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Pesquisa mapeia produção de rap e graffiti na cidade Segundo pesquisador, jovens procuram Hip Hop como alternativa à ausência de cor na cidade, acesso à cultura e fuga do cotidiano monótono. Autor pesquisa tema desde 2017 issertação do ProD grama de Pós-Graduação em Geografia detalha como o rap e o graffiti alteram a paisagem de Ponta Grossa, dando novos significados aos espaços urbanos. “Cor e Rima na Cidade Cinza: As trajetórias juvenis do movimento Hip-Hop e a paisagem urbana de Ponta Grossa - PR”, trabalho de Lucas Renato Adami sob orientação de Almir Nabozny, mapeia locais ocupados por jovens, como pistas de skate, quadras de basquete, praças e ginásios. A defesa aconteceu em março deste ano.

“Todas essas questões fazem com que os jovens frequentem estes espaços e condicionem uma aceitação por parte da população local”, afirma o geógrafo e autor da dissertação, Adami. Segundo a pesquisa, o centro de Ponta Grossa carece de espaços para reapropriações por meio das grafias. Da mesma forma que um mural de graffiti é perceptível, a frequência semanal de rappers ao lado da pista de skate do Parque Ambiental também se torna uma

apropriação resistente e constante, porém, nem sempre explícita. Essas manifestações do movimento Hip-Hop descobrem um mapa de lugares que são referência para afirmar a presença do movimento na cidade. Para Adami,em Ponta Grossa, esses diferentes momentos são caracterizados pela intensidade de apresentações de rap. O fato de não se encontrar dentro do eixo do mercado cultural do Rio de Janeiro e São Paulo faz do movimento na cidade

uma luta intensa por parte de ativistas em alcançar um público para além dos adeptos, em maior número, na periferia. Segundo Adami, muitos entendem Ponta Grossa como uma cidade ‘tradicionalista’, com os rappers precisando de luta pela reprodução e valorização das produções locais. A dissertação conclui que o movimento Hip-Hop, através de dois dos seus pilares (graffiti e rap), serve como um meio de expressão e saída do cotidiano monótono, além de ser uma forma dos jovens se expressarem e serem ouvidos pela sociedade por meio das marcas deixadas na cidade. Muitos jovens, através do rap, buscam sustento e trabalho. Por parte dos grafiteiros, alguns buscam a profissionalização e outros mantêm a prática como hobby, muito pela realidade “vandalizada” do movimento.

ça entre a manifestação do Hip-Hop no centro e na periferia. “Quando fazemos ações ao centro da cidade sentimos rejeição da sociedade, na periferia nos sentimos mais à vontade. Mesmo que a gente queira levar para o centro urbano não será na mesma intensidade”, diz Jesk. Sousa explica que a

dificuldade é encontrar espaços que enxerguem o rap como mercado a ser explorado. “Isso é reflexo do conservadorismo dos proprietários e empresários, que hoje caminham cegamente nessa onda, ainda mais na nossa região”, completa.

Pontos de manifestação de graffiti e rap em Ponta Grossa. Arte gráfica: Denise Martins. Ideia criativa: Lucas Renato Adami, Vitor Almeida, Lucas Müller. Endereço do graffiti: Avenida Dr. Francisco Burzio, em frente ao nº 465.

A visão do Hip-Hop por quem faz O gênero rap teve sete dos dez álbuns mais ouvidos de 2018, segundo ranking da Billboard. Tiago Sousa, da banda Apologia Sul, avalia o mercado do gênero. “O conteúdo bate com a hipocrisia da sociedade dos Campos Gerais em não aceitar o rap como relevante, enquanto as rádios tocam

rap americano que passa ‘autoestima’ ao público que vive sob um estereótipo que não reflete a realidade”, comenta Sousa. A grafiteira, Jesk, afirma que há interesse em trazer a cultura para o centro por meio das rodas de rima, eventos de graffiti e ações em geral. Segundo Jesk, há diferen-

Por Vítor Almeida


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Editora UEPG tem somente 10 livros publicados em e-book

Portal da Editora oferece acesso gratuito aos livros em formato digital

em 1997,a EdiF undada tora UEPG possui mais

de 190 livros publicados em formato físico que abrangem diversos setores da educação, cultura, conhecimento filosófico e científico, além de 95 revistas publicadas a partir de 2009. Porém, a Editora tem apenas 10 livros publicados em formato digital (e-book). Maristella Dalla Pria, autora de "Cultura do Feijão: doenças e controles", obra publicada pela Editora UEPG em formato físico e digital, comenta sobre a viabilidade de publicar neste formato. “O e-book é uma alternativa para a falta de recursos de financiar uma versão impressa e acessível a um maior número de pessoas”, relata. A Editora UEPG iniciou a publicação de e-book em 2014, para tornar mais acessível os materiais produzidos ao público leitor. Mas, segundo a diretora da Editora

Editora UEPG possuí 10 e-books publicados com acesso gratuíto. Foto: Marcella Panzarini

UEPG e presidente do Conselho Editoria, Beatriz Nadal, a viabilidade do formato digital ainda está em análise. “Mesmo sendo e-books, as obras possuem custo de publicação, como a de revisão gramatical, por exemplo”. O site da Editora garante acesso gratuito às obras digitais. Comparado com livros físicos, o formato e-book possui um custo de produção menor, como não arcam com o custo de impressão. O livro físico, antes de chegar

à mão do leitor, passa por vários processos de produção, entre eles a avaliação de original, edição de texto, revisão, produção gráfica e diagramação e, depois, a impressão. Na impressão, o preço é feito a partir do número de páginas por exemplar, cores de miolo e capa, papel utilizado e tamanho da tiragem. Segundo Nadal, os livros físicos publicados pela Editora tem uma média de 200 páginas e tiragem de 300 exemplares. Quanto mais bai-

xa é a tiragem, mais caro fica cada exemplar. A publicação de um livro de 200 páginas, com tiragem de 500 exemplares, tem um custo de cerca de R$ 6 mil. O custo de produção de cada unidade fica em torno de R$ 12. O custo de publicação em formato digital varia de acordo com a revisão e a diagramação. O atual reitor da UEPG é escritor. No ano de 2018, a Editora UEPG recebeu um investimento de cerca de R$ 23 mil. Segundo a assessoria da Reitoria, deve haver mais investimento na Editora na atual gestão. “Os valores serão definidos com base no orçamento da universidade, que está sendo reformatado de acordo com o contingenciamento de verbas do governo estadual”, afirma. Por Renata Oliveira

Número de visitas no Parque Estadual de Vila Velha cai 82, 5% após revitalização

De acordo com pesquisa da UEPG, queda está relacionada à falta de divulgação

João Pedro O turismólogo Maciel aprofundou, no

final do ano passado, um estudo realizado por alunos do curso de Turismo da UEPG ao fazer seu TCC sobre o Parque Estadual de Vila Velha. Maciel identificou que houve uma queda de 82,5% no número de visitantes que passam pelo local todo ano. “A média de visitantes que passavam antes da revitalização era de 400 mil por ano; hoje, é de 70 mil”. De acordo com a pesquisa, o desinteresse da população está relacionado à pouca divulgação. Das 200 pessoas entrevistadas no levantamento de dados, 98,5% falam que esse é o problema. A pesquisa também apresenta outro dado: das 162 pessoas que já visitaram o Parque pelo menos uma vez, apenas nove fizeram o trajeto até o local com a linha de ônibus.

A auxiliar de cozinha, Anelise Pereira, nunca foi ao Parque e acredita que a falta de divulgação influencia no número de turistas. Porém, a distância, mesmo com ônibus de linha, é um fator que também atrapalha. “Para quem usa ônibus, tem custo, é difícil pelo dinheiro e por ser longe também”, afirma. O baixo número de visitantes demonstra que a maioria das pessoas que visitavam o Parque preferiam a logística como era antes das reformas. A desativação do elevador que servia para a visitação das furnas, a proibição de churrascos dentro do Parque e a limitação de algumas trilhas são alguns dos motivos que contribuíram para a diminuição de visitantes. A pesquisa aponta que 92,5% das pessoas disseram achar importante a reativação do elevador para incentivar a volta dos turistas.

A professora Maria de Lima já visitou o Parque diversas vezes e considera que as regras estabelecidas pelo Governo do estado também influenciaram na queda do número de turistas. “Estão priorizando a preservação e o estudo geológico do Parque e exigindo a presença de um guia em todas as visitas”. A divulgação do Parque limita-se à sua página no Facebook e ao site da prefeitura. O horário de funcionamento é de 8h30 até 15h30 nas sextas, sábados e domingos, com permanência permitida até às 17h30. A visitação do Parque durante os dias da semana (exceto nas terças-feiras, quando o local fecha para manutenção) são recomendados para grupos de 15 a 40 pessoas e a presença de um guia turístico local é obrigatória.

Por Marcus Benedetti

O Parque Estadual de Vila Velha é o ponto turístico mais popular de PG. Foto: João Pedro Maciel.


PROBLEMAS URBANOS

Serviço precário em linhas dificulta locomoção de universitários Em algumas linhas a espera é de 40 minutos

de instituições A lunos de educação superior

com campi distantes do Centro, enfrentam dificuldades de locomoção até seus destinos finais. Os estudantes que dependem do transporte urbano enfrentam obstáculos todos os dias, como falta de linha de ônibus, superlotação em horários de pico e pontos de espera do transporte em locais sem segurança. Segundo o estudante da UTFPR, Luiz Henrique Fernandes Estevom, alguns ônibus não param quando a capacidade de passageiros está lotada. “Quando está em horários de pico, ele apenas passa direto e temos que esperar outro”. De acordo com Estevom, muitos estudantes caminham até o ponto fora da UTFPR, por falta de condução nos horários de término das aulas. O tempo de espera para o próximo veículo, a partir da UFTPR para o Terminal Central é de 20 minutos, porém, o trajeto leva mais que esse tempo. No Cescage, o transporte é ainda mais precário para os estudantes. Para chegar à faculdade com as linhas de ônibus, a caminhada a partir do ponto mais próximo do Campus leva cerca de 10 minutos em uma rua não asfaltada, com matagais em volta. O ônibus que faz o percurso até dentro do Campus passa no local de 40 a 40 minutos. Estudante de Odontologia do Cescage e usuário

da linha de transporte público, Otávio Kravinski, afirma que a longa espera pelos ônibus já é rotina. “Se não quisermos esperar, temos que caminhar até outro ponto. Lá passa a cada 20 minutos”, diz. “Aqui à noite é perigoso, e caminhar até o outro ponto também”. Para chegar na Unicesumar, localizada em Oficinas, acontece o mesmo, sendo preciso caminhar a pé até o Terminal de Oficinas. Na UEPG de Uvaranas, o tempo de espera também dificulta os estudantes. Do ponto do Campus Uvaranas até o Centro da cidade, é necessário o embarque em três ônibus diferentes. Morador do Centro e acadêmico de Física da UEPG, Marcos Vinícius Gauglitz afirma que o tempo demorado já o prejudicou nas aulas. “Várias vezes cheguei atrasado na aula devido ao longo tempo de trajeto até meu bloco”. Para ele, a solução seria uma linha direta do Terminal Central até o Campus Uvaranas da UEPG. “Facilitaria muito e melhoraria a locomoção dos alunos”, explica. Segundo a assessoria da Viação Campos Gerais (VCG) o usuário pode contestar essas medidas entrando em contato com a empresa. A colocação de novas linhas e aumento de oferta dependem de análise e repasse para a Autarquia Municipal de Trânsito (AMTT), de acordo com a VCG. Já a assessoria da AMTT explica que a inclusão de uma linha ou alteração de itinerário leva em conta a demanda de passageiros, oferecimento de linhas próximas e possíveis impactos na planilha de custos devido aos gastos necessários.

Caminhos percorridos até as universi- Por Germano Busato dades. Infográfico: Lucas Müller

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Motoristas de táxi enfrentam inseguranças no trabalho

“Tem que estar preparado para o pior”, diz taxista sobre segurança nas corridas motoristas de táxi de O sPonta Grossa enfren-

torista de táxi há 21 anos, José Carlos Dobginski, 51, informa que não existe contabilização do número de assaltos, pois a maioria dos motoristas não registra a ocorrência. “No geral, só registram quando reagem ou perdem o carro no assalto, mas a maior parte das ocorrências fica sem solução. Quando encontram o assaltante não fazem o reconhecimento por temor a uma vingança”, relata. Os taxistas relatam utilizar atitudes preventivas com o intuito de proteger a

tam no exercício diário da ocupação diferentes tipos de inseguranças, como infraestrutura urbana inadequada, problemas sociais e o risco de assalto são exemplos. Segundo pesquisa realizada no ano de 2016 pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), 74,6% dos taxistas consideram a profissão perigosa. O taxista Tiago Luiz da Rosa, 35, indica a alta rotatividade de passageiros como principal dificuldade na profissão. “Em uma corrida não é possível saber quem vai ser o passageiro, não existe um meio efetivo de precaução. Tem que estar preparado para o pior”,ressalta. A motorista de táxi, Kaoma Gomes, 28, Vítima de assalto, Mauro Nabozny, foi preso alega redobrar a no próprio carro e abandonado há mais de atenção em de- 200 km de Ponta Grossa. Foto: Robson Soares terminadas zonas da cidade. “Há bairros em si e aos clientes. Entre essas que não é possível entrar, por práticas, as mais recorconta do perigo, nesses casos rentes são conhecer as o passageiro desembarca rotas e possíveis desvios em perto do destino final, caso cada corrida, ocultar itens contrário corremos risco”, valiosos dentro do carro e afirma. Conforme a pesquisa, manter o contato com o 55,9% dos taxistas cobram suporte. Alguns taxistas tem um aplicativo de rasmaior segurança policial. Mauro Nabozny, 37, treamento, que ajuda na setaxista há seis anos, revela gurança, no qual é possível que pelo trauma de ser as- solicitar apoio de outros saltado é atento às questões profissionais do ramo. Segundo os taxistas, de segurança. Ele recolhe seus pertences de valor pa- as cobranças para mera não ser roubado nova- lhorias feitas dificilmente mente. “Recebi voz de as- são cumpridas. O taxista salto por dois adolescentes, Mauro Nabozny relata as fui esfaqueado, amarrado e dificuldades de obter rescolocado no porta-malas. postas dos governantes. “EEles me abandonaram em xistem cobranças, mas é União da Vitória, tive que difícil uma resposta, conpedir dinheiro na rua para versamos com os vereadoretornar à Ponta Grossa”. res, dizem que vão resolver, Contabilizou-se que 28,5% mas na prática nada acondos motoristas foram vítimas tece”, finaliza o taxista. de assalto pelo menos uma vez nos últmos dois anos. O presidente do Sindicato dos Taxistas AutônoPor Robson Soares mos de Ponta Grossa e mo-


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PROBLEMAS URBANOS

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Pesquisa contradiz Obra do Colégio Estadual dados da Sanepar sobre no Cará-Cará permanece saneamento básico sem prazo de entrega

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Coleta de esgoto corresponde a 91,6% da cidade, mas números não correspondem segundo Fórum das Águas

o Bairro Jardim Amália II, localizado ao lado da estação de tratamento da Companhia de Saneamento do Paraná, a Sanepar, dezenas de moradores vivem em situação precária, sem acesso ao saneamento básico, como água encanada e rede de esgoto. Algumas casas não possuem energia elétrica. Um dos moradores, Jocelio Ossovick, relata que há um ano eles tentam obter os serviços de saneamento básico, porém sem solução. “Na minha casa e na do meu sogro, que moram sete crianças, usamos fossa séptica e a água é emprestada de um vizinho”, relata Ossovick. Segundo a Sanepar, Ponta Grossa possui 91,6% de cobertura de esgoto. Mas o dado não corresponde à realidade do município, conforme afirmou o representante do Fórum das Águas dos Campos Gerais, João Stefaniack. “Não existe por parte da Sanepar uma metodologia de cobertura de ligações efetivas, então não é possível saber quantas casas não possuem acesso ao esgoto”, disse Stefaniack. Médica da Unidade de Saúde Ezebedeu Linhares, que atende a população do Jardim Amália II, Laryssa Moreira, disse que

os moradores sofrem com muitas doenças relacionadas à falta de saneamento básico, como gastroenterites, amarelão e esquistossomose. “Já atendi mais de um caso de tênia e cisticercose. São doenças que não vemos em um hospital privado, que certamente estão ligadas à carência de tratamento de água e esgoto”, contou a médica. A Sanepar destacou ainda que há investimentos para aumentar a área da rede de coleta e tratamento de esgoto, com a conclusão da 10ª estação de tratamento de esgoto de Ponta Grossa, prevista para atender os bairros Vila Idelmira e Jardim Planalto, na região da Chapada. De acordo com a Sanepar, a decisão para expansão dos serviços de rede de esgoto foi decidida em conjunto com a Prefeitura. A Assessoria de Imprensa informou que para o serviço, segue as prioridades estabelecidas no Plano Municipal de Saneamento Básico, que determinou como meta ampliar a rede de coleta e tratamento de esgoto para os distritos de Itaiacoca, Guaragi, Piriquitos e Uvaia. Por Maria F. de Lima

No Jardim Amália II, esgoto atravessa rua próxima de Estação de Tratamento de Água. Foto: Maria Fernanda de Lima

Desvio de verba, abandono de construtoras e Operação Quadro Negro: juntos somam anos de atraso na finalização da nova sede

