram em três anos, totalizando 1,7%. O plano nacional lançado em 2014 pelo Governo Federal estabeleceu metas de curto, médio e longo prazos com base em indicadores de água, esgoto, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo de águas pluviais e gestão dos serviços de saneamento. De acordo com o plano, para universalizar os serviços, seriam necessários R$508 bilhões até 2033. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), publicado em fevereiro de 2017, aponta que o Brasil só conseguiria essa universalização em 2043.

O problema é de cada um de nós

Os problemas que envolvem saneamento básico e meio ambiente são sim responsabilidade de governos e instituições. Mas os indivíduos também precisam entender seu papel no processo. O pesquisador da Fiocruz Minas 22

Gerais, Ulisses Confalonieri, que coordena o projeto “Construção de indicadores de vulnerabilidade da população como insumo para a elaboração das ações de adaptação à mudança do clima no Brasil”, acredita que a responsabilidade é de todos e deve ser compartilhada.

A mudança que precisamos é uma mudança de comportamento, de reconhecer o planeta como nossa casa comum — Clementina Feltmann

“Acredito que existe uma preocupação e um discurso sobre a temática em empresas e corporações. No entanto, o que se vê são poucas ações efetivas, de fato, em relação à preservação dos recursos. Com relação à população, são muito perceptíveis a falta de consciência e de organização das comunidades.

Um exemplo desta situação é a realização da coletiva seletiva de lixo, em que é necessária uma infraestrutura própria, que raramente existe”, afirmou. Hoje em dia, as pessoas até possuem mais conhecimento sobre a degradação ambiental e seus danos, mas apenas conhecer não é suficiente; é preciso se conscientizar e fazer diferente. “Sabemos que a degradação ambiental traz prejuízos para nossa saúde e qualidade de vida, mas parece que não nos damos conta disto; continuamos a desperdiçar água, a consumir e consumir. A mudança que precisamos é uma mudança de comportamento, de reconhecer o planeta como nossa casa comum, como um bem valioso. Só depende de nós, humanos, fazermos a nossa parte”, concluiu Clementina. O seminário foi gravado e todo conteúdo pode ser acessado. Confira.


Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) fazem parte da Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. O acordo fechado em 2015, entre países membros da Organização das Nações Unidas (ONU), estabelece um plano de ação para as pessoas, para o planeta e para a prosperidade. O sexto ODS trata da água potável e saneamento. Conforme o acordo, os países se comprometem a cumprir seis metas: água potável; saneamento e higiene; qualidade da água; uso eficiente da água; gestão integrada de recursos hídricos e ecossistemas aquáticos e, também, duas metas adicionais: a cooperação internacional e fortalecimento de capacidades e a participação de comunidades locais para o cumprimento destas metas. Ou seja, o Brasil tem menos de 13 anos pela frente para buscar resoluções para a questão do saneamento.

Fiocruz em prol da causa

Além do seminário, a Fiocruz desenvolve outros projetos relacionados ao tema, com o apoio da Fiotec. Alguns deles são: TrackFin/OPAS: aplicar a ferramenta TrackFin de rastreamento dos fluxos financeiros no setor de saneamento em um município do estado do Rio de Janeiro. Aprimoramento da capacidade laboratorial do Sistema Único de Saúde para realização de análises em água para consumo, em cumprimento à portaria de potabilidade da água: realizar o monitoramento de água no parâmetro agrotóxicos, para atendimento à portaria do MS n° 2914 de 12/12/2011, com finalidade de realizar a vigilância da qualidade da água para consumo humano, no âmbito do programa Vigiágua, do Ministério da Saúde. Direitos humanos à água e saneamento: fortalecimento da relatoria especial das Nações Unidas para o direito humano à água segura e ao esgotamento sanitário, com foco específico nos relatórios temáticos para o conselho de direitos humanos e para a assembleia geral, provendo apoio ao engajamento com atores relevantes no setor de água e esgotos.


Modelo social exclui idosos, mas Brasil segue com iniciativas positivas para este público Por Suelen Gomes

Conversamos com Dalia Romero, pesquisadora do Icict e coordenadora do Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento (GISE), sobre como a população brasileira tem envelhecido e por que parece “tão grave” ser idoso nos dias de hoje


