Edição 8 – GeoMagazine

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Vota jรก na tua cache favorita do ano 2013 http://gps.geopt.org


GeoFOTO Marรงo 2014 Vencedor - DannySSA


GEO MAG.

Editorial....................................................................06 Gustavo Vidal dá-nos as boas vindas à GeoMagazine

Aldeias Históricas - Pia do Urso...................08 Vamos conhecer a Pia do Urso, na Batalha

Frente a Frente.....................................................16 Portugal vs. USA - O poder dos powertrails

Projecto «Garcias»................................................22 Pedro Macedo fala-nos sobre o seu projecto ambicioso Nota sobre Acordo Ortográfico: Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.

Guia BTT..................................................................34 Ecopista do Sizandro, por Rui Duarte

Além Fronteiras...................................................42 Vamos conhecer os Castelos do Vale do Loire

O Resgate do Frei Agostinho da Cruz........54 Visitando um lugar mítico no panorama do GC nacional

Entrevista de Carreira......................................60 Conhecemos a Dakidali, um nome de peso no GC nacional

Portugal no olhar do vizinho.........................70 Como nos vêm nuestros hermanos?

Caches Challenge................................................78 Mas afinal o que são estas caches?

Geocoins Portuguesas.......................................82 Falamos um pouco sobre a Geocoin Portugal 2010

Geocacher Histórico..........................................85 Manchanegra numa retrospectiva sobre uma carreira única

Guia Turístico........................................................102 São Miguel, Açores por Rui Duarte

From Geocaching HQ with Love.................112 O quotidiano norte-americano pela lackey Annie Love

Que tipo de geocacher és tu?.........................114 Testa o teu tipo de geocaching com este quiz divertido

Consultório Sentimental.................................116 A Dr.ª Maria Vai-Com-as-Outras está de volta

4 anos Geopt..........................................................118 Da-mos os parabéns ao maior portal de GC nacional


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Entrevista de carreira...

Dakidali, uma geocacher reconhecida de norte a sul de portugal. A não perder!

Uma viagem pela Pia do Urso, na Batalha

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ALÉM FRONTEIRAS

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GUIA BTT

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PORTUGAL NOS OLHOS DO VIZINHO

ENTREVISTA DE CARREIRA

Um geocacher ímpar na história do geocaching nacional, multifacetado e cheio de histórias para contar.

ALDEIAS Históricas

Pelos Castelos do Vale de Loire

Ecopista do Sizandro


GEO MAG. ABRIL 2014 - EDIÇÃO 8

Editorial por Gustavo Vidal

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Bem-vindos à edição nú-

quantos toca. Toda a sua

consiga converter ao mon-

Clay4 & whtwolfden, que

mero 8 da GeoMagazine,

essência nesta entrevista

tanhismo, muitos dos Geo-

são owners do maior po-

que tal como as anteriores

de carreira.

cachers portugueses.

wertrail de Portugal e do

muito nos orgulha e muita

Na entrevista histórica des-

Mundo,

satisfação nos dá ao vê-la

A descobrir ou redesco-

ta edição, temos o Mancha-

tornada realidade.

brir nesta edição, a ilha de

negra, um dos Geocachers

S. Miguel nos Açores que

Para esta edição prepará-

pioneiros de Portugal, re-

mos duas mãos cheias de

gistado desde 2002, que

este ano vai ser palco da

artigos e entrevistas que

nos deixou um vasto legado

estamos certos não só vos

de caches míticas que gra-

entreterão nas próximas

ças ao processo de adop-

horas, como também po-

ção ainda hoje se mantém

derão ser consultados mais

activas, disponíveis para

tarde na programação de

toda a comunidade. TT, BTT,

uma viagem, ou simples-

Caravanismo e Waymarking

mente na preparação de

são outras das suas paixões

uma jornada de Geocaching

para descobrir nestas pági-

mais exclusiva.

nas da GeoMagazine.

O destaque de capa nesta

Outro

edição vai para a Teresa aka

descobrir nesta edição é o

Dakidali, que é uma Geo-

Pedro Macedo, que já cor-

cacher de referência e tal

reu meio mundo de mochila

como o nick indica, é daqui

às costas, tem uma história

e dali, espalhando o seu

de vida notável e nos apre-

perfume e a sua magia por

senta o Peak Bagging, que

onde passa, deixando uma

é um desafio à escala pla-

Esta edição teremos Fren-

marca inolvidável em todos

netária e que esperemos

te a Frente os TP_PT’s e os

personagem

para

Cerimónia de Entrega dos Prémios GPS, o magnífico património dos Castelos do Vale Loire em França, a preservada aldeia da Pia do Urso ou a magnífica Ecopista do Sizandro para percorrer em BTT. Igualmente

interessantes

são as crónicas do Resgate de Frei Agostinho da Cruz, depois de 10 anos sobre o seu último found, ou Portu-

respectivamente.

Duas realidades distintas, medidas em números… e não só! Para os amantes dos powertrails este é sem dúvida um artigo a não perder. Do quartel-general do Geocaching com amor, vem uma vez mais a habitual crónica da Annie Love, desta vez a recordar a sua passagem por Lisboa em 2012, e como andar de bicicleta à noite nas ruas de Lisboa e fazer bruning na Praça do Comércio é uma das minhas melhores memórias

gal visto pelos olhos de um

de geocaching.

vizinho, neste caso da Gali-

Uma das edições mais ape-

za, pela pena de Ana Rodriguez Lomba aka Dalonso.

titosas que

da

GeoMagazine

esperemos

sincera-

mente seja do vosso agrado.


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Aldeias Históricas EcoParque Sensorial da Pia do Urso

ABRIL 2014 - EDIÇÃO 8

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Por Flora Cardoso

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Visitar a Aldeia da Pia do Urso, é acima de tudo despertar os nossos sentidos, numa experiência excecional, invulgar e única em Portugal. Trata-se de um local carregado de história, numa paisagem natural verdadeiramente deslumbrante, escondido na serra a pouco mais de meia dúzia de quilómetros do Santuário de Fátima. Nesta aldeia recuperada, destacam-se as habitações típicas, restauradas com habilidade dentro dos traços genuínos desta região serrana, em que a pedra e a madeira se constituem como os principais materiais utilizados. Historicamente, o lugar de Pia do Urso foi utilizado deste os tempos mais remotos como ponto de passagem entre os grandes povoados de Olissipo, Collipo, cruzando ainda em direção de Bracara Augusta e Mérida, então Capital da Lusitânia. Na localidade de Alqueidão da Serra, concelho de Porto de Mós, é ainda visível um troço da calçada romana então existente, testemunho vivo de um extraordinário legado de outros tempos. Dada a morfologia do terreno existente, assente num maciço rochoso calcário esventrado por dezenas de reentrâncias nas rochas, o lugar de Pia do Urso constituía-se como o único repositório de grandes quantidades de água entre Porto de Mós e Ourém, e foi essa singular característica que o tornou tão popular e estratégico.

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Na Idade Média, a Pia do Urso foi local de passagem das tropas comandadas por

D. Nuno Álvares Pereira. De acordo com os relatos da época, o Condestável terá aproveitado este local para descansar e abastecer as suas tropas. Cerca de 500 anos mais tarde a Pia do Urso foi também ponto de passagem dos militares das invasões francesas, que por entre pilhagens e massacres dizimaram populações e património. Dada a singularidade do espaço natural onde está inserido, o lugar de Pia do Urso carrega em si um misto de fábula e magia. A lenda mais popular dá origem ao nome da localidade que, dizem os mais antigos, se ficou a dever ao urso (provavelmente um Urso Ibérico) que era frequentemente avistado a beber água numa das numerosas pias existentes no maciço rochoso. A pia em questão, devidamente assinalada no local, apresenta um declive natural que facilitaria aos animais a ingestão do líquido, numa zona densamente arborizada. Contudo a Pia do Urso é muito mais do que uma simples aldeia restaurada. A recuperação foi enquadrada dentro de um conceito totalmente inovador e foi aqui construído o primeiro Ecoparque Sensorial destinado a invisuais de Portugal. O projeto pretende levar até estes cidadãos a possibilidade da apreensão do meio envolvente que os rodeia utilizando, para o efeito, os restantes sentidos, particularmente o tato, o olfato e a audição. Se a Pia do Urso já era, per si, um lugar enigmático e surpreendente, o reaproveitamento do espaço conjugado com o par-

que sensorial e um circuito pedestre de características únicas, conferiu ao local uma mística e um simbolismo realmente excecionais. Além da paisagem atrativa e da calma envolvente, o parque é composto por seis estações interativas e lúdicas: Planetário, Ciclo da Água, Jurássico, Estação Abstrata, Estação Lúdica e Estação Musical compõem um circuito sensorial baseado na inclusão, onde o alto-contraste e o braille são parte integrante de uma viagem que estimula e coloca à prova todos os sentidos do ser humano. Sons, sensações e aromas transformam este sítio num mundo mágico de descobertas. Assim, a Pia do Urso constitui um ótimo local para se passar uma tarde, um dia ou mesmo residir por lá durante uns tempos, pois também é possível alugar casas antigas que foram alvo de reconstrução. Mais recentemente nas imediações da Aldeia foi instalado o Centro de BTT da Batalha – Pia do Urso, tratando-se do primeiro Centro de BTT do país homologado pela UVP / Federação Portuguesa de Ciclismo. O edifício, de utilização gratuita, inclui balneários, instalações sanitárias, área informativa e uma zona para lavagens e pequenas reparações das bicicletas. A rede de percursos do Centro de BTT é extensa e faz jus à qualidade, reconhecida a nível nacional, dos inúmeros singletracks, caminhos rurais, zonas técnicas e paisagens de grande beleza algumas das quais protegidas ambientalmente - que

caracterizam o território da Estremadura. Ainda dentro da Aldeia os sabores e as tradições não são esquecidos: é possível provar algumas iguarias típicas no famoso restaurante Piadussa, beber uns licores regionais no Bar da Pia, visitar um museu, um lagar de azeite e algumas lojas de artesanato. Em 2006 o Alcas escondia a primeira cache dentro do Ecoparque Sensorial: GCYH7B Pia do Urso [Batalha], ligava definitivamente a Aldeia à história do Geocaching, com um extraordinário container de deixar boquiabertos os geocachers que tiveram a sorte de lhe colocar a vista (e as mãos) em cima! Hoje em dia um passeio à Pia do Urso permite, a quem quiser procurar outros tesouros escondidos neste bonito espaço, encontrar duas caches dentro da Aldeia: GC4JPB1 Ecoparque Sensorial da Pia do Urso e GC40GBG Pia do Urso riloudéde. O GC40FGE Centro de BTT da Pia do Urso, ali mesmo ao lado, também mereceu uma cache assinada pelo Tofixe. A Primavera é certamente uma das melhores estações do ano para usufruir em pleno deste local único e diferente. Que tal uma visita à Pia do Urso? Fica a sugestão! Texto/ Fotos: Flora Cardoso - Lusitana Paixão Fontes: www.cm-batalha.pt/ www.piadourso.com/


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It’s all about the numbers, ou como se diz em português, é tudo uma questão de números. Segundo muitos, esta é a principal razão para a existência de Powertrails (PT). Séries de caches, baseadas num mesmo tema, que nos levam num trilho, permitindo fazer inúmeros founds numa única cachada. Odiados por alguns, amados por outros, sejamos sinceros: quem nunca experimentou um?

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Muitos afirmam que é impossível combinar quantidade com qualidade, e que o aparecimento dos powertrails ditou o início da era do boom do número de caches, no qual os rankings e a competitividade parecem assumir o papel principal nos objectivos de um grande número de geocachers. Outros defendem que, tal como todas as caches, nem todos os Powertrails são maus e que existem alguns

com qualidade. Powertrail ou uma grande multicache? Verdadeira guerra de facções, que dissertam os seus argumentos nos eventos e nos fóruns nacionais. Independentemente de agradarem a todos ou não, eles existem. E neste Frente a Frente, chegou a vez de abordar o tema dos Powertrails, comparando duas realidades numérica e geograficamente diferentes. Frente a Frente estarão os TP_PT’s e Clay4 & whtwolfden, os owners do maior PT nacional e internacional, respectivamente. De um lado, os TP_PT’s, equipa formada em 2012, cujos elementos mais antigos na comunidade já praticam geocaching desde 2009. São eles os owners da Monstra, acrónimo para “Mesmo Organizados Não Serão Tesourinhos Rapidamente Alcançáveis”, e é o maior PT

nacional com 117 caches no distrito de Lisboa, que se estendem ao longo de três diferentes concelhos. Do outro lado, Clay4 & whtwolfden, cujo perfil conjunto existe desde 2010, embora já pratiquem geocaching desde 2001 e 2005 respectivamente. São a equipa criadora do maior PT dos Estados Unidos da América e do Mundo: o E.T. Highway Powertrail. Um projecto extremamente ambicioso, que percorre a ET Highway, no Nevada, com 2400 caches. Um mesmo tipo de projecto, com tamanhos diferentes, em áreas diferentes para comunidades diferentes. No entanto, serão muito diferentes as formas de pensar e estar destes owners? E o planeamento destes dois projectos terá sido assim tão diferente ou pelo contrário, terão demorado quase o mesmo tempo a

ser executados, independentemente da diferença da sua dimensão? Quem são as equipas por detrás destes projectos? As respostas a estas perguntas e muitas outras, Frente a Frente! Bruno Gomes - Primeiro que tudo, quem são vocês? Embora todos vós já possuíssem nicks e perfis individuais registados em geocaching.com, porque razão criaram um novo perfil apenas para colocação destes vossos PT’s? TP_PT’s: Somos: Kikibrottasteam (Paulo e Cristiana), Elias70 (Elias e família), Ricky&Titta (Ricardo e Fátima e as pequenas princesas) e P.C.F.C. (Carlos e Filipa). A criação de um novo perfil deve-se a várias razões mas a que mais contou foi poder ter-se uma equipa para a criação de Pt´s que não ficasse só associada a


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um dos elementos da equipa; assim podemos repartir louros da criação, despesas de manutenção e todos os elementos da team podem registar o powertrail. Clay4 & whtwolfden: O Clay4 e eu, whtwolfden, conhecemo-nos em 2006 enquanto cachávamos, e temos sido bons amigos desde então. Criámos um novo perfil de Geocaching conjunto porque é muito mais fácil manter a nossa parceria nos nossos projectos conjuntos separada das nossas contas individuais. Inicialmente o nosso perfil conjunto era só para as caches da ET Highway. Mas depois começámos a fazer muitas outras coisas na comunidade como Eventos, CITOs, Flash Mobs, a nossa Anual Geo-Poker Run de Las Vegas, etc., isso fez com que ter uma única conta de Geocaching fosse mais fácil de gerir.

B.G. - Como surgiu a ideia deste vosso PT? Tiveram alguma referência na sua criação? TP_PT’s: A ideia da criação deste PT deve-se a existência de um trilho de BTT (o Tranconcelhia) que durante anos existiu com o apoio da CM de Vila Franca de Xira, e que por motivos financeiros deixou de se fazer; logo como saudosistas do trilho e amantes do Btt, do tt, do quad entre outras e claro do geocaching, então decidimos reeditá-lo na nossa comunidade de geocaching. Clay4 & whtwolfden: Nós tivemos a ideia quando fizemos uma viagem a Salt Lake City, Utah em Outubro de 2009 para o GeocoinFest. Fizemos um powertrail que estava perto do evento, que na altura, tinha cerca de 140 caches. Divertimo-nos tanto com este Powertrail que começámos a planear o nosso.

