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Sindicatos das Universidades Estaduais mantêm estado de greve sindicatos O suniversidades

Apesar do fim do movimento, docentes avaliam que reivindicações não foram atendidas

das sete estaduais do Paraná suspenderam a greve, contudo a categoria se mantém em estado de greve. Na avaliação dos sindicatos as reivindicações não foram completamente atendidas. Com início e aderências entre os meses de junho e julho, as suspensões ocorreram no mês de agosto. A Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) suspenderam a greve no dia primeiro; a Universidade Estadual do CentroOeste do Paraná (Unicentro) e Universidade Estadual do Paraná (Unespar), no dia oito; Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), nove; a Universidade Estadual de Maringá (UEM), treze; e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), em 14 de agosto, tendo durado 48 dias. Uma das razões que motivaram a greve é a defasagem de 17,04% no salário dos professores em razão das perdas da inflação, desde 2016. Além disso, os professores foram contra o Projeto de Lei Complementar número 04 de 2019 (PLC 04), que previa congelamento na carreira dos servidores públicos por 20 anos. Os professores se posicionaram também contra a proposta da Lei Geral das Universidades (LGU), que segundo os sindicatos, retira a autonomia das universidades. A classe também reivindicou a realização de novos concursos e a nomeação dos docentes aprovados no último concurso, realizado em 2017. Em negociações com o governo, os servidores conseguiram que o PLC fosse retirado

da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP). O projeto implicaria em uma série de restrições à carreira e salário dos professores e demais servidores públicos. O projeto incluía revisão geral anual da data-base (perdas da inflação), reajustes salariais, avanços e crescimentos na carreira enquadramentos salariais, transições nas funções e outras vantagens eventuais e pessoais. O PLC também estabelecia que não seriam pagas verbas indenizatórias como auxílio-transporte e auxílio alimentação a servidores “afastados do efetivo exercício de suas funções em virtudes de férias e outros motivos legalmente autorizados”, conforme o Artigo 18 do projeto do Governo. Embora o PLC tenha sido arquivado, o presidente do Sindicato dos Professores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Sinduepg), Marcelo Ubiali Ferracioli, afirma que a questão ainda não está resolvida. “O principal aspecto a ser considerado é que elementos do PLC 04 foram incorporados na nova versão da proposta da LGU e, por causa disso, ainda representam diversas ameaças aos professores”. A assessoria de comunicação da Superintendência de Ciência e Tecnologia (SETI) negou essa incorporação na segunda redação LGU: “O objetivo da proposta é construir uma Lei que estabeleça parâmetros com dados claros e auditáveis e garanta uma equidade no sistema estadual de ensino superior, reforçando a autonomia universitária e premiando a eficiência na gestão”. Quanto à data-base, o governo encaminhou projeto de

lei à ALEP com reajuste de 5,0%, para ser pago em três vezes. As parcelas estão previstas para serem pagas nos meses de janeiro de 2020 (2%), 2021 (1,5%) e 2022 (1,5%). “Avaliamos em assembleia que não havia mais condições objetivas de mudar esse quadro. Ainda é uma proposta rebaixada, irrisória e insuficiente. Mas, houve avanço em relação aos últimos dois anos 2016”, ressaltou Ferracioli. Sindicatos divergem sobre os resultados da greve

Mesmo com a nova versão da LGU, o presidente do SINDUEPG afirma que não há novidades significativas. Segundo a assessoria de comunicação da SETI, “a nova versão contém os anexos e fórmulas utilizadas para elaboração da proposta, possibilitando que as universidades realizem simulações em diversos aspectos. Ela também contém as contribuições apresentadas pelas universidades”. Sobre a contratação de novos professores, a assessoria da SETI informou que o órgão enviou pedido de nomeação de 226 docentes à Secretaria da Fazenda, que está em tramitação. Quanto às realização de novos concursos, só serão realizados após a aprovação da Lei Geral das Universidades. Em reunião em 25 de julho, o Conselho Universitário votou pela retirada da suspensão do calendário, embora com os docentes mantendo-se em greve. Na visão de Ferracioli, a retomada do calendário trouxe pontos negativos ao movimento. “A retomada do calendário leva os professores que furam a greve a voltarem a dar aulas. O

que força também os estudantes a voltarem para as aulas e acabada enfraquecendo o movimento”. Na visão de Edmilson Aparecido da Silva, presidente do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual de Maringá (Sesduem), houve muitos ganhos com a greve. Um dos principais foi a o tamanho da proporção do movimento: “Depois de anos, fazer uma greve unificada com vários setores do serviço público demonstrou força e fez o governo sentar à mesa de negociação”. Os sindicatos aderiram à greve em momentos diferentes. O Sesduem aderiu à greve em 26/06. O sindicato dos docentes da Universidade Estadual do Paraná (Sindunespar) no dia 26/06; o servidores públicos técnico-administrativos da Universidade Estadual de Londrina (Sindprol/Aduel); dos professores da Unicentro (Adunicentro) aderiram desde o dia 1° de julho. O sindicato dos professores da Unioeste (Adunioeste) participou desde 22 de julho. O movimento estudantil também deflagrou greve em assembleia geral estudantil no dia 05 de agosto. “A decisão não foi apenas pensando em apoio à greve docente, mas também pensando em pautas específicas estudantis”, informou Rodrigo Freitas, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE). A greve estudantil foi encerrada no dia 19 de agosto após assembleia.

Infográfico: Denise Martins


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Conselho Universitário da UEPG rejeita Lei Geral das Universidades Sinduepg e DCE também se posicionaram contra a LGU

Conselho Universitário (COU) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) rejeitou, por unanimidade, a segunda versão da minuta da Lei Geral das Universidades (LGU), proposta pelo governo estadual, em reunião na segunda-feira, 02/9. O Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Sinduepg) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE) também haviam se posicionado contra a LGU, com rechaço à integrada minuta de lei, apresentada às Universidades. A primeira versão da LGU foi encaminhada às universidades em junho. A rejeição à Lei foi uma das pautas da greve do sindicato dos professores. No dia 12 de agosto, a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) encaminhou às instituições de ensino a segunda versão da Lei. Em 15 de agosto, a UEPG publicou portaria com a composição da Comissão de Estudos sobre a LGU por 23 membros da comunidade acadêmica indicados pelo reitor Miguel Sanches Neto.

Diminuir o número de professores seria um ataque à educação pública".

“O principal objetivo da comissão era avaliar os tópicos da LGU e preparar um relatório para contribuir com a decisão do conselho universitário em relação a lei”, explica Marcos Vinicius Fidelis, pró-reitor de Recursos Humanos e presidente da comissão. Foram realizadas nove reuniões para a discussão dos artigos da minuta, encerrada em 30 de agosto. Fidelis confirmou, por mensagem, que o relatório será encaminhado a SETI pela UEPG. Para a coordenadora do DCE, Jennifer Dias, faltou transparência na formação da comissão. “Não houve um convite para participarmos da comissão. Recebi um e-mail avisando que estava sendo convocada como representante do DCE, mas os critérios de escolha não foram expostos".

Funcionários públicos, servidores e estudantes se reúnem em manifestação em frente ao Terminal Central. Foto: Rafael Piotto Indicado pela mesma portaria da Reitoria para compor a Comissão de Estudos da LGU, o Sinduepg decidiu em assembleia dos docentes, em 21 de agosto, por se retirar do grupo de trabalho. O sindicato declarou que a saída ocorreu pela “falta de transparência no fornecimento de dados e de democracia na composição e condução da comissão”. Em 28 de agosto, o DCE também divulgou uma nota sobre a saída da entidade da comissão. O DCE já havia se posicionado contra a LGU em assembleia estudantil em 18 de junho. “O anteprojeto de lei não está deslocado de um projeto social que busca sucatear as nossas instituições públicas e promover contrarreformas privatistas”, diz o comunicado. A LGU foi proposta pelo SETI como forma de economia nos repasses para as universidades. Fidelis aponta como os principais pontos positivos da LGU a reposição automática de professores e agentes universitários aposentados e a liberação do orçamento das universidades em duas parcelas. O presidente da comissão destaca três características da LGU vistas como negativas, as quais são: o coeficiente professor/aluno, que determina o orçamento das universidades; o fato da lei não tratar em profundidade a condição da pósgraduação, extensão e pesquisa; e a terceirização dos agentes universitários operacionais, que realizam trabalhos como a lim'peza e segurança dos campi.

Segundo dados da Comissão de Estudos, a LGU prevê para a UEPG 879 professores em atuação. Segundo a lei em vigor (número 16.555/2010), que estabelece o número do quadro de professores para Universidades Estaduais do Paraná, a UEPG deveria possuir 1018 professores. “Hoje a universidade já não atende a lei vigente. Diminuir o número seria um ataque à educação pública, porque os professores ficariam restritos ao trabalhos dentro da sala de aula da graduação, sem tempo hábil para pós e a extensão, por exemplo”, explica Isabela Gobbo, presidente da Associação de Pós-graduandos da UEPG. “A LGU regulamenta aspectos administrativos, de gestão de pessoas e de patrimônio da universidade, sendo que pa-ra que a universidade realize ensino, pesquisa e extensão, ela precisa de autonomia didática, científica e administrativa”, argumenta o presidente do Sinduepg, Marcelo Ubiali Ferracioli.

