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Temas Contemporâneos

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Temas Contemporâneos

ORGANIZADOR

V.1 TemaS Co ntempo âneo S

Marcus Túlio de Freitas Pinheiro

r


CENTRO UNIVERSITÁRIO DA BAHIA – FIB

Reitor ¬ Nelson Cerqueira Pró Reitor de Graduação ¬ Tomm Joe Elliott Pró Reitora de Pesquisa e Pós Graduação ¬ Sylvia dos Reis Maia Pró-Reitor de Arte e Cultura ¬ Heitor Reis ORGANIZADOR DA COLEÇÃO

¬ Marcus Túlio de Freitas Pinheiro - tulio@fib.br EDITORA FIB

Coordenação Editorial ¬ Maria Vicentini Apoio Técnico ¬ Marcela Thuillier CONSELHO EDITORIAL

¬ Nilton Moura (UFBA) ¬ Rosanita Baptisto (SESAB) ¬ Roseli Amado (FIB) ¬ Vilson Caetano (FIB/UNEB) DESIGN

Capa, Projeto Gráfico e Editoração ¬ Flavia Gil e Francisco Sampaio (AmaisD - amaisd@gmail.com) REVISÃO

¬ Constância Maria Borges de Souza FICHA CATALOGRÁFICA

¬ Luciana Borges IMPRESSÃO

¬ EGBA TEMAS CONTEMPORÂNEOS é uma publicação da Editora

FIB, com sede no seguinte endereço: Rua Xingu, 179 – Jardim Atalaia – Stiep – 41770-130 – Salvador – Bahia – Brasil Telefone: (71) 2107 8313 Fax: (71) 2107 8322

B A T278t Temas contemporâneos / Marcus Túlio de Freitas Pinheiro, organizador : [ Mariella Pitombo ... [et al.]. - Salvador: Editora FIB, 2006. 130 p. ; 23 cm. ISBN 85-88858-15-0 1. Educação 2. Cultura 3. Contemporaneidade I. Pinheiro, Marcus Túlio de Freitas (org.) II. Pitombo, Mariella III. Título. CDD 370


CONCEITO EDITORIAL E OBJETIVO

Temas Contemporâneos – é uma coleção dirigida a pesquisadores, estudantes e todos aqueles que se interessam por questões da contemporaneidade. Seu objetivo é trazer ao debate os conteúdos latentes que permeiam as formas de conhecimento de uma época que torna emblemática as indeterminações, a fluidez dos signos e as transformações dos discursos e práticas sociais. Nesse sentido, os Temas Contemporâneos surgem de confluências e conexões disciplinares em torno da contemporaneidade, enquanto modo de pensar as artes, a ciência e a cultura como fenômenos de um mundo de relações cada vez mais mediadas.

Linha de Pesquisa: Educação, Gestão e Tecnologia

A coleção está vinculada ao Programa de Estudos em Educação, Gestão e Tecnologias. Anualmente, serão publicados dois títulos a partir de uma linha editorial definida, buscando, a cada edição, a diversidade de opiniões, a partir de uma determinada temática. Apresentando-se como um espaço aberto ao livre fluir de idéias em direção à formação de um pensamento plural e democrático.

Conselho Editorial e Comitê Científico Conselho Editorial - A coleção é submetida à avaliação de um Comitê Científico e um Conselho Editorial composto por membros internos e externos à Instituição. Integram, também, o Conselho Editorial o Editor da Coleção, o representante da Editora FIB e um editor-pesquisador convidado, especialista na temática proposta.

POLÍTICA EDITORIAL Os trabalhos encaminhados devem ser inéditos, os originais serão submetidos à apreciação do Comitê Científico, e encaminhados a, no mínimo, dois relatores do Conselho Editorial, que dispõe de plena autoridade para decidir sobre a conveniência de sua aceitação, ou reapresentá-los aos autores com sugestões para que sejam feitas as alterações necessárias no texto. O nome dos relatores permanecerá em sigilo, omitindo-se, também, perante o nome dos autores. Deverá

constar o endereço residencial ou e-mail para encaminhamento de correspondência.



Sumário Educação Conhecimento e contemporaneidade: uma visão sistêmica dos espaços de aprendizagem. Marcus Túlio de Freitas Pinheiro

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Algumas aproximações entre cinema e educação Reinaldo Vicentini

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Gestão do Conhecimento Prêmios como Fontes de Estratégias: Estudo de Caso – Prêmio Expressão de Ecologia Christianne Coelho de Souza Reinsch Coelho e Francisco Antonio Pereira Fialho

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A tecnologia na sociedade do conhecimento André Ricardo Magalhães

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Controle de gestão: a evolução do conceito Cláudio Osnei Garcia

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A rede cultural da organização e a resistência a mudança Leda Farias Lessa

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Filosofia da Ciência A Ciência e os Processos Sociais Neide Souza Graça Pinheiro

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Analisando o espaço criativo da mente como parte integrante de um Sistema Adaptativo Complexo Ermelinda Gannen Silveira, Francisco Pereira Fialho e Roseli Amado da S. Garcia Políticas Públicas Sintomas dos deslocamentos de poder na gestão do campo cultural no Brasil – uma leitura sobre as leis de incentivo à cultura Mariella Pitombo Avaliação sócio-econômica de políticas públicas: um estudo de caso José Afonso Ferreira Maia Tecnologia da Informação Do Fenômeno da Convergência das Mídias ao Alinhamento Estratégico. Outras Perspectivas para Compreensão. Jader Cristiano Magalhães de Albuquerque

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Marcus Túlio de Freitas Pinheiro

Conhecimento e contemporaneidade: uma visão sistêmica dos espaços de aprendizagem. Sobre o autor

O destino de uma época que comeu da árvore do conhecimento é ter de reconhecer que as concepções gerais da vida e do universo nunca podem ser os produtos do conhecimento empírico crescente, e que os mais elevados ideais, que nos movem com mais vigor, sempre são formados apenas na luta com outros ideais que são sagrados para os outros quanto os nossos para nós.