No dia 1° de outubro é celebrado o Dia do Idoso e de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje, o Brasil tem 26 milhões de pessoas acima de 60 anos e, em 2027, a estimativa é que essa população chegue a 37 milhões de pessoas. Mas o que isso significa para o Brasil? Segundo a pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict), Dalia Romero, antes de falar sobre os impactos do envelhecimento na sociedade é preciso descobrir as causas dele. Na mídia, observamos o envelhecimento, ou o aumento do número de idosos no País, ser noticiado como algo problemático e como se sua causa fosse apenas a quantidade de anos de vida que as pessoas ganharam. Na verdade, ainda segundo Dalia, o principal motivo para o envelhecimento da população é a diminuição da fecundidade. A pesquisadora explica que, a partir do final dos anos 60, hou-

ve uma redução muito grande da fecundidade, pois naquela época – e até hoje – associava-se a modernização do País e o êxito da família e da mulher à redução do número de filhos. O desejo de redução da fecundidade também estava associado a uma questão ideológica, mais profunda e complexa: o interesse internacional, o medo do aumento populacional da América Latina e o temor pelo aumento da pobreza. Somando-se tudo isso, a notícia de redução da fecundidade populacional era algo positivo.

Dalia também conta que há um exagero por parte da mídia quanto à proporção de idosos no País, já que a estrutura populacional brasileira hoje em dia é essencialmente de adultos. O número de idosos no Brasil ainda é relativamente pequeno, 12%, 13%, se comparado aos países desenvolvidos que possuem um percentual de 30% em alguns casos. Para ela, a tendência é de que as pessoas vivam mais e que continuem tendo poucos filhos e o impacto disso depende do pacto social que a população faz.

“Estavam olhando apenas para a questão demográfica, em vez de olhar para as principais causas desses problemas: questões sociais, estruturais e econômicas, e o modelo de sociedade. E claro que essa ‘notícia boa’ teria como resultado futuro um aumento ainda maior da proporção de idosos. Não há como ter uma estrutura populacional favorável a um mercado capitalista, ou seja, só com pessoas em idade ativa”.

De acordo com a coordenadora, atualmente – não só no Brasil, mas internacionalmente também – predomina o modelo social neoliberal e isso diminui as chances de as pessoas envelhecerem com saúde. Neste ponto, umas das principais consequências é o maior gasto com custos de saúde. Nestas circunstâncias, o problema deve-se menos ao aumento da proporção de idosos e mais ao modelo de sociedade que temos hoje. 25


“Quando se pensa em idoso, se pensa em alta complexidade e muitos gastos, mas nos países desenvolvidos, nas crises, eles olham para a saúde pública e pensam no que devem fazer. Reforçam a atenção básica para ter menos gastos com internações e doenças. Quanto pior a sociedade estiver, do ponto de vista fiscal, mais teremos que aumentar o investimento em saúde pública e na atenção básica. Além disso, é preciso investir em tecnologia e inovação, mas com equidade. Que os produtos sejam públicos e com acesso. Por exemplo: vacinas, instrumentos para pessoas com dificuldade de andar, para pessoas com Mal de Parkinson, tudo com acesso. De nada vale o Governo investir em inovação, se isso não chega na população. A Fiocruz tem um papel importantíssimo nisso, é uma instituição que tem em sua missão produzir saúde, mas para que seja um produto de acesso a todos”, explicou.

Iniciativas no Brasil para o idoso: o convênio entre o Ministério da Saúde e o Icict

O Icict possui convênios com o Ministério da Saúde e, por meio deles, desenvolve iniciativas direcionadas à saúde da pessoa idosa. Entre elas, Dalia destaca três em especial: o Sisap Idoso, um site que tem como objetivo disponibilizar informações e

indicadores que auxiliem o planejamento de ações em saúde voltadas à população idosa, além de ser um instrumento de acompanhamento das metas e diretrizes pactuadas pelas políticas e programas nacionais e internacionais; o Saúde da Pessoa Idosa: boas práticas, criado com o objetivo de conhecer e dar visibilidade a boas práticas de municípios e estados no campo da saúde da pessoa idosa, e incentivar os gestores

Dalia Romero, pesquisadora do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde

Foto: Suelen Gomes/Fiotec 26


a fomentar estratégias e ações que contribuam para qualificar o cuidado à pessoa idosa no Sistema Única de Saúde; e a Caderneta do Idoso, inspirada na Caderneta da Criança, reúne todas as rotinas do cuidado à saúde. Promove o empoderamento do idoso na prevenção e manutenção da própria saúde e auxilia o acompanhamento pelos familiares. Todos os projetos tiveram participação da Fiotec na área de gestão. Tais convênios são desenvolvidos pela equipe multidisciplinar do Grupo de Informação em Saúde e Envelhecimento (GISE), no qual atuam Aline Marques (Cientista Social, mestre em Saúde Pública e doutoranda em Epidemiologia), Débora Castanheira (Advogada e doutora em Ciência Política), Jéssica Muzy Rodrigues (Cientista Social e mestre em Informação e Comunicação em Saúde), Raulino Sabino da Silva (Estatístico e mestre em Epidemiologia), Leo Ramos Maia (Graduando em Ciências Sociais), Leticia Sabbadini (Cientista Social), Pedro Teixeira, (Icict/FIOCRUZ).

