10ª Edição Notícias da Gandaia - 2019

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Notícias da www.gandaia.pt

Registo n.º 126448 na ERC

CONCELHO DE ALMADA PReço: 0,01€

Dezembro 2019 — Bimestral — Ano 2 — N.º 10 — Diretor: Ricardo Salomão

SÃO SILVESTRE DE ALMADA pág. 2

MERCADO DAS TORCATAS Aposta na programação pág. 14

ALMADA CIDADE UNIVERSITÁRIA

TERRAS DA COSTA Carta Aberta pág. 14

REPORTAGEM pág. 6 a 13

Foto Rui Olavo

M. Graça S. Pinto SOC. DE MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA UNIP., LDA - AMI 14042

Costa da Caparica

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Feliz Natal!

CRÓNICA Luísa Costa Gomes pág. 14


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DESPORTO | DEZEMBRO 2019 Notícias da Gandaia

IV EDIÇÃO SÃO SILVESTRE DE ALMADA Cidade em movimento e festa para a família nal ao serviço do Sporting Clube de Portugal.

Carla Pereira

O Clube de Atletismo Amigos do Parque da Paz em parceria com a Associação Desportiva o Mundo da Corrida organizam a quarta edição da São Silvestre de Almada, no dia 14 de dezembro, pelas 18.30. A corrida, que é apoiada pela de Câmara Municipal de Almada, tem como objectivo pôr a cidade em movimento e este ano, com partida e chegada ao centro de Almada, mais propriamente à Praça São João Baptista, sendo que o percurso de 10 quilómetros se faz de forma circular.

Luis Miguel Roque, presidente do Clube de Atletismo Amigos do Parque da Paz, é um dos mentores da São Silvestre de Almada desde há três anos, quando apresentou o projecto à edilidade, a

qual acabou por aprová-lo. Para este ano de 2019, o objectivo dos organizadores é “atingir a meta dos 1000 participantes que cortem a meta. Nas edições anteriores terminaram a corrida cerca de 800/850 atletas.” Para Luis Miguel Roque, a São Silvestre de Almada é um trabalho “de equipa e de voluntariado, pois todos ajudam e, inclusivamente, as mulheres dos organizadores/atletas, dão apoio antes e durante o dia da corrida. Os outdoors e a publicidade é toda feita pelo clube. Este ano o Forum Almada juntou-se aos patrocinadores, o que é sempre importante”. Na edição deste ano, a prova ao contrario dos anos anteriores, não vai passare pelo interior da base naval do Alfeite. O percurso será corrido de forma circular e à medidada que o último atleta passar por uma das artérias da cidade, esta será aberta ao pú-

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blico. (Ver percuso no esquena ao lado).

Um dos objectivos deste ano, por parte dos promotores da São Silvestre de Almada, é promover o convívio em famíla. Assim sendo, realiza-se pela primeira a primeira edição da Corrida para Pequenotes, que tem início marcado para as 17:30. Ou seja, uma hora antes da corrioda principal. Já estão inscritas cerca de 15 crianças com idades entre os seis e oito anos, que certamente farão o percurso de 500 metros acompanhadas pelos pais. Mas as novidades não ficam por aqui. A caminhada, que pode integrar toda a gente, independentemente da idade, também terá lugar na São Silvestre. Deste modo, todos podem participar: Avós, pais e filhos. É um evento que engloba toda a familia e... para a família, numa quadra onde esta é, sem dúvida, o expoente máximo das festividades natalícias.

Jorge Pina é o padrinho da IV edição

Nascido em Portimão em 1976, desde cedo se torna numa das referências do pugilismo nacional conquistando diversos títulos, nomeadamente o de campeão nacio-

A profissionalização e a carreira internacional levam-no a prepararse para a conquista do título de campeão mundial, nunca alcançado pela fatalidade de ter perdido a visão. Esta adversidade obriga-o a reformular a sua vida e a deixar de ser pugilista. Contudo, a sua força interior não é abalada e é reforçada por uma resiliência invulgar. Durante anos foi, e continua a ser, uma das maiores referências do boxe português. Profissionalmente trabalha como treinador pessoal, mas em paralelo desenvolve a carreira de atleta paralímpico e apoia jovens nas suas escolhas e opções de vida.

2011, a Associação Jorge Pina, onde aplica o seu conhecimento e entusiasmo pela vida junto de jovens que querem superar-se, e nele podem encontrar apoio moral, mas, sobretudo, um modelo de vida inspirador. Jorge Pina sucede assim a Fernando Mamede, Domingos Castro e Paulo Fernandes que foram os patronos das edições anteriores.

Porbatuk e Tuna de Setúbal animam festa

Inicia-se no Atletismo em 2006, modalidade que abraça com pai-

O grupo Porbatuk formado por jovens que tocam batuque (e que já estiveram presentes numa das edições anteriores) e a Tuna de Setúbal são as duas atrações musicais da festa que se pretende seja a IV Edição da São Silvestre

xão. Participa nos Jogos Paralímpicos de Pequim, em 2008, nos de Londres, em 2012, e nos do Rio de Janeiro, em 2016. Apesar de ter perdido 90 por cento da visão, fez questão de manter-se ligado ao boxe através do ensino desta modalidade desportiva e fundou, em

de Almada. Para além de pôr a cidade a correr, a organização quer também que todos se envolvam no evento e possam disfrutar dele da melhor maneira possível, apoioando os atletas e vibrando com o som dos dois grupos condidados para o efeito. ■

Diretor: Ricardo Salomão eDitor: Rui Monteiro – Praça da Liberdade, n.º 17-A, 1.º andar – 2825-355 Costa da Caparica reDação: Andreia Gama, Carla Pereira Direção De arte: Ausenda Coutinho ColaboraDores: António Zuzarte, Elizabete Gonçalves e Francisco Silva (Centro de Arqueologia de Almada), Fernando Barreiros, Luísa Costa Gomes, Maria da Conceição Serrenho, Reinaldo Ribeiro, Tiago Rocha, Victor Reis estatUto eDitorial: http://gandaia.info/?page_id=5171 Departamento ComerCial: Ausenda Coutinho – Tlm: 968 050 744 – comercial@gandaia.info

JORNAL NOTÍCIAS DA GANDAIA – registo n.º 126448 na erC. – proprieDaDe: Associação Gandaia moraDa e seDe Da reDação: Praça da Liberdade, n.º 17-A, 1º andar – Centro Comercial “O Pescador” – 2825-355 Costa da Caparica – NIPC: 510220169 seCretaria: Rua Vitorino José da Silva, n.º 18 – 2825-421 Costa de Caparica – Horário: 09:00 às 13:00 (quartas-feiras também das 16:00 às 19:00) ContaCtos: Tlms. 914 416 875 / 967 582 737 – noticias@gandaia.info – www.gandaia.pt – pUbliCiDaDe: comercial@gandaia.info – Tlm: 968 050 744 perioDiCiDaDe: Bimestral tiragem: 10.000 exemplares impressão: Gráfica Funchalense – Rua Capela Nª Srª da Conceição, n.º 50 Morelena – 2715-029 Pêro Pinheiro Depósito legal: 436220/18 DistribUição: Preço: 0,01€


Notícias da Gandaia DEZEMBR0 2019 | EDITORIAL

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O MAR OS MUDA-N TODOS OS DIAS Ricardo Salomão

NADA NA MANGA Este é o 10º número da edição em papel do Notícias da Gandaia e completa também um ciclo de dois anos destas edições.

É tempo para refletir sobre o facto de estarmos todos unidos em torno destas folhas de papel, que são apenas o suporte destas palavras. Destas e de várias outras.

O editorial podia terminar já aqui. É eloquente o facto de me estar a ler e destas folhas de jornal constituírem o território de uma partilha – a comunicação é sempre isso mesmo – e essa partilha ter como tópico agregador a região onde vivemos e as pessoas que somos: Almada. Isto não diz tudo? Quase.

Um pouco de passado: o Notícias da Gandaia nasceu em novembro de 2011 num suporte estritamente digital mas logo de início com dois formatos: um num sítio na Internet (gandaia.pt) e outro em formato de Boletim, distribuído semanalmente por email. O primeiro para 16 pessoas, hoje para cerca de 3.400.

Além disso, não nasceu como um órgão de comunicação social devidamente registado na ERC como é agora. No princípio era um Órgão de Comunicação Comunitária, de acordo com os princípios estabelecidos pela UNESCO.

O Notícias da Gandaia começou com esta matriz de comunicação comunitária, aberto à participação de todos, dedicado a unir, dar a conhecer pessoas e visões da realidade comum. Dar força à comunidade, reforçar a sua identidade como manifestação plural e dinâmica.

A realidade complexa e multifacetada do nosso concelho sublinha a necessidade de veículos de comunicação, de relação, de conhecimento mútuo, de identidade plural.

