Jornalismo UEPG · Abril · 2018 · n° 200
Sindicatos e DCE alertam sobre os obstáculos que o próximo reitor deve enfrentar na administração da Universidade. A consulta de votos acontece do dia 15 a 17 de maio. Especial | p.8 e 9
Os contratos dos médicos terceirizados no Hospital Regional da Universidade Estadual de Ponta Grossa são quatro vezes maiores do que o dos concursados. A modalidade de Pessoa Jurídica (PJ) colabora com a precarização da atividade médica, pois não exige dedicação exclusiva dos profissionais. Sem as garantias constitucionais, trabalhistas e previdenciárias concedidas, no Brasil, a todos os trabalhadores assalariados, os profissionais contratados por regime de PJ perdem direitos como férias, 13° salário, horas extras, adicional noturno, insalubridade, descanso semanal remunerado e FGTS.
A Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT) estuda a possibilidade de cobrar taxa diferenciada para pagamento de passagens em dinheiro e por cartão eletrônico. O preço deve ser reajustado ainda neste mês. De acordo com a assessoria da AMTT, o transporte deverá ficar mais seguro e eficiente após a mudança. Os novos valores ainda não foram definidos. Em fevereiro deste ano, o valor das passagens foi reajustado em 3%.
Ônibus em horário de pico | Foto: Erica Fernanda
2 | Editorial
A
FOCA LIVRE• EXPEDIENTE• Nº 200• ABRIL• 2018
FOCA LIVRE, PRESENTE!
edição 200 do Foca Livre chega ao leitor com um novo projeto gráfico e editorial preparado pela Turma 32 do curso de Jornalismo da UEPG. Com 25 anos de existência, o jornal procura reportar fatos de Ponta Grossa e as informações da Universidade. As edições do jornal de 201 7, realizadas pela Turma 31 , concorrem ao prêmio Sangue Novo de melhor jornal laboratório impresso. A iniciativa é promovida pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) e a cerimônia de entrega da premiação será no dia 3 de maio, na sede do Sindicato, em Curitiba. Dois fatos de relevância aconteceram du-
| Jornal laboratório | Por Milena Oliveira
O
jornal laboratorial do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Foca Livre chega à edição 200 de forma ininterrupta. O curso foi fundado em 1985 e o jornal teve a primeira edição em 1991. Em 1993, o jornal passou a ser disciplina curricular, com oito edições anuais. “O Foca é considerado o segundo jornal contínuo mais antigo de Ponta Grossa”, afirma Gustavo Yoshio Ban, aluno do 4º ano de Jornalismo, que pesquisa o veículo em projeto de iniciação científica com orientação do professor do Departamento de Jornalismo (Dejor), Felipe Pontes. Ban faz o trabalho de final de curso sobre o Foca Livre. O curso tem tradição na produção impressa. O Dejor mantém o acervo dos jornais laboratoriais desde 1988. An-
rante o fechamento desta edição. O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSoL RJ), em 1 4 de março, despertou a união de cerca de 60 vozes oriundas de diversos segmentos sociais que ocuparam, no dia 1 5 de março, a Avenida Vicente Machado, em Ponta Grossa. Nossos repórteres registraram o ato em um ensaio fotográfico presente na página 1 6. O feminicídio da estudante de Agronomia da UEPG, Nathalia Deen, chocou e mobilizou atos pela cidade, nos dias 6 e 7 de abril. A equipe do Foca Livre repudia toda e qualquer violência que menospreze e discrimine a condição de mulher. Reforçando a importância desta questão, a edição
deste mês traz uma matéria sobre o Núcleo Maria da Penha (Numape) da UEPG, que promove apoio psicológico e jurídico gratuito. Nossos repórteres denunciam a falta de segurança na UEPG e as irregularidades nas contratações de médicos no Hospital Regional. Destaque também para o não repasse de verba pelo governo estadual para o IML. Essa edição traz uma entrevista exclusiva com o Professor Luis Felipe Miguel que discute a polarização política brasileira. A eleição para reitor será no mês de maio e o Foca Livre traz uma reportagem especial sobre a situação geral da UEPG e perfis dos candi-
| Charge
datos. Depois de uma gestão conturbada, com o não atendimento de reivindicações solicitadas pela comunidade acadêmica, o reitor atual, deixa, em breve, o cargo.