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Há quatro anos abandonado, prédio precisa de acabamento. Foto: Denise Martins

obra da nova sede do Colégio Estadual Francisco Pires Machado, localizado no bairro Cará-Cará, permanece abandonada há quatro anos. A obra teve início em 2013 e a previsão final era novembro de 2014, mas suspeitas de desvio de verbas públicas atrasaram o calendário da construção. Ao todo foram duas licitações e abandono de duas construtoras. O valor do gasto da obra é de mais de R$ 7 milhões. A Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) afirma que a construção da unidade teve assinatura de contrato para iniciar a obra no final de 2011. No entanto, irregularidades apontadas pela Secretaria Estadual da Educação atrasaram o início das obras. Em 2013, foi firmado o contrato com a Construtora Valor com a previsão de término de um ano e investimento de, aproximadamente, R$4,7 milhões. Contudo, houve atrasos e no segundo semestre de 2015, o dono e membros da equipe foram presos devido à Operação Quadro Negro. Logo, a obra foi abandonada. A construtora Nakazima foi contratada em 2018 e retomou os serviços. O prazo foi de 270 dias e o valor de aproximadamente R$ 2,3 milhões. Meses depois, a empreiteira parou a obra com 25% de execução. Desde então, não há um prazo para a

continuação da obra. O aposentado e vizinho da construção, Augusto Nunes Ferreira, conta que ajudou na medição do projeto há oito anos e diz que falta pouco para ser finalizada. “Pouca coisa está faltando ali, as portas estão todas colocadas. Pelo tempo em que está parada, já era pra ter terminado”. A farmacêutica que trabalha em frente ao colégio, Elisiane Costa Ferreira, explica que devido à demora e abandono do local, alguns objetos, como máquinas, foram furtados ou estragados. Ferreira ainda diz que a paralisação trouxe prejuízos para os estudantes. “Era para ter colégio integral no nosso bairro e não tem, porque há espaço. Está sendo cedido o refeitório, tudo dividido. Então prejudica não só a rede estadual como o colégio municipal também”. Problemas como acessibiliade, segurança, quadras compartilhadas e ausência de refeitórios interferem o desenvolvimento educacional dos 400 alunos. Devido

ao déficit de estrutura, o ensino médio só possui oferta a noite . Segundo a

diretoria, muitos estudantes do bairro optam por estudar de dia no Centro ou em outras regiões. Por Denise Martins


POLÍTICA

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Ensino técnico público oferece apenas três cursos com formação humanística Disciplinas como Psicologia, Filosofia e Sociologia integram campo humanístico

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s disciplinas da área de Humanas integram apenas 13% do currículo dos mais de 2 mil alunos da rede pública de Ponta Grossa, que op­ taram por realizar ensino técnico. Entre as oito insti­ tuições de ensino que ofere­ cem a opção profissionali­ zante, apenas o Colégio Es­ tadual Regente Feijó (CERF) mantém disciplinas como Sociologia e Filosofia para seus 258 alunos. Os quais se dividem em cursos de Téc­ nico em Secretariado, Admi­ nistração e Recursos Hu­ manos. Para o Chefe do depar­ tamento de Educação da Uni­ versidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Oriomar Ska­ linski Junior, a falta destas matérias representa um pro­ blema para a formação dos indivíduos. “Ter conheci­ mento e formação humanís­

Segundo Professor Skalinski, falta de formação humanística pode se converter em doenças psicossomáticas. Foto: Yuri A.F MArcinik

tica torna­o intelectualmente mais rico. A formação aca­ lenta melhorias para a sua vida, para suas noções, per­ cepções de habilidades e em relações sociais”, afirma. Como coordenadora do curso de Técnico em Secretariado do CERF, Thania Mara afirma que existe uma

diferença entre aqueles que apenas cursam as matérias de humanas no ensino médio e os que cursam junto ao téc­ nico. “Vejo muito em nossos alunos maiores condições de interpretar, conhecer e saber se relacionar do que um alu­ no que possui apenas a for­ mação no ensino médio, que

muitas vezes precisa tra­ balhar para se manter, além de estudar”, argumenta a co­ ordenadora. Mara também descre­ ve o método empregado no colégio e seus efeitos nos a­ lunos. “Antes de serem pro­ fissionais, nossos alunos pre­ cisam ser humanos, eles a­ prendem a fazer tudo que se espera deles na condição de técnicos, mas priorizamos primeiro o ser e depois o fazer”, conclui. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico descrevem a educação profissional in­ tegrada às diferentes formas de educação, de trabalho, de ciência e à tecnologia, com o objetivo de garantir ao cidadão o direito ao perma­ nente desenvolvimento de habilidades para a vida. Por Yuri A.F Marcinik

Pacientes aguardam de quatro a oito meses para ter consulta com especialistas nas UBS Com 59 médicos, Sistema Único de Saúde não atende demanda nos postos de saúde

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tualmente os pacientes das Unidades Básicas de Saúde (UBS) têm que esperar em média dois meses para conseguir realizar uma con­ sulta com clínico geral e quatro para consultas com especialista. Segundo a a­ gente Saúde do Bairro Cristo Rei, Elisete Bueno Teixeira, os pacientes que procuraram pelo atendimento em abril tiveram vagas para consultas somente para junho. “Se qualquer pessoa chegar aqui para marcar consulta, ela só terá vaga para daqui dois meses. Mas, se o caso for muito grave, eles são en­ caminhados para a UPA (Unidade de Pronto Atendi­ mento)”. O Médico da gestão da Fundação Municipal da Saú­ de, Rodrigo Manjabosco, a­ firma que há vários motivos para demora. “Tem Unidades de Saúde que cuidam de 4 mil pessoas e outras que a­ tendem 12 até 15 mil pessoas, o que aumenta o tempo de

espera”. Pacientes que ne­ cessitam de consultas regu­ lares, como por os exemplo os diabéticos, têm prioridade nas UBS. Essas pessoas são realocadas para conseguir a consulta com mais facilidade, so­mando 60% das vagas, chamadas de vagas de agen­ damento, deixando assim cerca de 40% das vagas para acolhimento, que são das pessoas com outros prob­ lemas, conforme afirmou Manjabosco. “Às vezes as pessoas que não estão nas vagas a­ gendamento podem ser atendidas na hora depend­ endo da da urgência do prob­ lema”, ressaltou o médico. Com especialistas o tempo de espera é maior. De acordo com a paciente Aline Cristi­ ane Gomes, demorou um ano para ela conseguir passar com o oftalmologista: “De­ morou bastante depois que agendei a consulta, mas tive que esperar, não tenho con­ dições para pagar por conta própria”.

Segundo Manjabosco, um dos motivos da demora para consultas com espe­ cialistas é o número de médi­ cos disponíveis no SUS. “Muitos destes profissionais acham que o SUS paga mal, e isso faz com que falte espe­ cialistas e não tenham vagas para oferecer à população”, afirma. Para agendar con­ sultas com clínico geral a pessoa pode ir pessoalmente ao Posto de Saúde do seu bairro, o clínico encaminhará

a um especialista se ne­ cessário. Há também a opção do aplicativo Meu DigiSUS, que foi criado pelo Minis­ tério da Saúde e tem como objetivo divulgar o andamen­ to das consultas para os pa­ cientes. O DigiSUS foi im­ plantado em Ponta Grossa há seis meses. Segundo o médico Manjabosco, o apli­ cativo está em fase de teste. Por Larissa Hofbauer

Digitalização de agendamento de consultas permanece em fase de teste, sem diminuir as filas. Foto: Marcella Panzarini


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POLÍTICA

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Ponta Grossa não realiza transplante de órgãos

Município atende com hemodiálise a mais de 150 pessoas. A maioria delas poderia ser beneficiada com transplante renal, cuja lista de espera chega a 947 nomes no Estado

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onta Grossa é a única cidade do Paraná, entre as cinco maiores, que não realiza nenhum tipo de transplante de órgãos. No Estado, as únicas cidades habilitadas pela Secretaria Estadual de Saúde (SESA) para realizar o procedimento são Apucarana, Curitiba, Campina Grande do Sul, Campo Largo, Cascavel, Londrina e Maringá. Em 2018, 1.187 paranaenses estavam na lista de espera de doação de órgãos, conforme o relatório da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). O rim é o órgão mais requisitado, com 947 pessoas na fila. O Presidente da Associação Paranaense de Renais Crônicos (APRC), Dalmo Sousa, há três anos e meio espera por um transplante. Durante o tempo em que aguarda o procedimento, Dalmo realiza três sessões semanais de hemodiálise. “No começo foi uma grande dificuldade ter que fazer hemodiálise, pois estava no auge da minha carreira profissional”, comenta. Com a impossibilidade de realizar um transplante em Ponta Grossa, ele e mais de 150 pacientes realizam hemodiálise no único centro credenciado na cidade, localizado na Santa Casa de Misericórdia. Caso eles consigam um órgão para fazer o transplante, precisam se deslocar a outro município do Paraná.

José Lemos, 62, aguarda um transplante de rim há seis anos. Após ser diagnosticado com insuficiência renal crônica, Lemos sente os efeitos que a máquina de hemodiálise produz no organismo. “Sinto muitas dores e cansaço, pois a máquina tira tanto as coisas ruins do sangue como as boas. O que deixa os pacientes como eu, que há vários anos aguardam um transplante, mais debilitados e angustiados”, explica José Lemos.