Max Weber

Mestre em Engenharia de Produção pela UFSC. Especialista em Educação e Tecnologia da Informação e Comunicação pela UNEB. Graduado em Física pela Universidade Federal da Bahia. Professor do Centro Universitário FIB e da Universidade do Estado da Bahia. tulio@fib.br

Max Weber


Educação No processo de cognição a linguagem exerce a função semiótica, ou seja, evidencia a capacidade do indivíduo de distinguir o significado do significante. A construção do discurso lingüístico não depende somente da função semiótica da linguagem, mas da contextualização espaço-temporal e causal da organização das representações. A partir da contextualização e da função semiótica, no seu sentido restrito, o indivíduo é capaz de representar ações, situações, fatos e poderá construir referencial espaço-temporal que o leva às possibilidades de imaginar, prever, antecipar. Estas possibilidades levam aos aspectos figurativos do processo cognitivo. A percepção, que funciona exclusivamente em presença do objeto e por intermédio de um campo sensorial; a imitação, no sentido amplo (gestual, fônico, gráfico, etc.), funcionando na presença ou na ausência do objeto, manifestada pela produção motora; e as imagens mentais, que só funcionam na ausência do objeto e pela produção interiorizada. Além do aspecto figurativo, Piaget define o aspecto operativo da cognição, que caracteriza a forma do conhecimento, modificando o objeto ou acontecimento a ser conhecido, transformando ações, coordenações e operações preestabelecidas. Dessa forma, o processo cognitivo do indiví-


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uma descrição das funções utilizadas no sistema e de sua organização. Refinando mais a abordagem, o sistema cognitivo poder ser descrito através das atividades realizadas pelas funções no homem. As atividades mentais são as que envolvem processos como resolução de problemas, compreensão e raciocínio. Estes processos compõem os atributos da consciência. As atividades mentais são precedentes das outras atividades cognitivas, tais como a programação motriz, a execução e o controle dos movimentos que constroem a realização comportamental das ações. As atividades mentais são definidas por Fialho (2001) de três maneiras: pela natureza das informações recebidas, que são trabalhadas e que produzem informações ou decisões; pela natureza do tratamento que constroem representações e operam sobre elas; pela natureza dos processos que as constituem. As informações são o ponto de partida das atividades mentais e resultam dos tratamentos sensoriais que são expressos através da identificação dos objetos e de sua posição; dos movimentos, das mudanças e de sua sucessão como bases da percepção dos eventos; da identificação das linguagens e dos significados. As produções das atividades mentais podem se apresentar de duas formas: produções externas, representadas pelas ações através de um resultado comportamental direto; produções internas que não são externalizadas, permanecendo no sistema cognitivo, o qual enriquece sob a forma de memorização de informações. Quanto à operacionalização do tratamento, as atividades mentais são caracterizadas pela construção de representações e pela forma de operação realizada sobre estas representações. As representações são interpretações oriundas das informações captadas pelo sistema cognitivo. A construção da representação é feita a partir da atribuição de significados a estas informações fornecidas pela identificação perceptiva. O tratamento dado às informações percebidas pode ser dirigido por conhecimentos pré-estabelecidos. O tratamento também pode ser realizado pela predominância das atividades perceptivas, que extraem a informação dos estímulos para agregá-las às configurações gravadas em memória.


Educação

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Pela natureza de tratamento dos processos, as atividades mentais podem ser classificadas como modulares e não modulares. O tratamento modular é especializado, tem acesso a uma parte específica da informação disponível no sistema. Este tratamento tem característica autônoma e não é relevante para ele o que se passa em outras partes do sistema. O tratamento não modular interage informações de naturezas diversas: conhecimentos relacionais e procedurais, informações sobre situações e tarefas. São processos sensíveis aos contextos perceptivos, lingüísticos, semânticos inerentes à situação ou tarefa. As atividades mentais são essencialmente feitas de tratamentos não modulares, segundo Fialho (2001). As outras atividades do sistema cognitivo como a percepção e a motricidade, através da programação e a execução do gesto e do movimento envolvem o tratamento modular. A consciência das atividades mentais se apresenta no início da aprendizagem, em situações inéditas ou em situações conhecidas que requerem a conceituação e conscientização destas atividades para fins de comunicação ou de tomada de decisão. O movimento em direção ao conhecimento envolve dois eixos, um relativo à posse do conhecimento e outro relativo à consciência dessa posse. O indivíduo, a princípio ignora o objeto do conhecimento, o mesmo não tem consciência da existência desse objeto. A partir

Não sei que sei

Sei que sei

Não sei que não sei

Sei que não sei

F i g u r a 1 _ O caminho da aprendizagem F o n t e _ Fialho (2001, p.62)


André Ricardo Magalhães

A Tecnologia na Sociedade do Conhecimento Sobre o autor

“A fábrica do futuro terá apenas dois empregados. Um homem e um cachorro. O homem estará lá para alimentar o cachorro, e o cachorro para impedir que o homem toque no computador.”

Warren G. Dennis

Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas

Warren G. Dennis


gestão do conhecimento Sociedade do Conhecimento A comunicação generalizada que assola, hoje, a humanidade é, para Vattimo (1992), como um marco para a sociedade contemporânea. Os valores determinantes do modernismo, a linearidade, a progressão e a unicidade da história já não são possíveis, pois não se admite mais um centro único em torno do qual se recolhem e se ordenam os acontecimentos. O papel determinante do mass media, a caracterização da sociedade como complexa fazem emergir múltiplas visões de mundo. Neste contexto, a configuração da realidade é caracterizada pela multiplicidade de visões de mundo sendo possíveis considerar múltiplas realidades. A tomada da palavra por grupos minoritários da sociedade, propondo formas, podendo ser conhecidos, relativisando a realidade e gerando uma tomada de consciência relativa de valores, de culturas locais e de limitação do seu próprio sistema em detrimento de outros sistemas, é de fundamental importância para a compreensão da sociedade contemporânea. Para Rubem Bauer (1999, p.19), esta complexidade não é, de forma alguma, completude; ao contrário, ela diz respeito à impossibilidade de se chegar a qualquer conhecimento “comple-


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to”. Assim, a complexidade não irá trazer certezas sobre o que é incerto; ela pode apenas propor-se a reconhecer a incerteza, e a dialogar com ela. Adam Smith (1723-1790) e Jean Baptiste Say (1767-1862) analisavam, através de suas teorias, que os elementos fundamentais da estrutura de produção seriam: a terra, o capital e o trabalho. Até o século XVIII, a economia era fortemente dependente da terra e da exploração extensiva da força de trabalho que determinavam a evolução econômica. No entanto, sob a visão de muitos autores estamos, agora, vivendo na Sociedade do Conhecimento, mesmo que muitos de nós ainda não tenhamos nos dado conta disto. A globalização e a constante evolução tecnológica têm imprimido na sociedade, cada vez mais este caráter de dependência do conhecimento. Esta dependência é evidenciada, pois sob todos os aspectos sócio-econômicos o conhecimento passa a ser utilizado cada vez mais como elemento diferenciador. Cavalcanti (2001) nos traz uma diferenciação adequada da sociedade industrial para a sociedade do conhecimento, explicitada no Quadro 1:

Atributos Modelo de produção Pessoal Tempo Espaço Massa dos produtos

Sociedade Industrial Escala Especializados Grandes tempos de resposta Limitado e definido Tangível

Sociedade do Conhecimento Flexível Polivalentes e Empreendedores Tempo Real Ilimitado e Indefinido Intangível

Q u a d r o 1 _ Características das Empresas da Sociedade do Conhecimento F o n t e _ Centro de Referência em Inteligência Empresarial - COPPE/UFRJ apud Cavalcanti(2001)

A idéia motivadora que centraliza esta discussão é a utilização do conhecimento como nova ferramenta propulsora da competitividade entre as organizações, e que, sendo utilizada de forma adequada, representa uma inovação no processo administrativo.


Gestão do Conhecimento

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Para Gurovitz (2002), o conhecimento é a única vantagem competitiva sustentável na atualidade. No entanto, não é nenhuma novidade a importância do conhecimento para as organizações, o grande diferencial está no modo de administrar este conhecimento. O Conhecimento acumulado pela empresa é um dos principais fatores de crescimento na economia moderna. O chamado capital intelectual veio ocupar o lugar dos tradicionais fatores de produção como a terra, a mão-de-obra e o capital financeiro. A competitividade das organizações passou a ser determinada pelas idéias, experiências, descobertas e a especialização que conseguem gerar e difundir, promovendo o crescimento e a conquista de novos mercados (Marti, J., 1999). Este novo cenário criou novos desafios para os administradores e contadores, que seriam: primeiro, o de desenvolver estratégias e iniciativas para manter, aprimorar, proteger e evoluir todo conhecimento adquirido ao longo do tempo e, por conseqüência, aumentar o capital intelectual, e o segundo trabalhar a volatilidade e a segurança do capital intelectual (Gates, B., 1999). Toffler (1997), ao abordar o posicionamento dos executivos atuais, considera duas linhas de abordagem: os executivos incrementalistas e os executivos radicais. Enquanto os incrementalistas acreditam na continuidade e na formulação de estratégias em linha reta, os radicais visualizam a importância da descontinuidade e a necessidade de estratégias não-lineares. Os executivos da primeira linha de abordagem de Toffler tentam definir, de forma precisa, os problemas e suas estratégias de solução, isolando-os como se fossem dissociados; já os radicais não se utilizam tanto da precisão, mas são capazes de inter-relacionar os problemas e soluções a eles associados. Torna-se claro que as organizações, neste novo contexto em que se encontram, são pressionadas a realizar mudanças em sua estrutura. Ao relatar seu pensamento sobre mudança estrutural, Toffler (1997) prevê que a estrutura de uma organização deve estar apropriada com o seu ambiente externo, pois os diversos fatores


Leda Farias Lessa

A rede cultural da organização e a resistência a mudança Sobre a autora Administradora com Mestrado em Regulação da Indústria de Energia - Professora de Teoria de Administração, Gestão Estratégica e Gestão de Processos no Centro Universitário-FIB.

De uma maneira geral, a palavra mudança, produz sobre o indivíduo, uma reação quase que imediata. Temos nos defrontado com mudanças das mais diversas naturezas. Elas são e continuarão a ser uma constante em nossas vidas. O processo da própria vida envolve uma série de mudanças. A velocidade das mudanças, neste final de século, tem deixado a todos perplexos. Antes, mal se percebiam as mudanças ocorridas nos destinos da humanidade, tal sua lentidão. Hoje, qualquer indivíduo tem que passar por transformações drásticas se quiser acompanhar o ritmo dessas mudanças.


gestão do conhecimento No ambiente de trabalho, o homem sai da sua condição de trabalhador para se transformar em ser eficaz e competente, sua insegurança passa a ser incerteza, a fé se converte em esperança e a lealdade em coragem para correr riscos. Nas organizações, a força das transformações impõe uma nova ordem através de novas tecnologias, novos clientes e novas fronteiras de mercado. De consumidor a clientes, queremos tudo, a qualquer hora em qualquer lugar. As novas tecnologias fornecem tudo mais rápido, melhor e mais barato. Novas fronteiras de mercado, mercados emergentes, no mundo, no país, na cidade. O administrador tem um novo papel a desempenhar na organização: gerenciar pessoas em um processo de mudança. Não é uma tarefa fácil. É muito mais um desafio, pois em qualquer processo de mudança existe uma variável denominada resistência que tem de ser enfrentada pelos responsáveis pela introdução das mudanças. Embora seja um efeito comportamental, estranho e inesperado, tem causas que podem ser compreendidas para minimizar o efeito. A resistência é uma forma de defesa que o indivíduo desenvolve para barrar qualquer alteração no seu meio ambiente, que afeta