Para Dias, a LGU não considera a parte social das universidades. “Com uma liberdade didático-científica a universidade pode atender a demanda social, e não só de mercado. A LGU tem uma ideia de que o ensino acontece só dentro das salas de aula, quan-do na verdade ele está ligado a pesquisa e a extensão". Os Conselhos Universitários da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) também rejeitaram a LGU. Até o fechamento da reportagem, os conselhos da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), não haviam se posicionado. Na sexta-feira, 6/09, aconteceu o II Seminário Da Lei Geral das Universidades, promovido pelos sindicatos dos professores e dos agentes universitários das sete universidades estaduais. O Encontro será sediado pelo Sinduepg e realizado no Grande Auditório, no Campus Central da UEPG. O primeiro seminário aconteceu no dia 2 de agosto, em Londrina, quando os sindicatos estudaram a primeira versão da minuta da LGU e aprovaram em plenária o relatório de rechaço à lei proposta pelo governo. Por Daniela Valenga

Estudantes debatem sobre a LGU. Foto: Yuri A.F. Marcinik


Estudantes se organizam em defesa do meio ambiente Jovens fizeram nove atos em frente à Prefeitura em cinco meses

sa ao meio ambiente. De março a julho deste ano, jovens realizaram atos em frente a Prefeitura Municipal por nove sextasfeiras. As ações agora se voltam à reuniões com representantes do poder público, como prefeito, vereadores e deputados federais e estaduais. Os estudantes integram a Fridays For Future, movimento que teve início há 10 meses com a estudante sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que passou a faltar às aulas, às sextas, para protestar na frente do Parlamento da Suécia, como forma de chamar atenção para questão climática. A coordenadora do movimento em Ponta Grossa, Maria Luíza Kovalski, 24 anos, explica que as mudanças climáticas afetam toda a população, mas os jovens serão os mais afetados no futuro. Estudante de Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Kovalski, destaca as diferentes ações do movimento brasileiro. “Temos frequentado escolas para tratar sobre educação ambiental com crianças e adolescentes e participando de eventos que possam ajudar na questão am-

Foto: Alexsander Marques

de Ponta Grossa E studantes organizam ações em defe-

Jovens criticam posição do governo sobre questões climáticas.

biental dos Campos Gerais”, explica Kovalski. Membro de diversos grupos ambientalistas dos Campos Gerais, a professora de Ciências Naturais e Biológicas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Lia Maris Orth Ritter Antiqueira, explica que “o poder político, quando se omite ou se ausenta das pautas ambientais, traz uma grande perda para os movimentos. Mas acredito que há muitos interesses em jogo e o silêncio se torna interessante para eles e para os grandes empresários”. O movimento em Ponta Grossa tem pautados temas locais no primeiro momento co-

mo, por exemplo, a adoção de um método de compostagem do lixo orgânico gerado na cidade, intensificação do trabalho sobre educação ambiental, divulgação sobre reciclagem, ampliação da coleta seletiva de lixo, proteção das nascentes e áreas próximas aos rios, a revitalização do Parque Margherita Sannini Masini e a preservação do Parque Nacional dos Campos Gerais. Kovalski relata que o debate com os políticos sobre as reivindicações do movimento aqui em Ponta Grossa têm se iniciado. “Já pude observar que alguns vereadores são favoráveis a nossas reivindicações ambientais, mas outros tentam se

desviar da pauta por estarem mais preocupados com as questões econômicas”, enfatiza a coordenadora do movimento. O estudante secundarista, Renato Ferreira da Silva, participa do movimento em Curitiba e relata que a mudança climática e seus efeitos já estão acontecendo no mundo. “Participar de movimentos que tenham essa iniciativa de reivindicar dos poderes públicos e a população em geral mudar suas atitudes é importante para que leis sejam criadas e levadas a sério por toda a população”. Por Alexsander Marques

Falta de lixeiras dificulta descarte de resíduos em PG Apesar de poucas latas de lixo existentes, prefeitura não tem previsão para novas instalações nas áreas centrais do município

o centro de Ponta Grossa, N existem duzentas lixeiras espalhadas por áreas onde

ocorre o serviço de varrição, ainda assim o número é insuficiente. Na Avenida Visconde de Mauá, por exemplo, não existem lixeiras. O comerciante Raylan Camacho, relata que existem dificuldades para descartar o lixo sem a presença das lixeiras. ‘‘Empresto a do vizinho para o

caminhão recolher o material. Quando saio do trabalho para casa, observo que essa falta não é só aqui em nosso bairro mas em várias partes da cidade’’. Desde 2018, a Prefeitura iniciou a substituição das lixeiras nos pontos de ônibus. As peças de plástico foram trocadas por materiais de ferro. Um gari que preferiu não se identificar conta que o trabalho dos varredores ajuda a manter a

Lixeiras de coleta seletiva ainda não estão em todos os bairros. Foto: Marcella Panzarini

cidade limpa, mas falta consciência por parte da população para o descarte correto e cuidado com as lixeiras novas. O aposentado Antônio Ferreira acredita que o problema da falta de lixeiras é decorrente do esquecimento dos bairros mais distantes por parte do poder público. ‘‘Os bairros não são bem atendidos como no centro, mas também existe falta de consciência de muitas pessoas ao descartarem o lixo em terrenos baldios’’, afirma. Sobre a Lei de Acessibilidade (Nº 10.098/2000), que determina a retirada de lixeiras de locais que possam impedir a circulação de pessoas com mobilidade reduzida, a assessoria da Secretaria Municipal do Meio Ambiente informou que nenhuma medida foi tomada na cidade. ‘‘Não temos conhecimento de lixeiras que tenham sido retiradas pela lei de acessibilidade, já que a instalação por parte do Município já prevê esse caso’’, relata. Além do projeto Eco Ponta Grossa em vigor, conforme a Lei 12.974/2017, a Prefeitura realiza

Não temos conhecimento de lixeiras que tenham sido retiradas pela lei de acessibilidade, já que a instalação por parte do Município já prevê esse caso"

a coleta seletiva desde 2016 nos principais bairros da cidade. O serviço foi ampliado em junho do ano passado, aumentando de cinco para 22 o total de setores contemplados. Segundo a Prefeitura, foi registrado um crescimento de 65% no número de material destinado às associações de recicladores, entre junho e dezembro de 2018. A Prefeitura informa ainda que a coleta contempla cerca de duzentos e vinte mil habitantes, representados em oitenta mil habitações ou comércios. A população pode registrar a solicitação pelo sistema da prefeitura 156. Por Mirella Mello


Insegurança no trabalho se destaca como principal causa de mortes em silos

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Ausência do uso de equipamentos de segurança figura entre os problemas

rmazéns de grãos têm ganhado destaque entre os acidentes envolvendo o meio rural. Apesar de pouco divulgado, os números indicam a falta de atenção com relação à segurança dos trabalhadores. O Ministério da Previdência Social considera que do número de acidentes em armazéns de grãos como os silos não expressam a realidade. Isso devido ao fato de que muitos trabalhadores não fazem o registro. Além disso, o Ministério não possui dados específicos sobre acidentes em silos, os fatos são registrados na descrição “armazéns gerais”, que contemplam os silos. Os estados com maior produção de grãos do país, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás, são os que possuem maior números de mortes. O Paraná lidera o ranking com maior número de vítimas, segundo os dados do Ministério da Previdência de 2015 a 2017 (últimos anos com dados registrados), com cerca de 478 acidentes. Rio Grande do Sul ocupa o segundo lugar na lista, com 195 casos registrados no mesmo período. Mato Grosso e Goiás registram 194 e 118 respectivamente. No Brasil, esse número é de 4.809. Em 04 de abril deste ano, foi registrada uma morte em silo em Tibagi, no Paraná. João Assis Santos Ferreira Junior, 26, caiu em um silo de armazenamento de soja da Frísia Cooperativa Agroindustrial e não resistiu. Segundo informações da família, colegas de trabalho sentiram falta do rapaz ao fim do expediente e voltaram ao local para verificar se ele estava lá dentro. Ao visualizarem o capacete de proteção dentro do silo, constataram que ele havia caído. De acordo com o 2º Tenente do Corpo de Bombeiros de

Telêmaco Borba, Gilson José Diniz, que atuou no resgate da vítima juntamente com os Bombeiros Comunitários de Tibagi, o rapaz estava parcialmente coberto pela soja. “A primeira guarnição que chegou até o local foi a dos Bombeiros Comunitários do Município de Tibagi. Eles encontraram a vítima ainda presa até a cintura, sendo socorrida pelos seus companheiros de trabalho. Os bombeiros de Tibagi imediatamente fizeram cortes nas paredes do silo a fim de retirar a soja. Com a chegada do Corpo de Bombeiros de Telêmaco Borba, a vítima foi retirada, imobilizada e transportada para o hospital local, recebendo manobras de reanimação cardiopulmonar. Infelizmente as lesões pulmonares causadas pela aspiração de sólidos eram extremamente graves, tornando o caso irreversível”, conta. Diniz ainda descreve a complexidade no resgate. “Em casos como este, a complexidade maior se dá em relação à contenção do material sólido e no escoamento adequado deste. Geralmente, no início do resgate, o material está escoando em direção à vítima e se faz necessário reverter este cenário o mais breve possível, mantendo o controle sobre os riscos ao qual a vítima e a equipe estão expostas”, explica. “O caso ainda está sendo investigado pela Polícia Civil. Mas os principais pontos a serem esclarecidos são: se houve ou não uma ordem para que o trabalhador adentrasse o silo e de quem teria partido essa ordem. Por qual motivo o trabalhador não estava ancorado em um ponto seguro. Se havia a figura do vigia, ou o trabalhador foi encontrado apenas posteriormente. E se o silo estava ou não sendo esgotado no momento do acidente”, completa.