A necessidade e utilidade de um jornal local parecem evidentes. Mas o que é um jornal local nos dias que correm? E porquê em papel? O funeral da imprensa não foi já feito?

Há um público vasto que lê, que gosta de ler e de tocar num jornal impresso em papel de jornal. É uma evidência que temos visto repetidamente confirmada em cada edição do Notícias da Gandaia.

Assim, partindo da nossa herança de comunicação comunitária - todos para todos - continuamos a tentar dar resposta ao que é ser um jornal local.

Sabemos que não é igual ao que foi e também sabemos o que não queremos ser.

Sabemos que não estamos a competir com a imprensa nacional. Não queremos dar atenção ao crime, ao sangue, não cobrimos as visitas dos famosos às nossas praias e nem nos interessa quem anda com quem.

Há ainda outros traços que nos definem. O primeiro é o de chamarmos a nós a responsabilidade de alterar as coisas à nossa volta. Nós com as nossas mãos, ou nós com a nossa influência. Estamos contra a ideia de “eles deviam” isto ou aquilo… É nossa responsabilidade fazer ou pedir a quem de direito para ser feito. Finalmente, um outro traço é não nos focarmos na culpa, mas sim nas soluções. Procurar soluções, debater problemas, dar espaço à expressão de diferentes perspetivas.

Na verdade, contando com este jornal que tem nas mãos, há 10 demonstrações que provam se aquilo que acabei de descrever está ou não plasmado em cada página, em cada edição.

Como é evidente, estamos convencidos que sim.

Em vez de procurarmos os assuntos que sabemos atrair as atenções a troco de sensações fortes, em vez dos crimes temos apresentado os nossos eleitos, aqueles de entre nós que merecem o nosso aplauso, mais informação sobre as nossas festas, os nossos hábitos, a nossa história…

É este o nosso jornal local e é um jornal de que nos podemos orgulhar.

É nesta altura que entra a realidade: tudo isto é muito bonito, mas é preciso pagar as contas, mesmo com a ajuda dos voluntários (como eu) há custos e eles só podem ser suportados pela publicidade.

Os custos, em si, são coisa virtuosa, são um exemplo dos benefícios da economia social, de como iniciativas como a nossa e de tantas outras associações dão empregos, para além de contribuírem com trabalho útil para a comunidade.

Um jornal não pode ser subsidiado pelas autarquias ou pelo governo central. Mesmo no seio da nossa associação, o Notícias tem de ter contabilidade separada. E nós concordamos com isto: é essencial a transparência na comunicação social (e não só).

Sendo um jornal de distribuição gratuita vive da publicidade, seja dos privados, seja dos públicos. Se houver em quantidade suficiente, paga-se o jornal e ele, sendo feito, passa a existir. Caso contrário… É aqui que a questão, a grande questão se coloca: nós achamos que um projeto de comunicação ao nível do concelho se justifica plenamente. E você? ■

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NOTÍCIAS | DEZEMBRO 2019 Notícias da Gandaia

ANIMAÇÃO DE NATAL É só no dia 25, mas o Natal é o pretexto para um mês de humor, música e animação alinhados na programação de Feliz Almada, que tem o Parque Urbano Comandante Júlio Ferraz, no centro da cidade, como centro da acção.

A iniciativa da Câmara Municipal começa com humor, dia 7, a partir das 21:30, com a apresentação de Pesadelo de Natal, com Miguel Esteves Cardoso e o comediante brasileiro Gregório Duvivier. Dias depois, entre 11 e 22 de Dezembro, a Oficina de Cultura e a Praça São João Baptista serão o lugar do Mercado de Natal Amigo da Terra, onde, mais uma vez, reúne cerca de uma centena de artesãos de todo o País e IPSS do concelho, num programa que inclui oficinas variadas e showcooking entre a animação prevista.

Quem nunca?, é o podcast de Carlos Coutinho Vilhena que este mês (dia 13) chega ao fim realizando a sua primeira emissão especial ao vivo. Um dia depois é a vez de Miguel Araújo se apresentar em espectáculo inédito acompanhado pelo Coro da Companhia de Música de Almada. A agenda musical prossegue no dia 19, como sempre às 21:30, com o concerto de Aldina Duarte e António Zambujo. Já na recta final de Feliz Almada encontra-se o espectáculo em que o Gospel Collective convida Diogo Piçarra e Murta para interpretarem em conjunto, no dia 20, uma mistura de êxitos pop e clássicos de Natal. Comédia no Sapatinho é uma espécie de comédia musical que reúne em palco Ana Bola, Eduardo Madeira, António Raminhos e Guilherme Fonseca. E, para encerrar as festividades, no dia 22, mas desta vez às 19:00, Carolina Deslandes convida Pedro Abrunhosa para percorrerem o reportório da jovem cantora e do veterano intérprete do Porto. ■


Notícias da Gandaia DEZEMBRO 2019 | CRÓNICA

NÓS E A NOSSA ÉPOCA

MOVIMENTO Luísa Costa Gomes

O Movimento Zero é um grupo exclusivamente formado por agentes da PSP e da GNR. Funciona por convite de agentes a outros agentes através de uma aplicação online, a Telegram, e conta agora com cerca de 12.500 membros. Esta aplicação mantém a confidencialidade da informação e é praticamente impossível de rastrear. Ou seja, e para começo de conversa, o Movimento Zero é um movimento reivindicativo das forças de segurança que exige respeito pela classe, melhoria das condições salariais e de trabalho, e valorização profissional. Não pedem o derrube do Governo, a revolução, o regresso do fascismo, o céu e as estrelas. Reivindicam coisas básicas para poderem exercer a sua profissão. Como há anos que se arrastam as reivindicações sem qualquer sinal de se solucionarem problemas urgentes, desde há cerca de seis meses que os simpatizantes do Movimento Zero entraram em “greve de zelo”. Zero abordagens, zero detenções, zero autos-de-notícia por contra-ordenação. Ou seja, zero detenções, zero multas. As multas, a gente agradece, as detenções, vamos ver. Se houver pedidos de assistência, acorrem, como sempre. Mas aplicam o princípio de “zero proactividade”: não fazem trabalho de prevenção. Por todo o país aumentam os roubos por esticão e os roubos com recurso a armas brancas e de fogo. É só uma questão de tempo até se tornar visível a falta de vigilância.

No dia 21 de Novembro de 2019 vimos cerca de 13.000 agentes das forças de segurança portuguesas descerem do Marquês de Pombal à Assembleia da República protestando ordeira e vigorosamente contra a degradação das suas condições e meios de trabalho. Vimos uma Assembleia barricada com blocos de cimento anti-motim, a última palavra em segurança contra a segurança. Pequena nota ao Governo: olhem que aquilo é bem fácil de subir, até faz uma rampazinha simpática. Mas subir para quê? A ideia era mostrar número, se é que o Governo se impressiona com números ou já lhe é indiferente, como o Passos Coelho quando em Lisboa se manifestou um milhão de pessoas contra a TSU (que, afinal, acabou por passar discretamente tempos depois). A polícia não pode fazer greve. Não se pode saber a real dimensão dos problemas que enfrenta para não causar alarme social. Pode estar vinte anos à espera que os sindicatos façam o que devem. Mas não pode, sob pena de escândalo generalizado, tornar o seu protesto num movimento que não poderá ser ignorado pelo poder – como têm sido ignorados os sindicatos que tão mal a têm representado. Por isso a ASSP/PSP (Associação Sindical dos

ZERO

Profissionais da Polícia da PSP) acabou por alinhar o discurso pelas “bases”, e elevou um pouco o tom da conversa. Falou até Paulo Rodrigues em “pôr a mão na mesa”, eufemismo querido para “dar um murro na mesa”. No dia 21 de Novembro vimos pela primeira vez em Portugal um protesto generalizado das forças de segurança. Se será o único ou o primeiro de muitos e cada vez mais radicalizados, só cabe ao Governo socialista decidir. Vimos o Presidente Marcelo assobiar para o ar e repetir que é normal, é tudo normal, é a democracia, é um direito, a manifestação é um direito. Vimos um ministro patético de incompetência repetir que a manifestação é um direito, é a democracia, é assim mesmo, nada de mais, isto depois passalhes. Em geral, o PS, instaladíssimo no poder, ufano dos seus triunfos e a surfar uma onda de “sucessos”, lança o anátema da “extrema-direita” sobre quem reivindica, como uma espécie de mantra mágico e recusa-se a negociar com gente malcriada; o primeiro-ministro trata os novos deputados como miúdos ranhosos que vieram ali parar por especial favor. Sobre a vida e o trabalho destas pessoas cuja profissão é proteger os cidadãos uns dos outros, eis o que se discute nos meios de comunicação e nas redes sociais: a T-shirt do Ventura; as T-shirts; o gesto dos dedos; se é da supremacia branca; se é um ok; se é “estava bem boa a sopa de couves!”; se é a extrema-direita que vem por aí fora, ai jesus!, como se o programa do Ventura fosse de extrema-direita ou de extremaqualquer-coisa e não uma rematada colecção de disparates; a inteligência do Ventura, uma espécie de maldição (e que, a meu ver, deve pressupôr a estupidez do Costa); o perigo do Ventura; o discurso do Ventura; a ingenuidade dos polícias que aceitam o apoio do Ventura. Mas a solução não está em falar do Ventura, mas em perguntar o que fará o Primeiro-Ministro. Afinal, a responsabilidade de lidar com a situação é dele, não é do Ventura. Para fazer esquecer o verdadeiro problema que o poder não quer enfrentar, fala-se à roda do problema. O essencial é que o Governo dê às forças de segurança o respeito que exigem. Envie um sinal claro à comunidade de que as forças de segurança prestam um serviço público fundamental e devem ser atendidas nas suas reivindicações. Não são refugo, não são os bigodudos e sobrancelhudos gigantes dos filmes do Charlot a brandir o casse-tête atrás do desgraçado. Se queremos uma polícia moderna, cidadã, educada, com a autoridade que a lei lhe confere, cabe ao Governo iniciar a sua própria educação democrática. ■

