7ª Edição_Notícias da Gandaia_Maio2019

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Maio 2019 — Bimestral — Ano 2 — N.º 7 — Diretor: Ricardo Salomão

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ATUAL | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

CIDADE DA ÁGUA |Tiago Rocha * Estamos perante a apresenta­ ção da maior revolução urbana de Almada, o projeto remonta aos anos 2000, altura em que num concurso internacional foi esco­ lhido o projeto da Richard Rogers Partnership em parceria com o Santa­Rita Arquitectos e a WS Atkins. O plano é sem dúvida uma grande oportunidade para Almada e toda a Margem Sul no que diz respeito ao desenvolvimento ur­ bano que se quer sustentável, o que não sabemos até agora é como vai este grande projeto im­ pactar na vida dos cidadãos? Tal como o projeto urbano da EXPO’98 vai­se assistir a uma grande dinâmica económica e so­ cial durante a sua implementação e espera­se que repita o mesmo sucesso do Parque das Nações, que é reconhecido como um terri­ tório de excelência e multifuncio­ nal que aproveita de uma forma muito atrativa a proximidade com o rio. Poderá este Masterplan pensar esta nova centralidade de forma a atingir a meta de carbono zero, no que diz respeito a áreas funda­ mentais como a mobilidade, ener­ gia, ambiente e edificado? Este plano deve ter em conta uma es­ tratégia efetiva para o combate às alterações climáticas.

Quanto à Área Metropolitana de Lisboa, de que forma a sua in­ tegração estará a ser pensada numa escala maior articulando esta nova centralidade com toda a área metropolitana de Lisboa? Principalmente tendo em conta lguns dos indicadores de distân­ cias mais relevantes: 2,5 quilóme­ tros do centro de Lisboa, 18 quilómetros do aeroporto de Lis­ boa, 30 quilómetros do futuro aeroporto do Montijo, cinco quiló­ metros das praias. Também a ter em conta é a mo­ bilidade, pois o projeto vai estar

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apoiado num túnel para escoar e trazer uma população residencial e uma população flutuante de muitas pessoas por dia, também se prevê um novo terminal para li­ gações fluviais rápidas com Lis­ boa, bem como o reforço da oferta da MST com a sua expan­ são para esta nova centralidade. O que leva a pensar que deveria ser reequacionada a terceira travessia do rio Tejo, uma vez que a Ponte 25 de Abril é insuficiente para aco­ modar mais pressão e a Ponte Vasco da Gama acaba por não ser uma real alternativa. Finalmente, os principais indica­ dores do plano indicam uma área de construção, comércio e servi­ ços de 177 871 metros quadrados, outros 381.865 metros quadrados destinados a usos mistos, mais uma área residencial de 31.140 me­ tros quadrados, a que se devem acrescentar 29.350 metros quadra­ dos dedicados a actividade cultural e, para atividades aquáticas, ou­ tros 10.020 metros quadrados. | * Arquiteto

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DIRETOR: Ricardo Salomão EDITOR: Rui Monteiro – Praça da Liberdade, n.º 17­A, 1.º andar – 2825­355 Costa da Caparica REDAÇÃO: Andreia Gama DIREÇÃO DE ARTE: Ausenda Coutinho COLABORADORES: Abel Pinto, António Zuzarte, Elizabete Gonçalves e Francisco Silva (Centro de Arqueologia de Almada), Fernando Barreiros, Luísa Costa Gomes, Maria da Conceição Serrenho, Reinaldo Ribeiro, Tiago Rocha, Victor Reis CRUZADISMO: Jorge Manuel Barata dos Santos ESTATUTO EDITORIAL: http://gandaia.info/?page_id=5171 DEPARTAMENTO COMERCIAL: Ausenda Coutinho – comercial@gandaia.info – Tlm: 968 050 744 JORNAL NOTÍCIAS DA GANDAIA ! Registo n.º 126448 na ERC. – PROPRIEDADE: Associação Gandaia MORADA E SEDE DA REDAÇÃO: Praça da Liberdade, n.º 17­A, 1º andar – Centro Comercial “O Pescador” – 2825­355 Costa da Caparica – NIPC: 510220169 SECRETARIA: Rua Vitorino José da Silva, n.º 18 – 2825­421 Costa de Caparica – Horário: 10:30 às 12:30 (exceto quartas­feiras: 16:00 – 19:00) CONTACTOS: Tlms. 914 416 875 / 967 582 737 – noticias@gandaia.info – www.gandaia.pt – PUBLICIDADE: comercial@gandaia.info – Tlm: 968 050 744 PERIODICIDADE: Bimestral TIRAGEM: 10.000 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica Funchalense – Rua Capela Nª Srª da Conceição, n.º 50 Morelena – 2715­029 Pêro Pinheiro DEPÓSITO LEGAL: 436220/18 DISTRIBUIÇÃO: Gratuita


Notícias da Gandaia MAIO 2019 | EDITORIAL

|Ricardo Salomão

O MAR OS MUDA-N TODOS OS DIAS

O TERCEIRO PILAR Raghuram Rajan foi um dos economis­ tas que previu a crise de 2007 – e que nin­ guém ouviu. Lança agora um novo livro – O Terceiro Pilar – onde, além de assumir que existirá outra crise, apesar de não ser certo quando, afirma que além dos “mer­ cados” e do estado, existe um outro pilar essencial e que está grandemente esque­ cido: a comunidade.

significa todo o planeta, é o global que significa a Região Metropolitana de Lis­ boa, a verdadeira Grande Lisboa.

Na verdade, desde a crise de 2007, os mercados e os estados têm­se fortale­ cido. A tendência dos estados perderem poder para as instâncias internacionais também se acentuou. A questão é que as comunidades também têm perdido po­ der para as instâncias nacionais e, em Portugal, a regionalização ainda não co­ nheceu a luz do dia, mas quando isso acontecer, o poder local irá também perder para o regional.

Tudo bem, é positiva a intenção, que o mundo não deve ser feito de muros. Mas o local não pode ser esquecido, seja a bem da saúde da nossa comunidade, seja mesmo pela autenticidade do que temos a oferecer, e no nosso caso, é mesmo muito. Não é só as condições geográficas, a minutos da capital europeia, do aero­ porto internacional… isso é de panfleto promocional, apesar de ser a pura das verdades. Temos ainda o ambiente ex­ traordinário – que queremos preservar – as praias e, atenção a isso, a nossa cul­ tura, que vai desde a cidade do teatro à gastronomia, mas passa pela paz e bo­ nomia características da margem sul.

Nesta dinâmica, quem defende a comunidade de base? Quem investe nas redes de vizinhança? Quem protege as nossas ruas da gentrificação? Quem re­ força as manifestações culturais tradicio­ nais? Estarão condenadas ao esqueci­ mento e a solitárias vitrinas de museus? Mais importante ainda, quem investe na educação? Quem se preocupa com o futuro dos jovens de uma comunidade? Esse é o nosso futuro. O empenho das autarquias na educa­ ção tem de ser repensado. Não chega ser complemento. Impõe­se um papel muito mais ativo e personalizado. E há espaço para o fazer mesmo dentro do quadro le­ gal atual. Como sempre, o essencial é falar com as pessoas, concertar um rumo com os agentes educativos. É pública a nossa posição. Temos subli­ nhado vezes sem conta a importância presente e futura da comunidade e a im­ portância de a consolidar, mas a questão é realmente essencial. Já se tinha colo­ cado desde os primeiros tempos da glo­ balização. Todos se esqueceram, mas desde o início que foram assinalados dois polos (e não apenas um): global­local, oferecendo desde logo uma máxima: pensar global, agir local. Tudo isto tem grande importância para nós e não é apenas no “global” que

Porém, que não se esqueça a escala mundial. Com os mega investimentos que estão a iniciar­se, Cidade da Água e todo o projeto do Arco Ribeirinho, a “Lisbon South Bay” em que o inglesismo denuncia a intenção globalizante.

Queremos manter tudo isso? Então há que prestar atenção à nossa comunidade, ouvi­la, alimentá­la, fortalecê­la. Desde logo com duas direções: dar­lhe valor, importância, relevo. Isto é algo de dinâmico e é uma continuidade: a energia que oferecemos, iremos depois receber e voltar a dar. Fortalece todos os elos da cadeia. A outra direção é a do enriquecimento. É preciso não nos fecharmos sobre nós próprios. Isso seria fatal. Porém, também não podemos ter uma estratégia de es­ batimento tão forte que daqui a pouco não se distinga Almada de Lisboa, Oeiras, Cascais…

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Este número, o sétimo, é dedicado aos Santos Populares, às Marchas Populares, aos Arraiais Populares. Não, não são ori­ ginais, nem são os únicos. Mas são nossos. |

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ATUAL | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

CLUBE DESPORTIVO COVA DA PIEDADE Candeias Avessas |Abel Pinto

Não é pacífico o clima que se vive entre a Sociedade Anónima Desportiva (SAD) e o Clube Des­ portivo Cova da Piedade tendo até, alegadamente, ocorrido confron­ tos físicos entre as partes desavin­ das. O Notícias da Gandaia procu­ rou, sem resultado, ouvir ambas as partes de forma a melhor poder informar os seus leitores. Incom­ preensivelmente, apesar de nas úl­ timas três semanas termos ten­

tado contactar, por várias vezes, através dos vários contactos de te­ lefone e email disponibilizados nas páginas internet, nenhuma das partes, se mostrou interessada em esclarecer o que realmente se pas­ sou. Ao que apurou o nosso jornal, o presidente reeleito do clube, Paulo Veiga, terá sido alegadamente agredido por Ji Yi, o qual, além de membro da SAD (que detém 90

por cento do capital social do clube), assume igualmente o papel de tradutor junto do presidente e administrador chinês, Kuong Chong Long. Os desentendimen­ tos devem­se a uma dívida da SAD ao clube (admitida publicamente por Ji Yi), relativa ao pagamento do contrato de utilização do com­ plexo do estádio pelas equipas sé­ nior e B, e outra referente à transferência dos direitos despor­ tivos do clube para a SAD, num total de 120 mil euros, que estão já a afectar a parte desportiva, tendo levado ao adiamento do jogo de futebol do escalão de SUB 23 que

se deveria realizar no Estádio José Martins Vieira a 27 de Abril. Através de comunicados, ambas as partes têm trocado acusações e contra acusações, num estilo “po­ litiquês” e nada consentâneo com os valores que deveriam nortear instituições desportivas. Espere­ mos que o bom senso prevaleça e que todos aqueles que não conhe­ cem a missão e os valores que devem nortear os clubes desporti­ vos, se afastem de vez das direc­ ções destas instituições, porque os atletas que dão o seu esforço me­ recem que os seus dirigentes tra­

balhem para lhes proporcionar as condições para que possam evo­ luir, sem os constrangimentos de guerrilhas que não servem, por certo, para construir nada de útil, só destroem o que outros, no pas­ sado, com esforço e dedicação, já construíram. |

