Conexão Fiotec - Fiocruz - edição 8

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Rio de Janeiro

Novembro - Dezembro - Janeiro

Drogas: uma questão real e complexa Fiotec apoia diversas pesquisas voltadas à temática, algumas delas coordenadas pelo pesquisador Francisco Inácio, que falou sobre a dimensão do problema no Brasil

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2017 • Ano 3 • Edição 8

Diálogo com André Perisse traz à tona as Doenças Sexualmente Transmissíveis e a importância das unidades móveis de testagem para sua prevenção Página 4

Resultado de uma luta intensa, Caps II é inaugurado em Manguinhos em clima de festa e muita satisfação Página 10


Expediente Conselho Curador Jorge Carlos Santos da Costa Valber da Silva Frutuoso Marcos Jose de Araujo Pinheiro Mario Santos Moreira Maria Rita Lustosa Byington André Luiz Land Curi Italo César Kircove Conselho Fiscal Charles da Silva Bezerra Elias Silva de Jesus Luciane Binsfeld Diretoria Executiva Mauricio Zuma Medeiros Diretor executivo Mansur Ferreira Campos Diretor financeiro Roberto Pierre Chagnon Diretor administrativo Valéria Morgana Penzin Goulart Diretora técnica Gerência Geral Adilson Gomes dos Santos

Conexão Fiotec-Fiocruz Informativo institucional da Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec). Todo o conteúdo pode ser reproduzido, desde que citada a fonte. Assessoria Técnica Responsável: Emilia Wien Reportagem, edição e fotos Janaina Campos Gustavo Xavier Projeto gráfico e diagramação Fernanda Alves

EDI TO RIAL

Revisão Bruna Moraes Dúvidas ou sugestões? Entre em contato conosco comunicacao@fiotec.fiocruz.br (21) 2209-2600 ramal: 2746 Av. Brasil, 4036 - Manguinhos www.fiotec.fiocruz.br

Liz Mônica Assessoria Jurídica


Transparência, agilidade e ampliação de atividades

E

m outubro de 2016 foi aprovado e publicado, pelo Conselho Deliberativo da Fiocruz, o Convênio 185/2016, que estabelece as condições segundo as quais a Fiotec poderá apoiar a Fiocruz no desenvolvimento de projetos. A substituição do Convênio 18/2008 foi motivada por mudanças na legislação, entre elas a instituição do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, cujas disposições proporcionaram mais autonomia às entidades que produzem ensino, pesquisa e inovação no País.

ampliam as atividades da Fiotec. Um dos grandes diferencias é que agora podemos captar e receber recursos sem ser pela conta única do tesouro. Essa é uma das adequações originadas através do marco legal que traz como ganho mais agilidade na disponibilização de recursos para os projetos.

Em suma, o novo convênio contempla uma série de mudanças e melhorias que beneficiam, e muito, a relação da Fiotec com a Fiocruz e corrobora com a intenção da nossa instituição de prestar um serviço de maior qualidade, eficiência e transparência.

Outro diferencial é a possibilidade de se firmar contratos tripartite, destinados à formação e execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, tendo a Fiotec como interveniente para captação direta Além disso, o instrumento re- de recursos. gulamenta práticas já adotadas Agora, também é possível para pelas fundações de apoio, mas a Fiotec distribuir insumos esque ainda não estavam claras tratégicos da Fiocruz na área na legislação e, portanto, geda saúde, como, por exemplo, ravam dúvidas. Agora, temos vacinas. Esse é um ganho que mais transparência nas ações, merece destaque, já que não perante os órgãos de controle. existia essa previsão expressa As novas condições instituídas e agora abre um novo caminho através do documento também de cooperação com a Fiocruz. 3


André Périssé Ações móveis de testagem representam estratégia importante no combate ao HIV e outras DSTs Pesquisador explica funcionamento do projeto que prevê um atendimento diferenciado junto às populações mais vulneráveis

Por Janaina Campos

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Há mais de 30 anos o Brasil vive a epidemia da Aids. Em 2016, o Ministério da Saúde admitiu que o País vive uma epidemia da Sífilis, junto às outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) elas não saem de pauta. Cada vez mais o cenário nacional relacionado ao diagnóstico, a prevenção e assistência para o enfretamento dessas doenças, que de certa forma estão interligadas, vira objeto de estudos e pesquisas, principalmente quando falamos em populações em situação de maior vulnerabilidade. Um dos principais problemas dessas pesquisas é o acesso a essa população. Nesse sentido, os espaços móveis de testagem têm ganhado destaque. “Estruturas móveis equipadas com sala de laboratório e sala para aconselhamento representam uma alternativa importante para se chegar em locais e horários diferenciados daqueles praticados pelas unidades de saúde, criando novas oportunidades para intensificar informação e educação preventivas, disponibilizar testagem rápida em um contexto de relação mais acolhedor e adequado ao estilo de vida de algumas pessoas”, afirmou André Périssé, coordenador adjunto do projeto “Teste perto de você”. Em entrevista à Fiotec, o pesquisador fala da parceria com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro no estudo de testagem para HIV, sífilis e hepatites virais, além de explicar a relação entre as doenças e abordar o tema “cura da Aids”. Leia na íntegra.

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A Aids é uma das doenças mais temidas no mundo. Mas, graças aos avanços científicos e tecnológicos, hoje os índices de contaminação vêm reduzindo. Você acha que hoje é possível falar em cura e/ou controle da epidemia? Cura não, mas controle certamente. Esse é, inclusive, um dos objetivos nacionais e internacionais do enfrentamento da epidemia. Há um plano bastante ambicioso da comunidade internacional, capitaneado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e outros organismos internacionais, que pretende eliminar a epidemia de AIDS no mundo como um problema de Saúde Pública em 2030. Isso significa reduzir em 90% o número de casos novos de AIDS e o número de mortes relacionados ao HIV naquele ano comparado com os casos existentes em 2010. A chamada meta 9595-95 para 2030 (95% de pessoas com HIV efetivamente testadas, 95% destas em tratamento e 95% das pessoas em trata6

públicos, incluindo saúde, como vem propondo o atual governo central brasileiro.

mento com carga viral indetectável) possui uma etapa intermediária em 2020 de 90-90-90. Ou seja, em apenas 4 anos teríamos que melhorar bastante nossa capacidade de encontrar as pessoas com HIV e levá-las ao tratamento efetivo.

O senhor coordena o projeto “Teste perto de você” na Fiocruz. Qual é a proposta do projeto?

Digo que é ambicioso por conta do contexto recessivo que estamos passando em nosso País atualmente. Há alguns estudos avaliando o impacto de períodos recessivos na Saúde Pública, onde os autores indicam que medidas de austeridade econômica, como as que talvez enfrentemos no Brasil, agravam ainda mais os indicadores de saúde. Dois exemplos relativamente recentes foram a crise de dissolução da União Soviética e a crise econômica na Grécia, onde os números de infecção pelo HIV cresceram em territórios que adotaram austeridade como meta econômica. Ou seja, o controle efetivo da epidemia só se dará em um contexto de ampliação dos investimentos em saúde púbica e não com a redução dos gastos

O objetivo final do projeto é avaliar um novo modelo de prevenção. Entendendo modelo em um sentido amplo, onde estudos qualitativos prévios em populações vulneráveis, sobre hábitos e predileções quanto ao posicionamento/localização e horário de atendimento da unidade móvel dentro de cada município, aconselhamento utilizando a gestão de risco ou plano individualizado de promoção e prevenção que deverá considerar os diferentes contextos e possibilidades de cada indivíduo na prevenção, possibilidade de acompanhamento na própria unidade de pessoas com risco diferenciado para a infecção pelo HIV, vinculação para unidades de saúde e atendimento/testagem em horários alternativos serão avaliados em conjunto e o resultado final será entregue ao


Estado na forma de um estudo mais acolhedor e adequado ao de custo-efetividade do modelo estilo de vida de algumas pessoem unidade móvel proposto. as. Isso resulta em ações estratégicas importantes para a dimiA ideia é que a estratégia de tes- nuição das barreiras geográficas, tagem em unidades móveis seja psicossociais e culturais que as aplicada junto com outros fatores impedem de chegar a um diagnóstico precoce do HIV. que aumentem sua eficiência.

