Histórias da Lagoa
Teodoro o castor FRANCESCO SMELZO
Tradução de Elizabeth Lemes Dos Santos
Se existia um tipo verdadeiramente alegre e contente em todo o brejo, este era Teodoro o castor. Toda manhã levantava-se assobiando, fazia o café da manhã com um pedaço de casca de árvore e "trotava" todo feliz até o dique.. O dique era a barragem que todos os castores estavam construindo sobre o córrego que alimentava o brejo.. Todos os animais perguntavam por que os castores construíam aquele dique, muitos pensavam que o faziam para criar um pequeno lago onde se juntariam os peixes, porem se perguntasse a um deles responderia simplesmente : "porque nos agrada faze-lo". E a Teodoro agradava particularmente construir o dique, tanto que fôra nomeado" chefe dos pedreiros" , o que para os castores é uma grande honra. Era ele que se ocupava de escolher as melhores árvores que, uma vez derrubadas pelos fortes dentes dos castores, constituiria a base que suportaria a estrutura do dique. Todo dia ele olhava com satisfação o dique que crescia e pensava que era mesmo belo participar de uma obra tão importante. Só quando o sol estava já alto no céu e as sombras eram curtas, Teodoro parava um pouquinho , interrompendo o trabalho, para 1
comer mais um pedacinho de casca, antes de retomar a construção. .Em um destes momentos aterrissou ao lado dele uma pega de penas negras e brilhantes. O pássaro aproximou-se e disse: «Vocês castores fazem uma vida bem triste. Todo dia trabalhando e para que? Para construir um dique que não serve para nada!» «E por que? O que há de melhor na vida?» Perguntou-lhe Teodoro. «Ah...muitas coisas»- disse a pega- «mas entre todas a mais bonita é encontrar as pedras brilhantes próximo ao rio, como esta que trago no bico.» E mostrou ao castor a pedra transparente pelos reflexos do sol que havia acabado de achar. «E claro que é verdadeiramente linda...» - disse admirado Teodoro - «e como se pode achá-las?» A pega então ensinou ao castor onde procurá-las no leito raso do riacho. Daquele dia em diante Teodoro o castor ocupou-se sempre menos do dique para procurar as pedras brilhantes. Quando as encontrava, as levava para seu ninho e as juntava , umas sobre as outras, parando fascinado para olhá-las..
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O trabalho de "chefe dos pedreiros" era agora feito por um outro castor que, menos "expert" que Teodoro, escolhia árvores mais leves para construir a estrutura do dique. Isto porque, deste modo, era mais fácil derrubá-las e cansava-se menos. Em uma tarde no fim do verão o céu cobriu-se de grandes nuvens negras que vinham do norte e logo vieram os relâmpagos tremendos , que caiam sobre a terra, seguidos pelo possante ribombar do trovão. E logo chegou a chuva raivosa que caiu copiosa e incessante sobre o brejo. O córrego onde os castores estavam construindo o dique tornouse logo uma torrente impetuosa que puxava tudo. Teodoro, quando o temporal estava chegando, estava, como geralmente acontecia nos últimos tempos, na sua toca, atento a admirar as pedras transparentes pelo reflexo do sol. O barulho dos trovões o sacudiu e logo compreendeu que alguma coisa não estava bem. precipitou-se para fora , com a chuva torrencial e, tomado por um pressentimento, correu para o dique . A parte do dique construída por Teodoro, quando ainda ali trabalhava, havia resistido porque as árvores eram fortes e grandes, mas aquela parte feita pelo castor que o substituíra desabara, engolindo os ramos acumulados com enorme cansaço, na corrente do rio.
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Teodoro parou para ver o horrível espetáculo com lagrimas nos olhos. Seu dique desfizera-se miseravelmente no rio. e então compreendeu: voltou à toca e livrou-se das pedras inúteis que havia somente encontrado, mas não construído. É assim que ainda hoje, se acontecer de você passar pelo brejo, quando o sol surge no céu, poderá ver um castor alegre e contente saltitando feliz indo construir o seu dique. Tradução de Elizabeth Lemes Dos Santos
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