Marielle Franco, presente! Nathalia Deen, presente!
Boa leitura!
Foca Livre chega à edição 200
tes do Foca Livre, alunos e professores produziram o “Imagem & Ação” (1988) e o “Contraponto” (1989-1991). Cintia Mara Ostrovski, 47, formada em 1994, diz ter uma memória afetiva sobre o Foca. Sua primeira matéria para o jornal foi uma entrevista com a banda Titãs. “Tenho isso como um marco” relembra a jornalista ,
.
Foi no Foca que pude perceber a convicção do que é o jornalismo, sua relevância e seu dever. Da criação até 2006, o jornal foi produzido por alunos do 3° ano. Mas, nos últimos dez anos, a produção foi antecipada para o 2º ano do Curso e de modo interdisciplinar. O Foca Livre sempre abordou os problemas da cidade e da UEPG, com foco nas coberturas sobre as minori-
as e agenda cultural, além de matérias investigativas e críticas. Laísa Fernanda Brigantini, assessora de comunicação parlamentar na Assembléia Legislativa do Paraná, afirma que o jornal está muito presente, atualmente, no próprio trabalho. Formada em Jornalismo pela UEPG em 2014, Laísa destaca: "O Foca me tornou uma pessoa detalhista. Reviso os textos muitas vezes antes de enviar. Sou muito disciplinada com prazos, me cobro e cobro os outros por pontualidade. O Foca tem papel direto nesses pontos". O objetivo do jornal é propiciar aos alunos do curso o dia a dia do trabalho jornalístico. Algo possível pois os estudantes são submetidos ao processo de produção, edição, diagramação e distribuição do veículo, que se asseme-
Edições antigas do Foca Livre | Foto: Nadine Sansana
lha ao cotidiano da profissão em uma redação de jornal impresso. André Salamucha, atualmente repórter da RPC TV em Ponta Grossa, relata: "Foi no Foca que fui pela primeira vez para a rua, exercendo a profissão que eu sempre almejei. Estar na rua, nos bairros, olho no olho com a comunidade”. Formado
Edição Geral : João Pedro Teixeira, Thailan de Pauli, Hygor dos Santos. Edição de texto: Bruna Kosmenko, Leticia Gomes, Gustavo Camargo,
Manganotti, Maria Fernanda Laravia, Arieta de Almeida, Nadine
Raylane Martins, Allyson dos Santos, Cícero Goytacaz, Nataly Vrisman,
reportagens diretamente na página da notícia.
Sansana, Gabriella de Barros. Repórteres: Consulte a autoria das
Natália Barbosa, Thaiz Rubik. Edição de Imagem: Renata Szafranski, Matheus Rolim, Hellen Scheidt. Revisores: Veridiane Parize, Amanda Dombrowski, Francielle Ampolini, Ane Rafaely Rebelato, Mariana Santos, Luiza Sampaio, Alexandre Douvan, Luiz Zaki. Diagramadores: Erica Fernanda, Rafael Santos, Teodoro Anjos, Milena Oliveira, Fabiana
Foca Livre é um jornal laboratorial do segundo ano do curso de Jornalismo da UEPG. Contato: focalivre.t32@gmail.com Os textos de opinião são de responsabilidade de seus autores e não expressam o ponto de vista do jornal.
em Jornalismo pela UEPG em 2010, Salamucha destaca o aprendizado através da produção do jornal laboratório: “Foi evidentemente um aprendizado que o jornal ofereceu. E que trago, sim, até hoje comigo. Foi no Foca que pude perceber a convicção do que é o jornalismo, sua relevância e seu dever".