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RESPOSTA EMOCIONAL A UMA PERCEPÇÃO POSITIVA As pessoas que percebem uma mudança importante com implicações positivas seguem caminhos de resistências diferentes daqueles que o percebem de forma negativa. Podem se observar cinco fases diferentes de resistência: Otimismo desenformado: entusiasmo baseado em informações insuficientes. Pessimismo informado: as decisões sobre mudanças importantes se baseiam em informações que posteriormente se prova que são inadequadas. Todas as pessoas têm um nível mínimo de pessimismo, se este excede o nível de tolerância, se produz o abandono, o que coloca em perigo o êxito do projeto. Otimismo realista: Se o abandono não ocorre, e os sentimentos pessimistas são expostos abertamente e resolvidos, o pessimismo informado começa a desaparecer. Não é um retorno para a desinformação que tornará “Tudo maravilho”. Existirão outros fatores para gerir. 2 Otimismo informado: a contínua a resolução dos fatores que exercem pressão até gerar um clima de confiança. Assimilação completa: Uma gestão efetiva das percepções pessimistas, finaliza com a predisposição positiva para a mudança. As razões pelas quais as pessoas resistem

2 Iberdrola Curso de Metodología para la Trransformación Empresarial, Bilbao - Espanha, 1998

às mudanças nas organizações são muitas e devem ser combatidas, não de forma isolada, segundo John P. Kotter, no livro Liderando Mudanças algumas são mais urgentes, e podem ser identificadas com antecedência. 3 Falta de visão: A definição da visão deve estabelecer o objetivo básico das mudan-

3 Kotter, John P. HSM Management, Oito erros Fatais, número 11 nov-Dez/98


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ças. É de extrema importância que todos dentro da organização tenham conhecimento da visão futura da organização. Quando não fica clara para os envolvidos, gera incerteza que causa desconfiança. O medo do que pode ocorrer com a proposta de mudança pode trazer mais perturbações que a mudança em si Esse efeito deve ser minimizado com uma intensa comunicação clara e objetiva dos propósitos para diminuir os mal- entendidos. Experiências anteriores: O comportamento disfuncional conjugado ao choque futuro nem sempre se deve apenas à mudança. Normalmente decorre dos efeitos de mudanças múltiplas e sobrepostas. As gerências não buscam informações adequadas que direcionam os acontecimentos. Eles não vêem que todas as mudanças vão afetar as mesmas pessoas da organização. Se não for traçado um quadro de como será a assimilação das mudanças nas pessoas afetadas por múltiplas mudanças pode cair numa armadilha. As múltiplas mudanças causam traumas, principalmente se houver experiências negativas. A capacidade de absorção de mudanças pelas pessoas está diretamente relacionada ao número de mudanças ocorridas. Ausência na direção de comprometimento da direção: Toda mudança bem sucedida está sustentada pelo comportamento dos patrocinadores dessas mudanças. “À medida que o ambiente de trabalho se torna mais complexo, a mudança organizacional demanda mais de patrocinadores, agentes e alvos do que um mero ajuste ou complacência. Independente do seus papéis no processo de mudança, patrocinadores, vencedores, reconhecem o nível de comprometimento necessário para às mudanças que farão seus negócios serem bem sucedidos.”

Esse comprometimento pode ser medido de acordo com o tempo dedicado, recursos, à tolerância, à persistência, lealdade e inventibilidade necessária.


Neide Souza Graça Pinheiro

A Ciência e os Processos Sociais Sobre a autora Especialista em Metodologia do Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação pela Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Professora da Faculdade Integrada da Bahia.

A ciência está exigindo uma nova visão do mundo, diferente e não fragmentada. Essa observação nos leva a pensar historicamente e recordar que, até o final do século XIX, a ciência, em suas concepções, estava fundamentada pelo determinismo que caracterizava a interpretação Newton e Descartes, sobre o mundo. Para eles, o mundo era composto de partes estanques e independentes, assim, cada parte executa a sua função independente da outra, ou seja, se estendermos esse pensamento para as pessoas, é como se estas não sofressem interferência do meio durante sua vida. A partir deste período e no início do século XX, surgem novas teorias para confrontar as teorias deterministas, que nos levam a pensar no mundo como um sistema aberto e cada evento ocorrido, como fator determinante de outro evento, ou seja, essas novas teorias nos conduzem a um pensamento sistêmico e inter-relacional.


Filosofia da ciência De acordo com Ponczeck (2002), desde os primórdios da vida, com a necessidade de se organizar socialmente, o homem iniciou sua escalada científica: da necessidade de se comunicar, cria os códigos que mais tarde viriam a transformar-se na escrita, que influencia as relações sociais e o modo de pensar do indivíduo. Da necessidade de comercializar seus bens, surge o sistema de contagem, dando origem aos símbolos que viriam mais tarde estruturar a linguagem matemática. Ao iniciar o processo de organização social, o homem busca, então, formas de estabelecer um tempo social, baseado em eventos sociais, e não somente naturais. Com o desenvolvimento da sociedade estabelecida, surge a necessidade de expandir-se pelo mundo, tinha o homem então que construir casas e templos desenvolvendo então as máquinas simples como alavancas, catapultas entre outras. Com a expansão que se estabelecia, os homens passam então a disputar espaços, originando as guerras e com elas os estudos sobre balística e desenvolvimento estratégico. Esses e outros eventos sociais foram aos poucos, determinando o surgimento de áreas específicas do conhecimento científico da humanidade. Essa relação íntima entre a dinâmica social e as teorias científicas, especificamente com as teorias da Física Moderna, é fator


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preponderante para a busca de referenciais que possibilitam o entendimento dos processos sociais contemporâneos emergentes. Seguindo essa trilha histórica surge, então, um questionamento: como as teorias da física moderna, podem estar relacionadas a fatores determinantes do modo de agir, pensar e conviver socialmente na atualidade?