Foi tudo aquilo de que falámos na nossa viagem de 8 horas de regresso a casa em Las Vegas. Mil caches era o objectivo… mas onde poderíamos por 1000 caches e torná-lo um verdadeiro powertrail? Acontece que a E.T. Highway (que em tradução literal para Português significa Auto-Estrada ET) tem 98 milhas de comprimento (cerca de 158 quilómetros) e é um local interessante a visitar, para além de ser numa área que muitas pessoas conhecem. B.G. - Os vossos PT são neste momento os maiores dos vossos países sendo que o PT dos Clay4&whtwolfden é mesmo o maior do mundo. Serem os maiores PT dos vossos países era já um objectivo inicial ou aconteceu por acaso? TP_PT’s: Podemos dizer que na altura que começámos a magicar o PT já tínhamos

um PT (KikiBrottasteam) que durante algum tempo foi o maior de Portugal (PT de vialonga com 58 caches), mas o número foi aparecendo por acaso. Começámos a construir containers com o lixo que apanhámos no reconhecimento do percurso; quando demos por nós já tínhamos mais de 77 containers diferentes. Depois foi só dar largas à imaginação e fazer mais alguns. Nas marcações do percurso foram sempre aparecendo uma e outra ideia, algumas copiadas de caches que gostamos; sempre que falávamos uns com os outros, mais coisas iam aparecendo. Clay4 & whtwolfden: Não foi de todo por acaso. Nós sabíamos que se iríamos fazer isto, teríamos de o fazer maior do que a própria vida! Na altura, a Groundspeak tinha acabado de aliviar as suas regras para Powertrails, por isso não existia

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nenhum que tivesse mais do que algumas centenas de caches de comprimento. Por isso, sabíamos muito bem, quando colocámos o objectivo nas mil caches, que as pessoas iriam prestar atenção muito rapidamente e que poderia ser o maior do mundo. Claro que agora, os Powertrails continuam a desafiar os limites, através do quão grandes se conseguem tornar. É isso que nos impulsiona a continuar a expandir o Powertrail da ET Highway que se encontra agora com 2.400 caches, bem com as duas formas de Geo-Art ao seu lado, compostas por 51 caches respectivamente. B.G. - Como organizaram, enquanto equipa, a preparação do vosso PT? E quanto tempo demorou esta preparação, ou seja, quando tempo demoraram

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desde a ideia inicial à publicação de todo o PT? TP_PT’s: A ideia começou com os Kikibrottasteam, que andaram a magicar o PT durante algum tempo. Depois começou-se a pensar em ajudas, e começámos a convidar amigos para participar; a equipa ficou assim formada, depois foi distribuir tarefas: Elias70 ficou com a parte de desenhar alguns trilhos para evitar propriedades privadas, bem como fornecimento de equipamento para a criação de logbooks e criação de alguns containers; agora é o responsável máximo pela manutenção. Os P.C.F.C contribuíram com fornecimento de material para containers e todos os logbooks (folhas) foram gentilmente cedidas por eles, bem como os sacos para a impermeabilização que no início prote-

giam os logbooks. Os Ricky & Titta foram as nossas mulas de transporte: todo o percurso foi batido por eles de jipe várias vezes, tendo também colaborado na colocação de caches e na criação de alguns dos containers. Os KikiBroTTasTeam fizeram um pouco de tudo: criação de containers, criação do html para a página, marcação do percurso, colocação de caches, etc., etc., etc... Pensamos que não existe uma data real da criação até a finalização mas digamos que demorou cerca de 5 meses desde o planeamento até a execução. Clay4 & whtwolfden: Foram necessários vários meses de planeamento e preparação. Tínhamos de verificar que o nosso revisor o permitia. Reunir todos os containers. Imprimir

todos os logbooks. Demorou-nos cerca de 8 a 10 dias completos, claro que ao longo de várias semanas, para esconder os containers do trilho original. De seguida, houve também as incontáveis horas de trabalho em computador, criando as páginas das coordenadas e introduzindo as coordenadas. Mas devido a um mal-entendido entre a Groundspeak e o nosso Departamento de Transportes, o trilho original foi arquivado depois de cerca de 8 meses. De seguida, um par de meses mais tarde, depois de longas discussões com ambos os lados, fomos capazes de chegar a acordo e o renascimento do Powertrail foi concedido. Sabíamos que isso era uma grande vitória e queríamos


celebrá-la em grande estilo. Assim, em vez de pedirmos para nos reactivarem as caches arquivadas, quisemos que o PT fosse fresco. Isto era um renascimento e nós sabíamos que tinha de ser GRANDE. O novo E.T. Highway MegaTrail tinha nascido! 1.500 caches de comprimento e um evento de lançamento como nenhum outro. A pequena cidade de Rachel, no Nevada tem uma população de 98 habitantes. Mas a 26 de Agosto de 2011, mais de 300 pessoas de todo o mundo participaram na Alien Search Party - The 2nd Invasion! Assim, escusado será dizer: Não só temos de fazer tudo de novo. Mas tivemos que fazer ainda mais do mesmo. E tivemos de organizar um grande evento, completo com T-Shirts do evento, Geocoins, um concurso de fantasias e, claro, uma grande quantidade de comida, e tudo isto literalmente no meio do nada! Assim, como poderão confirmar, investimos mais tempo e dinheiro neste PT do que conseguimos contar. Mas os logs que continuamos a ler fazem com que tenha valido muito a pena. B.G. - E actualmente, de que forma realizam a sua manutenção? TP_PT’s: A manutenção deste PT neste momento tem sido feita quase só pela team Elias70 conforme referimos anteriormente, devido as distancias que se tem de percorrer e aos meios de transporte que temos ao nosso dispor;

algumas caches são asseguradas de bicicleta mas a maioria tem de se ter um jipe ou uma moto 4. Alguns geocachers amigos muitas das vezes vão substituindo logbooks e mesmo containers (devido a idade deste PT e ao desaparecimento de muitas das caches originais já se pensou e pensa-se em deixar morrer a monstra, mas o Elias tem feito os possíveis para não a deixar morrer). Clay4 & whtwolfden: A manutenção é realizada através da bondade dos Geocachers, o PT é auto -mantido. Os Geocachers vêm fortemente equipados com containers de substituição e recolocam qualquer um que possa estar desaparecido pelo caminho. B.G. - Facilmente, olhando para um mapa e para os números, podemos concluir que estamos perante dois países diferentes. Um com 9.826.675 km2, outro com 91.985 km2 de área. Facilmente se percebe a razão do maior PT dos EUA (e do mundo) contar com mais de 2000 caches, enquanto que o maior PT de Portugal conta apenas com umas humildes 117 caches. No entanto, esta não deverá ser a única diferença. Como descreveriam o geocaching e as comunidades de geocachers dos vossos países? TP_PT’s: Ui pergunta difícil! A comunidade de geocachers em Portugal é como todas as comunidades no mundo: tem pessoas boas, pessoas más, muitos contribuem para termos uma melhor comu-

nidade, outros o contrário, o importante é saber escolher quem nos interessa, e procurar aproveitar ao máximo a nossa vida e neste caso as caches.

te, uma mostra que é possível ter um PT com boas e diferentes caches, basta ter vontade para isso. Temos encontrado alguns PT com muito boas caches.

Penso que a comunidade está a crescer e estão cada vez mais a aparecer novas pessoas com grandes ideias e que estão a criar muito boas caches.

Penso que o geocaching tem ainda muito para evoluir a nível dos PT, e que estes devem ser vistos para além do número como bons momentos em grupo, fazendo que as pessoas andem, aproveitem o espaço, o percurso, a natureza… Penso que se pode esquecer um pouco a loucura dos números e aproveitar o pt para fazer um pique-nique, tirar fotos, para passar uns momentos divertidos com amigos e a família.

Penso que mais dia, menos dia poderá aparecer um PT em Portugal com números semelhantes aos EUA; basta que se consiga reunir algumas equipas e criar um “Monstro” desses, temos muitas rotas que poderiam servir para isso. Podemos lançar ideias para a comunidade... (lol). Clay4 & whtwolfden: Não acredito que exista muita diferença na nossa comunidade de Geocaching em comparação com as dos outros países. Na minha experiência, a única diferença que tenho encontrado é a paisagem. Na generalidade, acredito que os Geocachers tendem a pensar da mesma forma e partilhar o mesmo prazer do jogo, e são apenas os métodos de esconder que variam. B.G. - Geralmente, os PT’s são vistos com desconfiança, como grupos de caches criados apenas para os números, numa ideia geral de que quantidade dificilmente consegue ser compatível com qualidade. O que têm a dizer a quem partilha desta ideia? TP_PT’s: Não concordamos minimamente com essa ideia. A monstra foi, e ainda é, apesar do desgas-

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Ouvimos muitas críticas de pessoas que não gostam de PT, por isto ou por aquilo, mas penso que as pessoas devem respeitar o trabalho dos outros, e que só devem fazer aquilo que lhes dá prazer: se não gostam de pt, não as façam… se as fazem que as façam pelos seus motivos, sejam eles qual forem, mas respeitem os owners, não destruam as caches... Clay4 & whtwolfden: Nós dizemos: joguem da maneira que gostas de jogar e deixem os outros jogar da maneira que eles gostam de jogar. Embora tenhamos um grande Powertrail, também criamos algumas caches surpreendentes com grandes quantidades de pontos de favorito aqui na área de Las Vegas. Tudo o que estamos a tentar dizer é que as pessoas devem estar abertas a todas as formas do jogo.

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B.G. - Embora os vossos PT’s sejam, respectivamente, os maiores do país pretendem bater o vosso record com a criação de novos PT’s ainda maiores, ou esta foi uma experiência única, cuja manutenção já vos é suficientemente trabalhosa? TP_PT’s: Ideias andam sempre na calha, nunca podemos dizer que vamos ou não fazer um maior. Podemos dizer que a monstra esteve programada para serem 258 caches, o percurso era de ida e volta, por isso nunca se sabe. Às vezes só falta o tempo... Clay4 & whtwolfden: A ET Highway terá sempre um lugar especial nos nossos corações e foi aumentada em tamanho com mais 500 caches há um par de anos

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atrás. Depois mais 400 caches no ano passado o que nos traz ao seu tamanho actual de 2.400 caches. Mas no ano passado também criámos um Powertrail de 500 caches mais perto de casa para nós. O Eldorado Trail fica a cerca de 20 minutos a sudeste de Las Vegas e estamos a discutir também a sua possível expansão no futuro. B.G. - Que outros projectos têm em mente, para além da manutenção dos vossos actuais PT’s? TP_PT’s: Isso é segredo... não se pode contar....Agora a sério, neste momento não temos nada em vista. A manutenção é o calcanhar de Aquiles de um projecto tão grande como este, pois requer muito do nosso tem-

po e nós também somos geocachers que gostamos de descobrir outras caches, e se estamos a fazer a manutenção das nossas não estamos nas dos outros, temos aprendido que muita gente não tem o cuidado nem o respeito pelo trabalho dos outros. Por essa razão passa pela cabeça muitas vezes finalizar este projecto e obriga a manutenção que poderiam ser desnecessárias.

Este evento mantem-nos ocupados com cerca de 2 meses de planeamento, preparação e criação de caches. Mas é de longe o nosso evento favorito do ano.

Clay4 & whtwolfden: Nós continuamos a ser os anfitriões de eventos mais activos da nossa área, como podem ver no nosso website, www.ETgeocaching. com, mas o nosso favorito é o anual Las Vegas Geo-Poker Run que começámos em 2011. Acabámos de comemorar o 4º Anual Geo-Poker Run há duas semanas atrás.

Clay4 & whtwolfden: A melhor mensagem que gostaríamos dar era: mantenham-se activos. Saiam e apreciem a vida. Só se vive uma vez por isso não a desperdicem sendo infelizes!

B.G. - Que mensagem gostariam de deixar à comunidade? TP_PT’s: Vivam, respirem, curtam, aproveitem ao máximo o geocaching… divirtam-se e coloquem mais caches para o pessoal fazer.

Bruno Gomes - Team Marretas Fotos cedidas gentilmente pelos entrevistados


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Projecto «Garcias» do Pedro Macedo Por Flora Cardoso

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Aos 33 anos, Pedro Macedo já deu praticamente a volta ao mundo, de mochila às costas e em condições de máxima proximidade com a natureza, as gentes e a cultura de cada país atravessado.

Nesta edição da GeoMagazine o Pedro partilha algumas aventuras vividas pelo mundo fora, explica o grande desafio dos “Garcias”, e convida a comunidade a conhecer a NaturCoolTour. Bem-vindo, Pedro!

Este jovem Vimaranense precisa de ter o corpo e a mente constantemente em movimento, e está neste momento a concretizar dois antigos projetos que vão certamente seduzir muitos geocachers.

Flora Cardoso - Pedro, para quem ainda não te conhece, como gostarias de te apresentar à comunidade de Geocachers?

O próprio Pedro, recentemente rendido ao geocaching, é Owner de uma cache que já muito deu que falar: GC4TYKJ Tonel, o Irmão mais Alto da Calcedónia, assinada por Pedro Mac.

Pedro Macedo - Olá a todos! O meu nome é Pedro Macedo, nasci em 1981 no concelho de Guimarães, em 1999 mudei-me para Vila Real para tirar o curso de Educação Física e Desporto na UTAD. Depois de terminar o curso como não tinha emprego

apanhei um avião para Londres, sem saber ao que ia, nem conhecer ninguém por lá, e acabei por ficar quase um ano. Para me sustentar durante a estadia passei por empregos diversos, desde empregado de mesa num Starbucks e assistente de vendas numa loja de montanhismo/campismo/viagens a professor substituto em várias escolas. Regressei a Portugal ao fim de 10 meses, e desde então andei a saltar de escola em escola e de cidade em cidade trabalhando como professor em Guimarães, Pinhal Novo (Palmela), Elvas, Alvaiázere e Miranda do Douro. F.C. - De onde vem essa tua paixão pelas viagens e a tua proximidade com a Natu-

reza no estado bruto? Recordas-te da tua primeira aventura pelo mundo fora? P.M. - As montanhas e as viagens sempre foram uma grande paixão para mim. Desde muito cedo sentiame atraído pelas montanhas e aproveitava qualquer oportunidade para fazer caminhadas pelas serras. Durante o curso de Educação Física escolhi a opção de “Desportos de Exploração da Natureza” e juntei-me ao grupo de escalada da UTAD e ao grupo de montanhismo de Vila Real. A partir do momento em que comecei a trabalhar e passei a ter independência financeira, comecei a aventurarme em pequenas viagens


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pelo estrangeiro. Nada de mais, pequenas viagens de 3 ou 4 dias num qualquer destino europeu servido por voos low cost desde Portugal. Mas a viagem que marcou um ponto de viragem para mim foi a primeira viagem que fiz a Marrocos em 2008. Na altura eu não conhecia ninguém que já tivesse viajado para Marrocos, o meu grupo de amigos não incluía viajantes. As pessoas que conhecia torciam o nariz e desaconselhavam-me a partir, era um país diferente, pobre, perigoso e sujo, diziam. Ainda assim parti de mochila às costas com o meu primo Dinis, ainda não haviam

vôos low cost para Marrocos, então fomos à boleia de um camião até Lisboa e depois de autocarro até Algeciras e barco até Marrocos. Ficamos duas semanas, sempre usando um site de hospitalidade, o couch surfing para ficar gratuitamente em casa de pessoas locais (marroquinos) em cada uma das cidades que visitamos. Nunca ficamos em hostel. Subimos o Toubkal (4167 mt) o cume das montanhas do Atlas sem guia (o guia era eu). A viagem marcou-me, o país era exótico, as pessoas que fiquei a conhecer bem por ficar hospedado em casa delas, eram muito diferentes das pessoas em Portugal, na Europa, com costumes,

crenças e formas de pensar estranhas para mim, mas não deixavam de ser boas pessoas e por pensarem doutra forma obrigavamme a repensar coisas que normalmente nem questionava, o que é uma coisa boa. E fiquei com o bichinho de viajar de mochila às costas sem planos... F.C. - Depois dessa primeira experiência, ficou a vontade de alargar os horizontes e ir cada vez mais longe… partir à descoberta torna-se um vício? P.M. - Sim pode-se dizer que sim! Voltei a Marrocos sozinho mais um mês em 2009, em 2010 comprei um bilhete só de ida para Dacar no Senegal e depois de visitar

o país fiz o meu caminho de regresso a Portugal por terra, atravessando o Gâmbia, a Mauritânia, o Saara Ocidental e Marrocos, cruzando o deserto de sul para norte. Em 2011 estava colocado com um horário demasiado pequeno em Alvaiázere. Rescindi o contrato e fui viajar durante 7 meses na América do Sul de mochila às costas, levando apenas comigo 1700 euros para os 7 meses de viagem (fora a passagem aérea que comprei antes). Vivi numa cabana na selva, fui ao carnaval do Rio, visitei as quedas de água de Iguaçu, viajei pelo Brasil e Paraguai. Na Bolívia fiz voluntariado com crianças que viviam dentro das prisões,

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viajei por parques naturais lindíssimos, atravessei desertos de sal, subi montanhas com mais de 6000 metros nos Andes e vulcões no salar e passeei pelas ilhas do lago Titicaca. Passei fugazmente pelo Chile para ver o oceano Pacifico e rumei aos canyons profundos do Peru antes de caminhar até Machu Pichu por um dos trilhos incas. Parti para a Amazónia, cruzei a fronteira primeiro para o Brasil depois para a Bolívia onde o autocarro onde seguia se despistou na selva e foi enfiar-se contra as árvores ficando imobilizado no meio da selva sem forma de contactar ajuda. Improvisei uma forma de seguir viagem na caixa de camiões e atravessei de novo a Bolívia e o Brasil, parei duas semanas para trabalhar numa fazenda de café orgânico em Mococa e segui para São Paulo para tomar o avião de regresso para Portugal. F.C. - Pedro, quando o orçamento é manifestamente curto mas a vontade de partir fala mais alto, quais são as principais preocupações que assaltam o nosso ser? Existem medos, angústias, momentos de dúvida? O que é que passa pela cabeça de um jovem perdido no meio de nenhures, praticamente sem dinheiro, do outro lado do mundo?

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P.M. - As limitações do orçamento não me causam normalmente preocupação, porque já sei à partida que vão existir e já estou preparado para isso. No entanto existem imprevistos

e situações que por vezes não correm bem e que me levam nos momentos piores a por em causa as minhas opções e a desejar ter escolhido uma viagem mais curta, mais “normal”, com mais conforto. Felizmente esses momentos menos bons são raros e esqueçome deles muito depressa. Rapidamente volta o desejo de ir mais longe e de me expor à adversidade. Mesmo enquanto estou a passar dificuldades sei que são os piores momentos que dão as melhores histórias e que ultrapassá-los me enche de confiança. F.C. - Quando regressaste a Portugal em 2012 depois dessa epopeia na América do Sul, quais eram as tuas expectativas? Continuavas com vontade de lecionar? Em algum momento sentiste que Portugal era definitivamente um país demasiado pequeno para albergar os teus sonhos? P.M. - Gosto de lecionar, mas não é o meu emprego de sonho, ainda por cima as condições para lecionar em Portugal são más para um professor contratado. Para ter emprego sou obrigado a concorrer para o país inteiro, sem nunca saber se vou ter emprego nem onde será. De volta a Portugal retomei a minha vida normal de professor e fui colocado em Miranda do Douro. Porém no ano lectivo de 2012/2013 não consegui colocação em nenhuma escola. Aproveitei o tempo livre que passei a ter para impulsionar dois projetos antigos.

F.C. - Falemos então desses projetos profissionais que foste amadurecendo durante as tuas viagens. Como tomaste conhecimento do Peak Bagging, o que é que te fascina nessa modalidade e em que momento resolveste adaptar o conceito ao mapa de Portugal? P.M. - O projeto de Peak Bagging, tem já alguns anos. Penso que a semente da ideia surgiu quando vivia no Reino Unido e verifiquei que muitos adeptos das caminhadas na natureza no Reino Unido e noutros países anglófonos gostavam duma actividade chamada Peak Bagging. Peak Bagging é uma actividade comum entre montanhistas e caminhantes que consiste em tentar completar todos os cumes de um determinado grupo ou lista de montanhas. A montanha considera-se conquistada depois de o montanhista ter subido/escalado até ao cume. A atividade é antiga e terá começado na Escócia com a publicação dos Munros Tables em 1891. Esta actividade também pode ser designada por mountain bagging, munro bagging, peak bagging ou simplesmente bagging. Normalmente as listas de montanhas não são aleatórias e têm critérios objectivos como a altitude ou a proeminência topográfica ou ambas para determinar que montanhas são incluídas na lista. Existem listas para todos os níveis de dificuldade desde desafios só ao alcance dos

melhores alpinistas do mundo como as 14 montanhas com mais de 8000 metros nos Himalaias, até montes e montanhas que podem ser alcançados em passeios de um dia, acessíveis a qualquer pessoa que goste de caminhar, como os propostos pela lista de Hewitts em Inglaterra. Em Portugal a única lista que consegui encontrar foi a lista do ponto mais alto de cada distrito, é uma lista interessante mas muito incompleta na sua representatividade das montanhas portuguesas. Como “colecionar” montanhas me parecia uma atividade aliciante decidi criar eu uma lista dos mais importantes cumes de Portugal. F.C. - Que critérios levaste em conta para elaborar a tua lista ideal de cumes portugueses? P.M. - Utilizei dois critérios objectivos, uma altitude de pelo menos 800 metros e uma proeminência topográfica de pelo menos 100 metros. A proeminência topográfica é o desnível mínimo que há que descer desde o cume de uma montanha para chegar a outra qualquer montanha que seja mais alta, isto é, tenha maior altitude. Depois de muitas horas a olhar para as cartas militares 1:25000 cheguei a uma lista de 256 montanhas em Portugal Continental que cumpriam esses critérios. Quando terminei a lista fiquei entusiasmado com a ideia de subir todas as montanhas da lista, se o fizesse seria provavelmente a pri-



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meira pessoa a completar todos os cumes mais importantes de Portugal. No entanto ainda mais interessante seria partilhar esta lista com outras pessoas, torná-la pública para que outros amantes do montanhismo pudessem conhecer e tentar os mesmos cumes. Foi assim que surgiu a ideia do blog “Montanhas de Portugal”. F.C. - Mas ainda faltava um nome de batismo para esse teu projeto… como surge a ideia dos “Garcias”? P.M. - Nas ilhas Britâncicas todas as listas de montanhas tem um nome, existem os Munros, os Corbets, os Hewitts, entre outros. Em Portugal achei melhor criar também um nome para classificar todas as montanhas que cumpriam os mais de 800 metros de altura e a proeminência de pelo menos 100 metros, e como achei adequado homenagear o mais mediático e conceituado montanhista português João Garcia que subiu com sucesso todas as 14 montanhas com mais de 8000 metros nos Himalaias sem recurso a garrafas de oxigénio e completou os “Sete Cumes”, as montanhas mais altas de cada um dos continentes, decidi chamar às montanhas que fazem parte da lista, “Garcias”. F.C. - Qual é o nível de dificuldade global deste projeto? Visitar os “Garcias” é, na tua opinião, um desafio apenas ao alcance de profissionais do montanhismo? Ou estará ao alcance de qualquer pessoa em boa forma física com muita von-

tade de caminhar? P.M. - O nível de dificuldade dos “Garcias” é muito variável, desde montanhas em que é possível fazer conduzir o automóvel até ao cume até picos que exigem longas horas de caminhada e/ou alguma escalada de (dificuldade baixa) para serem alcançados. F.C. - Como está organizado o blog “Montanhas de Portugal”? Que tipo de informação é possível retirar da página para quem se queira propor a relevar o teu desafio? P.M. - No blog existe um post para cada uma das 256 montanhas. Na página de cada montanha vem sempre um conjunto de dados geográficos sobre a elevação, como a sua altitude, proeminência topográfica, as coordenadas aproximadas do cume, a dificuldade em chegar ao cume, o melhor trajeto para o alcançar, a localização (freguesias, concelho, distrito), a bacia hidrográfica da qual faz parte, os rios que nascem na montanha entre outros. Vem também a fotografia da montanha vista desde várias direções (normalmente vista desde o cume de outras montanhas) e um panorama da vista que se pode ter desde o cume. É bastante informação, mas tem um caracter talvez demasiado técnico e enciclopédico, de futuro planeio convidar as pessoas que visitaram o cume a deixarem um relato de como foi a aventura de o alcançar. Um pouco como um log daqueles bem completos, mas

com a diferença que apenas preciso de um bom relato por cada um dos cumes. Além da página de cada uma das montanhas o blog tem também um mapa com a localização de cada um dos cumes, e listas dos cumes organizados por altitude ou por proeminência ou por distritos. Como quero que mais pessoas tentem os cumes e quero aliciar pessoas ao desafio de tentarem completar todos os da lista pretendo oferecer um prémio à primeira pessoa a visitar todos os cumes. As pessoas podem provar que lá estiveram com fotos no cume. Mas primeiramente quero arranjar um patrocínio para que o prémio não tenha que me sair do bolso. Quando isso estiver mais definido colocarei toda a informação no blog. F.C. - Na qualidade de geocacher e Owner, como encaras a possibilidade de associar o Geocaching à conquista dos Garcias? Achas que são duas atividades complementares e compatíveis? Tens uma noção das caches que se encontram em rota de colisão com os Garcias? P.M. - Um aspeto que certamente poderá interessar aos geocachers é que tenho tido algumas conversas informais sobre a possibilidade de vir a ter um badge para os Garcias. Em pouco mais de metade dos Garcias ainda não existe nenhuma cache, a ideia seria convidar pessoas a criarem caches nos Garcias onde estas ainda não existem e nos

cumes “Garcias” nos quais já existem caches, falar com os owners e propor-lhes que as caches passem a integrar o badge.

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Neste momento sou owner apenas de uma cache, a qual por coincidência ou talvez não, está situada no topo de um Garcia. F.C. - E de um ponto de vista pessoal, em que ponto estás do teu próprio desafio? Já conquistaste todos os cumes da tua lista? Para ti, ser o primeiro português a conquistar todos os Garcias é de facto um challenge pessoal? P.M. - Até hoje devo ter visitado quase metade dos cumes da lista, mas ser o primeiro a conquistar todos os Garcias não é um objetivo importante para mim neste momento, até porque estaria provavelmente a competir sem concorrência. Muito mais importante, é divulgar a lista e o blog para que mais pessoas se sintam curiosas e tentadas a visitar todos os cumes dos Garcias. Inclusivamente quero encontrar um patrocinador, e oferecer um prémio à próxima pessoa que complete todos os cumes, acho que é uma boa de forma de tornar ainda mais aliciante a conquista dos cumes da lista. Complementarmente existirá no blog um espaço em que eu possa divulgar quem vai à frente na “corrida” sendo que tem que existir prova da conquista da montanha. Um par de fotos no cume deverá ser suficiente. No caso de geocachers também poderei considerar como prova o terem feito alguma

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cache que fique no cume da

e as tradições locais ainda

tua estratégia para desen-

tradicionais em que os visi-

montanha.

melhor.

volver o projeto NaturCool-

tantes podem ver fazer e até

F.C. - Neste momento estás

Por outro lado sinto que fal-

Tour?

aprender a fazer o artesana-

ativamente envolvido em

tam em Portugal empresas

P.M. - Neste momento estou

outro projeto que já dá mui-

que levem os portugueses

a tratar daqueles pormeno-

to que falar nas redes so-

a conhecer outros destinos

res básicos como os seguros

ciais! O que é a NaturCool-

sem se limitar a mostrar os

e o registo como operador

Neste momento a divulga-

Tour, quais são os objetivos

pontos turísticos mais ób-

turístico no RNAAT.

ção das atividades faz-se

deste projeto e como estás

vios, mas também a revelar

a articular a logística desses

um pouco da natureza e da

passeios guiados?

cultura de cada país.

P.M. - É verdade, outro pro-

F.C. - Em que aspetos sen-

e vou reforçar a publicitação

jeto no qual estou atual-

tes que a NaturCoolTour é

das minhas actividades por-

F.C. - E o Geocaching tam-

mente envolvido e que é

uma proposta diferenciada

que preciso de um esforço

bém pode ter lugar neste

para mim ainda mais im-

no mercado do Eco-Turis-

inicial para atrair clientes.

projeto? Na tua opinião, os

portante, é a NaturCoolTour,

mo, Turismo Rural ou Pas-

que será em breve uma em-

seio-Aventura?

presa que organiza viagens

nores acertados vou passar a ter eventos mais regulares

Também penso em celebrar o maior número de parcerias

de uma refeição com todos os pratos típicos.

somente pela página da NaturCoolTour no facebook mas em breve será também criado o site da empresa.

geocachers são um público -alvo preferencial para este género de atividade?

P.M. - É muito fácil encon-

possíveis com todo o tipo de

trar viagens em que se pas-

entidades, desde empresas

P.M. - Os geocachers como

sa uma ou duas semanas

e universidades onde pode-

gente que gosta de aventu-

enfiado num hotel ou então

rei conquistar clientes a em-

ras e de contacto com a na-

Por um lado queria partilhar

em que se anda a saltar de

presas do mesmo ramo com

tureza são obviamente um

com as pessoas os luga-

cidade em cidade parando

quem poderei pontualmente

res fantásticos que existem

para tirar fotos junto aos

trabalhar.

no nosso país, e que estão

monumentos mais icónicos

acessíveis em pequenas ati-

junto dos quais pairam mul-

vidades de um dia ou de um

tidões de turistas, a alterna-

fim-de-semana.

tiva que queremos oferecer

com uma forte componente de contacto com a natureza ou interação cultural.

Refiro-me principalmente a locais em meio natural, preservados e belos, e as atividades que proponho são essencialmente caminhadas atravessando paisagens de montanha ou zonas rurais. Basta um percurso agradável no meio da natureza para descontrair de uma semana stressante e recarregar as baterias com energia, e se podermos ir acompanhados por alguém que conheça os 28

Quando tiver esses porme-

to local bem como participar

locais mais bonitos, e nos fale sobre a fauna, a flora

são viagens mais calmas em que alguns dia de cidade (ou praia) e visita a monumentos se combinam com dias passados no meio da natureza a caminhar ou então nas aldeias a conhecer as tradições locais. Este é um projecto que está apenas a começar, apesar de já ter feito alguns passeios experimentais no Gerês, Alvão, serra de Arga e Douro e de ter algumas atividades marcadas. F.C. - Qual é atualmente a

F.C. - E em termos de calendário, já existe um planeamento

concreto

das

próximas atividades? Como funcionam as inscrições e quais são os contactos para obter mais informações sobre as caminhadas? P.M. - O objetivo é ter já a partir de Março umas caminhadas em cada fim-desemana, bem como uma atividade de dois dias todos os meses. No verão planeio ter a minha primeira viagem mais longa à Roménia com visitas às cidades da região da Transilvânia, percursos pelas montanhas dos Cárpatos e visitas a aldeias

dos públicos-alvo para este tipo de actividades. Habitualmente já incluo sempre a visita a algumas caches durante as caminhadas de um dia que organizo e mesmo nas viagens maiores não vejo porque não, incluir também a visita às caches mais próximas ou mais interessantes da zona. F.C. - Muito obrigada Pedro, boa sorte para todos estes projetos! O GeoPT irá acompanhar de perto os desenvolvimentos e estou certa que nos voltaremos a encontrar em breve para muitos relatos de grandes aventuras! Flora Cardoso - Lusitana Paixão



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GUIA BTT ECOPISTA DO SIZANDRO Por RuiJSDuarte

Para esta edição e a pensar nas famílias que não gostam muito de praia ou para as que gostam da praia a Oeste de Lisboa, e que têm de esperar o dia todo que o sol se queira mostrar, um 34

passeio para todas as idades... ou quase.

Vamos explorar as potencialidades da Ecopista do Sizando em colmatar a falta do astro rei que tantos dias durante o Verão insiste em ficar escondido atrás de um manto (muitas vezes bem espesso) de nuvens. Inaugurada à praticamente cinco anos, liga a cidade

de Torres Vedras (zona do Parque de Exposições) à Foz do Rio Sizandro, a qualquer coisa como 20 quilómetros de distância. Dependendo do local onde se vão procurar informações sobre os trajectos acabamos por ter um retorno variável e algo confuso so-

bre o que realmente existe, o que é Ecopista, Ecovia ou Ciclovia, por onde passa, onde começa e acaba. Os próprios placards informativos (um em Torres Vedras e o outro na Foz do Sizandro) ajudam a essa confusão, indicando a Ecopista como chegando até à


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praia de Porto Novo, o que não é de todo verdade. O que a Ecopista veio fazer (e é daqui que nascem as diferentes interpretações do percurso) foi complementar, ligando as Ciclovias “Barro-Parque de Exposições” e “Santa Cruz-Porto Novo” através de “...um percurso

‘verde’ destinado a tráfego não motorizado, que permite a prática de actividade física aliada à fruição de paisagens naturais” (da página da CMTV). Já tinha tomado contacto com estes caminhos numas passagens de bicicleta que fiz na zona referentes

à GR30 Rota das Linhas de Torres e tinha muita curiosidade da percorrê-la de uma ponta à outra, ininterruptamente. Apanhando um dia ameno e nublado, como é apanágio por aqui, vim decidido a levá-la de vencida, (70 quilómetros, pensava eu, entre ir e vir, Torres Vedras/Porto Novo), ainda não

tinha noção que vinha ao engano, pelos motivos explicados acima sobre o que faz parte da Ecopista. Carro estacionado no Parque da Várzea (onde cumprimentei as primas Agostinhas - www.agostinhas-tvedras.pt/‎) e depois de afinar (o pouco que dá)

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a minha bicicleta para rolar

dições,

maioritariamente

de Portugueses e Ingleses.

original, que me parece não

mais rápido, em detrimento

estradões agrícolas bem

Praticamente todos os “pi-

ser a que lá estará de mo-

do conforto, lá fui eu a toda

compactados (o que per-

cos” ao longo da Ecopista

mento);

a brida, excepcionalmente

mite que as águas das

têm resquícios, mais ou

sem track no GPS e fian-

plantações o atravessem

menos bem conservados

do-me nas marcações do

causando um mínimo de

das velhinhas fortificações.

terreno.

desgaste), com passagens

Ora, três erros limpinhos!!!

pontuais pelo alcatrão das

Um: pensar que conseguia

metro 17 podemos então escolher se queremos ir até

res Vedras] - GC344YY (temática e bem enquadrada); Ecopista - Bird watching [Torres Vedras] - GC2800R (no final de um dos troços

Acompanhando o curso do

à Foz propriamente dita (vi-

Rio Sizandro (sempre que

rando à esquerda e passan-

possível) até ao seu final,

do a ponte) ou se queremos

conseguiram-se vinte qui-

seguir em frente e ir para

PR2TVD: Praia Azul - GC2J-

lómetros praticamente pla-

os lados de Santa Cruz. São

4QD (uma excelente vista

nos, ao alcance de todos os

cerca de seis quilómetros

sobre a Foz e sobre o Ocea-

utilizadores das bicicletas,

extra com um grau de difi-

no);

desde que se tenha um mí-

culdade mais elevado e que

nimo de preparação física.

Três: confiar nas marca-

já pedem um pouco mais

Afinal, ir e vir sempre são

ções!

de treino nas pernas. Afi-

pelo menos 40 quilóme-

nal, é sempre a subir até à

O que consegui foi perder-

tros. As excepções a esta

referida localidade e neste

extensa ilusão de planície

pequeno troço temos tanto

são duas pequenas eleva-

de altimetria como em todo

ções, justamente a servi-

o outro.

fazer os 70 quilómetros e ainda por cima queria uma média entre os 20 e 25 km/h Dois: ter enchido muito os pneus para contrariar o atrito e ganhar na velocidade

me ao fim de meia dezena de quilómetros, ficar estafado ao fim de apenas uma dúzia deles e com uma brutal dor de coluna ao fim de uma vintena... lá foram os planos por água abaixo... toma lá, que é para não se-

rem para dividir o percurso em três partes iguais, ou seja, sensivelmente de sete em sete quilómetros temos uma subidinha para desen-

res lambão! Acabei por divi-

joar.

dir o passeio por dois dias,

A paisagem é invariavel-

ambos muito bem passados pela zona!

mente marcada pelas culturas locais. Pereiras, vinhas

Ao fim de cinco anos são já vários os locais onde as

e trigo espreguiçam-se ao longo das margens e ser-

pequenas e até engraçadas

vem de pano de fundo para

tabuletas com o símbolo

o seu constante canto.

do percurso e a indicação

À medida que vamos pro-

do caminho se perderam, o que torna mais uma vez indispensável levar o dito registo no GPSr e/ou ter atenção extra.

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estradas nacionais.

Sensivelmente ao quiló-

Ecopista do Sizandro [Tor-

gredindo podemos também apreciar um pouco do que estava reservado para os Franceses já que muitos são os quilómetros onde

É um complemento interessante ao percurso ribeirinho e já que pedalamos até ao Oceano, assim sempre o podemos admirar condignamente! Em matéria de Geocaching propriamente dito, existem cerca de seis dezenas de caches “em cima” da Eco-

sante);

Penedo do Guincho - GC4V5EA (à entrada de Santa Cruz e num local que merece bem uns minutos de exploração e contemplação, até porque tem a companhia de outras boas caches); Homage to Kazuo Dan [Torres Vedras] - GCG1YK (já fora do plano traçado mas esta velhinha Virtual merece certamente a visita). Resumindo e concluindo, temos passeio para todas as idades, a cumprir preferencialmente de forma des-

pista, com algumas bem

contraída e em família.

cotadas no Panorama Na-

E para os mais afoitos exis-

cional.

tem inúmeros desvios ao

Nunca me passaria pela ca-

longo do percurso, mesmo

beça tal demanda, a de encontrar tantas caches duma assentada, principalmente durante um passeio de bici-

a jeito para acederem aos referidos sobranceiros Fortes e, claro está, às suas geocaches!

cleta, pelo que deixo como

Felizmente a idade não

estamos directamente sob

afectou a maior parte do

o que seria o raio de in-

“tapete”

encontramos

fluência das bocas de fogos

um excelente leque de

estacionadas nos Fortes da

As almas - GC2BZYQ (prin-

caminhos em boas con-

Linha de Torres, sob mira

cipalmente se na versão

e

e num local muito interes-

sugestão

“apenas”

uma

mão cheia delas, a saber:

Rui Duarte - RuiJSDuarte


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Além Fronteiras

CASTELOS DO VALE DO LOIRE Por Prodrive

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O Vale do Loire, conhecido como o Jardim da França e o Berço da Língua Francesa tem uma extensão de cerca de 300 quilómetros ao longo do Rio Loire, abraçando várias cidades históricas como Orléans, Blois, Amboise, Tours, Saumur, Angers ou Nantes. Entre os séculos X e XVI, era no vale do Loire que residia o poder político de França. Os mais de trezentos castelos referenciados na região serviam não só de residência à corte real, mas também de fortificações militares e defensivas. O Vale do Loire e particularmente os seus muitos monumentos culturais, ilustram os ideais do Renascimento e do Iluminismo na Europa Ocidental. Os castelos representam uma nação de construtores começando com os necessários castelos fortificados do século X, para o esplendor dos palácios faustosos meio milénio depois. Quando os Reis franceses começaram a construir na região os seus enormes castelos, a nobreza, não querendo nem se atrevendo a ser medida pelo poder, seguiu o exemplo. A sua presença no exuberante e fértil vale começou a atrair os melhores designers paisagísticos.

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Em meados do século XVI, Francisco I deslocou o cen-

tro do poder da França do Loire para a antiga capital, Paris. Com ele, foi grande parte do apogéu do Vale do Loire, mas continuou a ser o lugar onde a realeza francesa preferiu passar a maior parte do seu tempo. A ascensão de Luís XIV, em meados do século XVII, levou a instalação permanente da realeza para Paris quando construiu o Palácio de Versalhes. No entanto, aqueles que ganharam o apoio e favores do rei e da alta burguesia, continuaram a renovar os existentes ou a construir novos castelos luxuosos como a sua residência de verão, na região do Loire. A Revolução Francesa viu um grande número de castelos franceses destruídos e muitos saquearam os seus tesouros. O empobrecimento de muitos dos nobres depostos, geralmente após um dos seus membros perder a sua cabeça na guilhotina, fez com que muitos castelos fossem demolidos. Durante a I e a II Guerra Mundial, alguns castelos foram utilizados como Quartéis-generais militares. Alguns destes continuaram a ser utilizados desta maneira após o fim da Segunda Guerra Mundial. Nesta edição convidamos os leitores da GeoMagazine, a uma viagem no tempo até aos anos áureos do Vale do Loire, num périplo

pelos 10 castelos mais recomendados da região. Vistam o vosso melhor traje de gala e acompanhem-nos pelos aposentos de Reis e Rainhas de França. Espreitem também as geocaches associadas a cada um deles. Ussé (GC4ZYV0) A primeira edificação no local remonta ao século XI, quando o senhor normando de Ussé, Gueldin de Saumur, mandou construir uma fortificação, que rodeou com uma paliçada num terreno elevado na margem da floresta de Chinon, com vista para o vale do Indre. O lugar passou para a posse do Conde de Blois, que reconstruiu o edifício em pedra. O castelo é impressionante e contém uma notável colecção de mobiliário. Estes móveis, comprados pelos vários proprietários do edifício, conseguiram sobreviver à Revolução Francesa. Em algumas das salas estão igualmente presentes peças de vestuário autênticas, que mostram como era a vida antigamente em Ussé. Essa particularidade de ter manequins trajados a rigor a recriar esses tempos é o que mais distingue este castelo dos restantes. Também a possibilidade de se visitar o sótão, algo exclusivo deste castelo, são aspectos determinantes para figurar nesta lista

restrita dos 10 castelos mais belos do Loire. Azay-Le-Rideau (GC43E2B) O castelo de Azay-Le-Rideau está edificado numa ilha no meio do rio Indre (um dos afluentes do Loire), e é sobretudo esta característica que proporciona um belíssimo espelho de água com o reflexo das suas fachadas, que mais o distingue dos restantes castelos. O edifício, tal como se apresenta hoje, foi construído sob o reinado de Francisco I pelo tesoureiro do reino, Gilles Berthelot, que desejava conciliar inovações vindas da Itália e a arte de construir em estilo francês. As dimensões, longas e baixas, e as decorações são italianas, mas as esquinas do bastião cobertas por cones pontiagudos, o empilhamento vertical de grupos de janelas separadas por enfáticas linhas de cordas horizontais, e o alto tecto de lousa inclinado, são inequivocamente franceses. As fortificações e as torres de menagem medievais deram um ar de nobreza tradicional ao recém-enobrecido tesoureiro do Rei. Classificado como monumento histórico, o castelo de Azay-le-Rideau expressa todo o refinamento de um castelo da primeira renascença francesa.


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[O castelo de Amboise] foi palco de intrigas e disputas, e passou por períodos de negligência e demolição Villandry (GC3XB4M) O Castelo de Villandry, terminado no ano de 1536, foi o último dos grandes castelos construídos nas margens do Rio Loire na época do Renascimento. . As terras onde foi erguido o Castelo de Villandry eram conhecidas como Colombier até ao século XVII. A propriedade foi adquirida no início do século XVI por Jean Le Breton, ministro das finanças durante o reinado de Francisco I. Para construir o actual palácio, mandou arrasar uma velha fortaleza do século XII, da qual restam apenas as fundações e a torre de menagem que se encontra por trás do pátio de honra. Foi nesta fortaleza que teve lugar, no dia 4 de Julho de 1189, a “Paix de Colombiers”, no curso da qual Henrique II Plantageneta, Rei de Inglaterra, veio à presença de Filipe II, Rei de França, reconhecer a sua derrota.

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O castelo em si não é dos mais históricos, contudo no século XIX, o jardim tradicional foi destruído para dar lugar a um parque à inglesa em volta do palácio (ao estilo do Parque Monceau, em Paris). Esta é a sua principal atracção e são os seus belíssimos jardins que lhe garantem a

entrada neste restrito Top 10. Chenonceau (GC35JHK) Se tivesse que eleger apenas um castelo, como o mais bonito do Vale do Loire não teria qualquer hesitação em escolher Chenonceau. O primeiro castelo foi construído no local de um antigo moinho, em posição dominante sobre as águas do rio Cher no século XI. A sua história está associada a sete mulheres de personalidade forte, duas das quais Rainhas de França. O edifício original foi incendiado em 1411 para punir o seu proprietário Jean Marques por um acto de sublevação. Mais tarde, em 1513, o seu endividado herdeiro, Pierre Marques, vendeu o castelo a Thomas Bohier, camareiro do Rei Carlos VIII de França. Bohier destruiu o castelo existente, conservando a torre de menagem, e construiu uma residência inteiramente nova entre 1515 e 1521. O trabalho foi por vezes supervisionado pela sua esposa, Catherine Briçonnet, a qual teve o prazer de hospedar a nobreza francesa, incluindo Francisco I de França em duas ocasiões.

Mais tarde, o filho de Bohier foi desapropriado, sendo o castelo entregue ao Rei Francisco I por débitos não pagos à Coroa. Depois da morte deste monarca, em 1547, Henrique II ofereceu o palácio como presente à sua amante, Diane de Poitiers No entanto, depois da morte de Henrique II, em 1559, a sua resoluta viúva e regente, Catarina de Médicis despojou Diane da propriedade. No entanto, tendo apreciado as benfeitorias, resolveu dar continuidade às obras. A Rainha Catarina fez então de Chenonceau a sua residência favorita. Como regente da França, Catarina podia gastar uma fortuna no palácio e em espectaculares festas nocturnas. Em 1560, as primeiras exibições de fogo de artifício alguma vez vistas em França tiveram aqui lugar, durante a celebração que marcou a ascensão do seu filho, Francisco II, ao trono. Entre as marcas que imprimiu ao conjunto, Catarina de Médicis determinou a construção, em 1577, de um novo aposento, exactamente por cima da ponte construída pela sua rival. Esse imenso salão sobre o rio, com dois an-

dares e a extensão de sessenta metros de comprimento por seis de largura, ficou conhecido como a Grande Galeria e tornouse na imagem de marca do palácio. É precisamente a galeria construída sobre a ponte de arcos que atravessa o Rio Cher que lhe confere todo o romantismo e originalidade transformando -o num castelo palafita, e que o eleva ao estatuto de mais belo castelo do Vale do Loire. Amboise (GC2RYYD) O castelo de Amboise situa-se na margem do rio Loire e desponta no alto da cidadela da malha urbana formada em seu redor. Foi palco de intrigas e disputas, e passou por períodos de negligência e demolição. Apenas um quinto do castelo original chegou ao nosso tempo. Construído num promontório com vista para o Loire de forma a controlar um estratégico vau substituído na Idade Média por uma ponte, o castelo começou a sua vida no século XI, quando o notável Fulque III o Negro, Conde de Anjou, reconstruíu a fortaleza em pedra. Ampliado e melhorado ao longo do tempo, no dia 4 de Setembro de 1434, o edifício foi confis-


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cado e adicionado por Carlos VII aos bens da Coroa, depois do seu proprietário, Louis d’Amboise, ter sido acusado de conspiração contra Luís XI. Uma vez nas mãos Reais, o castelo tornou-se num dos favoritos dos Reis franceses. Carlos VIII que aqui nasceu e faleceu, decidiu fazer extensas reconstruções, começadas em 1492 ao estilo do gótico flamboyant francês e depois de 1495 empregou vários mestres pedreiros italianos. O seu jardim suspenso é tido como o primeiro terreno a ser ajardinado em toda a França, mas é o facto de uma de suas capelas abrigar o túmulo de Leonardo da Vinci, que viveu e trabalhou os três últimos da sua vida em Amboise que o fazem saltar para o Top 10 desta lista. Clos Lucé (GC2QX0V) Clos Lucé, também chamado antigamente de Cloux, é um solar situado em Amboise. Construído em meados do século XV, foi adquirido em 1490 pelo

rei Carlos VIII para a sua esposa, Ana da Bretanha. Mais tarde foi usado pelo rei Francisco I. Em 1516, Francisco I convidou Leonardo da Vinci a visitá-lo em Amboise e emprestou-lhe Clos Lucé como um lugar para ficar e trabalhar. Leonardo chegou com três dos seus quadros: Mona Lisa, Sant’Ana, e São João Baptista. Viveu em Clos Lucé durante os últimos anos da sua vida, até à falecer em 2 de Maio de 1519. Diz-se que o solar está ligado por uma passagem subterrânea ao Castelo de Amboise, do qual dista 500 metros, para permitir que o soberano visitasse o homem de ciência com toda a discrição. Actualmente, Clos Lucé pertence à família Saint Bris e alberga um museu, o qual reflete a prestigiosa história da região e inclui diversos modelos das várias maquinas desenhadas por Leonardo. Basicamente, é o facto de ter sido a residência de Leonardo da Vinci, de

albergar muito do seu espólio e ter uma exposição permanente das suas criações que este monumento garante acesso a esta lista restrita. Chaumont-sur-Loire (GC2YAGZ) No século X, Eudes I, Conde de Blois, mandou construir uma fortaleza para proteger a cidade de Blois dos ataques do Conde de Anjou. Luís XI mandou queimar e arrasar Chaumont em 1455, para punir Pedro de Amboise por este se ter revoltado contra o poder Real aquando da “Liga do Bem Público”. Depois disso, o filho de Pedro, Carlos I de Amboise, procedeu à reconstrução do castelo entre 1465 e 1475, edificando a ala norte, actualmente desaparecida. As torres são maciças e dotadas de balcões defensivos e caminhos de ronda. A porta de entrada é precedida por uma dupla ponte levadiça e rodeada por duas grandes torres redondas.

A sua localização majestosa e altaneira sobre o rio Loire, confere-lhe um aspecto imponente e colossal que o colocam por mérito próprio nesta lista dos mais belos da região. Blois (GC487Q1) Residência de sete Reis e dez rainhas da França, o castelo de Blois não promete muito devido a estar encrostado na malha urbana de uma grande cidade, contudo quando atravessamos os seus portões é revelado um majestoso e imperial castelo, com detalhes riquíssimos, aposentos luxuosos impecavelmente conservados e um magnífico pátio no centro do castelo com a sua mais famosa peça de arquitectura, a imponente escadaria em espiral, na ala de Francisco I. O castelo medieval tornou-se numa residência real e a capital política do reino durante o reinado de Luís XII. Este palácio, além de residência de vários Reis da França, foi também o local onde o Arcebispo de Reims abençoou

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Joana d’Arc, em 1429, antes de esta partir com o seu batalhão para combater os ingleses em Orleães. Quando Francisco I subiu ao trono, a sua esposa, Cláudia de França, fê-lo mobilar Blois com a intenção de se mudar para lá, deixando o castelo de Amboise. Francisco I iniciou a construção de uma nova ala e criou no palácio uma das mais importantes bibliotecas da época. Depois da morte da esposa, em 1524, ele passou muito pouco tempo em Blois, tendo a impressionante biblioteca sido levada para o castelo de Fontainebleau, onde foi usada como Biblioteca Nacional. Actualmente, seis salões da ala Luís XII abrigam o Museu de Belas Artes. É sem dúvida um dos castelos incontornáveis do Loire, e sem dúvida o mais surpreendente. Chambord (GCYHNW) Chambord, o maior dos castelos do Loire, é um dos mais conhecidos do mundo devido à sua distinta arquitectura em estilo Renascentista francês que combina as formas medievais francesas tradicionais com as estruturas clássicas italianas. Foi construído para dar apoio às expedições de caça de Francisco I, que mantinha a sua residência nos castelos de Blois e Amboise. Há teorias que indicam que Leonardo da Vinci, um

convidado do rei Francisco I, em Clos Lucé próximo de Amboise, terá sido o responsável pelo desenho original, o qual reflecte os planos de Leonardo para um castelo em Romorantin para a Rainha-mãe. O maciço palácio é composto por uma fortaleza central com quatro enormes torres baluartes nos cantos. O palácio contém 440 salas, 365 lareiras e 84 escadarias. Quatro abóbadas rectangulares, uma em cada piso, formam uma cruz. A escadaria em forma de dupla hélice (típica de Da Vinci) é o ex-líbris do castelo. Os telhados de Chambord contrastam com as massas da sua construção e têm sido comparados frequentemente com a silhueta de uma cidade: mostram onze tipos de torres e três tipos de chaminés, sem simetria, enquadrados nas esquinas pelas torres maciças. O desenho tem paralelo com o Norte da Itália e as obras de Leonardo. Durante o reinado de Francisco I, o palácio raramente esteve habitado. De facto, o rei passou lá apenas 7 semanas no total, englobadas em curtas visitas de caça. Como o palácio tinha sido construído com o propósito de receber curtas visitas, não era realmente prático viver ali por muito tempo. As maciças salas, janelas abertas e tectos altos eram impossíveis de

aquecer. Além disso, como não estava próximo de nenhuma povoação, não havia outras fontes imediatas de alimentos além dos gamos. Isso significava que todos os alimentos tinham que ser trazidos com o grupo, habitualmente com números superiores a 2.000 pessoas de cada vez. Como resultado de tudo isso, o palácio permaneceu completamente desmobilado durante esse período. Toda a mobília, coberturas de paredes, utensílios para a alimentação e por aí fora, eram trazidos especificamente para cada viagem de caça, um grande exercício de logística. Por esse motivo muita da mobília da época foi feita para ser facilmente desmontada, como forma de facilitar o transporte. Pela sua arquitectura, imponência e dimensão, este é na minha opinião, o segundo mais belo castelo do Vale do Loire, logo atrás de Chenonceau. É também o segundo castelo mais vistado de França, logo atrás do Palácio de Versailles. Cheverny (GC13A36) Cheverny orgulha-se de ser o castelo mais bem mobilado de França. De facto, a sua decoração quase se assemelha a uma habitação clássica dos dias de hoje, com todas as comodidades onde é possível viver confortavelmente.

As terras do castelo foram compradas por Henri Hurault, Conde de Cheverny, Tenente General dos Exércitos do Rei de França e Tesoureiro Militar do Rei Luís XI, do qual o proprietário actual, o Marquês de Vibraye, é descendente.

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Depois de ter sido recuperado pela Coroa devido a fraude para com o estado, foi doado pelo Rei Henrique II à sua amante Diane de Poitiers. Todavia, esta preferia o castelo de Chenonceau e vendeu a propriedade ao filho do primeiro proprietário, Philippe Hurault, que construiu o palácio entre 1624 e 1630. Confiaram a realização do novo palácio ao arquitecto Jacques Bougier, que havia assistido Salomon de La Brosse na construção do castelo de Blois. A decoração foi acabada pela filha de Henri Hurault e de Marguerite, a Marquesa de Montglas, cerca de 1650. Este castelo inspirou Hergé na criação do Castelo de Moulinsart, de As Aventuras de Tintin, sendo o palácio ficcional uma réplica do real, Os seus jardins são outra das atracções que complementam o quadro e lhe conferem uma entrada por mérito próprio nesta lista restrita. Gustavo Vidal - Prodrive

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O Resgate de Frei Agostinho da Cruz Por Jasafara

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Desde que comecei a preparar a entrevista ao Ricardo Bordeira Silva (ricardobsilva) que saiu no nº 4 da GeoMagazine, que ao revisitar as suas caches publicadas me chamou a atenção a sua primeira cache, a Visit to Frei Agostinho da Cruz [Setúbal] , publicada em 24 de Março de 2002 (dentro das vinte mais antigas de Portugal) e a primogénita de todas as caches da Serra da Arrábida.

nalmente surgiu o inevitável Needs Archived:

possível que ela ainda permanecesse no mesmo sítio.

mas que fariam com que a manhã não fosse perdida.

“O convento está em obras e o local inacessível.

Ele disse que era bem possível. Eu concordei e esqueci. Até que no dia 29 de Dezembro do ano passado, ao preparar uma cachada para a manhã do dia seguinte e estar a ver caches pela Arrábida me lembrei dela e decidi que irei tentar tirar a limpo a questão.

Assim no dia 30 bem cedo lá fui até à Arrábida. Carro parado junto à entrada para o Convento Novo, e depois fui em direcção à cache Convento Velho (Arrábida) by MarSalgado que marca a entrada para o Convento Velho.

Foi uma cache que ao longo do seu pouco mais de um ano de vida, teve a visita de 16 geocachers entre os quais alguns dos dinossáurios do geocaching em Portugal.

Depois foi o constatar que o temporariamente inacessível era permanente e o inevitável arquivamento em 1 de Dezembro de 2003.

Os últimos que a encontraram, já tiveram que o fazer de forma não regular e fi-

Um dos trabalhadores disse-me para não saltar o portão pois os guardas andavam atentos (porque seria?) e podia arranjar problemas. Como ia com os miúdos voltei para trás. Acho que devia ser temporariamente arquivada.”

Lembro-me de na conversa com o Ricardo lhe ter perguntado se tinha chegado a recolher a cache e na sequência de me ter respondido que não, se achava

Não estava com grandes esperanças de o acesso ser possível sem ter de saltar nada o que não estava disposto a fazer. Assim o meu plano era caso não conseguisse entrar no Convento Velho, ir ao Novo e explicar a situação solicitando acesso que o mais provável é que me fosse negado. Mas nada como tentar e de qualquer forma no programa estavam outras caches próxi-

Ao longe o panorama não parecia prometedor. Um portão de ferro aparentemente fechado parecia indiciar que a tentativa de resgate não teria pernas para andar. Mas ao pé deu para constatar que o portão estava apenas encostado sem fechadura nem nenhum cadeado que impedisse a abertura. Assim e embora sabendo que não o devia estar a fazer, lá me mentalizei que a


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causa era boa, que não ia estragar nada e que mesmo que fosse apanhado nada de grave deveria acontecer… Percebe-se porque as visitas estão interditas. Os acessos estão bastante impedidos com árvores caídas de um ou mais temporais que se abateram sobre a zona. Embora não seja nada demais para um geocacher, o sítio não está realmente em condições de lá ocorrerem visitas guiadas. Aproveitei ser o único visitante para desfrutar do local. Um local mágico que percorri demoradamente explorando cada recanto enquanto o GPS me ia aproximando cada vez mais do GZ. Algumas capelas têm

aspecto de ser utilizadas com alguma regularidade. Não sei se o local tem sido alvo de furtos mas o que é verdade é que não aparenta vandalismos e encontramse ainda bastantes artefactos religiosos. Ia ficando mais ansioso à medida que a distância ia diminuindo, mas mesmo assim quando cheguei ao GZ, ainda tirei uma fotos e apreciei a cruz que lá existe, antes de me dirigir para o que era claramente o sítio onde a cache tinha sido escondida, uma pequena gruta por trás da cruz. Foi um dos momentos mais altos do meu geocaching, quando depois de me ter curvado e entrado da gruta me voltei para a entra-

da, olhei para cima e quase imediatamente vi onde a cache estaria. No entanto o que via era uma pedra… Pedra retirada e glória! Por detrás dela um generoso container regular em estado impecável (tendo em conta o tempo decorrido) encontrado mais de 10 anos depois da última visita. É difícil explicar por palavras o que senti e por isso vou deixar mais detalhes para um evento no Convento Velho que espero conseguir organizar este Verão (a primeira resposta não foi positiva, mas não houve um taxativo não pelo que irei insistir). Por isso, não irei neste artigo revelar o conteúdo do container. Irei deixar isso para quando o entregar ao

seu proprietário, o Ricardo que espero possa estar presente. Só aí darei por concluído “O resgaste do Frei Agostinho”! Esta é também a história de uma fantástica manhã de geocaching em que além das duas caches já referidas fiz também as próximas Rota das Capelas by papaleguas , Letras ou Números? by IDILIO49 e Lusitani: Península de Setúbal by bolacha, que aqui tenho muito prazer em associar a esta que foi sem dúvida uma das melhores jornadas de geocaching que já tive.

Joaquim Safara - Jasafara

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Entrevista de Carreira

Dakidali Quem ainda não ouviu o nome Dakidali que levante o braço! Vamos conhecer uma geocacher destemida e ávida por uma boa aventura, sempre disposta a conquistar mais desafios.

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Dakidali é um nick-name que não passa despercebido no panorama global do geocaching português. O cabelo branco tornou-se uma verdadeira imagem de marca, a contrastar com a energia, a jovialidade e a determinação desta mulher que conquista as caches pela tenacidade e conquista os amigos pelas qualidades humanas. Franca, directa, sincera, generosa, é assim a Teresa Ribeiro dos Santos. Com um longo e intenso percurso no Geocaching, desde 2007 a desafiar-se a si própria e a incentivar os mais novos, já são muitas

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as histórias, as peripécias e os episódios para recordar. Mas hoje, falemos um pouco menos de tupperwares, e um pouco mais do que verdadeiramente interessa: estar de bem com a vida e aproveitar cada momento, intensamente. Bem-vinda à GeoMagazine, Teresa! Flora Cardoso - Comecemos pelo princípio… Dakidali, como o nome e o avatar indicam, é uma mistura de duas realidades ligadas à tua história de vida. Moçambique continua muito presente na tua memória?

O berço africano nunca se esquece? Teresa Santos - Eu nasci em Portugal, em Lisboa mas fui com 3 anos para Moçambique num navio que demorava meses a lá chegar. O meu pai foi mobilizado para Porto Amélia, hoje Pemba, pois era oficial médico-cirurgião. Eu a minha Mãe e os meus irmãos fomos mais tarde ter com ele. A minha irmã mais nova foi a única que nasceu em Moçambique. Bem a única, não, os meus pais também nasceram lá os dois. Depois cresci por lá, mudei várias vezes de cidade, sempre acompanhando

as mobilizações do meu Pai. Quando saiu da “tropa”, ficou como médico-cirurgião no Xai-Xai. Andava na 2ª classe (hoje 2º ano), quando nos mudámos para Lourenço Marques, hoje Maputo, onde passei a minha juventude e cresci. África é um Continente fantástico, cheio de cor, cheiros e sons únicos. Nem posso pensar muito nisso, pois fico com uma dor na alma inexplicável. Quando vim para Portugal, em 1976, depois de ter passado por alguns maus momentos em Moçambique, eu e a minha irmã mais velha, viemos acabar


os nossos estudos, tendo o resto da família lá ficado. A nossa integração aqui não foi fácil, os tempos eram difíceis para os que vinham e para os que cá estavam… mas não quero falar sobre isso agora. Moçambique será sempre o meu País do coração. F.C. - Em Portugal também tens raízes e memórias espalhadas por vários locais especiais… Da Mealhada ao Algarve, passando por Alcobaça onde resides atualmente, se tivesses de dizer a que lugar pertences de facto, qual seria a “tua coordenada”? T.S. - A minha coordenada é onde estou. Neste momento vivo em Alcobaça, balançando-me entre Lisboa, onde tenho o meu filho e o Porto, onde tenho a minha filha, o Algarve, onde vivem os meus irmãos mais novos e respetivas família e a Mealhada, onde tentamos recuperar uma casa, que era dos meus avós paternos. Não tenho, felizmente, problemas em mudar de coordenada, pois sempre fui habituada a estar onde era necessário e a enfrentar as mudanças, com determinação, honestidade, respeito e sempre com otimismo.

aqui cheguei. Era boa jogadora (modéstia à parte…), apesar de ser ainda júnior, tal como a minha irmã. Fomos logo contactadas por vários treinadores, mas houve um que logo nos “adotou”, pois já havia na equipa várias jogadoras vindas também de Moçambique que nos conheciam. Depois, acabei o meu curso e estive, desde então sempre ligada ao desporto, primeiro como atleta, depois como treinadora e como Professora de Educação Física. Os desportos coletivos têm uma faceta de partilha, de respeito pelo espaço do outro, de amizade, de competição saudável, que os desportos individuais não têm e isso, sem dúvida, foi uma mais-valia para o meu crescimento como pessoa. O espírito de equipa está sempre presente e não há lugar para egoísmos. Aprendi a competir comigo mesma, a tentar ser sempre melhor amanhã do que fui ontem, a ser exigente, a en-

tregar-me de corpo e alma em tudo onde me meto, a aprender todos os dias, a evoluir com quem sabe ou joga melhor que nós e que, com entusiasmo, dedicação, sacrifício, e trabalho, sem nos esquecermos de estar atentos a quem nos rodeia, conseguimos sempre ir um pouco mais além e por vezes surpreendermo-nos com capacidades que não sabíamos que tínhamos. F.C. - Antes de conheceres o Geocaching, tinhas algum hobby especial? Como ocupavas o teu tempo livre? T.S. - Antes do geocaching, tinha dois filhos para criar, tinha mais aulas do que tenho hoje, tinha desporto escolar e não me sobrava muito tempo livre para hobbies. F.C. - Como conheceste o Geocaching? Foi uma atividade que te entusiasmou desde o primeiro instante, ou precisaste de várias ca-

ches para lhe tomar o gosto? T.S. - Conheci o geocaching em 2007, quando procurava um GPS. Achei que era a minha cara. Desafio, procura, desconhecido, novas tecnologias. Inscrevi-me, comprei um PDA, vi qual a cache mais perto de casa e fui. Nessa altura já o meu filho estava a estudar em Lisboa e a minha filha tinha 14 anos já tinha mais tempo livre e sempre que podia lá ia eu para o castelo de Alcobaça procurar a cache. Todos os dias antes de ir buscar a minha filha à escola lá ia eu. Li os logs todos, li a página da cache 50 vezes, vi as fotos todas dos logs… desafiei uma amiga minha para lá ir comigo, não me estivesse a escapar alguma coisa. Nada. Não dava com a cache. Li tudo o que havia para ler sobre geocaching, como se devia proceder quando encontrasse a cache, o que devia escrever, que devia agradecer a des-

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F.C. - És professora de Educação Física e sempre estiveste muito ligada ao desporto. O basquetetbol teve um lugar de destaque na tua vida, consideras que foi uma boa “escola” em termos de valores coletivos e espírito de equipa? T.S. - O basquetebol teve um papel fundamental na minha integração, quando

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coberta, enfim uma data de coisas, que hoje em dia, ninguém deve fazer quando se inicia nestas andanças. Já desanimada a pensar que não tinha jeito nenhum para aquilo, lá fui mais uma vez determinada a não voltar a casa sem descobrir a cache. Num rasgo de sorte, pois as coordenadas davam-me a bastantes metros de onde ela estava, lá dei com ela. Ainda hoje consigo sentir a sensação que tive ao descobri-la. Foi uma sensação fantástica e indiscritível. Tive pena de estar sozinha e não ter ninguém ali com quem partilhar a descoberta. Ao chegar a casa fui logo fazer o log on-line, para poder dizer ao mundo que tinha descoberto a minha primeira cache. Quem me conhece sabe que eu, quando gosto, dou tudo, quando não gosto saio, ignoro e esqueço, e que em tudo que me meto, é para me entregar de corpo e alma. F.C. - Já praticaste Geocaching de norte a sul de Portugal. Há alguma região que te leve a preferência? Algum lugar verdadeiramente especial que não descobririas se não fosse o Geocaching?

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T.S. - Há imensos lugares que se não fosse o geocaching nunca conheceria. Além de que o geocaching me fez sair de casa, andar, percorrer trilhos desconhecidos, sozinha ou quase sempre bem acompanhada. Muitas vezes saio sozinha de carro com uma lista de caches para fazer. Claro que são escolhidas, pois a

segurança está sempre em primeiro lugar. F.C. - Ao longo destes 7 anos de atividade, tiveste oportunidade de conhecer e conviver com imensa gente ligada ao Geocaching. Houve alguns encontros especialmente marcantes? Na tua opinião é possível criar amizades realmente sólidas no Geocaching, que ultrapassem os limites da camaradagem ligada ao jogo? T.S. - Sem dúvida que ao longo destes 7 anos conheci imensa gente através do geocaching. Como tudo na vida, uns passam outros ficam. Tenho amigos que conheci através do basquete, que permanecem no meu círculo de amigos, penso que com algumas pessoas que conheci através do geocaching irá acontecer o mesmo. Mas o que mais me faz pensar muitas vezes, é a capacidade de continuar a conhecer novas pessoas, de sair da zona de conforto e de me dar, de receber, de partilhar e não me cingir aos amigos de longa data. Não sei se me faço entender. Tenho momentos de geocaching fantásticos na minha vida. Tardes, dias sem rumo, com uma enorme lista de caches para tentar fazer. Caches depois de um dia de trabalho. Aventuras inesquecíveis. Momentos de risota constante, de músicas a marcarem cachadas, a maior parte delas contigo, Flora, sabes bem as histórias que temos para contar. Houve imensa gente com quem partilhei cachadas, momentos únicos, princi-

palmente no início que não conhecia ninguém, alguns já nem fazem geocaching, os Papoilix, a Salamandras, a Lusitana Paixão, o Tofixe, os btt, o MightyReek, o Bolacha e o Bolachinha, o Rcoelho, o Um-dois-três, Alieri, VespafriendsAlgarve… nunca esquecerei cada aventura, cada momento. Entretanto fui refinando a minha maneira de fazer geocaching. Acho que todos passamos por vários estádios. Primeiro a paixão, o entusiasmo, o fervor, a maluqueira, vale tudo. Depois fica o amor, a serenidade, a tranquilidade, a exigência pela qualidade. F.C. - Durante alguns anos foste uma das principais forças impulsionadoras do Geocaching na região centro. Empenhaste-te como Owner e organizaste eventos de grande sucesso, entre os quais a inesquecível maratona de 24 horas a cachar, ou a série WWFM. Ficam boas memórias e momentos marcantes para recordar? T.S. - Sem dúvida, os eventos, para mim são o melhor do geocaching. O convívio, as histórias, o ver gente que não se vê há muito tempo, a cara que se liga ao nick que conhecemos dos logs, o owner das caches que te proporcionaram bons momentos, quedas, desafios. Enfim, o melhor do geocaching, a partilha, o convívio. O dar e receber. F.C. - Iniciaste-te numa época em que a comunidade portuguesa de geocachers era relativamente reduzida e toda a gente se

conhecia. Hoje o panorama é bem diferente! Como vês e acompanhas esta nova “geração” de geocachers? T.S. - Como todas as coisas na vida, começam de uma maneira e passam por várias fases. O geocaching de há 7 anos para cá sofreu muitas alterações, assim como as nossas vidas. Antigamente havia telemóveis, hoje há smartphones. Antigamente uma em cada 20 pessoas tinha GPS, hoje toda a gente tem GPS. Há aplicações para smartphones para se praticar geocaching para todos os gostos, pagas ou grátis. Lembrome de, em 2007, de algumas pessoas próximas de mim e não só, me gozarem por andar com GPS no carro. Depois, por não perceberem como é que eu andava atrás de caixas de plástico. Hoje muitos deles fazem geocaching e usam GPS. Antigamente, como dizias, eram poucas as pessoas que praticavam geocaching, hoje qualquer pessoa pratica geocaching. Tudo o que se torna de fácil acesso, banaliza-se. A sociedade mudou, as regras existem, mas quem não as cumprir nada lhe acontece, portanto cada um faz como acha que é melhor e sente-se o dono da verdade. As pessoas tornaram-se mais egocêntricas, egoístas. Os tempos são difíceis, os dias passam a correr, vive-se a 200 à hora. Não há tempo para voltar a uma cache que não se encontrou e que fica a 100km de casa. Loga-se tudo como found, apesar de não se ter


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Para mim o geocaching é uma atividade e não um jogo, é um passatempo (...) encontrado. Depois os logs não interessam, ninguém quer saber com quem foste ou como foi a tua aventura. O que interessa é mais uma, done! É o mundo em que vivemos. Eu todos os dias me confronto com estas situações, na escola. Cada vez mais, são os mais novos a desafiar-nos, a enfrentarnos, nem sabem o que é respeito, consideração. Quando isto andar tudo sem regra e sem rumo, espero já cá não estar. F.C. - Dentro de todas as caches que visitaste, existe alguma que consideres especial e que te tenha marcado particularmente? T.S. - Raiders of the lost cache (GL55M38Y), Cântaro Magro (GL7F8DTZ), e Camiño del Rey, pelos desafios que me proporcionaram. Mas muitas outras pela companhia, pela risota, pelo convívio. Para mim o geocaching é uma atividade e não um jogo, é um passatempo, serve para me divertir, passar bons momentos. Não me lembro de ter tido maus momentos de geocaching… a não ser na cache Travessia do javali (GL7KFDW8), na Serra d’Aire, onde fiz uma rotura de ligamentos.

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F.C. - E alguma cache que esteja no topo da tua lista para uma conquista futura? Algum desafio especial que gostarias um dia de concretizar?

T.S. - Há imensas caches que gostaria de fazer, umas pelo desafio físico e mental, outras pelo conceito (letterbox) e outras ainda pelos containers. Gostava de fazer a Linha do Tua, pelo simbolismo não só do local, mas também em termos de geocaching. F.C. - Teresa, és uma pessoa muito curiosa e entusiasta no que respeita a novas tecnologias! Procuras sempre experimentar novos conceitos, novas aplicações? O bichinho da vanguarda está sempre a morder-te? T.S. - Adoro as novas tecnologias, ainda por cima porque acho que vieram para nos facilitar a vida, fazem-nos passar várias etapas e chegarmos mais rapidamente onde queremos. Gosto de ler sobre novos gadgets e de estar sempre update. Mas, principalmente gosto de aprender e de saber coisas novas. F.C. - Foste das primeiras pessoas a experimentar as Wherigo, entusiasmaste-te com os Munzee, és aficionada pelo Ingress e não resististe a testar as LabCaches! De todos estes conceitos, e outros que eventualmente te recordes, qual foi a tua experiência favorita? O que procuras acima de tudo quando experimentas um novo conceito, dentro ou fora do Geocaching?

T.S. - Sem dúvida que o geocaching ficará para sempre na minha vida. Muitas vezes penso que, quando for mais velha e não tiver capacidade para vos acompanhar nas aventuras, terei de dar a volta e inventar qualquer coisa para vos poder continuar a acompanhar. Todos esses conceitos de que falas, a descoberta de novas situações, de novos desafios, entusiasmam-me. Quanto à minha experiência favorita no meio de tudo isto, foi sem dúvida as wherigo e agora o Ingress. Mas a verdade é que gostei de todas essas experiências.

viamente escolhidas, numa caminhada em amena cavaqueira. F.C. - Como imaginas os teus próximos anos de Geocaching? Qual é a tua tendência pessoal? T.S. - Os meus próximos anos serão calmos, serenos, bem escolhidos os locais, as caches e as companhias, pois a vida não está para se desperdiçar em nenhum sentido. F.C. - Se pudesses dar um conselho a quem se inicia hoje nesta atividade, que mensagem gostarias de deixar?

F.C. - Qual é a tua relação com os números, os rankings, os mapas ou os desafios pessoais dentro do jogo? É algo que te motiva e te dá alguma energia, ou ignoras pura e simplesmente?

Vivam intensamente!

T.S. - O geocaching, em mim, passou por vários estádios. Ao princípio, adorava ver os números a subir. Mas era mais a descoberta dos TBs e das geocoins que me movia. Depois, comecei a desafiar algumas amigas e, em grupo, lá íamos durante os fins-de-semana. Claro que os rankings interessam. Claro que os números também. Se são o que me movem, não. Se são importantes, não. Não ligo muito a isso. Neste momento, prefiro sair com amigos, alguns que conheci através do geocaching e fazer umas caches, pre-

Antes de escrever, pensem!

Divirtam-se! Respeitem! Tenham paciência! Antes de falar, escutem!

Antes de criticar, examinem! Antes de ferir, sintam! Antes de se renderem, tentem de novo! Não mudem as caches do lugar onde as encontraram. F.C. - Muito obrigada Teresa, continua a espalhar a tua boa energia contagiante por aí!

Flora Cardoso - Lusitana Paixão


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Portugal no olhar do vizinho Por Ana Rodríguez Lomba

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Portugal é cor, é o verde dos campos, o branco das capelinhas e igrejas, o azul intenso do oceano que o banha de norte a sul. São os sabores da sua excelente gastronomia: os seus fumados e saborosos queijos, o inconfundível sabor do vinho do Porto, os esquisitos doces regionais e o bacalhau, a reinar sobre todos eles com as mil maneiras como é preparado. São os sons das suas tradições e cultura, é a saudade contida num fado, é o som dos paus a chocar na dança dos pauliteiros Mirandeses. É tradição como o fabrico de lindos azulejos ou o galo de Barcelos. É a história de tempos passados

contada pelas pedras dos seus monumentos. Portugal é um país para a descoberta! A melhor maneira? De carro pelas estradas nacionais, desfrutando da paisagem e das paragens nos locais que achamos a caminho, seja um miradouro, uma aldeia ou uma capelinha, viajar esquecendo as pressas. Portugal tem tanto a oferecer, desde as grandes cidades cosmopolitas à beira mar até às pequenas aldeias do interior onde o tempo ficou detido. Belos “monumentos” naturais, como as grutas na Serra de Aire e Candeeiros ou os miradouros no parque natural do Douro Internacional.

Magníficos monumentos feitos pelo homem como o Palácio da Pena em Sintra ou o Bom Jesus de Braga… e assim tantos locais de norte a sul. Mas a maior maravilha de Portugal são as suas gentes, a calorosa amabilidade do português! Ainda que o idioma não seja para nós uma barreira pois o galego é um idioma parecido, o português sempre tenta facilitar a comunicação, tem essa vontade de te acolher e fazer-te sentir na sua casa como se estivesses na tua, é brincalhão mas com respeito, gosta de partilhar o que ele tem com os demais, sente orgulho da sua terra e as suas origens, é autênti-

co... e com estas qualidades é difícil não ficar apaixonado pelos portugueses. Temos a sorte de poder contar com grandes amigos neste nosso país vizinho. E quem somos nós? No mundo do geocaching somos conhecidos como Dalonso, na vida real os nossos nomes são mesmo muito normais: David e Ana, e somos vizinhos da fronteira noroeste. E como viemos parar a isto das caixinhas? Os nossos começos no geocaching foram...lentinhos! Lá pelo ano de 2007, um domingo de outono destes que o São Pedro abre a torneira do céu e deixa cair toda a água que tem lá em


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cima, estávamos sem nada para fazer em casa e vimos na TV uma reportagem sobre uns malucos que andavam a procurar uns “Tupperwares” no mato com um GPS. Achamos engraçado, lá fomos ao site da Groundspeak criar uma conta e ver que caixotes tínhamos por perto, na altura em toda Galícia ainda havia menos de 200 caches, e quase todas estavam no norte, primeira decepção! A segunda foi quando vimos que o nosso equipamento era limitado ao GPS do carro, e ainda por cima nem havia hipótese de introduzir coordenadas manuais… Assim esta coisa do geocaching ficou esquecida

durante um tempo. Quase dois anos despois de criada a conta achamos a nossa primeira cache, [GCM718] Cabo Home, hoje já arquivada mas, sempre ficará a lembrança dessa primeira, acabamos picadinhos de todo por entrar mato adentro tirar um tupperware coberto com saco preto, tapado de pedras, a alegria ao encontrá-lo foi tal como se fosse o tesouro do pirata Barbanegra. Nunca esqueceremos esta sensação do primeiro found, pois foi logo ali que nos picou o bichinho... Cinco dias despois, chegaria o segundo achado e já a nossa primeira em Portugal (a primeira de muitas), um

local que recomendamos visitar e que os “amantes das pedras velhas” vão adorar [GC1BQXV] Mosteiro de San Fins de Fiestras (Valença) e assim foram os nossos inícios no Geocaching, esta atividade veio complementar a nossa maior paixão, viajar e descobrir novos locais interessantes e monumentos. Anos antes de nos iniciarmos no geocaching, na nossa primeira viagem a Portugal o destino escolhido foi a cidade do Porto, esta foi a primeira de muitas pois ficamos apaixonados pela terra e as gentes. Depois desta viagem vieram muitas outras, e depois de começar no geocaching, voltamos a al-

gumas das cidades e vilas já visitadas para descobri-las de outra maneira, guiados pelos geocachers que esconderam uma cache em tal local para o dar a conhecer. É engraçado o facto que desde sempre, temos mais caches encontradas em Portugal do que em Espanha, agora são apenas uma centena mas, há um tempo atrás eram quase o dobro. O primeiro evento o que assistimos também foi em Portugal, mais concretamente em Viana do Castelo, a Geofrancesinha organizada pelo Jotapesantos, uma excelente pessoa e geocacher! Os primeiros containers “diferentes” que achamos foram

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GCQV7B centum cellas (Belmonte)

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Mar de seixos em Esposende


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De cachada por a Beira Interior

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Vista sobre Lisboa desde o castelo de São Jorge criados por ele, sempre a dar-nos mais uma volta à cabeça, sempre a provocar a admiração em cada novo container. Sem dúvida uma que ficará para sempre na nossa memória é [GC2FAD7] O Batelão, numa altura em que não tínhamos visto nada diferente do que um rolo fotográfico com íman, esta foi de espremer os miolos, depois disto ficamos despertos para um novo tipo de geocaching: os containers malucos!

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Temos assistido a um bom número de eventos em Portugal, o último há apenas um par de semanas (Pioneirismo e magnitude: Barragens de Lindoso) e temos que sublinhar que nos temos sentido sempre como em casa, o pessoal sempre 5 estrelas, mas se tivermos de destacar um em especial, este foi “O” Evento: Vamos armar a tenda Oh faxabore! O convívio, as atividades, a impecável organização, e principalmente guardamos uma excelente recordação porque depois de muito tempo sem ver alguns geocachers amigos, este foi o

evento do reencontro com quase todos. Sempre ficará na nossa memória. Ir cachar sempre pode trazer surpresas, às vezes grandes aventuras inesperadas, como foi o caso durante o nosso primeiro evento CITO, um Geoacampamento organizado juntamente com o Jotapesantos (em Portugal, onde mais?) Saíra uma nova caixinha chamada Cardielos e o D. Sapo, esta caixinha estava numa ilha no rio Lima e os aventureiros loucos por experimentar a aventura: o pessoal da Bila, Timon i Pumba com a equipa quase completa, Lusitana Paixão, K!nder e metade da nossa equipa lá partiram em busca da cache, apenas 3 lugares nas canoas, um colete para quem tinha medo de se afogar e os restantes a nado. Como poderia isto acabar? Os cento e poucos metros entre a praia e a ilha demoraram uma hora com uma operação de resgate pelo meio! No final, um náufrago quase a chegar ao mar e todo o pessoal sem fôlego ao acabar. Uma gran-

de aventura para as nossas memórias!

adequado para curar os malucos dos plásticos!

O que mais gostamos é visitar locais com história, monumentos, “pedras velhas”! Muitas vezes locais em ruina, ainda que num estado lamentável, mostramnos a grandeza de outros tempos. Um desses locais é [GC1X5KK] Wonderer’s Grave em Viana do Castelo, um mosteiro em ruinas no meio do mato!

A lista de caches que temos visitado e por um motivo ou outro temos gostado em Portugal é mesmo muito longa. Portugal tem caches magníficas, basta colocar o olho nas vencedoras nos Prémios GPS de anos anteriores, ou ver a lista das nomeadas desta edição.

Outra cache deste estilo que nos chamou a atenção foi [GC1CTPG] Águas Radium, já à distância podemos ver este edifício solitário na ladeira da montanha. O próprio nome da cache é sugestivo, mas ao ler a história do local, compreendemos que se trata de um balneário de águas radioativas! A serio? Mas sem dúvida “A CACHE” com letras grandes, num local abandonado dos mais impressionantes que já temos visitado é [GC2DNH1] Os Geocachers devem estar Loucos, num hospital psiquiátrico. Este é o local

O geocaching tem-nos trazido muitas coisas boas, a quantidade de locais que não teríamos visitado se não fosse por conta das caches, a quantidade de pessoas maravilhosas que não teríamos conhecido não fosse este jogo, e quase sempre em Portugal. E será que nos vão dar a geonacionalidade portuguesa? Portugal visto desde dentro, com os olhos de quem vem de fora… este pode ser o título da nossa história! Ana Rodríguez Lomba - dalonso


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O terceiro membro da equipa: Darko.

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scenic view Porto

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Palacio da pena em Sintra

Anti


iga central hidroelectrica de Lindoso.

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Caches Challenge

Mas afinal o que é isso? Por Palhocosmachado & pedro.b.almeida

Existem, à data, 25 caches Challenge em Portugal, localizando-se 1 em cada uma das Regiões Autónomas (Açores e Madeira) e as restantes 23 no continente português, sendo a maioria na zona da grande Lisboa. Nesta altura, 3 destas caches estão inativas. Mas afinal, em que consistem as caches Challenge? São caches catalogadas como caches Enigma mas que podem ter, ou não, um enigma associado. Geralmente e na maior parte dos casos, têm!!!

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Caraterizam-se por proporem um desafio (Challenge), que tem que ser cumprido para se poder “logar” estas caches.

Não basta encontrar a cache e registar no respetivo logbook. Também é necessário cumprir os requisitos exigidos. Se assim não for, os “logs” registados na internet são, geralmente, apagados pelos owners destas caches. Registe-se que, geralmente, é aceite que a cache física seja encontrada e efetuado o registo (provisório) no logbook, quando o geocacher ainda não cumpre os requisitos. Nesta altura o geocacher poderá, se o desejar, colocar uma nota na cache, informando da sua situação em particular. Todavia o “found” só deverá ser registado, quando cumpridos todos os requisitos. Existe uma “badge”, no site da Geopt, para este tipo de

caches: http://goo.gl/HQyecg

vez de requisitos adicionais para o registo.

As “guidelines” das caches Challenge.

As Geocaches Desafio/ Challenge variam em âmbito e formato. Todas as geocaches desafio exigem algo a ser atingido. Os proprietários da cache desafio devem demonstrar que existem geocaches disponíveis e suficientes para cumprir o desafio, no momento da publicação da cache. Os revisores podem solicitar ao proprietário da geocache que comprove que já cumpriu o desafio e/ou que um número substancial de outros geocachers seriam, também, capazes de o cumprir.

(dados retirados das guidelines das caches Challenge) O que é uma geocache Desafio (Challenge Geocaches) ? Uma geocache desafio exige que o geocacher cumpra uma série de requisitos relacionados com o geocaching ou execute uma série de tarefas antes de poder efetuar o log de registo. Podem ser exigidas tarefas relacionadas com o Wherigo, Waymarking e benchmarking. Os requisitos adicionais ou tarefas relacionadas com o geocaching são considerados como base de uma geocache desafio, em

Como saber quando os requisitos desafio geocache foram cumpridos?


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É importante salientar que os proprietários da geocache devem prever como irão verificar que os requisitos da geocache foram cumpridos. Os critérios de desafio na página da geocache devem refletir este método de verificação, e devem ser verificáveis através de informação existente no site do Geocaching.com. As Caches Desafio que dependem exclusivamente de software de terceiros para verificação dos requisitos não serão publicadas. Os proprietários de uma geocache desafio necessitam de assegurar que os próprios geocachers conseguem verificar que completaram os requisitos sem comprometerem a sua privacidade. Aos proprietários pode ser, também, solicita-

do um plano de manutenção da geocache a longo prazo. O que torna uma geocache desafio aceitável? Uma geocache desafio deve ser atingível por um número razoável de geocachers. Uma geocache desafio não pode excluir especificamente qualquer segmento de geocachers. A geocache não será publicada se o desafio obrigar um geocacher a alterar o seu estilo de cache ou hábitos, como, por exemplo, evitar um tipo de geocache em particular, para atingir uma percentagem ou média específica. Os requisitos para enfrentar o desafio devem ser sucintos e fáceis de explicar, seguir e registar. Uma longa lista de “regras” poderá ser

motivo suficiente para que uma geocache desafio não seja publicada. Uma cache desafio tem, obrigatoriamente, de conter a palavra “challenge” e ser do tipo “Mistério - Puzzle” Mais informação sobre as Geocaches Desafio disponível nas guidelines da Groundspeak: http://support. groundspeak.com/index. php?pg=kb.page&id=206 Caches Challenge em Portugal GC4GF4C (5/1) - Challenge 51 Mistery Caches in one day - Lisboa - Team Ribeiro Desafio/Challenge: Encontrar 51 caches no mesmo dia.

GC4V51F (2/2) - 366 days of Geocaching “Challenge” – Madeira - ricardomariagoncas Desafio/Challenge: Ter encontrado uma cache pelo menos em cada dia do calendário anual, não importando de qual o ano. GC4F0Q5 (4.5/4.5) - 4 Campo e cidade - Sopa de Letras - Challenge - Lisboa - joseto96 Desafio/Challenge: Encontrar 36 caches em Portugal (continental ou ilhas da Madeira e/ou Açores), cada uma com o nome da cache começando por uma letra diferente do alfabeto e ainda 10 geocaches cujo nome comece pela ordem numérica: de 0 a 9.

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GC4XPER (5/1.5) - AZORES CHALLENGE – Açores- PALHOCOSMACHADO Desafio/Challenge: Ter encontrado, no mínimo, 250 caches nos Açores, sendo uma cache, no mínimo, em, pelo menos, cinco ilhas açorianas. Ter feito, no mínimo, uma cache dos seguintes tipos, existentes nos Açores, nomeadamente: Geocache Tradicional, Multi-cache, Geocache Mistério – Puzzle, Letterbox Híbrida, Geocache Virtual e EarthCache e ter encontrado, no mínimo, uma cache nos Açores, de dificuldade 5/5. GC45GE4 (1.5/1.5) - Chalenge Ad astra et ultra CFB - Lisboa - Ignacius Team Desafio/Challenge: Ter logado, pelo menos, 10 caches de uma lista de 37 caches de tributo aos clubes desportivos. GC45GE0 (1.5/1.5) – Chalenge - Homenagem aos Bombeiros/Fire Departement – Lisboa - Ignacius Team Desafio/Challenge: Ter logado 25 caches de uma lista de mais de 100 caches sobre Bombeiros, existentes em Portugal e em vários outros países. GC4WZHP (2.5/1.5) - Challenge 18 Mistery Caches in one Day – Lisboa - Team Ribeiro Desafio/Challenge: Encontrar 18 caches Mistério num dia. GC39JCY (5/4.5) - CHALLENGE 2012 – Lisboa Team Ribeiro

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Desafio/Challenge: Ter preenchido todas as combinações de terreno/dificuldade constantes da tabela oficial de estatísticas do seu perfil.

GC47CYX (5/1) - Challenge 366 – Lisboa - zepe_ly Desafio/Challenge: Ter encontrado uma cache pelo menos em cada dia do calendário anual, não importando de qual o ano. GC1R9P6 (4/5) - Challenge 81 (Rio Frades) - MG12 Aveiro - MitoriGeikos Desafio/Challenge: Ter preenchido todas as combinações de terreno/dificuldade constantes da tabela oficial de estatísticas do seu perfil. GC4XNX0 (1/1) - Challenge Oeiras - 500 dias de geocaching - Lisboa - Os Poiares Desafio/Challenge: Ter encontrado caches em 500 dias de geocaching. GC3JVMQ (5/1.5) - Finds for Each Day of the Year Challenge – Lisboa - Team Ribeiro Desafio/Challenge: Ter encontrado pelo menos uma cache em cada do dia do ano, incluindo 29 de fevereiro, não importando qual o ano. GC3WPCH (1.5/2) - The Icon Challenge – Viseu Biri@tus Desafio/Challenge: Ter encontrado 5 tipos diferentes de caches num só dia. GC1P9ZV (5/5) - PNPG’s MasterDegree Challenge Vila Real - p@Che Desafio/Challenge: Fazer 10 caches obrigatórias (definidas) e 10 acessórias de uma dada lista existentes no Parque Natural da Peneda-Gerês. Mestrado em Gerês. GC3W2Z0 (5/4.5) - PNPG’s PhD ou o Doutoramento Challenge - Vila Real - joom Desafio/Challenge: Fazer 20 caches obrigatórias (de-

finidas) e 2 recomendadas (que são challenge) de uma dada lista existentes no Parque Natural da Peneda-Gerês ou nos arredores. Doutoramento em Gerês. GC4M70T (5/5) - PNSA MasterDegree Challenge – Faro - prodrive Desafio/Challenge: Ter logado, pelo menos 15 caches, arquivadas ou não, de terreno de dificuldade maior ou igual 3.5 estrelas, existentes no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. GC3V8PA (4.5/4.5) - PNSE MasterDegree Challenge – Guarda - Sphinx_n_Sophie Desafio/Challenge: Ter encontrado pelo menos 20 caches das existentes no Parque Natural da Serra da Estrela, sendo, pelo menos 10 de uma lista de obrigatórias e as outras 10 escolhidas de uma lista de 40.

Desafio/Challenge: Encontrar 26 caches em Portugal cada uma a começar por uma letra do alfabeto. GC4DGDJ (5/4)- Viana do Castelo - Challenge - Viana do Castelo - super666 Desafio/Challenge: Ter encontrado, pelo menos, 666 caches no distrito de Viana do Castelo, incluindo arquivadas das quais pelo menos 100, devem ter a classificação do terreno 3.5 ou superior. GC4CX57 (4/2)- The Alpha Challenge – Lisboa - correiart Desafio/Challenge: Encontrar 26 caches em Portugal cada uma a começar por uma letra do alfabeto. GC3D4AZ (3/1) - The Icon Challenge – Lisboa - Team Marretas Desafio/Challenge: Ter encontrado 5 tipos diferentes de caches num só dia.

GC305ZK (5/4.5) - Sméagol’s Challenge - Vila Real - Silvana

GC21NCM (5/1.5) - O Senhor das Caches - Challenge – Setúbal - MightyReek

Desafio/Challenge: Encontrar pelo menos 20 caches com terreno 5 ou em opção, 10 das 20 caches existentes em Portugal com mais favoritos à data do registo.

Desafio/Challenge: Ter encontrado 3 caches, pelo menos, de entre uma lista de caches relacionadas com o tema do Sr. dos Anéis.

GC4XPDM (1.5/2.5) - Sopa de Letras - Challenge – Viseu - MC mulas team Desafio/Challenge: Encontrar 36 caches em Portugal (continental ou ilhas da Madeira e/ou Açores), cada uma com o nome da cache começando por uma letra diferente do alfabeto e ainda 10 geocaches cujo nome comece pela ordem numérica: de 0 a 9. GC1AJBZ (5/4.5) - Sopa de Letras à Portuguesa – Leiria - SERGIO CRUZ

GC44GN3 (5/1) - The 7x7 Challenge [Lisboa] – Lisboa - NunoFerreira.Photo Desafio/Challenge: Ter registado 7 tipos diferentes de cache, dos 11 tipos existentes (…) de uma lista, no máximo em 7 dias, em Portugal ou no estrangeiro. Luis Filipe Machado - Palhocosmachado Pedro Almeida - pedro.b.almeida


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Geocoins Portuguesas

Portugal 2010 - História e Voca Marítima Na senda do que têm sido os artigos retrospetivos acerca do surgimento das Geocoin Portugal, cabe a esta edição comemorativa do quarto aniversário do Geopt apresentar a Geocoin Portugal 2010, a primeira lançada e desenhada neste portal. Corria o dia 25 de Abril de 2010, data de interesse histórico para a comunidade nacional, quando o RKelux lançou no Geopt o desafio à comunidade: fazer – atempadamente – uma geocoin da comunidade. 82

As reações não se fizeram tardar, e as datas até estavam estipuladas – 16 de Maio para submissão de ideias, 31 de Maio para

Entre repescagens de ideias antigas e o surgimento de ideias que acabariam por ver a luz do dia anos mais tarde, o pro-

propostas visuais, 20 de Junho para a votação. Dia 21 de Junho, data de início de um verão quente de 2010, seria dada a conhecer a geocoin portuguesa do ano, bem a tempo de uma produção ainda no mesmo ano.

cesso ainda gerou alguma discussão bastante interessante acerca da propriedade intelectual.

O período inicial de congratulação do Rui por avançar com a ideia cedo deu lugar à habitual catadupa de sugestões.

Quase ao cair do pano, surge uma ideia do SpaceBadger, como primeiro post no Geopt, que recebeu um muito caloroso acolhimento. Após várias ideias de retoques para uma geocoin que acabou por ser bastante consensual, o RKelux apre-

sentou mais três ideias, e foi com estas quatro a concurso que se iniciaram as votações. No final, com 62% dos votos, a proposta vencedora, quadrada, estava eleita. O nome: História e Vocação Marítima. Seguiu-se um período de natural incerteza, dada a inexperiência do vencedor nestas lides de produção de moedas, e chegou-se, algum tempo depois, a uma fase em que as campainhas e os alarmes já soavam. Afinal de contas, por onde anda o projeto


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GEO MAG. No final, a geocoin, quadrada, era simples e eficaz. Nas faces, as formas geométricas simbolizavam o mar, um tema tão português como de aventura – e o que é o nosso hobby senão uma aventura? Numa das faces, a cruz de Cristo. Na outra, Portugal, escrito num tipo de letra arrojado. A habitual menção ao geocaching.com aparece numa das laterais, enquanto uma

ação

segunda

lateral

ostenta

“Portugal 2010”. O tracking number aparece numa terceira lateral, mantendo-se uma sem qualquer inscrição.

vencedor? Haverá moeda?

Esta

Como ficará, então, a pro-

apenas em 2011, é ainda

dução? Materiais? Lotes?

hoje considerada uma das

Um atraso bastante pro-

mais bonitas geocoins da

longado levou a comuni-

comunidade.

dade – sobretudo os colecionadores – a ficarem em polvorosa. A Geocoin Portugal 2010 não chegaria a ver a luz do dia? Com o processo a viver

geocoin,

entregue

O processo de entrega ficou concluído após o verão de

Nome: Geocoin Portugal 2010

2011, sendo a moeda um

Data: 2010

colecionável bastante co-

Versões: RE (Bronze com azul) e LE (Bronze

biçado até hoje, apesar da

polido)

sua tiragem alargada!

Formato: Quadrado Tamanho: 1,75 polegadas de kadi, 3 mm de

uma nova fase de arranque, houve ainda tempo para se questionar o número de lotes.

Dados da geocoin

João Malheiro - Pintelho

espessura Desenho: SpaceBadger Produção: Direct Mint 83



GEOCACHER HISTÓRICO

Manchanegra Por Jasafara


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Alberto Sequeira aka Manchanegra foi um dos pioneiros do Geocaching em Portugal. Registado desde 2002, teve entre 2006 e 2007 os seu anos de maior actividade, altura em que se virou mais para o Waymarking. Amante do TT, BTT e Caravanismo, deixou um vasto legado de caches míticas que graças ao processo de adopção ainda se mantém activas nos dias de hoje. Nesta edição da GeoMagazine conheçam o homem por detrás do nick, e todo o seu legado analisado à lupa por Joaquim Safara. Joaquim Safara - Alberto, o teu genes vem do TT, mas explica-nos como descobriste o site do Geocaching. com em 2002 e porque é que apenas quase quatro anos depois é que te decidiste a ser praticante activo?

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Alberto Sequeira - O TT foi e continua a ser um dos meus hobbies preferidos. Algures em 1999 fiz o meu primeiro passeio TT e ficou o bichinho. Em 2000 comprei o UMM e através da net liguei-me a dois grupos sobre o tema. Um era o extinto Amigos do UMM e outro o Forum-TT onde conheci a pessoa que me apresentou ao Geocaching, o Nuno Pedrosa aka Rifkind. Na altura havia poucas caches publicadas em Portugal e esse facto aliado ao meu envolvimento como colaborador do Forum-TT e ao lançamento de um jogo parecido numa vertente mais virada para o Todo Terreno levaram a que não me ligasse imediatamente ao Geocaching.