Em 2018, 35 pessoas morreram na fila de espera de transplantes" Embora o Paraná tenha realizado mais de 900 transplantes de órgãos no ano passado, segundo a SESA, no mesmo período 400 novas pessoas ingressaram na fila por um órgão. Outra barreira é o pequeno número de municípios que realizam transplantes no Estado. O problema da espera não é restrito somente ao Paraná. Dados da ABTO indicam que 33.454 mil pessoas no Brasil esperavam algum tipo de órgão no ano passado. Segundo o técnico administrativo da 3º Regional da Saúde de Ponta Grossa, André

Em 2018, mais de 126 mil brasileiros realizaram hemodiálise. Pacientes necessitam do procedimento enquanto se aguardam transplante de rim. Foto: Marcella Panzarini.

Luiz Albuquerque Lisboa, o motivo que leva o município a não fazer nenhum tipo de transplante é a falta de profissionais qualificados e preparados para a realização de um procedimento complexo. O coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Universitário, Guilherme Arcaro, explica que a causa do município não realizar o procedimento é devido à proximidade com a Região Metropolitana de Curitiba. “Outro fator é a questão burocrática perante o Ministério da Saúde. Para mudar esse quadro, o município deve buscar profissionais habilitados e formar grupos de médicos experientes para realizar transplante de órgãos”, afirma Arcaro. A Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal de PG infomou que os transplantes e outras especialidades não competem ao município, mas sim ao Estado por meio da SESA. Até o fechamento da reportagem, não foi possível o retorno da Coordenadora da Central de Transplante do Paraná, pois a mesma está em período de férias, como informou a Assessoria de Comunicação Social da SESA. A reportagem também não obteve resposta da Associação Médica de Ponta Grossa (AMPG) .

A lista de espera Cada órgão tem uma fila de espera específica, baseada na Lei nº 9.434/1997. Cada vez que um órgão fica disponível, o ranking é atualizado. Pacientes que estão à espera de um transplante precisam ser inscritos pelos seus médicos no Cadastro Técnico Único, através do banco de dados do sistema informatizado da Central de Transplantes de cada Estado. Apesar de o sistema de transplante e a fila serem nacionais, as distribuições são regionalizadas por questões de logística de transporte e o

tempo de isquemia (redução do fluxo sanguíneo). O tempo significa o prazo de duração que o órgão resiste sem irrigação fora do corpo. Em Ponta Grossa, pacientes dependem da equipe médica para que eles estejam no Cadastro Técnico Único do Estado, mas devem procurar hospitais que ofereçam este tipo de serviço para se cadastrar. Como depende do paciente estar na lista de espera estadual, é necessário também se inscrever em algum hospital ou clínica que realiza o procedimento. Por Alexsander Marques

Saiba o que é Hemodiálise

A hemodiálise é um procedimento através do qual uma máquina limpa e filtra o sangue. Ou seja, faz parte do trabalho que o rim doente já não consegue realizar. O procedimento libera o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de líquidos. Também controla a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o equilíbrio de substâncias. É indicado para pacientes com insuficiência renal aguda ou crônica grave detectados pelo médico. A máquina recebe o sangue do paciente por um acesso vascular, que pode ser um cateter (tubo) ou uma fístula arteriovenosa, realizado cirurgicamente pelo médico no paciente e depois o sangue é impulsionado por uma bomba até o filtro de diálise (dialisador). O tempo que o paciente fica junto à máquina varia de três a cinco horas por sessão, em que ele terá que realizar três vezes por semana ou até mesmo diariamente, se for necessário. Mesmo com os benefícios da hemodiálise, o paciente pode apresentar complicações como hipertensão arterial, anemia severa, desnutrição e hepatite, que podem ser tratadas e controladas a cada sessão de hemodiálise.


ESPECIAL

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Apenas 19 dos 54 postos de saúde do município possuem serviço de vacinação

ESPECIAL

População reclama da falta de vacinas em Unidades Básicas de Saúde "Estão fazendo até abaixo assinado para chegarem as vacinas e pela terceira vez não consegui tomar as vacinas de febre amarela e gripe."

"Tenho que vir lá do Madureira para pegar senha. Pedem pra eu vir cedo e eu venho, depois pedem para vir à tarde e eu só perco a viagem e não consigo me vacinar"

Luiz Carlos Matos, 64, aposentado - mora no Santo Antônio (vacina na Nova Rússia)

Inaldo Izidio, 56, aposentado - mora no Madureira (vacina na Nova Rússia)

Rita, Palmeirinha, Parque Sabiá, Cara-Cará, Santa Terezinha, Vila Vilela, Santa Paula, Cará-Cará, Santa Maria, Tarobá, Vila Cipa, Ronda e Parque Nossa Senhora das Graças, além das unidades de saúde situadas próximo ao centro da cidade, nos antigos CAS, localizados em Uvaranas, Oficinas e Nova Rússia. Na zona rural, há apenas duas unidades, no Guaraji e no distrito Itaiacoca. A assessoria da Prefeitura afirma ainda que a Fundação Municipal de Saúde (FMS) estuda a possibilidade de implantar duas salas de vacinas nas próximas semanas, dependendo apenas de recursos humanos para a inauguração. As salas estão planejadas para serem colocadas na Unidade de Saúde Cleon de Macedo, no Paraíso, e Antero Machado de Mello Neto, no Pitangui.

Ponta Grossa intensifica vacinação para prevenir febre amarela

Por Eduardo Machado

nfográfico: Marcus Beneditti

Pontos das Unidades Básicas de Sáude nos bairros do município. Infográfico: Lucas Muller

nfográfico: Denise Martins

oradores dos bairros mais afastados de Ponta Grossa reclamam da falta de fornecimento de vacinas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Ao todo, são 54 postinhos de saúde que atendem às regiões do município, mas apenas 19 deles prestam atendimento à vacinação. A diarista Marilene Rocha Neves, de 45 anos, mora no Jardim Três Rios e precisa se deslocar até o Bonsucesso para pegar o ônibus à Nova Rússia, pois na UBS Ambrósio Brecailo não tem sala de vacinação. “Tenho que tomar a vacina cedo, porque o ônibus entra na vila até 13h25, depois só 17h25.” Neves ressalta que muitas vezes não há vacinas nem na Nova Rússia. “Fomos três vezes ao Centro de Atenção à Saúde (CAS), mas não tinha vacina. Reclamamos que pagamos passagem e perdemos a viagem, mas disseram que não podiam fazer nada.” Jocilene dos Santos de 38 anos, que é doméstica e mora no Recanto Verde, diz que o posto de saúde mais próximo a sua casa fica no Parque do Sabiá, que tem sala de vacinação, mas não tem vacinas. Para o atendimento, ela precisa se deslocar sete quilômetros até Uvaranas. “Lá não tem vacina e o CAS de Uvaranas está sempre cheio. Um posto de saúde para atender a região é pouco.” Sueli Rosa Moura, 66 anos, proprietária de um bar, mora no Núcleo Cristo Rei e precisa ir até a Nova Rússia, à nove quilômetros de sua casa para conseguir a vacina. “Soube do mutirão da vacina pela televisão, porque no posto não falaram nada. Como aqui não tem, temos que correr atrás por conta própria." A assessoria de imprensa da Prefeitura de Ponta Grossa informa que, para vacinação, é necessário que a Unidade tenha uma sala de vacina. A implantação de salas de vacina em UBS ocorre mediante liberação da Vigilância Sanitária do Estado e registro no Ministério da Saúde. A distribuição das vacinas é feita pela 3ª Regional de Saúde, que define a quantidade, dependendo da campanha de vacinação, e do estoque recebido pelo órgão estadual; já o município organiza a distribuição das vacinas entre os postos de Os pequenos postos de saú-de que têm salas de vacinas estão situados nos bairros da A

Em 30 de março, houve um mutirão em 17 Unidades Básicas de Saúde (UBS) para vacinar os moradores de nove meses até 60 anos ou mais e gestantes contra a febre amarela. Duas unidades não foram contempladas por se localizarem na área rural da cidade. A vacinação continua por todo ano. De acordo com o médico da Secretaria Municipal de Saúde, Rodrigo Manjabosco, o número de pessoas vacinadas já havia chego a 20.000 até 24 de abril, mas a meta é atingir 90.000 pessoas. ‘‘A vacina está sempre nas unidades de saúde, disponível o ano todo. Com a circulação do vírus, as equipes solicitam e pedem a adesão da população que ainda não se vacinou o mais rápido possível’’, afirma . O médico assegura que não foi registrado nenhum caso de febre amarela em Ponta Grossa, mas as ações são justamente para evitar a doença. A campanha conta ainda com Agentes Comunitários de Ende-mias "Muitas vezes viemos até o (ACE), que diariamente fazem visitas domiciliares e fiscalizam ruas e terCAS e também não tem que possam acumular água, e vacina, assim como lá no renos evitar a reprodução de mosquitos. postinho. Durante a O Aedes aegypti transmite a dengue e a febre amarela. A vacina é campanha de febre amarela eu não consegui aplicada desde 1999 em Ponta Grossa. A Prefeitura também dispome vacinar." nibilizou um ônibus no Terminal para agilizar e facilitar a Denise Maria, 38, do lar - mora no Central Londres (vacina em Uvaranas) vacinação da população. Por Mirella Mello


ESPECIAL

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MAIO/19

Apenas 19 dos 54 postos de saúde do município possuem serviço de vacinação

ESPECIAL

População reclama da falta de vacinas em Unidades Básicas de Saúde "Estão fazendo até abaixo assinado para chegarem as vacinas e pela terceira vez não consegui tomar as vacinas de febre amarela e gripe."

"Tenho que vir lá do Madureira para pegar senha. Pedem pra eu vir cedo e eu venho, depois pedem para vir à tarde e eu só perco a viagem e não consigo me vacinar"

Luiz Carlos Matos, 64, aposentado - mora no Santo Antônio (vacina na Nova Rússia)

Inaldo Izidio, 56, aposentado - mora no Madureira (vacina na Nova Rússia)

Rita, Palmeirinha, Parque Sabiá, Cara-Cará, Santa Terezinha, Vila Vilela, Santa Paula, Cará-Cará, Santa Maria, Tarobá, Vila Cipa, Ronda e Parque Nossa Senhora das Graças, além das unidades de saúde situadas próximo ao centro da cidade, nos antigos CAS, localizados em Uvaranas, Oficinas e Nova Rússia. Na zona rural, há apenas duas unidades, no Guaraji e no distrito Itaiacoca. A assessoria da Prefeitura afirma ainda que a Fundação Municipal de Saúde (FMS) estuda a possibilidade de implantar duas salas de vacinas nas próximas semanas, dependendo apenas de recursos humanos para a inauguração. As salas estão planejadas para serem colocadas na Unidade de Saúde Cleon de Macedo, no Paraíso, e Antero Machado de Mello Neto, no Pitangui.

Ponta Grossa intensifica vacinação para prevenir febre amarela

Por Eduardo Machado

nfográfico: Marcus Beneditti

Pontos das Unidades Básicas de Sáude nos bairros do município. Infográfico: Lucas Muller

nfográfico: Denise Martins

oradores dos bairros mais afastados de Ponta Grossa reclamam da falta de fornecimento de vacinas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Ao todo, são 54 postinhos de saúde que atendem às regiões do município, mas apenas 19 deles prestam atendimento à vacinação. A diarista Marilene Rocha Neves, de 45 anos, mora no Jardim Três Rios e precisa se deslocar até o Bonsucesso para pegar o ônibus à Nova Rússia, pois na UBS Ambrósio Brecailo não tem sala de vacinação. “Tenho que tomar a vacina cedo, porque o ônibus entra na vila até 13h25, depois só 17h25.” Neves ressalta que muitas vezes não há vacinas nem na Nova Rússia. “Fomos três vezes ao Centro de Atenção à Saúde (CAS), mas não tinha vacina. Reclamamos que pagamos passagem e perdemos a viagem, mas disseram que não podiam fazer nada.” Jocilene dos Santos de 38 anos, que é doméstica e mora no Recanto Verde, diz que o posto de saúde mais próximo a sua casa fica no Parque do Sabiá, que tem sala de vacinação, mas não tem vacinas. Para o atendimento, ela precisa se deslocar sete quilômetros até Uvaranas. “Lá não tem vacina e o CAS de Uvaranas está sempre cheio. Um posto de saúde para atender a região é pouco.” Sueli Rosa Moura, 66 anos, proprietária de um bar, mora no Núcleo Cristo Rei e precisa ir até a Nova Rússia, à nove quilômetros de sua casa para conseguir a vacina. “Soube do mutirão da vacina pela televisão, porque no posto não falaram nada. Como aqui não tem, temos que correr atrás por conta própria." A assessoria de imprensa da Prefeitura de Ponta Grossa informa que, para vacinação, é necessário que a Unidade tenha uma sala de vacina. A implantação de salas de vacina em UBS ocorre mediante liberação da Vigilância Sanitária do Estado e registro no Ministério da Saúde. A distribuição das vacinas é feita pela 3ª Regional de Saúde, que define a quantidade, dependendo da campanha de vacinação, e do estoque recebido pelo órgão estadual; já o município organiza a distribuição das vacinas entre os postos de Os pequenos postos de saú-de que têm salas de vacinas estão situados nos bairros da A

Em 30 de março, houve um mutirão em 17 Unidades Básicas de Saúde (UBS) para vacinar os moradores de nove meses até 60 anos ou mais e gestantes contra a febre amarela. Duas unidades não foram contempladas por se localizarem na área rural da cidade. A vacinação continua por todo ano. De acordo com o médico da Secretaria Municipal de Saúde, Rodrigo Manjabosco, o número de pessoas vacinadas já havia chego a 20.000 até 24 de abril, mas a meta é atingir 90.000 pessoas. ‘‘A vacina está sempre nas unidades de saúde, disponível o ano todo. Com a circulação do vírus, as equipes solicitam e pedem a adesão da população que ainda não se vacinou o mais rápido possível’’, afirma . O médico assegura que não foi registrado nenhum caso de febre amarela em Ponta Grossa, mas as ações são justamente para evitar a doença. A campanha conta ainda com Agentes Comunitários de Ende-mias "Muitas vezes viemos até o (ACE), que diariamente fazem visitas domiciliares e fiscalizam ruas e terCAS e também não tem que possam acumular água, e vacina, assim como lá no renos evitar a reprodução de mosquitos. postinho. Durante a O Aedes aegypti transmite a dengue e a febre amarela. A vacina é campanha de febre amarela eu não consegui aplicada desde 1999 em Ponta Grossa. A Prefeitura também dispome vacinar." nibilizou um ônibus no Terminal para agilizar e facilitar a Denise Maria, 38, do lar - mora no Central Londres (vacina em Uvaranas) vacinação da população. Por Mirella Mello


ENTREVISTA

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Falta representatividade negra em materiais didáticos e na mídia, observa pesquisadora da UEPG

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professora Aparecida de Jesus Ferreira apresenta a importância do letramento racial crítico e fala de seu trabalho em questões de representatividade. Premiada pela Fundação Municipal de Cultura como destaque de literatura em 2018, Aparecida credita o feito ao livro “As Bonecas Negras de Lara”, projeto bilíngüe e trabalhado tanto no Brasil quanto no exterior. O trabalho com o livro em escolas pode ser acompanhado em grupo aberto no Facebook.(http://www.facebook.c om/groups/LivroAsBonecas NegrasDeLara) e no Flickr (http://www.flickr.com/photo s/aparecidadejesusferreira/a lbums/72157690862508973). A Fundação Municipal de Cultura a elegeu como destaque de literatura do ano de 2018. Como você mensura tal reconhecimento? Eu fiquei muito feliz, porque o prêmio veio por conta de um projeto do livro “As Bonecas Negras de Lara”, que é um dos temas da minha área de pesquisa e de trabalho aqui na UEPG e que tem a ver com a minha identidade racial. Quando desenvolvi o projeto, em 2017, foi feito um trabalho muito intenso envolvendo a Secretaria Municipal de Educação, com um curso de formação para 2 mil professores e alunos. Foram distribuídos 300 livros aqui em Ponta Grossa e mais 600 para resto do Paraná. No ano passado, houve a Semana do Livro e, durante o evento, os professores participantes da formação de 2017 usaram o livro em várias atividades com as crianças. Acho que isso teve um impacto na cidade por conta do material. Por isso, acredito que a Fundação me premiou como destaque em literatura. Ninguém me ligou. Eu vi pelas redes sociais. Fiquei muito feliz pelo reconhecimento de um trabalho com temática importante, relevante e muito atual.

De que forma o livro “As Bonecas Negras de Lara” aborda diferenças? É baseado em experiências reais e de várias formas. Tanto ao brincar na infância, percebendo que as crianças não tinham bonecas negras, quanto você ir a lojas de brinquedo e perceber que não há um contingente igual de bonecas negras e brancas. Se as pessoas querem bonecas negras, têm que procurar na Internet. Isso implica com que a criança não peça bonecas negras aos pais. Foi esse contexto que eu quis trabalhar, para despertar o interesse das crianças nessas bonecas. O livro tem três personagens: Lara, Sérgio e Paula. Conversando com o ilustrador, eu disse que queria fugir de estereótipos de roupa. Por isso o menino não usa azul. Quando vai ao parquinho, o Sérgio leva um carrinho e, também, uma boneca. A menina Paula também foge do estereótipo feminino do vestido ao usar shorts e camiseta. A diversidade segue em diferentes tons de pele dos personagens, ainda que todos sejam negros. As realidades familiares de cada um também são distintas: Lara tem duas casas, com pais divorciados. Sérgio mora com o pai e a mãe, enquanto Paula mora com a avó, abordando também a diversidade de idade e respeito aos mais velhos. Isso abrange realidades distintas e existentes atualmente para que as crianças, quando lerem, possam se identificar com algum dos formatos diferentes de família. Além disso, enfatiza que não há brinquedo de menino e de menina. Brinquedo serve para qualquer criança brincar e se divertir. Ser mulher e negra é motivacional para suas produções em termos de representatividade?

Acredito que bastante. Claro, não nasci com a consciência desta representatividade. Fui me entendendo como mulher e negra conforme fui me qualificando, estudando e entendo várias experiências

A boneca Lara, protagonista do livro Foto: Cassio Murilo que passei na escola, como temos que pensar nos mateser a única menina negra riais utilizados por esses no ensino fundamental e professores e, na maioria médio. Na graduação tive deles, é difícil encontrar pesalguns colegas. No mes- soas negras como protatrado, era a única. Já no gonistas. Ao trabalhar com doutorado, tinha um pouco letramento racial crítico, mais por ser fora do Brasil. você possibilita que as pesAtualmente, aqui no curso soas se vejam e percebam a de Letras da UEPG, somos ausência de representativiapenas duas professoras dade nos materiais e na mídia também. Você passa negras. por um outdoor ou uma Qual é o papel do letra- banca de revista e vê uma mento racial na formação deficiência na representatividade de negros nas de professores? Ele [o letramento imagens e capas dos racial] possibilita que o produtos. professor reflita sobre questões raciais dentro de seu próprio contexto de sala de aula e, a partir do momento que ele reflete a respeito, também permite que seus alunos tenham consciência de sua própria identidade racial. Tal consciência permite que o aluno se veja representado em vários Visite o site da autora contextos. Quando pensamos Aparecida de Jesus em formação de professores, Ferreira


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ENTREVISTA

e isso possibilita que questões necessárias sejam efetivadas dentro do contexto das escolas. Agora há um retrocesso contra várias conquistas nossas e o engajamento atual é para que não as percamos. Isso está acontecendo não apenas com a questão racial, mas também com a questão de gênero. A gente vai precisar de muito trabalho para fortalecer nosso espaço.

O livro permite que as crianças identifiquem sua cor de pele em lápis coloridos Foto: Cassio Murilo De que forma as narrativas têm de estar preparados para dos sobre a lei e tivemos autobiográficas reforçam a trabalhar com esta questão e muitos avanços com ela. importância do letramento isso gerou um grande movimento, principalmente por A conjuntura social e poracial? Elas são fantásticas! mudanças em livros didá- lítica de quando você iniAdoro as narrativas auto- ticos, a fim de que atendam a ciou seus trabalhos era biográficas porque, ao ler a lei. Junto disso, discussões mais favorável do que a de experiência do outro e se calorosas sobre cotas tam- agora? Acredito que ela nunca coloca no lugar dele, você se bém se tornaram recorrensensibiliza. Elas fazem com tes desde então, o que tornou foi favorável. No governo que você experimente algo latente a questão racial na anterior, estávamos sim com que não experimentou antes. sociedade. Os núcleos de uma posição mais favorável. Mesmo sendo negro ou estudo afro-brasileiros tam- Mas isso veio por um grupo de branco, ao ler uma narrativa bém se ampliaram, sendo professores que batalharam de racismo, discriminação ou mais de 150 espalhados entre por isso. O que a gente percebe preconceito, as pessoas pas- as universidades do país. é que há um movimento de sam a ter uma noção de Muitos alunos meus de engajados que entendem do como é viver tal experiência. iniciação científica, de TCC e assunto e o estudam. Há uma Algo que escuto muito é “eu do mestrado já fizeram estu- união forte entre tais pessoas nunca tinha pensado nessa questão”. As narrativas colaboram em levar tais experiências de quem passa cotidianamente por isso às demais pessoas, tirando-as de seu lugar de conforto. As narrativas autobiográficas trazem reflexão e impacto positivo, mesmo que o teor da narração seja de dor para gerar empatia. Como a lei 10639/03 tem afetado a educação no Brasil? Ela se tornou obrigatória em janeiro de 2003 e, desde então, um documento foi escrito com diretrizes que possibilitam o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. Os professores

Como você vê o futuro da educação brasileira no que diz respeito a abordagens das diferenças? Sou bem otimista. Acredito que temos hoje um contingente de jovens que estão bem atentos e que têm estudado muito sobre tais temas, ao percebermos dentro das universidades vários coletivos de negros, inclusive aqui na UEPG. Hoje, quando ocorre algo inaceitável a respeito, tais grupos se mobilizam e o caso vem à tona para que essas questões sejam verificadas. O Ministério Público têm feito uma atuação importante também nesse quesito. O que temos que fazer é fortalecer esses grupos para que continuem dando vazão àquilo que a gente precisa e, principalmente, se fortalecendo.

Por Cassio Murilo

Abayomi, uma boneca de origem iorubá que significa aquele que traz felicidade ou alegria. Foto Cassio Murilo


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CULTURA

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Governo Federal reduz em 60 vezes teto de captação da Lei Rouanet e limita produção cultural

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Medida afeta principalmente a produção audiovisual e a de grandes eventos

s novas regras da Lei Rouanet foram colocadas em forma de normativa no Diário Oficial da União, no dia 24 de abril. O teto de captação de recursos diminuiu de R$ 60 milhões para R$ 1 milhão. No caso de empresas que patrocinam um conjunto de projetos, o teto agora é de R$ 10 milhões. Outra mudança é que a Lei Rouanet, passará a ser reconhecida como Lei de Incentivo à Cultura. Para alguns projetos menores, o novo teto não dificulta a sua execução. No entanto, projetos maiores encontrarão empecilhos, como explica Cirillo Barbisan, que trabalhou como produtor cultural por dezoito anos. “Muda para os grandes projetos que necessitam de valores maiores como filmes e óperas, mas para projetos menores o teto não interfere”, afirma. Rafael Schoenherr, representante da cadeira de Cine-Foto-Vídeo do Conselho Municipal de Cultura, relata a preocupação do Conselho

com a normativa. “A diminuição do teto prejudica o cenário brasileiro na produção de filmes e documentários, que dificilmente conseguirão entrar nas salas de cinema sem o incentivo”. Schoenherr destaca também que a diminuição afeta aqueles que produzem e trabalham indiretamente com a cultura na cidade.

Lei Rouanet tem a sua contrapartida social a partir da geração de renda"

Em Ponta Grossa, com a captação da Lei Rouanet em 2013 foi criada a Lei Ordinária 11.528/2013 com o objetivo de fomento cultural da cidade. A Lei está sendo reformulada, como explica Alessandra Perrinchelli, que atualmente trabalha na Fundação Municipal de Cultura. “Apesar do potencial de empresas na cidade, poucas destinavam. Então a Fundação Municipal de Cultura criou uma parceria com a Prefeitura para as empresas que

tinham projetos aprovados pela Lei Rouanet”, comenta. A destinação de recursos para a Lei de Incentivo à Cultura não mudou com a normativa. Pessoas físicas podem abater 6%, enquanto empresas podem abater 4%. A prática é conhecida por mecenato e são as empresas ou pessoas físicas (e não o governo) que escolhem a qual projetos os recursos serão destinados. Desde a sua criação, em 1991, a Lei Rouanet movimentou R$49,78 bilhões na economia brasileira, de acordo com o estudo reali-

zado pela Fundação Getúlio Vargas. “A Lei Rouanet tem a sua contrapartida social a partir da geração de renda e do desenvolvimento de diversos setores na cadeia produtiva”, afirma Perrinchelli. “Acabar com a Lei de Incentivo a Cultura é de grande prejuízo para o nosso país já que é um setor que mobiliza muitos trabalhadores. Deixar o Brasil sem uma política de cultura é não reconhecer o valor da identidade cultural do povo” , complementa Perrinchelli .

Por Jéssica Allana

Gráfico: Marcella Panzarini e Marcelli Clivati

Mesmo com aumento na procura, cinemas locais exibem poucos filmes nacionais

D

Segundo Ancine, em Ponta Grossa, filmes nacionais representam 13,4% do público de cinema. A média nacional é de 11,7%

os mais de R$ 260 milhões arrecadados na exibição de filmes brasileiros, R$ 404 mil (0,15%) resultaram de exibições em Ponta Grossa. A cada 10 filmes lançados, apenas três são nacionais. Em relação à participação do público, a cada 10 filmes que uma pessoa assiste no cinema, apenas um é nacional. Em 2018, dos 70 filmes exibidos em Ponta Grossa pelas redes de cinema, 20 eram brasileiros. Desse total, 15 eram comédias. Dos 10 filmes brasileiros de maior arrecadação na cidade, apenas dois não eram comédias. Em relação ao cenário nacional, dos 427 filmes

lançados no país, 163 eram de origem brasileira. Gerente da rede de cinemas Lumière em Ponta Grossa, Claudinei Machado, explica a política da empresa junto às distribuidoras. “As distribuidoras baseam as escolhas dos filmes enviados para as cidades baseado no êxito de filmes do mesmo gênero. Como Ponta Grossa é um polo cinematográfico pequeno, a variedade costuma ser menor”, afirma. Machado relata que cabe às filiais apenas exibir os filmes. “Normalmente a matriz [em Goiânia] define horários e salas de exibição.Eles

A cada 10 filmes que uma pessoa assiste no cinema, apenas um é nacional"

e as distribuidoras através de um sistema único digital, monitoram todas as sessões realizadas no país”. Para o cineasta documentarista André Queiroz, a responsabilidade pela falta de oferta é das distribuidoras. “Se trata de você se inserir num mercado viciado e viciante. São canais que sob o pretexto de profissionalização, arregimentam só um determinado tipo de produção”, afirma Queiroz, também professor da Universidade Federal Fluminense. Já para Guto Pasko, cineasta e criador da produtora GP7 de Curitiba, não se trata de vício de mercado, apenas procedimentos padrões comerciais. “O lançamento de um filme custa caro. A distribuidora arca com os custos de distribuição do filme, e

com seus 25% de participação nos lucros deve evitar perdas e pensar em renda. Por isso optam por projetos mais vendáveis”, afirma. Segundo Pasko, filmes estrangeiros já vêm com roteiro de distribuição, o que torna o processo mais econômico para distribuidoras. Para Vinicius Costa, professor de Filosofia e um dos criadores do Fissura (projeto de exibição de filmes alternativos) oferecer variedade é entregar todo o potencial da arte ao público. “Por isso nós criamos o Projeto Fissura, para oferecer via cinema, opções mais variadas o possível, que tirem o público da zona de conforto do cinema e estimulem o debate. Para mim, esse é o papel da arte”, afirma. Por Yuri Marcinik


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ESPORTE

Valorizado por patrocinadores, basquete de cadeira de rodas joga sem apoio do público Atletas afirmam que apenas família e amigos comparecem para prestigiar o time, um dos principais do Paraná

colocar uma placa "N emna sefrente indicando

‘open bar’, enche o ginásio", é o que diz o atleta do Tubarões/Copel Telecom/MM/LDPG, João Vitor Miranda, 35, sobre a visibilidade que a equipe tem para a cidade. Apesar da ajuda financeira que recebem dos patrocinadores, o time não possui o apoio esperado nas arquibancadas e nem a divulgação do trabalho pelas mídias. Principal equipe de Basquete em Cadeira de Rodas (BCR) de Ponta Grossa, o Tubarões já conquistou três vezes o Campeonato Paranaense de Basquete (2013, 2014 e 2015) de forma invicta, além de ganhar outros títulos estaduais e interestaduais desde a fundação, em 2008. Em dezembro do ano passado, os ponta-grossenses ficaram em segundo lugar na competição, perdendo a final para o Kings/UMPM/UEM da cidade de Maringá.

Atletas do Tubarões/Copel Telecom/MM/LDPG em treino no ginásio Jamal Farjallah Bazzi Foto: André Ribeiro

Para o técnico Ben Hur Chiconato, 56, mesmo com o reconhecimento da mídia o público não comparece. “A população, em geral, não está preparada para apreciar o BCR enquanto esporte, e sim como uma ferramenta exclusiva de inserção social”, relata.

Segundo o atleta Osvaldo Mayer Junior, 21, comparado com outras cidades, o BCR ponta-grossense está atrás na visibilidade. "As nossas arquibancadas são compostas por familiares e amigos. Nas outras cidades, a população comparece em massa para prestigiar", afirma.

Além da falta de visibilidade da modalidade, nos últimos cinco anos os desportistas treinaram e jogaram com materiais defasados e cadeiras antigas, limitando a participação da equipe em mais competições. Neste ano, o Tubarões recebeu R$ 100 mil do patrocinador para a compra de novas cadeiras e equipamentos esportivos.“Cada cadeira tem um custo médio em torno de R$ 5 mil e, com todas as melhorias de segurança, chegam a custar até R$ 8 mil”, diz Mayer. Chiconato afirma ser necessário conseguir apoio financeiro para ajudar no custo dos atletas. “Hoje temos o Prata da Casa, quantia que alguns jogadores recebem para o incentivo no esporte, mas o valor é limitado”, explica o técnico. Por André Ribeiro

Secretaria Municipal de Esportes corta verba para Liga de Handebol Equipes não participam de campeonato paranaense por falta de patrocínio

ano conseP elocutivo,terceiro o time de han-

debol adulto de Ponta Grossa não participa do Campeonato Paranaense de Handebol. Neste ano, a primeira etapa do campeonato aconteceu na cidade de Maringá, nos dias 13 e 14 de abril. Em 2016, último ano em que Ponta Grossa participou do campeonato, a Liga de Handebol tinha como representante a categoria masculina e feminina. Ambas às equipes já sofriam com a falta de incentivo e patrocínio da Prefeitura Municipal. O time feminino, por exemplo, tinha o apoio de empresas privadas, no custo da viagem e alimentação. Já a equipe dos homens, o custo da participação do campeonato foi bancada, segundo informações dos atletas partici-

pantes, do técnico da equipe e do presidente da Liga de Handebol de Ponta Grossa. Os integrantes afirmam que tiraram dinheiro do próprio bolso. O atleta e estudante de Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Lucas Fontana, participou dos jogos em 2016. Na época, a equipe masculina chegou até as quartas de finais. Fontana declara sua insatisfação com a falta de apoio dos gestores públicos para a competição: “Mais um ano se passou e nada é feito. Foi corrido atrás, pedimos a verba e fica só em promessas’’. O atleta ainda cita a reunião em fevereiro deste ano com políticos locais para busca de apoio financeiro, mas sem retornos.

Ao ser questionado so- ceira em iniciativas que já bre esse de corte na verba pa- existem em Ponta Grossa. ra Liga de Handebol em Ponta Por João Paulo Pacheco Grossa, o assessor da Secretaria Municipal de Esportes, Danilo Krav, diz que não há verba destinada ao time . . “Infelizmente, desde 2018 não há representante da cidade nesse campeonato, por falta de uma equipe e mesmo de um técnico que se proponha a montar esta equipe’’, disse Danilo. O assessor ainda enfatiza que a Secretaria não dispõe de verba para a formação de equiFoto da equipe no campeonato pes profissionais, aparanaense em 2016 tuando como parFoto: Marina Semensati


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EDITORIAL

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Esta é só mais uma balbúrdia O jornal-laboratório Foca Livre promove mais uma balbúrdia no Ensino Público Superior brasileiro. Pelo menos, se for considerado o ponto de vista do ministro da Educação do governo Bolsonaro, Abraham Weintraub, que usou o termo “balbúrdia” para qualificar o que acontece na UnB, UFF e UFBA. O termo ganhou visibilidade em matéria como a de Renata Agostini, publicada em 30 de abril deste ano, no jornal O Estado de S. Paulo. Por que estudar Jornalismo, se o canal oficial do presidente é uma rede social? Desde quando a Universidade passou de investimento para “gasto do dinheiro público”? O Ministro da Educação, justificou o corte de 30% nas universidades federais por contas das “balbúrdias” que acontecem nesses ambientes. “Desordem barulhenta”, “vozearia”, “algazarra”, “tumulto”, “situação confusa”, “atrapalhada”, “complicação”. Embora pareça uma descrição dos primeiros meses do governo Bolsonaro, este é o significado de “balbúrdia” segundo o Dicionário Houaiss. O que é “balbúrdia” para o Ministro? Seria tumulto apresentar dados inéditos da sífilis no Paraná? Como fez a mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Caroliny Stocco. Seria uma algazarra descobrir um novo planeta? Tal como realizou o ex-aluno, Rodrigo Carlos Boufleur. Seria uma trapalhada promover atendimentos gratuito a mulheres vítimas de violência doméstica? Como promovido pelo Núcleo Maria da Penha (NUMAPE). Seria uma situação confusa preservar a história local? Como desempenha o Museu Campos Gerais, administrado pela Universidade. Seria desordem barulhenta ser um dos pesquisadores brasileiros mais citados no mundo? Como acontece com Daniel Granato, membro do Departamento de Engenharia de Alimentos. Todos esses casos de “balbúrdia”, pelo menos do tipo weintrauibiana, acontecem na UEPG. O estudo Research in Brazil, a pedido da CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior, mostra que 95% da produção científica do país é feita nas Universidades Públicas. Para a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), o acesso a educação é um direito humano. Segundo a Constituição Brasileira de 1988, é dever do Estado garantir o acesso à educação. O governo não pode simplesmente ignorar tudo isto. Neste Foca, a Educação pauta várias matérias, seguindo as produções científicas desta Universidade. Na Editoria UEPG, os repórteres mostram como pesquisas científicas ajudam a interpretar a sociedade. As matérias também mostram os desafios enfrentados pelo Ensino Fundamental, Médio e Técnico. O Especial indica que não somente na Educação que o Estado não está atendendo as necessidades humanas, mas também na saúde, com a falta de vacinas nos postos de saúde.

Editores-chefe: Cássio Murilo,Emanuelle Salatini,Laísa Braga. Edição de texto: Amanda Gongra,André Ribeiro,Alexsander Marques, David Candido, João Paulo Pacheco,Juliana Cosmoski,Larissa Hofbauer,Maria Fernanda Lima,Mirella Mello, Robson Soares,Vitor Almeida. Edição de imagem: Denise Martins,Marcella Panzarini,Marcelli Clivati,Nataly Gayde,Yuri Marcinik. Diagramadores: Daniela Valenga,Eduardo Machado,Emanuelle Benicio,Gabriel Mendes,Germano Busato, Isabela Gobbo,Jéssica Allana,Lucas Müller, Renata Oliveira, Marcus Benedetti, Milena Kauana. Repórteres: consulte a autoria das reportagens diretamente na página da notícia.

Foto: William Clarindo/Lente Quente

A equipe do Foca Livre apoia e celebra o exercício de Democracia promovido nos bairros e vilas de Ponta Grossa. Vinte e Oito localidades estão escolhendo os representantes das Associações de Moradores. Nós entendemos que o exercício da Democracia deve ser o princípio de toda a sociedade e exercida por todos. Errata escrever a palavra união em A Foca também é humana letra minúscula, pois a palavra Pedimos desculpas pelos erros é referente a União (país). da edição 208 p. 8-11 No especial Reforma da p. 2 Previdência erramos ao não No texto “DCE fecha sede para creditar a arte da página e eventos por tempo infografia realizadas por Cássio indeterminado”, a Murilo. Ele também desenhou temporalidade do fato foi a arte das páginas 10 e 11. perdida porque a impressão do p. 10 jornal atrasou em 2 semanas Na entrevista erramos ao não devido a demora na expedição creditar a fotografia feita por de uma nota de empenho pela Larissa Hofbauer. administração da p. 13 Universidade. Nesse período, o Na matéria sobre os atletas de Diretório lançou um evento na judô. erramos com a precisão sua sede fazendo com que a da porcentagem dos atletas pauta caísse. que não recebem a bolsa do p. 4 ‘Prata da Casa’ no infográfico. O mês da editoria Problemas O número de 2%, na verdade Urbanos saiu como Março, mas era 2,53%. era referente ao mês de Abril. p. 8 No especial Reforma da Previdência erramos ao

CHARGE

Foca Livre é o jornal-laboratório do curso de Jornalismo da UEPG.

Contato: focalivreuepg@gmail.com Whatsapp: (42) 999-700-565

Os textos de opinião são de responsabilidade de seus autores e não expressam o ponto de vista do jornal. Impressão: Grafinorte,Apucarana (PR) Tiragem: 2.000 exemplares

Departamento de Jornalismo UEPG - Campus Central - Praça Santos Andrade,nº 01-Centro CEP: 84010-790 - Ponta Grossa - PR - Telefone: +55 42 3220-3339 Professores Responsáveis pela edição: Ben-Hur Demeneck (MTB - PR 5664) Renata Caleffi (MTB - PR 9018) Professora Responsáveis pela produção de notícias: Hebe Gonçalves (MTB MG-5204)


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LITERÁRIO

Memórias Póstumas de Marielle Franco A história de Marielle por Marielle

o verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico com dolorosa lembrança, estas memórias póstumas. Ao me questionar se deveria começar sobre meu nascimento ou minha morte, foi a última que considero um bom início. Por dois motivos, o primeiro é que nunca fui de escrever biografias, então, é um jeito diferente de começar, e o segundo é que todos sabemos que é a minha morte que lhe interessa. Na tarde de 15 de março de 2018, meu funeral foi a experiência mais inesperada que pude presenciar. Imaginava-me saindo do mundo real com meus 90 anos, numa reunião entre meus parentes próximos e o que presenciei foi praticamente o oposto disso. Nos auge dos meus 38 anos, estava eu dentro do caixão, sendo sepultada rodeada de inúmeras pessoas fervendo, além de diversas câmeras. Aos berros de quem gritava “Morta! Ela está morta!”, também nunca me senti tão imponente. Naquele momento o que eu queria era explicar o que tinha acontecido para aquelas diversas pessoas que nunca vi, e como nós deveríamos enfrentar a situação. Infelizmente, isso não somente não ocorreu como eu também não parava de pensar no que me colocou naquela situação. No início da noite anterior, fui até a Lapa mediar um debate com jovens negras. Ao sair, por volta das 21h30min, um Cobalt começou a perseguir o carro onde estava eu, minha assessora de imprensa e o motorista. Depois de uns 4 quilômetros eles conseguiram seu objetivo, UM, DOIS, CINCO, NOVE, TREZE. Treze disparos para tirar minha vida sem eu ao menos reconhecer o autor, mesmo que pudesse imaginar o porquê. Toda minha vida de luta a favor de oprimidos e contra opressores, para o meu fim trágico e sádico, ter sido justamente por conta disso. Quem diria que eu, que sempre preguei o fim da violência, seria morta justamente para controlar a voz que dava às minorias. Mas

deixe-me apresentar corretamente, o que ainda não fiz. Eu nasci como Marielle Francisco da Silva antes de me tornar Marielle Franco. Eu sei, isso te surpreende, já que hoje em dia todos me chamam de Marielle Presente. Nasci no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, filha de Marinete Francisco e Antonio da Silva Neto. Fui mãe da Luyara aos 19 anos, quando tive meu único casamento com meu primeiro namorado. O casamento não durou nem 5 anos, mas nesse tempo tive outra perda maior ainda, minha amiga foi morta por bala perdida em um tiroteio entre traficantes e policiais na Maré. Foi isso que me deu fôlego e exteriorizou a força de mudança que sempre existiu em mim. Comecei a militar pelos direitos humanos e, depois disso, entrei na faculdade para me formar em Ciências Sociais. Me tornei mestre e nesse meio tempo, conheci o amor da minha vida, Mônica, numa viagem quando ainda era participativa na igreja. O que começou com amizade, se tornou o mais belo dos romances, mas por conta da rejeição de nossa família, vivíamos em encontros e desencontros. Até que conseguimos forças e marcamos nosso casamento para final de 2018, dia que nunca chegou.

Treze disparos para tirar minha vida sem eu ao menos reconhecer o autor, mesmo que pudesse imaginar o porquê".

Mas chega de falar disso. O que eu fiz de importante e que iria mudar o Brasil começou mesmo em 2016, com minha eleição para vereadora da capital fluminense. E mesmo no cargo por apenas dois anos, tenho certeza que a minha eleição e meu mandato incomodou muita gente. Afinal, uma mulher negra e bissexual ser a segunda mulher com mais

votos no cargo de vereadora em todo país, incomoda muita gente – e meus feitos enquanto atuei, mais ainda. São poucos políticos que defendem negros e LGBT no estado do Rio de Janeiro, que afinal, foi casa de Jair Bolsonaro por muito tempo. Enquanto trabalhava como vereadora, me senti como a única a fazer isso. Na Câmara Municipal, presidi a Comissão da Defesa da mulher e como vereadora, coletei dados sobre a violência contra a mulher, regularizei o serviço de mototáxi e fiz o projeto, que agora é lei, das Casas de Partos. Mas, como nem tudo são flores, mais de 10 Projetos de Lei que propus foram rejeitados pelos vereadores cariocas. O que mais doeu foi quando tentei criar o Dia da Visibilidade Lésbica, que perdeu a votação por 19 a 17, apenas dois votos para um país de tamanho preconceito. E quase me esquecendo, assumi a Comissão de Monitoramento à Intervenção Militar e seguia denunciando abusos ocorridos pela ação, sendo escolhida sua relatora dia 28 de fevereiro do ano passado. E sejamos francos, provavelmente foi essa Comissão que causou minha morte. Até o momento da minha eleição, assumi a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Lá, trabalhava por interesses dos atingidos pela violência, principalmente, aos

familiares de cidadãos e militares, o que foi gratificante, mas com certeza não foi grato. Deixo, por fim, um momento para as negativas. Não consegui aprovar tantos projetos quanto gostaria, não fiquei satisfeita com o tempo que atuei como vereadora, justamente por ser tão curto. Não vi minha filha se formando na faculdade, não casei com quem amava. Não consegui impedir os opressores e nem que a milícia saísse do poder. Porque por enquanto, meu assassino vive num condomínio de luxo ao lado do atual presidente. Ninguém sabe ainda quem mandou me matar. Ninguém sabe se as investigações sobre minha morte estão corrompidas ou não. Por enquanto, eles venceram. Por Amanda Gongra

Repercussão: Publicação da jornalista do El País, Eliane Brum, que relembra e ques-tiona a morte da verea-dora Marielle Franco todos os dias em seu perfil no Twitter.


“‘Patrimônio Analógico’ apresenta prédios tombados em Ponta Grossa a partir de uma tecnologia considerada obsoleta,a analógica. As fotos pertecem ao meu acervo particular,iniciado em 2012,com diversos tipos de filmes

(novos, vencidos, cromos, revelação cruzada, etc). Prédios antigos e películas resistem ao tempo. O ensaio exalta nosso patrimônio e espera que a fotografia analógica seja preservada" ­ CÁSSIO MURILO.


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