As primeiras idéias sobre o mundo físico. Desde a antiguidade, a ciência e seus pensadores foram elementos importantes no contexto social. Na Grécia, berço da comunidade científica do ocidente, Aristóteles, apoiado nas idéias de Platão, comunicava ao mundo teorias sobre o universo que encantaram a humanidade durante séculos. Aristóteles concebia dois tipos de movimento: os naturais, provocados por elementos internos e os violentos, que tinham por causa sempre, agentes externos ao corpo que se movimentava. Para ele, os corpos se moviam na busca pelo seu lugar natural. Dentre as áreas de atuação de Aristóteles, estão a metafísica, a física, a biologia, a química e outras. De acordo com Aristóteles, a causa maior do movimento é a busca do repouso divino, ou seja, na busca da perfeição divina os seres reproduzem-se em ciclos contínuos buscando a eternidade, (Abrão, 1999). Aristóteles elabora a noção de mundo sensível, onde as coisas se transformam continuamente, descrevendo dois estágios do ser: o ato, ou seja, o que ele representa agora, e a potência que indica o ser transformado, mas não modificado na sua essência. As idéias na ciência, nem sempre puderam ser expostas, pois por estarem sempre relacionadas a questões da existência humana, deveriam passar pelo crivo dos que detinham o poder. A Europa, na Idade Média era regida pelo sistema feudal que subjugava os mais pobres, camponeses, em função dos senhores donos das propriedades. Neste período, dominado pelo Teocentrismo, era a Igreja quem dominava as idéias da sociedade, quem legislava sobre tudo, ou seja, não só a religião, mas, também a cultura, a política, a ciência influenciando direta e indiretamente a conduta


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ser que algum agente externo o induza a mudá-lo. Por apoiar as idéias de Copérnico em relação ao heliocentrismo, segundo Ponczek (2002), Galileu foi condenado pela inquisição, não morrendo na fogueira devido à idade avançada. Após toda a revolução provocada pelas idéias de Copérnico, Kepler e Galileu, surge, no mundo científico uma nova forma de pensamento que viria a ser denominada de Iluminismo. Essa nova fase do pensamento científico tem, como precursor, René Descartes que estabelecia para o universo um modelo matemático divino, ou seja, Deus criou tudo de forma precisa cabendo ao homem, descobrir como. Foi Descartes um racionalista convicto autor da famosa frase: Penso, logo existo, frase esta que retrata a soberania da razão sobre a emoção, típica do iluminismo. Para Descartes o mundo funcionava como um relógio composto por pequenas partes, e que do funcionamento destas partes isoladamente, dependia o funcionamento global do relógio. A parte pelo todo, para ele, a natureza funcionava como uma máquina perfeita, regida por leis matemáticas. Isaac Newton foi o primeiro cientista a escrever com precisão a indução do movimento provocado por agentes externos aos corpos, conseguindo finalmente estabelecer uma diferença entre força e massa, descrevendo a força gravitacional e sua influência no movimento dos corpos. Newton conseguiu reunir todas as suas teorias em um tratado que viria a constituir o mais perfeito escrito sobre as leis de movimento até então estudadas, o Princípios Matemáticos da Filosofia Natural, base de toda a Física Clássica. As teorias de Newton sobre o movimento, fundamentada nas três leis da Dinâmica, ou seja, a lei da inércia, a lei da proporcionalidade entre aceleração e força e a lei da ação e reação, juntamente com a lei da gravitação universal, estabeleceram para o mundo, durante séculos, tudo o que poderia existir a respeito do movimento. Através delas, todo movimento poderia ser descrito com precisão e poderia se saber em qualquer instante qual a localização e a velocidade de um corpo em movimento. De acordo com Ponczek (2002), estas leis foram um marco no que se chama


Ermelinda Gannen Silveira*, Francisco Pereira Fialho**, Roseli Amado da S. Garcia***

Analisando o espaço criativo da mente como parte integrante de um Sistema Adaptativo Complexo Sobre os autores (*) Formação em Medicina , Pós-graduação em Psicoterapia Junguiana, mestranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento- UFSC. (**) (***) Formação em Educação Artística – Hab. Artes Plásticas, Mestre em Artes Visuais , doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento UFSC –SC


Filosofia da ciência Introdução Sabe-se que o homem com sua enorme capacidade de raciocinar e refletir sobre seus atos, busca conhecer a realidade em que está inserido, agindo sobre a mesma, num eterno agir e refletir (MATURANA; VARELA, 2004)

O fenômeno da cognição pose ser explicado, dentro de uma visão ecosófica da cognição, como, sendo, primeiro, uma função biológica, que acontece no interior do sistema vivo, mantendo sua organização diante das perturbações que sofre; segundo, como um processo pedagógico, que resulta do histórico de inserção e aclopamento do sistema ao seu ambiente externo e, por último, por uma episteme da observação, que reúne os pressupostos e raciocínios utilizados pelo observador do fenômeno. (SILVA apud FIALHO, p. 15, 2001, grifos do autor)