Tainá Penteado Santos, irmã da vítima, conta que a família ainda tem poucas respostas sobre o caso. “A empresa não sabe informar o que aconteceu. O pouco que sabemos é de acordo com relatos de colegas de trabalho do João e que estavam no local no dia do acidente. Não entendemos porque ele entrou no silo sozinho. Queremos mais respostas”. Procurada pela reportagem, a empresa para a qual o rapaz trabalhava enviou a seguinte nota. “A Frísia lamenta profundamente o ocorrido com seu colaborador no entreposto em Tibagi. Na ocasião, a unidade ficou fechada. A cooperativa prestou toda a assistência aos familiares e reitera que preza pela segurança dos integrantes de sua equipe. Com frequência investimentos são realizados em treinamentos e equipamentos”. Maiores informações a respeito do acidente não foram mencionadas pela empresa. Especialistas alertam sobre falta de segurança em silos

Engenheiro de Segurança do Trabalho, José Aparecido Leal, 53, explica a forma como o silo é utilizado e como ocorrem os acidentes: “Os silos são unidades de armazenamento de produtos a granel. Após processo de recebimento do produto na moega, limpeza de impureza nas peneiras e passar pelo sistema de secagem, o produto é destinado para o silo, onde ficará armazenado até o seu destino final, mediante exportação ou beneficiamento. São usados exclusivamente para armazenagem de produtos de origem agrícola”. Leal ressalta que as causas dos acidentes estão relacionadas ao desconhecimento sobre segurança no trabalho:

“Os acidentes ocorrem em silos, denominado de trabalho em espaço confinado, porque há um desconhecimento dos perigos e riscos existentes por parte dos gestores das empresas que, consequentemente, afeta os trabalhadores, pois não recebem os treinamentos e orientações corretos para desenvolver em segurança trabalhos nas atividades envolvendo silos”. O engenheiro aponta os riscos do trabalho em silos: “Os trabalhadores ficam expostos a riscos de soterramentos (engolfamento), deficiência de oxigênio devido à formação de gases oriundos da decomposição de produtos vegetais (grãos) e riscos de explosões”. Instrutor de Segurança do Trabalho, Paulo Cesar Pavoni, 47, aponta medidas que as empresas devem tomar com relação à segurança do trabalhador. “Muitas vezes o problema é o descaso da empresa em relação ao empregado. Falta de treinamento, equipamento, condições de insegurança nos ambientes de trabalho. As empresas precisam seguir as normas exigidas pelo Ministério do Trabalho, elaborar suas próprias normas, treinar e cobrar seus empregados”, destaca. A produção de grãos nos quatro estados para a safra de 2018/2019 está estimada em 159.594,6 milhões de toneladas, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Soja, milho e arroz, juntamente com o algodão, representam cerca de 94,7% da produção da safra. A safra total está estimada em 237,7 milhões de toneladas, 4% acima de 20172018, que foi de 227,751 milhões de toneladas. Por Laísa Braga

Paraná lidera o ranking com maior número de vítimas, segundo dados do Ministério da Previdência de 2015 a 2017 (últimos anos com dados registrados), com cerca de 478 acidentes. Ilustração: Larissa Hofbauer.


POLITICA

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Paraná possui seis produtos na lista de Selo de Procedência

SET/19

Produtores buscam selo do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), mesmo com demora e custos

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o Brasil há 53 produtos com Indicação de Procedência (IP) e 20 Indicações de Denominação de Origem (DO), os quais se enquadram na certificação especial. No Paraná, seis produtos apresentam o selo de IP e apenas um com Denominação de Origem. Na região dos Campos Gerais apenas a Cooperativa Witmarsum, que funciona há 65 anos, recebe o selo de Indicação de Procedência desde 2018 pela produção dos queijos produzidos na cooperativa. O engenheiro agrônomo Marcos André Collet, atuou como consultor para a Associação Norte Noroeste Paranaense dos Fruticultores (Anfrut), para obtenção do selo IP entre os anos de 2013 a 2017. Collet explica que o processo demandou uma equipe própria de três consultores, além do próprio trabalho de coleta de dados em campo. O engenheiro destaca vários fatores que dificultam o interesse dos produtores pelo selo de IP. Entre eles, que o selo não agrega valor ao produto. “Temos também um problema cultural no Brasil a ser superado”, afirmou Collet. O engenheiro garante que, para os produtores, a obtenção do selo é importante. “Para a comunidade envolvida, é interessante, na questão da autoestima. Ver seu produto diferenci-

Há seis selos de identificação de produtos no Paraná e apenas um nos Campos Gerais Foto: Marcella Panzarini ado e reconhecido e todo o es- adas ao longo de sucessivas exiforço que eles fizeram durante gências formuladas pelo INPI. um longo período de tempo, al- Quanto menor o número de proguns com muitos anos, é impor- blemas no processo, mais rapitante”, diz Collet. damente será concedido. O fato A Divisão de Exame Téc- de terceiros se manifestarem nico, do Instituto Nacional da contra o processo pode retardar Propriedade Industrial (INPI), a concessão do pedido”, declara afirma que a espera para se ob- o órgão responsável pela emister o selo varia de acordo com a são dos selos de procedência. dificuldade do produtor ou em- Outro aspecto a ser considerado presa em cumprir os crité-rios é o custo para se protocolar o pepresentes na normativa n.º 25 de dido. Para entrar com um pedido 2018 do próprio órgão. de registro de reconhecimento “Devemos indicar que o de IP,a cooperativa,empresa ou o mesmo é variável, dependendo produtor deve arcar com R$ no grau de inconsistências no 590,00. Para o pedido de registro processo, que devem ser sane- de reconhecimento de DO, a

quantia é de R$ 2.135,00. A diferença dos dois selos é que, para se obter o IP, é necessário que o produto seja reconhecido como importante para a região. Já para o DO, é necessário uma comprovação de que o produto tem características que só é possível devido à região em que é produzido, como, por exemplo, clima específico. Segundo a Divisão do Exame Técnico, do INPI, os selos foram estabelecidos porque existem produtos que agregam um valor diferencial, devido à área geográfica particular que são produzidos. Iniciativas que apoiam o produtor Origens do Paraná, desenvolvido pelo Sebrae através do Fórum de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Paraná, é um projeto estadual e auxilia os produtores do estado a conseguirem os selos desde 2018. O produtor ou a cooperativa entra em contato com a empresa e ela encaminha para consultores que auxiliarão no processo desde cumprir as exigências da normativa até a obtenção do selo. Por Jéssica Allana

Lei que garante passagens gratuitas para estudantes tem funcionamento precário em Ponta Grossa O Terminal Rodoviário não oferece passagens a todos os destinos via benefício ID Jovem

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emissão de passagens pelo benefício ID Jovem, documento que permite passagens gratuitas ou com 50% de desconto para viagens interestaduais não possui funcionamento adequado em Ponta Grossa. Não é possível retirar passagem no terminal rodoviário pela falta de disponibilidade de retirada pelas em-presas que são responsáveis pelo transporte interestadual, para o documento que permite gratuidade para os beneficiários pelo ID Jovem. Igor Felipe, estudante de Engenharia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e portador do benefício precisa do documento para conseguir viajar para ver a família na capital paulista, em São Paulo (SP). Igor mudou-se para Ponta Grossa para estudar na UTFPR e vê a familia com raridade, pela distância entre as cidades e o alto preço de passagem. “Raramente vou ver minha família. A passagem mais barata ultrapassa dos 100 reais, e esse dinheiro para um estudante é quase uma quantia de um mês” lamenta Felipe. Beneficiário o ID Jovem, documento que é emitido da vinculação

ao Cadastro Único do governo federal, Igor ainda afirma que não consegue ir para São Paulo com passagem gratuita pelo benefício. “No guichê sempre afirmam que existe apenas um horário na semana, e esse horá-

de passagens com isenção para o benefício é todos os sábados, a meias noite e dez minutos da manhã. “Não tem como utilizar este horário, pois chego na manhã do domingo e na segunda tenho aula” aponta Felipe.

Emissão de passagens pelo ID Jovem só podem ser obtidas pelo guichê Foto: Germano Busato Outra opção para conseguir rio nunca está disponível” ressalta Felipe. Conforme apurado, gratuidade pelo benefício seria a disponibilidade de horários uma baldeação em Curitiba, losaindo de Ponta Grossa para, cal onde existem mais horários por exemplo, São Paulo é apenas disponíveis para, no caso do de uma disponibilidade de horá- estudante, conseguir chegar até rio na semana. Segundo a em- a capital paulista. Porém, a represa responsável pela viagem, portagem apurou que não emio horário liberado para a venda tem passagens saindo de Curi-

tiba (PR) até São Paulo (SP) em Ponta Grossa e outros destinos que a empresa de ônibus é responsável. No guichê de venda de passagens a reportagem foi informada que não é disponibilizada a venda para os beneficiários do ID Jovem para Ponta Grossa para uma baldeação em outra cidade, como no caso, Curitiba e que só é possível a compra na capital do Paraná. Essa inviabilidade só prejudica, pois além da dependência de horários que saem de Ponta Grossa para Curitiba, o número de vagas em um ônibus para os usuários do ID Jovem é de no máximo quatro vagas, sendo duas para passagens com 100% de isenção, e outras duas com 50% de isenção. Segundo a Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT), a agência responsável pela fiscalização em casos com gratuidade pela lei do Governo Federal é a Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e os esclarecimentos devem ser procurados a entidade. A reportagem não conseguiu contato com a ANTT a tempo do fechamento desta edição. Por Germano Busato


Pesquisadores da UEPG explicam os perigos na liberação de agrotóxicos

esde o início do mandato, em janeiro de 2019, o presidente da República, Jair Bolsonaro, liberou cerca de 290 agrotóxicos com princípios ativos classificados como tóxicos e extremamente tóxicos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 30% proibidos na União Europeia. Alguns desses princípios ativos são vendidos e usados nas plantações na região dos Campos Gerais. O debate na Audiência Pública realizada em Ponta Grossa, em 15 de agosto, no Teatro Pax, com a presença de professores, especialistas, agricultores e movimentos sociais, alertou sobre o uso e os perigos dos agrotóxicos. O Brasil é o país que mais consome agrotóxico do mundo. O Paraná é o terceiro maior consumidor de agrotóxicos do Brasil. De acordo com dados do Plano de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos do Estado do Paraná, divulgado pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (ADAPAR), a quantidade de agrotóxico comercializada no período de 2014 a 2017 em Ponta Grossa é cerca de 4.423,1 toneladas. No estado, chega a aproximadamente 382.750 toneladas. Professor de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Carlos Hugo Rocha, afirma que a maioria dos alimentos produzidos em larga escala pelas grandes empresas do agronegócio está contaminada. “No Brasil, desenvolvemos uma agricultura fundamentada no eixo de fertilizantes e no uso desenfreado de agrotóxicos”, explica. De acordo com o professor, a cada três alimentos, dois têm contaminação

total ou possuem resíduos de produtos químicos. “O sistema que temos favorece isso, portanto o alimento que chega na mesa do brasileiro está contaminado”. Os riscos do uso dos defensivos não é somente no consumo, mas em todo o processo de manuseamento e aplicação. “Os agrotóxicos têm a função primária de controlar as populações de plantas, animais e microorganismos que irão diminuir a produção agrícola. Essa toxidade não é totalmente seletiva. O que pode causar a morte em seres humanos”, explica Marcos Pileggi, professor do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética da UEPG.

prejudicar seres humanos”. Dados do Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em 2015 disponível na internet, apontam as doenças causadas pelos agrotóxicos, como por exemplo endometriose, má formação fetal, doença de Parkinson, distúrbios hormonais diversos (nas glândulas hipófise, tireoide, suprarrenais, mamas, ovários e testículos), entre outros. As campanhas voltadas contra o uso do agrotóxico apoiam e defendem a agroecologia como um dos caminhos para o fim do uso dos produtos químicos. Para Pileggi, o agronegócio está totalmente dependente dos agrotóxicos, mas é preciso buscar outros cami-

nhos. “A busca de alternativas para diminuir os efeitos tóxicos destes produtos é uma tarefa essencial para a preservação da saúde de plantas e animais, incluindo os humanos”, afirma. Diversas iniciativas têm promovido campanhas em nível nacional para conscientizar a população pelo uso de agrotóxicos na agricultura. A campanha Viva Sem Veneno é um exemplo. Criada em novembro de 2017, a iniciativa promove conversas em todo o país sobre os perigos do uso dos produtos agrícolas. Segundo a campanha, cada pessoa consome cerca de 7,3 litros de agrotóxico todo ano. Por Emanuelle Salatini

No Brasil, desenvolvemos uma agricultura fundamentada no eixo de fertilizantes e no uso desenfreado de agrotóxicos” Pileggi ressalta ainda a contaminação em longo prazo do ecossistema como outro risco gerado ao meio ambiente pelos produtos químicos usados no agronegócio. “Boa parte dos agrotóxicos não atinge seus alvos e podem contaminar rios, lagos e lençóis freáticos”, analisa. “Agrotóxicos têm a função primária de controlar as populações que irão diminuir a produção agrícola, porém a toxicidade não é seletiva, podendo

Em 3 anos, Ponta Grossa comercializou cerca de 4.423,1 toneladas de agrotóxicos

Foto: Kauana Neitzel

Infográfico: Denise Martins

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Em oito meses de gestão, Bolsonaro autoriza quase 300 novos produtos. Grande parte deles é proibida na União Europeia


SET/2019

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ESPECIAL

Maioria dos estudantes do Ensino Fundamental II n Resultados da Prova Brasil mostram que maioria dos alunos da rede pública

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maioria dos alunos do 6º ao 9º ano do ensino público de Ponta Grossa não aprende o conteúdo exigido até a conclusão do Ensino Fundamental II (EF II), conforme previsto pelo Aprendizado Adequado, baseado nos resultados da Prova Brasil, realizada a cada dois anos pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC) nas escolas públicas do país. A Prova Brasil avalia as disciplinas de Português e Matemática e de acordo com os resultados da última avaliação (divulgados em 2018), em Ponta Grossa apenas 43% dos alunos aprendem o adequado em Português e 20% em Matemática. O Aprendizado Adequado se refere aos conteúdos que os estudantes devem saber ao terminar o Ensino Fundamental I, II e Ensino Médio. A Prova Brasil é realizada nos últimos anos de cada etapa escolar a fim de se obter diagnóstico geral da educação brasileira. A Prova Brasil avalia o aluno do Ensino Fundamental II em pontos: a avaliação de Português vai de 0 a 400 pontos e a de Matemática, de 0 a 425 pontos. A partir daí, o resultado do aluno é apresentado em níveis na Escala do Sistema de Avaliação de Educação Básica (SAEB). Na disciplina de Português, os níveis vão de 0 a 8. Já na de Matemática vão de 0 a 9. Cada nível representa os assuntos da disciplina que o aluno foi capaz de aprender. Quanto maior o nível, maior foi o aprendizado. O aprendizado é considerado adequado no Ensino Fundamental II quando o aluno atinge o nível 4 (que corresponde a 275 pontos) em Português e o nível 5 (que corresponde a 300 pontos) em Matemática. A partir disto, pode-se afirmar que 57% dos alunos do 9º ano da rede pública de ensino não conseguem reconhecer opiniões distintas sobre o mesmo assunto, localizar a informação principal e argumentos em notícias publicadas em jornais. Cerca de 80% deles não conseguem determinar o volume através da contagem de blocos, reconhecer ângulos agudos, retos e obtusos de acordo com a medida em graus, nem converter unidades de medidas, como de mililitro para litro. Todos estes conteúdos são considerados necessários para alunos do 9ºano. A média de alunos que conseguem o Aprendizado Adequado em Ponta Grossa é maior do que a do Brasil, mas menor que em cidades vizinhas como Curitiba, Palmeira, Teixeira Soares e Ipiranga. A média do Brasil é de 36% dos alunos em Português; e 16% em Matemática. Já em Curitiba

a média é de 44% em Português e 25% em Matemática. Enquanto nas cidades de Palmeira, Teixeira Soares e Ipiranga, as médias são respectivamente de 49% em Português e 26% em Matemática; 49% em Português e 30% em Matemática; e 52% em Português e 33% em Matemática. Em Ponta Grossa, há uma diferença significativa entre as próprias escolas. Na Escola Estadual Medalha Milagrosa, 66% dos alunos tem Aprendizado Adequado em Português e 42% em Matemática – a maior média da cidade. Enquanto no Colégio Estadual Professora Elzira Correia de Sá o índice é de 36% em Português e 9% em Matemática.

nos ou inserção da comunidade. Além de que o professor pode pensar maneiras de melhorar o ensino pedagógico a partir destes índices”, diz Zaias. Lorenzi também aborda as diferenças de Aprendizado Adequado entre os colégios da própria cidade. “A procedência dos alunos, segurança das escolas, gestão e localização são os motivos de índices distintos na cidade”, explica a coordenadora. O diretor do Colégio Professora Elzira Correia de Sá, Vagner Guedes, contra-argumenta a falta de apoio dos pais como o principal motivo do nível

diz. O diretor menciona que apenas cerca de 10% dos pais comparecem às reuniões escolares no colégio. A pesquisadora afirma que a partir do EF II percebe-se um grande afastamento da família, o que pode significar o distanciamento do aluno em relação à escola. “Muitas vezes os pais acabam passando toda a responsabilidade de ensino para a escola. O que não deveria acontecer. Porque a ausência da família na escola tem um impacto terrível em relação a aprendizado, desempenho e desenvolvi

baixo do Colégio Elzira, escola que obteve o pior nível de Aprendizado Adequado do EF II na disciplina de Matemática, e um dos piores na de Português. “O aluno, quando chega em casa, não tem alguém que reforça o que foi ensinado em sala de aula, que se interesse sobre o seu desempenho”,

mento do aluno como um todo.”, explica Zaias. Guedes também menciona a falta de estrutura do colégio como um dos fatores que interfere no baixo nível do rendimento na escola. “O ideal seria trabalhar com o número mínimo que o Estado permite de alunos por sala

Profissionais da educação apontam causas para resultado das escolas na avaliação do Inep A coordenadora Pedagógica do Ensino Básico do Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa, Adriana Lorenzi, diz ter quatro motivos principais para a maioria dos alunos não conseguir atingir o nível de Aprendizado Adequado. São eles: dificuldade de aprendizagem, falta de flexibilização das escolas, falta de conscientização e falta de metodologias inovadoras. Lorenzi também explica o porquê Ponta Grossa ter um nível mais baixo que cidades vizinhas, sendo que ela é o polo dos Campos Gerais. “O nível menor ocorre porque a cidade concentra maior número de alunos do que as cidades vizinhas. Isto faz com que mais alunos tenham condições externas mais vulneráveis e o índice seja menor”, afirma. Porém, vale lembrar que a cidade de Curitiba, que tem mais escolas que Ponta Grossa, também tem um nível maior de alunos que atingem o Aprendizado Adequado. A coordenadora diz que o nível de aprendizado das escolas está sendo trabalhado para melhorar na próxima avaliação. “Isto é feito, atualmente, com sala de reforço, tutoria, formação para professores e equipe gestora”, descreve. Doutora em Educação e professora de Pedagogia da UEPG, Elismara Zaias, afirma que a grande dificuldade dos resultados da Prova Brasil é as escola saberem como utilizá-lo. Zaias explica que atualmente estes resultados são utilizados, em sua maioria, para pensar e discutir a formação dos professores, mas que deveriam ir além disto. “O resultado pode também ser aplicado para reformular algumas políticas educacionais como incentivo dos alu-


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não atinge Aprendizado Adequado em Ponta Grossa ingressa no Ensino Médio sem saber o adequado para nível de escolaridade de aula. No momento estamos trabalhando com o número máximo por conta de falta de espaço”. Zaias, porém, afirma que não se pode desconsiderar o resultado dessas avaliações. A pesquisadora concorda que realmente há fatores externos que não são considerados na prova, mas que isto não invalida o resultado. “O resultado deve ser avaliado, colocado como uma autocrítica para que a escola melho-

Colégio tem aulas em salas de madeira há mais de 11 anos Estudantes do Colégio Estadual Padre Pedro Grzelczaki, na região do Jardim Paraíso, sofrem com a falta de estrutura adequada. Das oito salas de aulas, cinco são de madeira. Construídas de forma emergencial para serem utilizadas por 6 meses, há 11 anos a construção de alvenaria não foi realizada.

“A sala, por ser de madeira, é horrível. Úmida, gelada, muitas vezes com mal odor por causa da madeira podre. Tenho certeza que todos nós estamos sendo prejudicados por estudar em salas que não tem recurso nenhum”, avalia John Menes, estudante do colégio. As salas de madeiras já velhas têm a ação do cupim. Segundo a diretora Sueli Bertani Gomes, os cupins caem e provocam alergias em professores e alunos. A locomoção no pátio em dias de chuva é outro problema. Os três pavilhões que compõem a estrutura da escola não possuem ligação em si com cobertura. Para se dirigir ao refeitório, que fica em um dos pavilhões de alvenaria ou até a quadra de esportes, os estudantes e professores enfrentam as chuvas. Assistir a alguma projeção em vídeo, tem que levar a televisão até as salas de madeira. O equipamento fica guardado na secretaria da escola, pois precisa estar protegido das chuvas. A diretora conta que, segundo o relatório do Corpo de Bombeiros e da Vigilância Sanitária, as salas deveriam ser interditadas, mas não tem espaço para remanejar os alunos. “O risco de pegar fogo na fiação é seríssimo. Por enquanto, não interditaram. O relatório da vigilância deixa claro que estamos correndo risco e não tem condições adequadas para funcionamento. Mas eles também não bateram o martelo para interditar”, explica. De acordo com a diretora, a maior dificuldade é encontrar um espaço para transferir as aulas. A previsão é que as novas salas serão construídas no mesmo local que se encontram as de madeira. “Este é o problema. A gente não sabe onde vamos colocar os alunos. O governo não está disposto em alugar salas”, completa. Fundepar alega que projeto de construção para Colégio Padre Pedro está em andamento.

re o ensino. O que deve ser feito é ponderar o resultado de acordo com a característica do colégio”. A aplicação da Prova Brasil 2019 ocorre entre os dias 21 de outubro e 01 de novembro e espera-se que o resultado seja publicado em 2020. Por Amanda Gongra

De acordo com os professores do Colégio, as salas de madeira trazem prejuízo para o processo de ensino e aprendizagem. As dificuldades diárias vão desde os cupins, chuva, frio a calor dentro das salas de madeira. “Em período de inverno, nós sofremos, pois têm buracos e frestas nas paredes, especialmente porque temos alguns alunos que são muito carentes e vão muito mal agasalhados”, relata a professora Sueli de Freitas Mendes.

O secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, visitou o colégio no mês de maio e desde então a comunidade escolar aguarda respostas sobre o início das obras. O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) diz que o projeto de construção de novas salas para o Colégio Padre Pedro Grzelczaki está em andamento. Por agora, o projeto não tem data de previsão para início das obras. O Núcleo Regional de Educação (NRE) de Ponta Grossa explica que não tem o poder para fi-

nanciar obras. O órgão busca fazer intermediações e parcerias entre escolas e o governo. Questionada sobre a falta de estrutura dos colégios e como isso afeta diretamente a educação, a Secretaria de Estado da Educação (SEED) respondeu “o objetivo do governo a médio prazo é levar a educação básica do Paraná ao primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), por meio do fortalecimento das ações pedagógicas e de gestão, aliadas à valorização do profissional da educação”. O Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa ressaltou que já foi aberta uma reclamação sobre a situação do Colégio Estadual Padre Pedro Grzelczaki, junto ao Ministério Público. Os Bombeiros informaram que a vistoria foi realizada no local, com a verificação e instruções contra incêndios aos funcionários. A Vigilância Sanitária diz que é do conhecimento das medidas corretivas no Colégio e que foi mandado um ofício para o Estado, mas até agora sem respostas. Outros colégios também enfrentam dificuldades Os colégios estaduais Francisco Pires Machado, Frei Doroteu de Pádua e Linda Salamuni Bacila também enfrentam problemas. A construção do Colégio Francisco Pires, na região do Cará-Cará, está parada há seis anos. Denúncias de desvio de verbas públicas, da Operação Quadro Negro, atrasaram a construção da obra. Alunos e professores dividem espaço de forma improvisada com a Escola Municipal Deotoro Alves Quintiliano. O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar) e o Programa Mãos Amigas construíram duas salas de alvenaria para substituir as de madeira no Colégio Frei Doroteu. Em 2016, o Frei Doroteu foi uma das instituições em Ponta Grossa ocupadas pelos estudantes envolvidos no movimento de ocupação das escolas,com reivindicação por melhorias na estrutura da escola, pois as salas eram de madeira. O Colégio Linda Bacila ganhou oito salas novas de alvenaria no início deste ano. O atraso na parte elétrica fez com que os alunos começassem o ano letivo sem luz nas salas. A instalação só foi realizada no mês de junho.

Por Kauana Neitzel


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“Bolsonaro não está nem aí para Constituição”, afirma especialista na Carta Magna

rofessora de Direito Constitucional da graduação e pós-graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Vera Karam de Chueiri atualmente é diretora da Faculdade de Direito e coordenadora do Núcleo de Constitucionalismo e Democracia, do Centro de Estudos da Constituição, na mesma Instituição. Na entrevista, Chueiri fala sobre a atual situação política do país no Governo Jair Bolsonaro e o papel das instituições jurídicas no contexto da Lava Jato.

entre os seus ministros. É como se fosse um coro super desafinado, em que você não tem mais a sintonia daquela melodia. Para mim, isso é muito ruim para a nossa República. Espero que se consiga reverter esse atual desarranjo. Segundo a Constituição Federal, no artigo 84 , compete ao Presidente da República manter relações com os Estados estrangeiros. Na sua visão, em que medida Bolsonaro tem cumprido esses preceitos?

A figura de Sérgio Moro tem O presidente da Repúou não prejudicado a imagem blica não tem cumprido esse e dos magistrados? nenhum outro preceito constitucional, porque ele simplesCom uma forma de con- mente não respeita a duzir o processo penal muito Constituição. Bolsonaro não especuliar, acho que ele não con- tá nem aí para a Constituição. tribuiu para o sistema de justiça. Ele governa contra ela. É uma Porque existe um princípio opção que ele escolheu, um moconstitucional que orienta o sis- vimento que ele faz, calculado, tema de justiça e dá a base do por opção. Quando Bolsonaro Direito que é o princípio do de- faz isso, ele nos coloca em uma vido processo legal. Quando o- situação bastante paradoxal. lho para a forma como o ex-juiz Porque aquele que chefia o poe o atual ministro conduzia os procedimentos que estavam sobre a sua responsabilidade, não vejo respeito a esse princípio do processo legal e em muitas das suas ações na condução dos processos, não é que todas tenham sido assim. Acho que isso é prejudicial ao sistema de justiça em geral. Não é uma crítica pessoal. É uma crítica a quem der executivo, assim como aquer que faça uso da função pa- queles que chefiam o poder jura contrariar um princípio cons- diciário e legislativo têm comtitucional. promisso absoluto na defesa da ordem constitucional. GoverÉ preocupante haver ma- nar contra a Constituição é nifestações contra o Su- romper com esse compromisso. premo Tribunal Federal Ele tem feito isso interna e ex(STF), como ocorreram ternamente. Com relação à ordem internacional, ele tem nas ruas do país? sistematicamente desrespeitado que está na ConstituiSim. Sou uma pessoa que ção.algo mesmo que não esticrê nas instituições. Acredito vesseMas na Constituição, esse é um que a gente, o país, uma comu- princípio de convivência Esnidade política funciona melhor tados soberanos, para quedosvocê com as instituições funcionan- tenha uma ordem internacional do bem. Acho que elas também equilibrada, que tenha não só fazem boas mediações. A Corte relações do ponto do diSuprema, seja como Corte fun- reito internacionalde vista público, cional, seja Corte de última ins- dos direitos humanos saudáveis,e tância como é o STF, exerce uma mas relações também do ponto função significativa na nossa de vista do direito internacional República. É ruim quando a cor- privado, relações comerciais te começa a ter um desarranjo ram publicadas no período de 9 Entenda o que é de Junho de 2019 até 3 de sea Vaza Jato tembro de 2019 divididas em 19 partes. O site The Intercept BraUma fonte anônima sil está publicando uma série de vazou informações privadas do reportagens sobre conversas procurador Deltan Dallagnol e entre os procuradores da força Sérgio Moro, atual Ministro da tarefa Lava Jato, operação que Justiça, revelando comportaprendeu o ex-presidente Lula. mento antiético e parcial entre Quatorze reportagens fo- os magistrados.

Vera Karam de Chueiri no X Simpósio Jurídico dos Campos Gerais. Foto: Kauana Neitzel saudáveis, que também são fun- pois se reafirma no código de damentais. Quando ele desde- processo, se quebra o que é mais nha da ordem internacional, caro para o processo jurisdicionão está só atacando a sobera- nal e para a figura do juiz, que é nia dos outros Estados e os di- o princípio da imparcialidade. reitos humanos de uma maneira geral. Ele também está A anulação da condenasacrificando o nosso comércio ção do ex-presidente do exterior. Há consequências nas Banco do Brasil e da Pemais diversas ordens. trobras, Aldemir Bendine

O presidente da República não tem cumprido esse [artigo 84] e nenhum outro preceito constitucional, porque ele simplesmente não respeita a Constituição." Como que a Constituição prevê a imparcialidade de um juiz?

pelo STF em agosto trouxe algum impacto no meio jurídico?

Bastante impacto porque o Brasil está muito polarizado. Não só a Lava Jato, mas as últimas eleições presidenciais tornaram as questões complexas da nossa política cotidiana quase em questões plebiscitais, como se fosse possível você agir de maneira a responder com sim ou não. As pessoas são muito mais complexas do que isso. Diante deste cenário plebiscitário de grupos opostos de muito tensionamento, o efeito dessa decisão colocou entre os juristas essa questão de que, a partir de agora, se vai anular todas as decisões de primeiro grau tomadas anteriormente no processo da Lava Jato, o que não é verdade. Particularmente, acho que houve excesso em muitas das decisões tomadas na Operação Lava Jato. Não tenho nenhuma dúvida. Acho que os áudios e o material que está vindo à tona com o Intercept Brasil, não vou entrar no mérito aqui se a fonte é lícita ou não, o fato é que basta ferências dos procuradores. Sérgio Moro enviou mensagens interessadas no andamento do processo, inclusive vazando notícias a imprensa para o interesse do grupo.

A função jurisdicional deve ser exercida de maneira imparcial. Esse é um princípio que está consagrado constitucionalmente. Imparcialidade não se confunde com neutralidade. Não significa que o juiz não deva assumir posições. A imparcialidade significa que, em face de uma situação de um conflito de interesses, ele tenha que se colocar como essa pessoa desinteressada, imparcial para poder fazer um juízo, com base no que as partes lhe trouxerem, que não haja nenhum pré-juízo, para que ele possa então julgar. Isso está pressuposto na Constituição. Quando se rompe com isso e deA credibilidade da lava jato foi abalada após as matérias publicadas pelo Intercept pois mostram que juízes e Ministério Público colaboravam entre si. O Intercept aponta na Parte 1 da série de reportagens que o comportamento dos pro- Informações obtidas no site curadores que se declaravam The Intercept Brasil. apartidários mostram diálogos movidos por ideologias e prePor Jessica Allana


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SET/1 9 é lícita ou não, o fato é que basta você ouvir um áudio, ouvir a voz e você vê que há como identificar a pessoa que está falando. O fato revela que houve uma série de manipulações no processo e acenderam a luz vermelha, demonstrando que nem tudo foi como deveria ter sido. Ou seja, se é para combater a corrupção, eu não posso me valer de meios que não são devidos. Então alguma coisa está errada aí e deve ser revista. Volto dizer que, com isso, tudo se fragilizou com relação à Lava Jato. Mas não é por isso que vou dizer que agora todo o procedimento tem que ser anulado. Tem que analisar cada caso no seu devido tempo, com a sua peculiaridade. Para isso, temos o poder judiciário e todos os graus de jurisdição e revisão. As declarações feitas pelo The Intercept abriram brechas para a possível libertação dos presos pela operação?