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REPORTAGEM | DEZEMBRO 2019 Notícias da Gandaia

ALMADA, CIDADE UNIVERSITÁRIA

Foto Rui Olavo

Ricardo Salomão

Por vezes esquecemo-nos: Almada é uma grande cidade universitária com quatro grandes instituições de ensino superior, envolvendo grande número de alunos, para cima de dez mil, perto de um milhar de docentes, grande número de funcionários, equipamentos e um edificado claramente substancial.

É frequente as pessoas não terem consciência do que é uma escola – e ainda mais, uma universidade. Basta recordar que mais de 95% das nossas empresas terem menos de 10 pessoas e com níveis de formação muito baixos, para perceber como são raras, em Portugal, as instituições com estes números e, sobretudo, tendo associadas tantas competências de topo. Qualquer escola, em Portugal, constitui uma riqueza cuja importância estratégica é essencial. Uma riqueza pela função que cumpre, mas uma riqueza também pelos ativos de que dispõe. Desde a escola básica com um único professor – provavelmente o único licenciado naquela área – até às grandes estruturas de ensino supe-

rior, como as que Almada tem a sorte de ter. A sorte e o engenho, porque elas não se fixaram aqui por acaso. Decerto as autoridades municipais demonstraram interesse e deram vantagens para que se estabelecessem aqui. E é bom que continuem esse propósito. O papel que as “novas” universidades desempenharam nas cidades onde se estabeleceram, como Évora, Aveiro, Braga, Covilhã são eloquentes. Por outro lado, as tais competências, são largamente convocadas para inúmeros aspetos da vida quotidiana da nossa comunidade. É frequente vermos a Câmara, as Juntas e não só, pedirem a docentes isolados ou às

próprias instituições para desempenharem um papel de relevo, contribuindo com o seu conhecimento para o bem comum. Recordo, por exemplo, a ajuda da FCT para compreender a dinâmica do nosso litoral, colaborando com Câmara e Juntas de Freguesia. Recordo, só outro exemplo, o papel das clínicas dentárias da Cooperativa Egas Moniz… Para que todos possam conhecer as “nossas” instituições de Ensino Superior, aqui fica este nosso trabalho. O nosso objetivo é, mais uma vez, estreitar os laços, criando o espaço para colaborações futuras, aumentar as fronteiras do possível. ➽


Notícias da Gandaia DEZEMBRO 2019 | REPORTAGEM

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TECNOLOGIA NA NOVA A Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa – FCT NOVA é uma das mais prestigiadas escolas de Engenharia e Ciências do país. Com cerca de oito mil estudantes, dispõe do maior campus universitário da Europa, localizado na Caparica, com cerca de 15 hectares construídos e mais 17 hectares para futura expansão.

A FCT NOVA celebrou o seu 42º aniversário, no dia 13 de Novembro, numa cerimónia que contou com as intervenções do Reitor da UNL, João Sàágua, e do Director da FCT NOVA, Virgílio Cruz Machado. E parece haver muito a comemorar na sua história e progresso, como se perceberá numa conversa com Fátima Rodrigues, subdiretora adjunta para a Divulgação da Ciência e Tecnologia. A FCT é reconhecida pela sua investigação de excelência, pela qualidade dos seus cursos e pela empregabilidade dos seus diplomados. Esta “faculdade é uma unidade orgânica da Universidade Nova de Lisboa”, criada em 1973, com o objectivo de “inovar a formação académica para responder à necessidade de desenvolvimento socio-económico do país” e que preencheu 100 por cento das vagas.

Com cerca de 430 docentes, mil investigadores e 200 funcionários, a FCT NOVA estrutura-se em 14 Departamentos e 16 Centros de Investigação, oferecendo 94 ciclos de estudo, sete licenciaturas, 11 mestrados integrados, 28 mestrados e 38 doutoramentos.

O Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente (DCEA), criado em 1976, foi pioneiro no ensino da Engenharia do Ambiente. “Somos pioneiros em duas engenharias, a Engenharia do Ambiente e a Engenharia Informática. Com a criação destes cursos estávamos a

lançar novos desafios e a inovar relativamente à dita universidade clássica.” “O nosso lema é uma abertura para a sociedade, portanto estamos disponíveis para que as escolas e empresas nos procurem. Com a evolução da tecnologia e da capacitação científica que vai havendo ao longo do tempo, é natural que os quadros das empresas destas áreas queiram ter uma actualização dos avanços que estão a ser feitos pelo mundo fora. Portanto é natural que uma Faculdade de Ciências e Tecnologia que tem o saber-fazer seja o natural correspondente das empresas para fazer esta qualificação da sociedade”, contextualiza Fátima Rodrigues.

Investigação

A FCT NOVA acolhe 16 centros de investigação reconhecidos pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, dos quais nove estão classificados com "Excelente" e cinco com “Muito Bom”. A sua produção científica, materializada pela publicação de um elevado número de artigos em revistas científicas internacionais, confere-lhe amplo reconhecimento internacional (encontra-se 35 por cento acima da média mundial ao nível da produção científica). Este desempenho permite-lhe integrar as principais redes de universidades tecnológicas, como a rede CESAER e participar em consórcios com universidades europeias e

dos Estados Unidos, designadamente MIT, CMU e Universidade do Texas. A participação da FCT NOVA em nove COLABs e a obtenção de oito Bolsas ERC por investigadores da FCT NOVA, o que se traduz na maior concentração destes laboratórios e bolsas em universidades portuguesas, mostra ser uma instituição orientada para o futuro e baseada em investigação internacional de vanguarda.

O Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente concentra dois centros de investigação, CENSE e MARE, com a missão de recentrar a Engenharia do Ambiente no século XXI, como competência central no mercado de trabalho; motor de investigação, desenvolvimento e inovação; promotora de mudanças sociais. O CENSE – Centro de Investigação em Ambiente e Sustentabilidade, um dos centros avaliados como excelente, tem dois grupos de Investigação, Engenharia da Sustentabilidade e Economia Ecológica & Gestão Ambiental. “O MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente é mais geral mas temos aqui um dos seus pólos.” Fátima Rodrigues dá um dos exemplos de excelência na área

de investigação da faculdade. Smart4Health é coordenado pela FCT NOVA e constitui o maior projeto de sempre liderado por Portugal no âmbito do H2020, o maior programa de investigação e inovação da União Europeia. O projeto Smart4Health coloca o cidadão no centro da decisão relativamente à partilha e gestão dos seus dados de saúde.

Ensino

Uma das razões apresentadas pela docente, pelas quais a FCT se destaca das outras faculdades é o “modelo de ensino que é único no país, a nível de escolas de Ciência e Tecnologia. Fazemos avaliação contínua, o que faz com que não haja o pressão dos exames, termina o período escolar e podem ter as unidades curriculares todas feitas. Claro que há o chamado período de recurso, mas não tem o mesmo peso. Com esta avaliação, temos a possibilidade de ter um período intercalar entre os dois semestres, neste caso de cinco semanas, em que damos ênfase a que os alunos tenham unidades curriculares que lhes dêem outras aptidões. São formadas equipas,

grupos de alunos de vários mestrados integrados ou licenciaturas, que têm de trabalhar com as aptidões próprias do seu curso em áreas distintas como empreendedorismo, em que desenvolvem projetos que podem apresentar a empresas. E isto aplica-se a todas as licenciaturas e mestrados integrados.”

O futuro ao inglês pertence. “Também temos a indicação por parte da NOVA de ter os cursos ministrados em inglês, como já acontece na NOVA SBE. Segundo o director, a ideia é que os mestrados a partir de 2021 sejam dados nesta língua”, com excepção de turmas só com portugueses, uma vez que aí não faria sentido.

