Dos CIAMs ao Team 10 Durante o período entreguerras, Le Corbusier era mais purista. Dos anos 30 aos 40 ele cria um tipo de diálogo com apego à textura e densidade que não se pode perceber na época antes de 30. Um ponto é que ele começa a viajar para fora da Europa, o que despertou percepções com relação a lugar, elementos naturais, acessibilidade material (não tão forte, mas existente). Em meados dos anos 50, é possível observar certa ambiguidade e indecisão em suas obras, ele deixa as marcas da construção no concreto, fica mais rugoso, da forma “natural” que a tecnologia permitia. A Maisons Jaoul em Paris (1951 – 1955) de Le Corbusier é projetada com abóbadas, refletindo um pouco da arquitetura vernacular, materiais como tijolo (sem rebaixo), madeira de compensado naval e o uso de mão-de-obra de imigrantes argelinos (não qualificada) aponta para uma tentativa de pensar a arquitetura para o lugar onde ela se insere. Os traços tradicionais incorporados no método modernista não desqualificam a obra, pelo contrário. Ele expõe a tensão da sacada em balanço, ou seja, não esconde as forças atuantes. O interior da Maisons é moderno e cheio de acabamentos. Em seu projeto da Notre-Dame du Haut – Ronchamp (1950-1955) Le Corbusier se renova, o projeto era livre, as únicas questões trazidas pelo cliente foi a dificuldade de transportar água até o topo da colina e uma estátua da Virgem Maria, em madeira, que havia “sobrevivido” a um incêndio durante os bombardeios sofridos no local durante o nazismo. Dessa forma, Le Corbusier projeta captação de água da chuva pelo telhado de formas sinuosas para resolver a questão da água. A capela possui formas orgânicas, paredes curvas, janelas aleatórias e desalinhadas, com diferentes dimensões e formatos, tal fator junto com as paredes super grossas e a cobertura independente da vedação, deixando um vão de 10 centímetros por onde passa a luz, resultam em um jogo de iluminação interna muito interessante que passa a sensação de transcender. Para resolver a questão da Santa, o arquiteto cria dois ambientes, uma capela externa e uma interna, usando a mesma parede, onde, na parte superior, se encontra a escultura com mecanismos que possibilitam sua rotação, para que pudesse se voltar tanto para a capela externa quanto para a interna dependendo da necessidade e interesse dos usuários. Tal obra foi muito criticada por ser algo inesperado vindo de Le Corbusier, mas o que faz dela tão interessante é exatamente essa característica, pois expressa a ousadia do arquiteto mesmo após tantos anos de trabalho. Na Índia, Le Corbusier é convidado a projetar Chandigarh em 1950 – 1965. O que seria o centro da cidade. Dessa forma, foca a atenção nos edifícios que compõem o core. Entre eles o Secretariado (1951-1958); a Assembleia (1953-1961) e a Alta Corte (1951-1955). Observa-se a racionalidade mecânica, outro fator importante é a preocupação com o lugar, ele não descarta o passado e passa a dialogar com coisas novas. Ainda seguindo essa tendência à percepção do lugar, ele projeta a Shodan House em Ahmedabad, Índia (1951-1954), onde há maior preocupação com a composição climática. E o projeto de uma Associação também em Ahmedabad (19511954) expressando sua preocupação com o controle climático a partir de brises e filtros de chuva e a relação harmoniosa com o espaço onde se instala a obra. No Brasil houve o experimentalismo formal em meados de 50 por Niemeyer.