As ações móveis de testagem representam um avanço estratégico quando falamos de populações mais vulneráveis. A que você atribui a resposta positiva dessas ações? O estabelecimento de estratégias que permitam ampliar a identificação da infecção pelo HIV em fases mais precoces é estratégico no contexto da epidemia de HIV. Estruturas móveis equipadas com sala de laboratório e sala para aconselhamento representam uma alternativa importante para se chegar em locais e horários diferenciados daqueles praticados pelas unidades de saúde, criando novas oportunidades para intensificar informação e educação preventivas, disponibilizar testagem rápida em um contexto de relação

Disponibilizar testagem rápida em um contexto de relação mais acolhedor e adequado ao estilo de vida de algumas pessoas Podemos dizer que esses espaços móveis, em locais estratégicos, levam em consideração não só a saúde física, mas a saúde mental das pessoas que se sentem constrangidas ao procurarem postos de saúde ou hospitais?

dade está exatamente no atendimento, onde a equipe toda é sensibilizada para o atendimento de pessoas per tencentes aos grupos mais vulneráveis à infecção pelo HIV. A sensibilização da equipe ocorre em treinamentos e atualizações anuais, onde profissionais da Secretaria Estadual de Saúde com experiência no atendimento aos indivíduos de grupos vulneráveis orientam aconselhadores e vinculadores nas suas atividades. É sempre impor tante lembrar o estudo etnográfico prévio que vem sendo feito em 3 dos 5 municípios envolvidos no projeto, onde vários fatores relacionados ao atendimento de homens que fazem sexo com outros homens, travestis e profissionais do sexo vêm sendo abordados de forma qualitativa para que possamos aprimorar nosso atendimento.

Cer tamente. E o diferencial Por fim, o projeto conta com do modelo proposto na uni- o auxílio de um conselho de 7


representantes locais (CRL), composto por representantes dos grupos vulneráveis e das instituições par ticipantes que tem, entre outras funções, que acompanhar o projeto de per to identificando problemas e apontando soluções. Infelizmente, como em toda democracia participativa, esta é a par te do projeto que precisamos melhorar para que a representação, o controle e a copar ticipação sejam mais efetivos.

Além do HIV, o projeto prevê a testagem de sífilis e hepatites virais. Qual a relação entre a sífilis e o HIV? Isso é, como uma doença pode interferir ou agravar a contaminação da outra? Tratar as infecções sexualmente transmissíveis (IST) é muito importante para a redução da disseminação do HIV, uma vez que as IST estão associadas a um grande aumento do risco de transmissão ou aquisição de HIV. Mais importante ainda no caso de uma IST que se apresente 8

com úlceras (lesões) em áreas genitais, como a sífilis, pois estas estão associadas aos maiores riscos. O tratamento correto das IST é necessário não apenas para reduzir a transmissão do HIV, mas também para melhorar a saúde sexual e reprodutiva dos indivíduos.

fecções com o HIV aumentam a morbidade e a mortalidade destas doenças e da AIDS. No caso da hepatite C, a co-infecção pode impactar no sistema imunológico do paciente HIV, acelerando a progressão para a AIDS e a morte. Ela está principalmente associada aos usuários de drogas endovenosas, mas também E relação com pode ocorrer a contaminação as hepatites? sexual principalmente entre hoNo caso das hepatites B e C, es- mens que fazem sexo com hotas quando ocorrem como co-in- mens. Já no caso da hepatite B, que tem a relação sexual como importante via de transmissão, a co-infecção aumenta o risco de evolução de portadores crônicos e desenvolvimento de cirrose. A testagem para estas infecções permite ajustes nas condutas clínicas de pacientes co-infectados.