“O objectivo é que a NOVA se expanda para o mundo, que possamos ir buscar estudantes à China, Índia, aos mais variados países. Para tal, é importante deixarmos de ter aqui barreiras linguísticas, porque no fundo a ciência e a tecnologia não as têm, são universais, o conhecimento destas duas áreas aqui é o mesmo que nos outros países”, reforça a subdiretora adjunta para a Divulgação da Ciência e Tecnologia. “A linguagem científica é muito espe-


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REPORTAGEM | DEZEMBRO 2019 Notícias da Gandaia

Foto Rui Olavo

cífica e os termos que utilizamos são ingleses, nem sequer os traduzimos, como por exemplo data (dados), skills (habilidades). Há licenciaturas e mestrados em que já está muito presente a mistura destes termos. A maior parte dos livros também são escritos nesta língua, portanto faz todo o sentido usar os nomes técnicos universais. Não será assim uma diferença tão grande em relação ao que por vezes já fazemos. É uma evolução gradual, para que possa ser um sucesso.”

Uma das funções da subdiretora adjunta para a Divulgação da Ciência e Tecnologia é “tentar optimizar as actividades que a FCT pode lançar para os vários públicos.” Como professora de Matemática que é, Fátima Rodrigues exemplifica, “nós temos muitas acções de divulgação, uma delas é o ClubeMath, um clube de matemática destinado aos jovens do ensino básico e secundário, que acontece desde 2007 e todos os anos tem mais de uma centena de inscritos. Eles vêm aqui realizar actividades lúdicas para desenvolver o gosto e desmistificar o bicho da matemática. Ao mesmo tempo realizamos iniciativas para pais como conferências e ciclos de palestras.”

“Também temos protocolos com escolas do concelho. Nos departamentos de Química e de Física, há aulas laboratoriais para os jovens, com os materiais e instrumentos à sua disposição. Hands on é o que nos procuramos! Na Ciência Viva de Laboratório – Ocupação Científica de Jovens nas Férias, o CENIMAT - Centro de Investigação de Materiais deste estabelecimento de ensino, convida os estudantes do ensino secundário a realizar mini estágios nos laboratórios.”

A Escola de Verão NOVA STEAM Academy foi especialmente desenhada para alunos dos ensinos básico e secundário que tenham curiosidade em experimentar o ambiente universitário. “Em duas semanas procurámos mostrar a

alunos de 8º ao 12º as várias áreas das Ciências e da Engenharia. Tiveram também a oportunidade de participar em diversas atividades lúdicas com os núcleos da nossa Associação de Estudantes”, descreve a subdiretora adjunta para a Divulgação da Ciência e Tecnologia. “Estas escolas de Verão e actividades de ligação que nós promovemos do 1º ou 12º são importantes porque fazem uma ligação com o ensino superior que eles irão conhecer no futuro, mas que podem já ficar uma ideia de como é a vida no campus. Os mais pequenos ficam fascinados!”

Ambiente e Sustentabilidade

“Existe uma larga tradição na preocupação com as questões ambientais e é natural que estejamos a apostar com toda a força nesse âmbito”, reforça a Prof. Fátima Rodrigues.

“Estamos a desenvolver uma iniciativa própria de sustentabilidade do campus, a FCT NOVA”, que assume o compromisso de alinhar as suas atividades e responsabilidades com a Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável.

Mais de 40 membros dos vários setores da Escola construíram, há cerca de um ano, a visão da FCT NOVA Sustentável, uma comunidade colaborativa de criação e partilha de conhecimento, apostada num futuro sustentável e inclusivo, que motiva os FCTenses a assumirem a sustentabilidade ambiental, social e económica como pilar transversal a toda a sua atividade. “Esta é uma iniciativa que tem como parceiros a CMA, a Rede Campus Sustentável e a Via Verde Serviços.”

O Observatório de Avaliação de Riscos Costeiros e um Centro de Estudos de Avaliação e Gestão de Risco Ambiental e Protecção Civil, em comunidades costeiras foram formalmente criados em Outubro, num acordo entre a Câmara Muni-

cipal de Almada, a FCT, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil e o TRYP Lisboa Caparica Mar Hotel. Uma câmara de vigilância instalada no topo do hotel de oito andares, na Costa da Caparica, monitoriza em permanência os comportamentos do mar e permitir assim aos investigadores da FCT e do LNEC, avaliarem os galgamentos e respectivos impactes em terra.

Iniciativas

A FCT associou-se à Semana da Ciência e da Tecnologia, que decorreu de 24 a 30 de Novembro. “Vamos estar em força. Faz parte da nossa responsabilidade social ter um papel de divulgação daquilo em que nos podemos aplicar, que seja benéfico para a sociedade, e do que podemos fazer de forma a captar os jovens para o conhecimento científico e tecnológico. O evento é promovido pela Ciência Viva-Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, entidade que dinamiza actividades de divulgação científica. E a todas essas solicitações nós tentamos corresponder!” A Faculdade de Ciências e Tecnologia está em todas as frentes e Fátima Rodrigues faz uma abordagem às várias valências que inte-

Foto Rui Olavo

gram o “corpo” desta universidade. ”A Biblioteca da FCT tem sempre exposições e palestras, eventos abertos ao público, assim como o seu próprio acervo também está acessível a todos. Temos um Fab Lab”, que integra a rede global de laboratórios locais onde é estimulada a criatividade e inovação disponibilizando ferramentas para a fabricação digital. Até 13 de dezembro, o FCT FabLab está disponível para receber pequenos eletrodomésticos e aparelhos eletrónicos antigos ou avariados, para serem reciclados no novo Recycling Corner.

“A AEFCT – Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências e Tecnologia também tem um papel muito importante e contribui muito para a vida no campus. Tem duas tunas, a TunaMaria, a feminina e a anTUNiA, masculina, que já é muito premiada. Para além dos núcleos pedagógicos, ligados a cada uma das áreas, tem outros mais recreativos e culturais, como fotografia, cinema, teatro, tiro com arco, de ambiente e sustentabilidade. Este último núcleo é muito activo, fazem campanhas disruptivas para alertar para os problemas, como por exemplo, um dia de recolha de beatas na faculdade.” A FACIT apoia os alunos mais carenciados. São realizados

festivais de tunas ou corridas solidárias, pela FCT e AEFCT, para apoiar esta associação de solidariedade.

“A Residência Universitária, do SAS – Serviço de Ação Social, está ocupada maioritariamente com alunos da FCT. Um dos projetos futuros do director, Virgílio Cruz Machado, é aumentar a residência, de forma a ter capacidade para albergar mais estudantes, porque este é um dos factores condicionantes da ida dos alunos para a universidade, principalmente quando vêm de zonas mais distantes.”

A FCT distingue-se pelo facto da empregabilidade dos cursos ser superior à média nacional. Os estudantes cedo são preparados para o mercado de trabalho, com o Programa de Introdução à Prática Profissional. “A indicação que temos é que os nossos alunos trabalham bem. Nós apostamos numa formação teórica mas também muito prática e muito colaborativa, eles trabalham muito em grupo e penso que isso é uma das nossas grandes mais-valias”, orgulha-se Fátima Rodrigues. E assim, com esta aprendizagem, partilha e experimentação, todos saem daqui com mais mundo. AG


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ESCOLA NAVAL ENSINAR PARA O BEM A Escola Naval tem ensino de excelência sob o lema “Vontade de fazer bem”, diz o seu director, contra-almirante Mário Simões Marques, em entrevista que é como uma visita guiada pela história da Instituição, que remonta ao século XVIII e herdou o seu lema do patrono, evidente o Infante D. Henrique

A Escola Naval é uma das sete Instituições de Ensino Superior do Polo Universitário de Almada, sendo que é a única de âmbito militar. Considera que a Escola Naval é de facto uma Universidade ímpar, uma vez que forma profissionais especializados e militares de carreira?

A Escola Naval (EN), apesar de ter uma história que remonta a 1796, com a criação da Academia Real de Guardas-Marinhas, está sediada no Alfeite desde 1936. A localização no concelho de Almada é muito importante para a EN, já que aqui tem fácil acesso ao rio e

aos navios. Esta privilegiada localização facilita muito a realização de atividades náuticas e marinheiras e permite manter o foco da nossa formação nos meios onde os alunos irão iniciar a sua atividade profissional, ou seja, os navios da Marinha. Sem dúvida que a EN é um Estabelecimento de Ensino Superior com especificidades próprias, pelo facto de conciliar o ensino académico, com a formação militar e marinheira, conferindo aos oficiais um conjunto alargado de competências críticas para o desempenho das suas funções, em contextos operacionais muito exigentes e complexos, de

natureza não estritamente militar. A Marinha Portuguesa sendo caracterizada por ser de Duplo Uso (com missões militares e não-militares), realiza diariamente muitas atividades ligadas à segurança marítima, à busca e salvamento ou o apoio a populações ribeirinhas afetadas por situações de emergência, tanto a nível nacional como internacional. Assim sendo, a EN tem de preparar os futuros oficiais para responderem a missões tão diversas como a guerra no mar ou o apoio humanitário (como aconteceu, recentemente, com o apoio às populações de Moçambique afetadas pelo ciclone Idai; o apoio à população da Ilha das Flores, afetada pelo Furacão Lorenzo; ou a presença constante no mar Mediterrâneo, em apoio à crise humanitária resultante de migração em massa que se tem verificado nos últimos anos). No entanto, é importante notar que a Escola Naval tem uma oferta formativa de nível universitário que vai muito além dos seus cursos “tradicionais”, isto é, dos cursos destinados exclusivamente à formação inicial dos oficiais de Marinha. Neste caso, refiro-me aos programas de Doutoramento (em História Marítima) e de Mestrado (em História Marítima; Medicina Hiperbárica; Navegação e Geomática; Engenharia Hidrográfica; Segurança de In-

formação e Direito no Ciberespaço; e História Militar), realizados em associação com outras Universidades de referência no plano nacional. Estes cursos são frequentados por alunos civis, tanto nacionais como estrangeiros.

A tradição centenária da Escola Naval, a qual formou personalidades como Gago Coutinho, Sacadura Cabral e Américo Tomás, por exemplo, tem uma responsabilidade acrescida para os alunos?

Os alunos formados nos cursos tradicionais da EN têm uma saída profissional muito específica, que é ser oficial da Marinha Portuguesa, havendo uma grande preocupação que o ensino ministrado obedeça a elevados padrões técnico-científicos, morais e éticos. Naturalmente, os oficiais de Marinha têm consciência do legado que herdaram de todos quantos os precederam e têm a responsabilidade de honrar, preservar e valorizar esse legado. Esta consciencialização começa na Escola Naval que, para além da preocupação de transmitir aos seus alunos a perspetiva de onde viemos, ou seja, da nossa História e tradições, também analisa onde estamos, transmitindo conhecimentos sobre a organização, os meios e o produto operacional da Marinha, e para onde queremos evoluir, apresentando a visão estratégica para

o futuro da Marinha. Relativamente a personalidades virtuosas, existem, para além dos referidos, muitos outros exemplos inspiradores. Assim, cada curso da EN recebe um patrono, individualidade ligada ao mar e à História de Portugal, que se destacou pelos seus feitos ou ações.

Por ser uma universidade focada para a formação de oficiais da Marinha, existe uma metodologia de inclusão dos cadetes na base militar, uma vez que a Escola Naval está dentro desse perímetro?

Todos os militares e civis que trabalham em Unidades Militares, como é o caso da Base Naval de Lisboa, têm de receber formação básica para conhecerem as regras e as obrigações inerentes às funções que desenvolvem e ao local onde trabalham. Os jovens que, após concluírem o 12º ano, se candidatam para serem alunos da Escola Naval têm um período inicial de adaptação à vida militar que lhes permite conhecerem as regras a que estarão sujeitos e terem a perceção dos desafios que a vida militar em contexto naval coloca. Este processo de adaptação inclui um período de embarque em navios da Marinha. O período inicial de adaptação é, posteriormente, complementado por todo um conjunto de atividades letivas destina-


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das ao desenvolvimento das competências académicas, militares e marinheiras que são necessárias para se ser oficial de Marinha. O facto de os cadetes viverem em regime de internato e de embarcarem com regularidade em navios, promove a assimilação rápida dos regulamentos, princípios e valores militares, potenciando a sua integração célere na Marinha. O contra-almirante concluiu a Licenciatura em Ciências Militares Navais - Ramo de Eletrónica em

1985. Quais as diferenças entre a altura em que era estudante e os alunos de hoje?

Naturalmente, os mais de 30 anos que separam as duas gerações resultam em alterações de contexto social e tecnológico que originam diferenças inegáveis na vida dos alunos da Escola Naval. Basta pensar que os estudantes no início dos anos de 1980 não tinham telemóveis, computadores pessoais, nem acesso à internet, tecnologias emergentes na altura. No

entanto, julgo que, mais importante que assinalar as diferenças, importa referir que reconheço, nos jovens que abraçaram voluntariamente a carreira militar e frequentam hoje a EN, o mesmo espírito de dedicação, a mesma generosidade e a mesma vontade de servir Portugal e a Marinha que existia nas gerações que os precederam. Certamente que os meios de que dispõem, atualmente, para pôr em prática essa vocação são diferentes, mas os desafios que enfrentam

COOPERATIVA EGAS MONIZ

são semelhantes, em primeiro lugar, o desafio que constitui operar num meio muito exigente, o Mar, que todo o marinheiro tem de aprender a conhecer e a respeitar; depois, estar pronto e ser competente para responder às solicitações de um ambiente operacional complexo, incerto e em constante evolução. A fórmula de sucesso, a existir, reside numa cultura de constante motivação para aprender, de liderança competente e humanista, de treino exigente que

FORMAR PROFISSIONAIS DE SAÚDE Formar profissionais de saúde com responsabilidade social

A Cooperativa Egas Moniz pretende ser uma instituição de ensino de referência na formação de profissionais de saúde, garantindo que estes atinjam uma sólida formação técnica e humana. A Instituição que, para além de assegurar os seus propósitos de formação e investigação, consegue, simultaneamente, constituir-se como um polo de responsabilidade social fortemente inserido na comunidade local, prestando cuidados de saúde e outros à Comunidade, particularmente aos mais carenciados.

desenvolva a capacidade de atuar em situações inopinadas e de vontade inquebrantável de se superar a si próprio perante as dificuldades. O lema da Escola Naval “Talant de Bien Faire” (vontade de bem fazer), herdado do nosso patrono, o Infante D. Henrique, norteia todos os que estudam e ensinam nesta escola e guia os oficiais ao longo da sua carreira, unindo todos os que por aqui passaram, de uma forma indelével, na mesma vontade de bem servir Portugal. CP


Notícias da Gandaia DEZEMBRO 2019 | REPORTAGEM 11 A Egas Moniz - Cooperativa de Ensino Superior, C.R.L., constitui desde a sua origem uma comunidade de estudantes, professores e funcionários, e tem como missão “dedicada ao avanço do conhecimento, à aprendizagem e à educação dos seus alunos, ao serviço da melhoria das condições de saúde da sociedade global, no século XXI”, sendo desde há muito uma instituição de referência no ensino da saúde em Portugal.

Certificada, desde 2010, de acordo com a Norma ISO 9001:2008, a Egas Moniz é a entidade instituidora do Instituto Universitário Egas Moniz e da Escola Superior de Saúde Egas Moniz (Politécnico), dedicada à formação de profissionais de saúde, assumindo-se igualmente como um polo de responsabilidade social, fortemente inserido na comunidade local através da prestação de cuidados clínicos. Enquanto instituição académica, desenvolve atividade pedagógica e científica, contando com um corpo de mais de 400 docentes altamente qualificados e participando em projetos de investigação científica, desenvolvidos em parceria com instituições nacionais e estrangeiras. Tem cerca de 2500 alunos e oferece 12 licenciaturas, 6 mestrados e 18 pós-graduações na área da saúde.

Projecto abrangente

Destacamos, na prestação de cuidados de saúde, a Clínica Dentária Egas Moniz (no Campus), a Clínica Universitária Egas Moniz/Almada, a Clínica Universitária Egas

Moniz/Setúbal (em fase de instalação), e a Residência Sénior Egas Moniz/Sesimbra, as quais desenvolvem um serviço de apoio à comunidade nas áreas de Medicina Dentária, Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição, Terapia da Fala e Psicologias Clínica e Forense.

A Egas Moniz desenvolve simultaneamente, a sua ação pedagógica e de investigação com impacto na Saúde Pública, através de diversas estruturas, nomeadamente o Centro de Genética Médica e de Nutrição Pediátrica, o Centro de Investigação Interdisciplinar, o Centro de Microscopia Eletrónica e Histopatologia, o Gabinete de Informação e Atendimento à Vitima, o Gabinete de Psicologia Forense, o Grupo de Estudos Sociais Aplicados, o Laboratório de Ciências Forenses e Psicologia, e o Laboratório de Microbiologia Aplicada.

Com sede no Monte de Caparica (Almada), o Campus Universitário conta com cinco hectares e 15.000 metros quadrados de área de implantação, é constituído por um conjunto de estruturas de ensino, amplas, modernas e bem equipadas, permitindo aos alunos o acesso a um ensino de excelência, a escassos 15 minutos de distância da cidade de Lisboa e a 10 minutos das praias da Costa da Caparica.

Inserido no Campus, destacamos a Residência Universitária Egas Moniz (RUEM), que abre a possibilidade de um alojamento atrativo, moderno e económico, com espaços convidativos ao estudo e convívio, bem como amenidades de referência no âmbito académico.

Fundação da Instituição

A Egas Moniz - Cooperativa de Ensino Superior, C.R.L. surgiu em 1998 a partir da cisão parcial da CESPU – Cooperativa de Ensino Superior Politécnico e Universitário C.R.L. Nessa altura ficou titular do Instituto Superior de Ciências da Saúde – Sul (ISCS - Sul), estabelecimento de ensino superior fundado e em funcionamento desde 1987. Tem vindo, desde então, a desenvolver um projeto educativo autónomo de ciências e saúde, que levou à criação, em 1999, da Escola Superior de Saúde Egas Moniz (ESSEM) e à alteração da designação do ISCS – Sul para Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz (ISCSEM)em2005.

Considerou-se naquela altura, tal como hoje, que a sociedade civil tem um papel fundamental a desempenhar na construção de uma sociedade educativa plural, promovendo a defesa dos direitos e liberdades fundamentais no domínio da educação e do ensino e, designadamente, a liberdade de ensinar e de aprender, o direito de opção educativa e a igualdade de oportunidades e de condições de acesso e defrequência no quadro do sistema e ducativo.

Assim, preconizou-se um projeto educativo maioritariamente vocacionado para as ciências da saúde por se reconhecerem graves carências nesta área e, deste modo, pela edificação daquele projeto, contribuir, no âmbito das suas atividades, para a modernização e aperfeiçoamento das ciências e da saúde, para o desenvolvi-

mento da sociedade portuguesa, na melhoria da sua qualidade de vida e bem-estar, e para a cooperação entre países nestes domínios com especial ligação aos países de língua oficial portuguesa.

A EGAS MONIZ e os seus dois estabelecimentos de ensino superior, o Instituto Universitário Egas Moniz (IUEM) e a Escola Superior de Saúde Egas Moniz (ESSEM) constituem uma referência no panorama do ensino da Saúde no nosso país.

A Egas Moniz oferece aos alunos a possibilidade de alojamento na Residência Universitária (RUEM). Através de um alojamento atrativo e moderno, com espaços convidativos ao estudo e convívio, a RUEM promove também a vivência académica entre os residentes, assegurando o bem-estar e a segurança dos alunos.

Inaugurada em 2010 e localizada no interior do campus, num edifício moderno, concebido especialmente para o efeito, trata-se de uma residência mista, com 211 quartos totalmente equipados para dar resposta às necessidades de alojamento dos alunos. A RUEM possui igualmente 1 quarto adaptado a residentes com mobilidade reduzida e 6 suites para alojamento de docentes e investigadores convidados, assim como para pais ou familiares de alunos que desejem passar finsde-semana. CP

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 918 997 823 - 21 585 2275 R. Capitão Leitão, 3 A 2800-135 Almada Fonte da Pipa Almada Velha fonte_da_pipa Encerra Domingo e Quarta-Feira à noite CACILHAS

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Sugestões: Mariscadas, Caldeirada, Emparrilhadas, Ensopado de Enguias, Comida Tradicional

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A arte de bem servir

Excelente Carta de Vinhos

Sugestões: Cachaço de Bacalhau c/migas gatas, Nacos de Polvo em Vinho Tinto, Barriga de Atum com grelos e batata doce.

Afastámos qualquer dúvida sobre as nossas intenções puramente informativas, esclarecemos possíveis equívocos só pedindo a resposta para quatro questões.

É preciso saber que o silêncio nunca é um vazio, pelo contrário, é o ponto onde as perguntas crescem até ficarem ensurdecedoras.

ALMADA (VELHA)

 21 276 6019 R. Cândido dos Reis, 17 Cacilhas 2800-677 Almada Encerra à Segunda

Contactámos repetidamente a direção da Egas Moniz - Cooperativa de Ensino Superior, C.R.L. estávamos a preparar este trabalho que apresenta ao almadenses as instituições de ensino superior implantadas no seu território.

Deliberadamente preferiu o silêncio.

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Residência Universitária

CRÓNICA DE UM SILÊNCIO INEXPLICÁVEL

De forma clara, a direção da cooperativa sempre manifestou a sua recusa em prestar declarações, responder a perguntas ou oferecer qualquer informação para além daquela que consta no seu sítio oficial na Internet.

G as tr on om ia

Horário: 08:00 – 20:00 Sábado: 08:00 às 13:00

Avenida da República 6 Costa de Caparica geral@santamafalda.pt www.santamafalda.pt 212 901785 / 932 901 785

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12 REPORTAGEM | DEZEMBRO 2019 Notícias da Gandaia

INSTITUTO PIAGET 40 ANOS DE ENSINO SUPERIOR Contribuir para o desenvolvimento humano e social, através da criação e consolidação de unidades que implementam projetos de educação, de investigação e de intervenção comunitária, assentes na liberdade científica, pedagógica e criativa, na proximidade, nos valores humanos fundamentais e no trabalho em rede é a visão que o Instituto Piaget impõe à sua atividade. Que não é pequena, pois este estabelecimento de ensino inclui a Escola Superior de Educação - ESE e o Instituto de Estudos Interculturais e Transdisciplinares – ISEIT, integrando licenciaturas nas áreas de Gestão, Educação Básica, Motricidade Humana, Música e Psicologia; Mestrados em 11 áreas

e Pós-graduaçõesem 12 áreas, acolhendo ainda um Centro Internacional de Investigação, Epistemologia e Reflexão Transdisciplinar.

O Instituto Piaget tem consolidado, ao longo dos seus 40 anos de existência, o ensino superior, a investigação e as áreas de intervenção nas comunidades onde tem os seus campi, através das suas Escolas e Institutos, numa perspetiva abrangente e plural, onde se privilegia a criatividade, a inovação e a responsabilidade, norteando toda a sua atividade pelo respeito pelos valores humanos fundamentais e pela sua inclusão na formação pessoal e intelectual de cada diplomado.

O projeto do Instituto Piaget não se confina a Portugal, estendendo a sua atividade além-fronteiras. É uma instituição com uma crescente dimensão internacional, própria ou resultante de parcerias,

economicamente sustentável, empreendedora e aberta a novas oportunidades, claras e consistentes no quadro dos seus princípios constitutivos. Desde 1999 que está presente nos países lusófonos, estando, atualmente, também presente em Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique. Sempre atento aos problemas das comunidades envolventes nos

seus polos de atuação, delineia medidas de intervenção que propõe por si ou em associação com instituições da sociedade civil, criando outras entidades — por sua iniciativa — para agilizar as suas ações e estabelecer pontes entre o Instituto Piaget e a comunidade, através dos projetos associados como a APDES (Agência Piaget para o Desenvolvimento), o Piaget Saúde, o Piaget Formação e Consultoria, a Nuclisol Jean Piaget, o Piaget Alimentar, a Litoalentejo ou as Edições Piaget. CP

tos acrescentavam-se as lacunas ao nível da formação generalizada de quadros. O Instituto Piaget tendo como centro da sua ação, “o desenvolvimento da criança”, toma em mãos este processo desenvolvimentista, na sua generalidade a partir dos mais tenros anos. Cria, para o efeito, as unidades de desenvolvimento integrado designadas por UDIS, disseminadas pelo território nacional, desde Vila Real a Sines. Desenvolve, em simultâneo, centros de formação de educadores, ao nível superior vindo, depois, a estender a sua ação a outras áreas da ciência e do conhecimento. Desde logo se anuncia o carácter pioneiro e inovador de uma Instituição que, antecipando-se no tempo, mantém atuais as dinâmicas formativas, que o foram na

sua origem como no presente. Citemos algumas: A inclusão e as reformas nos processos de ensino, tanto quanto de si dependia; a introdução de currículos alternativos: tempo de formação (quatro anos) e alternância simultânea teoria/pratica, desde o início; o Universalismo na formação e a partilha do que de melhor acontecia fora (mesmo ainda sem programa Erasmo), com a presença de especialistas internacionais; as respostas sociais, a permitir uma formação que contemplava a possibilidade de livre acesso aos que o desejassem, nomeadamente a trabalhadores; a articulação, entre teoria e prática, contextualizandoa e tornando-a reflexiva; a ecologia e a defesa do ambiente (trabalho de campo eco antropológico); a epistemologia, ergono-

DESDE O DEALBAR DE ABRIL Maria da Conceição Serrenho

O tempo passa e a história escreve-se. Continua e até parece que às vezes regride, mas avança sempre. Quarenta anos é o período da “adultez”. A considerada meia-idade, nos humanos. Das instituições não o é tanto devido à sua natural longevidade sendo consideradas, como tal, as que se perpetuam no tempo e se radicam nele. As que, atravessando gerações, nelas traçam futuros. Tal acontece com o Instituto Piaget situado aqui, na Margem Sul, na zona das casas velhas.

O Instituo Piaget, assim designado em homenagem ao seu patrono, foi criada sob a égide jurídica do cooperativismo e, desde a sua fundação, designado por “cooperativa para o desenvolvimento da criança”. Projeta, após quatro décadas, um tempo maduro de frutos e consequências,

na história do País. Anunciava-se, na sua origem, profecia e destino difícil de prever, numa altura em que por ser novidade, se tornava difícil o seu caminhar. É que o novo conflitua, quase sempre, com as práticas ancestrais que dificultam e põe em causa, caminhos instalados. Torna-se necessário abrir clareiras, por entre veredas. A formação modular e em alternância (teoria/prática) eram, há altura, metodologias duvidosas. Reportemos, pois, à década de 1970 para se perceber melhor o contexto e a premência do que se anunciava e as dificuldades que se colocavam a um projeto pioneiro como era, o lançamento do Instituto Piaget.

Portugal era, à altura, um país adiado, cinzento, internacionalmente isolado não por boas razões, a suportar conflitos e guerras, com a sangria dos seus melhores jovens, em combate, no então designado “Ultramar Português”. Faziam-se sentir, graves lacunas nomeadamente o défice na

formação superior e preparação de quadros. Existiam poucas universidades, e apenas nos grandes centros, o que tornava elitista e de acesso reduzido, a sua frequência. Além disso acrescentava-se a fraca mobilização e pouco poder associativo, da sociedade civil, muito marcada, à altura, por razões políticas e ideológicas. Uma sociedade tolhida na iniciativa própria, com medo e sem se poder expressar. Existiam, neste contexto: desigualdade acentuada, recursos limitados, exclusão, uma economia rural de subsistência, débil indústria, processo científico limitado, silenciamento e/ou acentuação das diferenças. Censura.

No que concerne à formação a falta de estruturas de ensino e de quadros propiciavam assinaláveis níveis de analfabetismo, inexistentes políticas e equipamentos de apoio a primeira e segunda infância, baixa escolaridade básica, níveis diminutos de formação superior e a “guetização” da deficiência. Ao défice dos equipamen-


Notícias da Gandaia DEZEMBRO 2019 | REPORTAGEM 13 mia, o desenvolvimento do raciocínio lógico e matemático, língua estrangeira, arte, e tantas outras áreas que abriam caminhos a um futuro que se anunciava, numa altura que parecia, ainda, distante.

Todas estas áreas, de forte pendor científico, articuladas com a prática, a que era dado papel de relevo, com as conferências e congressos internacionais, orientados por eminentes especialistas. Mais tarde, ultrapassou fronteiras. Abriu-se a novos campos da ciência e da vida. Está no mundo. Foi e será um contributo para o que se continua a ter como foco e se passou a designar, por “cooperativa para o desenvolvimento humano, integral e ecológico”.

Passaram 40 anos de uma instituição que surgiu em contextos de carência e de crise social, mas que desde a sua origem anunciava ventos de mudança, em tempos de viragem. Frenética, no limiar da aurora de uma nova era em que as transformações de base pudessem dar lugar a uma sociedade mais justa e melhor. A resposta que se impunha, em tempos de devir.

No centro, a criança que, como é dito por alguns é, afinal, o “pai do homem”. A relevância dada ao seu desenvolvimento e a atenção necessária na preparação dos seus formadores. Os conhecimentos de que estes necessitavam tanto nas metodologias utilizadas como nos conhecimentos científicos exigidos. Uns números significativos de doutorados foram formados em protocolos estabelecidos com outras Universidades. Presente a crença de que pela edução é possível tornar melhor a sociedade. Parabéns, Instituto Piaget pelos 40 anos de existência. ■

TERRAS DA COSTA

CARTA ABERTA

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COSTA DA CAPARICA

Cantinho Transmontano

Sugestões: Cozido à Portuguesa, Mãozinhas de Vitela c/ Grão e Feijoada à Transmontana

O Bairro Terras da Costa, situado, a bem dizer, nas traseiras das praias da Caparica, é, sem dúvida um daqueles aglomerados de pessoas onde se vive em condições mais do que precárias, apesar de habitado há 40 anos por famílias, quase todas oriundas das antigas colónias. O imobilismo das autoridades é a razão porque, projecto após projecto, tudo ficou na mesma, pelo menos até à intervenção do Ateliermob Colectivo Warehouse, colectivo de arquitectos, urbanistas e cientistas sociais que trabalham, desde 2012, no bairro, e que com os habitantes construiu a Cozinha Comunitária. Agora, para mais uma vez o bairro não ficar esquecido, escreveram uma carta aberta a Inês de Medeiros.

Na carta enviada à presidente da Câmara, aquela “plataforma de técnicos – arquitectos, urbanistas e cientistas sociais”, com trabalho no bairro desde 2012, afirma que, ao “longo destes anos conseguiuse contrariar a invisibilidade das pessoas que ali habitam. Com o apoio do município e da Fundação Calouste Gulbenkian foi construída uma Cozinha Comunitária (considerada uma boa prática por diversas organizações nacionais e internacionais e que obteve o Prémio Archdaily de Edifício Público do Ano em 2016).” Graças a este equipamento foi possível “criar pontos de água no centro do bairro, anteriormente a um quilómetro, e trouxe uma nova esperança às pessoas que habitam o bairro”, e, mais tarde, “formalizar um contrato entre a EDP

e a Associação que permitiu a chegada de electricidade a todas as casas do bairro.”

“Em 2014 – prossegue a carta aberta – [o bairro] era tido como um caso de sucesso de desenvolvimento de trabalho comunitário em todo o país.” Porém, continua o Ateliermob Colectivo Warehouse, esta “comunicação assume particular urgência porque a última informação verbalizada pelo novo director municipal foi a de que já existiria uma solução de dispersão daquelas famílias pelas várias habitações municipais e que estaria expressa na Estratégia Local de Habitação entregue ao IHRU”, procedimento que, segundo os autores, “vai totalmente contra os princípios estabelecidos para a construção das ELH, no qual a participação dos moradores e associações representativas é fundamental bem como contra a obrigatoriedade das associações de moradores serem ouvidas.” O que não aconteceu, pois nem “os moradores nem os actores locais em que nos colocamos foram sequer chamados a conhecer o que a CMA decidiu para as pessoas.”

O Notícias da Gandaia pediu, mais de uma vez, um comentário da presidência da Câmara sobre este protesto, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta. Para consultar o conteúdo integral da carta aberta por favor consulte: http://gandaia.info/?p=16399

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Sugestões: Bacalhau à Minhota, Cataplana de Tamboril, Choco Frito c/Arroz de Gambas

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O Pipo

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Só Grelhados

Sugestões: Cozido à Portuguesa todos os Domingos. Peixe fresco de mar, Caldeirada à Pescador.

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14 REPORTAGEM | DEZEMBRO 2019 Notícias da Gandaia

MERCADO DAS TORCATAS

APOSTA NA PROGRAMAÇÃO CULTURAL tina dos almadenses e na própria economia local. Em frente ao Mercado das Tortacas, está a Pastelaria Chaparral. O Notícias da Gandaia falou com o dono, Luís Fernandes, 73 anos, sobre as suas memórias do antigo mercado com vista a perceber de que forma esta nova programação está dinamizar, ou não, a zona. “Há 20 anos, quando aqui cheguei, o mercado ainda tinha muita vida, depois foi esvaziando até fechar. No fim, já só tinha uma peixeira de quintafeira a sábado, e uma senhora que vendia hortaliças e fruta, mas que depois teve de se mudar para o Feijó, porque aqui já sentia dificuldade. Eram as únicas, de resto não havia mais ninguém. A partir de 2010, o mercado foi decaindo, as pessoas foram desistindo.”

Andreia Gama

É na Avenida do Cristo Rei que se situa o Mercado das Torcatas, há quase seis décadas. Inaugurado em Novembro de 1961, como centro abastecedor, foi durante anos mercado tradicional e espaço incontornável na vida das gentes de Almada. Agora tem vindo a ganhar uma nova dimensão e diferentes propósitos, com a sua reabilitação e reabertura no final de 2018, e, actualmente, tem uma programação mensal com exposições, concertos e feiras… Valorizar a arquitetura de um edifício histórico, mantendo a sua identidade local e dando-lhe novos usos, foram os objectivos da Câmara Municipal de Almada aquando a requalificação do edifício, num investimento de 142 mil euros. Numa noite de sexta-feira, a contrariar os 10 graus de temperatura que se fazem sentir no exterior, a atmosfera no Mercado é bem mais quente. Após uma aula de forró dada pelo Espaço Baião, agora é altura dos participantes desfrutarem da dança e se deixarem contagiar pela música, ritmo e energia num baile de forro, que terá repetição no dia 20 de Dezembro. A ideia é que com a nova programação, o Mercado das Torcatas passe a ser um espaço

que envolve a comunidade em actividades para todos os gostos e idades e com entrada livre.

Ainda na rua, a voz de Francisca Salema já se fazia ouvir. A noite de sábado, dia 23 de Novembro, terminou com um concerto intimista de Sallim. Longe de estar casa cheia, o pouco público presente parecia sentir a música. A tarde já havia sido pautada por outras iniciativas como a Tertúlia Gerador – À conversa sobre Instagram e Terapias Artísticas, num conceito em que são convidados artistas conhecidos para darem “consultas” de Musicoterapia e Biblioterapia aos seus “pacientes”. No domingo, a programação integrou Contos para a Família, Mercado dos Ofícios com workshops e o Showccoking Comida Vegan.

Dia 7 de Dezembro acontece o Bazar Sustentável, um evento de consciencialização e educação ambiental que irá contar com o Mercado Sustentável, área destinada à venda de produtos que promovam um estilo de vida com zero desperdício ou com baixo impacto, produtos biológicos ou artesanais locais; palestras focando temas relacionados com a sustentabilidade; showcooking; oficinas para crianças; área de alimentação vegetariana/vegan e biológica e Swap Market - Mercado de Trocas de Vestuário e Livros. O Swap Market, que já se realizou no início de

Novembro, tem como base a reutilização e circulação de recursos existentes, promovendo um sentido de comunidade e de diminuição do consumo, através da troca de bens, com a condição destes estarem bom estado.

Embora o Mercado das Torcatas já não seja o tradicional mercado de frutas e legumes, esses também por aqui passam todas as semanas. A Fruta Feia é uma cooperativa que visa combater o desperdício de produção e alimentar, trabalhando directamente com os produtores da região, recolhendo nas suas hortas e pomares hortaliças e frutas que estes não conseguem escoar por razões estéticas. Essas frutas e legumes constituem estes cabazes que são entregues todas as terças-feiras a partir das cinco da tarde, mediante inscrição prévia. As Cestas da Bica, compostas por produtos da época, apanhados no próprio dia, são preparadas pela Associação Vale de Ácor e aqui distribuídos no mesmo dia. Situado numa das principais vias de acesso ao Cristo Rei, espera-se que o Mercado consiga também despertar a curiosidade de visitantes e turistas, mas principalmente a dos moradores do concelho, transformando-se num lugar de excelência para acolher iniciativas ligadas ao empreendedorismo e à promoção da economia local, atra-

vés de atividades dinamizadas com produtores, empresas ou projetos locais e regionais. Como, por exemplo, a terceira edição de “Almada Somos Nós”, que decorreu de 24 a 26 de Outubro. Uma iniciativa que contou com a participação de 38 parceiros da Rede Social de Almada, dando a conhecer o trabalho realizado por estas entidades, e onde estiveram presentes a vereadora da CMA com o pelouro da Intervenção Social, Teodolinda Silveira, e o vice-presidente, João Couvaneiro.

Os mercados antigos fazem parte da memória coletiva e este particularmente, visto situar-se numa parte mais antiga da cidade estava encerrado ao público desde Junho de 2018. Antes desta renovação, com que hoje se apresenta, teve o seu impacto na ro-

O dono da pastelaria admite que com a reabilitação do mercado não vê qualquer diferença de movimentação e que o comércio local não tem lucrado nada com esta transformação, “e se perguntar a opinião de outros comerciantes, todos lhe dão a mesma resposta: zero! Não veio trazer nada de novo. Os jovens metem-se lá dentro e é isso.” Na sua opinião, o financiamento que a CMA investiu nesta recuperação foi mal empregue e ainda acrescenta que “também nunca percebi porque é que o Camané veio cá cantar a uma praça sem condições nenhumas, quando Almada tem pelo menos três casas de espectáculos”, referindo-se ao concerto dado pelo músico em Junho, por ocasião das Festas de Almada.

A reabilitação deste mercado tradicional está incluída na estratégia de valorização do centro da cidade de Almada. Com o lema de que a criatividade está nas bancas, estão todos convidados a ir ao Mercado das Torcatas. ■

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Notícias da Gandaia DEZEMBRO 2019 | AGENDA 15

CONCERTO

AGENDA EM DEZEMBRO 2019 • REUNIÃO ABERTA – DIA 3 | GANDAIA CLUBE | 21:30H • TERTÚLIA POÉTICA DA GANDAIA – DIA 6 | GANDAIA CLUBE | 21:30H • CONFERÊNCIA DA UNIVERSIDADE POPULAR – DIA 10 | GANDAIA CLUBE | 21:30H "Intergeracionalidade: Ditos, mitos e conflitos" pela Prof.ª Doutora Maria Conceição Serrenho

• CONCERTO DE NATAL: MAGANO DIA 14 | AUDITÓRIO | 21:30H • RES PÚBLICA – DIA 17 | 21:30H | GANDAIA CLUBE "Um olhar sobre a Espanha" por CESÁRIO BORGA Com uma experiência comprovada como jornalista, em Portugal e no estrangeiro, em grandes meios de comunicação social portugueses, Cesário Borga, igualmente autor e guionista, vai trazer-nos a sua visão sobre o percurso histórico-político de Espanha, país onde trabalhou vários anos como correspondente de um canal da televisão.

• DOC ÀS SEXTAS – DIA 27 | 21:30H | GANDAIA CLUBE “Exit trough the gift shop” realizado por Banksy Praça da Liberdade, 17 A, 1º Costa de Caparica

AGENDA EM JANEIRO 2020 • TERTÚLIA POÉTICA DA GANDAIA – DIA 3 | GANDAIA CLUBE | 21:30H • REUNIÃO ABERTA – DIA 7 | GANDAIA CLUBE | 21:30H

Coro vai realizar concertos nas datas e locais seguintes: 7 DEZ - Proença-a-Nova, todo o dia 8 DEZ - Igreja da Cova da Piedade, 20h 14 DEZ - Igreja da Trafaria, 16h 5 JAN 2020 - Igreja da Monte, 16h

CINECLUBE

DEZEMBRO 5 – “DO CÉU CAIU UMA ESTRELA” – 1946 12 – “NATAL BRANCO” – 1954 19 – “O ESTRANHO MUNDO DE JACK” – 1993 26 – “UM NATAL SEM FIM” – 2013

• CONFERÊNCIA DA UNIVERSIDADE POPULAR – DIA 14 | GANDAIA CLUBE | 21:30H • DIVAS – Agora e Sempre (Versão Adaptada) – DIA 18 | AUDITÓRIO | 21:00H • RES PÚBLICA – DIA 21 | GANDAIA CLUBE | 21:30H "Sindicalismo - Presente e Futuro" Florival Lança, figura proeminente da estrutura sindical da CGTP-IN e seu responsável internacional, apresenta-nos a sua reflexão sobre as dificuldades e as perspectivas que se abrem para o futuro do sindicalismo. O surgimento de novos sindicatos vai, igualmente, merecer a sua atenção.

• 5º FESTIVAL DE FADO ERCÍLIA COSTA – DIA 25 E 26 | AUDITÓRIO | 21:30H e 16:00H

JANEIRO 2020 2 – Miss Daisy (Driving Miss Daisy, 1989) 9 – Os Condenados de Shawshank (1994) 16 - Máximo 10 unidades (2006) 23 – Invictus (2009) 30 – Bopha! Um Grito de Protesto (Realizador, 1993)

• LAL – DIA 28 | 21:30H | GANDAIA CLUBE Com o Livro “ Ouro, Prata e Silva” de Miguel Szymanski

Praça da Liberdade, 17 A, 1º Costa da Caparica (C.Comercial “O Pescador”)

• DOC ÀS SEXTAS – DIA 27 | 21:30H | GANDAIA CLUBE “Exit trough the gift shop” realizado por Banksy

A MAGIA DO NATAL ESTÁ AQUI!

CENTRO COMERCIAL “O PESCADOR” www.ccopescador.com

Praça da Liberdade, 17 - Costa da Caparica - Tel. 21 290 4054


apresenta

25 26 JANEIRO 2020

5º FESTIVAL DE FADO ERCÍLIA COSTA 25 SÁBADO, às 21:30

26 DOMINGO, às 16:00

HÉLDER MOUTINHO ADA DE CASTRO

MARIA ARMANDA ARTUR BATALHA

ANA MARGARIDA JOSÉ GEADAS MARTA ROSA

MAURA BUBA ESPINHO GUSTAVO

MÚSICOS: GUITARRA PORTUGUESA: Bruno Chaveiro VIOLA DE FADO: João Filipe VIOLA BAIXO: Fernando Nani RESERVAS: 914 416 875 programa@gandaia.info

Praça da Liberdade, 17-A - 1º andar Centro Comercial “O Pescador” Costa da Caparica


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