SOCIEDADE MUSICAL RECREATIVA DA

TRAFARIA

À Beira dos 120 Anos A Sociedade Recreativa Musical Trafariense (SMRT), comemorou no dia 10 de Maio os seus 119 anos de existência. Fundada em 8 de Maio de 1900, foi com um con­ certo de gala da sua banda, diri­ gida pelo maestro Hugo Azenha, que a festa se fez. No Salão Nobre Manuel José Cardoso, o concerto teve como convidados o coro Túnica, da Uni­ versidade Intergeracional do con­ celho de Almada, dirigido pela maestrina Anabela Fernandes, e o coro do Conservatório de Música de Almada dirigido pela profes­ sora Eva Duarte. O Notícias da Gandaia esteve à conversa com o presidente da di­ recção da SRMT, Hélder Lopes, e com o maestro da banda, Hugo Azenha, para conhecer um pouco a história da colectividade, as suas actuais actividades e as ambições que existem para o futuro desta já mais que centenária associação. Na fundação da Sociedade Re­ creativa Musical esteve um grupo de trafarienses oriundos das famí­ lias mais antigas, e algumas pes­

soas aí radica­ das de certo prestígio e influên­ cia social, que tinham em comum o amor pela vila e que entendiam que a Trafaria também deveria possuir uma Banda de Música, a exemplo de muitas outras terras do País. Ora, em 23 de Janeiro de 1903, quando o Rei Carlos I visitou a Trafaria para proceder a uma cerimónia, Florên­ cio José Martins, que encabeçava a direcção e era uma das principais figuras na preparação da recepção ao Rei, aproveitou a ocasião e pediu ao monarca o título de Real para a “sua” Sociedade, o que lhe foi concedido, passando a colecti­ vidade a denominar­se – Real So­ ciedade Musical Trafariense, nome que a República levou, logo em 1910, deixando a sociedade cair o Real e assumindo a palavra Re­ creativa como sua principal fun­ ção. A banda, que iniciou a sua activi­ dade como fanfarra, em 1990, desorganizou­se e quase desapa­ receu, em meados dos anos 40 do século passado, mas, em 1967, um

Hélder Lopes, presidente SMRT

grupo de trafarien­ ses motivados para o progresso da terra restaurou o grupo musical já com a forma de banda. Actual­ mente com cerca de 400 associa­ dos e respeitando os objectivos e fins da sua criação (o ensino e a di­ vulgação da música), mantém em funcionamento a Escola e a Banda de Música, esta constituída maio­ ritariamente por músicos forma­ dos na escola de música da colec­ tividade, que participa em vários concertos anuais, encontros de Bandas, procissões, e outros even­ tos, tanto na Trafaria como em ou­ tras localidades para onde é con­ vidada. Em 2003, a Banda (com a parti­ cipação de músicos convidados) gravou, produziu e editou, em CD e Cassete, o trabalho intitulado “Jazz, Latino & Rock”. Em 2012, com grande êxito, organizou o es­ pectáculo Grandes Musicais, com a participação de músicos e canto­ res convidados, tendo, em 2015, criado o Conservatório de Música de Almada, assim procurando dar resposta a uma necessidade sen­

tida no concelho e, simultanea­ mente, dar o devido aproveita­ mento às suas instalações. No mesmo ano foi criada a Orquestra de Câmara de Almada, uma estru­ tura profissional e com autonomia artística. Em 2016, a banda realizou um grande concerto com uma das mais importantes bandas de rock nacional, os Amor Electro, e, em 2017, repetiu o feito com a Ala dos Namorados. A banda é composta por 25 mú­ sicos com idades entre os 70 (o músico menos recente em idade é Américo Lopes) e os sete anos (Simão Lopes), e é, desde há seis meses, dirigida pelo maestro Hugo Azenha, que pretende rejuvenes­ cer a formação, que tem uma média etária rondando os 40 anos, captando músicos mais jovens. Para atingir essa sua ambição está a renovar o reportório com temas que cativam mais a juventude, como melodias famosas do rock e pop mundial e alguns dos temas mais famosos da música portu­ guesa. A maior dificuldade referida pelo maestro é conseguir a moti­ vação permanente dos seus músi­

Hugo Azenha, maestro

cos para ensaiarem duas vezes por semana. A direcção da SRMT, Instituição de Utilidade Pública, é presidida, desde há nove anos, por Hélder Lopes, trompetista há mais de 25 anos, tendo passado por várias bandas do concelho de Almada. Como ambições para o futuro pre­ tende continuar a desenvolver a colectividade, mantendo o equilí­ brio financeiro. E, como áreas a desenvolver, apontou a actividade desportiva, pois a associação tem actualmente uma classe de Hap­ kido, uma arte marcial coreana de defesa pessoal, e, em conjunto com a Junta de Freguesia, uma classe de ginástica sénior. Na área musical, além de ter a ambição de ter a banda da SMRT composta só por músicos oriundos da sua escola, pretende também consoli­ dar o Conservatório de Música de Almada, que conta actualmente com cerca de 50 alunos, e desen­ volver e dar a conhecer dentro e fora do concelho a Orquestra de Câmara de Almada composta por cerca de 36 músicos profissionais.

|A.P.


Notícias da Gandaia MAIO 2019 | REPORTAGEM

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Existem diversas teorias que procuram decifrar a origem do São João em Almada. Se por um lado as festas de São João podem ser consideradas cósmicas, daí a sua ligação ao solstício de Verão e aos campos, por outro são histórico-religiosas, pois o dia 24 de Junho será o dia do nascimento do santo.

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REPORTAGEM | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

RAÍZES PROFUNDAS mando­as, ou pelo menos ten­ tando, em manifestações de fé cristã. O que em Almada falhou, na nossa opinião redundante­ mente, porque ao longo dos tempos, a comunidade cristã mais consequente, sempre es­

A imagem de um S. João "aus­ tero" é negada pelo carácter po­ pular que as festividades assu­ mem. A festa, extrovertida e popular, pela grande variedade de aspectos que apresenta e ri­ queza da sua problemática e das suas significações, nomea­ damente no que se refere às vir­ tudes das ervas, do fogo e das águas nessa noite, às fogueiras e banhos rituais e práticas divi­ natórias, relacionadas sobre­ tudo com o casamento, a saúde e a felicidade, dão a imagem do S. João "casamenteiro" e por vezes "brejeiro". As razões apontadas para a rápida integração das marchas no calendário da cidade care­ cem de sustentação, mas sabe­ se que reforçam a identidade e alimentam a competição com base em antigas rivalidades bairristas. Tendo em conta esta necessidade de ligação com o passado, as comemorações ofi­ ciais são inicialmente o núcleo central que serve de pretexto para convocar os momentos eleitos da história e para conso­ lidar esta nova prática social." O Sector de Acção Cultural da Câmara Municipal de Almada, após investigação, destaca uma hipótese que não pretende ser completa, nem conclusiva. Acredita­se que estas festas serão as herdeiras das comemo­ rações do solstício de Verão, que se festejava no dia em que a Igreja Cristã definiu como o dia do nascimento de S. João, para talvez, de alguma forma aproveitar a grande adesão po­ pular a estas festas, transfor­

teve afastada da própria procis­ são do S. João, enquanto o resto da população era o "motor" que ao organizar e ao impor a sua organização levava a que esta tradição antiquíssima se não perdesse, mas ao

mesmo tempo impunha na pró­ pria festa cristã, todos os ritos pagãos, dos frutos, da vinha das ligações amorosas. A discussão à volta da voca­ ção das marchas e da sua viabi­ lidade futura esteve sempre latente. Já nos anos noventa, se questio­ nou a sua eterna vocação "passadista" e o alegado desfasamento deste tipo de festividades em bairros com os de antigamente. Apesar disso, as marchas resistem, mais ou menos populares, com o espírito de despique bairrista in­ tacto. |

CRÓNICA |

O SÃO JOÃO

DE ALMADA |Francisco Silva João usava uma roupa de pêlos de ca­ melo e um cinturão em torno dos rins. Seu alimento consistia em gafanhotos e mel sil­ vestre (Mateus 3, 4). É este João, chamado Batista porque ba­ tizava, que o calendário litúrgico católico ce­ lebra a 24 de junho, três dias após o solstício de verão, no fim do ciclo festivo dos chama­ dos Santos Populares (Santo António, São Pedro e São João). Estas celebrações têm origem nos rituais propiciatórios pré cris­ tãos, como é a festa da Maia (celebrada a 1 de Maio), ou mesmo o saltar a fogueira, que procuravam assegurar a regularidade das estações do ano, nomeadamente a passa­ gem da primavera para o verão, associada à abundância, ao surgimento dos primeiros frutos e início da época das colheitas. A celebração litúrgica em honra de São João, padroeiro de Almada, ocorre durante dois dias. No dia 23 a imagem do Santo, que está durante o ano na Igreja de Santiago lo­ calizada no coração do núcleo antigo de Al­ mada, é levada em procissão até à capela da Quinta de São João da Ramalha, onde per­ manece até ao dia seguinte. Importa aqui salientar que o lugar da Ramalha, embora atualmente apresente uma paisagem ur­ bana consolidada, constituiu até à segunda metade do século XX uma zona rural de ter­ renos férteis, divididos por diversas quintas agrícolas, que se estendiam pela encosta vi­ rada a sul, hoje atravessada pela Avenida

Bento Gonçalves. No dia 24 de junho, fe­ riado municipal, a imagem do Santo é trans­ portada em procissão de volta à igreja de Santiago, trazendo consigo uma coroa de frutos, que tradicionalmente eram os pri­ meiros colhidos na Ramalha. Existe uma ligação dos cultos solares, pré cristãos, na sua transposição para a celebra­ ção do Santo que anuncia a chegada do Messias, a Boa Nova em paralelo com o anúncio da colheita dos novos frutos. Sendo a agricultura em Almada a principal atividade económica até finais do século XIX, esta celebração revestia­se de grande significado para as gentes do concelho. Na tradição popular, existia uma relação direta entre a romagem da imagem do santo pa­ droeiro à Ramalha e a abundância das co­ lheitas. Esta encontra­se patente numa petição apresentada ao bispo de Lisboa em 1734. Nesse documento queixavam­se os suplicantes que durante os dois anos ante­ riores os confrades de São João Batista não levaram a imagem à Ramalha, alegando que a capela ficava distante da vila, e por essa razão as colheitas foram fracas, algo que se reconhecia por castigo divino.