Departamento de Jornalismo UEPG-Campus Central - Praça Santos Andrade, n°01- Centro CEP: 84010-790 - Ponta Grossa - PR Professores Responsáveis: Angela de Aguiar Araújo (MTB - MG 05914 JP) Cibele Abdo Rodella (MTB 22.156 SP) Impressão: Grafinorte, Apucarana (PR) Tiragem: 2000 exemplares Telefone:+55 42 3220-3389
FOCA LIVRE· · CIDADE · Nº 200· · ABRIL · 2018
3
4
FOCA LIVRE• CIDADES• Nº 200• ABRIL• 2018
| Saúde
Horário de distribuição dos medicamentos nas UBS's prejudica pacientes suários estão insatis- Parque Bonsucesso para necessário que tenha um
| Por Nadine Sansana
U
feitos com o horário de distribuição de medicamentos gratuitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Para os pacientes, o atendimento, que ocorre das 8h às 15h, deveria ser estendido até as 17h. De acordo com a pacienteRegina Juk, a Unidade Básica de Saúde Parteira Caetana Pierre, localizada no Parque Bonsucesso, possui funcionários suficientes para distribuir os medicamentosno horário integral. “Os remédios poderiam ser entregues até o horário do fechamento da Unidade de Saúde, já que os funcionários permanecem lá. Não têm porquê negar a distribuição”, explica a paciente. Cerca de 7 a 8 mil pessoas estão cadastradas somente na UBS do | Ônibus
receber os medicamentos gratuitos, sendo que, em Ponta Grossa, há 45 Unidades Básicas de Saúde espalhadas por toda a cidade. Como a demanda é grande, é necessário um profissional apenas para o serviço de entregas de remédios na unidade de saúde do bairro.
Não há condição de ter farmacêutico em todas as Unidades Básicas de Saúde De acordo com a agente comunitária Joselba Ramos, da UBS do Bonsucesso, um funcionário não consegue fazer outras atividades ao mesmo tempo, além da distribuição de remédios. Ela também informa que o serviço não é realizado integralmente por falta de profissionais da área. “É
farmacêutico para a distribuição dos medicamentos. Como nós não temos um, o horário de atendimento precisa ser reduzido”,explica. O documento do Plano Municipal de Saúde de Ponta Grossa 2018/2021 (Ponto 17) prevê a integralização dos sistemas de entrega de medicamentos. Para o presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, Leovanir Martins, o quadro de servidores de saúde em Ponta Grossa é estável. “A curto prazo, não tem previsão de novas contratações, porque o município está com as despesas de funcionários acima do limite”, afirma. Segundo Leovanir, a cidade vai continuar com as contas estouradas nos próximos oito meses. Enquanto isso, não se pode contratar outros
Medicamentos são distribuídos até 15h nas UBS's. | Foto: Nadine Sansana
profissionais. Quando questionado sobre a previsão de contratação de novos funcionários para que a integralização aconteça, a resposta do secretário adjunto da Secretaria Municipal de Saúde, Robson Xavier da Silva, foi negativa. “Infelizmente, os recursos da Saúde são limitados para as necessidadesmais complexas encontradas pelos usuários.
Em função disso, não há condição de ter farmacêuticos em todas as Unidades Básicas de Saúde”, afirma. Sobre a presença dos profissionais nas UBS’s em Ponta Grossa, o secretário adjunto respondeu: “Desconheço um município do Brasil que tenha farmacêutico em todas as Unidades de Saúde”.