“O Sisap e o Saúde da Pessoa idosa vão na direção não só da gestão da saúde do idoso, mas também na melhora da qualidade de vida dele. O site possui uma série de indicadores que poderão ser acompanhados por município, estado ou em

Quando se pensa em idoso, se pensa em alta complexidade e muitos gastos, mas nos países desenvolvidos, nas crises, eles olham para a saúde pública e pensam no que devem fazer. nível nacional, e pode avaliar se as políticas públicas estão respondendo às necessidades da saúde do idoso. É uma resposta ao compromisso que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem de dar instrumentos para que todos os municípios pos-

sam acompanhar seu desenvolvimento nesse sentido. Com o ‘boas práticas’, nós encontramos uma oportunidade de descobrir e dar visibilidade a iniciativas que acontecem em todo o Brasil. O Sisap é muito direcionado aos gestores; tínhamos os resultados, mas não sabíamos o que estava acontecendo em relação às iniciativas. Este é um programa de que eu gosto muito de participar, todos os anos recebemos uma diversidade de ações muito boas. A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa é outra questão que merece destaque. Agora estamos passando pela fase da avaliação de implantação da caderneta. Ela funciona semelhante a uma caderneta de criança, fica com a família ou com o idoso, e é um instrumento para que ele conheça o desempenho de sua própria saúde. Além disso, ajuda na gestão da atenção básica, porque auxilia o profissional de saúde no cuidado ao idoso”, finalizou Dalia.

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Fiotec cria grupo de trabalho para beneficiar gestão de projetos da Fiocruz Em busca de melhorias para a gestão dos projetos, a

Por Suelen Gomes

Fiotec convocou seis trabalhadores de áreas distintas para formar grupo de trabalho que tem o objetivo de

revisar todos os projetos vigentes na instituição - além de repensar os processos de conciliação

Fiocruz Brasília


Desde meados de julho, um novo grupo de trabalho temporário foi formado na Fiotec com o objetivo de auditar e conciliar todos os projetos que estão em execução na instituição. Os integrantes Aline Reis, analista de Tecnologia da Informação; Bruno Tayão, analista de Projetos; Danilo Alves, analista de Projetos; Edno Gomes, supervisor de Recursos Humanos; Luana Duarte, assistente de Tecnologia da Informação; e Thais Lyra, analista de Projetos, foram escolhidos com base em suas experiências de trabalho atuais e anteriores. Segundo Aline Reis, que lidera o grupo de trabalho coordenado pela Gerência de Administração Financeira e Contábil (AFC), o objetivo é chegar na assertividade das informações em todos os níveis, e fazer o saneamento de registros indevidos que impactam no dia a dia dos projetos. “Estamos fazendo um trabalho complexo de análise nos históricos, desde o início de cada projeto, até os tempos atuais. Isso dá maior transpa-

rência nas informações repassadas e confiabilidade nas entregas feitas pela Fiotec para a Fiocruz ”, explicou. Com um total de 530 projetos para analisar, as atividades foram divididas em três fases: na primeira etapa serão analisados apenas os projetos que têm celetistas ativos. Segundo os integrantes, estes são os que geram mais inconsistências por causa de leis, impostos e exigências trabalhistas. Já na segunda etapa, serão analisados aqueles que não têm celetistas atualmente, mas que já tiveram em seu histórico; e, por último, será feito o estudo dos projetos que não possuem - nem nunca possuíram - celetistas. Outro desafio é revisar o próprio processo de conciliação, desenvolvido hoje pelos analistas de projetos. De acordo com Aline, conforme o grupo faz a contabilização, falhas estão sendo identificadas dentro do processo como um todo. Algumas delas já foram mapeadas e repassadas para a equipe de

Tecnologia da Informação da Fiotec para o desenvolvimento de uma metodologia que facilite, agilize e melhore a conciliação dos projetos. “Este é um dos nossos desafios. A implementação das melhorias beneficiará, além do trabalho do próprio analista, a entrega final que fazemos para a Fiocruz, por exemplo”, comentou a líder do grupo. Para a Fiocruz, isso implica inúmeros benefícios: transparência, confiabilidade na informação, saldo confiável de seus projetos – e sem surpresas no momento da finalização de cada um deles. “Melhorar nossas entregas e fazer com que o trabalho realizado aqui possa impactar positivamente nas pesquisas e projetos que são realizados é exatamente o que fazemos. A intenção é que cada vez mais possamos desenvolver processos de ponta aqui, para que a Fiocruz se preocupe apenas com o necessário, os avanços em tecnologia, pesquisas e projetos de ponta”, finalizou Aline. 29


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