A interação com o parceiro financiador principal do projeto não tem sido simples, mas certamente seria muito mais problemática se não fosse a participação ativa da Fiotec e o auxílio inestimável dos técnicos da instituição

A sífilis tem virado notícia ultimamente em razão do aumento do número de contaminações. A que você atribui essa elevação? Embora apenas recentemente o governo federal tenha reconhecido o aumento de casos de sífilis no Brasil, tal fato tem sido nota-


do há alguns anos pelos profissionais de saúde, não apenas dermatologistas e infectologistas, mas também ginecologistas, obstetras e profissionais da estratégia de saúde da família por conta do aumento das infecções entre gestantes e o aumento das infecções congênitas. Cabe ressaltar que o aumento não tem sido notado apenas no Brasil. Países centrais como a Inglaterra e os Estados Unidos da América também relatam aumento do número de casos de sífilis adquirida. Embora não se saiba ao certo a(s) razão(ões) para esse aumento, acredita-se que ela seja multifatorial. Relaxamento no uso de preservativos em relações sexuais, principalmente entre os mais jovens onde a sífilis mais cresce, dificuldade no tratamento de parceiros(as) de pacientes diagnosticados com sífilis, redução da disponibilização do tratamento efetivo no Brasil e no mundo (penicilina) e uso de tratamentos alternativos com menor eficácia estão entre as possíveis razões deste aumento.

Dado bastante preocupante entre nós é a diminuição da razão entre sexos (homens/mulheres), que associado ao aumento dos casos entre jovens, tem levado a um grande aumento de infecção em gestantes com consequente aumento dos casos de sífilis congênita.

Com relação a Fiotec, qual a importância dessa parceria para o desenvolvimento do seu projeto?

tarias municipais de saúde dos cinco municípios envolvidos no estudo (Niterói, Nova Iguaçu, Belford Roxo, São João do Meriti e Duque de Caxias). A interação com o parceiro financiador principal do projeto não tem sido simples, mas certamente seria muito mais problemática se não fosse a participação ativa da Fiotec e o auxílio inestimável dos técnicos da instituição, diretamente envolvidos com o projeto “Teste Perto de Você”.

Uma das características que tem proporcionado um sucesso relativo ao projeto, até o momento, é a formação e solidificação de parcerias principalmente entre a Ensp, o IOC, a Fiotec, a SES/RJ e as secre-

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Com clima de festa e vitória, Caps II foi inaugurado em Manguinhos no final de 2016 O Centro de Atenção Psicossocial, que prestará atendimento diário a cerca de 40 novos pacientes, foi construído com o apoio da Fiotec Foto: Peter Ilicciev


O mês de novembro terminou com uma vitória para os moradores da região de Manguinhos e áreas vizinhas: a inauguração do Centro de Atenção Psicossocial Carlos Augusto Magal (Caps II). Seu nome foi dado em homenagem a um morador da comunidade que morreu em 2009, vítima da violência. O Caps era um desejo antigo da comunidade local e foi fruto de uma luta intensa da população, junto com o Conselho Gestor Intersetorial de Saúde (CGI) de Manguinhos e a Fiocruz, principalmente através da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) e da Diretoria de Administração do Campus (Dirac), através do projeto Teias – Escola Maguinhos, que é apoiado pela Fiotec. Por isso, a inauguração, que aconteceu no dia 30 de novembro, foi um momento de festa. “A Fiocruz nunca deixou de considerar esse projeto como prioritário. É uma grande vitória, é um passo significativo e vamos continuar fazendo aquilo que a gente sabe fazer, que é estarmos juntos e integrados para ajudar a comunidade”, disse o então presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, na ocasião. Beneficiando cerca de 200 mil pessoas, o centro é uma opção de assistência para a reinserção social de pessoas com transtorno mental grave e persistente, através do atendimento interdisciplinar, composto por uma equipe multiprofissional que popde reunir médicos, assistentes sociais, psicólogos, psiquiatras, entre outros especialistas. 11


O espaço

O Caps foi instalado em um antigo galpão que abrigava a Casa do Trabalhador. Como estava vazio, o local foi invadido por pessoas em situação de rua e estava muito degradado, com muitas infiltrações e problemas estruturais. Rita Noé, arquiteta da Fiotec, foi a responsável pela obra que durou cerca de três meses. “Nós tínhamos uma certa urgência na construção. Então, tivemos que trabalhar para que o prédio estivesse pronto, e funcionando, em novembro de 2016”, explicou. O Caps ficou pronto no prazo e, antes mesmo da inauguração oficial, estava funcionando. “O resultado da obra me surpreendeu positivamente. Achávamos que o espaço não seria suficiente, mas com a ajuda da Fiotec e dos arquitetos da Secretaria Municipal de Saúde o espaço foi muito bem utilizado com um resultado bem positivo”, disse Gisele O´Dwyer, coordenadora do projeto Teias. 12