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Fialho (2001, p. 15) nos diz que “ É essa articulação entre o biológico e o cultural que faz emergir uma episteme, uma forma de ver, pensar e explicar o mundo”. Nesta busca pelo conhecimento da realidade, temos trilhado um longo percurso até chegarmos à nossa contemporaneidade e a ciência tem se pautado na resolução de problemas, no conhecimento mais aprofundado dos fatos. Atualmente, a criatividade, a emoção, a imaginação apresentam-se como temas relevantes, pois o encontro de soluções inovadoras e originais apresenta-se a cada dia mais necessária para nossa sociedade. Laurentiz (1991) subdivide os períodos da humanidade, a partir da Idade Média até os dias de hoje, da seguinte forma: a) Período Místico: Idade Média (séc. V ao séc. XV); b) Período industrial materialista, do séc. XVI aos nossos dias. O Período industrial materialista compreende as seguintes subdivisões: do século XV a meados do século XVIII: o ciclo pré industrial; do século XVIII a meados do século XX: o ciclo industrial mecânico; meados do séc. XX: o ciclo eletrônico. Cada um desses períodos da história da humanidade, construiu uma forma de perceber a realidade, um paradigma 1. Vivemos atualmente na era dos sistemas (BOSCO, 2005). O homem experimenta assim uma otimização e ampliação de algumas de suas funções cerebrais por meio da utilização do computador e da telemática. Estamos apresentando estes períodos no sentido de evidenciar a eterna busca pelo conhecimento e domínio da natureza pelo homem, conhecimento que a partir do século XVII (Ciência Moderna) imprimiu na humanidade uma forma de perceber a realidade pautada por algumas características, a saber: reducionismo, fragmentação, mecanicismo, racionalismo. Passamos

1 Utilizaremos a definição de Backer citado por Alves (anotações de aula, 2005): um conjunto de regras e regulamentos (escritas ou não) que faz duas coisas: 1- estabelece ou define limites; 2- diz como devemos nos comportar dentro desses limites para sermos bem sucedidos.


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a perceber a realidade como um todo fragmentado, buscando compreender este fragmento sem, contudo estabelecer relações com as outras partes e o todo. (CAPRA, 1997). O universo newtoniano era, de fato, um gigantesco sistema mecânico, que funcionava de acordo com leis matemáticas exatas. (CAPRA, 1997, p.58).

No século XIX foram descobertos os fenômenos elétricos e magnéticos, e a teoria da evolução das espécies foi formulada por Charles Darwin (1809-1882), prenunciando as transformações que ocorreriam no século XX. Todo o conhecimento científico elaborado passava por esta busca da verificação dos fatos a partir do estudo das partes de um fenômeno. Este método mostrava-se bastante eficaz nas ciências naturais, mas com relação às ciências biológicas, para os estudos dos seres vivos, mostrou-se incompleto. O primeiro cientista a observar tal fato foi Ludwig von Bertalanffy (1901-1972) biólogo alemão, que a partir da década de 20 propôs a Teoria Geral dos Sistemas, divulgada depois da Segunda Grande Guerra. (LITTLEJOHN, 1988) A pesquisa aqui apresentada teve como objetivos apresentar os estudos de R. D. Stacey sobre a mente, mais especificamente o espaço criativo, como um sistema adaptativo complexo. Para isto realizamos uma revisão teórica sobre a Teoria Geral dos Sistemas, assim como a Teoria da Complexidade, e a Psicanálise, tendo como referenciais os estudos de M. Klein, D. W. Winnicot e C.G.Jung . Apresentamos uma abordagem introdutória sobre o tema escolhido, possibilitando aprofundamentos posteriores, buscando criar uma ponte que possa unir a complexidade e a psicologia profunda.

A Teoria Geral dos Sistemas De acordo com Bertalanffy, esta teoria tem por finalidade identificar propriedades, princípios e leis dos sistemas em geral, inde-


José Afonso Ferreira Maia

Avaliação sócio-econômica de políticas públicas: um estudo de caso Sobre o autor Professor Titular do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas – DCIS da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS e Ph.D em economia pela Clark University – USA.

Sobre o artigo Este artigo resume um estudo, proveniente do Contrato No. 07/2004, celebrado entre a AST Consultoria e Planejamento Ltda. e a Fundação Mário Leal da Secretaria Municipal de Salvador – Ba. (SEPLAM), sob a coordenação de José Afonso Ferreira Maia.


Política Pública Contextualização. As políticas públicas, especialmente, nos paises com regimes democráticos fracos e/ou emergentes, tem sido concebidas, implementadas e executadas, em geral, ora com objetivos eleitoreiros, ora justificadas com base em avaliações subjetivas dos tomadores de decisão, quanto aos benefícios a serem auferidos pela população público alvo. A partir dos meados da década de 90, iniciam-se no País, especialmente, quando financiados por organismos internacionais, particularmente, Banco Mundial (BIRD) e Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), os estudos de viabilidade econômica e financeira, bem como dos impactos distributivos dos custos e benefícios à população, nos extratos de baixa renda – um certo tipo de avaliação social – a exemplo dos projetos de infra-estrutura, sistemas de saneamento básico (água e esgotamento sanitário), dentre outros. Recentemente, tais estudos vêm sendo estendidos para os investimentos em programas de requalificação urbana (drenagem, pavimentação dos logradouros, reassentamento, proteção ao meio ambiente, dentre outros). Procura-se, assim, avaliar a sus-


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tentabilidade dos projetos do ponto de vista econômico, financeiro e social, de modo a garantir um melhor uso de destinação dos recursos públicos, extremamente, escassos, dado à diversidade de demandas por bens públicos e quase-públicos 1 das populações deste país. Espera-se, portanto,

que os governos, em seus diversos

níveis, dêem seqüência a esta prática de avaliação, ex ante, das políticas de investimento público, com base em metodologias aceitáveis nos meios acadêmicos e técnicos profissionais, tão comuns, nos paises democráticos e desenvolvidos. Este artigo, corresponde uma primeira etapa do estudo de viabilidade econômica, financeira e social do Programa de Corredores Turísticos da Prefeitura de Salvador enquadrado no PRODETUR II Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS) - e financiado pelo Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID), com repasse do Banco do Nordeste S/A.