Transporte coletivo deve aderir à tarifa diferenciada
|
Por Fabiana Manganotti
A
Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT) de Ponta Grossa estuda implementar, neste mês, uma taxa diferenciada para passagens pagas com cartão eletrônico e em dinheiro. A assessoria da AMTT defende que o transporte deverá ficar mais seguro e ágil com essa medida. “A utilização do cartão é uma forma de diminuir assaltos, assim como equilibrar os custos do serviço, uma vez que o valor aplicado hoje não é o mesmo apontado pela tarifa técnica”, afirma. No dia 8 de fevereiro, a AMTT e o Conselho Municipal de Trânsito, anunciaram que o valor da tarifa do transporte público de Ponta Grossa sofreria um aumento. Esse reajuste foi de 3% e passou a ser cobrado no dia 11 de fevereiro. A nova taxa é de R$3,80. O valor foi sugerido pelo conselho e ainda ficou abaixo do proposto pela AMTT. O reajuste da tarifa é solicitado à AMTT pela Viação Campos Gerais
O aumento da passagem prejudica o trabalhador de baixa renda que necessita do transporte todos os dias. | Foto: Hygor dos Santos
(VCG) a cada doze meses. “Nós informamos à Autarquia a relação de insumos e dos preços que nós pagamos pelos produtos", explica a assessoria da VCG. O valor definido pela Autarquia foi de R$3,99, mas o conselho decidiu aumentar somente dez centavos. O presidente da Associação dos Usuários do Transporte Coletivo (Autrans) de Ponta Grossa, Luis Carlos Gorchinski,
escreveu uma carta aberta que resultou em uma ação popular contra a AMTT. Segundo o presidente, a Autarquia não cumpriu com o artigo 7 da Lei 7018/2002, que disponibiliza a relação de funcionários e as folhas salariais. Gorchinski também questiona a falta de cobradores nos ônibus "sem parar", pois, segundo ele, essa decisão não foi repassada para o Conselho Municipal de Trans-
porte (CMT). “Se não houver cobradores, deve ser reajustado o valor para o passageiro", declara. Outras cidades também tiveram reajustes nas passagens do transporte público. Em Paranavaí, são implementadas tarifas diferenciadas: R$3,45, no cartão, e R$3,55, no dinheiro. A tarifa aumentou também em Guarapuava, onde o reajuste foi de 3,1%, subindo a tarifa pa-
ra R$3,10. Em Cascavel e Toledo, usuários do transporte pagam R$3,65; em Maringá, com um aumento de 5,8%, o passageiro paga R$ 3,60. Em Londrina, com aumento de 5,3%, a tarifa aumentou para R$3,95. Curitiba tem a tarifa mais cara do Estado, com o valor de R$4,25. Já em Araucária, a tarifa reduziu de R$ 4,25 para R$ 2,90, pois a Prefeitura extinguiu a Companhia Municipal de Transporte Coletivo, reduzindo os gastos e, consequentemente, diminuindo a tarifa. Com o aumento da passagem, o trabalhador é prejudicado. “No final, a diferença é grande, pois poderia ter usado o dinheiro de outra forma”, conta Gabriela Nocêra, usuária do transporte. Com a passagem do transporte coletivo custando R$3,80, um trabalhador que ganha um salário mínimo de R$954,00 gasta, em média, R$167,20 em transporte público, valor equivalente a 17,52% de seu salário.
5
FOCA LIVRE · CIDADE · Nº 200 · ABRIL · 2018 ·
·
·
·
| Desrespeito
Dados mundiais de violência apontam que um em cada seis idosos é vítima de agressões
| Por Leticia Gomes
A
Organização Mundial de Saúde (OMS), por meio da International Network for the Prevention of Elder Abuse (Rede Internacional de Prevenção do Abuso ao Idoso), define a violência contra a pessoa idosa. A classificação aponta todo ato único, repetitivo ou por omissão, que ocorra em qualquer relação supostamente de confiança e que cause dano ou incômodo à pessoa idosa. Em pesquisa realizada em 2017 e apoiada pela OMS, foi constatado que um em cada seis idosos sofre algum tipo de violência no mundo. Segundo os dados do Datasus, o Brasil teve, em 2016, 32.632 denúncias de violência contra o idoso. O Paraná foi o 7º estado com mais denúncias, tendo 1.419 casos registrados. O Estado de São Paulo lidera a pesquisa com 7.284 casos denunciados, o equivalente a 22,32% do total. Em segundo lugar, o Rio
de Janeiro aparece com 4.065, 12,46% do total. Minas Gerais fica em terceiro lugar, com 3.536 casos registrados, ou seja, 10,84% do total. O Ministério dos Direitos Humanos divide os tipos de violência ao idoso em abuso financeiro, discriminação, tortura, violência física, sexual, psicológica, institucional, negligência e outros maus tratos. No Estado do Paraná, 36,66% dos casos são de negligência, seguidos por violência psicológica, com 27,79%, abuso financeiro, com 19,25%, e violência física, com 14,44%. Outros tipos de violência representam 1,51% do total. Em Ponta Grossa, o Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) trata dos abusos contra idosos. A coordenadora do Serviço, Marli Gonçalves Domingues, explica que o Centro recebe as denúncias pelo Disque
100, do Cras e do Ministério Público. “Depois da denúncia, é realizada uma visita domiciliar para verificar o estado do idoso e se é necessário auxílio imediato ou, até mesmo, retirá-lo da situação na qual ele se encontra”, afirma a coordenadora do Creas. Em 2017, o Creas registrou 224 denúncias referentes à violência contra os direitos do idoso e, desse total, 146 casos foram confirmados. A Pastoral do Idoso de Ponta Grossa também recebe denúncias e, junto ao Creas e ao Cras, realiza o acompanhamento do idoso submetido a alguma forma de violência. Segundo o assistente social da Pastoral do Idoso, Adrianes Valtino June, a entidade organiza a Associação de Amigos da Pessoa Idosa através da qual é feito o serviço de proteção social a domicílio. Dessa forma, é averiguada a situação do violentado.