Numa tentativa de esvaziar a celebração de sentido mágico e religioso, data de finais do século XIX, uma lenda várias vezes repe­ tida, que atribui a mesma a uma suposta ba­ talha, ocorrida na véspera do dia de São João, entre cristãos e mouros nos campos da Ramalha. Na mesma linha adotou­se re­ centemente a tradição, salazarista e lis­ boeta, das marchas populares que atualmente são o ponto alto das comemo­ rações do São João em Almada. O significado simbólico da romaria, en­ quanto ritual de fecundidade, que unia o es­ paço urbano aos campos envolventes, acentuava­se na tradição oral, segundo a qual o santo vinha passar a noite à Ramalha, para dormir com uma santa. Por outro lado, apesar da betonização da paisagem e do desaparecimento das vinhas e cearas, a ce­ lebração litúrgica do São João continua viva e congrega muitos almadenses que anual­ mente acompanham no seu percurso de ida e volta. Nesse sentido a celebração do São João em Almada, constitui uma manifesta­ ção de Património Cultural Imaterial, pro­ fundamente enraizada na história e na identidade do concelho. |


Notícias da Gandaia MAIO 2019 | REPORTAGEM

25 ANOS

DE MARCHAS POPULARES Junho é um dos meses mais festeiros. Os Santos Populares são uma tradição que enche os bairros de arraiais, música de baile, cheiro a sardinha assada e man­ jericos com quadras. As ruas ganham vida, cor, movimento noite dentro, quem por lá passa come bem e bebe ainda melhor. Torna­se por isso difícil não alinhar nesta festa que tanto carac­ teriza o povo português. O São João, padroeiro de Almada, des­ perta o espírito popular e a cidade re­ cebe­o de braços abertos, tal como o Cristo Rei. Inserido nesta programação, o habitual desfile das Marchas Populares realiza­se na noite de dia 23, na Avenida Aliança Povo M.F.A., em Cacilhas, no ano em que se celebram 25 anos de existên­ cia desta festa no concelho. Para melhor retratar a essência e vivência destas fes­ tividades, o Notícias da Gandaia dá voz aos responsáveis das marchas vencedo­ ras dos últimos anos, Centro Comunitá­ rio PIA II e Costa da Caparica, e ao ensaiador que arrecadou mais prémios, José Carlos Mascarenhas, da Marcha da Trafaria, que está de volta após um inter­ regno de oito anos. Na noite de São João, 13 marchas saem para a rua e de alma e coração dão o seu melhor: Marcha das Ruas do Bairro, Marcha Capa Rica, Marcha do Sport Almada e Figueirinhas, Marcha Al­ Madan, Marcha da Rua 15, Marcha da Charneca, Marcha do Pragal, Marcha do Centro Comunitário PIA II, Marcha Popu­ lar da Costa da Caparica, Marcha da Tra­ faria, Marcha do Beira Mar de Almada, Marcha SFUAP – Cova da Piedade e Mar­ cha Popular da Lifeshaker. Todas elas partem de um tema de cariz popular, em que envolvem toda a sua apresentação. No desfile nas festas da cidade, cada marcha, para além da música ligada ao seu tema, pode levar mais uma música inédita, ou uma antiga com que já se tenha apresentado no pas­ sado. Em comum, todos têm de cantar a música da Grande Marcha de Almada. Além das marchas concorrentes, a pri­ meira atuação da noite cabe à Marcha da Associação Almadense Rumo ao Futuro, uma instituição que presta apoio a jo­

vens e adultos portadores de deficiência. O desfile da Grande Final das Marchas Populares acontece no Complexo Muni­ cipal dos Desportos Cidade de Almada, no Feijó, a 29 de Junho. Com vários cri­ térios a concurso, avaliados por um júri, que pontua de 1 a 10, são atribuídos os primeiro, segundo e terceiro lugares e os Prémios Avenida, Arcos, Coreografia, Trajes, Música e Letra. A classificação geral resulta da soma obtida com o des­ file da Avenida + desfile do Pavilhão + pontuação específica por área de espe­ cialidade do júri, ligado às artes; e não se verificando penalizações, desta fórmula resulta um vencedor. Os troféus são en­ tregues no próprio dia na Câmara Muni­ cipal de Almada. A atribuição que nem sempre reúne consenso, com certos bairros a sentirem­se prejudicados na vo­ tação e injustiçados perante os seus pares. O espírito bairrista manifesta­se, assim, nesta expressão popular, e é na­ tural que exista uma rivalidade, pois não deixa de ser uma competição em que todos querem fazer um brilharete. Essa picardia, geralmente saudável, faz parte desta tradição e é vista de forma natural, conferindo até a sua graça e aumen­ tando a fasquia da qualidade. Uma ou outra vez, com a emoção à flor da pele, os ânimos podem aquecer, mas nada que estrague a festa. Para se destacarem nos desfiles, as marchas apostam tudo na preparação. A ideia do tema, a construção da música, a preparação de guarda­roupa original e a elaboração da coreografia são prepara­ das com meses de antecedência. O apoio financeiro da Câmara Munici­ pal de Almada traduz­se na atribuição de um subsídio de 12 mil euros a cada mar­ cha. Este ano o número de marchas au­ mentou consideravelmente em relação aos anos anteriores, o que originou dis­ cussão e debate entre participantes, uma vez que a CMA aceitava as 13 marchas a concurso mas isso implicaria uma redu­ ção do orçamento destinado a cada uma, situação que acabou por não se aplicar. As juntas de freguesia por norma apoiam sempre, o valor em questão depende das marchas que cada freguesia tem. |

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REPORTAGEM | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

TRAFARIA, MEU AMOR José Carlos Mascarenhas, baila­ rino e coreógrafo profissional, é, desde 1997, o ensaiador das Mar­ chas da Trafaria. O convite che­ gou­lhe por indicação de Carlos Areias, numa altura em que o actor foi padrinho da marcha.

Esta marcha que esteve oito anos sem sair à rua, regressa agora a concurso, com o tema Tra­ faria, Meu Amor, que segundo o ensaiador “tem a ver com a garra com que nós marchamos e a pai­ xão que temos pelo nosso bairro”.

A Marcha da Trafaria foi aquela que conquistou mais prémios ao longo dos anos de Marchas Popu­ lares de Almada, por isso o seu en­ saiador é igualmente o mais premiado. A trabalhar também com as Marchas de Lisboa, diz ter na Marcha da Penha de França e Marcha da Trafaria “as minhas duas paixões”. Ensaiou ainda a Marcha da Rua 15, durante dois anos, enquanto a da Trafaria es­ teve interrompida.

Em 2011, o último ano em que participaram, “ficámos em pri­ meiro lugar, mas deu­se o faleci­ mento de um membro muito importante das marchas e a comis­ são desmoronou­se, não houve disposição para fazer mais e até este ano não houve as vontades necessárias para que a Marcha da Trafaria voltasse a sair”. Tanto que esta comissão é nova, já não é a mesma dos anos ante­

Notícias da Gandaia MAIO 2019 | REPORTAGEM

riores, “não pode ser equiparada àquilo que foi a Trafaria de 14 anos juntos. Este é um projecto que vai representar a Trafaria no seu bom­ nome evidentemente, mas um projecto ano zero. Todos estão na expectativa de ver como nos vamos apresentar”, reconhece o ensaiador. Para José Carlos Masca­ renhas, a inovação tem sido um dos segredos do sucesso desta marcha, “mostrar uma perspec­ tiva diferente todos os anos, com os arcos e marchantes”, assim como a entrega, “o que nos distin­ guia era realmente a nossa ca­ gança, como dizemos, a força com que marchávamos e também es­ sencialmente o facto de trabalhar­ mos arduamente”. “A Marcha da Trafaria foi uma locomotiva motivadora e de de­ senvolvimento das próprias mar­ chas de Almada em prol do espectáculo que foi sendo sempre melhor. Nós de certa forma fomos pioneiros, porque ao início acusa­ vam­nos de fazer dança em vez de marcha, o que é certo é que hoje toda a gente faz dança”. Como en­ saiador, considera a gestão de pessoas a tarefa mais difícil, “é muito complicado conseguir ter os 48 marchantes nos ensaios, pois têm filhos, têm trabalhos, muitos com horários rotativos. O meu grande desafio é trabalhar com os marchantes invisíveis, porque eles não estão presentes mas eu tenho

SÃO JOÃO EM ALMADA MARCHA POPULAR DA COSTA DA CAPARICA

de os visualizar, aliás isso deve ser o maior problema para todas as marchas”. Por isso estabelece uma média de 42 ensaios como prepa­ ração. Para os cumprir começaram a ensaiar há dois meses, fazem­no três vezes por semana e quando as Marchas de Lisboa terminarem passam a ensaiar todos os dias. Os desfiles são momentos de sentimento indescritível e cabe ao ensaiador motivar os marchantes ao máximo, “quem lá chega é que sabe o que é esta energia, já vi marchantes chegarem à avenida e bloquearem com o nervosismo e outros há que de repente se trans­ formam espectacularmente, tal é a adrenalina”. Mas o que mais apaixona José Carlos Mascarenhas nesta tradição de marchas são as próprias pessoas: “elas dizerem­te que não sabem se são capazes e depois no final, quando juntas toda a gente – somos 48 que temos de parecer um –, vês aquilo funcionar na perfeição”. |

Em 2016, foi a Marcha Popular da Costa da Caparica que conquistou o primeiro lugar das Marchas Populares de Almada. Para Rúben Coutinho, o responsá­ vel desta marcha, o que leva as pes­ soas a vibrarem tanto com esta tradição popular prende­se com o facto de “além de ser algo que já está bastante enraizado e vai passando de uns para os outros, é sobretudo o convívio e a festa que nós consegui­ mos proporcionar tanto a quem par­

PIA II - INOVAR COM TRADIÇÃO sem nunca deixar para trás a tradição, e de ano para ano o nosso nível de exigência au­ menta”. A Marcha do Centro Comunitário PIA II foi a vencedora das Marchas Populares de Almada em 2017 e 2018. Um desfile verda­ deiramente almadense, pois todos os seus marchantes residem no concelho e 90 por cento são jovens do Monte da Caparica. Cátia Durão, animadora sociocultural no Centro Comunitário PIA II e coordenadora desta marcha, recorda como foram vividos esses momentos, “com grande euforia, porque em 2018 consagrámo­nos bicam­ peões e ganhar o primeiro lugar consecu­ tivo é algo que não aconteceu muitas vezes na história das marchas em Almada”. Des­ tas vitórias resultaram “experiências distin­ tas, porque os ensaiadores não eram os mesmos, foram formas de trabalhar dife­ rentes, mas em ambas as mais valias foram o trabalho em equipa, o empenho dos mar­ chantes e ensaiadores e a aposta na criati­ vidade e originalidade. Pretendemos inovar

O PIA II participa nas Marchas Populares de Almada desde a primeira edição, em 1994. Mas mesmo antes disso já a “Santa da Misericórdia de Almada fazia marchas populares com os idosos do lar, a nível in­ terno, e com a comunidade local, no bairro no Monte da Caparica e no centro de Al­ mada”. Como todas, preferem deixar em segredo o tema da marcha deste ano, mas prometem “manter o nível de espectacula­ ridade” a que habituaram o público. Para isso, a marcha de 2019, como sempre acon­ tece, começou a ser pensada em Outubro do ano passado, para no início do ano de apresentação estar tudo definido. Em Março, dão início à confecção dos trajes e em Abril à elaboração dos arcos, altura em que começam os ensaios. Diz o ditado que em equipa vencedora não se mexe, por isso, desde 2017, que o PIA II mantém os pa­ drinhos da marcha, Sérgio Alves e a Andreia

Para gostar mais ainda, os mar­ chantes não descansam enquanto não fizerem o seu melhor. E tal como Rúben Coutinho confessa “se somos demasiados poupados no material, depois temos pontua­ ção inferior, por isso, para o traba­ lho que temos, os 12 mil euros nunca chegam. Se não fosse o apoio da junta local e dos habitan­ tes, e muitas vezes nós mesmo empatarmos dinheiro, era impos­ sível fazer uma marcha só com o

apoio da CMA”. Esta verba é atri­ buída em Maio, e apenas um mês não é suficiente para criar um guarda­roupa e adereços, por isso a Marcha da Costa da Caparica conta com alguns apoios exterio­ res que lhes permitiram começar todo este trabalho em Março. A Marcha Infantil Os Costinhas, da Costa da Caparica, também in­ tegra o desfile extra­concurso, e alimenta este espírito numa gera­ ção futura de marchantes. Tal como Rúben Coutinho refere “em­ bora não tenha o rigor das outras, é dos desfiles mais importantes porque é dali que vai haver a con­ tinuidade para as marchas e eles estão muito focados e cheios de entusiasmo”. |

DITOS E MITOS

Ventura. O critério não passa por serem fa­ mosos, foram escolhidos porque “são jo­ vens de Almada, têm uma ligação com o concelho e com a tradição popular”. Ambos os desfiles, na Avenida de Caci­ lhas e no Complexo do Feijó, são vividos com muita emoção e oferecem a oportuni­ dade de arrecadar prémios diferentes. No entanto estas duas exibições têm sabores diferentes, como explica Cátia Durão: “não podemos compará­las, na avenida é a apre­ sentação da marcha, é onde o público fica com uma primeira impressão sobre o nosso trabalho, mas por outro lado no pavilhão sentimos as pessoas mais próximas de nós e isso acarreta uma maior pressão para os marchantes”. Para a animadora do Centro Comunitário a tradição já não é o que era, “desde que o Metro Sul do Tejo surgiu em Almada, a avenida de Cacilhas não tem o mesmo brilho nem as condições necessá­ rias para o público assistir, o que leva mui­ tas pessoas a prefiram ir ao pavilhão”. E assim pode­se ir perdendo a tradição de rua e bairrista de outros tempos. |

ticipa como a quem vai ver. Todas as marchas fazem possíveis e até impossíveis de maneira a dar um bom espectáculo, e é isso que en­ tusiasma as pessoas, com anima­ ção garantida o povo gosta sempre”.

