5 minute read

Incorporar fatores ESG nos mandatos para melhorar os resultados de sustentabilidade

Next Article
Fátima Só

Fátima Só

São cada vez mais os asset owners que exigem algo mais do que apenas critérios financeiros na seleção dos gestores. Como abordar o tema nos mandatos de investimento?

Os asset owners têm em mãos uma ferramenta muito poderosa para impulsionar o investimento responsável e sustentável: os mandatos de investimento. Nestes conjuntos de orientações que estabelecem os parâmetros através dos quais os gestores devem executar o investimento, os valores e princípios que caraterizam o asset owner - seja ele uma fundação, fundo de pensões, família ou outro - podem ter e têm, na prática, o seu lugar.

E são cada vez mais os asset owners que exigem algo mais do que apenas critérios financeiros na seleção dos gestores. Uma estimativa da Deloitte relativa ao mercado norte-americano aponta para que, em 2025, metade dos ativos geridos no país integrem critérios ESG nos seus mandatos. Isto compara com os 26% em 2018 e os 11% de 2012. É apenas um exemplo - e uma estimativa -, mas é uma evidência de um potencial ritmo de crescimento difícil de ignorar. Outro exemplo ilustrativo foi partilhado recentemente por Jorge Sousa Teixeira, CFA, administrador da BPI Gestão de Ativos: “Na BPI GA, já não nos é atribuído nenhum mandato institucional que não tenha considerações ESG há pe lo menos dois anos, ou mesmo alguns objetivos mais ambiciosos”.

Consciente desta relevância, a iniciativa dos Princípios para o Investimento Responsável das Nações Unidas, PRI, a Wilshire Associates e a Research Network for Sustainable Finance (Sustfin) compilaram um relatório com o nome Investment mandates: Embedding ESG factors, improving sustainability outcomes. Neste relatório, apresentam as conclusões retiradas de entrevistas - realizadas na primeira metade de 2021 - a 15 asset owners e consultores da América do Norte, Europa e Australásia, nas quais se procurou aferir a respetiva abordagem à integração ESG nos mandatos de investimento. O trabalho desenvolvido no contexto deste relatório aponta para quatro motivações para a integração de critérios ESG nos mandatos, nomeadamente: - Crescimento rápido da legislação;

ABORDAGENS COMUNS

MANDATOS EXISTENTES

ATUALIZAÇÃO DE EXPETATIVAS

MONITORIZAÇÃO A DECORRER NOVOS MANDATOS

ESBOÇO DAS EXPETATIVAS

RECOLHA DE DADOS E REPORTING

ANÁLISE DE GESTÃO

REVISÃO E AVALIAÇÃO

Fonte: Relatório Investment mandates: mbedding ESG factors, improving sustainability outcomes

- O crescente interesse dos beneficiários (de fundos de pensões, por exemplo); - A procura por melhores retornos ajustados ao risco; - Resultados de sustentabilidade ou não financeiros.

MANDATOS EXISTENTES

O research desenvolvido pela PRI sobre práticas de signatários mostra que há abordagens comuns no desenvolvimento de novos mandatos ou na revisão dos mandatos existentes.

Com base nas entrevistas desenvolvidas percebeu-se que os mandatos têm, tipicamente, uma duração superior a cinco anos. Durante este período, a política de investimento responsável do asset owner poderá evoluir e novas prioridades podem emergir, o que requer revisões e atualizações. A PRI indica dois passos para a implementação deste processo: atualização das expectativas e monitorização. Os entrevistados relatam que, uma vez acordados os mandatos, raramente são atualizados. De forma consensual, foi apontado que revisões mais frequentes seriam uma etapa saudável e de valor, mas acompanhado de um reconhecimento de que a atualização das expectativas pode ter implicações ao nível de custos adicionais. Segundo o relatório, em vez de se reescrever um mandato, vários inquiridos referiram que consideram mais eficiente sinalizar uma mudança de direção, emitindo diretrizes ESG formais ou relatando as expectativas ao gestor de investimentos.

No que diz respeito à monitorização e reporte, a PRI aponta dois exemplos práticos.