Força-tarefa

Não foi só a arquiteta da Fiotec que trabalhou contra o tempo para fazer a instalação do Caps acontecer. Os profissionais de Projetos Especiais e Compras também fizeram parte da “força-tarefa”. Por isso, no dia da inauguração, Mabel Melo, Clarisse Castro, Amanda Ismael, Luana Silva, de Projetos Especiais, além de Eduardo Bacellar e Raphael Machado, de Logística, foram prestigiar o evento. “Com mais de 10 anos de vivência na área de compras e licitações, o Caps foi um dos maiores desafios como comprador. O dinamismo do projeto e o curto prazo que tínhamos para atender a todas as demandas, fez com que eu pensasse ‘fora da caixa’, a fim de prover soluções efetivas. Sabendo da finalidade do projeto foi gratificante ver a satisfação das pessoas com o resultado. Sinto-me honrado de ter participado na construção de mais uma Unidade”, disse Eduardo. O trabalho foi reconhecido por Gisele durante a inauguração. “Já estamos atendendo a cerca de um mês, mas hoje é dia de festa. Tem muita gente para agradecer, a Fiocruz, a UPA, a população, nós formamos uma rede. Quero agradecer também a Fiotec que se empenhou muito para a gente estar aqui hoje”, concluiu.


Com a palavra, a analista do projeto

O clima de vitória com a inauguração do Caps não foi exclusivo da população. Amanda Ismael, analista responsável pelo projeto na Fiotec, também se disse extremamente feliz por ter participado dessa conquista. “A implantação do Caps foi um processo de muita luta da Fiocruz e da população de Manguinhos. Ver um sonho de uma população que luta pelos seus direitos e por melhores condições de vida se concretizar é muito gratificante”, afirmou. A profissional também comentou a atuação da instituição no projeto. “A Fiotec não apenas apoiou esse processo, como também participou ativamente da reforma da unidade. O local para instalação estava em péssimas condições e em apenas 4 meses estava pronto para a inauguração. Foram meses de muitos esforços, recebendo demandas da Rita que também se empenhou arduamente e pôde nos proporcionar a entrega de uma unidade lindíssima”. “Sabemos que este processo não finaliza na entrega da Unidade, uma vez que o atendimento de qualidade e a melhoria dos serviços assistenciais na área de saúde mental devem ser uma busca constante”, concluiu Amanda.

A implantação do Caps foi um processo de muita luta da Fiocruz e da população de Manguinhos. Ver um sonho de uma população que luta pelos seus direitos e por melhores condições de vida se concretizar é muito gratificante — Amanda Ismael

analista do projeto 13


DROGAS NO BRASIL: UMA REALIDADE QUE ATINGE TODA A POPULAÇÃO E GRUPOS ESPECÍFICOS, DE MANEIRAS DIFERENTES Pesquisador que coordena vários projetos sobre o tema fala sobre o consumo, as responsabilidades e a descriminalização das drogas 14


Drogas, tanto lícitas quanto ilícitas, são um problema da sociedade brasileira que nunca sai de pauta. O controle, o consumo, a legislação são temas de estudos, pesquisas e discussão em todas as esferas. A Fiocruz desenvolve inúmeros trabalhos e pesquisas relacionados à temática, alguns deles com o apoio da Fiotec. Através desses projetos, que se complementam, é possível ter uma noção da dimensão da questão das drogas no País. “Existem problemas que dizem respeito à população geral, como o consumo de álcool e tabaco, de uso lícito, e outros que têm características particulares, afetando populações específicas, em contextos definidos, seja geograficamente, seja em termos de tempo, seja pelo recorte etário, que têm características muito diferentes da população geral. Este é o caso, por exemplo, das cenas de crack e do uso de drogas sintéticas em festas rave, ambas questões bastante específicas, embora inteiramente diversas entre si”, explicou Francisco Inácio Bastos, pesquisador da Fiocruz especialista no assunto, que coordena alguns dos estudos vigentes no momento. O pesquisador afirmou que na população geral existe um predomínio quase absoluto do álcool; do tabaco, ainda com relevância, mas que está declinando; de alguns solventes, cujo uso é mais esporádico; maconha; cocaína em pó; e psicofármacos, remédios psiquiátricos usados sem finalidade terapêutica. “Quando você vai para o campo e você vai para os locais de tráfico você já enxerga uma cena completamente diferente, foi o caso do projeto de Crack - vulnerabilidades, onde você vê pessoas fortemente desinseridas, em situação de pobreza”, explicou.