Idosos são vítimas de abuso financeiro, violência física e psicológica | Foto: Leticia Gomes A voluntária da agressor ser um familiar. “Quando nós enPastoral do Idoso, Holga Bueno, 75 anos, conta contramos casos de vioque, na maioria dos ca- lência, é triste ver que sos atendidos, os idosos não é feita por estrademonstram vergonha nhos, mas sempre algum em expor a situação de familiar”, lamenta. violência, pelo fato de o
| Sucateamento
IML passa por investigação interna após caso polêmico
o
| Por Veridiane Parize secretário de Segu rança do Estado do Paraná, Julio Cézar dos Reis, determinou uma investigação interna para analisar a atuação do Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Grossa. A deci são foi motivada pela falta de socorro ao motoboy Myke de Jesus Stresser, morto a tiros na madruga da de 9 de março deste ano, no bairro Uvaranas. A Protesto reuniu familiares e informação foi passada, ao ser | Foto: Veridiane Parize Foca Li vre, pela assessoria tífica por cerca de 7 horas. de comunicação da Secre- O IML justificou a demora taria de Segu- rança do alegando que, no momen Estado do Paraná, to da ocorrência com o localizada em Curitiba motoboy, havia apenas Myke Stresser es- uma viatura deslocada pa tava trabalhando quando ra atendimento em Sen foi baleado e acabou fale- gés e Telêmaco Borba. cendo na Avenida Carlos Em repúdio ao IML, Cavalcanti, no trecho do no dia 16 de março, famili viaduto da linha de trem, ares e amigos de Myke em Uvaranas. O corpo do Stresser realizaram um jovem ficou na calçada protesto no ponto da aveaguardando a Polícia Cien - nida Carlos Cavalcanti on .
amigos de Myke Stresde ocorreu o assassinato. Vestindo camisetas estampadas com o rosto de Myke, eles fecharam as duas pistas da avenida com motos e ergueram cartazes de protesto. Além disso, sentaram na rua para simbolizar o corpo à espera da viatura. Velas foram acesas em luto. A família alega não ter nenhuma informação sobre o responsável pela
morte, já que a polícia ain da está investigando o ca so. No protesto, Simone Stresser, tia de Myke, expressou sua indignação com o sucateamento do IML. “Queremos um aten dimento digno através dos órgãos públicos que infelizmente a gente não tem”, frisa a tia da vítima. O IML de Ponta Grossa possui apenas um médico legista em exercício. Quando este não pode prestar o atendimento, outro profissional é envia do de Curitiba para Ponta Grossa. Há ainda três motoristas e três agentes da perícia trabalhando em turnos de 24 horas, que iniciam e terminam às 8 horas da manhã. Segundo a assessoria da Secretaria de Segurança do Estado, em 6 de fevereiro de 2018, a Polícia Científica do Paraná
recebeu dez novas viatu ras. Três delas teriam sido destinadas para Ponta Grossa, a fim de substituir as três disponíveis atual mente. Outra informação da assessoria é que, até abril, deve ser feita a nomeação de 28 novos profissionais que prestaram concurso em 2017. O prédio do IML passará por reformas e, enquanto isso, o setor fi cará instalado no Hospital Universitário, localizado próximo ao Campus Uva ranas da UEPG. O processo de transferência está em trâmite por conta dos equipamentos. Após o encerra mento das reformas, o IML deve voltar ao local de origem, na Rua Édipo Ferreira dos Santos Ribas, número 166, no bairro Nova Rússia.
6
FOCA LIVRE · UEPG · Nº 200 ·ABRIL · 2018
FOCA LIVRE · UEPG · Nº 200 ·ABRIL · 2018
7
10
FOCA LIVRE ECONOMIA Nยบ 200 ABRIL 2018
11
FOCA LIVRE• POLÍTICA• Nº 200• ABRIL• 2018
| Crise
Polarização marca eleições para a presidência do Brasil ''Os discursos radicais conservadores captam frustrações de uma parcela da sociedade, de uma maneira discriminada, preconceituosa e ideológica'', diz professor da UEPG
| Por Maria Fernanda Laraiva
A
cinco meses das eleições nacionais de 2018, o cenário político passa por um processo de polarização. Direita e esquerda são divergências históricas no Brasil. Porém, desde as eleições de 2014, a disputa tem acirrado as manifestações de ódio por parte de segmentos da sociedade. A professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Silmara Carneiro, destaca que essa divergência decorre de movimentos anteriores. Doutora em Política Social, Silmara explica que “o que houve com o desenrolar do impeachment foi um fortalecimento das disputas entre os lados opostos”. A mesma visão é defendida pelo professor
do Programa de Pós-Graduação em História da UEPG, Luis Fernando Cerri. Como origem da polarização direita/esquerda no País, Cerri acrescenta a crise econômica que atingiu o mundo em 2008. “No Brasil, a crise começou fraca, mostrando sua face mais problemática a partir de 2012”.
A disseminação dessas ideias pode resultar no desmonte de conquistas realizadas ao longo de anos. O professor ainda analisa como normal o processo de polarização: “A crise atinge as pessoas de formas distintas. Isso as faz terem posicionamentos diferentes”, explica. Para Cerri, o problema está na forma como as pessoas se manifestam. “Os discursos radicais conservadores captam
frustrações de uma parcela da sociedade, de modo discriminado, preconceituoso e ideológico”. O professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPG, Carlos Willians Jaques Morais, explica que atualmente há no Brasil uma recuperação das ideologias conservadoras, que visam o fim de políticas sociais, raciais e de igualdade. Doutor em Educação, Morais afirma que “a disseminação dessas ideias [conservadoras] pode resultar no desmonte de conquistas realizadas ao longo de anos, podendo trazer mais prejuízos ao estado de direito do cidadão ”. Os professores não descartam a parcela de culpa do Estado como causa das crescentes políticas conservadoras de direita. “Entregamos, em alguma medida, direitos
Manifestações ''Fora Temer'' apoiam um do lados da polarização. Foto: William Clarindo| Arquivo Lente Quente
básicos nas mãos do Estado. Porém, se não temos um Estado que nos garanta estes direitos, acabamos recorrendo a medidas privadas”, diz a professora Carneiro. “A falha do Estado, em questões de necessidades básicas, cria insegurança no cidadão, isso o faz buscar políticas com tendências agressivas, como a política armamentista”, destaca o professor Carlos Morais. Por mais que a polarização no cenário político seja vista como natu-
ral no processo de crise, para o professor Cerri é necessária uma atenção sobre o assunto, principalmente às vésperas das eleições nacionais. “Discursos como os do deputado Jair Bolsonaro vêm se fortalecendo, pois eles são direcionados a uma parte da população específica, que se sente insatisfeita com as resoluções da crise, com o sistema político e com os benefícios sociais proporcionados a uma parcela da população”, completa.
| Sucateamento
Servidores federais enfrentam precarização no trabalho Política de contenção de gastos do governo causa insuficiência do número de empregados, reduz salários e limita benefícios
| Por Francielle Ampolini
F
uncionários federais enfrentam o sucateamento do trabalho a partir das medidas implantadas pelo governo Michel Temer. Entre elas, estão a terceirização e a reforma trabalhista, que resultam na perda de direitos. Trabalhadores reclamam da redução do quadro de pessoal, sobrecarga de trabalho, corte de benefícios e a disparidade salarial entre as categorias. Em janeiro deste ano, a Resolução nº 23, publicada pela Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR), determinou a suspensão da oferta de plano de saúde aos futuros funcionários. O diretor do Sindicato dos Correios de Ponta Grossa, Felipe Vieira
Funcionários dos Correios se mobilizam contra as privatizações. Foto: Saori Honorato| Arquivo Lente Quente.
