9ª Edição_Notícias da Gandaia_Outubro 2019

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Notícias da www.gandaia.pt

Registo n.º 126448 na ERC

CONCELHO DE ALMADA

Outubro 2019 — Bimestral — Ano 2 — N.º 9 — Diretor: Ricardo Salomão

PREÇO: 0,01€

HEROÍNA LOCAL Uma campeã europeia na Costa da Caparica pág. 2

TUK-TUK REPORTAGEM pág. 5 a 9

DESPORTO Nova dinâmica no Pescadores

ALMADA PARA VISITAS

pág. 4 e 5

CULTURA Quinzena da Dança pág. 10 e 11

CRÓNICA Luísa Costa Gomes

pág. 14


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HEROÍNA LOCAL | OUTUBRO 2019 Notícias da Gandaia

MAFALDA LOPES

MENINA DO MAR CAMPEÃ EUROPEIA

|Andreia Gama Mafalda Lopes é natural de Lisboa, mas parece ser no mar da Costa da Caparica que se sente em casa. No dia 15 de Setembro sagrou­se campeã europeia júnior da World Surf League (WSL). O mesmo título já havia sido conquistado para Portugal, em 2016 e 2017, por Teresa Bonvalot. Com 18 anos, a surfista já conta com um extenso currículo: campeã eu­ ropeia de sub­18 do Eurosurf, em 2016, vice­campeã europeia Sub­18 no Eurosurf, em 2018, segundo lugar na Liga Meo, no Porto, campeã Rookie Rippers (Surf Snowdonia), melhor júnior da Liga Meo e vencedora da edição de 2018 do Tiago Pires Award by ANSurfistas. Mas como nos conta nesta entrevista, ainda há muito mar para surfar.

És a nova campeã da Europa de surf na categoria de juniores. Que balanço fazes da tua prova nos Açores? Em relação à minha prova dos Açores fiquei muito contente com a minha prestação porque alcancei o meu objetivo para o qual traba­ lhei nestes dois últimos anos, que era ser campeã europeia no Pro Jú­ nior europeu.

Com esta conquista, garantiste o primeiro título europeu da tua car­ reira, assim como a presença no Mundial Júnior da categoria. Como tens gerido as emoções dos últi­ mos dias? A conquista deste título foi o al­ cançar de um sonho, mas apesar disso tenho que manter os pés as­ sentes na terra, porque o trabalho não acabou, apenas começou.

M. Graça S. Pinto SOC. DE MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA UNIP., LDA - AMI 14042

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Quais as tuas expectativas para o Mundial da categoria? As minhas expectativas para a final do Mundial júnior são alcançar o melhor resultado possível, em­ bora ainda não saiba as caracterís­ ticas da competição. Sei apenas que se irá realizar no Taiwan, nos fi­ nais do mês de Novembro, início de Dezembro. Preferes a pressão duma compe­ tição ou o prazer de um free surf? Ambas são emoções muito boas e uma completa a outra, sobretudo quando alcançarmos uma vitória no final da competição. Dentro de água, em cima da prancha, há espaço para medos? Dentro da água há sempre o re­ ceio e o respeito pelo mar e tam­ bém e pelo adversário. Com que idade começaste a pra­ ticar surf? Partiu de um desejo teu ou foste influenciada por alguém? Comecei a praticar surf com 11 anos de idade. A minha irmã iniciou­ se no surf primeiro, eu interessei­ me e decidi experimentar, desde aí não quis outra coisa. Onde costumas praticar? Prati­ cas todos os dias? Pratico essencialmente na Costa da Caparica e quando as condições não são as ideais vou com o meu treinador e a minha turma para ou­ tras praias, praticando geralmente quatro a cinco vezes por semana.

Sentes que te privas de muitos momentos típicos da adolescência em função dos treinos? Sim, sinto que me privo de alguns desses momentos mas são sacrifí­ cios que fazem parte da vida de um atleta que tem objetivos a atingir. Praticas mais algum desporto como complemento? Pratico outros desportos, ando de skate e faço exercício físico, mas com a carga horária das aulas é sempre complicado. O que mais te apaixona no surf? É um desporto que tem um grande contacto com a natureza e a sensação de liberdade que nos transmite é fantástica . Quais as tuas maiores referên­ cias nesta modalidade? As minhas maiores referências nacionais são o Tiago Pires e o Kikas, por terem trabalhado tanto e abdicado de muitas coisas para chegar onde queriam. A nível inter­ nacional admiro bastante o Griffin Colapinto, devido ao seu nível de surf e à sua atitude e personalidade. Que sustos maiores já apanhaste no mar? Nunca apanhei nenhum susto muito grande, mas já tive bastantes dias em que tive medo do mar, mas felizmente nunca me aconteceu nada de grave. Qual é a tua viagem de surf de sonho, aquela onde estão as

ondas mais desejadas? Sempre sonhei em ir às Maldivas pois é um sítio paradisíaco com água quente e ondas perfeitas! Já surfaste no Havai, na Indoné­ sia. Estas provas partem de um in­ vestimento pessoal ou tens sempre patrocínios e apoios a acompanharem­te? A minha viagem ao Havai deveu­ se ao prémio do Tiago Pires que me ofereceu o bilhete de ida e volta. (n.r. Como vencedora do Tiago Pires Award by ANSurfistas) Já a In­ donésia partiu do investimento pessoal. Os teus pais costumam acompa­ nhar­te nestas viagens? Nem sempre é possível os meus pais acompanharem­me em todas as viagens devido aos seus custos. A quem se está a iniciar agora nestas andanças, que conselhos dás? O mais importante num atleta é a capacidade de acreditar em si mesmo e querer ser melhor todos os dias. E nunca desistir, apesar de alguns momentos serem difíceis temos que aprender com os nossos erros. Como te imaginas daqui a dez anos? Gostaria de estar a viver do surf entre as melhores do mundo e é para isso que vou trabalhar. |

DIRETOR: Ricardo Salomão EDITOR: Rui Monteiro – Praça da Liberdade, n.º 17­A, 1.º andar – 2825­355 Costa da Caparica REDAÇÃO: Andreia Gama, Carla Pereira DIREÇÃO DE ARTE: Ausenda Coutinho COLABORADORES: Abel Pinto, António Zu­ zarte, Elizabete Gonçalves e Francisco Silva (Centro de Arqueologia de Almada), Fernando Barreiros, João Xavier, Luísa Costa Gomes, Maria da Conceição Serrenho, Reinaldo Ribeiro, Tiago Rocha, Victor Reis ESTATUTO EDITORIAL: http://gandaia.info/? page_id=5171 DEPARTAMENTO COMERCIAL: Ausenda Coutinho – Tlm: 968 050 744 – comercial@gandaia.info JORNAL NOTÍCIAS DA GANDAIA " Registo n.º 126448 na ERC. – PROPRIEDADE: Associação Gandaia MORADA E SEDE DA REDAÇÃO: Praça da Liberdade, n.º 17­A, 1º andar – Centro Comercial “O Pescador” – 2825­355 Costa da Caparica – NIPC: 510220169 SECRETARIA: Rua Vitorino José da Silva, n.º 18 – 2825­421 Costa de Caparica – Horário: 10:30 às 12:30 (exceto quartas­feiras: 16:00 – 19:00) CONTACTOS: Tlms. 914 416 875 / 967 582 737 – noticias@gandaia.info – www.gandaia.pt – PUBLICIDADE: comercial@gandaia.info – Tlm: 968 050 744 PERIODICIDADE: Bimestral TIRAGEM: 10.000 exemplares IMPRESSÃO: Gráfica Funchalense – Rua Capela Nª Srª da Conceição, n.º 50 Morelena – 2715­029 Pêro Pinheiro DEPÓSITO LEGAL: 436220/18 DISTRIBUIÇÃO: Preço: 0,01€


Notícias da Gandaia OUTUBRO 2019 | EDITORIAL

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AS MESMAS COISAS, OUTRO OLHAR O MAR OS MUDA-N TODOS OS DIAS |Ricardo Salomão

salvo exceções mais ou menos delimitadas, os valores vão permanecendo.

Todos sabem que estamos a viver uma crise, apesar de “crise” poder significar coi­ sas astronomicamente diferentes, como uma cena de ciúmes ou não ter o que comer. Ou as duas coisas. Ou ainda uma ja­ nela de oportunidade para a mudança… Apesar disso, todos sabemos que estamos a viver uma crise. As transformações extensas e profundas que estamos a viver nestas duas últimas dé­ cadas e que claramente se irão estender – e intensificar – nos próximos tempos impli­ cam a incapacidade de previsão, de planea­ mento. O futuro aparece opaco, difuso, com inúmeras possibilidades e variantes, sabendo nós, bem no íntimo, que provavel­ mente o que irá acontecer não é o que es­ távamos à espera. Daí a incerteza, o medo… Não há alter­ nativa? No próximo dia 6 de outubro vamos es­ colher uma nova Assembleia da República e daí surgirá um novo governo. O leque de opções é amplo e as eleições portuguesas são livres e pacíficas. As ameaças populistas e extremistas que vemos crescer por todo o lado também estão presentes em Portugal, apesar de embrionárias. Será inevitável que este tipo de movimentos ganhem expressão eleito­ ral e influenciem a governança? Esta vaga de personagens autoritários e em contra corrente do humanismo que pensávamos estar solidamente implantado, vai mesmo marcar a história do século XXI? Ou, pelo contrário, vai fazer crescer uma reação contrária e cimentar uma maior par­ ticipação dos cidadãos que recusam viver em sociedades xenófobas, homófobas, se­ xistas, etc.? Como tudo o que faz parte do mundo sensível – a Physis – a sua compreensão de­ pende da escala e do ponto de observação. Assim, se observarmos pela “lente” dos va­ lores, da moral, da ética, então as coisas não são assim tão diferentes, ou, pelo menos, continuam a fazer sentido pois,

Foi isso que sobrelevou da tentativa islan­ desa de reescrever a sua constituição na se­ quência da “Revolução dos Utensílios de Cozinha”, em 2009, onde, perante o desca­ labro da economia e da relação dos cida­ dãos com a política, os valores foram a bússola da assembleia preparatória for­ mada por cidadãos de todo o país – uma parte deles escolhidos aleatoriamente. Foram precisamente no plano dos valo­ res que Sampaio da Nóvoa sublinhou em 2012 numa entrevista à RTP antes ainda de se afirmar candidato: Humildade, Autentici­ dade, Respeito, Transparência… Foram as suas palavras no discurso de 10 de junho e nesta entrevista que o catapul­ taram para a campanha eleitoral ao mais alto cargo da nação. Palavras. De forma algo semelhante, quando Jorge Sampaio afirmou que “há vida para além do défice” chamou o país para a realidade da vida que continua, faça chuva ou faça sol. E se chovia na altura… Se pensarmos na nossa história de vida pessoal, vemos que os bens físicos desem­ penham o seu, imprescindível, papel. No entanto, não são responsáveis pela nossa felicidade. Muitos outros aspetos são fundamentais para o bem­estar, são essenciais para sen­ tirmos harmonia entre a nossa vida, a da nossa comunidade e o mundo em geral. Pelo contrário as mensagens de ódio e de medo, procuram dividir as comunidades em bons (os que votam em mim) e maus e pe­ rigosos (os outros), que constituem uma ameaça, que são responsáveis por tudo o que de mau vem, ou virá, ao mundo. Recordo que no calor de abril de 1974 Umberto Eco, questionado sobre a revolu­ ção portuguesa, recordou que em geogra­ fia revolução significa um movimento circular que regressa ao ponto de partida. |

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DESPORTO | OUTUBRO 2019 Notícias da Gandaia

GRUPO DESPORTIVO DOS PESCADORES APOSTA NA FORMAÇÃO |Carla Pereira

O Dia 7 de Setembro marcou o arranque oficial do Grupo Despor­ tivo dos Pescadores da Costa da Caparica para a época 2019/20, com a apresentação das várias equipas das diversas modalidades (futebol, futebol feminino, futebol de praia, halterofilismo e jiu­jitsu) aos associados. A formação é a grande aposta do clube, facto que foi confirmado pelos cerca de 300 jovens, em representação de 17 equipas, que estiveram no sinté­ tico dos Pescadores. O Grupo Desportivo dos Pesca­ dores recebeu recentemente, por parte da Federação Portuguesa de Futebol, o certificado de forma­ ção, facto que não deixa ninguém indiferente e premeia o trabalho desenvolvido pelos responsáveis directivos e técnicos do clube da Costa da Caparica e reforça a aposta incondicional neste sector. Relativamente aos séniores, a sua subida à 1ª Divisão Divisão Dis­ trital da Associação de Futebol de Setúbal foi um dos objectivos al­ cançados na época anterior. Agora é tempo de consolidar a posição da equipa neste escalão, pois as li­ mitações financeiras não permi­ tem, para já, pensar em outros voos. Apesar de o objectivo ser a manutenção na 1ª Divisão Distrital, o plantel dos Pescadores sofreu al­ gumas alterações com a entrada de cerca de 14 atletas no grupo de trabalho, sendo que alguns são provenientes das camadas jovens do clube. António Martins, líder do elenco directivo dos Pescadores, traçou as linhas mestras para a nova época, sendo que o dirigente rei­ tera os objectivos já definidos anteriormente quer a nível despor­ tivo como financeiro. Acompanhado pelo presidente da Junta de Freguesia da Costa da Caparica, José Ricardo, que fez

questão de estar presente no ar­ ranque do clube mais representa­ tivo da freguesia, o líder dos Pescadores foi taxativo no que ao futuro diz respeito: “a aposta do clube é na formação, onde temos cerca de 300 atletas, num total de 350 particantes. O clube está numa fase ascendente e o futuro passa exactamente pela aposta na formação e no trabalho com os jo­ vens. Eles são o futuro do clube.” Quanto à equipa sénior, António Martins sublinha que “a consolida­ ção na 1ª Divisão Distrital é a pala­ vra de ordem.”, pois, por ora, não existe orçamento para pensar em objectivos mais altos. A direcão

pretende alcançar a tão desejada estabilidade financeira, tendo aos poucos vindo a revitalizar o clube.

tudar e fazer os respectivos traba­ lhos de casa antes de iniciarem os treinos. Esta iniciativa é também uma forma de integração e apoio

à comunidade que envolve o clube e a freguesia da Costa da Caparica, onde o Grupo Desportivo dos Pes­ cadores é, sem dúvida alguma, o

Apoio escolar aos jovens Os clubes têm responsabilida­ des sociais que ultrapassam em muito a vertente desportiva. Os responsáveis pelos Pescadores cientes dessa sua função decidi­ ram criar um gabinete de apoio aos jovens jogadaores, por forma a que os estudos e o futebol este­ jam em sintonia. Assim, os jovens da formação poderão ter apoio es­ colar nos estudos, sendo que este gabinete funciona antes dos trei­ nos, ou seja, os jovens poderão es­

PONTARROLENSE E BENFICA NA APRESENTAÇÃO A apresentação dos Pescadores aos sócios foi assinalada com dois jogos frente ao Pontarrolense, no caso dos séniores, e o Benfica, no que aos veteranos diz respeito. A formação dos ex­jogadores foi a primeira a pisar o sintético, logo após o desfile dos mais de 300 atle­ tas. O encontro principal, que encerrou esta jornada, colocou frente a frente a formação principal dos Pescadores, que ascenderam à 1ª Divisão Distrital da Associação de Futebol de Setúbal, e a equipa do Pontarrolense (Torres Vedras).

HALTEROFILISMO À PROCURA DE UM NOVO ESPAÇO

A implementação do halterofi­ lismo no Grupo Desportivo dos Pescadores surgiu em 2015 por “carolice” do ex­federado João Guilherme. E a verdade é que esta modalidade tem alcançado exce­ lentes resultados a nível nacional, apesar de treinarem num espaço reduzido, isto é, no ginásio diri­ gido pelo antigo halterofilista. Face às limitações logisticas, João Guilherme tem desenvolvio contactos com a direcção lide­ rada por António Martins e ele­ mentos da Câmara Municipal de Almada, no sentido de ser en­

contrado um espaço onde a modalidade possa treinar e desenvolver­se de forma sustentada e funcional, o que até hora de fecho da nossa edição ainda não tinha sido possível. João Santos em de­ clarações ao Notícias da Gandaia es­ clareceu que o Halterofilismo apenas pretende “um espaço ade­ quado para poder treinar e desen­ volver a modalidade”. A história do halterofilismo dos Pescadores merece ser contada pela forma preserverante como o seu “mentor”, João Guilherme, jun­ tou um punhado de jovens e os levou a um lugar de destaque no pa­ norama nacional. O antigo pra­ ticante, que chegou a ser director­tecnico nacional na década de 1980 ­ tendo depois abandonado

a modalidade por divergências com a anterior direcção da Federação ­ conseguiu reunir e treinar alguns atletas, os quais estão na origem da modalidade no clube da Costa da Caparica. Na altura, em 2015, João Gui­ lherme – que decidiu regressar ao Halterofilismo volvidos 30 anos, por entender que a nova estrutura fede­ rativa da modalidade lhe merecia confiança – abordou o então presi­ dente em exercício e propôs­lhe que os atletas treinados por si pudessem representar os Pescadores, desafio que foi aceite pelo líder directivo, na condição da modalidade não depen­ der do clube para sobreviver. E a verdade é que desde então, o halterofilismo, a partir de 2017, e com uma nova direção do GDPCC, a

modalidade começou a ser apoiada financeiramente o que representou substancial ajuda para os atletas. Senão vejamos: Em termos colectivos a modali­ dade obteve em 2015, o 5º lugar no Campeonato Nacional; em 2016 foram 4º classificados; em 2017 foram 2º no Campeonto Na­ cioal e 3º na Taça de Portugal e em 2018 obtiveram o 3º lugar no Campeonato Nacional e vence­ ram o Campeonato Nacional fe­ minino. Mas os bons resultados foram também extensivos às camadas jovens, tendo já conquistado três campeonatos nacionais de masters (veteranos), dois cam­ peonatos nacionais de juvenis e um campeonato nacional de ju­ niores.


Notícias da Gandaia OUTUBRO 2019 | DESPORTO

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O CÉU É O LIMITE PARA ELAS Lara e Beatriz partilham a paixão pelo futebol, paixão essa que as levou de forma incondicional a abraçar o projecto lançado em 2018 pelos Pescadores, quando decidiram integrar o futebol femi­ nino no clube, o qual conta este ano com o patrocinio da Junta de Freguesia da Costa da Caparica. As duas adolescentes de 16 e 15 anos, respectivamente, são o es­ pelho do entusiasmo da equipa fe­ minina dos Pescadores. E nem o facto de terem de partilhar o rel­ vado sintético com os séniores masculinos durante os treinos as faz recuar. Aliás, para elas esta condicionante até é motivadora, pois assim podem “alargar” o seu jogo. O nosso jornal foi ao encontro destas duas jogadoras antes do primeiro treino da semana agen­ dado para as 21:30. Lara e Beatriz chegaram ao campo mais cedo e já equipadas, esperando na bancada que os outros jogadores acabas­ sem de treinar para que elas e as restantes companheiras pudes­ sem entrar em campo. O entu­ siasmo é grande e aumenta quando começamos a falar de fu­

a nossa guarda­redes se lesiona. Por isso, digamos que sou médio­ centro e... guarda­redes.”

tebol, dos seus ídolos e do que as motivou a optar pelo futebol femi­ nino dos Pescadores. Ambas con­ sideram que com esta iniciativa é expectável que mais raparigas pos­ sam vir a praticar futebol. Lara Xavier é lateral esquerda e admite que o facto de acompa­ nhar o irmão nos treinos a levou a optar pelo futebol feminino. A de­ fesa, que antes praticava hip­hop, está ciente que o facto de a Junta de Freguesia apoiar a equipa femi­ nina é uma motivação acrescida. “O apoio da Junta de Freguesia este ano é sinónino de que acredi­ tam em nós e isso é muito bom. Esta aposta pode trazer mais pes­ soas ao futebol feminino e pode levar­nos a outros patamares. Quando o clube decidiu criar a equipa de futebol feminino não tive dúvidas em vir. Já seguia o fu­ tebol, porque acompanhava o meu irmão que é júnior. Gosto de futebol e de jogar nos Pescado­ res.” Lara, que costuma assitir aos jogos do Sporting, em Alvalade, tem como ídolo Cristiano Ronaldo, mas admite que o jogador que mais aprecia, tendo em vista que

Quanto a referências, Lara, tal como a sua colega e amiga Beatriz, destaca Cristiano Ronaldo e João Mario. Em termos nacionais não tem “preferência por ninguém” e mesmo quando Beatriz lhe fala de Bruno Fernandes, Lara não parece muito convencida.

joga na sua posição, é o portista Alex Teles. “O Cristiano Ronaldo é o jogador que mais admiro, mas no campeonato português tenho de destacar Alex Teles. Apesar de ser sportinguista, gosto muito da forma de jogar do atleta do FC Porto.” Beatriz Brito tem uma história peculiar. A médio centro é neta de um antigo presidente dos Pescado­ res e foi, em parte, por influência do avó que começou a jogar fute­ bol. Aliás, Beatriz já representou o Benfica e o Belenenses, tendo jo­ gado em equipas mistas até aos 13

GESTÃO DE ESPAÇO O Grupo Desportivo dos Pescado­ res da Costa da Caparica é um dos muitos e bons exemplos, de como os clubes locais conseguem desenvol­ ver a formação sem... espaço. A ver­ dade é que os Pescadores têm cerca de 300 jovens, distribuidos por 17 equipas, já não contando com as equipas séniores masculina e femi­ nina e contam apenas com um ter­ reno sintético. Desde modo, a

gestão do espaço tem de ser quase perfeita para que todos possam trei­ nar, mesmo que isso implique a par­ tilha do sintético por duas equipas. Num país que detém o título de campeão europeu, a realidade nos clubes mais pequenos é na maioria das vezes penosa e só a superação dos seus dirigentes, técnico e atletas é que permite alcançar bons resulta­ dos e descobrir novos talentos.

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anos. “O meu avó, antigo presi­ dente do clube, foi talvez a pessoa que mais me influênciou. Ele sem­ pre disse que eu tinha jeito, me­ lhor técnica. Daí ter optado pelo futebol. Joguei no Benfica e Bele­ nenses em equipas mistas até aos 13 anos. Quando o Costa o ano passado criou a equipa feminina não tive dúvidas em vir para aqui. É bom jogar com rapazes, mas não se compara à equipa feminina." Beatriz, que habitualmente é médio, tem por vezes ocupado a baliza dos Pescadores... O que é mau sinal. “Isso acontece quando

A médio centro, benfiquista as­ sumida, costuma ir ao Estádio da Luz, mas confessa que gosta mais “de ver os jogos estrangeiros.”

Junta patrocina futebol feminino José Ricardo, presidente da Junta de Freguesia da Costa da Ca­ parica, já assumiu o patrocinio da Junta a equipa feminina dos Pesca­ dores para época de 2019/20. O au­ tarca destacou o relevante “papel dos Pescadores a nível desportivo e social na freguesia da Costa da Caparica”, salientando ainda o es­ forço feito pela direcção liderada por António Martins, relativa­ mente às finanças do clube. |


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ATUAL | OUTUBRO 2019 Notícias da Gandaia

OITO ALUNOS DE ALMADA NO ERASMUS+ |Abel Pinto Oito alunos finalistas da Escola Profissional de Almada (EPA), dos cursos profissionais de Técnico de Mecatrónica Automóvel e deTéc­ nico de Eletrónica, Automação e Comando, iniciaram no passado dia 2 de junho a sua participação no projeto Erasmus+. Alejandro Silva, Andreiv Vala­ dão, Iuri Peniche e Pedro Silva via­

jaram para La Vall D’Uixó, em Espa­ nha, e os restantes, Daniel Henri­ ques, Fernando Serrano, Gabriel Souza e Pedro Cunha, para Rimini, em Itália, onde permaneceram du­ rante oito semanas até regressa­ ram no dia 24 de julho. O projeto Erasmus+ possibilita que os alunos apliquem os conhe­ cimentos aprendidos ao longo do

curso e aprendam novas formas de trabalhar nas suas áreas de es­ tudos nas empresas que os aco­ lhem; além da experiência técnica, este projecto oferece aos alunos a possibilidade de conviver com as culturas e línguas locais, melho­ rando igualmente as suas compe­ tências linguísticas, sociais e laborais.

Os alunos que se deslocaram para La Vall D’Uixó foram acolhi­ dos pelas empresas Autocas­Mer­ cedes e Driver (o Alejandro, o Andreiv e o Pedro, finalistas do Curso Profissional de Técnico de Mecatrónica Automóvel) e Valle­ lectric (o Iuri, finalista do Curso Profissional de Técnico de Eletró­ nica, Automação e Comando). Em

Itália foram recebidos pelas em­ presas Silectra (o Pedro e o Daniel, fi­ nalistas do Curso Profissional de Técnico de Eletrónica, Automação e Comando), a Officina Canducci e a Officina Ellettrauto (o Fernando e o Gabriel, finalistas do Curso Pro­ fissional de Técnico de Mecatró­ nica Automóvel). Os oito jovens deixaram boa im­ pressão junto dos que os acompa­ nharam e usufruíram de todos os momentos que esta enriquece­ dora experiência lhes proporcio­ nou. Apesar de ter adorado a experiência, no regresso, Andreiv não escondia a sua melancolia: “Acabou! Infelizmente, acabou! Mas temos a dizer que toda a nossa experiência foi muito enri­ quecedora! Temos dentro de nós

outra visão do mundo. Durante quase dois meses vivemos uma cultura com a qual estamos encan­ tados. O acolhimento das pessoas foi aquilo que causou grande im­ pacto nas nossas vidas, conhece­ mos várias pessoas e agora sentimos que temos mais do que uma família. Trouxemos connosco muita saudade, pois tudo foi uma grande aprendizagem, conhecer a cultura e entendê­la fez com que nos sentíssemos parte desse povo. Tudo está gravado na nossa mente e no nosso coração, cada atitude, cada gesto, cada palavra de encorajamento…” Também Pedro Cunha realçou o crescimento pessoal que a expe­

riência em Itália lhe proporcionou: “trouxemos de volta um vasto conjunto de novos conhecimen­ tos práticos, a experiência de morar longe da família e as memó­ rias dos sítios maravilhosos e da cultura envolvente. Todas as ativi­ dades que realizámos prepara­ ram­nos para a vida futura de uma forma ou outra, desde coisas sim­ ples como lavar a roupa a coisas que exigem responsabilidade como ir para o trabalho todos os dias ou viajar sozinhos. É estranho voltar a casa. Muita coisa mudou aqui, bem como dentro de nós, mas graças a esta experiência vemos o mundo de forma dife­ rente.” Está então de para­ béns à EPA, pelo tra­ balho que tem vindo a desenvolver na for­ mação de jovens téc­ nico de que a indústria nacional está carenciada, e estão também de pa­ rabéns os jovens alu­ nos finalistas que souberam aproveitar da melhor forma esta experiência Interna­ cional e foram dignos representantes da sua escola e do seu País.|


Notícias da Gandaia OUTUBRO 2019 | REPORTAGEM

|Andreia Gama Numa altura em que a Câmara Mu­ nicipal de Lisboa se prepara para apresentar o novo regulamento para a circulação de veículos de animação turística, onde estão incluídos os quase 700 tuk­tuks a circular na capi­ tal, em Almada a dinâmica é bem di­ ferente e corre sobre rodas. No ponto de partida, antes de nos alinharmos num passeio diferente, es­ tivemos à conversa com dois condu­ tores, Anisabel Rocha Peixoto e Luís Teixeira. A simpatia é das característi­ cas mais apreciadas por quem faz tu­ rismo, e ambos parecem ter isso em conta. Anisabel, residente em Almada há cerca de nove anos, introduziu­se no mundo dos tuk­tuks em Lisboa, onde esteve um Verão que lhe bastou. Re­ solveu mudar de cena e foi pelas suas mãos que o primeiro tuk­tuk come­ çou a operar em Almada há cerca de quatro anos.

Luís Teixeira, condutor há ano e meio, trabalhava anteriormente na Uber, com o seu sócio Joaquim Cunha. Trocaram os automóveis por tuk­tuks, juntando­se assim a Anisabel na busca doutras rotas. Com eles tra­ balham mais dois colegas, todos com veículo próprio e sem vínculos com empresas. Têm a licença de motorista do RNAAT – Registo Nacional dos Agentes de Animação Turística, exi­ gida por lei. Este Verão, aos cinco tuk­ tuks almadenses, associou­se um buggy. As pessoas, que podem ser apanha­ das em qualquer local, abordam­nos, discutem­se destinos e preços, e dá­se inicio à viagem. Embora todos acedam aos percursos solicitados pelos clien­ tes, por vezes as voltas também as­ sentam nas especificidades de cada tuk­tuk, com diferentes características como o número de lugares, seis, qua­ tro ou dois, ou a potência. Anisabel Peixoto mostra­nos um cartaz, “No meu roteiro, tenho estes percursos definidos, Almada Velha,

Ao atravessar o Tejo de cacilheiro e sair na estação da Transtejo em Cacilhas, os turistas têm três destinos principais: o Ginjal, a Rua Cândido dos Reis e a viagem num dos tuk-tuks que ali os esperam. A maior partes das vezes que escolhem a última opção têm uma ideia definida: o Cristo Rei, ex-libris da cidade.

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REPORTAGEM | OUTUBRO 2019 Notícias da Gandaia

Miradouro dos Capuchos e as vilas piscatórias da Trafaria e Cova do Vapor. Todos eles incluem a visita ao Cristo Rei porque a maior parte das pessoas vem por isso. Em Al­ mada Velha, vou até à Casa da Cerca, tem o jardim botânico, ao miradouro do Castelo de Almada e o miradouro do elevador do Gin­ jal”. Luís Teixeira concorda que o Cristo Rei é de facto o destino mais solicitado, “depois quando alguém procura ‘mas o que é que há mais para ver?’, então aí elaboramos um percurso e mostramos às pessoas o que é que eventualmente pode­ mos oferecer segundo a disponibi­ lidade delas, e consoante a vontade do cliente logo estabele­ cemos tempo e preço.” Na mais alta atração turística, onde o interesse é o subir de ele­ vador e apreciar a vista para o Tejo e Lisboa, os condutores limitam­se a deixar os passageiros. Noutros pontos de interesse procuram dar uma breve contextualização. Luís Teixeira, que se considera pratica­ mente filho de Almada, acredita que a sua experiência pessoal assim como “os conhecimentos que temos da própria história da cidade contêm informação sufi­ ciente para os interessar.” Estes operadores consideram­se impulsionadores do turismo na re­ gião, valorizando o que esta tem de melhor. Segundo Teixeira, “se calhar somos de momento a classe mais dinamizadora no concelho.” E não poucas vezes incentivam o comércio local, pois “outra da divulgação que fazemos é encami­ nhar os turistas para os restauran­ tes, sem lucrar com isso, e algo que nos deixa bastante satisfeitos é quando ainda vêm ter connosco depois de almoçar a agradecer­ nos.” Quem também reforça a impor­ tância dos tuk­tuks é a sua colega, não só como meio de transporte

Para ninguém esquecer, o Notícias da Gandaia apresenta uma breve lista daqueles que integram

Santuário Nacional de Cristo Rei

Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea

Elevador da Boca do Vento e Miradouro Luís de Queiroz

Castelo de Almada e Jardim do Castelo

Construído em cumprimento da promessa de salvar Portugal da II Guerra Mundial, foi inaugurado em 1959. O monumento do Cristo Rei ergue­se a 113 metros de altitude, oferecendo uma vista panorâmica de 360 graus sobre as duas margens do rio Tejo e arredores.

A Casa da Cerca é o local ideal para visitar exposições, passear no seu magnífico jardim ou ficar, simplesmente deslumbrado com a soberba vista sobre o rio Tejo e a cidade de Lisboa. O Jardim Botânico Chão das Artes, nos terrenos envolventes, permite conhecer um pouco mais sobre a ligação entre a botânica e as artes.

Inaugurado em 2000, o elevador panorâmico faz a ligação entre o Jardim do Rio e o núcleo histórico de Almada Velha, oferecendo um desnível de 50 metros. O Miradouro da Boca do Vento, como é conhecido, é um local digno de visita pela vista panorâmica que oferece.

Construído estrategicamente no topo da falésia, o Castelo de Almada, que remonta provavel­ mente à época do domínio árabe, foi alvo de sucessivas recons­ truções. O Jardim do Castelo é um dos mais agradáveis miradouros sobre o Tejo e Lisboa.

mas principalmente como meio de comunicação e interação, “há es­ trangeiros que fazem muitas per­ guntas, gostam de saber, inclusive sobre o imobiliário, muitos tam­ bém já procuram casa deste lado, dada a proximidade com Lisboa, e tentam saber um pouco mais.” Quando questionados quanto às origens mais comuns entre os seus clientes, Luís Teixeira graceja, “na­ cionalidades é as que aparecerem, a gente leva­os a todos!” Anisabel Peixoto admite fazer uma espécie de estatística e tira conclusões “pelo que tenho visto, os france­ ses e alemães vêm em maioria. A partir daí é muito semelhante, desde ingleses, indonésios, es­ panhóis, norte­americanos, sul­ americanos”. Luís Teixeira, que relaciona o boom de turistas fran­ ceses com o atentado de Nice de 2016, lembra que a procura tam­ bém tem a ver com os pacotes de turismo que as agências oferecem, “por exemplo temos semanas em que aparecem uma série de italia­

nos, depois na outra finlandeses.” Há quem seja da opinião que os tuk­tuks vieram massificar o tu­ rismo de forma negativa, tendo em conta a experiência que se vive em Lisboa. “Nós próprios sofre­ mos isso, muitos vêm já com uma pré­disposição em relação ao tuk­ tuk aqui e nem nos ouvem se­ quer”, admite Luís. No entanto, lembra que em Almada não há ra­ zões para isso, “primeiro porque não há muitos tuk­tuks, depois porque os que exercem aqui dão­ se todos bem, é a mais­valia. Res­ peitamo­nos e pelo facto de sermos poucos, a amizade que existe por vezes até facilita na an­ gariação dos próprios clientes, é de salutar de facto o bom conví­ vio.” Nesta Margem Sul do Tejo, as disputas de passageiros pelos con­ dutores e confrontos desagradá­ veis entre tuk­tuks, são apenas histórias que se ouvem. “Somos poucos e a zona não permite mais

do que isto, de vez em quando já têm aparecido outros mas depois vão­se embora porque isto não dá para mais em termos de procura. De facto, se começassem a surgir, tornava­se um bocado problemá­ tico e acabava por não dar nem para uns nem para outros.” O con­ dutor não teme concorrência pois nem vê espaço para tal, “Eu penso que se algum dia houver uma alte­ ração em Lisboa que os afaste de lá, alguns operadores de tuk­tuks podem aparecer aqui mas penso que vai ser um período de adapta­ ção até perceberem que de facto não lhes compensa.” Com tudo a decorrer dentro da norma, Luís Teixeira reconhece “uma boa aceitação da parte da polícia, que nos dá algumas rédeas para operar e assim torna­se mais fácil trabalhar.” Para si, “a única li­ mitação e que não está bem defi­ nida é que a lei do Código da Estrada, diz que podemos atraves­ sar a Ponte 25 de Abril, mas a polí­ cia não nos permite fazê­lo nem

passar na via rápida da Costa, com base na sinalização existente que proíbe os triciclos.” A sua colega de estrada completa a ideia “os tri­ ciclos com mais de 50 cm3 e que atinjam uma velocidade superior a 60 quilómetros por hora, onde estão incluídos os tuk­tuks, já podem utilizar a ponte, que se rege pelas leis da autoestrada, só que as autoridades guiam­se pelo sinal. A lei é contraditória.” Quem se aventurar, arrisca uma multa de 25 euros, como já aconteceu a Luís Teixeira, “ultimamente devem ter tido diretrizes nesse sentido, e não só nos multam como nos obrigam a sair de reboque”. Embora os tuk­tuks eléctricos te­ nham vantagens como evitar a po­ luição sonora e ambiental, aqui a “frota” ainda é a combustão. Luís Teixeira explica que “em Almada, não é viável o tuk­tuk elétrico, porque como a maior parte das viagens é a subir, direção Cacilhas­ Cristo Rei, e este não tem autono­ mia para ficar a funcionar o dia


Notícias da Gandaia OUTUBRO 2019 | REPORTAGEM todo.” Aproveita para reforçar a ideia de que o veículo em si “é seguro em­ bora não pareça, nós conseguimos des­ viar­nos de obstáculos com mais rapidez do que um carro”, e ainda brinca, “como o tuk­tuk treme por todos os lados, acaba quase por ser um carrossel para o cliente!” São mais controversos hoje do que quando apareceram, mas ainda há quem ache muita graça aos tuk­tuks, como o confirmam os pedidos insólitos para dois casamentos e um baptizado feitos a Anisabel, “levei os dois noivos, apanhei­os da igreja até ao local onde era o copo de água.” Também já Tei­ xeira teve de embelezar o seu triciclo para o mesmo tipo de ocasião. Sendo no Verão o auge da procura deste veículo turístico, ambos os condu­ tores se sustentam com esta fonte de rendimento o ano inteiro. Anisabel Pei­

o roteiro turístico dos tuk-tuks.

Convento dos Capuchos A simplicidade e o despojamento do edifício reflectem os princípios dos frades franciscanos, para quem este local de culto foi construído no século XVI. De destacar ainda os seus belos jardins, assim como o miradouro, do qual se tem uma vista privilegiada da Costa de Caparica, Lisboa, Serra de Sintra, o Cabo Espichel, a Torre de São Julião, o Bugio e a Baía de Cascais.

xoto, de 64 anos, diz já estar “numa certa idade a caminho da reforma”, já Luís Teixeira “agradece” à meteorolo­ gia que lhes facilita a vida, “felizmente o tempo, assim como o turismo, têm­ nos permitido aguentarmos o resto do ano, obviamente que na época no Outono/Inverno a procura decresce

9

imenso, mas a qualidade do turista tam­ bém começa a melhorar. Curiosamente conseguimos levar clientes mesmo a chover, além disso os tuks também têm capas”. A Câmara Municipal de Almada tam­ bém parece estar atenta a estes anima­ dores de turismo, como conta Luís Teixeira, “tivemos, em Julho, uma reu­ nião com a CMA, por iniciativa do vice­ presidente João Couvaneiro. Foram muito solícitos na procura de saber o que é esperávamos deles e disponibili­ zaram­se para o que pudessem ajudar dentro das suas possibilidades, como eventualmente um letreiro e sinalização de apoio.” Não é difícil adivinhar o que mais os motiva nesta profissão. Para Anisabel Peixoto, que trabalhou muito tempo em escritório, é “o facto de andar na rua e o contacto com as diferentes pes­ soas. É muito giro falar com elas, cada um tem a sua opinião”. O mesmo valoriza o colega, ”é a rela­ ção essencialmente. Pode parecer impossível num período tão pe­ queno que é uma viagem lá acima e voltar, estamos a falar de um conví­ vio de 45 minutos, no máximo uma hora, mas consegue­se criar uma relação de amizade com algumas pessoas. Deixam o contacto, conti­ nuam­se a mandar mensagens e fo­ tografias pelo Whatsapp.” Regra geral, quem procura uma viagem de tuk­tuk está de bem com a vida, em férias ou simplesmente a passear, por isso nunca tiveram queixas dos seus passageiros. “Eventualmente alguns poderão ficar um bocadinho descontentes por não haver assim muito mais para mostrar, mas encarregamo­ nos de os fazer ficar contentes”, re­ conhece Luís. Lembra, no entanto, que na cidade existem mais locais dignos de ser partilhados, como o Lavadouro Público, “um tanque co­ munitário de lavar roupa em Al­ mada Velha que está fechado e devia ser aberto, pois passam ali turis­ tas todos os dias e era interessante de mostrar. O Castelo de Almada, que per­ tence à GNR, devia ser restituído à ci­ dade”, de forma a promover mais a sua história. E falam ainda das ruínas fení­ cias, na Quinta de Almaraz, onde nasce Almada. |

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Shaping the future


10 CULTURA | OUTUBRO 2019 Notícias da Gandaia vários exemplos pela Europa fora, como acontece em Leão, na França, onde em 1980 foi fundada a Maison de la Danse, e na qual, dois anos depois, Paulo Ribeiro co­ meçou a ser “perseguido” pela ideia de criar em Portugal uma es­ trutura que, como aquela onde es­ tagiava, desse oportunidades a quem começa, ao mesmo tempo sendo um espaço de experimenta­ ção para os mais habituados ao palco e lugar de interacção entre as várias expressões artísticas da dança… Enfim, se tudo correr bem ao bailarino e coreógrafo (ex­ director quer do extinto Ballet Gul­ benkian como da Companhia Nacional do Bailado), será a partir de Almada que se po­ derá desenvolver um projecto capaz de pôr as criações portuguesas na rede, refor­ çando a ligação com estruturas semelhan­ tes, tal como aconteceu em França, diz Ribeiro, onde a Maison de la Danse “deu di­ nâmica à cidade, ao país e fez nascer outras casas da dança.”

DANÇA TEM CASA

EM ALMADA

Foi num sábado, a meio de Setembro, depois de meses de preparação e uma pequena controvérsia, que a Casa da Dança de Almada iniciou a sua programação no palco do Tea­ tro Municipal Joaquim Benite. Com a apresentação de Pa­ rece que o Mundo, coreografia de Clara Andermatt com o mú­ sico e compositor João Lucas, o projecto da Companhia Paulo Ribeiro e da Câmara Municipal de Almada, instalado proviso­ riamente na Casa da Juventude – Ponto de Encontro, em Caci­ lhas, começou a tornar pública a sua intenção de “promover a dança” com a “ambição de [a partir da Margem Sul] se tornar um projecto de escala nacio­ nal”, como afirmou Inês de Me­ deiros em conferência de imprensa. Já para o coreógrafo Paulo Ribeiro, a Casa da Dança é uma “vontade” que “perse­ gue há anos e anos”, sendo, na sua opinião, o que falta para dar

dimensão à dança em Portugal, que tem sido vítima de “grandes atentados, porque nunca cresceu muito em relação aos apoios da tutela” e as companhias existen­ tes “nunca se puderam autono­ mizar.” O Ponto de Encontro, sabe­se já, não será a residência definitiva deste “projecto dos criadores e dos artistas”, com or­ çamento da ordem dos 120 mil euros, conforme afirmou a presi­ dente da Câmara, acrescentando estarem em estudo duas localiza­ ções para construir “uma Casa da

Dança de raiz, que se ‘concilie’ com uma Casa da Juventude.” Uma das possibilida­ des é a conjugação deste edifício com o projecto do Ginjal. Outra hipótese, “nego­ ciada com o promotor do projecto”, é “in­ cluir um espaço junto ao Almaraz”, mas a questão “mais complicada – diz a autarca – é o entendimento com as instâncias nacio­ nais, porque uma coisa é construir, e outra é garantir a continuidade” para além deste primeiro ano. A Casa da Dança, conforme foi apresen­ tada, é um espaço de pesquisa, um pro­ jecto inédito em Portugal, porém com

Depois de Parece que o Mundo e das apresentações, em parceria com a 27.ª Quinzena da Dança de Almada, dos portu­ gueses Jonas & Lander, com Adorabilis, e dos polacos Polish Dance Theatre, com The Harvest, uma peça sobre a natu­ reza e a vida humana, em Outu­ bro estreia­se a peça de substância desta primeira programação da Casa da Dança. Entre 26 de Outubro e 30 de Novembro, no Fórum Municipal Romeu Correia, pelas 21:30, Paulo Ribeiro apresenta Memórias de Pedra. Tempo Caído, “reflexão sobre o ima­ ginário português, construída a partir da sua diversidade”, coreografia criada em 1998, para a inauguração do Teatro Viriato, em Viseu, sede da Companhia Paulo Ri­ beiro. Destaque merece também a instala­ ção Box 2.0, de António Cabrita e São Castro, presente no Fórum Municipal, entre 26 de Outubro a 30 de Novembro, que reproduz, em holograma, improvisa­ ções dos coreógrafos Clara Andermatt, Olga Roriz, Paulo Ribeiro e Rui Horta. | RM

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Notícias da Gandaia OUTUBRO 2019 | CULTURA 11

QUINZENA DA DANÇA – INTERNATIONAL DANCE FESTIVAL

FESTA DO MOVIMENTO Começou já há uns dias, e logo com TTTTTT (isto é: Time Takes the Time Time Takes), uma “reflexão sobre o tempo” criada pela GN/MC, companhia vinda de Espanha, dirigida pelo libanês Guy Nader e pela catalã Maria Campos. Mas até 10 de Outubro ainda há muito para ver da programação da Quinzena da Dança – International Dance Festival, pela 27ª vez organizada pela Companhia de Dança de Almada, que decorre na Academia Alma­ dense – Auditório Osvaldo Azinheira, Teatro Municipal Joaquim Benite, Audi­ tório Municipal Fernando Lopes­Graça (Fórum Romeu Correia), Casa da Cerca – Centro de Arte Contemporânea e Forum Almada. Com a vontade de oferecer ao público “o melhor que se faz pelo mundo em dança contemporânea”, o festival inclui, além dos espectáculos de dança propria­ mente ditos, um conjunto de actividades relacionadas. Como são o caso das ofici­ nas, exposições e encontros, sem esque­ cer o programa de vídeo­dança (a decorrer em Lisboa, no Instituto Cervan­ tes, na Escola Superior de Dança e na Fa­

G as tr on om ia

restaurantes PUB.

culdade de Motricidade Humana), ou a Plata­ forma Coreográfica Internacional, que, entre 3 e 6 de Outubro, apresenta 28 trabalhos de vários países, como Portugal, Itália, Coreia do Sul, Alemanha, Israel, Estados Unidos da América, Colômbia, Suíça, Taiwan, Polónia, Eslováquia e Brasil, seleccionados entre mais de 300 propostas, e com uma sessão de des­ taque especial para a dança provinda de Es­ panha. Entre as companhias estrangeiras presen­ tes no festival destaque natural para as apre­ sentações de The Harvest, peça sobre a natureza e a vida humana, “conceptualizada a partir de um ponto de vista etnográfico, an­ tropológico e filosófico”, ou a companhia da coreógrafa mexicana Sunny Savoy, pondo em cena dois trabalhos sobre a “percepção hu­ mana ao longo dos anos.” Sem esquecer a Companhia de Dança Contemporânea de An­ gola, que vem dar a conhecer a “alma afri­ cana sob a forma de dança contemporânea”; a prestação dos portugueses Jonas & Lander, com Adorabilis, e, outra vez de Espanha, mas desta vez com espectáculo dirigido a crianças e famílias, o jovem grupo EmbalArte com De Lés a Lés Saberás Quem És. | RM

Toda a informação sobre a 27ª Quinzena da Dança – International Dance Festival em http://quinzenadedancadealmada.cdanca­almada.pt/

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12 ATUAL | OUTUBRO 2019 Notícias da Gandaia

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS VER O FUTURO A OLHAR PARA O PASSADO Variação das vot ações por part ido (em %)

Vot ações(K=mil) e percent agem do t ot al (em %) 201 5

201 1

2009

201 5

32K 37 %

25K 29%

32K 37 %

1 4K 1 7%

24K 29%

11K 1 3%

1K 6%

2K 2%

2002

PS

PS

28%

PAN

27 % -4%

PCP-PEV PPD/PSD CDS-PP

1 5K 1 8%

6K 7%

11K 1 3%

201 1 1K 3%

-38%

PPD/PSD

48% 35%

CDS-PP

1K 2%

3%

Out . Part idos -2%

PCP-PEV 1 7K 1 9%

1 5K 1 8%

PS 1 2K 1 4%

8K 9%

-22% -50%

B.E.

1K 3%

PAN 2009

56%

CDS-PP

37 %

Out . Part idos 1 7K 1 8%

35K 41 %

80%

Out . Part idos

22K 26%

41 K 45% 2005

85%

B.E.

1 6K 1 8%

1 0K 11%

22%

B.E. 5K 6%

-1 %

PPD/PSD

1K 2%

-5%

PCP-PEV

-22%

PS 23K 27 %

1 6K 1 8%

PPD/PSD PCP-PEV

Estamos prestes a realizar um dos atos fundamentais – mas não único – da vivência democrática, neste caso, as eleições para a Assembleia da República. Parece interes­ sante olhar para os resultados destas eleições em Almada no passado recente, neste caso, desde as eleições em 2002 até às últimas, em 2015. Como é sabido, neste pro­ cesso eleitoral os candidatos são organizados por distrito, pelo que os resultados eleito­ rais a nível concelhio não es­ tão diretamente vinculados à representação parlamentar. No entanto, continuam a ser dados objetivos que per­ mitem uma compreensão das escolhas dos eleitores do con­ celho e um contributo para a sua caracterização. Desde logo ressalta a evi­ dência de uma maioria cons­

2005 5K 5%

6K 7%

B.E.

CDS-PP

29%

Out . Part idos

1K 2% Out . Part idos

1 08%

B.E. 1 7%

PS PAN

tante do PS no concelho desde 2002 nas eleições para a Assem­ bleia. Mas não nas Autárquicas, como é sabido. Mesmo no seu pico mais baixo, em 2011, em que obtém 24.833 votos, ainda assim mais do que os 24.433 votos de Paços Coelho que iria formar governo com o CDS de Paulo Portas, que obteve em Almada nesse ano o seu má­ ximo histórico de 10.950 votos. Nem mesmo em 2002, o ano de Durão Barroso, o PSD e o CDS obtiveram tão bons resultados no concelho. Mas quem perdeu? O PS estava então em queda, pela segunda vez, no consulado de José Sócra­ tes. Obteve o máximo de 40.894 em 2005, para a sua primeira maioria absoluta e depois disso, uma queda de 22% em 2009 e ou­ tra igual em 2011. Em 2015, já com António Costa, recupera os resul­ tados de 2009. A questão, claro,

PPD/PSD CDS-PP

5%

PCP-PEV -1 3%

CDS-PP

-29%

PPD/PSD

é saber se recupera os resultados que deram a maioria absoluta em 2005… Curiosamente, os resultados das eleições de 2011 registam como o maior perdedor, em ter­ mos percentuais, o Bloco de Es­ querda, que perde 50% dos seus eleitores. No total, PSD e CDS, em 2011 ganham 10.727 eleitores. No en­ tanto, PS e BE perdem em con­ junto 11.689 votos. É aqui que surge o PAN, com 1.467 votos e um salto nos votos brancos e nu­ los… Mantendo uma perspetiva pa­ norâmica, é interessante registar a evidência do crescimento de “outros partidos”, nos gráficos com uma categoria coletiva, além do PAN, tratado isolada­ mente nos gráficos. Assim, observa­se um cresci­ mento contínuo gradual de votos em partidos não representados

Evolução da part icipação eleit oral (K=mil) 1 50K 1 49K Recenseados

89K Vot ant es

1 00K

86K Válidos 60K Abst enção

50K

0K 2002

2005

no Parlamento desde 2002. Po­ rém, importa recordar que o Bloco de Esquerda tinha concor­ rido pela primeira vez apenas nas eleições anteriores. Antes, os

2009

201 1

201 5

partidos que o formaram, tam­ bém eram “outros”. Este dinamismo tem um crescimento mais ou menos contínuo até ao surgimento do


Notícias da Gandaia OUTUBRO 2019 | ATUAL 13

EM ALMADA Válidos e abst enção 1 50K

1 20K 85 804 58% Válidos

90K

60K 60 348 41 % Abst enção

30K

0K 2002

2005

2009

201 1

201 5

Brancos e nulos (k= mil e em %) 3000

2500

1 500

1 323 1 3% Nulos

1 000

500

0 2002

2005

2009

PAN, em 2011, para depois obser­ varem, ambos, um crescimento muito significativo em 2015 (com o Bloco de Esquerda a reganhar as perdas de 2011 e a subir mais de 85%), quer do PAN que elegeu um deputado, quer do conjunto “outros”, que recupera o atraso. Na mesma ocasião em que a aliança PSD e CDS perde 13.440 votos. Ao longo destas duas décadas, em Almada, a CDU tem um resul­ tado mais ou menos estabilizado

201 1

201 5

pouco acima dos 15 mil votos, um pouco mais em 2005, um pouco menos em 2015. Neste caso, resta sempre a questão se nestas eleições ire­ mos ver uma recuperação ou, pelo contrário, a tendência de 2015 se irá manter. A verdade é que pouco depois, nas autárqui­ cas de 2017, perdia a câmara de Almada. | Manuel Torres Ricardo Salomão

Fonte: SGMAI ­ Secretaria Geral da Administração Interna ­ www.sg.mai.gov.pt

A IMPRENSA NÃO MORREU

2000

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1 47 9 1 5% Brancos


14 CRÓNICA | OUTUBRO 2019 Notícias da Gandaia

NÓS E A NOSSA ÉPOCA COMÉDIA

A PESSOA E A PERSONALIZAÇÃO |Luísa Costa Gomes Ainda sou do tempo em que passávamos grande parte da nossa vida online a eliminar do computador os cookies e os fi­ cheiros temporários. Para os mais antigos que ainda estão co­ migo aqui nesta frase, um coo­ kie é um registo da identidade do computador no website visi­ tado, que permite recolher os dados voluntariamente forneci­ dos pelo utilizador em troca de serviços gratuitos online como as pesquisas e os anúncios. Al­ guns cookies, diz o site da BBC, podem ser mais sofisticados, re­ gistando quanto tempo se passa em cada página, em que links se

clica, até as preferências do uti­ lizador relativas à cor e layout das páginas. Todos estes dados podem ser vendidos a empresas ou instituições e usados de forma sistemática na criação de “bolhas­do­filtro”, que fecham o utilizador no seu próprio mundo de consumos, fantasias, desejos, crenças, crendices, su­ perstições, convicções, prefe­ rências e opiniões, privilegiando o hábito e a semelhança e mos­ trando­lhe exclusivamente o que ele quer ver: reconfirmando o que ele julga saber e forma­ tando assim a realidade exterior de modo a parecer­se cada vez mais com um sonho ou um pe­ sadelo do seu próprio espírito. A quase totalidade das inimagi­ náveis fortunas de empresas como a Google ou a Facebook provêm desta transacção entre o que o algoritmo acha que que­ remos ver e o que nos querem

vender. Chegaram enfim ao seu momento de obsolescência os velhos informadores humanos, os espiões encartados ou desen­ cartados como os vizinhos ou os empregados domésticos. É a pri­ meira vez, ao que se saiba, na História do Mundo, que as pes­ soas comuns oferecem a uma larga plateia de desconhecidos imagens, opiniões, rasgos de sentimento, indignações mo­ mentâneas e toda uma panóplia de dados que depois são reco­ lhidos, estatisticamente trata­ dos e vendidos aos anunciantes. O “indivíduo” histórico, reinante desde finais do século XVIII, dá

a vez ao “divíduo”, um monte de “dados­sombra” constituído por pedacitos e bocaditos de in­ formação distribuídos por mas­ sas, amostras, mercados e ban­ cos de dados. Fez­se algum barulho a propósito desta inva­ são da privacidade, sobretudo depois do escândalo da Cam­ bridge Analytica et al., as em­ presas congeminaram um estra­ tagema simples – “este site utiliza cookies, ou quer, ou não entra” – e ficou tudo mais claro do que dantes. A Web funciona assim e é assim que funciona – não há pesquisas grátis e a venda de dados tornou­se a moeda corrente da rede. Esse momento da História recente em que eliminávamos os coo­ kies e o histórico das pesquisas para não corrermos o risco de sermos alvo de anúncios, perse­ guidos ou indevidamente vigia­ dos online, ou por pura e sim­

plesmente acharmos que temos o direito à privacidade, deu lugar a uma cultura do exibicionismo do eu de múltiplas causas e ori­ gens. A “personalização” dos serviços, iniciada pela Google em 2009, permite­lhe por exem­ plo “capturar os dados dos uti­ lizadores e os seus registos, as histórias que postam e adaptar pesquisas prévias a resultados de pesquisa em tempo real, mesmo que não se esteja ligado a uma conta da Google. Este en­ viesamento do motor de pes­ quisa retém os dados do utiliza­ dor como algoritmos que extraem, reúnem, filtram e mo­ nitorizam o nosso comporta­ mento online, oferecendo su­ gestões para pedidos de pesquisa subsequentes. Em troca dos nossos dados recebe­ mos publicidade feita por me­ dida, fazendo com que tudo se ajuste bem, e tornando­nos pro­ dutos para os anunciantes”. A “personalização” acaba por ser o contrário da “pessoa”, que não é vista na sua possível sin­ gularidade, mas como uma fonte de dados que apaga jus­ tamente a sua individualidade como um todo integrado e di­ nâmico. Tenho, no entanto, al­ gum pejo em lutar por um di­ reito à privacidade do indivíduo, que a grande maioria dos meus contemporâneos parece ter en­ jeitado ao viver na absoluta de­ negação da realidade da sua vida online. Argumentos co­ muns são, “eu não vou ao Fa­ cebook”, ou “sou uma pessoa séria e não tenho nada a escon­ der”. A verdade é que o que nos dá jeito pode não ser o melhor para nós, e acomodarmo­nos ao estado das coisas pode ter con­ sequências a médio prazo. Ainda não nos apareceu ne­ nhum Trump, nenhum Bolso­ naro, nenhum Boris Johnson. Mas vêm aí surpresas. E fingir, à direita ou à esquerda, que elas não têm nada a ver connosco, pode ser confortável, mas não é seguramente sensato. |

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Notícias da Gandaia OUTUBRO 2019 | AGENDA 15

TEATRO | CONCERTOS

NOVOS CURSOS OFICINA DE ESCRITA CRIATIVA Dra. Esperança Cadima 20€ sócios – 25€ não sócios 90 min/semana 3ª feira 19:00 – 20:30 ou 2ª feira 11:00 – 12:30 OFICINA DA LÍNGUA Prof. Doutor Ricardo Salomão Curso de Cultura Geral INTRODUÇÃO AO WORD, EXCEL E POWERPOINT Obrigatório trazer computador LITERATURA DE CORDEL Jairo Mozart 20€ sócios – 25€ não sócios OFICINA DE ROBERTOS Construção e Manipulação 20€ sócios – 25€ não sócios Informações e inscrições: deao@univpopgandaia.pt

CINEMA

OUTUBRO - Brexit Praça da Liberdade, 17 A, 1º Costa da Caparica (Centro Comercial “O Pescador”)

CONFIRME A AGENDA EM www.gandaia.pt 27 Set – Lancamento do livro “Contos e Encantos da Caparica" 11 Oct – Teatro - "Quero ir prá Ilha " 12 Oct – Concerto do Jair Mozart 19 Oct – Concerto do João da Ilha 25 Oct – Comédia – “Ménage” 26 Oct – Comédia – “Ménage” 27 Oct – Filipe Salgueiro

08 Nov – Jantar Anual da Gandaia 09 Nov – CAPARICA JAZZ 15 Nov – Teatro - "Volta a Portugal em Revista" 23 Nov – Teatro Infantil - "A Cigarra e a Formiga" 29 Nov – Filipe Salgueiro 30 Nov – Filipe Salgueiro

CENTRO COMERCIAL

“O PESCADOR”

3 – A vida de Brian (Terry Jones, 1979) 10 – Brasil (Terry Gilliam, 1986) 17 – Trainspotting (Danny Boyle, 1986) 24 – Porcos e Diamantes (Snatch, Guy Ritchie, 2000) 31 – Tamara Drewe (Stephen Frears, 2010)

NOVEMBRO - Tarkovsky 7 – O Espelho (108 mins, 1974) 14 – Stalker (163 mins, 1979) 21 – Nostalgia (125 mins, 1983) 28 – O Sacrifício (142 mins, 1986) Praça da Liberdade, 17 A, 1º Costa da Caparica (Centro Comercial “O Pescador”)

O seu pequeno

Grande Centro! Praça da Liberdade, 17 COSTA DE CAPARICA

21 290 4054 • www.ccopescador.com



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