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A questĂŁo do

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Descriminalização?

Francisco Inácio

Pesquisador da Fiocruz

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Problema amplo

* A entrevista ocorreu em momento anterior Ă atual crise do sistema carcerĂĄrio.

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Foto: Comunicação ICICT

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Com análise minuciosa, Fiotec apresenta custos de contratação de profissionais para projetos

Serviço é oferecido a todos os projetos apoiados pela instituição com contratação de celetistas. Objetivo é prever e monitorar impactos no orçamento até o final da execução Você recebe um recurso para o desenvolvimento de um projeto. Além da compra de materiais e outros insumos, há a necessidade de contratar profissionais sob as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A primeira pergunta que vem em mente é: qual é o custo dessa contratação? Qual será o impacto no orçamento do projeto até sua finalização? Essas e outras questões são respondidas pela área de Recursos Humanos da Fiotec, aos coordenadores de todos os projetos apoiados pela instituição que fazem a contratação de celetistas.

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“Toda vez que chega à Fiotec um projeto para o qual haverá contratação de celetistas, o analista passa para o RH informações tais como o salário, cargo, o período da contratação, detalhamento das atividades que serão desenvolvidas pelos profissionais e os benefícios, com as quais podemos efetuar estimativa de todos os custos”, explicou Fabricio Feitosa, analista de RH responsável por essa atividade. O cálculo inclui salário com encargos sociais, provisionamentos e benefícios, possibilitando ao analista e à coordenação do projeto terem mensurados os gastos com o profissional ao longo do projeto, sempre acompanhando a Convenção Coletiva de Trabalho do Estado de origem. Uma vez enviada a planilha com a análise, o coordenador do projeto pode avaliar se aquele valor cabe no orçamento do projeto, ou pedir uma nova simulação, com outro salário e/ ou benefícios, alterar o período de contratação. “Nós também fazemos algumas recomenda-

data prevista de desligamento ao final do projeto. Outras mudanças de cenário, como reversões de valores provisionados decorrentes de demissões e transferências, também são enviadas Além de enviar uma planilha ini- nesse demonstrativo mensal. cial com os gastos previstos, o RH atualiza mensalmente uma “Procuramos sempre adaptar planilha contendo as provisões nossa análise, de modo que do mês (ou seja, o valor a ser re- atenda da melhor forma o projeto e que os valores previstos estejam o mais próximo possível do real, a fim de que o recurso seja suficiente para arcar com todas as despesas com celetistas do projeto, e ao mesmo tempo atender às outras necessidades de sua execução”, concluiu Fabricio. ções, sempre com o objetivo de proporcionar o melhor custo-benefício para o projeto”, ressaltou Fabricio.

Monitoramento

Nós também fazemos algumas recomendações, sempre com o objetivo de proporcionar o melhor custobenefício para o projeto Fabrício Feitosa Analista de RH

servado nos âmbitos financeiro e contábil para garantir o pagamento dos direitos do trabalhador, como 13º salário, férias e rescisão ao final do período), bem como estimativa de custos com salários, encargos, benefícios, custo com saúde ocupacional e provisionamento até a 21


Gir

Presença garantida no Confies

O tradicional Encontro Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica foi realizado entre os dias 21 e 24 de novembro de 2016, em Belo Horizonte. A 34ª edição do evento, realizado anualmente, teve como tema central o excesso de burocracia e as barreiras ao desenvolvimento da pesquisa no Brasil, bem como seus impactos e prejuízos ao setor. A Fiotec foi protagonista no fórum de Tecnologia da Informação, em que Evandro Maroni, gestor de TI da instituição, foi coordenador. Rodrigo Santos, supervisor da área na Fiotec, foi o responsável por apresentar o processo de operação do Portal de Acesso à Informação, ferramenta utilizada para disponibilizar dados de projetos nos quais são utilizados recursos públicos, conforme exigido pela legislação. Já na reunião entre os dirigentes das fundações, Alexandre Valinoti, gerente de Administração Financeira e Contábil da Fiotec, apresentou as boas práticas de gestão financeira adotadas pela instituição. 22