Abordagem metodológica O estudo contempla: (i) realização de grupos focais; (ii) aplicação de questionário para avaliar a opinião pública e; (iii) estimação do grau de adesão da população ao projeto e finalmente; (iv) estimativas da disposição a pagar (DAP), que servirá de base para subsidiar o estudo de viabilidade econômica e financeira dos projetos. O universo da amostra é a população de Salvador e de turistas, público alvo a ser be-

1 Bens públicos são aqueles consumidos pela população, mas, cuja quantidade consumida é difícil ou impossível de ser quantificada e a ela ser atribuída um preço, ou seja, que não passa pelo mercado, tais como: os serviços de segurança pública, a iluminação de uma rua; ou um bem negativo (um mal) a exemplo da poluição no meio ambiente. Bens quase-público, são aqueles que embora seu consumo possa ser quantificado para cada indivíduo, seu custo ou preço do consumo é calculado por extratos de consumo para diferente extratos de renda, tais como o consumo de energia, água, dentre outros. Ambos, não se trata de bens que devam ou são, necessariamente, produzidos pelo setor público; muito deles são e podem ser produzidos pelo setor privado físico ou jurídico, a exemplo do crime – um mal público ou bem que produz um benefício negativo mas um custo positivo.


Política Pública

neficiada direta e/ou indiretamente pelos projetos, desmembrada em: (i) residentes nas áreas dos projetos; (ii) residentes de outros bairros de Salvador; (iii) turistas. O estudo foi realizado, separadamente, para os trechos da Barra e Ondina / Rio Vermelho.

Grupos focais A técnica de grupos focais vem, desde a década de 80, conquistando um lugar privilegiado nas mais diversas áreas de estudo do comportamento humano. Tal crescimento foi, em larga medida, impulsionada pela pesquisa de mercado que re-elaborou tal técnica, com o objetivo de captar os anseios dos consumidores, através da definição de padrões a serem seguidos pelas empresas em seus projetos para futuros lançamentos de produtos. Os resultados foram tão positivos que a técnica recebeu novo alento nas ciências sociais, especialmente, para avaliar a reação da população a partir de cenários alternativos de potenciais eventos políticos, econômicos e sociais, bem como eventos de fenômenos naturais. Dentre as justificativas para o crescente uso desta técnica, podem ser pontuadas, em primeiro lugar, sua pertinência em pesquisas qualitativas, nas quais se pretende explorar, tanto um ponto especial, como fazer emergir visões de mundo ou de determinados temas, ou ainda, quando se quer entender, em profundidade, um comportamento dentro de um grupo específico ou formado por diversos seguimentos da população público alvo. A reflexão expressa através da “fala” dos participantes, permite que eles apresentem, simultaneamente, seus conceitos, impressões e concepções sobre determinado tema. Em decorrência, as informações produzidas e aprofundadas são de cunho essencialmente qualitativo, mas que quando quantificadas, através de índices ou freqüências, ajudam a avaliar tendências de avaliações comportamentais. Em relação aos projetos em foco, a técnica de grupos focais foi utilizada para aprofundar o entendimento sobre como a área de intervenção é percebida pelo público pertencente à sua influência imediata e pelos demais moradores da cidade de Salvador. Pro-

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curou-se salientar o seu significado simbólico e afetivo, a forma concreta de apropriação/uso destes espaços e as expectativas e sentimentos em relação à intervenção proposta. Precedendo as discussões, cada grupo pode apreciar as ilustrações sobre o projeto, para o quê foram utilizados stands ou painéis de fotografias dos principais pontos desse corredor turístico, nos dois trechos da orla, contrastando-as com as respectivas fotos atuais com os dos dois cenários projetados. A pesquisa de grupos focais, ademais de fornecer elementos qualitativos e quantitativos para uma avaliação social dos estudos de viabilidade econômica e financeira de projetos públicos, permite subsidiar e orientar a pesquisa de campo, especialmente, para a aplicação do método de avaliação contingente, para estimação da disposição a pagar (DAP), bem como para a formulação do estudo da distribuição pagamento deste projetos pelos diversos seguimentos da população. Salvo as questões pontuais, emergidas na dinâmica de grupo, buscou-se, inicialmente, ouvir dos participantes a respeito dos seguintes principais pontos: do tipo de relação que eles costumam manter com a área do projeto; a freqüência que visitam ou circulam nas duas áreas em foco; a motivação de freqüentar a área e; quais as suas impressões sobre estes espaços. Foram realizadas pesquisas focais com os seguintes grupos: (i) empreendedores da área de influência direta. Constituído de lojistas de roupa e acessório, donos de bar e restaurante, prestadores de serviço de hotelaria, prestadores de serviços diversos. Entre os empresários da área de influência direta, os projetos já eram conhecidos, alguns membros do grupo chegaram mesmo a participar de encontros anteriores, quando foram realizadas apresentações públicas das obras e benfeitorias pretendidas para as duas áreas. Neste grupo, o sentimento inicialmente expresso era descrédito. (ii) moradores da área de influência direta por faixa etária. Consideraram-se os seguintes estratos de faixa etária: de 18 a 25 anos; de 26 a 35 anos; de 36 a 45 anos; acima de 45 anos.


