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1948-1956: De volta à ilegalidade, resistência e um novo programa para o Brasil
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1 A CASSAÇÃO DOS COMUNISTAS
No dia 7 de maio de 1947, após uma batalha judicial, o PCB teve seu registro cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A exclusão dos comunistas do sistema político-partidário culminou, em janeiro de 1948, com a cassação dos mandatos de todos os parlamentares que haviam sido eleitos pelo PCB
Caio Prado Júnior e João Taibo Cadorniga (assinalados), ambos deputados estaduais do PCB em São Paulo, coletando assinaturas. O governo Dutra ameaçava passar por cima da Constituição para intervir em São Paulo, enquanto o registro e os mandatos comunistas passavam por processos de cassação
Dez de janeiro de 1948: a bancada comunista denuncia a cassação: na foto, Abílio Fernandes (esq.), José Maria Crispim, Francisco Gomes e Gregório Bezerra
Ilustração do jornal A Classe registra a luta contra a cassação dos mandatos comunistas
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Dutra, ladeado por seus ministros, sanciona a cassação; consuma-se o golpe iniciado quando o TSE anulou o registro do PCB
REPRESSÃO E PRISÕES
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Invasão e empastelamento do jornal do Partido, O Momento, em Salvador Prisão de Joaquim Câmara Ferreira. São Paulo, 28/9/1950
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A polícia invade comitê eleitoral de Pedro Pomar e Rui Barbosa Cardoso, comunistas lançados pela legenda do PRT. São Paulo, setembro de 1950. No destaque, os cartazes que aparecem colados na parede do prédio
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Gregório Bezerra preso logo após a cassação dos mandatos comunistas. Acusado falsamente de cometer atentado contra um quartel
15 Ficha do ator e radialista Mário Lago na Divisão de Polícia Política e Social (DPS); A opção pela militância comunista fez com que fosse preso em sete ocasiões: 1932, 1941, 1946, 1949, 1952, 1964 e 1969
14 Policiais exibem bandeirolas comunistas apreendidas no Rio de Janeiro em dezembro de 1950
Sá Carvalho e Gomes da Silva, membros do Movimento dos Partidários da Paz, presos em março de 1952; abaixo, o Tribunal Militar julga oficiais (esq.) e policiais acusados de comunismo
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MASSACRES DO GOVERNO DUTRA
Acima, foto da tecelã Angelina Gonçalves assassinada no Primeiro de Maio de 1950 na cidade de Rio Grande (RS). Com ela tombaram mais três trabalhadores: Euclides Pinto, Honório Alves de Couto e Osvaldino Correia. Abaixo, retrato ilustrado de três dos quatro operários assassinados na chacina ocorrida na cidade de Livramento (RS) em 24 de setembro daquele mesmo ano. Os mortos eram Abdias Rocha, Aladim Rosales, Aristides Correa e Ary Kulmann
Ilustração do artigo Honremos os heróis de Rio Grande, no jornal Voz Operária que noticia o massacre
Setembro de 1949. Massacre de Tupã (São Paulo) no qual morreram três comunistas: Miguel Rossi, Afonso Marma e Pedro Godoy
William Gomes, líder na mina de Ouro Velho, vereador comunista (Nova Lima, MG), assassinado diante de centenas de testemunhas (1948)
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19 A CAUSA DA PAZ
A luta pela paz ocupa imenso espaço na agenda do Partido Comunista dos anos 1940-1950, num quadro mundial de Guerra Fria; aqui, uma amostra da propaganda neste front
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Apelo de Estocolmo pela proibição das armas nucleares, manuscrito por Prestes; assinaturas em seu apoio colhidas em Minas e bônus da campanha em Caratinga (MG)
RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Voz Operária (outubro) de 1949 celebra o triunfo da Revolução Chinesa; abaixo, cartaz chinês da Guerra da Coreia
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Mário Alves visita a China (1956)
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Honório Cavalcanti discursa pela paz na Praça Vermelha, 1953
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Delegação do PCB no cruzador Aurora
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João Amazonas se reúne com delegações presentes ao 9º congresso do PC da Tchecoslováquia em 1949
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No mesmo congresso Arruda se reúne com Palmiro Togliatti (de óculos) (secretáriogeral do PC da Itália), e Klement Gottwald (secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia) durante o Congresso do PC Tcheco
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Elisa Branco, costureira paulista, 38 anos, condenada à prisão por erguer uma faixa no 7 de Setembro (de 1950); uma campanha nacional a liberta e ela recebe o Prêmio Stálin da Paz; à esq. Elisa na capa da revista Momento Feminino Movimento pela Proibição das Armas Atômicas (1950)
Acima, nota da Imprensa Popular destaca bilhete do escritor Pablo Neruda em apoio à libertação de Elisa; ao lado, desenho do jornal Voz Operária Passeata de jovens em Niterói (RJ)
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MULHERES
Acima, delegadas ao congresso que funda a Federação de Mulheres do Brasil (FMB), em maio de 1949, no Rio; um marco no trabalho feminino do Partido; a FMB elege como presidente Alice Tibiriçá (na foto em destaque) Comissão Patrocinadora da 1ª Conferência Latino-Americana de Mulheres (400 delegadas), realizada no Rio
Momento Feminino foi o primeiro periódico apoiado pelo Partido para o movimento de mulheres. Circulou de 1947 a 1956; à direita, ilustração de capa de uma de suas edições
39 38 Cartaz da Federação
Polícia reprime atividade da FMB em São Paulo
Arcelina Mochel foi uma das mais destacadas lideranças políticas do PCB nas décadas de 1940 e 1950, por sua militância à frente do movimento de mulheres, das lutas populares e da imprensa de esquerda
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Pichação comunista em muro de São Paulo protesta contra ameaça de intervenção de Dutra
Roberto Morena, ex-líder da Confederação dos Trabalhadores do Brasil (CTB), visita refeitório operário; ele é o único deputado federal comunista eleito em 1950, na sigla do PRT
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Em 1954 o PCB elege deputado federal (na legenda do PRT/DF) o advogado Bruzzi Mendonça, que em 1957 deixa o Partido
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Mais candidatos a deputado sob outras legendas: Ramiro Lucchesi, líder da CTB, em São Paulo, 1954; Armando Frutuoso, trabalhador da Light (torturado até a morte em 1975), no Distrito Federal, 1950 Abaixo, Lincoln Oest, dirigente do PCB, no panfleto de candidato no estado do Rio, 1954 (sob outra legenda), e, ao lado, na ficha do Dops; será assassinado na tortura em 1972
Getúlio em charge de Augusto Rodrigues (no espelho) e na ácida caricatura da Voz Operária (abaixo)
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A Voz vê na eleição de Vargas a “mera substituição de um Dutra por outro Dutra”; é a linha do Manifesto de Agosto, que faz o PCB pregar o voto em branco na disputa presidencial de 1950
Publicações editadas por comunistas no período; o semanário Para Todos contou com a colaboração de Jorge Amado e Oscar Niemeyer
O secundarista Dynéas Aguiar começa sua militância política no movimento estudantil em 1950. Foi presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas e duas vezes presidente da União Nacional dos Estudantes Secundaristas (UNES), entre 1953 e 1955. Naquela época, a direita estudantil havia se apropriado da sigla UBES
Em 1949 o governo Dutra fecha o jornal do Partido, A Classe Operária; no lugar deste surge Voz Operária; na cisão de 1962, o PC do Brasil relançará A Classe; já o PC Brasileiro usará Voz como órgão central; em primeiro plano, o menino jornaleiro símbolo da Voz
Foto de capa da Voz Operária registra a pichação-monstro na escarpa do Morro Dois Irmãos, no Rio de Janeiro, pelos 70 anos de Stálin (1949), obra da montanhista e comunista Elza Monnerat (que será presa e torturada na Chacina da Lapa, 1976); muitos cariocas passam a chamar o Dois Irmãos de “Morro Stálin”
A morte de Stálin, em 5 de março de 1953, na Voz Operária e na Folha da Manhã, antecessor da Folha de S. Paulo
O Partido reflui, mas resiste. Dirige as lutas dos trabalhadores, que ganham impulso com o fim do governo Dutra. Está à frente da greve geral de 1953 em São Paulo, que começa com uma passeata de oito mil têxteis, paralisa 300 mil trabalhadores, dura um mês e triunfa. A onda de greve começou em 1951, quando 264 mil trabalhadores participaram de greves. Em 1952, esse número subiu para 411 mil e, em 1953, chegaria a 800 mil
Na capa da Voz Operária foto registra o momento em que o comando da greve anuncia a vitória; na foto ao lado, grevista preso
Comunistas que lideram a greve de 1953: a jovem tecelã Maria Salas (acima); Antônio Chamorro, com a família no 1º de Maio; e Ângelo Arroyo, 24 anos, na carteira do Sindicato
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Panfleto do PCB contra o entreguismo e boneco usado na campanha
Ato na Faculdade de Direito da UFRJ; fala Roberto Gusmão, da UNE, entidade que vanguardeia a campanha O Petróleo é Nosso
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Ato de criação do Centro de Estudos e Defesa do Petróleo, em 1948, na ABI, Rio de Janeiro. No painel, homenagem ao ex-presidente Arthur Bernardes, uma das vozes em defesa do monopólio estatal do petróleo
Getúlio Vargas na refinaria de Mataripe, Bahia, em clássica foto com a mão manchada de petróleo. A foto é de 1952, um ano antes da criação da Petrobrás
1954: mulheres protestam contra a carestia
Trabalhadores exigem reajuste do salário-mínimo, que Dutra congelou por quatro anos A Convenção pela Emancipação Nacional (1953) é uma iniciativa de frente, de comunistas e outros setores, inclusive militares; ao lado, ilustração publicada na Voz Operária
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Cortejo fúnebre de Vargas conduz o corpo do Palácio do Catete ao Aeroporto Santos Dumont
Edição extra do Última Hora, getulista, e caricatura de um Getúlio servil num artigo do jornal comunista Voz Operária, a um mês do suicídio do presidente
Acima, quebra-quebra na Cinelândia, Centro do Rio. Ao lado, a imprensa do partido, colhida de surpresa pelo 24 de Agosto, tenta explicar a explosão de revolta popular
FINANÇAS, AGITAÇÃO E PROPAGANDA Cédulas, medalhas e selos usados na ação de finanças do Partido; Prestes é a figura pública de maior relevância
As cédulas, de 1952, são bônus da campanha de finanças em comemoração aso 30 anos de fundação do Partido; as moedas e selos arrecadaram recursos para a realização do 4º Congresso do PCB, em 1954
4º CONGRESSO
O 4º Congresso do PCB (novembro de 1954) ocorre “em algum lugar do Brasil”; clandestino, não é fotografado mas a Voz publica esta ilustração; ao lado, o Projeto de Programa, que teve “apenas” 4 milhões de exemplares distribuídos
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Os dirigentes que assinam os informes ao Congresso, em desenhos da imprensa do Partido:
Arruda (Programa)
Marighella (campanha eleitoral) Grabois (agitação e propaganda)
Prestes (informe político) Amazonas (Estatuto) Outras publicações sobre as resoluções do 4º Congresso
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Nas ruas, cartazes da campanha eleitoral de 1955 mostrando JK e Jango “unidos pelos ideais de Getúlio Vargas”
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Cartaz indica o apoio do PCB a JK e Goulart na eleição de 1955; a aliança não pode ser em nome do Partido, sempre mantido na ilegalidade
Capa do jornal do Partido no momento da posse de JK: cobranças
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Voz Operária de novembro de 1955 denuncia o movimento golpista que tentou impedir posse de Juscelino e Jango
JK (esq.) com seu vice, João Goulart, também um fiador junto aos trabalhadores
Primeira Liga Camponesa de Francisco Julião, no Engenho Galileia, 1955: o nome vem do trabalho camponês do PCB, que cria Ligas desde o fim do Estado Novo
José Porfírio (assinalado), com posseiros rebelados de Trombas e Formoso (GO, 1954-1957); ele “desaparecerá” sob a ditadura (1973)
Terra Livre, dirigido pelo Partido, circula de 1949 a 1964 e atua junto com a Ultab
MOVIMENTO CAMPONÊS
Ilustração-denúncia retrata o Bernardão (Francisco Bernardo dos Santos), líder de Porecatu assassinado em Jaguapitã
Lindolfo Silva (dir.) visita Sindicato no ABC Paulista; em 1954 ele funda a Ultab (União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil), em 1963 presidirá a Contag
Durante a 2ª conferência nacional da categoria, em 1954, é criada a União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (Ultab), sob a liderança de Lindolfo Silva, militante do PCB, em 1963 ele presidirá a Contag
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Manuel Jacinto Correia e Hilário Gonçalves Pinha (dir.), líderes dos posseiros de Porecatu (PR)