Neste caso, as festas Juninas, dos santos po­ pulares, S. João, S. António e S. Pedro.

|Maria da Conceição Serrenho De novo, a Gandaia. Feliz regresso. Que dizer agora? Coisas simples, talvez mesmo banais, que cada um lerá, de seu modo. O sentido é refletir junto. Ir daqui aí, para ficar mais perto. Para partilhar, pensar e percorrer espaço comum, no qual nos cruza­ mos. Não importa tanto que, o que se diga, sejam “minudências”. Nas coisas simples e pe­ quenas assentam, tantas vezes, as questões maiores e mais complexas, tornando­as leves e coloridas. Desta vez a tarefa é simples. Pen­ sar o quotidiano, no ciclo atual, que o percorre.

O enquadramento situa o referencial, es­ paço físico, da Caparica: terra, natureza, sols­ tício de verão, mar, sol, pessoas, bola de fogo em fim de tarde, que faz cair, serenamente, a bruma tranquila da noite e do sossego. O sol que desaparece e se esconde atrás das nuvens, na direção do Bugio, permite a contemplação ou as orgias das noites quentes. Para “apican­ tar”, ou apenas temperar, mistura a perversão que marca a proximidade entre o sagrado e o profano, inscritos nas tradições seculares mais ancestrais: os milagres e a devoção, a festa dos sentidos, a faina a pesca, as sardinhas, dança, marchas, manjericos, quadras, alcachofras, ba­ lões, coisas pequenas….Tanto do gosto de quem é povo, nas suas mais genuínas manifes­ tações. Parece, assim, imperativo de justiça ir ao en­ contro das personagens centrais destes feste­ jos, Pedro, António e João. Saber, ainda que pouco, de como e porque chegaram até aqui,

ALMA DA MARCHA Os padrinhos duma marcha devem criar empatia com as pes­ soas. Não é por isso raro ver caras conhecidas e acarinhadas do pú­ blico a apadrinhá­las, mas aqui tal como no Centro Comunitário PIA II, a escolha dos padrinhos tam­ bém tem recaído sobre pessoas li­ gadas ao bairro, os chamados “filhos da terra”. A tradição fami­ liar também se manifesta com membros familiares na mesma marcha ou casais que se formam neste contexto, uns apenas ro­ mances de verão, outros mais du­ radouros. O/s ensaiador/es, peça funda­ mental na marcha, podem apre­ sentar um projecto de raiz e os marchantes concordarem ou não, ou o tema ser escolhido e debatido pela comissão, com a maioria a di­ tar a sua aprovação. Este ano foi de Rúben Coutinho que partiu a ideia do tema da marcha: “A cari­ catura de um amor com tradição”. As Marchas Populares de Alma­ da têm ensaiadores em comum com as Marchas de Lisboa, como é o caso de José Carlos Mascare­ nhas, que, além da Marcha da Tra­ faria, ainda ensaia a Marcha da Penha de França. Ambos os desfi­ les são em Junho, mas como na ca­ pital acontece na noite de 12, é possível conciliar os ensaios.

ao longo de tantos séculos. O que constitui o seu mérito e que os torna heróis. Figuras do sagrado para abençoar ou, tão só, folgazões para defender quem o for. João Baptista, filho de Isabel, mulher estéril, e de Zacarias, avançado na idade. Viveu na Ga­ lileia, pregou e batizou nas margens do rio Jor­ dão. Por linhagem familiar era primo de Jesus (merecimento, risco..?), tendo­o antecedido e batizado. Foi­lhe atribuído o epíteto de “o me­ lhor, nascido de mulher”. Veio para aplanar os caminhos de Jesus, seu primo, e parece tê­lo feito bem.

O ensaiador admite que “Lisboa é a primeira liga deste campeo­ nato, por tudo o que envolve a nível de espectáculo, exposição mediática e transmissão televi­ siva”. Comparado com o apoio de Almada, estas marchas “têm um orçamento exorbitante de 30 mil euros, é natural que haja diferen­ ças ao nível da exibição dadas as condições”. Acredita que “as mar­ chas de Almada têm de se valori­ zar, têm de procurar parceiros e apostar na divulgação, hoje em dia há outros canais que podem trans­ mitir o evento sem ser os genera­ listas. Há ainda um trabalho árduo a fazer para o crescimento das Marchas Populares de Almada, que têm muita qualidade”. Como em tudo, há sempre que confira um cariz mais popularesco e inferior a nível cultural a estas fes­ tas, e até considere o tal financia­ mento por parte da CMA exagerado para uma marcha que só se apresenta dois dias ao pú­ blico. Quem está por dentro da tra­ dição, como Rúben Coutinho, lembra que “são meses de muito azáfama, pagam­se roupas, ensaia­ dores, existem muitos gastos e há todo um trabalho que os marchan­ tes fazem apenas por amor”, com o único objectivo de proporcionar alegria às pessoas e comemorar com elas os Santos Populares.

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Sendo assim, encontramo­nos por aí num dos desfiles bem anima­ dos como dita a tradição porque “em casa é que eu não fico ó meu rico São João ”. |

ceta, frade, eternizado por Padre António Vieira, no celebre sermão aos peixes, pleno de crítica e de atualidade, quanto às questões so­ ciais invocadas. Doutor da Igreja, considerado “arca do testamento” que, apesar disso, “comia com publicanos e pecadores”, o que talvez por razões de asseptização, nem sem­ pre aconteça. É referida a sua vocação casa­ menteira e de se divertir, quebrando as bilhas às moçoilas. Mas… que mais pode fazer um frade?

S. Pedro, Shimon Kepha (pedra), nome que lhe foi atribuído como “edificador da igreja”. Apóstolo dileto de Jesus e considerado o prín­ cipe, entre os demais. Mandatado para ser pescador de homens foi o primeiro papa. Mi­ lagreiro, pregador, anunciado como o mais si­ sudo, faz parte desta tríade de santos festivaleiros. É que isto do poder às vezes não é fácil. Mas, como diz a canção “traz chaves para abrir tudo”. Ao menos isso.

Restaria descrever o final, (trágico) de S. João Baptista, o padroeiro aqui do burgo. Único, dos três, festejado no dia do seu nasci­ mento e não da sua morte. Para isso haveria que narrar o que ele escreve sobre a traição e infidelidade de Herodita, mulher de Filipe, irmão de Herodes, por si denunciada. Estórias de intriga, amores e paixão, demonstrando o poder no feminino de Salomé sobre Herodes, a ultrapassar a legitimidade dos Santos na de­ fesa dos bons costumes. Questões de género, já, ou outros poderes ocultos (?).

S. António de Pádua ou de Lisboa, culpa não do demérito de Lisboa, mas, talvez, a antece­ der o sentido da globalização, com Itália (Roma) à cabeça, do Império dos Santos. As­

Viva a folia, a capacidade de brincar e de ser feliz, das pessoas que continuam a fazer com que aconteça a FESTA. |

Viva a gente. Vivamos nós todos.

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REPORTAGEM | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

TRAFARIA, MEU AMOR José Carlos Mascarenhas, baila­ rino e coreógrafo profissional, é, desde 1997, o ensaiador das Mar­ chas da Trafaria. O convite che­ gou­lhe por indicação de Carlos Areias, numa altura em que o actor foi padrinho da marcha.

Esta marcha que esteve oito anos sem sair à rua, regressa agora a concurso, com o tema Tra­ faria, Meu Amor, que segundo o ensaiador “tem a ver com a garra com que nós marchamos e a pai­ xão que temos pelo nosso bairro”.

A Marcha da Trafaria foi aquela que conquistou mais prémios ao longo dos anos de Marchas Popu­ lares de Almada, por isso o seu en­ saiador é igualmente o mais premiado. A trabalhar também com as Marchas de Lisboa, diz ter na Marcha da Penha de França e Marcha da Trafaria “as minhas duas paixões”. Ensaiou ainda a Marcha da Rua 15, durante dois anos, enquanto a da Trafaria es­ teve interrompida.

Em 2011, o último ano em que participaram, “ficámos em pri­ meiro lugar, mas deu­se o faleci­ mento de um membro muito importante das marchas e a comis­ são desmoronou­se, não houve disposição para fazer mais e até este ano não houve as vontades necessárias para que a Marcha da Trafaria voltasse a sair”. Tanto que esta comissão é nova, já não é a mesma dos anos ante­

Notícias da Gandaia MAIO 2019 | REPORTAGEM

riores, “não pode ser equiparada àquilo que foi a Trafaria de 14 anos juntos. Este é um projecto que vai representar a Trafaria no seu bom­ nome evidentemente, mas um projecto ano zero. Todos estão na expectativa de ver como nos vamos apresentar”, reconhece o ensaiador. Para José Carlos Masca­ renhas, a inovação tem sido um dos segredos do sucesso desta marcha, “mostrar uma perspec­ tiva diferente todos os anos, com os arcos e marchantes”, assim como a entrega, “o que nos distin­ guia era realmente a nossa ca­ gança, como dizemos, a força com que marchávamos e também es­ sencialmente o facto de trabalhar­ mos arduamente”. “A Marcha da Trafaria foi uma locomotiva motivadora e de de­ senvolvimento das próprias mar­ chas de Almada em prol do espectáculo que foi sendo sempre melhor. Nós de certa forma fomos pioneiros, porque ao início acusa­ vam­nos de fazer dança em vez de marcha, o que é certo é que hoje toda a gente faz dança”. Como en­ saiador, considera a gestão de pessoas a tarefa mais difícil, “é muito complicado conseguir ter os 48 marchantes nos ensaios, pois têm filhos, têm trabalhos, muitos com horários rotativos. O meu grande desafio é trabalhar com os marchantes invisíveis, porque eles não estão presentes mas eu tenho