Política Pública

Análise de variância Nesta seção foi elaborada uma análise comparativa, entre as categorias de sexo, faixa etária e renda da população residente, com o objetivo de inferir a existência de diferenças significativas quanto à avaliação do projeto, com respeito as DAP’s. O método da análise de variância permite fazer comparações inferidas das amostras com base na hipótese nula (Ho): de que não existem diferenças quanto aos valores das DAP’s entres estas categorias, utilizando a distribuição Qui-Quadrado (X 2) para testar a hipótese nula contra a hipótese alternativa (H1) de que existem diferenças. O teste foi aplicado com 95% de grau de confiança, ou alternativamente com um erro de 5% (α = 0,05) para um lado da distribuição (X2), definida entre o intervalo de 0 a ∞ . Observando-se, descritivamente, a Tabela 3 tem-se que as DAP’s de R$1,00 a R$15.00 apresentam nas linhas diferentes números de entrevistados que aceitariam a pagar tal valor. Por exemplo, na

Número de entrevistados Dispostos a pagar (por sexo) Valor Oferecido

Barra Feminino Total Paga

Masculino P/T

Paga Total

Feminino P/T

Total Paga

Masculino P/T

Total Paga

P/T

R$ 1,00 R$ 2,00 R$ 3,00 R$ 4,00 R$ 5,00 R$ 6,00 R$ 7,00 R$ 8,00 R$ 10,00 R$ 15,00 Total Global Gl = 27 Ta b e l a 3 _ Disposição a Pagar por Sexo

2

X = 26,37

Gl = 27

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Jader Cristiano Magalhães de Albuquerque

Do Fenômeno da Convergência das Mídias ao Alinhamento Estratégico. Outras Perspectivas para Compreensão. Sobre o autor Especialista em Educação e Novas Tecnologias pela UNEB e Mestre em Adm pela UFBA. Professor da UNEB no Curso de Analise de Sistemas e do curso de pós-graduação do NETI - Núcleo de Tecnologias Inteligentes. Professor do Instituto de Ensino Superior UNYAHNAE Faculdade Ruy Barbosa. Tem desenvolvido trabalhos como consultor na área de Estratégia e Tecnologia da Informação.


Tecnologia da Informação Introdução Tecnologia da Informação (TI) é uma expressão que se firmou a partir de 1980, em substituição a termos consagrados como processamento de dados e informática (LAURINDO, 2002). Neste contexto, a TI inclui os elementos físicos do computador também identificados como hardware, englobando infra-estrutura de redes, telecomunicações e demais periféricos computacionais. Além destes, a TI representa os elementos lógicos do computador conhecidos como softwares ou programas, envolvendo, então, bancos de dados, aplicações gerenciais, programas de computação gráfica e os programas para integração de redes de computadores. Para Stair (1998) e Laudon & Laudon (1996), a TI está inserida em um contexto mais amplo, definido como Sistemas de Informações (SI). SI corresponde, segundo os referidos autores, a um conjunto de processos, rotinas, pessoas e recursos computacionais que interagem entre si, de forma sistêmica, com o objetivo de coletar, transformar, armazenar e disponibilizar dados e informações. Os Sistemas de informação podem ser classificados em três ma-


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e beneficiamento da terra e para o trabalho artesanal. As trocas econômicas ocorriam baseadas nos valores agrários assim como a organização das classes sociais. A força motriz era, sobretudo a humana e a animal, as mudanças e transformações eram pouco perceptíveis. A sociedade viveu esta etapa desde a formação dos primeiros clãs até a idade média feudal. A segunda onda, denominada Sociedade Industrial, firma-se após a revolução francesa e é caracterizada pela ênfase nos bens de capital, no uso da força mecânica movida por combustíveis fosseis para gerar a produção de bens de consumo. Nesta etapa toda a sociedade se organiza em torno dos grandes centros industriais e a população se urbaniza. Os conceitos de empresa e administração clássica surgem da necessidade de coordenar o uso de um grande volume de insumos, pessoas e máquinas localizados em um mesmo espaço ao mesmo tempo, em contraposição ao modelo agrário e artesanal da onda anterior. Ainda neste período, os primeiros estudos científicos desenvolvidos destacadamente por Taylor, apontam para uma estrutura organizacional fortemente hierarquizada, fragmentada e controladora. A fim de garantir um desempenho econômico positivo, esta monitoração, exercida em todas as etapas produtivas, ocasionaram o surgimento de uma estrutura administrativa, burocrática para tratar e convalidar toda a informação gerada pelos mecanismos de controle. Assim, o grande instrumento de gerenciamento da era industrial passa a ser a informação, enquanto o ícone máximo é a produção em massa, em volumes cada vez maiores, disponibilizados em um tempo menor. Neste cenário, a velocidade das transformações econômica e social se acelera no ritmo da produção. A terceira onda surge quando, em pesquisa realizada em 1951 nas maiores indústrias americanas, se verificou que menos de 50% dos colaboradores estavam lotados em funções relacionadas diretamente à linha de produção, enquanto mais da metade estavam exercendo atividades administrativas, ou seja, lidando com a informação. Toffler (1982) toma este marco para pontuar o início da Sociedade da Informação. Desta forma, desde a se-


Tecnologia da Informação

que para se obter maximização nos resultados dos investimentos em TI é necessário, antes de tudo, adequar-se os componentes estruturais às estratégias da organização, segundo Handerson & Venkatraman (1993), a estrutura e a estratégia da organização seriam divididas em duas grandes áreas: A área de negócio e área de TI. Nos parágrafos seguintes, serão apresentados autores que corroboram com esta tese descrevendo o que seria o embrião dos estudos sobre o alinhamento estratégico, os modelos apresentados demonstram a vastidão do enfoque dado à relação entre estratégia de TI e estratégia de Negócio. Sob uma ótica estratégica, para Morton (apud GRAEML, 2000), a adoção da TI implica na revisão dos processos, da estrutura, da estratégia e da cultura organizacional a fim de se atingir o máximo do potencial tecnológico, sob pena de obter uma situação de automatização do caos. Para tanto, o referido autor, desenvolveu um modelo para descrever o equilíbrio organizacional levando em consideração a TI, a estratégia e a relação entre o ambiente interno e o externo descritos na Figura 3.

Ambiente de tecnologia externo Estrutura

Estratégia

Processos de gerenciamento

Tecnologia

Papéis individuais Ambiente socioeconômico externo F i g u r a 3 _ Modelo para equilíbrio organizacional. F o n t e _ Graeml, 2000.

Fronteira da organização

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