TENDÊNCIAS ADVISORY
por Miguel Rêgo , CFA
INCORPORAR FATORES ESG NOS MANDATOS PARA MELHORAR OS RESULTADOS DE
SUSTENTABILIDADE
São cada vez mais os asset owners que exigem algo mais do que apenas critérios financeiros na seleção dos gestores. Como abordar o tema nos mandatos de investimento?
O
s asset owners têm em mãos uma ferramenta muito poderosa para impulsionar o investimento responsável e sustentável: os mandatos de investimento. Nestes conjuntos de orientações que estabelecem os parâmetros através dos quais os gestores devem executar o investimento, os valores e princípios que caraterizam o asset owner - seja ele uma fundação, fundo de pensões, família ou outro - podem ter e têm, na prática, o seu lugar. E são cada vez mais os asset owners que exigem algo mais do que apenas
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critérios financeiros na seleção dos gestores. Uma estimativa da Deloitte relativa ao mercado norte-americano aponta para que, em 2025, metade dos ativos geridos no país integrem critérios ESG nos seus mandatos. Isto compara com os 26% em 2018 e os 11% de 2012. É apenas um exemplo - e uma estimativa -, mas é uma evidência de um potencial ritmo de crescimento difícil de ignorar. Outro exemplo ilustrativo foi partilhado recentemente por Jorge Sousa Teixeira, CFA, administrador da BPI Gestão de Ativos: “Na BPI GA, já não nos é atribuído nenhum mandato institucional que não tenha
considerações ESG há pe lo menos dois anos, ou mesmo alguns objetivos mais ambiciosos”. Consciente desta relevância, a iniciativa dos Princípios para o Investimento Responsável das Nações Unidas, PRI, a Wilshire Associates e a Research Network for Sustainable Finance (Sustfin) compilaram um relatório com o nome Investment mandates: Embedding ESG factors, improving sustainability outcomes. Neste relatório, apresentam as conclusões retiradas de entrevistas - realizadas na primeira metade de 2021 - a 15 asset owners e consultores da América do Norte, Europa e Australásia, nas quais se procurou aferir a respetiva abordagem à integração ESG nos mandatos de investimento. O trabalho desenvolvido no contexto deste relatório aponta para quatro motivações para a integração de critérios ESG nos mandatos, nomeadamente: -C rescimento rápido da legislação;