Estórias da Lagoa
O esquilo Rodolfo FRANCESCO SMELZO
Tradução de Elizabeth Lemes Dos Santos
Os dias corriam tranquilos na margem da lagoa. As coloridas libélulas zumbiam entre os caniços sob o sol de verão. Os peixes saltam aqui e ali tentando agarrar algum inseto imprudente que voa baixo sobre a água. Mas naquele dia o esquilo Rodolfo não estava nada tranqüilo. Como todos os seus similares, no verão, andava a procura de bolotas e avelãs , que coloca no ninho, cavado em um buraco no tronco do velho carvalho. Esta reserva deveria servir-lhe quando chegasse o inverno e à volta não se encontrasse mais comida. Porém aquele dia, depois de ter recolhido um belo punhado de bolotas polpudas ao pé do carvalho, e ter subido para levá-las ao ninho...e pouco antes de entrar...na penumbra da cavidade, percebeu um olho...sim um olho, em forma de fissura que olhava para ele. « Uma serpente»! – pensou logo Rodolfo, que destas coisas entendia bem – «Uma serpente no meu ninho! Como faço agora? Não posso mudar de ninho no fim do verão; é ali que juntei toda a minha reserva para o inverno, morrerei de fome.» Porém o esquilo não perdeu o ânimo, tomou fôlego e gritou , voltando-se para dentro do ninho : 1
« Olá serpente! Digo a você...deve ser muito pequena para entrar neste buraco!» A serpente, abrindo também o outro olho e farejando o cheiro da presa, respondeu sibilando: « Ssssou grande o bastante para engolir você inteirinho!» E bem devagar saiu do ninho mostrando o seu notável comprimento e o corpo coberto de escamas brilhantes. Mas Rodolfo, mantendo-se sempre a distância, continuou: « Ah sim...você é muito comprida. Mas não será certamente capaz de pegar-me sobre este galho»- e mudou-se para um galho mais alto do carvalho. A serpente então espichou-se também ele sobre o galho mais alto, porem o ágil esquilo já havia subido mais alto ainda, dizendo-lhe: «Você é um animal realmente belo e temível, mas não assim tão ágil para agarrar-me sobre a copa desta árvore. A serpente, um pouco adulada pela apreciação de Rodolfo e tambem irritada porque seus dotes de alpinista foram postos em dúvida, respondeu: « Ah sssim? Veremos ssse não consigo sssubir...»- e retorcendo o corpo flexível à volta dos galhos, seguiu o esquilo que subia até a copa.
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O esperto Rodolfo sabia que lá no céu sobre o carvalho voava sempre o falcão esfomeado a procura de presas. Assim, chegando no alto, começou a mexer-se vertiginosamente entre os ramos, seguido sempre de perto pela serpente que agora já via a refeição assegurada. Tal movimento não podia fugir aos olhos vigilantes do falcão, que precipitou-se em mergulho em direção a Rodolfo...porem...chegando agora já próximo de agarrá-lo, percebeu algo bem mais suculento...a serpente que estava com a cabeça erguida, pronta para picar o esquilo. A serpente, por seu lado, não percebeu nada, toda concentrada em fechar a passagem para desfechar o ataque. E naquele momento , enquanto sentia que já o agarraria pela cabeça, viu as fortes garras da ave de rapina que o empurravam para fora da arvora. E enquanto descia, alegre para seu ninho, cheio de bolotas e de avelãs, Rodolfo o esquilo pensou como era perigoso acreditar-se seguro de si. Tradução de Elizabeth Lemes Dos Santos
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