Primeiro, o caso do Bayerische Versorgungskammer (BVK), o maior fundo de pensões da Alemanha. Para o BVK, os requisitos de reporte do gestor (especialmente relatórios TCFD, Task Force on Climate-Related Financial Disclosures) são projetados para que

AS FERRAMENTAS UTILIZADAS COMPLEMENTAM AS AVALIAÇÕES DAS EQUIPAS INTERNAS DE ANÁLISE DE CADA ENTIDADE

os gestores externos contribuam para a própria análise climática do fundo. O BVK realiza um processo de classificação para cada classe de ativos com indicadores-chave de desempenho específicos, incluindo, por exemplo, dados GRESB (Global ESG Benchmark for Real Assets) para investimentos imobiliários diretos.

PARA OS INQUIRIDOS, A REDUZIDA FREQUÊNCIA DE ATRIBUIÇÃO DE NOVOS MANDATOS RESULTA EM MENOS OPORTUNIDADES PARA INCORPORAR CRITÉRIOS ESG

Em segundo lugar, destaca-se o exemplo do escritório do Illinois State Treasurer nos Estados Unidos. Este exige quatro documentos aos gestores de investimentos: questionário de due diligence de sustentabilidade, incluindo políticas ESG aplicáveis; política de proxy voting; relatório de diversidade, equidade e inclusão; e um relatório estatístico de proxy voting.

NOVOS MANDATOS

Segundo indicam da PRI, para a maioria dos inquiridos a reduzida frequência de atribuição de novos mandatos resulta em menos oportunidades para incorporação de critérios ESG. As entrevistas mostraram que alguns asset owner incluem expectativas formais em requests for proposals (RfPs), bem como recursos ou metas opcionais. Estes recursos devem refletir os objetivos de uma política de investimento responsável, responsabilidades fiduciárias e objetivos de investimento. Foram identificadas três etapas distintas para a integração ESG em novos mandatos de investimento: delinear expectativas, recolher dados e analisar a gestão.

Evidências empíricas das entrevistas indicam que os asset owners empregam os standards mínimos introduzidos pela PRI para exigir que os gestores de ativos demonstrem intenção e impacto positivo. Por exemplo, o New Zealand Super (fundo soberano) declarou que estão a procurar “exigir que todos os gestores de investimento relevantes demonstrem esforço consciente e mensurável para um benefício social e ambiental como requisito mínimo.”

“NA BPI GA, JÁ NÃO NOS É ATRIBUÍDO NENHUM MANDATO INSTITUCIONAL QUE NÃO TENHA CONSIDERAÇÕES ESG HÁ PELO MENOS DOIS ANOS, OU MESMO ALGUNS OBJETIVOS MAIS AMBICIOSOS”

JORGE SOUSA TEIXEIRA, CFA, ADMINISTRADOR, BPI GESTÃO DE ATIVOS

A OPINIÃO DE

LAURA DONZELLA Responsável de Distribuição Institucional e de Retalho para a Península Ibérica, América Latina e Ásia, Nordea AM

MENOS DE 200 DIAS PARA CRIAR UM PORTEFÓLIO ESG QUALIFICADO PARA A MIFID. ESTÁ PRONTO?

Está ciente de que a partir de 2 de agosto de 2022 a maneira como vai falar com o seu cliente vai mudar drasticamente? A partir desta data, os consultores financeiros na Europa estarão obrigados a perguntar aos seus clientes se estes têm uma preferência em matéria de sustentabilidade. Se a resposta for sim, será preciso apresentar uma solução ESG compatível com a MiFID. Tem o parceiro e os elementos adequados para enfrentar este desafio? Quando se trata de encontrar os elementos adequados para construir os portfolios ESG, a nossa gama ESG STARS possui todos os critérios essenciais que procura: portfolios globais e regionais em todas as classes de ativos relevantes, juntamente com o histórico, a escala e a experiência de que os seus clientes necessitam. Todas as estratégias ESG STARS da Nordea cumprem com os requisitos de sustentabilidade para a distribuição da MiFID. Baseiam-se na propriedade e no envolvimento ativo, realizam um rastreio baseado em normas, aderem a uma lista de exclusão, tanto a nível setorial como de lista de exclusão de empresas, integram o Principal Adverse Impact (PAI) a nível da entidade, incluem uma percentagem de investimentos sustentáveis e com uma política alinhada com o acordo de Paris - Paris Aligned Fossil Fuel Policy (PAFF). Deixe-nos ser seu partner ESG de escolha.

This article is from: