5.ª edição - Jornal Notícias da Gandaia

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CRÓNICA

Notícias da www.gandaia.pt

Registo n.º 126448 na ERC

Luísa Costa Gomes

CONCELHO DE ALMADA

Janeiro 2019 — Bimestral — Ano 2 — N.º 5 — Diretor: Ricardo Salomão

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

GRANDES MUDANÇAS NA COSTA Exclusivo p. 7 a 9

Túnel na Trafaria? pág. 12 e 13

Miguel Oliveira

Festival de Fado Ercília Costa

Herói local

Entrevistas exclusivas

pág. 6

pág. 10 e 11

pág. 14


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LOCAL | JANEIRO 2019 Notícias da Gandaia CRÓNICA

O LÍRIO BRANCO DAS DUNAS

CHARNECA HOMENAGEIA BISPO VERMELHO”

|António José Zuzarte A minha esperança mora No vento e nas sereias É o azul fantástico da aurora E o lírio das areias.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Seria um lírio pálido de cal, uma pomba atada ao meu coração, o guarda que na noite do meu trânsito de todo vetaria o acesso à lua.

Federico García Lorca

|Andreia Gama

Foi em 8 de Dezembro do ano passado e o adro da Igreja Matriz da Charneca da Caparica encheuse de centenas de pessoas que quiseram estar presentes para prestar homenagem a D. Manuel Martins, o “Bispo Vermelho”, com a inauguração de uma estátua.

D. Manuel Martins foi o primeiro bispo da Diocese de Setúbal, onde se manteve durante 23 anos. A data desta cerimónia prende-se com o facto de ter sido a 8 de Dezembro de 1975 que criou a sua primeira paróquia, na Charneca da Caparica. Com a sua morte, a 24 de Setembro de 2017, os paroquianos sentiram necessidade de homenagear “aquele que fundou a paróquia da Charneca e acabou por ser responsável por dinamizar toda a nossa região, mas em particular este lugar que foi separado na altura da paróquia do Monte da Caparica, o que lhe deu uma consistência territorial diferente e fez com que fosse crescendo até

aquilo em que se tornou hoje”, afirma o pároco da Charneca da Caparica.

Em declarações ao Notícias da Gandaia, o padre Francisco Mendes, que está nesta paróquia há ano e meio, explica que a importância de D. Manuel Martins se deve ao legado que passou à sua comunidade. “Deixou uma marca de apoio e sobretudo de grande proximidade com a população. Foi alguém que se preocupou em estar junto do povo, em ir de encontro àqueles que mais sofriam, ajudou a criar aqui o nosso Apoio Fraterno e incentivou a que surgissem instituições sociais”.

D. Manuel Martins ficou conhecido por “bispo vermelho” porque apoiou os mais desfavorecidos, “sobretudo na década de 80”, tempo de “gente muito castigada pelas crises do desemprego e da fome, a sua acção tornou-se central para canalizar todas as boas vontades, para que muitas dessas

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situações pudessem ser resolvidas pelos poderes políticos e outros intervenientes sociais aqui da comunidade, do concelho e do distrito”.

Pelo seu trabalho junto das populações, o antigo bispo de Setúbal foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo, durante as comemorações do 10 de Junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, em Dezembro de 2008. Por isso não é de admirar que na cerimónia de inauguração da sua estátua, 43 anos depois da criação da paróquia, tenham estado presentes o bispo D. José Ornelas, a presidente da Câmara de Almada, Inês de Medeiros, o presidente da Junta de Freguesia, assim como o presidente da Assembleia Municipal e vários vereadores. “E isso foi um belíssimo testemunho desta homenagem”, reconhece o padre Francisco Mendes. |

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Todos os anos os observo nas dunas das praias que frequento. É uma espécie comum em todo o litoral português desde Caminha até Vila Real de Santo António. O Pancratium maritimum, da família das Amaryllidaceas, tem vários nomes vulgares: lírio branco das dunas, lírio branco das areias, lírio branco das praias. Também é conhecido por narciso marítimo. Um nunca mais acabar de nomes para uma mesma planta. Por isso se utiliza, para uma identificação científica, a nomenclatura lineana, para evitar confusões. Esta planta, com a sua flor branca, com reflexos azulados, tem inspirado os poetas e os escritores que a ela se referem em tantas ocasiões. Felizmente, pelo que tenho observado, sem outras bases de análise, pareceme que não corre perigo de extinção!!! Os seus bolbos, profundamente enterrados na areia, subsistem após a morte da parte aérea da planta, depois da floração e o amadurecimento e dispersão das suas sementes negras pelas areias circundantes. A Natureza dá-lhe a beleza, como dá a outros lírios de espécies diferentes mas, ao mesmo tempo, dotou-o de outras defesas para que a espécie não se extinga. Ao fotografar este Verão, nas dunas que envolvem a Praia das Palmeiras na Costa da Caparica, esta flor que desafiou a minha sensibilidade de fotógrafo e de

amante da Natureza, despertou em mim a vontade de escrever esta crónica. Com ela procuro lembrar que, por esses campos de Portugal, há plantas selvagens de uma beleza rara, que temos de saber admirar e não destruir. Algumas delas estão em perigo de extinção. Só umas fotos bonitas, para rever mais tarde e, quando a inspiração poética chegar, cantar em versos estes lindos lírios brancos das nossas vidas, como o fizeram Sophia de Mello Breyner Andresen ou Federico Garcia Lorca… e, eu próprio, modesto, modestíssimo, com a minha humildade, ao lado destes “monstros sagrados” da cultura... Na duna Bem no alto, Virado ao céu, Solitário Lírio branco Como eu me sinto Nos meus silêncios, Nos meus sonhos, Com a areia A fugir Entre as mãos O tempo a passar A correr Sem o poder parar. Tu vives, Cresces E morres, Eu também, Embora separados Nos nossos caminhos Meu lírio branco Do meu destino, Quero recordar-te Meu lírio branco Minha flor solitária Meu companheiro Tu partirás um dia Mas eu partirei Sempre primeiro.

Diretor: Ricardo Salomão eDitor: Rui Monteiro – Praça da Liberdade, n.º 17-A, 1.º andar – 2825-355 Costa da Caparica reDAção: Andreia Gama Direção De Arte: Ausenda Coutinho CoLABorADoreS: Abel Pinto, António Nobre, António Zuzarte, Francisco Silva e Elizabete Gonçalves (Centro de Arqueologia de Almada), Jorge Gonçalves, Jorge Rocha, Luísa Costa Gomes, Reinaldo Ribeiro, Tiago Rocha, Victor Reis e Olho de Lince. DepArtAMeNto CoMerCiAL: Ausenda Coutinho – comercial@gandaia.info – Tlm: 968 050 744

JORNAL NOTÍCIAS DA GANDAIA – registo n.º 126448 na erC. – proprieDADe: Associação Gandaia – Praça da Liberdade, n.º 17-A, 1º andar – Centro Comercial “O Pescador” – 2825-355 Costa da Caparica – NIPC: 151022169 – SeCretAriA: Rua Vitorino José da Silva, n.º 18 – 2825-421 Costa de Caparica – Horário: 10:30 às 12:30 (exceto quartas-feiras: 16:00 – 19:00) – Tlm. 939 903 320 – Tel. 212 903 046 – noticias@gandaia.info – www.gandaia.pt – puBLiCiDADe: comercial@gandaia.info – Tlm: 968 050 744 – perioDiCiDADe: Bimestral tirAGeM: 8.000 exemplares – iMpreSSão: Gráfica Funchalense – Rua Capela Nª Srª da Conceição, n.º 50 Morelena – 2715-029 Pêro Pinheiro DepóSito LeGAL: 436220/18 – DiStriBuição: Gratuita


Notícias da Gandaia JANEIRO 2019 | EDITORIAL

O MAR MUDA-NOS TODOS OS DIAS

|Ricardo Salomão

QUE ALMADA QUEREMOS

AMANHÃ? Bem vindos ao ano Blade Runner! Este filme de Ridley Scott, em 1982, apresentou uma imagem de futuro, uma narrativa de uma realidade possível, que marcou toda uma geração: sobrepopulação, multiculturalidade, o poder das corporações... Já 2001: Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, em 1968, tinha tido um efeito semelhante. Ambos focavam especialmente a inteligência artificial. Tudo temas que dominam ainda hoje as nossas discussões sobre o futuro da humanidade.

Trago esta ideia das projeções do futuro porque, como se vê, elas são fundamentais para o nosso presente. Fazem-nos compreender e discutir as possibilidades, as consequências das decisões que tomamos hoje.

Que Almada queremos amanhã? Como se está a pensar o nosso território, a sua ocupação, a forma como a comunidade interage entre si, e com o património construído? Estas são questões essenciais e devem ser divulgadas, debatidas, aperfeiçoadas. Dois dos aspetos fulcrais (mas há mais…) são o ambiente e a mobilidade.

O concelho de Almada tem características especiais de interação com o rio e com o oceano, tendo alocadas importantes atividades económicas dependentes dessas linhas de costa. Sem esquecer a fauna, pois a pesca de peixe e de mariscos representa um valor muito apreciável, não são só os desportos de onda.

Mas as questões ambientais não se restringem à zona ribeirinha e às praias. Temos de considerar outros recursos como essenciais no nosso território. Recursos da natureza, que obviamente temos o dever de preservar como o bem que são, mas com-

preendendo também que constituem uma mais valia inequívoca para atrair novos moradores e, claro, permitir a sua fruição aos nossos muitos residentes. O ambiente torna Almada mais forte. Por outro lado, a mobilidade é também um aspeto crítico. Almada tem uma interface essencial com Lisboa, sendo inevitável assumir a natureza pendular das movimentações dos almadenses nas suas deslocações profissionais, mas também dos lisboetas, seja no domínio profissional, seja de lazer. O rio tem duas margens e a Grande Lisboa tem de ser assumida na sua inteireza real, sem subterfúgios administrativos que vão contra a realidade das coisas. É preciso respeitar todos os que vivem nas duas margens e a forma como as vivem, é preciso respeitar uma tradição – que é secular – de interação entre as margens do Tejo.

Evidentemente, é inescapável pensar numa nova travessia do Tejo no nosso concelho. Não vale a pena tapar o sol com uma peneira. Temos neste jornal um artigo sobre a proposta de construção do Túnel Trafaria-Algés e esta opção tem de ser seriamente considerada. Esta e outras. Mas uma nova travessia é inescapável.

Finalmente, a portagem da Ponte 25 de Abril tem de acabar. Trata-se de uma penalização para a Margem Sul e não há já qualquer justificação para ela. Penaliza as dinâmicas e o crescimento da Grande Lisboa a favor de interesses privados. Não adianta fugir dos problemas. É preciso encará-los e encontrar soluções. É preciso pensar no futuro que queremos ter. |

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TEATRO | JANEIRO 2019 Notícias da Gandaia

TEATRO EXTREMO

SEMEAR CULTURA |Andreia Gama

Calha que nem ginjas, como se costuma dizer, pois o Teatro Extremo – Companhia de Teatro Itinerante comemora 25 anos de existência em 2019, e logo no Dia Mundial do Teatro, a 27 de Março. Referência cultural no concelho, o Notícias da Gandaia tem de contar a história desta companhia em vários actos. O local de cena escolhido foi o café-teatro do Teatro – Estúdio António Assunção, cuja organização e programação está a cargo do Teatro Extremo. São aliás várias as estruturas de Almada que dispõem deste espaço, desde grupos amadores até à Mostra de Teatro de Almada, assim como companhias nacionais e estrangeiras, por ocasião do Festival Internacional de Almada, ou do Sementes – Mostra Internacional de Artes para o Pequeno Público.

Em conversa com o fundador do Teatro Extremo, Fernando Jorge Lopes, e Sofia Oliveira, directora de produção, abordámos o historial da companhia, os projectos futuros, assim como os apoios municipais e nacionais e o panorama actual do teatro em geral.

Fernando Jorge Lopes, 54 anos, é, além de director artístico, encenador e actor. Com mais de 35 anos de teatro, passou por muitas estruturas artísticas, como, por exemplo, a Companhia de Teatro de Almada. Apesar de considerar que nasceu para o teatro como actor, também faz trabalhos de encenação praticamente desde o início da sua carreira. Fundou este teatro, juntamente com Sofia Oliveira e Rui Cerveira, director do festival Sementes, sendo que o Teatro Extremo identifica como objetivo principal a realização de um teatro para as novas gerações que equacione a problemática dos limites da condição humana como singularidade artística. Foi criado com esse propósito, como explica Fernando Jorge Lopes: “aparecemos porque pensámos que havia uma zona obscura que não estava preenchida, que era um teatro que se dedicasse aqui, na periferia de Lisboa, à infância e juventude. Existia uma companhia que se dedicava ao teatro para adultos, mas nós tínhamos outro tipo de preocupações que pensávamos não estarem preenchidas”. Sediado em Almada desde 1994, este teatro constitui-se como Associação Cultural dois anos depois. A Casa Municipal da Juventude do Ponto de Encontro, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, o Espaço Gingal e

Academia Almadense foram alguns dos espaços que serviram a Companhia no início da sua actividade. Em 1999, adquiriram a sua própria sede, na Rua Serpa Pinto, em Almada, embora, desde 2015, a actividade principal se tenha transferido para o Teatro – Estúdio António Assunção. A mudança de espaço não alterou métodos de trabalho, como explica Fernando Jorge Lopes: “quando viemos para aqui trazíamos um background, na nossa sala já acolhíamos todas as estruturas, já tínhamos essa prática. Foi por isso que a Câmara de Almada também nos convidou para sermos os impulsionadores deste teatro. Estas parcerias que já tínhamos continuámos a desenvolver aqui, este trabalho em rede com outras estruturas, criadores, artistas, isso para nós é algo que é fundamental para alimentar um teatro vivo”, valoriza o director artístico. Neste contexto, interessa referir alguns dos parceiros do Teatro Extremo, como o D’Arte, grupo informal que programa o caféteatro do Teatro – Estúdio António Assunção, e Cidadão Exemplar, responsável pelas exposições de artes plásticas no espaço, como a que está patente ao público até 3 de Março. A partir de 27 de Janeiro, Filminhos Infantis à Solta pelo País é uma iniciativa da Zero em Comportamento, a que o Teatro Extremo se associa. Este projecto consiste numa seleção de curtas-metragens de animação para as crianças. Teatro Art’Imagem, Chão de Oliva, Teatro das Beiras, Jangada Teatro, são algumas das estruturas nacionais com quem a companhia também trabalha.

Para comemorar o próximo aniversário, pretendem realizar, em Setembro, “um espectáculo feito com a comunidade, aproveitando toda a envolvência que temos do serviço educativo, das actividades com jovens, juntando outros criadores e bandas de música. Algo que seja o espelho do que nós temos feito durante 25 anos nesta cidade”. Com nome provisório ainda, esta acção pretende abranger no seu reportório 10 textos de países lusófonos.

Além de Portugal, o Teatro Extremo têmse apresentado em digressões no estrangeiro. Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Itália, Inglaterra, Brasil, Cabo Verde e Índia foram alguns dos países onde já apresentaram a sua arte. Para Fernando Jorge Lopes, “os intercâmbios são fundamentais para o Extremo. Desde o início que sempre tivemos a preocupação de fomentar laços com estruturas de criação portuguesa, mas também com instituições lá fora. Estas contaminações com outras maneiras de pensar, de fazer teatro, de reflectir sobre a sociedade, também a nós nos dão outro tipo de ideias e novas maneiras de pensar para aplicar no nosso próprio trabalho.” Quanto aos espectadores, a exigência mantém-se. O director artístico considera que “ao fazermos um espectáculo para o público infantil e juvenil não infantilizamos a nossa arte, dedicamo-nos a eles como um púbico privilegiado, com signos, sinais e leituras que estejam ao seu dispor. Pretendemos criar espectáculos que tenham várias camadas de leitura”.


Notícias da Gandaia JANEIRO 2019 | TEATRO paço de criação e inovação, de discussão e reflexão, de prazer e sentido lúdico para crianças, jovens e seniores, envolvendo a comunidade e estabelecendo vínculos com os municípios e outras entidades.

Digressões para 2019

Falando do presente da companhia, Dois Reis e Um Sono é uma peça escrita por Natália Correia, que estreou em Outubro passado, e estará em digressão este ano. No elenco encontram-se os quatro actores residentes da companhia, Bibi Gomes, Francisca Lima, Rui Cerveira e Fernando Jorge Lopes, para além de outros actores, colaboradores regulares da Companhia e convidados pontuais para esta produção. A aposta anual na estreia é de duas peças, o que também varia consoante a capacidade financeira do projecto. Segundo a directora de produção, “em 2018 estreámos duas peças, mas como somos uma companhia de reportório, apresentámos cinco espectáculos diferentes”. Assim, Armstrong, é outra das estreias deste ano, o que deverá acontecer em Março, na Escola Secundária António Gedeão, dada a ligação que querem fomentar com a comunidade escolar. Para Fernando Jorge Lopes, esta é uma peça que se adequa bastante a este contexto, “tem em conta os 50 anos da chegada do homem à Lua, mas aproveitamos esse evento para falar das várias cosmovisões que a humanidade teve até hoje, como as de Newton, Einsten, Galileu. Para além dessa forte componente pedagógica, também é um espectáculo que pretende despertar ideias filosóficas na juventude”.

A aceitação por parte do público é sempre uma incógnita, como admite o actor: “quando estamos a criar um objecto artístico nunca sabemos qual vai ser a reação de quem assiste. Felizmente para nós, a maioria dos espectáculos que fazemos têm sido bem acolhidos e valorizados com assinalável êxito. Tanto é que muitos deles que continuam em cena, muitos anos depois de estrearem”. Ainda em 2019 irão andar em digressão com as peças em reportório Mythos e Einstein. A primeira é um espetáculo de inspiração “clownesca”, para toda a família, uma criação original com direção artística de Joseph Collard, palhaço belga que integrou o elenco do Cirque du Soleil. Já Einstein é uma peça direccionada para o público jovem/ adulto, que pretende abordar a arte, a ciência e a história na visão do génio Albert Einstein, aqui representado pelo actor Fernando Jorge Lopes. Em cena desde 2005, tem encenação de Sylvio Zilber, o responsável pela versão da peça premiada no Brasil. E porque as colaborações entre tea-

tros são encaradas como uma mais-valia, Fernando Jorge Lopes irá também ao Brasil dirigir o espectáculo Os Javalis, que resulta duma parceria de há anos que têm com o Grupo Harém de Teatro, de Teresin, Piauí.

Sementes – Mostra Internacional de Artes para o Pequeno Público

O Festival Sementes é uma mostra internacional de artes dedicada à infância, juventude e público familiar, que privilegiada o teatro, mas onde se apresentam também espetáculos de música, circo, dança, marionetas e artes de rua, muitos deles premiados internacionalmente. Com duração de três fins-de-semana, acontece entre Maio e Junho, tendo como auge a comemoração do Dia Mundial da Criança, numa iniciativa que costuma ter lugar no Parque da Paz. “Em 2020, este festival também fará 25 anos. Nós decidimos criar a companhia e logo depois o Sementes, porque achámos que o público infanto-juvenil e familiar merecia ver outro tipo de teatro, de arte principalmente. Pensámos que isso era complementar ao nosso trabalho de criadores e animadores para um público desta natureza”, reforça o fundador do Extremo. Sofia Oliveira reconhece que cada vez há mais adesão por parte das pessoas, “seja nos espectáculos de sala ou naqueles ao ar livre”.

O evento, que acontece maioritariamente em Almada, em espaços como o Teatro – Estúdio António Assunção, Fórum Romeu Correia, Casa da Cerca, Largo Gabriel Pedro, Rua Cândido dos Reis, também se descentraliza pelas várias freguesias do concelho. Assim como, graças a uma parceria com diversos municípios desenvolvida ao longo dos anos, têm sido realizadas extensões na Moita, Seixal, Barreiro, Sesimbra, Alcochete, Montemor-o-Novo, Loures, Aveiro, Santarém, Cascais e Castro Verde, autarquias consideradas co-organizadores, pois “de alguma forma também produzem o Sementes no seu concelho” e partilham os custos do festival.

Serviço Educativo

O Teatro Extremo desenvolve ainda um Serviço Educativo em que promove um espaço para a educação não formal, um es-

“O serviço educativo (coordenado pela actriz Bibi Gomes) tem de facto uma grande importância na nossa estrutura e é reconhecido pela sua qualidade. Está completamente implantado no concelho de Almada, estende-se por outro concelhos e tem movimentado milhares de crianças ao longo destes anos”, reconhece Fernando Jorge Lopes. Alguns destes jovens acompanham há anos este serviço e continuam a ter interesse em participar neste tipo de actividades e workshops. “Criamos públicos, mas também criamos cidadãos, ou pelo menos ajudamos a que a consciência cívica se manifeste também nessas crianças e jovens”. Entre as vários oficinas de teatro disponíveis, Beba Água da Torneira”, por exemplo, resulta duma parceria entre o Teatro Extremo e o SMAS – Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de Almada, que pretende sensibilizar para o consumo e uso sustentável da água.

Apoios

Em 2002 foi atribuída ao Teatro Extremo, a Medalha de Prata de Mérito Cultural da Cidade de Almada. O núcleo considera que tem honrado todos os compromissos feitos com o município, e esperam que da parte da CMA se mantenha o mesmo apoio, como associação local promotora de cultura que são. Quanto ao futuro, ainda existe uma certa indefinição, relacionada com a atribuição de

fundos monetários. Fernando Jorge Lopes explica porquê: “já estamos num novo ano e não sabemos bem com que linhas é que nos podemos coser, porque o município até agora não nos informou de nada sobre algumas questões que são fundamentais para fazer programação”. Por isso, a companhia aguarda a renovação do protocolo com a autarquia, o que é feito anualmente. Esta espera suscita alguma preocupação, como confessa o director artístico, “ainda temos para receber 25 mil euros, do ano passado, dum protocolo que temos com a CMA, e isso também implica não só a actividade passada como a futura. Este dinheiro não é para beneficiar o Teatro Extremo, é um financiamento para acolhimento de terceiros e funcionamento do Teatro – Estúdio António Assunção”. Numa altura em que tanto se discute a precariedade, e sendo a área artística muito associada aos recibos verdes, talvez seja relevante referir que o Extremo privilegia colocar as pessoas permanentes da equipa a contrato. “Essa preocupação que nos legitima, devia ser uma preocupação geral, embora infelizmente nem todos possam assegurar isso”. Apesar de terem de justificar anualmente todas as verbas, tem actualmente da DGArtes um apoio quadrienal, que lhes fez todo o sentido ser atribuído visto serem reconhecidos como uma companhia de teatro consolidada. Este quarto de século bem o comprova. Que o pano se levante para muitas outras criações levadas ao Extremo. Com aplausos agradeceremos. |

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HERÓI LOCAL | JANEIRO 2019 Notícias da Gandaia

MIGUEL OLIVEIRA

|Abel Pinto Miguel Oliveira nasceu a 4 de janeiro de 1995, na freguesia do Pragal, em Almada e iniciou a sua carreira no motociclismo com apenas nove anos de idade, tendo no seu ano de estreia (2004) terminado em quarto lugar o campeonato nacional de MiniGP. Nesse mesmo ano, foi nomeado Jovem promessa pela Confederação do Desporto de Portugal.

Em 2009 foi terceiro no Campeonato Nacional Espanhol de

Motociclismo e quinto classificado no Campeonato da Europa.

E o currículo estende-se: em 2010 venceu cinco das sete provas do campeonato espanhol tendo terminado em segundo a apenas dois pontos do campeão e sagrou-se vice-campeão da Europa. Em 2011 fez a sua estreia no Campeonato do Mundo de Moto 3. Em 2012 conquistou dois pódios (Catalunha e Austrália), tendo conseguido o oitavo lugar na classificação final. Em 2013 sal-

tou para as manchetes ao conseguir o primeiro pódio da equipa Indiana Mahindra Racing, no GP da Malásia, entrando assim para a história desta equipa. Terminou o campeonato mundial de Moto 3 na sexta posição. Em 2015, iniciou a sua temporada com a KTM na equipa da Ajo Motorsport, tendo conquistado seis vitórias, três segundos lugares e uma ‘pole position’, garantindo assim o título de vice-campeão do mundo de Moto 3. Em 2016 iniciou-se no Campeonato do Mundo de Moto 2. Em 2017, ficou em terceiro nesse campeonato e iniciou o projeto Oliveira Cup, um Troféu-Escola de Motociclismo, com o seu patrocínio, dirigido a jovens de ambos os sexos entre os 10 e os 16 anos de idade. O objectivo deste troféu-escola é encontrar jovens campeões com potencial para lhe sucederem. O troféu conta actualmente com 11 inscritos do sexo masculino e uma do feminino. Em 2018 foi vice-campeão do mundo de Moto 2. E, este ano, vai finalmente competir no escalão máximo do motociclismo: Moto GP.

Apesar da sua vida muito preenchida (em paralelo com a sua carreira desportiva, frequenta o mestrado integrado de Medicina Dentária); Miguel Oliveira acedeu a responder a algumas perguntas sobre a sua vida desportiva e a sua ligação ao concelho onde nasceu e vive. Como foi a sua iniciação no motociclismo? A minha iniciação deu-se por influência do meu pai que nessa altura também competia. Com que idade começou? Comecei em 2004 com nove anos de idade.

Na infância e juventude praticou outros desportos? Quais? Sim. Iniciei-me no karting e pratiquei artes marciais com o mestre Santana. Crescer no concelho de Almada teve alguma influência no despertar da sua vocação? Almada é por natureza um concelho onde nascem campeões. Talvez seja essa a influência, até porque não existem no concelho infra-estruturas que permitam a

prática deste desporto.

Conhecendo o mundo, existe algo que só encontre em Almada? Nenhuma outra cidade no mundo que já visitei tem um Cristo Rei, é um facto que por si só faz de Almada uma cidade única. Se pudesse mudar algo em Almada, o que seria? Em Almada-cidade nada, mas ao conselho daria um circuito onde se pudesse praticar motociclismo e karting. Acredito que acrescentaria muito valor ao município, sobretudo ao turismo. em Almada (ou em portugal) antevê algum jovem com talento que possa vir a seguir os seus passos? O projeto escola Oliveira Cup é pensado nesse sentido. Damos a oportunidade a que jovens se possam iniciar na modalidade e partilhamos com eles e os seus familiares a nossa experiência. Acredito que nos próximos 10 a 15 anos outro português possa alcançar o que já alcancei. |

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Notícias da Gandaia JANEIRO 2019 | ATUAL

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Aproximam-se grandes alterações na Costa da Caparica começando já em 2019. É o Presidente da Junta de Freguesia, José Ricardo Martins, quem nos guia pelo roteiro das obras e de transformação da cidade. Porém, antes de mais, faz questão de sublinhar que tudo isto só é possível pela política da atual Presidente da Câmara, Inês Medeiros, nomeadamente no que respeita à descentralização.

GRANDES MUDANÇAS NA COSTA |Ricardo Salomão

O concelho de Almada (e a Costa da Caparica) vai ter muitas novidades, especificamente na requalificação do espaço público. Fora infraestruturas viárias, espaços verdes, limpeza e saneamento... estão programados investimentos de 20 milhões de euros no concelho, dos quais dois milhões são para a Costa da Caparica. José Ricardo Martins traça a panorâmica detalhada dessas mudanças.

Mais areia, mais praia

Vamos ter um milhão de metros cúbicos de areia, num valor de cinco milhões de euros,

aplicados em toda a Frente Urbana, da Praia da Saúde a S. João. Será de areia, ainda antes da época balnear, ou no seu início, em maio. É essencial compreender a importância desta areia para proteção de pessoas e bens. Pessoalmente sensibilizei o secretário de Estado, Ricardo Mourinho, mas a ação da nossa Presidente, Inês de Medeiros, foi determinante. Naturalmente, que com mais areia as atividades turísticas e de lazer também são beneficiadas. A areia será trazida da frente atlântica e nem seria possível trazêla de outro lugar.

Paredão, acessos e estacionamento

Há um percurso de descentralização de competências que está a ser efetuado no sentido das autarquias terem novas competências, incluindo a gestão da frente de praias. Se a Câmara Municipal aceitar, e tudo indica que sim, ficará com essa gestão, saindo da APA, que realmente não tem condições para o fazer. Estamos a falar não só das escadas de acesso às praias, mas de toda a espécie de requalificações necessárias. Será ainda implantado um outro tipo de pa-

peleiras, mais ambientais, simbolizando a proteção do ambiente. Há ainda a intenção de melhorar o piso do paredão, expandindo para sul o que já existe a norte e ainda a requalificação do Posto de Turismo, que entra em obras já em 2019. Ainda este ano serão reorganizados os estacionamentos nas praias, principalmente a sul, a começar na Fonte da Telha, seja cá em cima, seja lá em baixo, junto à praia, com muita atenção à segurança. Não será só na Fonte da Telha, mas nas outras praias também em toda a extensão da Estrada Florestal. Naturalmente, tudo isto não se faz de um dia para o outro, mas sabemos qual é a direção a tomar. Pensamos


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ATUAL | JANEIRO 2019 Notícias da Gandaia

em colocar chuveiros em toda a Frente Urbana, num total de nove, por exemplo.

faixa mínima central de quatro metros e meio. Isto é também uma questão de segurança, que dê passagem a ambulâncias, bombeiros, etc.

Caparica Surf Fest

Posso revelar em primeira mão ao Notícias da Gandaia que o festival terá um modelo diferente, com uma prova de Surf Internacional, o QS 3000, que se conseguiu trazer para a Costa da Caparica. Esta prova é um grande passo para o objetivo de colocar a Costa da Caparica posicionada entre os melhores destinos do surf europeu e internacional. Até por o Surf ter vindo a conhecer um desenvolvimento muito grande na Costa da Caparica, inclusivamente com incidência na economia local. Tem sido feito um trabalho de excelência na área da formação, com destaque para a Associação de Surf, e estamos a caminhar no sentido do Surf para Todos, beneficiando das características da nossa frente atlântica. A nível musical também será diferente – não vou ainda revelar o cartaz – mas não será como no passado, centralizado numa tenda, mas sim descentralizado pela cidade, criando mais dinâmicas e, desta forma, apoiando mais o comércio local.

O Sol da Caparica

Está a ser lançado o concurso público, houve necessidade de reorganizar serviços e rotinas, bem sei que todos querem tudo pronto imediatamente, mas há percursos que têm de ser feitos e estão a ser feitos…

Eixo Central

Procuramos uma intervenção no eixo central da Costa, da Praça da Liberdade, Rua dos Pescadores e o Largo da Tábua, o largo entre o Tarquínio e o Paraíso. Além de requalificar estes espaços, é fundamental reclamar o papel icónico que a Rua dos Pescadores sempre teve nesta terra.

Rua dos Pescadores A remodelação da Rua dos Pescadores não está incluída nos tais dois milhões da requalificação do espaço público. Como é sabido, ao longo destes cinco anos de mandato tem sido uma batalha permanente para a sua requalificação, sendo consensual que se instalaram más práticas que é essencial retificar. Queremos criar uma solução mais homogénea,

criando um espaço em que todos se sintam bem, desde os residentes, visitantes, mas também aqueles que lá trabalham. Queremos que volte a ser o símbolo da Costa da Caparica. Pensámos que já estaria pronta nesta época de 2019 mas chegamos à conclusão que não era possível porque é preciso refazer regulamentos e outros instrumentos concursais, criando consensos com quem lá trabalha. Em contactos mantidos com a Junta de Freguesia e a Câmara Municipal chegou-se ao consenso de dividir os comerciantes em dois grupos: hotelaria e similares, por um lado, e, por outro, os restantes. Os de hotelaria (restaurantes, pastelarias, gelatarias, etc.) terão esplanadas parecidas com as que conhecemos, os outros terão um espaço de exposição. Não haverá vendedores ambulantes. Para todos eles haverá uma escolha de materiais devidamente definida de forma a garantir a tal homogeneidade estética, já consensualizada, tentando até salvaguardar investimentos feitos. Nas esplanadas iremos manter os estrados em madeira, mas com saia estanque até ao chão, mantemos o inox e os guarda ventos laterais em vidro ou acrílico. Acabam os plásticos. A frente só pode ter o nome da casa em branco ou preto, sem publicidade a marcas de outros produtos. O mobiliário também é definido, podendo ser usados um número restrito de estilos. Quem não tem esplanadas, terá um toldo de 1,80 metros de cor branca ou cru e um máximo de três expositores debaixo do toldo. Tudo o que é ocupação excessiva da via pública irá acabar. É também definida uma fronteira, um limite, que salvaguarde uma

Entre todos os trabalhos, o novo piso é a parte mais fácil da requalificação. Tecnicamente já existe uma base de betão armado com dois metros e meio, que resolve as infraestruturas, sendo apenas necessários mais pontos de luz e alguma mudança no escoamento das águas pluviais. No passado fui defensor da calçada portuguesa. Neste momento, tecnicamente, aparece uma solução melhor. Para a calçada teria de ser instalada uma base que iria aumentar a calagem da rua, trazendo uma outra série de problemas com os acessos já existentes, águas pluviais, etc. Por isso foi escolhido um piso de grande mobilidade, com durabilidade superior ao normal, permitindo rápida intervenção ao subsolo. O piso propriamente dito é uma espécie de “deck”. Quem faz o piso é a CECIL e já o implantou em Águeda, no Dubai, etc. não tendo tanto aquecimento como o alcatrão. Na verdade, ele pode ter a aparência que quisermos, pode parecer relva, madeira e até calçada à portuguesa. A decisão final do seu aspeto ainda será tomada pela Presidente da Câmara. Bem sei que no passado se tentou homogeneizar o mobiliário, esplanadas etc., mas desta vez, a vontade dos comerciantes em mudar e criar um espaço mais bonito e confortável deixa-me seguro de que as coisas vão correr bem. Foi nesse sentido que nos reunimos com todos os comerciantes e foi possível chegar a acordo. As obras irão começar em setembro ou outubro, serão faseadas e durarão um mês ou pouco mais e cada comerciante só terá que fechar dois dias no máximo.

pronto. O entendimento é a criação de um espaço agradável e multifuncional, entre lazer e desporto. Queremos criar um campo de futebol de praia de dimensões menores que o outro junto aos Bombeiros. Um ou dois campos de voleibol, colocar mais aparelhos de ginástica, criar um espaço verde e ainda uma zona de lazer que está a ser discutida, mas que seja capaz de acolher os tradicionais programas de animação das praias que as televisões costumam fazer no verão. Gostaríamos ainda de inserir alguma informação ambiental, especialmente sobre as plantas de praia que estão a ser usadas no Projeto Reduna. O pavimento talvez seja areia, mas ainda não está definido.

Transpraia

A Câmara mantém o projeto de trazer o Transpraia até ao centro da Costa e penso

Largo da Liberdade

Há já um entendimento para fechar completamente o largo, com cuidados com as necessárias cargas e descargas do mercado, mas criando uma zona pedonal, alargando a calçada até à entrada na Rua dos Pescadores, acabando com aquela “ilha de alca-

que isto irá acontecer muito brevemente. Posteriormente, integrado na criação da Carris Metropolitana e na reorganização inerente acordada pelas 18 autarquias abrangidas na gestão da rodovia e transporte fluvial, o Transpraia pode entrar aqui, como o Flexibus e outros que pudessem ser geridos pela Câmara, com um percurso a ser feito, inscrevendo as obras do Transpraia nos fundos europeus para fazer a ligação Trafaria – Fonte da Telha.

Espaços Verdes trão”. Haverá um regulamento para requalificar as esplanadas existentes e talvez a abertura de mais. Naturalmente, teremos de pensar também nos moradores. Provavelmente irá acontecer ao mesmo tempo da obra da Rua dos Pescadores, veremos se há tempo para o fazer.

Largo da Tábua José Ricardo Martins

Será levantado nos próximos meses, entre janeiro e março. No verão já estará

Como é sabido, temos muito poucos espaços verdes na Costa além do Jardim Urbano, mesmo aí irá ser recolocado o espaço infanto-juvenil, que foi retirado por falta de segurança. Também o Parque Arco Íris, na Avenida do Oceano será requalificado, dando-lhe mais dinâmica. Já estamos a intervir na 1º de Maio, colocando rega automática, assim como no espaço que estava destinado a um hotel, colocando plantas e tornado o espaço mais apetecível. Será também reorganizado o estacionamento. Queremos também intervir no Largo Vasco da Gama e no da Nossa Senhora da Conceição, onde queremos colocar algum mobiliário urbano e talvez espaço verde.


Notícias da Gandaia JANEIRO 2019 | CRÓNICA guidos para a atribuição de casas. As comissões sociais das freguesias e da Câmara estão a caracterizar o património habitacional do município e também das necessidades, definindo prioridades e obras necessárias. É entendimento da vereadora Teolinda Silveira concorrer a dois programas: o Primeiro Direito e a Porta de Entrada. É neste enquadramento que se pensa resolver o problema das Terras da Costa.

Limpeza Loja do Munícipe

A Loja do Munícipe vai ser instalada já em fevereiro, numa zona central, perto da Praça da Liberdade, onde eram os escritórios do Sol da Caparica. Estamos a tentar alargar os seus serviços disponíveis, para se poder fazer também a marcação do Cartão de Cidadão, Passaporte, etc. A Loja será implantada pela Câmara, mas se os diplomas de centralização forem assinados, será uma competência da Junta de Freguesia.

Pouco a pouco iremos acabar com os contentores de lixo, passando a modelos enterrados. Terá lugar uma grande campanha

IC20

A parte final do IC20, na chegada à Costa, da curva do cemitério até à entrada na 1º de Maio, irá também mudar. Será construída uma rotunda, que cria uma forma mais transitável, até porque permite a quem vem da parte norte da freguesia poder aceder imediatamente ao IC20. Infelizmente o projeto da estrada 377-2 foi abandonado há anos. Vamos ver se esse nó, que tomaria a direção da Estrada do Juncal, poderá ter condições para avançar no futuro.

Terras da Costa

Planeia-se o estabelecimento, pela primeira vez na Costa da Caparica, de zonas Aru ou Oru, que permitam o acesso mais fa-

cilitado à habitação. Não existia um regulamento para a atribuição de casas. O antigo executivo camarário nunca o fez. Não sabemos quais eram os critérios que foram se-

de sensibilização para a limpeza urbana, coordenada com este novo tipo de carro de recolha que a Câmara adquiriu. Ultrapassamos assim uma das maiores chagas do Concelho, que é o lixo.

Estrada Florestal

A estrada Florestal está parada. Lamento dizer que não houve por parte do executivo camarário anterior as iniciativas necessárias

para a desclassificar passando-a para a competência da Câmara, ao contrário do que foi afirmado publicamente. Esta estrada não tem nenhumas condições rodoviárias, nem de segurança. A Costapolis irá, se não o fez já, transferir as verbas necessárias para a sua requalificação, esperando que o Tribunal de Contas possa inscrever a estrada na Câmara para se poder avançar. |

DA CAPARICA AO CABO ESPICHEL

|Francisco Silva

Para melhor apreender o enquadramento geográfico da paróquia da Caparica, remontamos ao século XVIII e ao Dicionário Geográfico, ou Noticia Histórica de Todas as Cidades, Vilas, Lugares e Aldeias. Na obra coligida pelo padre Luís Cardoso, publicada em 1747, a sede da paróquia de Nossa Senhora do Monte de Caparica é descrita como: «Sitio eminente em o centro dos dois Promontórios da Lua e Barbárico, ficando este ao Sul, a cuja parte deste mesmo lugar da Igreja se descobre toda a serra da Arrábida». A vista panorâmica descrita encontra-se livre das construções que atualmente envolvem a Igreja de Nossa Senhora do Monte. Apesar de já não ser possível avistar, do lugar do Monte, a Serra de Sintra (da Lua) e o Cabo Espichel (Barbárico), continuam a marcar a paisagem envolvente à foz do rio Tejo. Recuando à Antiguidade podemos refletir sobre o que representavam, para as populações locais, estas imensas massas rochosas que ladeavam a foz do grande rio e pontuavam o fim do mundo conhecido no extremo oeste da Península Ibérica perante a imensidão do mar infinito.

O Cabo Espichel constitui um prolongamento natural do maciço montanhoso da Serra da Arrábida, no extremo ocidental da península de Setúbal. O promontório que avança para o ocidente é um Finis Terrae que foi desde a Pré-história um espaço frequentado por grupos humanos, como o provam os diversos sítios arqueológicos identificados na zona. Não sendo conhecidos vestígios materiais que indiquem a sacralização do local, o facto de as celebrações em honra de Nossa Senhora do Cabo ocorrerem em final do mês de Setembro poderá estar relacionado com celebrações ancestrais relacionadas com o final da época das colheitas.

A devoção a Nossa Senhora do Cabo Espichel integra-se no quadro do culto mariano na Estremadura, integrando peregrinações realizadas por populações rurais e piscatórias, em cumprimento de promessas colectivas e individuais. Estas romagens designam-se Círios, em virtude de os romeiros transportarem velas, ou mesmo o círio pascal (vela de grande dimensão, acesa na noite que antecede o Domingo de Páscoa). No Cabo Espichel, a devoção a Nossa Senhora tem origem numa lenda que remonta século XIII, segundo a qual terá ocorrido um milagre ao largo daquele Cabo. Durante a noite, uma tempestade marítima ameaçava afundar um navio. Achando-se em perigo, a tripulação rogou por auxílio à imagem da Virgem, que transportavam a bordo, a qual havia desaparecido misteriosamente. Surgiu então sobre o Cabo uma luz avisadora e, enquanto a tempestade amainava, observaram a Senhora que subia a arriba montada num jumento. Na manhã seguinte, alguns tripulantes decidem ir a terra subindo ao promontório, onde encontram a imagem

desaparecida de Nossa Senhora. Entenderam então que esta havia escolhido esse lugar para permanecer e ser venerada.

Cerca de dois séculos mais tarde regista-se outro milagre, envolvendo, desta vez, uma mulher de Caparica e um homem de Alcabideche, a quem a Virgem apareceu em sonhos, indicando-lhes o Cabo Espichel como lugar onde se deveriam dirigir. Respondendo ao chamamento, e apesar da distância, cada um deles decide pôr-se a caminho. Chegados ao local indicado no sonho encontram a imagem de Nossa Senhora. Decidem então construir, com ramos de alecrim, um abrigo para acolher a santa imagem. No local onde apareceu a imagem foi construída a Ermida da Memória, dedicada a Santa Maria da Pedra da Mua. Esse pequeno templo foi restaurado em 1758, data dos painéis em azulejo que decoram o seu interior, com cenas alusivas à lenda e à história do local.

As peregrinações ao Cabo Espichel que partiam da margem norte do Tejo foram designadas como Círio dos Saloios. Na Margem Sul do Tejo, as paróquias de Caparica, Seixal, Arrentela, Almada, Palmela, Azeitão, Sesimbra e Coina realizavam o Círio ao Cabo em datas fixas ou móveis consoante o calendário litúrgico, entre a Páscoa e o final do mês de Setembro. Dos concelhos de Almada e Seixal, a freguesia de Caparica foi aquela que manteve até mais tarde a peregrinação ao Cabo Espichel, à qual se ligou profundamente por via da lenda que faz de uma caparicana a protagonista do milagre, mas também por se tratar de uma zona onde as comunidades de agricultores e pescadores, dependentes dos recursos naturais, mostravam maior devoção à Senhora do Cabo que as populações urbanas. A organização do Círio ao Cabo pela paróquia da Caparica competia em cada ano a uma das Varas em que esta se dividia (Monte, Trafaria, Costa de Caparica, Sobreda e Charneca / ver Notícias da Gandaia, nº4). Segundo Vieira Júnior, a vara do Monte era a mais rica, «por ser a única que ao Cabo Espichel faz conduzir em berlinda a imagem da Nossa Senhora», que actualmente é venerada na Igreja de Nossa Senhora do Monte de Caparica.

Tradicionalmente, o cortejo do Círio era encabeçado pelo juiz, que transportava a bandeira processional, seguido por duas ou três crianças, montadas em cavalos brancos e trajando como soldados romanos, que entoavam as loas (cânticos dedicados a Nossa Senhora). Seguia-se a imagem da Senhora do Cabo. Atrás vinham carros e cavalos transportando os romeiros e os músicos. |

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10 ATUAL | JANEIRO 2019 Notícias da Gandaia

4º FESTIVAL DE FADO ERCÍLIA COSTA Pela quarta vez o Auditório Costa da Caparica recebe mais uma edição do Festival de Fado que leva o nome de Ercília Costa, grande figura do seu tempo, primeira fadista a realizar digressões no estrangeiro. Este ano com 12 fadistas em palco, desfilando ao longo de dois dias, espera-se um par de espetáculos artisticamente consistentes e intensos. Em jeito de aperitivo apresentamos os quatro cabeças de cartaz em breves entrevistas. ram a parte criativa que nascera aos 16 anos. Escrevi, compus muito. E foi quando o Custódio Castelo me desafiou a gravar um disco que tive a real noção da quantidade de coisas que tinha criado ao longo desses anos. É um disco muito denso e muito melancólico, representando outros tempos que antecederam a publicação de Sala de Estar. o que lhe diz o cante alentejano?

Carlos Leitão

A sua ligação ao fado surge muito cedo com a vitória, aos 11 anos, da grande noite do fado. De onde surgiu este gosto pelo fado?

O meu avô paterno tocava requinta (uma guitarra portuguesa de menores dimensões), mas foi com o meu pai que o gosto foi herdado. A par do cante alentejano, o fado cresceu comigo, enraizadamente, e foi sempre uma ligação umbilical eu adiei durante uns anos, pelo menos enquanto fui jornalista, porém paixão antiga e que se mantém. A mudança para o Alentejo, mais concretamente para Arraiolos, aos 24 anos, foi decisiva para a composição do teu primeiro álbum Do Quarto?

Inquestionavelmente. Eu costumo dizer que me zanguei com o jornalismo em 2004 e parti para Sul. Alguma angústia, alguma revolta interior, muita descrença potencia-

Diz muito daquilo que sou principalmente enquanto homem. E é, afinal, isso que importa. Tudo o resto continuará sempre a ser música. É a condição humana que me fascina, e me desilude também, muitas vezes. E, nesse capítulo, o Alentejo deu-me (e dáme) lições que ficaram para a vida. O cante é intenso, forte, entra-me directo na alma e desconcerta-me de uma forma nunca inferior ao fado. São ambos, juntos, que me completam musicalmente e abrem as portas para a universalidade da música. o ano de 2017 é o “ano Carlos Leitão”. porquê?

Foi o ano de muita realização pessoal e profissional. Depois de perder o meu pai, o disco Sala de Estar foi o dínamo para me reerguer com determinação, crença e a força de tanta gente que trabalha e caminha comigo. Este disco é muito especial e dizme muito. Foi apresentado em Março de 2017 e, com ele, fizemos concertos memoráveis que se estenderam a 2018. Festival Montepio Fado Cascais, CCB, Teatro Garcia de Resende (Évora), uma digressão na Áustria são exemplos de um caminho que conta com o contributo de muita gente que me é cara. E o melhor de tudo é que permanecemos juntos em 2019, ano em que nasce o meu terceiro disco. |

Carolina

Nasceste na Alemanha, cresceste em trás-os-Montes, estudaste no porto. Quando surge o fado na tua vida?

O fado surge na minha vida logo desde muito pequena. Habituada a ouvir o meu pai cantar fados da Amália e do cancioneiro português fui ficando muito ligada a este estilo musical e nas festas de família e na escola era sempre convidada para cantar. Mas a maior afinidade com o fado surgiu na altura em que Amália morreu e tive uma grande vontade em conhecer o seu reportório. Foi nessa altura que dei maior importância ao fado do que a qualquer outro tipo de música com a qual tinha proximidade, como era o caso do canto lírico.

Duarte

Do Alentejo para Lisboa, onde és cantor residente no Sr. Vinho… Como surgiu o fado na tua vida? Quando era criança comecei a cantar para a família e para os amigos por brincadeira, sendo que não tinha, na altura, a menor noção do universo musical em causa. Na adolescência andei a cantar e a estudar outras coisas e já na Universidade, quando fui arrumar uns cadernos de escritos, comecei a perceber que muitas das coisas que estavam escritas tinham que ver com o universo dos fados. Procurei assim começar a cantar “as minhas coisas” sobre as melodias dos fados tradicionais, e 2004 foi o ano em que, digamos, profissionalmente, abracei esta relação com o fado. Foi também nesse ano que fui convidado a cantar no Sr. Vinho, depois de editado o meu primeiro disco. De que forma a tua profissão influencia o que fazes no fado?

As histórias de vida são a minha matéria na Psicologia e são também a minha matéria nos fados. Embora sejam práticas diferentes e eu tenha que procurar papéis diferentes nestas duas formas de viver, não consigo deixar de tentar cantar o lugar do outro. temos recebido bonitas referências tuas sobretudo de França? Sentes que lá há um carinho diferente para ti?

Não me parece que o carinho do público francês seja diferente do carinho do público português. O que acontece é que tem sido mais fácil dar a conhecer o Foi o fado que te trouxe para Lisboa?

Quem me desafiou a vir para Lisboa foi o encenador Filipe la Féria, que me convidou para integrar o elenco de A Canção de Lisboa após ter interpretado Amália, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto. A ligação com o Fado em ambos os musicais era evidente e aceitei o desafio de imediato. o teu percurso artístico passou pelo teatro, que é a tua formação académica, cantaste ópera e fizeste de Beatriz Costa em A Canção de Lisboa. De que forma isso influenciou a tua forma de ver o fado? O teatro musical e o fado são artes muito distintas. Vivem separadamente, apesar de serem duas formas de arte

meu trabalho em França do que em Portugal. A diferença está, assim, na forma como o meu trabalho entrou no mercado musical francês, não sendo pois uma questão sobre os conteúdos, mas antes sobre a conjuntura “industrial” que condiciona o conhecimento dos trabalhos artísticos. O mercado em Portugal é reduzido na sua dimensão para as ofertas existentes e parece ser complicado apresentar novos produtos quando tens esse espaço protegido para três ou quatros pessoas que cantam e/ou tocam, que, por sua vez, são agenciados por outras três ou quatro pessoas que dominam os espaços mediáticos de exposição e que têm fortes relações profissionais com outras três ou quatro pessoas que decidem quem grava e quem passa nas televisões e nas rádios. Já para não falar das preocupações de entretenimento economicista, que tantas vezes se sobrepõem às preocupações artísticas. Parece ser tudo demasiado certinho e arrumadinho na música em Portugal, não sei, mas talvez esta seja, uma forma possível de controlo. |

muito semelhantes. Ambas precisam de um receptor que as admire e as compreenda. Ambas vivem da emoção, contam uma história e até a improvisação é permitida. Nenhuma sessão de teatro é igual à anterior, assim como o mesmo fado não se canta sempre da mesma maneira. Depois da experiência nos musicais quis ir mais além e dedicar-me mais ao fado por me identificar mais e perceber que era a minha paixão maior. Dois discos lançados – quais os teus planos para o futuro?

Desde Maio que estou a trabalhar com a agência Uguru, recentemente a VS Managment também se juntou a nós como parceira, e estou já a trabalhar no terceiro álbum, que sairá ainda este ano. |


Notícias da Gandaia JANEIRO 2019 | ATUAL 11

Diamantina o teu percurso profissional passa por diversas áreas, o ensino, a televisão e a música. Qual a vocação que surgiu primeiro na tua vida?

Sem dúvida que a primeira vocação a surgir foi a música uma vez que foi a que se expressou de forma mais natural. Na minha casa sempre ouvi muita música, o meu pai é, e sempre foi, um consumidor quase compulsivo. Eu acordava aos fins-de-semana com música a tocar (bem alto!) e ouvia-se música no gira-discos sempre que o meu pai estava em casa; quando não estava, era a minha mãe que mantinha o rádio ligado para cantarolar as músicas da moda. Ambos cantavam muito bem e como o meu pai dava uns toques na viola (tendo acabado eu muito cedo por dar

uns toques também), era frequente cantarmos no dia a dia ou em festas de família ou amigos. Com três anos já ganhava chocolates da vizinhança em troca de uma cantiga. A vocação (se assim se poderá chamar) para a comunicação e o ensino acabaram por se revelar bastante mais tarde, baseadas apenas na facilidade que sempre tive em comunicar com os outros. A música ligeira foi o pontapé de saída para a tua carreira musical que acabou por ir ter ao fado. Quais são as tuas maiores referências musicais?

Tal como já referi, grande parte da minha bagagem musical, foime passada pelo meu pai, que tinha gostos muito ecléticos... Tão depressa eu acordava a ouvir música clássica, como a ouvir rock, fado, ou música popular. Aprendi assim a gostar de vários intérpretes, de vários géneros, sem que no entanto tivesse sentido que foram referências. Sempre que uma música me soava bem ao ouvido (independentemente do intérprete) tentava tocá-la e cantá-la. Comecei por cantar música ligeira por acaso,

como poderia ter começado por rock ou pop; foi a oportunidade que surgiu, sem que a procurasse. O gosto mais particular pelo fado, especificamente, acaba por surgir na minha vida, já bastante tarde, aí pelos 27 anos, quando tive a oportunidade, numa situação específica, de cantar fado acompanhada por guitarra portuguesa. Já o fazia, acompanhando-me a mim própria à viola, com o pouco que sabia, mas não tinha nada a ver. Nesse dia rendi-me ao fado e escolhi o meu caminho na música. Passaram mais uns cinco, seis anos nas fadistices até que percebesse que a minha essência e referências no fado estava nos seus intérpretes masculinos. E foi então que me encontrei, cresci e me afirmei enquanto fadista. tens dois álbuns lançados. Faz parte dos teus planos a edição de um terceiro disco?

Confesso que não tenho qualquer plano nesse sentido. O meu segundo disco, (Con)tributo, foi todo pensado por mim, na sua temática e concepção. Foi um tributo a nomes masculinos do fado já desaparecidos, nomes que contribuíram para que me encontrasse com o que queria ser e o espaço que queria ocupar enquanto intérprete. Deu-me muito gozo pensá-lo e torná-lo real, mas a verdade é que com a profissão

de professora (e de mãe) em paralelo, nem sempre tenho a disponibilidade de que necessitaria para fazer uma melhor promoção do meu trabalho, conseguindo levá-lo a mais palcos. Não vale a pena andar a fazer discos em massa só para irmos à televisão dizer que temos mais um se depois isso não se traduzir em concertos. Os discos já pouco vendem, por isso esse deixou de ser o principal objectivo do lançamento de um álbum. Existem alguns nomes na actualidade que, dada a sua afirmação no mercado, não necessitam já de fazer qualquer investimento financeiro para colocar um disco na rua, mas para quem isso não é uma realidade é um investimento que, ou tem retorno, ou não faz sentido. Quem sabe se alguma coisa poderá mudar mas, por agora, lançar um novo disco não é prioridade. Fizeste parte durante dois anos do elenco do Clube de Fado. Neste momento onde é que as pessoas te podem ouvir?

Sim, recordo com saudade esse tempo em que fiz algumas casas de fado. Gostava muito. Mas há uma Diamantina antes de ser mãe e uma Diamantina depois de ser mãe. As prioridades alteraram-se todas e a principal foi a de ter a noção exacta de que

queria ver a minha filha crescer, acompanhá-la em todas as suas fases e criar com ela o maior laço que conseguisse para a vida. Deixei o Clube de Fado e não voltei a aceitar convites para qualquer outra casa. Fui fazendo uma ou outra esporadicamente ou em substituição de colegas mas fixa, nunca mais. Ela estava na escola de dia, se saísse para trabalhar à noite, quando conversaria com ela? Já lá vão seis anos... Perdi muitas oportunidades no fado, perdi talvez a oportunidade de ser actualmente um nome mais presente nos meandros fadistas, mas o que ganhei não tem preço. Hoje em dia trabalho imenso enquanto fadista numa área que não é tão mediática, pois dirigese essencialmente a empresas de eventos que proporcionam momentos de entretenimento a público estrangeiro que se desloca a Portugal. Muitos desses grupos pretendem incluir nos seus momentos de lazer um pouco de portugalidade e escolhem o fado como forma de a representar. A maioria das pessoas não tem noção do quão activo é este mercado. Pelo meio vou tendo convites para alguns concertos e para participar em momentos de fado que incluem vários fadistas. Neste sentido voltei a estar um pouco mais activa. |

Sábado, 26, 21.30 - Carlos Leitão, Carolina, André Gomes, Cláudia Madeira, Beatriz Felício. Domingo, 27, 16.00 - Duarte, Diamantina, Conceição Ribeiro, Miguel Camões, Sónis Santos, Tiago Correia, Adriano Pina. Guitarra portuguesa - Sandro Costa, Viola de fado - Ivan Cardoso.

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Horário: 08:00 – 20:00 Sábado: 08:00 às 13:00

R. dos Pescadores, 35, 1º Esc. 2 2825-388 COSTA DA CAPARICA Tel.: 21 291 23 33 / 21 290 58 47 Tlm.: 96 876 97 71 / Fax: 21 291 86 79 adm.condominiosdacosta@gmail.com

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12 ATUAL | JANEIRO 2019 Notícias da Gandaia

TÚNEL NA TRAFARIA? O TEMPO CERTO PARA O DEBATE A necessidade de dispor de uma terceira travessia do rio Tejo na zona de Lisboa é uma necessidade sentida de há muito. Dois estudos apontam a ligação em túnel, entre Algés e a Trafaria, como sendo a solução mais económica e a que apresenta o menor impacto visual.

|Abel Pinto

O primeiro dos estudos foi realizado em 2001, por encomenda da própria Lusoponte (que gere as pontes 25 de Abril e Vasco da Gama), pela firma JL Câncio Martins. Este estudo comparou os previsíveis custos de uma ponte suspensa entre a Trafaria e Algés, apontando os 769 milhões de euros e da travessia em túnel com 4,1 quilómetros de comprimento (2,6 quilómetros imerso) com custos expectáveis de 570 milhões de euros. O estudo refere também os impactos visuais negativos que uma ponte teria na paisagem urbana da zona, tendo em conta a proximidade a dois dos mais importantes monumentos nacionais como a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos (o estudo não os menciona mas há ainda o palácio de Belém e o Padrão dos Descobrimentos que iriam ser fortemente afectados). Os impactos visuais negativos adquirem actualmente uma importância acrescida pelo facto de haver a intenção da Câmara Municipal de Lisboa de transformar Belém e Ajuda num bairro cultural, dada a concentração de museus e monumentos nesta zona da capital.

O segundo estudo, realizado em 2006 pelo professor catedrático da Universidade do Porto Campos e Matos, aponta o custo de 770 milhões de euros para a opção ponte, com um prazo de construção de quatro a cinco anos, e 500 milhões de euros, para a opção túnel imerso (tendo como referência igual prazo de construção). No entanto, o túnel Trafaria-Algés não é a única opção em discussão para a terceira travessia do Tejo. Uma ponte-túnel Beato-Montijo (defendida num estudo da CIP como o melhor acesso ao novo aeroporto na Margem Sul), uma ponte a ligar Chelas ao Barreiro (solução que chegou a reunir maior consenso), ou um túnel Alverca-Margem Sul (sugestão apresentada na Ordem dos Engenheiros), são outras soluções apontadas como sendo viáveis. A construção da travessia em túnel ligando a Trafaria a Algés vol-

nharia ainda inédita em Portugal, pelo que a sua concretização é uma oportunidade de desenvolvimento da engenharia e da construção portuguesas.

O Notícias da Gandaia procurou conhecer as opiniões do poder local. Foi pedida uma entrevista ao gabinete da Presidente da CMA, em 10 de Dezembro do ano passado, mas até à data de fecho desta edição não obtivemos qualquer resposta.

tou a ser trazido à ribalta por cinco residentes no concelho de Almada que lançaram a petição pública Por uma nova travessia no Tejo. Os cinco subscritores iniciais da petição são: Arnaldo Leite, consultor, licenciado em Economia Social; Miguel Lourenço, jurista, licenciado em Direito e em Engenharia Geográfica; Pedro Dias Pereira, advogado; Pedro Fernandes, consultor bancário, licenciado em economia; e Pedro Lucas, reformado da banca, todos residentes no concelho de Almada que constatam a necessidade de uma nova travessia na perda da sua qualidade de vida devido ao estrangulamento que constitui, desde há muito, a Ponte 25 de Abril.

Todos os dias atravessam a Ponte 25 de Abril, em média, cerca de 160 mil viaturas (maioritariamente nas horas de ponta). A alternativa existente, a Ponte Vasco da Gama, está longe de satisfazer as necessidades. Para os concelhos de Almada e Seixal, esta travessia não é uma alternativa viável, tendo em conta a distância a percorrer (de Almada ao Marquês de Pombal

são cerca de oito quilómetros pela Ponte 25 de Abril e 75 quilómetros pela Vasco da Gama) e os custos associados (portagem mais cara, combustível e desgaste das viaturas), exceto em situações limite, em caso de corte da Ponte 25 de Abril. A necessidade de uma nova travessia é essencial não só para a mobilidade dos residentes entre as margens do Tejo, mas igualmente num aspecto que não tem sido suficientemente debatido: o desenvolvimento económico da Margem Sul. De facto, as assimetrias no desenvolvimento entre as duas margens na região de Lisboa são evidentes, basta comparar alguns indicadores relacionados com a captação de investimento ou com a riqueza gerada por habitante entre os municípios de Lisboa, Oeiras e Cascais, com os de Almada, Seixal e Barreiro, por exemplo, para se ficar com uma ideia clara dessa assimetria. Também seria interessante comparar o investimento captado com os vistos Gold nestes seis municípios. Aliás, relativamente aos municípios da Margem Norte, Almada apresenta condi-

ções para a captação do investimento relativamente mais favoráveis, como por exemplo: preço do imobiliário mais baixo, maior proximidade ao centro de Lisboa (que Oeiras e Cascais), frente ribeirinha e atlântica com óptimas condições naturais e ainda por desenvolver… O maior (e enorme) entrave é a mobilidade.

Seja qual for a solução escolhida para a nova travessia, torna-se urgente iniciar uma ampla discussão pública que envolva técnicos e populações, de forma a chegar a um consenso que permita candidatar a terceira travessia do Tejo ao próximo quadro comunitário de apoio. Após a tomada de decisão, todo o processo de projecto, concurso público internacional e construção demorará mais de uma década; uma década durante a qual o tráfego nas actuais travessias se continuará a intensificar. Daí a necessidade de tomar atempadamente uma decisão, para não se repetirem processos como, por exemplo, o do novo aeroporto de Lisboa. É importante realçar que este túnel é uma solução de enge-

Já através da União de Freguesias Caparica-Trafaria ficámos a saber que, para esta autarquia, a importância da travessia TrafariaAlgés faz parte da “relação com Lisboa, que tem sido uma constante histórica na freguesia da Trafaria e isso não pode ser ignorado. É essa a razão porque, ao longo dos anos, os autarcas do concelho de Almada, e com responsabilidades na Trafaria em particular, se têm batido para que a travessia fluvial seja encarada com outra prioridade por parte das autoridades com competência, assim como seja feito um forte investimento na melhoria e modernização das ligações entre as duas margens do Tejo. Não parece fazer sentido estarem a ser colocadas em cima da mesa um mero conjunto de intenções, que não assentam em nenhum estudo concreto atual, para além de uma mera avaliação empírica, acerca de uma suposta hipótese de travessia quando, a atual – e real – forma de atravessamento usada diariamente pelos trafarienses, está, há décadas, a ser objeto de um desinvestimento que já se tornou crónico, retirando a qualidade e atratividade do transporte fluvial que, de forma simples e barata, comparativamente a infraestruturas físicas de grande dimensão e forte impacto, pode aproveitar a ‘autoestrada’ natural que é o Tejo. Antes pois de se trazer para cima da mesa propostas de centenas de milhões de euros, é necessário avaliar um investimento urgente na Transtejo, com opções claras de serviço público, que permitam criar as condições necessárias para que o transporte rodo-fluvial se faça em condições de atratividade


Notícias da Gandaia JANEIRO 2019 | ATUAL 13 e fiabilidade. Essa é uma responsabilidade que está ao alcance imediato e, para além do mais, muito mais enquadrada na opção pelo transporte coletivo que tem vindo a ser anunciada como prioritária pelo atual governo, É preciso é passar das palavras e das intenções às ações.

Assim, para a UFCT, questionada sobre os impactos, positivos e negativos, que a travessia poderia trazer à freguesia, é importante ter em conta que “não são conhecidos estudos atuais quer de viabilidade quer de procura de uma solução desta natureza. Não está em cima da mesa nenhuma proposta concreta sobre a qual seja possível alguma consideração mais aprofundada”. E, “nesse quadro, é importante referir que os autarcas da península de Setúbal há muito que defendem que a terceira travessia do Tejo deve ser feita entre o Barreiro e Chelas, complementada com uma ponte que ligue o Seixal ao Barreiro. Essa foi a alternativa que esteve em discussão na altura da opção pelo Montijo/ Sacavém que acabou por ser a tomada. O corredor central (Chelas/Barreiro) permite desde logo a componente ferroviária, importante para garantir a continuidade territorial do transporte de passageiros Norte/Sul, mas assume também, desde que conjugada com uma ponte a ligar ao Seixal (que representa um custo

diminuto no quadro do investimento previsto), uma alternativa credível à ponte 25 de Abril, permitindo descongestionar, e muito, esta travessia, e, com isso, ter um impacto deveras positivo na vida dos almadenses e, consequentemente, dos trafarienses. A opção pelo corredor poente (Trafaria/ Belém) – prossegue a UFCT – teria efetivamente um único fator positivo de impacto Construção do túnel regional: o fecho do (submersão dos módulos) anel constituído pela CRIPS e pela CRIL. Tal constituiria uma aposta exclusiva- não pode nem deve ser negligenmente na opção rodoviária, muito ciado no quadro da avaliação dos centrada no transporte individual. impactos de uma estrutura dessa Esta não parece ser a opção mais natureza. Mas também a própria benéfica, muito menos para a Tra- ancoragem dessa travessia, quer faria, atendendo até à sua caracte- fosse em ponte ou em túnel, poderística e localização geográfica. A ria vir a trazer impactos ambientais Trafaria é uma península sem fortíssimos sobre este território grande território de expansão, que, lembro, possui áreas naturais principalmente se tivermos em alvo de proteção especial. Por úlconta os novos programas de pro- timo, ao contrário da opção pelo teção da orla costeira que condi- Barreiro, que desviaria o trânsito cionam fortemente a construção do nosso concelho, esta opção no litoral. Problemas como os fe- seria um fator de brutal increnómenos de gentrificação e desca- mento de tráfego rodoviário, o racterização das comunidades têm que parece, numa primeira análise, sido vividas noutros locais. O im- afetaria profundamente a vida e o pacto social é uma realidade que dia-a-dia desta freguesia. Esse

trânsito, que, repito, seria só de atravessamento sem nada beneficiar a economia local ou o dinamismo da terra, destruiria definitivamente as características distintivas da Trafaria, já bastante afetadas com empreendimentos anteriores como foram os Silos.

Perguntada sobre se a Junta de Freguesia conhecia qual a perceção da população quanto a este projeto (aceitação, rejeição, indiferença, desconhecimento…), respondeu a UFCT que, “não sendo uma proposta que esteja em cima da mesa, naturalmente não foi possível apurar a perceção da população. Agora – é importante lembrar – bem recentemente a população da Trafaria pronunciou-se de forma veemente contra projetos megalómanos que foram considerados como destruidores do território ou das suas perspetivas de desenvolvimento. A luta contra a construção de um mega terminal de contentores foi determinante para travar, esperemos que em definitivo, um projeto dessa natureza, que destruiria definitivamente a Trafaria e a Cova do Vapor. Não sendo possível tirar daí qualquer conclusão acerca da perceção sobre uma hipotética travessia do Tejo, pode tirar-se a ilação clara de que os trafarienses saberão ver sempre além do prato de lentilhas com que lhe acenam e posicionar-se no futuro, tal como o fizeram no passado, na defesa

firme e intransigente dos interesses da sua terra.

Para a UFCT, “a construção de uma terceira travessia não substitui o investimento, necessário e essencial, nos transportes públicos, os quais, à excepção do comboio, prestam serviços de fraca qualidade, mais evidente no caso dos barcos. A sobrelotação, os atrasos e a falta de conforto nos transportes e nas paragens são reclamações recorrentes e que afastam os utentes. Há cidadãos que necessitam de transporte próprio para se deslocar, quer por se dirigirem para locais que não são servidos por transportes públicos, quer por se deslocarem em horários onde o transporte público não funciona. E, é necessário ter em conta as necessidades das empresas. Em conclusão, a construção de um túnel rodoviário (com a possibilidade de ter uma via dedicada ao Metro do Sul do Tejo – potenciando este elefante branco) é um investimento virtuoso que potenciará o desenvolvimento económico sustentável de todo o distrito de Setúbal, em especial a faixa costeira da Cova do Vapor a Setúbal e a faixa ribeirinha da Trafaria ao Seixal. O custo previsto de cerca de 700 a 800 milhões de euros (custo actualizado) representa aproximadamente 0,40 por cento do PIB e será rapidamente recuperado pelo desenvolvimento económico e social que, por certo, gerará”. |


14 CRÓNICA | JANEIRO 2019 Notícias da Gandaia

NÓS E A NOSSA ÉPOCA |Luísa Costa Gomes Estava a fazer na minha sala uma aula de Pilates dirigida por uma senhora inglesa que me dava ordens pelo computador, desde um jardim sito algures nos arredores do Funchal. Era um jardim singularmente bem arranjado e ela calma e mandando sem alarido. Estas aulas de Pilates que se apanham no You Tube são à vontade do freguês, umas mais puxadas e outras à medida da pessoa que não quer exercitar-se excessivamente sob pena de arruinar algum órgão vital. Enquanto eu cá alongava o que havia a alongar, perguntava-me o que devia responder aos peticionários e cidadãos preocupados da minha caixa de correio electrónica. Só hoje recebi pelo menos três apelos para salvar o mundo por petição pública. Isto fora as denúncias de malfeitorias sem nome feitas aos índios da Amazónia, os abaixo-assinados, as preocupações inadiáveis de cidadãos que não se inibem de me exprimir a sua preocupação.

Eles lá na Austrália não passam sem mim. Ou são os recifes de coral, ou são as petrolíferas a abocanhar os espaços naturais, andam todos a proteger e a defender e a denunciar abusos. E como hoje o local é global, não se coíbem de anunciar urbi et orbi tudo o que andam a fazer e pedir a participação de todos. Estes apelos à participação e à assinatura de petições e denúncias nas instâncias superiores não são à antiga, circulares cinzentas do querolá-saber-se-assinas-ou-não-assinas. Hoje tudo é personalizado: Luísa, ainda podes fazer a diferença! Luísa, cada dólar conta! Luísa, precisamos da tua ajuda! Luísa, faltam-nos só dez mil assinaturas para levarmos este projecto avante! Pois, mas eu estou um bocado longe, filhos. Ir agora assim

LOCAL, GLOBAL sem mais nem menos para os recifes de coral fazer frente à Shell até é coisa que teoricamente me não repugna, mas hoje é sexta-feira, tenho uma carga de trabalhos pela frente e não me dá muito jeito. A Greenpeace, entretanto, manda dizer que andam atrás aí duns criminosos ambientais. A Greenpeace é levada da breca. É uma gente que não sabe estar quieta, vê problemas por todo o lado e salta para aquele barco e lá vai tudo de escantilhão para a Gronelândia. Eles e a Jewish Voice for the People são duas das organizações que mais ansiedade me causam. A Jewish Voice for the People parece estar sempre a pedir desculpa por ser jewish. Defendem tudo o que está certo, defendem-no com a própria vida e liberdade, são pró-palestinianos, dos poucos judeus com quem se pode falar, mas também me pedem coisas um tanto impossíveis. O Diem25 (o movimento pró-europeu de colaboração democrática), por seu lado, é como aquelas crianças que estão sempre a pedinchar coisas. Oh mãe, quero um gelado. Oh mãe, quero uma bola. Oh mãe, quero um telemóvel. O Diem25 acredita na democracia directa e nada se faz sem perguntar tudo a toda a gente. Ora esta coisa da democracia directa dá um trabalho louco, principalmente aos democratas. Por isso é que quem descobriu o descanso da outra democracia já não volta atrás. O Diem25 quer que eu conheça os programas, os projectos, os candidatos, que os discuta, os avalie, e depois vote em perfeito conhecimento de causa. A ideia é perfeita. Seria bom se eu não tivesse mais nada que fazer: a democracia directa é para gente com tempo livre. Os outros dizem mal da outra e sentem-se reivindicados.

Já gente a querer casar comigo é mais que muita. É um senhor coronel do Exército Americano que está no Afeganistão e que, sentindo-se só, me manda umas rosas virtuais com uns dizeres mais ou menos assim: you are beautiful lady i marry you and we hapy. O exército americano está pelas ruas da amargura. Ou é um senhor texano, engenheiro nas plataformas petrolíferos lá ao largo da Noruega. É do género texano da Nigéria, aconselhei-o a ir estudar um pouco mais de Inglês antes de tentar a próxima trafulhice. Não tenho nada contra a aldrabice, mas a falta de brio põe-me doente. Pensa-se ainda que o global é longe e o local é o típico cá do meu bairro. A deslocalização ainda nos causa engulhos, quando percebemos que estamos a falar com alguém que está na Índia ou na China como se estivesse ali ao lado. A cabeça humana abre-se sempre ao universal, mas convém mantê-la junto do resto do corpo, bem agarrada ao pescoço. |

Autores convidados

Manuel João Sá Memórias - Escola Aristides Graça Terça-feira, 29 de janeiro pelas 21:30

Cesário Borga O Último Beijo da Mamba Verde Terça-feira, 26 de fevereiro pelas 21:30 Entrada livre Gandaia Clube – Rua Vitorino José da Silva, 18 – Costa da Caparica

REFOOD é um projeto 100% voluntário, efectuado por e para cidadãos, ao nível micro local, para acabar com o desperdício alimentar e a fome nos bairros, enquanto reforça laços comunitários.

Toda a comunidade está convidada a participar.

Passando a palavra, colaborando na obtenção dos meios logísticos, como produtos de limpeza, embalagens, luvas, toucas, fotocópias, donativos, e, principalmente: seja um voluntário! O núcleo Refood Almada está em acção desde 2013 e teve seu núcleo inaugurado em Dezembro de 2018. Localiza-se na Rua Isabel da Veiga, no Feijó.

Junte-se a nós!

PALAVRAS CRUZADAS Por Jorge Manuel Barata dos Santos

refood.almada.ac@gmail.com www.facebook.com/almada.refood

Horizontais: 1- Nome da letra M. Unidade monetária italiana (antiga). Atmosfera. 2- Compacto. 3- Dor no útero. 4- Base Aérea Portuguesa. Erro. 5- Fatia de carne frita, passada ou grelhada. Cerimónia pública e solene. Único. 6- Unidade de tempo. Eventualidade. 7Porco (pop.). Unidade de medida agrária. Cultivo. 8Membro guarnecido de penas que serve para voar. Saudação religiosa. 9- Pessoa de quem se fala. Respiração acelerada. 10- Pessoa servil por tudo que está em voga. Criado. 11- Peixe que geralmente se conserva enlatado. Diminutivo e rapaz (pop.). Verticais: 1- Indica lugar. Corte (de árvores). Único. 2- Que exprime malvadez. Né (inv.). 3- Tecido rico de seda ou algodão. Cada um dos anéis de uma cadeia. 4- Parte inferior de certas peças de vestuário. 5- Toca. Altar cristão. Extra terrestre. 6- Jornada. Abrasado. 7- Jogo de azar. Diligência. 8- Conjunto de dez dúzias. Duas vogais. 9- Gracejar. Santo a quem é dedicado um te ou capela.10- Contr. da prep.a como art. def. o (pl). Origem. 11- Sorri. Lista. Batráquio.

Soluções na página 15

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ELECTROPESCADOR • PLENO ESPAÇO • TARLATINI • KENTUCKY • SPÁZIO • ESPAÇO M KOQUI • JK COSMÉTICOS • TINA FASHION • TUGARICA • ERVA DOCE • PÓ D’ARROZ LOJAS O PETISCO • EURO-TRIANGULAR • FIDALGUS • ONLY 4 YOU • JACKARY • MIMITITO MORAES CAFÉ • BY ORIENTE • O ROUPINHAS • O PESCADOR • A TOSCA • GANDAIA AO SEU DISPOR BOTA EXPRESS • LUSO TRANSFERS • CASANOVA • TARÔT • THE BLACK WIDOW NO CENTRO ABUNDANTE • MINI • FRANCYS • ACADEMIA DE ESTUDO • PERFUMIA• ALLIANZ DA SUA CIDADE CENTRO COMERCIAL CADENA • LINDA ROSA • GOMAMANIA • MAIS LINGERIE • SANDRA GARRETT L&M NATURE • TN CABELEIREIROS • DRª BARBARA CARVALHO • 8LINEDESIGN COSTA DA CAPARICA “O PESCADOR”


Notícias da Gandaia JANEIRO 2019 | AGENDA 15

NOVOS CURSOS CONDOMÍNIO – LEI e PRÁTICA Dr. Miguel Cardina Quatro sessões de 90 minutos, uma vez por semana ao longo de um mês. 10€ INTRODUÇÃO AO WORD, EXCEL E POWERPOINT Eng.º Carlos Pimentel Duas sessões semanais de 90 minutos ao longo de dois meses. 4ª e 6ª feiras – 19:30H às 21:00H. 20€ / mês. Obrigatório trazer computador

SÁBADO, 2 DE FEVEREIRO ÀS 21.30 Auditório Costa da Caparica

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HIGIENE e SEGURANÇA ALIMENTAR Dra. Mafalda Forjó Uma sessão semanal de 90 minutos ao longo de 3 meses. 10€ / mês

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Informações e inscrições: deao@univpopgandaia.pt

EM BREVE, LANÇAMENTO DO ORIGINAL DE MANUEL DE SOUSA CAMILO, OS PIONEIROS. TERÇAS-FEIRAS: Atividades às 21.30 1ª semana: Reunião Aberta 2ª semana: Conferência Universidade Popular 3ª semana: Respública Última semana: LAL- Livros, Autores e Leitores rua Vitorino José da Silva, 17 – Costa da Caparica

As nossas edições podem ser adquiridas na secretaria da Gandaia, R. Vitorino José da Silva, 17, Costa da Caparica, ou através de encomenda: sec@gandaia.info

Inscrições abertas

Primeira sexta-feira do mês

Soluções da página 14

geral@gandaia.info

CONSULTE A NOSSA PROGRAMAÇÃO EM www.gandaia.pt Praça da Liberdade, 17A - 2825-355 Costa de Caparica



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