Os pacientes necessitam de acompanhamento com ecocardiograma para identificação precoce de lesão de coronárias, requerendo assim, terapia anticoagulante. Destaque para alguns pontos importantes com relação a MIS-C: 1) É uma manifestação pediátrica incomum, embora descrita em diversos países; 2) Atualmente é uma das condições clínicas em que a sorologia para SARS-CoV-2 é valorizada para o diagnóstico; 3) Os marcadores inflamatórios devem ser sempre solicitados como PCR, d-dímero, troponina, ferritina; 4) O acometimento cardíaco é frequente. Complicações como aneurisma de coronária podem ocorrer, tal qual observado na DK logo recomenda-se rotineiramente a realização de ecocardiograma; 5) Os sintomas gastrointestinais são mais frequentes nessa forma de apresentação clínica que os tradicionais sintomas respiratórios da COVID-19; 6) Até o desenvolvimento de protocolos mais específicos, as drogas anti-inflamatórias, em especial o corticosteroide e a imunoglobulina, devem ser considerados; 7)Para o diagnóstico de MIS-C é necessário a exclusão de outras entidades diagnósticas que podem se manifestar de forma semelhante.
1.7. Considerações Finais Em 2020, a COVID-19 passa a integrar o panorama da saúde infantil em todo o mundo, com sérios impactos diretos e indiretos para essa população. É evidente que não pretendemos com essa discussão desconsiderar a complexa situação da agenda de saúde pública infantil, na qual algumas doenças infecciosas, a desnutrição e os agravos à saúde perinatal, infelizmente, ainda ocupam espaço de destaque e concorrem com a forte presença das anomalias congênitas. Agrega-se ao cenário, o desafio da vulnerabilidade social: segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017, 23,4 milhões de crianças entre 0 e 14 anos de idade viviam na pobreza. As taxas de mortalidade infantil ainda são consideradas elevadas e acredita-se que somente em 2030 o Brasil alcançará o nível abaixo de 10 mortes para cada mil nascimentos, aceitável pela OMS. O espectro da apresentação clínica na infância e adolescência é amplo e inclui uma miríade de sinais e sintomas com envolvimento de órgãos e sistemas variados, desde a forma assintomática até uma apresentação muito grave como a MIS-C que requer hospitalização e cuidados intensivos. Desde os primeiros estudos publicados pelos chineses e posteriormente pelos europeus e norteamericanos, a literatura aponta de forma marcante e consistente que as crianças raramente experimentam a forma grave dessa doença, diferentemente dos adultos. As razões para essa conformação não estão
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