Acho que elas abrem brechas. Não sou uma advogada criminalista. Mas acho que não precisa ser especializado para se dar conta que ali se tem, de fato, um material que suscita uma série de questões que levam a crer que não houve uma ortodoxia na condição daquele processo. Houve uma heterodoxia, que eles se valeram de procedimentos não muito adequados para chegar a fins que eles queriam chegar e que isso não é de fato correto. Senão, a gente entra em um dilema que não está de acordo nem com a Constituição, nem com o Direito Infraconstitucional, ou seja, é inconstitucional e é ilegal, no meu ponto de vista. Como a OAB-PR está se comportando com relação às informações do Intercept?

Não sei dizer como a OAB tem se manifestado. Não tenho acompanhado a OAB-PR, as manifestações. Mas posso lhe dizer como o Conselho Federal da Ordem tem se manifestado. Me parece que o Conselho Federal tem sido muito crítico. O presidente Felipe Santa Cruz e a diretoria em torno dele tem se manifestado muito firmemente com relação às irregularidades e ilegalidades e tem sido vítima de perseguição em relação a isso. O que me parece é que o Conselho Estadual aqui da

ENTREVISTA

ordem não tem se manifestado muito .

É inconstitucional as prisões realizadas pela Lava Jato no período em que ocorreram as declarações do Intercept?

A tese é a seguinte: podese prender com base em uma condenação que ainda não foi definitiva? Há quem ache que sim, há quem ache que não. É uma tese jurídica que está em disputa. Acho que é inconstitucional. A Constituição claramente diz que ninguém pode ser cerceado da sua liberdade, ser preso, portanto, antes do trânsito em julgado. A quem diga que a execução da pena não se confunde com o princípio da presunção da inocência. Entendo que a prisão após a condenação em segundo grau, antes do trânsito em julgado é inconstitucional. Para mim, é inconstitucional e ponto. No meu ponto de vista, todas essa prisões decorrentes da Operação Lava Jato, que ocorreram antes da decisão transitada em julgado, quer di-zer, antes da decisão final, fatal e sacramental, para mim são inconstitucionais. Mas isso é uma tese e ela pode ser contestada como está sendo. Tem ministro do Supremo que não acha que seja inconstitucional.

Infográfico: Denise Martins

CHARGE

O que o trabalho do Intercept permitiu descobrir de costumeiro e incorreto no meio legal?

O que talvez permitiu descobrir de costumeiro é que, de fato, há um network entre aqueles que atuam no processo que não deveria haver, às vezes, uma conversa do juiz com o promotor, com o advogado da parte. Não que isso não deva haver. Deve, mas não nos termos em que, às vezes, há e que se tornou costumeiro. O que houve de ilegal é que basicamente se tinha um juiz que agia como se fosse interessado no processo. Parecia que combinava as coisas com o acusador e o Ministério Público. Isso é absolutamente incorreto. Por Larissa Hofbauer

Placa: Amazônia Balão: Na minha época tudo aqui era mato.

Charge: Larissa Hofbauer


“Não vim aqui para converter. Vim para explicar o Islã”, afirma xeique da mesquita local

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Para Ali Rahimi, o Islamismo é pouco conhecido na cidade, apesar das semelhanças com o Cristianismo

les pensam muito mal sobre o Islamismo, fiquei surpreso”, relata Ali Rahimi, xeique religioso da Mesquita Imam Ali, em Ponta Grossa. O iraniano mora há quase um ano na cidade e percebe o pouco que se sabe sobre o Islamismo. Rahimi veio para assumir a mesquita que, só após cerca de 20 anos de construção, recebe um líder religioso. O xeique menciona a surpresa das pessoas quando, em uma reunião na cidade, ele citou a expressão “A paz de Deus esteja com Ele”, se referindo a Jesus. “Quem não acredita em Jesus, não é muçulmano. O Alcorão Sagrado tem um capítulo chamado Maria, que fala sobre a história do nascimento do profeta Jesus” . O xeique ainda ressalta a importância da semelhança entre Cristianismo e Islamismo. “Temos várias coisas iguais [ao Cristianismo] e isso é muito importante. O seu Deus [Cristianismo] e o meu Deus são o mesmo. Para o Cristianismo, Judaísmo e Islã, o Deus é o mesmo. Quem não acredita nos profetas antigos, como o Adão, Abraão, Moisés, Noé, Jesus, não é muçulmano. Tudo isso está escrito no Alcorão Sagrado”, completa Ali Rahini. Embora afirme ser preciso ensinar o Islamismo para os brasileiros, o xeique ressalta: “Não vim aqui para converter. Vim para explicar sobre o Islã”. Rahimi elogia o respeito da população local quanto à cultura Islâmica. “Minha filha vai para escola com véu e todos a respeitam. Aqui em Ponta Grossa e em outras cidades que fui, todos sempre respeitaram”, afirma. Mas fica surpreso com indagações como “se a mulher

muçulmana toma banho com roupas”. “É engraçado”, diz. O xeique avalia a falta de conhecimento sobre o Islã com a carência de conteúdo na língua portuguesa. Rahimi consegue se comunicar bem em português, por isso sente falta de veículos de comunicação que falam do Islã no Brasil. Segundo ele, Ponta Grossa tem cerca de 120 muçulmanos, entre Xiitas e Sunitas. A maior parte dos muçulmanos na cidade é de fora do país. Na projeção mundial, de acordo com o instituto Pew Ressearch Center, a população de muçulmanos chegará a 29,7% (mais de 2,7 bilhões de pessoas) em 2050. No último levantamento realizado em 2010, os muçulmanos representavam 23,2% (cerca de 1,6 bilhão de pessoas) da população no mundo. Comparativamente, a projeção da população cristã no mundo em 2050 será de 31,4% (mais de 2,9 bilhões de pessoas), além de continuar como a religião com o maior número de adeptos. A projeção para o número de pessoas que não são formalmente ligadas a uma religião em 2050 será de 13,2% da população (mais de 1,2 bilhão de pessoas), enquanto em 2010, o estudo apontava 16,4%. O instituto ainda projeta que, em 2050, o Islamismo deva ser majoritário em 51 países ao redor do mundo. O xeique atribui o crescimento de adeptos por considerar o Islã uma religião “completa”. O muçulmano realiza cinco orações ao dia.

Intolerância Sobre a relação da religião com grupos extremistas do oriente médio, Ali Rahimi associa a visão do Islã como re-

Alcorão, livro sagrado do Islamismo, escrito em árabe

Foto: Vitor Almeida

Xeique Ali durante uma das cinco orações diárias.

Foto: Vitor Almeida

ligião que pratica terrorismo com o desconhecimento das pessoas. “No nosso Alcorão Sagrado, tem um versículo que diz que quem mata uma pessoa, é como se tivesse matado todo mundo”, afirma. Em entrevista para o jornalista paranaense Omar Nasser Filho, no livro “Um diálogo sobre o Islamismo”, publicado em 2003, pela editora Criar, o líder religioso Muhammad Jaafar Khalil, afirma que Alcorão proíbe o uso da força para propagar as crenças religiosas. Para Rahimi, o Daesh [grupo que se autodenomina Estado Islâmico] é um grupo pequeno que não representa os muçulmanos. “Os Estados Unidos sempre falam que Islã é terrorismo e perigoso, mas quando se lê o Alcorão Sagrado, percebe que não existe nada sobre violência, nem sobre matar”, completa. O líder religioso da mesquita Imam Ali critica as brigas entre as religiões e a intolerância. “Conversar com razão, bem certinho, explicar, é melhor do que brigar. Aqui temos Xiitas e Sunitas e não brigamos. Para o xeique religioso, padre ou pastor, não é bom brigar”, afirma.

Ramadã Durante o mês do Ramadã, os muçulmanos declaram jejum do nascer ao por do sol com o objetivo de se aproximar com Deus. “Depois que passa meio dia, o muçulmano fica com fome, então pensa nos pobres, logo acaba fazendo caridade aos necessitados”, afirma. Neste ano, o calendário do Ramadã para Ponta Grossa foi o mesmo de Curitiba, iniciado em 7 de maio e terminando em 5 de junho. Os horários de jejuns vão

aproximadamente das 5h30 até 18h. De acordo com o Alcorão, neste mês foram revelados os livros sagrados: a Torá (Pentateuco), que corresponde aos cinco primeiros livros da Bíblia, os Salmos de Davi, o Evangelho e o Corão. Por Vitor Almeida Informações básicas sobre o Islã retiradas do livro “Um diálogo sobre o Islamismo”. Religião: Monoteísta (cultuam

um único Deus)

Profeta: Maomé, em árabe:

Muhammad Deus: Allah, sendo uma redundância pois Alá (grafia em português) é “Deus” em árabe. Portanto, qualquer pessoa que se refira a deus no idioma árabe, judeu, cristão ou ateu, está se referindo a Allah. Livro sagrado: Alcorão Líder religioso: chamado de xeique, sendo responsável pelos ensinamentos e difusão do Islã, além de estar apto a dirigir uma mesquita Mesquita: (masjid no árabe) significa “lugar de prostração”. É o templo de adoração e de culto a Alá. Dois cumprimentos utilizados por muçulmanos:

- "Salaam Aleikum"( ): "Que a paz esteja sobre vós" - "Waalaikum As-Salaam" ( ): “Que a paz esteja com você também”.