SÃO JOÃO EM ALMADA MARCHA POPULAR DA COSTA DA CAPARICA

de os visualizar, aliás isso deve ser o maior problema para todas as marchas”. Por isso estabelece uma média de 42 ensaios como prepa­ ração. Para os cumprir começaram a ensaiar há dois meses, fazem­no três vezes por semana e quando as Marchas de Lisboa terminarem passam a ensaiar todos os dias. Os desfiles são momentos de sentimento indescritível e cabe ao ensaiador motivar os marchantes ao máximo, “quem lá chega é que sabe o que é esta energia, já vi marchantes chegarem à avenida e bloquearem com o nervosismo e outros há que de repente se trans­ formam espectacularmente, tal é a adrenalina”. Mas o que mais apaixona José Carlos Mascarenhas nesta tradição de marchas são as próprias pessoas: “elas dizerem­te que não sabem se são capazes e depois no final, quando juntas toda a gente – somos 48 que temos de parecer um –, vês aquilo funcionar na perfeição”. |

Em 2016, foi a Marcha Popular da Costa da Caparica que conquistou o primeiro lugar das Marchas Populares de Almada. Para Rúben Coutinho, o responsá­ vel desta marcha, o que leva as pes­ soas a vibrarem tanto com esta tradição popular prende­se com o facto de “além de ser algo que já está bastante enraizado e vai passando de uns para os outros, é sobretudo o convívio e a festa que nós consegui­ mos proporcionar tanto a quem par­

PIA II - INOVAR COM TRADIÇÃO sem nunca deixar para trás a tradição, e de ano para ano o nosso nível de exigência au­ menta”. A Marcha do Centro Comunitário PIA II foi a vencedora das Marchas Populares de Almada em 2017 e 2018. Um desfile verda­ deiramente almadense, pois todos os seus marchantes residem no concelho e 90 por cento são jovens do Monte da Caparica. Cátia Durão, animadora sociocultural no Centro Comunitário PIA II e coordenadora desta marcha, recorda como foram vividos esses momentos, “com grande euforia, porque em 2018 consagrámo­nos bicam­ peões e ganhar o primeiro lugar consecu­ tivo é algo que não aconteceu muitas vezes na história das marchas em Almada”. Des­ tas vitórias resultaram “experiências distin­ tas, porque os ensaiadores não eram os mesmos, foram formas de trabalhar dife­ rentes, mas em ambas as mais valias foram o trabalho em equipa, o empenho dos mar­ chantes e ensaiadores e a aposta na criati­ vidade e originalidade. Pretendemos inovar

O PIA II participa nas Marchas Populares de Almada desde a primeira edição, em 1994. Mas mesmo antes disso já a “Santa da Misericórdia de Almada fazia marchas populares com os idosos do lar, a nível in­ terno, e com a comunidade local, no bairro no Monte da Caparica e no centro de Al­ mada”. Como todas, preferem deixar em segredo o tema da marcha deste ano, mas prometem “manter o nível de espectacula­ ridade” a que habituaram o público. Para isso, a marcha de 2019, como sempre acon­ tece, começou a ser pensada em Outubro do ano passado, para no início do ano de apresentação estar tudo definido. Em Março, dão início à confecção dos trajes e em Abril à elaboração dos arcos, altura em que começam os ensaios. Diz o ditado que em equipa vencedora não se mexe, por isso, desde 2017, que o PIA II mantém os pa­ drinhos da marcha, Sérgio Alves e a Andreia

Para gostar mais ainda, os mar­ chantes não descansam enquanto não fizerem o seu melhor. E tal como Rúben Coutinho confessa “se somos demasiados poupados no material, depois temos pontua­ ção inferior, por isso, para o traba­ lho que temos, os 12 mil euros nunca chegam. Se não fosse o apoio da junta local e dos habitan­ tes, e muitas vezes nós mesmo empatarmos dinheiro, era impos­ sível fazer uma marcha só com o

apoio da CMA”. Esta verba é atri­ buída em Maio, e apenas um mês não é suficiente para criar um guarda­roupa e adereços, por isso a Marcha da Costa da Caparica conta com alguns apoios exterio­ res que lhes permitiram começar todo este trabalho em Março. A Marcha Infantil Os Costinhas, da Costa da Caparica, também in­ tegra o desfile extra­concurso, e alimenta este espírito numa gera­ ção futura de marchantes. Tal como Rúben Coutinho refere “em­ bora não tenha o rigor das outras, é dos desfiles mais importantes porque é dali que vai haver a con­ tinuidade para as marchas e eles estão muito focados e cheios de entusiasmo”. |

DITOS E MITOS

Ventura. O critério não passa por serem fa­ mosos, foram escolhidos porque “são jo­ vens de Almada, têm uma ligação com o concelho e com a tradição popular”. Ambos os desfiles, na Avenida de Caci­ lhas e no Complexo do Feijó, são vividos com muita emoção e oferecem a oportuni­ dade de arrecadar prémios diferentes. No entanto estas duas exibições têm sabores diferentes, como explica Cátia Durão: “não podemos compará­las, na avenida é a apre­ sentação da marcha, é onde o público fica com uma primeira impressão sobre o nosso trabalho, mas por outro lado no pavilhão sentimos as pessoas mais próximas de nós e isso acarreta uma maior pressão para os marchantes”. Para a animadora do Centro Comunitário a tradição já não é o que era, “desde que o Metro Sul do Tejo surgiu em Almada, a avenida de Cacilhas não tem o mesmo brilho nem as condições necessá­ rias para o público assistir, o que leva mui­ tas pessoas a prefiram ir ao pavilhão”. E assim pode­se ir perdendo a tradição de rua e bairrista de outros tempos. |

ticipa como a quem vai ver. Todas as marchas fazem possíveis e até impossíveis de maneira a dar um bom espectáculo, e é isso que en­ tusiasma as pessoas, com anima­ ção garantida o povo gosta sempre”.

Neste caso, as festas Juninas, dos santos po­ pulares, S. João, S. António e S. Pedro.

|Maria da Conceição Serrenho De novo, a Gandaia. Feliz regresso. Que dizer agora? Coisas simples, talvez mesmo banais, que cada um lerá, de seu modo. O sentido é refletir junto. Ir daqui aí, para ficar mais perto. Para partilhar, pensar e percorrer espaço comum, no qual nos cruza­ mos. Não importa tanto que, o que se diga, sejam “minudências”. Nas coisas simples e pe­ quenas assentam, tantas vezes, as questões maiores e mais complexas, tornando­as leves e coloridas. Desta vez a tarefa é simples. Pen­ sar o quotidiano, no ciclo atual, que o percorre.

O enquadramento situa o referencial, es­ paço físico, da Caparica: terra, natureza, sols­ tício de verão, mar, sol, pessoas, bola de fogo em fim de tarde, que faz cair, serenamente, a bruma tranquila da noite e do sossego. O sol que desaparece e se esconde atrás das nuvens, na direção do Bugio, permite a contemplação ou as orgias das noites quentes. Para “apican­ tar”, ou apenas temperar, mistura a perversão que marca a proximidade entre o sagrado e o profano, inscritos nas tradições seculares mais ancestrais: os milagres e a devoção, a festa dos sentidos, a faina a pesca, as sardinhas, dança, marchas, manjericos, quadras, alcachofras, ba­ lões, coisas pequenas….Tanto do gosto de quem é povo, nas suas mais genuínas manifes­ tações. Parece, assim, imperativo de justiça ir ao en­ contro das personagens centrais destes feste­ jos, Pedro, António e João. Saber, ainda que pouco, de como e porque chegaram até aqui,

ALMA DA MARCHA Os padrinhos duma marcha devem criar empatia com as pes­ soas. Não é por isso raro ver caras conhecidas e acarinhadas do pú­ blico a apadrinhá­las, mas aqui tal como no Centro Comunitário PIA II, a escolha dos padrinhos tam­ bém tem recaído sobre pessoas li­ gadas ao bairro, os chamados “filhos da terra”. A tradição fami­ liar também se manifesta com membros familiares na mesma marcha ou casais que se formam neste contexto, uns apenas ro­ mances de verão, outros mais du­ radouros. O/s ensaiador/es, peça funda­ mental na marcha, podem apre­ sentar um projecto de raiz e os marchantes concordarem ou não, ou o tema ser escolhido e debatido pela comissão, com a maioria a di­ tar a sua aprovação. Este ano foi de Rúben Coutinho que partiu a ideia do tema da marcha: “A cari­ catura de um amor com tradição”. As Marchas Populares de Alma­ da têm ensaiadores em comum com as Marchas de Lisboa, como é o caso de José Carlos Mascare­ nhas, que, além da Marcha da Tra­ faria, ainda ensaia a Marcha da Penha de França. Ambos os desfi­ les são em Junho, mas como na ca­ pital acontece na noite de 12, é possível conciliar os ensaios.

ao longo de tantos séculos. O que constitui o seu mérito e que os torna heróis. Figuras do sagrado para abençoar ou, tão só, folgazões para defender quem o for. João Baptista, filho de Isabel, mulher estéril, e de Zacarias, avançado na idade. Viveu na Ga­ lileia, pregou e batizou nas margens do rio Jor­ dão. Por linhagem familiar era primo de Jesus (merecimento, risco..?), tendo­o antecedido e batizado. Foi­lhe atribuído o epíteto de “o me­ lhor, nascido de mulher”. Veio para aplanar os caminhos de Jesus, seu primo, e parece tê­lo feito bem.

O ensaiador admite que “Lisboa é a primeira liga deste campeo­ nato, por tudo o que envolve a nível de espectáculo, exposição mediática e transmissão televi­ siva”. Comparado com o apoio de Almada, estas marchas “têm um orçamento exorbitante de 30 mil euros, é natural que haja diferen­ ças ao nível da exibição dadas as condições”. Acredita que “as mar­ chas de Almada têm de se valori­ zar, têm de procurar parceiros e apostar na divulgação, hoje em dia há outros canais que podem trans­ mitir o evento sem ser os genera­ listas. Há ainda um trabalho árduo a fazer para o crescimento das Marchas Populares de Almada, que têm muita qualidade”. Como em tudo, há sempre que confira um cariz mais popularesco e inferior a nível cultural a estas fes­ tas, e até considere o tal financia­ mento por parte da CMA exagerado para uma marcha que só se apresenta dois dias ao pú­ blico. Quem está por dentro da tra­ dição, como Rúben Coutinho, lembra que “são meses de muito azáfama, pagam­se roupas, ensaia­ dores, existem muitos gastos e há todo um trabalho que os marchan­ tes fazem apenas por amor”, com o único objectivo de proporcionar alegria às pessoas e comemorar com elas os Santos Populares.

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G as tr o no m ia

restaurantes PUB.

CACILHAS

O Mirrita Sugestões: Aquele delicioso Choco Frito! Cozinha Tradicional Portuguesa

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Sendo assim, encontramo­nos por aí num dos desfiles bem anima­ dos como dita a tradição porque “em casa é que eu não fico ó meu rico São João ”. |

ceta, frade, eternizado por Padre António Vieira, no celebre sermão aos peixes, pleno de crítica e de atualidade, quanto às questões so­ ciais invocadas. Doutor da Igreja, considerado “arca do testamento” que, apesar disso, “comia com publicanos e pecadores”, o que talvez por razões de asseptização, nem sem­ pre aconteça. É referida a sua vocação casa­ menteira e de se divertir, quebrando as bilhas às moçoilas. Mas… que mais pode fazer um frade?

S. Pedro, Shimon Kepha (pedra), nome que lhe foi atribuído como “edificador da igreja”. Apóstolo dileto de Jesus e considerado o prín­ cipe, entre os demais. Mandatado para ser pescador de homens foi o primeiro papa. Mi­ lagreiro, pregador, anunciado como o mais si­ sudo, faz parte desta tríade de santos festivaleiros. É que isto do poder às vezes não é fácil. Mas, como diz a canção “traz chaves para abrir tudo”. Ao menos isso.

Restaria descrever o final, (trágico) de S. João Baptista, o padroeiro aqui do burgo. Único, dos três, festejado no dia do seu nasci­ mento e não da sua morte. Para isso haveria que narrar o que ele escreve sobre a traição e infidelidade de Herodita, mulher de Filipe, irmão de Herodes, por si denunciada. Estórias de intriga, amores e paixão, demonstrando o poder no feminino de Salomé sobre Herodes, a ultrapassar a legitimidade dos Santos na de­ fesa dos bons costumes. Questões de género, já, ou outros poderes ocultos (?).

S. António de Pádua ou de Lisboa, culpa não do demérito de Lisboa, mas, talvez, a antece­ der o sentido da globalização, com Itália (Roma) à cabeça, do Império dos Santos. As­

Viva a folia, a capacidade de brincar e de ser feliz, das pessoas que continuam a fazer com que aconteça a FESTA. |

Viva a gente. Vivamos nós todos.

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10 REPORTAGEM | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

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ALMADA

Rua Capitão Leitão/Paços do Concelho

Pensamos que esta é a pri­ meira vez que é publicado um ro­ teiro dos Arraiais de Santos Populares em Almada. É mesmo essa a única explica­ ção para as dificuldades que en­ contrámos para obter a informação que agora aqui ofe­ recemos aos nossos leitores. As autarquias, Câmara e Jun­ tas, não tinham a informação a duas semanas dos eventos e não respondiam bem à questão, avançando desde logo com a barragem dos “pedidos por es­ crito” e a necessidade de “auto­ rização superior”, como se estivéssemos a solicitar uma in­ formação secreta e sensível. No entanto, depois da sur­ presa inicial, a boa natureza por­ tuguesa e a solidariedade típica dos almadenses vieram ao de cima e tudo acabou por se resol­ ver. Claro, à última hora… Naturalmente, isto é um pro­ blema, mas é também uma opor­ tunidade e, até mesmo um privilégio. O problema é a dificuldade em obter a informação necessária para fornecer aos cidadãos e, neste caso, permitir­lhe festejar em Almada – e não noutro sítio qualquer – dando sentido ao in­ vestimento de recursos que estão por detrás destes festejos. Porém, é muito mais impor­ tante dar atenção ao privilégio de abrir novos hábitos e, espe­ cialmente, o privilégio de poder­ mos ser nós a começar este percurso de identidade comuni­ tária, de um e de outro lado, re­ forçando a consciência do serviço público, a consciência de uma comunidade que se identi­ fica com as suas instituições.

CAPARICA

Rua do Matadouro, Edifício Ringue Desportivo

1 Junho - Noite de Karaoke 8 Junho - Noite de Karaoke 15 Junho - Susana Vinagre 22 Junho - Paulo Joaquim 29 Junho - Ludgero 6 Julho - Noite de Karaoke

1 Junho - Vítor Ginja 7 Junho - Alfa Trio 8 Junho - Pedro Santos 9 Junho - Cláudio Filipe 12 Junho - João Carlos 14 Junho - Terrinha 15 Junho - César Silva 19 Junho - Duo Fox 20 Junho - Cátia Sofia 22 Junho - Trio Clave 23 Junho - Duo Fox 24 Junho – Nélson & Nélson 28 Junho - Contraponto 29 Junho - Cláudio Filipe

1 Junho – Duo Musical P.J. 7 Junho – Conjunto Cátia Sofia 8 Junho – Duo Musical Eucliptes & Peixinho 12 Junho – Luís Cebola 14 Junho – Fátima Dias 15 Junho – Luís Cebola 21 Junho – Fátima Dias 22 Junho – Cláudio Filipe

Baile das 21:00h às 01:30h 23 Junho – Conjunto Cátia Sofia

Baile das 21:00h às 24:30h 28 Junho – Cláudio Filipe 29 Junho – Duo Musical P.J.

Almada Pragal Trafaria

Caparica

Cacilhas

Cova da Piedade

LARANJEIRO

Praceta Diogo Couto 15 e 23 Junho

Feijó

Laranjeiro

Costa de Caparica Sobreda

FEIJÓ

Praceta Urbano Tavares Rodrigues

14 e 22 Junho

COSTA DA CAPARICA

Largo dos Apóstolos

Charneca de Caparica

SOBREDA

23 e 24 Junho

Bairro de S. João/Rua das Acácias, nº16 15 Junho - Luís Miguel (S. António) 23 Junho - Paula Marques (S. João) 29 Junho - Gina Reis (S. Pedro)

MATA NACIONAL DOS MEDOS

Para mais, nesta época popular que os almadenses festejam, cada vez mais intensamente, nos arraiais, nas marchas… Ora, cá vai disto: manjerico, sardinha assada, pé de dança e noites quentes… Se não sabia onde, é só ver aqui. Não fique em casa! |

Rua Cândido dos Reis/Av. Aliança Povo MFA Baile das 21:00H às 24:30H

AROEIRA

FONTE DA TELHA 23 e 24 Junho

Fonte da Telha


Notícias da Gandaia MAIO 2019 | CRÓNICA 11

SOFREGUIDÃO DO BUFETE |Luísa Costa Gomes Tive o privilégio de viver em uto­ pia uma semana inteira. Passou­se isto em Cuba, ao Varadero, num resort de cinco estrelas: um local inteiramente dedicado ao culto do prazer implacável, à felicidade da animação perpétua, ao jogo, ao humor, à música, à dança, ao es­ pectáculo folclórico e colorido. A mesa está sempre posta, happy hour é quando um homem quiser (e quer, e logo de manhã cedo), o drinque é até cair para o lado, anda­se cem passos e está­se den­ tro de água quente. Na praia há salsa e ginástica. Há gaivotas, há pranchas de windsurf, toda a para­ fernália necessária ao activista ma­ rinho. À noite, espectáculos para turistas e karaoke, característica específica deste género de pa­ raíso, onde todos são estrelas do rock. Tudo está disposto para o narci­ sismo do turista, para o ilusório apaparicanço do turista. Se é bo­

nito? Nem por isso. Parece uma prisão de alta segurança dese­ nhada por um artista meio parolo com a mania das grandezas. O spa é um jaccuzzi com máquinas de tortura musculo­esquelética, de­ serto a todas as horas do dia e com boa vista de mar. Não passa um minuto em que não se coma, não se beba, não se namore, não se ginastique, não se baile, não se excite a pessoa de qualquer maneira com alguma coisa. É o reino do volume e da quantidade. O som está sempre alto, as famílias estão sempre numerosas e com aderências – pa­ rentes distantes, amigos che­ gados. É tudo enorme, a tocar no máximo. Chegam­se primeiro ao bufete os gigantes americanos, os ale­ mães, os obesos latino­america­ nos para o primeiro refocilamento. O bufete do resort é um regalo para os olhos e só para os olhos: parece que foi todo passado ao verniz e feito para ser visto. No pa­ lato, sabe tudo ao mesmo corante e ao mesmo conservante. À en­ trada servem­se os primeiros drin­ ques do dia. Começa­se a beber às oito da manhã e já se vai tarde. No bar, os banhistas avançam os ter­

mos de litro ao cubano que os re­ cebe com salero. Vão para a praia bem aviados. Não nos precipite­ mos a julgar: comer ao bufete é a única actividade por assim dizer deliberada e mediocremente sau­ dável do nosso dia. Implica um le­ vantar e sentar constantes que seriam penosos se fossem vendi­ dos como aeróbica, mas como bu­ fete marcham muito bem. No bufete ninguém come descan­ sado. A quantidade espera­nos. Há uma agitação permanente na sala, um vaivém de pratos, crianças transviadas, bebés aos gritos, e gente de cara enfiada em montes de alimentos. Passam as primeiras pratadas de ovos mexidos salsi­ chas e chouriças e pão/paio/fei­ joada com um tomate assado aguado meio delinquido a gritar eu é que sou saudável eu é que sou saudável. Está bem, já te ouvi­ mos. Mas é que comer do bufete cria angústia. Nunca seremos ca­ pazes de meter cá dentro tudo aquilo a que temos direito. Que está pago. Por isso é o reino natu­ ral dos gigantes que estão habi­ tuados a tais desafios: cinquenta hambúrgueres, cento e cinquenta cachorros quentes com molho de malagueta de fazer explodir o sis­

tema nervoso central. Queremos tudo, até rebentar. Sinto eu mesma este formigueiro de ter di­ reito. Tenho direito! Estou no meu direito! Olhando mais de perto, é esta mesma angústia do mais e mais que está na base do nosso ca­ pitalismo predatório. A saciedade é para os tolos. O verdadeiro bufe­ tista nunca está satisfeito. Olha de viés para quem passa com prata­ das enquanto ele próprio calcula a próxima investida. O que haverá ali ao canto, naquela fila? Ainda não comi, ainda não experimentei. O cubano negro com o seu chapéu de cozinheiro às três pancadas por via do calor atira o bife de rês para a grelha. E outro, e outro. Para ele é igual ao litro. O seu desprezo não tem fundo. Mas para quem já pagou, o regime de tudo incluído é um tormento. Como não comer e não beber se já está pago? Há sempre mais, é pre­ ciso sempre mais. A abundância cria o desespero da quantidade absoluta. Já temos muito, mas ainda não temos tudo. E voltamos lá, uma e outra vez, prisioneiros da nossa sofreguidão, do nosso de­ sejo que nenhum arroz de feijão, nenhuma pizza margarida pode­ rão alguma vez apaziguar. |

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12 HERÓI LOCAL | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

MONTE KAPA CORRE NA DIREÇÃO CERTA |Andreia Gama Conhecido por Pica­Pau Ama­ relo, este bairro no Monte da Ca­ parica é considerado como zona problemática e geralmente refe­ rido não pelos melhores motivos. Hoje queremos contrariar essa tendência, porque existe sempre quem marque pela diferença. E é essa diferença que vamos encontrar no nº 37 da Rua do Moi­ nho, sob a forma de pessoa, um homem de 78 anos, cuja simpatia logo contagia. Jaime Almeida é fundador e presidente de Monte Kapa Escola de Desporto, uma as­ sociação que através da prática de atletismo pretende ocupar os jo­ vens com hábitos saudáveis e afastá­los de alguns comporta­ mentos desviantes e errantes as­ sociados à vida de rua. Nascido na Ilha de São Vicente no Arquipélago de Cabo Verde, o nosso “herói local” veio para Por­ tugal na adolescência. Viveu em Lisboa, Almada, e desde 1971 fez do Monte da Caparica casa, pri­ meiro na Fomega e actualmente no bairro da Chut ­ Cooperativa Ha­ bitacional União de Trabalhadores. Eletricista de profissão, desde 1988 adoptou o atletismo como hobbie, e como quem corre por gosto não cansa, foi através dele que encontrou a sua missão. “Quando vim para aqui morar, numa altura em que havia muita gente retornada, eu via as crianças na rua, parece que andavam aban­

donadas, sem segurança, e come­ cei a imaginar como é que as pode­ ria ajudar. Mesmo trabalhando e dormindo pouco, consegui juntar um grupo e nessa altura comecei a pensar na prática do atletismo. Treiná­los apenas na rua não resul­ tava, tinham de participar em al­ guma coisa. Então, com alguns contactos, acabei por representar o Beira Mar Atlético Clube de Al­ mada com as crianças”.

cortes de notícias referentes à es­ cola e as fotos que Jaime Almeida exibe com orgulho, de atletas campeões nacionais, alguns com estatuto de alta competição, como Artemísia Sá, de 34 anos, a quem dedica uma prova que se realiza dia 6 de Julho na Pista de Atletismo da Sobreda, o 4º Duatlo Artesímia Sá.

É com base nesta ideia que a 23 de Setembro de 2008 é fundado o Monte Kapa Escola de Desporto por Jaime Almeida e Alberto Chaíca, maratonista português.

O atletismo integra várias moda­ lidades: corrida, marcha, lança­ mentos (dardo, disco, martelo e peso) e saltos (altura, cumpri­ mento, de vara e triplo salto). As corridas de velocidade incluem dis­ tâncias curtas, até aos 400 metros (tiro rápido), e as corrida de meio­ fundo e fundo são modalidades do atletismo que compreendem desde os 800 metros até 10 mil me­ tros, que culmina com a maratona.

No entanto, até aqui chegar, o percurso de Jaime Almeida correu noutras direções, sempre com o objetivo de colmatar certas carên­ cias destes jovens. Esteve três anos no Beira Mar Atlético Clube de Almada, até que optou por re­ presentar um clube de bairro, o Clube Recreativo União Rapo­ sense, no Monte da Caparica, onde foi o impulsionador do atle­ tismo. Esta parceria entre ambos terminou ao fim de 17 anos por di­ vergências, e com a sua saída trouxe também os jovens atletas que treinava para a uma nova casa idealizada por si, o Monte Kapa. A Santa Casa da Misericórdia de Almada disponibilizou­lhes desde início um pequeno espaço na Rua do Moinho. Aqui na sede, têm ex­ posta a bandeira da associação, re­

Treinos e competições

Actualmente 60 jovens inte­ gram o Monte Kapa, sendo a maio­ ria raparigas “Elas são mais empenhadas. Neste momento tenho 13 campeões nacionais e apenas dois são rapazes”. E dá como exemplo todos os recordes regionais femininos de lança­ mento do dardo, que foram conse­ guidos sob a sua orientação. Para além de liderar crianças e jovens, também foi criando cam­ peões de diversos escalões, “os tí­ tulos começaram a aparecer a nível regional e nacional, a ponto

de levar alguns à Seleção Nacio­ nal”. Nesta escola de desporto pode­se começar a treinar a partir dos cinco anos, e quanto mais cedo melhor, “para puxar por eles logo desde pequeninos, se vêm com uma idade já avançada torna­ se mais difícil”. Já se sabe que a juventude é uma etapa atribulada, por diversas razões, talvez isso justifique a assi­ duidade apenas de metade do grupo. “Há uns que não têm muita vontade, vêm um dia, e depois só voltam ao fim dum mês”. Quando o treinador precisa de se impor, re­ corre ao “castigo”, que consiste em dar voltas à pista ou fazer fle­ xões. O objectivo do fundador com este projecto é “tirá­los da rua, desviá­los da droga, da prostitui­ ção, do álcool, tabaco, dos maus vícios”. Reconhece que a sua dedi­ cação e esforço tem tido impacto nesse sentido, quer acreditar que o seu trabalho faz diferença, “se fosse pela minha vontade ajudava­ os a todos, mas é claro que isso não acontece, alguns acabam por escolher outros caminhos”. Durante a semana só não há trei­ nos quarta­feira. Às segundas e sextas­feiras treinam das 18h às 20h na Urbanização Filipa D‘Água, “num recinto muito bom para as corridas, e graças à Câmara Muni­ cipal de Almada que acedeu a um pedido meu, em 2011, temos um recinto para saltos e lançamentos. Ali não treinamos tudo, para isso temos a Pista Municipal da So­ breda”, onde treinam terças e quintas­feiras das 16h30 às 20h. Os fins de semana são exclusi­ vos para competições que decor­ rem em várias pontos do distrito de Setúbal: na Pista de Atletismo da Sobreda, na pista do Complexo Municipal de Atletismo Carla Sa­ cramento, no Seixal e na pista do Complexo Municipal de Atletismo de Setúbal. Nos eventos competi­ tivos enaltece a camaradagem, “já treinei cerca de 2000 crianças, mas mesmo as que praticam noutros clubes parece que foram meus atletas, têm­me estima e carinho e fico mesmo sensibilizado com isso”.

Apesar dos seus campeões o en­ cherem de orgulho, Jaime Almeida reforça que o que mais valoriza não são os resultados em si, mas o contributo positivo que pode dar à vida destes jovens, pois ao traba­ lhar com eles sente­se de alguma maneira responsável pelo seu fu­ turo. Para além dos jovens do Monte da Caparica, em maioria, “temos atletas de Almada, de Corroios, vou buscá­los a casa para o treino, e para as competições ainda lhes levo um lanche, patrocinado pela pastelaria Repuxo, em Almada. Todos estão federados e ninguém tem de pagar por isso”.

Apoios Tal como é preciso pernas para correr, também é preciso financia­ mento para tudo o que esta activi­ dade desportiva envolve. A Câmara Municipal de Almada apoia o Monte Kapa Escola de Des­ porto com um financiamento de 850 € anuais, aos quais acrescem 500 € da União de Freguesias de Caparica e Trafaria. Até ao ano pas­ sado, a CMA financiava 1000 € anuais e Junta de Freguesia 1000 €, um decréscimo que se fez sentir no seio da associação. Os equipamentos desportivos também foram adquiridos, há dois anos, com o apoio monetário ce­ dido pela CMA, a mesma entidade que lhes faculta uma viatura pró­ pria. Para o seu fundador, a asso­ ciação não sobrevivia sem estes apoios, mas “também já lhes disse que o que dão anualmente nem chega para o gasóleo. Como até à data tenho de pôr sempre algum do meu bolso, então entendi pedir apoio para a informática à CMA e em Janeiro comprei um computa­ dor para a associação”. Em Abril passado, reuniu com João Couvaneiro, Vice­presidente e Vereador do Desporto da CMA, a quem “pedi um espaço maior, visto que esta sede é pequena, ele disse que a longo prazo podería­ mos pensar nisso e alertou­me para estarmos atentos às candida­ turas para conseguir outros apoios”.


Notícias da Gandaia MAIO 2019 | HERÓI LOCAL 13 A vida num bairro social pode privar os ado­ lescentes de certas oportunidades relevantes para o seu desenvolvimento pessoal e social, por isso Jaime Almeida permite­lhes terem acesso ao desporto, que de outra maneira não poderiam ter, “se não tivessem este in­ centivo seria muito difícil, porque em qual­ quer outro clube têm de pagar para praticar e os seus pais não têm condições para tal”. A sua motivação não é questionável: “quem está por fora não tem noção do que é orientar sozinho cerca de 60 crianças e jo­ vens. Tenho a responsabilidade de inscreve­ los na Federação Portuguesa de Atletismo, ficam também automaticamente inscritos na Associação de Atletismo de Setúbal, temos de pagar a ambas as entidades pelos seguros. Quando organizo provas na Pista de Atle­ tismo da Sobreda, tenho de solicitar juízes. Para se ter uma ideia, para uma prova no dia 6 de Julho, serão necessários 300 € para pagar aos 10 juízes de atletismo”. Por isso, o lucro nunca foi uma recompensa nesta corrida altruísta, “nunca ganhei um tos­ tão com o atletismo, e por sinal ainda me têm levado os atletas bons sem dar algum re­ torno à associação. O único clube que deu al­ guma coisa ao Monte Kapa foi o JOMA ­ Juventude Operária Monte Abraão, que pagou 150€ por uma atleta. No início, nem mesmo para representar o Beira Mar Atlético Clube de Almada nos era dado algum contri­ buto. Eu tirava os bilhetes dos autocarros que ficava mais barato e levava as crianças assim para as competições em representação do Beira Mar”.

Alberto Chaíça No dia 4 de Maio realizou­se a 4.ª Milha Ur­ bana Alberto Chaíça, competição que integra o Troféu Almada em Atletismo «Mário Pinto Claro» 2019. Foi organizada pelo Monte Kapa – Escola de Atletismo, com o apoio da Câ­ mara Municipal de Almada e da União de Fre­ guesias de Caparica e Trafaria. Jaime aproveita para dedicar este aconte­ cimento “ao meu colega de fundação Alberto Chaíca”, e lembra que o maratonista conse­ guiu o 4º lugar na Maratona dos Campeona­ tos Mundiais de 2003 e o 8º nos Jogos Olímpicos de Atenas. Na Milha Urbana qualquer pessoa pode correr desde que se inscreva previamente. E apesar de integrarem a escola de desporto, o treinador não conseguiu levar todos os seus alunos a esta corrida. “Era bom que par­ ticipassem todos, mas não, uns porque lhes dói o pé, outros o joelho, outros a perna. Hoje a rapaziada está muito malandra para cor­ rer!”

Mente sã em corpo são Ainda assim, o Monte Kapa é prova viva que há sempre quem se proponha a correr o mais longe que conseguir. Às vezes é só pre­ ciso aquele empurrãozinho, que Jaime Al­ meida impulsiona com todo o gosto. Afinal aqui o atletismo representa mais do que uma simples corrida, trata­se também de bons lan­ çamentos e saltos certeiros, como aliás tudo na vida.

Centro Comunitário PIA II e desporto como intervenção É também na Rua do Moinho que está pre­ sente o Centro Comunitário PIA II, criado em 1991. Este espaço actua em várias áreas so­ ciais, contribuindo para a promoção e melho­

ria das condições de vida da população e para o desenvolvimento local. O Centro Comunitário PIA II faz inter­ venção com jovens através de várias vertentes, incluindo a desportiva. Ac­ tualmente o Espaço Jovem oferece duas atividades semanais gratuitas, aulas de dança e treinos de futsal e pontualmente têm vindo a apostar em outras modalidades como muai thay e capoeira. Durante as interrupções leti­ vas possibilitam ainda às crianças o contacto com andebol e natação. “Consideramos o desporto funda­ mental em qualquer idade, mas princi­ palmente na adolescência, porque permite trabalhar questões como tra­ balho de equipa, o respeito pelo outro, a coesão e a responsabilidade”, refere Bruno Varela, animador sociocultural no centro, “para além de que é muitas vezes neste contexto que é reconhe­ cido aos jovens o seu talento, dando­ lhes auto­estima e auto­confiança, que lhes vai permitir serem olhados de ma­ neira diferente”. No âmbito do acompanhamento so­ cial às famílias têm conhecimento de crianças atletas do Monte Kapa,, es­ cola de desporto que tem com o cen­ tro comunitário uma parceria no Projeto Monte D'Aventuras, programa de ocupação de tempos livres que acontece nas interrupções lectivas das férias escolares com crianças entre os 6 e os 11 anos. Bruno Varela valoriza a importância de uma associação como a de Jaime Al­ meida no bairro, “o Monte da Caparica é uma zona com pouca diversidade desportiva, apesar de ter algumas co­ lectividades, a maioria não trabalha com esta área, por isso as poucas que o fazem são sempre uma mais valia, pois para além de promoverem o des­ porto, permitem que os jovens este­ jam mais ocupados e ajudam a combater certo tipo de comportamen­ tos”. O animador sociocultural de 36 anos admite que residir num bairro social ainda pode ser considerado redutor, “infelizmente é um motivo de precon­ ceito, os jovens muitas vezes não são olhados pelas suas capacidades e com­ petências mas pelo facto de residirem aqui”. No entanto reconhece que as mentalidades estão a mudar e é tam­ bém nessa direção que trabalha o Cen­ tro Comunitário PIA II, “apesar desse estigma, existem na zona diferentes instituições que visam combater o mesmo, disponibilizando respostas e fazendo uma intervenção eficaz. Temos grandes referências no mundo da música e do desporto, que vieram de bairros sociais, por isso na interven­ ção desenvolvida no Espaço Jovem procuramos também fomentar o con­ tacto com estas figuras para demons­ trar que é possível romper com o estigma e vencer". O desporto, para Bruno Varela, “ajuda a determinar objetivos e a tra­ balhar para alcançá­los, quando esta­ mos focados não nos desviamos daquilo que queremos atingir”. E afinal é disso que todos precisamos, no bairro ou fora dele. |

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14 CRÓNICA | MAIO 2019 Notícias da Gandaia

|António José Zuzarte

UMA TARDE DIFERENTE… Nem sempre temos oportunidade, sem pressas, de percorrer a pé, uma zona que não conhecíamos, principalmente os locais onde hoje, dia 22 de Março, já Primavera, passámos a tarde… junto aos velhos estaleiros da Lis­ nave, onde estacionámos o carro, para exa­ mes médicos da minha mulher Teresa no Hospital Particular de Almada, enquanto es­ perava, parti à descoberta… Primeiro um bom almoço no restaurante da Tia Bé: umas óptimas lulas grelhadas, uma cerveja para refrescar e depois uma mousse de chocolate, bem densa, de chocolate ne­ gro, e como remate um descafeinado… Desde a rapidez e eficiência do serviço, à sim­ patia da elegante mulata de origem cabo­ver­ diana, mas nascida neste rectângulo peninsular, ficou aprovado o local, pela qualidade/preço, só 9 euros, razão para a casa cheia, embora o espaço não seja muito amplo.

Já almoçado rumei pela rua principal, no sentido oposto a Cacilhas, onde encontrei bastante comercio e fui parar a uma livraria, daquelas que já não é fácil encontrar todos os dias, pelo menos em locais conhecidos, ex­ cluindo Lisboa…o seu nome aqui o deixo: Li­ vraria Escriba, na rua Cooperativa Piedense, com tantas obras disponíveis, optei por um livro do escritor, meu amigo e colega do anti­ gamente em Santarém, o Ruy Duarte de Car­ valho que a morte já levou em 2010, um dos seus livros sobre a imensa Angola, o seu Sul, o deserto do Namibe, que o escritor António Mega Ferreira assim analisa: « Um livro dificil­ mente classificável, porque simplesmente mágico: VOU LÁ VISITAR PASTORES é uma “exploração epistolar” sobre as idas e vindas do antropólogo pelo território Kuvale, que se estende para sul passando além do meridiano de Namibe (a antiga Moçâmedes) até às mar­ gens do Kunene – uma poética dos nomes e dos lugares.» A tarde foi correndo e eu caminhando, ad­ mirando os restos de um antigo empreendi­ mento, a Lisnave, que terminou no tempo e que espera algo de novo… No restaurante da Tia Bé, onde não comi cachupa, mas que fazia parte da ementa, sonhei com África e li na pa­ rede junto à minha mesa: Nhá Mãe – Bô qui cuidá di bôs fidjo sempre cum sorriso di mel no bós odjos cansado di luta, dixa bós fidjos chomabô di Nhá Rainha… e lembrei­me de Cesária Évora, a sua voz, os seus poemas… aquele crioulo escrito na parede e aqueles graffits cá fora, como um chamamento… a que não resisti. Nunca se perde tempo, alguma coisa se aprende todos os dias se abrirmos a mente e deixarmos entrar o mundo, o inesperado, o desconhecido…a Vida. |

da

Omeleta à Molière consiste numa colagem de fragmentos de textos de Molière, entre os quais de destacam: O Avarento, Médico à Força, As Erudi­ tas e Escola de Mulheres.

É com prazer que o Grupo de Tea­ tro da Gandaia convida o público a saborear a estreia de uma Omeleta à Molière, no dia 14 de Julho, às 18 horas, no Auditório Costa da Capa­ rica, na Praça da Liberdade, 17­A. O mesmo espetáculo terá mais exi­ bições nos dias 21 e 28 de julho (do­ mingos), no mesmo horário e lugar. Outras se seguirão em datas a publi­ citar oportunamente. O Grupo de Teatro da Gandaia apresenta­se com a mesma alegria e energia, com um elenco renovado e com a mesma direção artística, le­ vando ao palco mais uma peça, tam­ bém da autoria de Christiane de Macedo.

GERÊNCIA DE:

António Brás e Sérgio Brás

A primeira coletânea de poesia de Ana Rodrigues será editada pela Associação Gandaia com sessão pública de lança­ mento no Auditório Costa da Caparica, no Centro Comercial Pescador, no pró­ ximo dia 16 de junho, às 16 horas.

CONTATO GERAL:

21 272 23 60 – 91 959 24 75 – 91 726 74 01 afsenhoradomonte@gmail.com LOJA PRAGAL:

Rua Direita do Pragal, 98 A – Pragal 2800-546 Almada Tel: 21 272 23 60 – Fax: 21 272 23 69

Nas quatro partes em que se estrutura esta obra, refletem­se vivências e am­ bientes da Costa da Caparica, onde Ana Rodrigues está há longos anos radicada.

(em frente à Coletividade do Pragal)

LOJA MONTE DA CAPARICA:

Travessa do Monte, 8 A – Monte da Caparica 2825-090 Caparica – Almada Tel: 21 295 62 36 (em frente à Igreja Paroquial)

ANEL

DGAE: 88/89

Os 90 poemas de “Búzio Límbico” reú­ nem a poesia mais recente desta autora que é também atriz, tendo participado nos elencos de grupos de teatro como O GITT, O Grito e o Teatro da Gandaia.

Associação Nacional de Empresas Lutuosas Empresa associada n.º 169

A obra será apresentada pelo poeta, ator e encenador José Vaz de Almada e a sessão será abrilhantada com a atua­ ção de diversos músicos e atores de Almada.

Trata­se uma peça ágil, divertida e lúdica. Uma “brincadeira séria” – segundo as palavras da própria ence­ nadora – que questiona os compor­ tamentos humanos e que leva à reflexão das regras da sociedade re­ veladas por Molière de uma forma acessível a todas as idades, que irá proporcionar ao público momentos de leveza e descontração, além das experimentações cénicas dos seus atores em formação. Com o esforço e a dedicação ines­ timável da actriz e directora teatral, Christiane de Macedo, o Grupo de Teatro da Gandaia, iniciou as suas ac­ tividades com 11 apresentações da peça O Segredo de Quem Somos, da autoria da mesma, tendo uma das suas apresentações feito parte da Mostra de Teatro de Almada, com grande êxito e simpatia do público.


CONFERÊNCIAS

Notícias da Gandaia MAIO 2019 | AGENDA 15

Literatura de Cordel Autor convidado:

Paulo Moura Bauhaus: as mulheres que ficaram esquecidas por

Uma casa em Mossul Terça-feira, 25 de junho pelas 21:30H

Teresa Sales

Entrada livre

Terça-feira 11 de junho, 21:30H

Conferência sobre a Venezuela (em castelhano):

Entre el exilio y el inxilio por Grauber Pereira Professora da Universidade Central da Venezuela

Terça-feira 18 de junho, 21:30H Rua Vitorino José da Silva, 17 – Costa da Caparica

Gandaia Clube – Rua Vitorino José da Silva, 18 – Costa da Caparica

A Edições Gandaia prepara a edição con­ junta de dois exemplares de Literatura de Cor­ del, ambos referentes à frente atlântica do nosso concelho.

Dia da Criança

1 e 2 de junho

O primeiro, um original de Jairo Mozart, que se inscreve na tradição brasileira cordelista, próprio para adaptação musical: Contos e En­ cantos da Caparica, criado especialmente para este projeto. O segundo é um fac­símile de uma edição de 1740, Nova relação da batalha naval, que tive­ ram os algaravios com os saveiros nos mares, que confinão com o celebrado paiz da Trafaria, que constitui um exemplo notável da tradição que viria a dar origem, em terras brasileiras, à tradição cordelista que aqui, novamente, se encontram.

JUNHO – Ciclo Richard Linklater: 6 – Slacker 13 – Juventude Inconsciente 20 – Acordar para a Vida 27 – Boyhood

Concerto

28 de junho, 21:30H

Muito em breve…

Auditório Costa da Caparica – Praça da Liberdade, 17 A

Novo livro de Reinaldo Ribeiro

Primeiro romance original

Praça da Liberdade, 17 A Costa da Caparica

2º ENCONTRO DE COROS

Reinaldo Ribeiro é um autor versátil com uma lista de publicações invejável, quer pela variedade de gé­ neros a que se dedicou, quer pela profundidade que atingiu em cada um deles. O seu percurso literário reflete um trajeto de vida que atravessa vários continentes, manifestando inú­ meras vivências de grande riqueza humana.

29 junho, 17:00H geral@gandaia.info Praça da Liberdade, 17 A – Costa da Caparica

É esse intenso humanismo que irradia das suas obras, marcadas pela atenção às pessoas, às suas relações e a uma visão muito especial das geogra­ fias que as determinam.

À venda na secretaria e na Livraria Online da Gandaia em

www.gandaia.info

60

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JULHO 13

5 SEX MALDIÇÃO DO ESCORPIÃO DE JADE, Woody Allen 6 SÁB TRAFFIC, Steven Sorderbergh 12 SEX CANTAR, Garth Jennings SÁB A MÚSICA ESTÁ A TEU LADO (FOOTLOOSE), Herbert Ross 19 SEX A OUTRA MARGEM, Luís Filipe Rocha 20 SÁB GOOD BYE LENIN, Wolfgang Becker 26 SEX RIO BRAVO, Howard Hawks 27 SÁB UM CASAL SURREAL, Tom Cairns

AGOSTO 2 SEX RAPARIGA COM BRINCO DE PÉROLA, Peter Webber 3 SÁB PEQUENOS CRIMES ENTRE AMIGOS, Danny Boyle 9 SEX O PRINCEPEZINHO, Mark Osborne 10 SÁB JUNO, Jason Reitman 16 SEX RUTURA EXPLOSIVA, Kathryn Bigelow 17 SÁB MAU MAU MARIA, José Alberto Pinheiro 23 SEX LADRÕES DE TUTA E MEIA, Hugo Diogo 24 SÁB BILLY ELLIOT, Stephen Daldry 30 SEX O PIANO, Jane Campion 31 SÁB BRILHANTINA (GREASE), Randal Kleiser

CINEMA AO LUAR


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