explica a realidade da empresa. “Não é de agora que ela está tentando colocar uma mensalidade. Em 2013, fizemos 43 dias de greve para tentar barrar isso e conseguimos. Só que os Correios terceirizaram o plano. Foi criada uma nova empresa para gerenciar, o que aumentou a despesa e diminuiu a qualidade do serviço”. Um funcionário do Banco do Brasil, em Ponta
Grossa, que não quis se identificar, comentou a situação da empresa, “O Banco do Brasil, por estar migrando os serviços para os canais digitais como mobile, terminal de autoatendimento e chats, está reduzindo o quadro de funcionários e deixando trabalhadores sobrecarregados.” Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos So-
cioeconômicos (Dieese), só entre 2015 e 2016, houve redução de 2,5% no número de empregados da Caixa Econômica Federal (CEF). Isso também é apontado pelo presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da CEF, Jair Pedro Ferreira. “Faltam empregados na Caixa, o que tem gerado sobrecarga e adoecimento entre na categoria. Desde 2014, cer-
ca de 14 mil funcionários saíram da empresa em planos de demissão voluntária e aposentadoria. Apesar das várias cobranças, a direção da empresa se mantém intransigente quanto à necessidade de retomar as contratações.” A política de corte de gastos do governo Temer, aprovada em 2016, prevê que as despesas dos poderes da República, tribunais, ministérios, conselhos e Defensoria Pública da União só podem crescer de acordo com a inflação do ano anterior. Isso significa que há um limite financeiro para o Estado gastar e injetar na economia por ano, o que prejudica os servidores públicos, já que a retirada dos benefícios parte dessa estratégia de contenção do Governo Federal.
12
FOCA LIVRE• CIÊNCIA• Nº 200• ABRIL• 2018
| Extensão UEPG
Herbário da UEPG é um dos maiores dos Campos Gerais | Por Matheus Rolim
O
Herbário da Universidade Estadual de Ponta Grossa (HUPG) é um projeto de extensão do curso de Ciências Biológicas. Com mais de 21 mil espécies da flora local, estudadas por professores e alunos da UEPG, o local está aberto à comunidade. Fundado pela professora Inês Taqueda, o Herbário tem o objetivo de auxiliar os projetos de extensão do Departamento de Ciências Biológicas, além de atender a outros cursos Universidade. Ele é uma integração entre pesquisa, extensão e ensino. “Temos bolsistas Proex, ao qual está vinculado o projeto e, também, bolsistas da Propesp”, relata a professora Rosângela Capuano Tardivo, coordenadora do Herbá-
rio. A professora conta que o projeto tem a troca de experiência com a comunidade na identificação de plantas tóxicas, medicinais e invasoras. A coleção do Herbário apresenta plantas coletadas na região dos Campos Gerais, de outros biomas e demais regiões do Estado, como Serra do Mar e interior do Paraná. O acervo possui a coleção de frutos (Caipoteca), de fungos, líquens, algas, briófitas e pteridófitos. Quando a espécie chega, é feita a identificação e tratamento necessário, sendo, na sequência, registrada. Após essa fase, a espécie vai para o registro no Livro Tombo, criado em 1986. Cada exemplar recebe um número, que é levado para a coleção final do herbário.
A coleção de líquens, chamada líquenoteca, possui diversas variedades. Os líquens são a interação de dois seres vivos diferentes de uma associação que forma uma estrutura chamada talo. “Na biologia, isso é uma interação de mutualismo obrigatório. Os dois precisam estar juntos para viver”, explica Talita Souza, aluna de Ciências Biológicas e bolsista do projeto de extensão. Em 2017, Talita apresentou um trabalho sobre líquens no Encontro anual de Extensão da UEPG (Conex), sob a orientação da professora Simone Sigecin, do curso de Ciências Biológicas da UEPG. O trabalho resultou em fotos impressas das espécies encontradas, tiradas com lupas para a melhor visualização das
especificidades. “Quando entramos na universidade, não temos noção de como funciona. O projeto me ajudou bastante no entendimento do que é ser um biólogo e qual a função dele dentro de um Herbário”, afirma Talita. O projeto de extensão HUPG está inserido no Index Herbariorum, o catálogo internacional
de herbários, assim como no TAXon-line, a rede paranaense de coleções biológicas. O Herbário, localizado no Bloco M do Campus Uvaranas da UEPG, fica aberto das 08h às 12h. O telefone de contato é (42) 32203126, ramal 3742.
Coleções de várias espécies mantidas pelo herbário da UEPG | Foto: Matheus Rolim
| Parceria público-privado
Extensão na UTFPR busca apoio da iniciativa privada
| Por Mariana Santos
O
s projetos de extensão da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), em Ponta Grossa, recebem investimentos de empresas privadas para realizar suas atividades. Os recursos recebidos da própria Universidade devem ser gastos em produções específicas, como consta no Edital da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd). Por conta da limitação de recursos, os participantes dos projetos recorrem à iniciativa privada para suprir o que não pode ser adquirido via Instituição. Cinco projetos da Universidade foram selecionados pela Prograd para receberem R$4 mil para serem desenvolvidos em 2017. São eles: Equipe de Robótica DotBotz, UTForce e-Racing, UTFalcon Aerodesign, UTFast F-SAE Racing e Baja Gralha Azul. “A ajuda das empresas é de extrema importância. Devido à característica pública da Universidade, é muito difícil conseguir recursos
sign, que desenvolve a fabricação de uma aeronave rádio controlada, também recebe recursos da UTFPR-PG. A equipe participa de competições anuais e do desafio Altair de Otimização Estrutural, que conquistou o segundo lugar em 2017. “Parte dos serviços é especializada e feita por equipamentos caros que a Universidade não tem condições de comprar”, afirma o estudante do 4º ano de Engenharia Mecânica e participante da equipe, Participantes do projeto UTForce e- Racing na construção do carro elétrico. | Foto: Bruno Felipe Karkow. Arquivo UTForce A assessoria da governamentais para os estudante do 3º ano de mecânico e patrocinador UTFPR alega que mesmo gastos com a construção Engenharia Mecânica da do projeto pela empresa os recursos sendo limitado veículo”, aponta o pro- UTFPR-PG e atual capitão UPTIME. As equipes gra- dos, a Instituição procura fessor do Departamento da equipe UTForce e-Ra- tificam a ajuda das em- orientar as equipes nos de Engenharia Mecânica cing. Segundo Jonatan, presas com divulgações, procedimentos disponíe coordenador do UTFast os recursos dos patrocí- como explica o estudante veis. Segundo a assessoF-SAE Racing, Marcos Vi- nios não são suficientes do 5º ano de Engenharia ria, a legislação aceita nícius Barbosa. para a elaboração total Eletrônica e idealizador patrocínios de empresas O projeto UTForce do projeto. do projeto do carro elétri- privadas para eventos, e-Racing produziu, em As empresas ofe- co, Gustavo Trudes. “É cursos, palestras, semi2017, o primeiro carro recem recursos financei- difícil trazer uma empre- nários e semanas acadêelétrico de competição do ros, ferramentas e sa para operar junto com micas, além de outros Paraná. “Fazemos sema- serviços para os traba- a Universidade. Por isso, investimentos. nas de palestras, vende- lhos. “Procuramos contri- procuramos retribuir de mos canecas e camisas buir com essas inovações certa forma”, pondera para arrecadar dinheiro”, tecnológicas”, comenta Trudes sobre a parceria. relata Jonatan Oliveira, Yuri Moss, engenheiro UTFalcon Aerode-
FOCA LIVRE • ENTREVISTA• Nº 200 • ABRIL • 2018
13
14
FOCA LIVRE• CULTURA• Nº 200 • ABRIL • 2018
FOCA LIVRE · ESPORTE · Nº 200 · ABRIL · 2018
15
16
FOCA LIVRE • ENSAIO • Nº 200 • ABRIL • 2018
O foca está online!
/focalivre
focalivre.t32 @gmail.com issuu.com /focalivre
Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe? Fotos: Saori Honorato
Marielle Franco