Dos 10 filmes brasileiros mais assistidos na cidade em 2018, oito são comédias

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Cinemas de Ponta Grossa reproduzem quase na íntegra o ranking nacional

ados da Agência Nacional do Cinema Brasileiro (Ancine) revelam que, em 2018, o cinema nacional gerou uma renda de R$ 404 mil na cidade de Ponta Grossa. O valor corresponde a 0,15% da receita nacional (R$ 260 milhões), obtida com o lançamento de mais de 163 longa-metragens. Do total, mais de R$ 236 milhões (90,7%) ficaram concentrados nos 10 títulos mais assistidos. Em Ponta Grossa, o montante movimentado pelos títulos do top 10 chega a 96% (R$ 387,8 mil). Tanto no cenário nacional como municipal, existe uma predominância do gênero comédia entre os filmes nacionais mais assistidos. Filmes como Nada a Perder, Os Farofeiros, Fala sério, Mãe, Tudo por um Popstar, Uma quase Dupla, O Candidato Honesto 2, Detetives do Prédio Azul 2- O Mistério Italiano, Crô em Família, Os Parças e Não se aceitam devoluções integram o top 10 de bilheterias em PG. No cenário nacional, o ranking se mantém com os mesmos títulos, apenas com a troca de Detetives do Prédio Azul 2- O Mistério Italiano, por O Doutrinador (Ação/Policial). No total, 43% (R$ 113 milhões) da

receita do setor ficaram concentradas nas comédias do top 10. Em Ponta Grossa o número fica em torno de 17,4% (R$ 70,6 mil), visto que apenas Nada a Perder concentrou 81% (R$ 327 mil) da renda de filmes nacionais na cidade. Para o cineasta André Queiroz (RJ), diretor de filmes como El Pueblo que Falta (2015) e Araguaia Presente (2017), tal padrão indica um sintoma do sistema de distribuição de filmes nacionais. “Se trata de você se inserir num mercado viciado e viciante, tanto nas formas de produção como nas propostas de conteúdo e ideologias. São canais que, no pretexto de profissionalização, arregimentam só um determinado tipo de produção e exclui outros” Para o cineasta Guto Pasko, diretor dos documentários Ivan (2011) e Clube dos Solitários (2018), o padrão de sucesso das comédias é um reflexo da falta de rentabilidade mínima para se manter em exibição. "Normalmente elas têm a Globo Filmes como co-parceira de distribuição e produção. E assim estão sendo constantemente divulgadas na programação de todos os veículos que a organização Globo abrange.”

Pasko cita o mercado das séries para defender que, se o espectador médio tivesse mais acesso a obras produzidas no Brasil, elas seriam mais consumidas. "Eles [grande maioria do povo brasileiro] foram formados pela televisão, pelas novelas, então eles vão ver essas comédias pois há uma forte identificação com o que eles estão habituados a consumirem. Quando citado os filmes de Maísa e Larissa Manoela [Fala Sério, Mãe, e Tudo por um Popstar, respectivamente], a lógica é a mesma. Toda uma geração cresceu vendo elas como ícones na televisão, e posteriormente via redes sociais. Gera-se essa identificação também por falta de opção e conhecimento de outras possibilidades culturais”, explana Pasko. “Desde 2011, por lei [12.485, chamada Lei da TV Paga], as emissoras de TV a cabo tem uma cota de pelo menos três horas por semana que devem separar para a exibição de produções nacionais, em suas programações. Com isso, o Brasil tem produzido uma cota de mais de 200 séries por ano. A exibição supera o exigido por lei prova que o público tem boa vontade com nossos produtos”, conclui. A lei determina que 2%

do tempo de grade seja destinada à exibição de produtos nacionais. Atualmente, segundo a Ancine, tem-se uma média de 8% de exibição. Por Yuri A.F. Marcinik

Formação cultural brasileira deprecia sensibilidade estética do público

Professor de Filosofia na rede de educação Estadual, Vinicius Costa concorda que há um problema na formação do brasileiro, que o priva de aproveitar a variedade das artes. “Concordo com essa ideia de que a gente não tem o hábito de apreciar o cinema como uma arte. Passamos por um momento de crise estética também, porque não aprendemos a lidar com a sensibilidade estética. É chato você escutar música erudita, é chato assistir a um filme em preto e branco, justamente por essa sensibilidade não estar inserida na educação brasileira”, alega Vinícius.

Futebol feminino ganha espaço no Operário

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O clube de Ponta Grossa realiza treinos abertos para meninas maiores de nove anos três vezes por semana

Escola Oficial do Operário Ferroviário lançou uma Escola Feminina em julho, depois de 5 anos com apenas times masculinos. A ideia veio dos coordenadores da escola, Cristiano Cruz e William Borges e outros professores, que visam preparar as meninas para o futebol profissional. Atualmente, cerca de 70 meninas de Ponta Grossa e região participam do treino, com idades a partir de 10 anos. “Desde o começo do ano, percebemos que o futebol feminino estava crescendo. Então criamos o projeto”, conta Alisson Santos, professor da Escola Oficial do Operário. “Pretendemos preparar as atletas profissionalmente e em questão de caráter também” O professor afirma que o lançamento da categoria feminina não tem ligação com a regra da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que regulamenta que todo time da série A deve ter uma categoria de base feminina, mas confessa que o

Atleta da base feminina em treino realizado no campo do Olinda Esporte Clube. Foto: Raylane Martins.

clube prefere estar preparado caso necessário. “Estaremos preparando-as para, se no futuro precisar, todos estarmos aptas a ajudar o Operário” Segundo o professor, o futebol feminino é tardio quando comparado com o masculino por uma questão cultural. “Os meninos já nascem com uma bola, e as meninas não. Elas costumam chegar aqui com 15, 16 anos sem nunca ter tido contato com uma bola. É neces-

sário dar toda iniciação, que os meninos costumam ter lá pelos 4 anos”, comenta. Apesar das dificuldades, Santos afirma que na prática os resultados são os mesmos entre o futebol masculino e feminino. Elis Ostrovski (14), que treina na Escola Oficial do Operário Ferroviário há mais de um ano, antes com os meninos e agora com as meninas, conta o que sentiu de diferente. “Estamos fazendo treinos básicos,

aprendendo regras, coisas que nessa altura os meninos já dominam. O que está sendo diferente, pois estou fazendo coisas que antes não via detalhadamente parte por parte“. Ostrovski, que planeja jogar profissionalmente no futuro, diz que esse é um passo importante para o futebol feminino da cidade. “Espero que como todo time, a Escola Feminina do Operário vá para frente e dê as oportunidades que nossas atletas [corajosas] merecem”, relata. Os treinos ocorrem nas terças e quintas-feiras, no período da manhã e da tarde, e aos sábados pela manhã no campo Olinda Esporte Clube no bairro de Olarias. Não há teste de seleção para participar do time feminino do Operário Ferroviário Esporte Clube, basta ser maior de nove anos e realizar um treino experimental. Por Isabela Gobbo


Ombudsman Repórter não é escriba nem taquígrafo. Repórter é repórter Rodrigo Menegat é jornalista formado pela UEPG com especialização na Universidade de Columbia. Hoje, trabalha como jornalista guiado por dados no Estadão. Contato rodrigo@meneg.at Menos de quinze minutos depois de abrir o Foca Livre de junho, algo me incomodou. As duas matérias de maior destaque – a manchete sobre abrigo para moradores de rua e o especial sobre desigualdade de gênero na universidade – eram mais coletâneas de declarações do que reportagens. Encasquetado, fiz do resto da leitura um exercício de contagem. Quanto espaço o jornal dedica para citações diretas e indiretas? Resposta: quase

três quartos do total. Vamos aos números. Excluindo as editorias Entrevista e Personagens, a edição traz 118 parágrafos de texto. Destes, 86 trazem ao menos uma declaração de fonte ou transcrição de documento. Assim, praticamente 73% do jornal consiste de aspas e relatos terceirizados. A função do repórter não é transcrever declarações de especialistas, ouvir a opinião de personagens ou citar textos alheios. O trabalho do jornalista é

A Balbúrdia Continua

O jornal laboratorial Foca Livre não publicou suas edições programadas para o mês de julho e agosto pois a UEPG deflagrou greve junto a outras universidades do estado no dia 26 de junho. Após 48 dias de paralisação, gostaríamos de comunicar que a balbúrdia que desmoraliza o ensino superior não está dentro das universidades, mas sim no Governo Federal e Estadual. Nesta edição, o agronegócio também ganha destaque retratando matérias sobre uso de agrotóxicos na produção de alimentos e sobre a frequência de acidentes de trabalho em silos, na qual a segurança do tra-

Carta do Leitor Referente a matéria publicada na edição 210 "UEPG lança campanha contra assédio dentro da Universidade "A PRAE/DAAD informa que a UEPG tem realizado neste ano de 2019 um conjunto de providências para enfrentar, de forma ética e responsável, as situações formalmente registradas. E ain-da, que tem desenvolvido a-ções educativas de cunho preventivo através de eventos, rodas de conversa, escuta qualificada de estudantes e a-

balhador se torna o ponto de partida de discussão. O Paraná é o estado em que mais ocorrem fatalidades, de acordo o Ministério da Previdência. O Brasil é o maior consumidor de agrotóxico no mundo, segundo dados do Ministério da Saúde. A falta de orientação na utilização demasiada de agrotóxicos causa contaminação no solo e na água e prejudica o corpo humano. O objetivo das matérias sobre agronegócio é compreender as dificuldades e buscar pelo direito básico do trabalhador e do cidadão. Sucessivamente, Bolsonaro e Ratinho Jr. atacam o ensino público com corte de

tuação em conjunto com professores e coordenadores de curso, em casos específicos, além de prestar atendimento técnico, resguandando-se o sigilo pertinente a cada caso."

colher essas informações em estado bruto e, com elas, construir uma narrativa capaz de tornar a realidade – e todas as complexidades que esse termo envolve – mais palpável e compreensível. Se não cumprimos essa tarefa, não somos muito diferentes de gravadores ou bloquinhos ambulantes. “Jornalismo declaratório” é o termo da moda entre os críticos de mídia. A ideia por trás desse conceito é a seguinte: a opinião ou indignação de quem quer que seja não é notícia. Quando muito, é apenas parte de um acontecimento. Notícia é o mundo real e aquilo que o afeta, não o discurso pelo discurso.