Fiocruz reconhece trabalho de professores e alunos

A Tenda da Ciência Virgínia Schall, no campus Manguinhos da Fiocruz, recebeu no dia 29 de novembro de 2016 a Cerimônia de Premiação e entrega dos prêmios aos trabalhos de destaque regional e nacional da 8ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA). A solenidade foi acompanhada por Cristina Araripe, coordenadora nacional da Olimpíada, que é um projeto desenvolvido pela Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC). Com o apoio da Fiotec, a Olimpíada premia produções audiovisuais, de texto e projetos de ciência, divididos em duas categorias: Ensino Fundamental e Ensino Médio. O objetivo é que os trabalhos reflitam a capacidade dos candidatos de compreender e expressar as questões referentes à promoção da saúde e/ou preservação do meio ambiente, de acordo com a realidade da qual faz parte.

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Fiotec participa de reunião do consórcio ZIKAlliance

Representantes de 43 instituições de todo o mundo estiveram no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, nos dias 4 e 5 de dezembro de 2016, para a reunião de abertura do consórcio ZikAlliance. O encontro abordou aspectos técnicos e administrativos do consórcio, que é uma rede de projetos financiada pela Comissão Europeia. A Fiocruz faz parte do ZIKAlliance com 9 diferentes coordenações, de diversas unidades, com o apoio da Fiotec. Por isso, as profissionais de Projetos Especiais e Projetos da instituição, Heloísa Setta e Ana Carolina Gomes, puderam se reunir com a equipe administrativa da organização líder do consórcio ZikAlliance, o Instituto Nacional da Saúde e de Pesquisa Médica (Inserm), da França. Durante o encontro elas apresentaram a Fiotec, explicaram sua relação com a Fiocruz e suprimiram dúvidas existentes sobre estatuto, acordos internos, recebimento de recursos, detalhes de execução e feitura e submissão de relatórios financeiros.

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Sinônimo de qualidade

“A importância da Qualidade na sustentabilidade organizacional” foi o tema do IV Encontro da Qualidade da Fiocruz, realizado no dia 6 de dezembro de 2016. O evento foi composto por três palestras, umas delas abordou a “Gestão para a excelência: eficiência e eficácia para a sustentabilidade”. Ao final das três exposições, a coordenadora da Qualidade na Fiocruz, Renata Souza, abordou os assuntos relacionados ao CQuali, como é chamada a Qualidade na instituição. Quase toda a equipe da Gestão da Qualidade da Fiotec participou do encontro para acompanhar a evolução da implementação do projeto de qualidade na Fiocruz. “Para nós, aqui na Fiotec , fica a certeza da importância de acompanhar esse processo e do alinhamento de nossas ações aos objetivos estratégicos da Fiocruz nessas questões”, explicou Gilmar Simões, analista da Qualidade da Fiotec. Representantes das áreas de Compras e de Execução e Iniciação de Projetos da instituição também compareceram ao evento.

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Controle da transmissão de dengue, zika e chikungunya

O início da fase de expansão do projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil” foi tema de um encontro entre a equipe liderada pelo pesquisador Luciano Moreira e os gestores de área da Fiotec. Realizado no dia 10 de janeiro, nas salas de reunião da fundação de apoio, o evento teve o objetivo de apresentar as atividades previstas para o projeto até o fim de 2018. Luciano apresentou os resultados obtidos na fase piloto do projeto, após a liberação de Aedes aegypti com Wolbachia em Tubiacanga, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, e Jurujuba, em Niterói. A fase de expansão do projeto começa no próprio município de Niterói, que a partir de fevereiro terá os bairros de Charitas, Preventório, São Francisco e Cachoeira contemplados. Em seguida, o pesquisador tratou das metas a serem atingidas nos próximos 24 meses. Segundo ele, um dos principais objetivos do projeto será expandir a liberação de mosquitos com Wolbachia a diversas regiões do Rio de Janeiro, beneficiando, desta maneira, cerca de 2,5 milhões de pessoas. 26


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