E como podemos escapar do jornalismo declaratório? Firmando o pé no mundo real, oras. Se um repórter passou o mês apurando a realidade dos abrigos para moradores de rua em Ponta Grossa, por que ele não me conta o que viu? Se um jornalista passou quatro semanas conversando com mulheres que se sentiram prejudicadas na vida acadêmica simplesmente por serem mulheres, por que não narra essas experiências de forma viva? Os maiores trunfos de um jornalista são o olhar aguçado e a capacidade de narrar aquilo que descobre. As transcrições podemos deixar para os escribas e taquígrafos.

verbas e de bolsas necessárias para a continuidade e avanço de pesquisas. Professores, servidores e estudantes unificaram o movimento e lutaram (e lutam) contra a Lei Geral das Universidades e em favor do arquivamento da PLC 04/2019, da nomeação de novos professores, do reajuste da Data-Base e da realização de novos concursos. O governo estadual propôs a LGU e, apesar da greve e da argumentação contrária, o projeto não vai ser retirada de pauta. Os manifestantes tentam dialogar, mas são ignorados. Podemos dizer tranquilamente que a atual proposta é uma afronta à educação. Nosso repú-

dio se intensifica uma vez que governo obriga as instituições a aceitarem a perda de autonomia. Em troca de de algum recurso, muitas acabam se submetendo ao quadro. A educação precisa ser valorizada, a exemplo países como Coréia do Sul e Finlândia. Enquanto não houver investimento, haverá apenas retrocesso. A edição 211 publica matérias sobre a Lei Geral das Universidades, um especial sobre dados relativos ao Paraná sobre a falta de qualidade na Ensino Básico e problemas de infraestrutura em escolas.

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- Silmara Carneiro e Silva (PróReitoria de Assuntos Estudantis - PRAE UEPG) -Mensagem recebida por email.

Editores-chefe: Amanda Gongra, João Paulo Pacheco, Kauana Neitzel. Edição de Texto: Alexander Marques, André Ribeiro, Denise Martins,

Gabriel Mendes, Germano Busato, Isabela Gobbo, Jéssica Allana, Juliana Cosmoski, Laísa Braga, Marcus Benedetti, Yuri Marcinik. Edição de Imagens: David Candido, Emanuelle Benicio, Lucas Müller, Marcella Pan-

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Foca Livre é o jornal-laboratório do curso de Jornalismo da UEPG Contato: focalivreuepg@gmail.com Whatsapp (42) 99970-0565

Emanuelle Salatini, Larissa Hofbauer, Maria Fernanda de Lima, Mirella

Os textos de opinião são de responsabilidade de seus autores e não expressam o ponto de vista do jornal. Impressão: Grafinorte, Apucarana (PR)

Mello, Renata Oliveira, Robson Soares, Vítor Almeida. Repórteres: Consulte

Tiragem: 2.000 exemplares

zarini. Diagramadores: Cássio Murilo, Daniela Valenga, Eduardo Machado,

a autoria das reportagens diretamente na página da notícia.

ERRATA

A Foca também é humana Pedimos desculpas pelos erros da edição 210 - capa: a página da matéria de capa na verdade é 5 - p.3: na legenda, ao invés de psicoloógica, leia-se “psicológica” - p.9: no infográfico, em vez de campus, leia-se “campi” - p.14: faltou creditar Vítor Almeida como editor de imagem, e o sobrenome correto de David é Candido Departamento de Jornalismo

UEPG- Campus Central- Praça Santos Andrade, nº 01- Centro CEP:84010-790- Ponta Grossa- PR- Telefone +55 42 3220-3339 Professores responsáveis pela edição: Ben-Hur Demeneck (MTB- PR 5664) Rafael Kondlatsch (MTB- PR 6730) Professora responsável pela produção de notícias Hebe Gonçalves (MTB MG 5204)


Demolição em Longa-Metragem

O

Prédio do Cine Império saiu de cena há cinco anos

prédio do Império não era imperial. Estava mais para uma colônia dependente da metrópole. A única forma que ele tinha de influenciar ou deixar os outros dependentes dele era por causa das imagens, principalmente a partir de filmes longasmetragens. Alguns eram mais bem comportados como o “Rei dos Reis” (Nicholas Ray, 1961), outros ao estilo de “As Sete Vampiras” (Ivan Cardoso, 1985) – estes exibidos mais perto do fechamento. Em 2014, vítima do desdém dos proprietários, o Cine Império se assemelhava a um protagonista quando espancado por vilões: resistia para se manter em pé. As paredes do prédio estavam escoradas umas nas outras, com a vegetação crescendo em qualquer fenda possível. Não foi preciso que o calor dos projetores pusesse fogo nas antigas películas de nitrato, causasse um incêndio e fizesse dele um Cinema Paradiso. O Império da praça do Ponto Azul teve final previsível. Ou escapava das marretadas, ou sucumbiria espontaneamente devido ao comprometimento de sua estrutura. A demolição teve uma longa duração. Bem maior que as quatro horas de “Os Dez Mandamentos” (Cecil B. DeMille, 1956). Foram três meses corridos de obras, começando quase simultaneamente à Copa do Mundo no Brasil. Cada parede desmanchada mostrava uma parte oculta do Império. Até uma banheira foi encontrada nas dependências do prédio, além de pedaços de filme remanescentes da época. Registrei o processo em fotos, desde o desmanche da fachada até as fundações em arcos ficarem à mostra. A memória do Cine Império não pode continuar resumida aos ratos que hoje infestam o terreno. Ele funcionou

Foca nos Discos

Poluição Sonora - Hoovaranas.

Lançado em 12 de maio, Poluição Sonora é o primeiro álbum

Fundado em 1939, o Cine Império ficou popular pelos baixos preços das sessões de cinema. Arte: Larissa Hofbauer

ininterruptamente por 53 anos, atravessou gerações e fez parte da vida de muitos ponta-grossenses que ali se divertiram, namoraram, trocaram gibis. Alguns tiveram por lá seu primeiro contato com a sétima arte. A falta de uma fachada chamativa e mesmo a conservação do prédio não ajudaram a comover as autoridades que poderam tombá-lo como patrimônio e o preservar materialmente, além da memória de várias gerações. Quando Getúlio chamou PG de “Capital Cívica do Paraná”, já tinha Cine Império. Antes mesmo de Getúlio virar o ditador de um pequeno império, aliás, já funcionava a bilheteria do Cine. Sou paulista nascido e criado na Capital do Calçado Infantil. Minha paixão por prédios, que um dia se ampliou para filmes, começou longe do Paraná. Cheguei a Ponta Grossa em março de 2011 e, mesmo nunca assistindo a um faroeste do power trio ponta-grossense Hoovaranas. Produzido por Danilo Gabriel, o disco de rock instrumental possui influências de Stoner, psicodelia dos anos 70 e Hardcore. Poluição Sonora tem uma postura imersiva com contextualização urbana. Hoovaranas tem Rehael Martins na guitarra, Eric Santana na bateria e Jorge Bahls no baixo. A arte da capa tem produção do pintor ponta-grossense Saulo Pfeiffer.

sequer dentro do Império, me apeguei a ele. Em Junho de 2014, aquele velho cinema acordou com uma faixa de uma demolidora em seu portão. Era um dia 3. Era um dia como outro qualquer. Não fazia frio, nem calor. Eu vestia uma camisa com trecho de “Odara” – uma das jóias raras de Caetano. Depois de comer uma torta de requeijão, saí empurrando minha bicicleta pela calçada em direção à Praça Barão do Rio Branco. Iria fazer meu culto diário às memórias do Cine Império. Foi quando percebi o que estava acontecendo. Era o clímax de um filme de terror. Por mais espantoso e angustiante que fosse, era uma tragédia anunciada. Fiquei catatônico. Voltei à ação na semana seguinte, quando fui registrar a demolição. Ao adentrar o prédio, fui “convidado a me retirar” por seguranças. O Cine caiu nas mãos do império da especulação imobi-

Segue O Jogo - Gafanhoto.

Cheio de participações de rappers que fazem a cena de Ponta Grossa, Segue O Jogo tem pro-

liária. A revolta dos saudosistas não foi suficiente para conter interesses (ou desinteresses) dos mais poderosos. Com a derrubada do prédio, perdemos parte significativa dos sonhos projetados em nossa cidade. Hoje também sou um cidadão princesino e sinto falta do espaço em que eu gastava um tempo considerável em frente dele. Seja admirando ou seja fantasiando com o dia em que ele fosse restaurado. Nos tapumes daquela demolição de 2014, poderia estar colocado o cartaz do filme “Arquitetura da Destruição” (Peter Cohen, 1989). Ou poderia estar pichado algo como “Me evitei de amargurar/ pois não é mais um problema/ sei que sempre irão lembrar/ que fui feliz, que fui cinema”. Afinal de contas, a preservação da memória em Ponta Grossa não é nenhuma comédia romântica, mas sim Armageddon. Por Cássio Murilo Tive meu tempo de glória Sempre cheio de pessoas Sobrevivo na memória Só lhes dei lembranças boas Bem no auge da alegria Ouço beijos e risadas Projetava todo dia De cabine esfumaçada Mas o filme então termina As poltronas são rancadas Despenduram-se as cortinas Já não ouço gargalhadas As paredes despencaram Mesmo assim ainda resisto No coração dos que me amaram .

O Estorvo da Esquina (Cássio Murilo)

dução de Jnr e traz, de fato, rap com DNA ponta-grossense. O álbum tem trap, influências de Funk e alterna entre beats acelerados e mais lentos que acompanham as letras mais românticas. As 12 canções que compõem o disco afirmam o caráter pessoal do disco. As letras pautadas no cotidiano, continuam seguindo a universalidade que o rap exige. Seleção por Vítor Almeida


MÃOS QUE CONSTROEM Tipicamente a fotografia retrata as expressões faciais, mas as mãos também carregam o drama do cotidiano. O close-up da camêra aproxima o fotojornalismo das mãos que dia a dia constroem a realidade que vivenciamos. Por David Candido, Eduardo Machado, Emanuelle Soares, Marcella Panzarini e Yuri A. F. Marcinik


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