J.S. - O nick Manchanegra surgiu de onde? A.S. - Tenho o hábito de baptizar alguns dos meus carros. Manchanegra é o nome do UMM inspirado no vilão da Disney pelo facto de ser completamente preto. Uso-o desde os primeiros tempos no TT e acabou por passar para os outros hobbies. J.S. - Referes que a família também gostou (sorte tua…). Eles por norma acompanhavam-te nas cachadas? A.S. - Na altura o geocaching foi um pretexto para sair de casa e passear pelos jardins e parques de Lisboa com a família, hábito que se manteve bastante tempo. Actualmente, a família já não está tão disponível para me acompanhar e os fins-de-semana têm que ser repartidos entre as compras, os trabalhos de casa dos miúdos e algumas outras actividades relegando os hobbies para segundo plano. J.S. - Que estás distante do geocaching percebe-se. Encontraste as tuas últimas caches em Setembro de 2013 em Ibiza e antes disso os últimos founds remontam a 2012, sendo que com regularidade paraste em 2011. Abandonaste completamente o geocaching ou admites voltar a este hobby? A.S. - Não é um abandono definitivo. Encaro-o mais como um abrandamento da actividade pois pratico-o quando tenho algum tempo disponível, principalmente em férias. A maior ra-

zão para este afastamento é o tempo, ou a falta dele. Quando estou de férias há uma maior disponibilidade para cachar. Ibiza foi exemplo disso, e além disso, sempre gostei de procurar pelo menos uma ou outra cache quando estou fora de Portugal. Essas alturas costumam também ser férteis na produção de Waymarks. J.S. - Decidiste há poucos meses dar para adopção todas as caches que tinhas activas. Pressuponho que como desististe de as procurar também te faltou a motivação para as manter? A.S. - O tempo! A falta de tempo leva a que mais cedo ou mais tarde se perca alguma motivação e comecemos a adiar as manutenções. Ou não dá jeito, ou até passamos por lá, identificamos o problema mas não conseguimos resolver na altura e mais uma vez vamos adiando. Como a tendência era só para piorar, optei por as colocar todas para adopção antes que fossem arquivadas. J.S. - Assim esta entrevista histórica vem no momento certo. Vamos fazer uma retrospectiva por ordem cronológica das tuas caches, algumas das quais são já caches históricas. Em primeiro lugar temos um trio de caches, (GCKMTJ) Salir Treasure [Caldas da Rainha], (GCMAM8) A Lagoa [Óbidos] e a (GCP9A4) Lapa da Columbeira [Bombarral], adoptadas do Dinkye, sendo que a primeira já está arquivada. São todas no distrito de Leiria, aliás como a tua primeira cache

(GCW5H3) Baleal [Peniche] e mais outras oito. Queres referir a história destas adopções, a razão de Leiria e mais especificamente Peniche ser um dos teus centros de geocaching e já agora fazer alguns considerandos sobre estas caches? A.S. - Peniche surge por motivos familiares. Passava bastante tempo na zona, e as caches surgem naturalmente. Primeiro o Baleal e depois todas as outras na Península e arredores. As caches do Dinkye foram caches que eu já tinha encontrado e que na altura me deram bastante prazer e foram adoptadas na sequência de um processo semelhante ao meu. A determinada altura apercebi-me que o Dinkye estava a arquivar caches e após troca de alguns mails sugeri-lhe que as colocasse para adopção, o que veio a acontecer. Eu adoptei as 3 indicadas e outros geocachers adoptaram as restantes. De referir que nesta altura já eu tinha colocado as minhas primeiras caches. A Salir Treasure é para mim de longe a melhor do trio, e é uma pena que tenha sido arquivada, mas, era uma cache que já tinha sido modificada devido alguns actos de vandalismo. O container foi partido e o seu conteúdo (um verdadeiro tesouro composto por moedas fora de circulação cujo valor era mais simbólico que outra coisa) roubado. Estes factos levaram a que eu já tivesse alterado a cache mas nunca encontrei nenhuma


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Viajar proporciona-nos sempre o contacto com novas gentes, lugares e culturas solução válida para a recolocar na sua forma original e entretanto, quando a micro intermédia desapareceu, foi arquivada. A Lagoa, uma cache desafiante numa bonita envolvente que se pode tornar complicada no inverno se o chão estiver molhado. Acho que caí por lá umas quantas vezes. A Lapa da Columbeira é outra cache que é mais difícil do que parece. É para fazer “MAntunes Style”, ou seja, seguir a seta e atravessar todos os arbustos que encontrarmos até dar com ela. Chegados lá, é descansar e apreciar a vista e a calma que o local proporciona. J.S. - Poucos dias depois de colocares a Baleal, publicaste a tua primeira cache no distrito de Lisboa, a (GCW8TE) Samarra [Sintra]. Em Lisboa publicaste mais quatro caches e cinco eventos. Aqui julgo que a ligação é óbvia por ser o distrito onde resides. Porquê este sítio?

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A.S. - A Samarra é uma praia que a minha esposa conhece desde sempre pois passou muitas das suas férias de infância naquela zona. Ela é que ma deu a conhecer. É uma praia onde íamos bastante em solteiros e quando os miúdos eram mais pequenos. É uma pequena baía com um areal pequeno e calmo envolvido pela natureza. As arribas

altas protegem bastante do vento que costuma soprar na zona e encontrava sempre local para estacionar, porque o jipe vai até lá baixo sem problemas. A cache foi colocada para dar a conhecer este local. J.S. - E típico de um entusiasmo inicial, poucos dias passados, colocas as primeiras duas das seis caches em Faro, último dos teus três pólos de geocaching. Foram a (GCWMCG) Fortaleza de Santa Catarina [Portimão], a tua cache mais visitada e a (GCWMDG) O Cantinho Encantado [Alvor/Portimão]. Portanto Barlavento Algarvio. Qual a tua ligação à zona e porquê estes sítios? A.S. - A ligação é simples. Algarve, Barlavento, Portimão, onde nasci, onde vivi até aos 18 anos e onde estão as minhas origens. A minha ideia para primeira cache nesta zona era colocar uma cache nas Fontes de Estombar, mas, uma semana antes da minha deslocação foi colocada a (GCVCCN) e por isso a Fortaleza que também estava na lista foi o sucessor natural. O Cantinho Encantado não estava pensado para aquele local. Na altura pretendia dar a conhecer o Salva Vidas de Alvor mas não encontrei o local adequado. Como continuamos rio acima acabamos por descobrir este local que proporciona uma magnifica vista sobre a ria

e voilá. O nome foi também decidido em conjunto. Como curiosidade refiro apenas que após algumas visitas começaram a chegar relatos de um estranho homem que reclamava que estavam a invadir a sua casa e descobrimos que numa pequena gruta, no caminho para a cache, vivia uma espécie de Eremita que ficava particularmente desagradado quando passavam pela sua “porta”. J.S. - Acabaste 2006 com a colocação da (GCX69C) O Naufrágio do San Pedro de Alcantara [Peniche]. É aliás a tua cache com mais fotos. Tinhas ideia? A.S. - Não fazia ideia. O Naufrágio é uma das minhas caches preferidas e nem sequer considero o local particularmente fotogénico. A cache surgiu de uma deambulação pela Península de Peniche. Inicialmente tentei encontrar um local num forte em ruínas ali perto e acabei na Papôa. A cache foi colocada e só quando comecei a pesquisar sobre o local é que me deparei com a história do Naufrágio, do prisioneiro Fernando Tupac Amaru, filho do líder rebelde Peruano que sobreviveu ao naufrágio, da recuperação do ouro e toda a história subjacente que lhe deu uma dimensão que não era intencional no inicio.

J.S. - Depois desta fizeste uma pausa de quase um ano até chegares ao teu período mais fértil entre Junho e Setembro de 2007 e a publicação de onze caches. Achas que correspondeu ao pico do teu entusiasmo com o geocaching? A.S. - Hoje já não me consigo recordar de todos os pormenores mas pelos números parece que sim. Nesta altura o meu filho mais novo teria cerca de dois anos o que já nos permitia uma maior autonomia na busca de caches. Recordome que fazia grandes sestas no banco de trás do jipe. J.S. - Então temos nestes quatro produtivos meses a colocação em Faro da (GC13MJ9) Cruz de Portugal [Xelb], (GC14VC1) Varandas do Mar [Portimão], (GC14VBV) Duas Barragens TB Country Hotel [Silves] e (GC14VBW) A Aldeia Abandonada do Funcho [Silves], em Lisboa da (GC14VBR) Forte do Paimogo [Lourinhã], (GC13XQR) Run to the Hills e as já arquivadas (GC12ZAP) Can you see me [Lisboa] e (GC14VBX) Vulcões de Agua [Lisboa], que é a tua cache mais visitada no distrito de Lisboa e por último em Leiria a (GC14R59) Parque Eólico de Serra D´El Rei [Peniche], (GC14VBQ) Varanda de Pilatos [Peniche] e (GC14VBT) Praça Forte de Peniche. Neste lote estão as tuas duas caches com mais


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favoritos, uma das quais a cache com mais DNF’s de Portugal. Umas palavrinhas sobre cada uma? A.S. - Foi uma altura bastante produtiva. Algumas caches surgiram por acaso, outras foram pensadas intencionalmente para os locais onde foram colocadas. As origens da minha família estão em Silves e conheço bastante bem a zona. Sempre conheci a Cruz de Portugal daí a pensar em colocar lá uma cache não demorou muito. As caches das Barragens vieram no seguimento de um passeio que tinha feito ao longo da barragem do Funcho um ou dois anos antes (na altura com um VW Golf). Como tinha alguns containers, um deles com cerca de 25 litros cortesia do Alexandre Mc.Penha achei que era o local ideal para os colocar. Isolado, mas, facilmente acessível e assim nasceram estas duas caches. A cache duas barragens foi promovida a TB Hotel quando um geocacher estrangeiro lá depositou (literalmente) uma carrada de Travel Bugs e Geocoins. Tinha outras ideias para Silves que nunca se concretizaram. O Forte do Paimogo já tinha sido sondado um ano antes, mas estava num processo de recuperação. Quando finalizaram os trabalhos surgiu a oportunidade de colocar a cache.

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A Run to the Hills surgiu porque queria fazer uma cache mistério. Aproveitei um truque simples de uma cache do Diamantino (2Cotas) liguei uma música dos

Iron Maiden a um local de Lisboa (atenção porque é um spoiler) e coloquei a cache num local que frequentava muito na altura. Vulcões de Agua surgiram numa volta pela Expo. Sempre achei que aqueles vulcões mereciam uma cache e que aqueles canteiros se adequavam a um determinado tipo de container, e assim foi. Esta sempre foi uma cache irrequieta. Mudava constantemente de sítio. A Can you see me foi de longe uma das minhas caches preferidas, mas, falaremos sobre ela um pouco mais á frente. O parque Eólico da Serra de El Rei nasceu de uma das deambulações de jipe pelo Planalto das Cezaredas. As eólicas são umas engenhocas que sempre me fascinaram e aquela em particular tem uma fantástica vista. Foi o processo natural. A praça forte de Peniche surgiu porque queria aproveitar uma ideia que tinha visto numa cache do Paulo (Bargão) Henriques, a Where are you (a cache fetiche do Prodrive), não é Gustavo? É uma multi simples que nos leva a um local engraçado nas imediações do forte. Finalmente, a Varanda de Pilatos, esse “bicho papão” do Geocaching em Portugal e uma das minhas caches preferidas. Já não me recordo quais as minhas motivações para colocar uma cache neste local. Possivelmente chamou-me a atenção o nome e descobri a varanda achando que era um bom local para colocar uma cache. Confesso que foi complicado porque o local

envolvente da varanda tem em algumas alturas muito lixo e não existem aparentemente muitos locais onde se possa esconder uma cache, mas, eventualmente lá apareceu um local interessante que não deixava antever uma dificuldade tão grande em encontrar a cache. Entretanto começaram a aparecer os DNF’s que acabaram por se tornar o seu cartão-de-visita. Tendo em conta que muitos geocachers tem alergia a logar DNF´s arrisco a dizer que o rácio de DNF´s deverá ser superior a 50%. J.S. - O nome da Can you see me [Lisboa] foi de algum modo inspirado na (GCYCRQ) Do You See me? [Castelo de Vide] do 2 Cotas? A.S. - Tudo começou no evento (GCZN08) Merry GeoChristmas! Organizado pelo Cláudio Cortez e onde cada um deveria esconder uma cache com uma pequena lembrança que seria procurada por outro geocacher presente. A mim saiu-me na rifa o Almerindo Mateus (Alcas), um dos geocachers mais imaginativos que tive oportunidade de conhecer, e uma cache que hoje deve ser bastante comum mas que na altura era genial. Basicamente, uma Lata (Can) de Coca-Cola com um container dentro. O local escolhido foi o Vale do Silêncio e a cache depositada no centro de um arbusto praticamente á vista. Assim nasceu a Can you see me com um nome que era um enorme spoiler mas que poucos conseguiram ver até descobrirem a cache.

De certa forma talvez tenha aproveitado o nome das caches do Diamantino pois já as tinha encontrado, mas se assim foi, terá sido inconscientemente. Deixo aqui uma palavra de agradecimento ao Alcas que me deu aquele fantástico container e estava indicado como co-owner da cache e fica a sugestão para uma futura entrevista. J.S. - Em 2008 deste quase as despedidas nas publicações com a (GC14VBY) Farol do Cabo Carvoeiro [Peniche] a tua cache mais visitada no distrito de Leiria, a (GC14VBZ) Parque Urbano de Peniche, e a (GC1EPZG) Baleal Earthcache [Peniche] DP/EC67. A tua única Earthcache que faz agora parte do portefólio do Daniel Oliveira e curiosamente com o nome da tua primeira cache. Porque decidiste publicar uma Earthcache? É um tipo de cache que te agrada? A.S. - O Farol do Cabo Carvoeiro surgiu na sequência da cache Faróis de Portugal. Era uma cache simples sem grandes pretensões demasiado próxima da Varanda mas, mesmo assim, com uma vista engraçada. O Parque Urbano era a cache que se impunha depois da requalificação daquela área que antes era um terreno baldio. Foi desde sempre uma cache problemática que teimava em desaparecer e foi alvo de várias manutenções. Está numa zona simpática para passear um pouco, relaxar e descansar.


Quanto ao Baleal, as suas formações rochosas sempre me fascinaram. Na altura era um tipo de cache que me faltava publicar e o local surgiu naturalmente assim como a colaboração do Daniel na elaboração da cache. Na altura de a dar para adopção o Daniel surgiu naturalmente pelo que foi, se não me engano, a primeira a ser adoptada. J.S. - Em 2011, finalmente e passados quase três anos publicas a tua última cache, a (GC2WAH) All the Fools Sail Away - A Tribute to Dio, uma cache de homenagem a Ronnie James Dio, como a Run to the Hills foi uma homenagem aos Iron Maiden. O Dio morreu e tu metaforicamente morreste para o geocaching… Nunca mais equacionaste publicar uma cache depois desta?

A.S. - All the fools sail away surgiu por influência do Waymarking. Uma das coisas para o qual o Waymarking me despertou foi para a escultura e para a arte urbana e por esse motivo decidi colocar uma cache naquele local. Como sempre gostei de dar alguma dimensão às minhas caches para além de simplesmente deixar um container, procurei algo relacionado com barcos à vela e esta canção do Dio veio-me á memória. Curiosamente surgiu na altura da sua morte e pareceu-me um justo tributo a um dos maiores vultos do Heavy Metal. J.S. - Para acabar a revisão pelas tuas caches falta referir os eventos que publicaste em 2008 e 2009. (GC19GK3) N´AEKI, (GC1AJPE) N´AEKI II - Finding Nemo,

(GC1D4TC) Back to the Future - Celebrating 080808, (GC14VC0) Spare Parts e (GC1NVFQ) NAEKI III April´s Fool. O que é verdade é apesar de três N’AEKI, acabaste por te render. Fala lá um pouco sobre esta tua faceta de organizador de eventos? A.S. - Esta “faceta” surgiu naturalmente no seguimento dos “Lunch Time Events” no IKEA e foram surgindo alternadamente com eventos do Daniel, BTRodrigues, Touperdido e eventualmente outros que não me recordo. O trocadilho N´AEKI foi roubado a uma cache (salvo erro do Cláudio Cortez) chamada AEKI. Todos os eventos foram eventos á hora de almoço com excepção do 080808 que foi um Multi-Evento internacional organizado a partir de

uma ideia do Mark Clemens (Avroair) e que ocorreu em simultâneo em vários locais de Portugal, Itália e Estados Unidos. Os N´AEKI têm como particularidade nenhum ter ocorrido no local então habitual, o IKEA. O Spare Parts foi organizado porque o Daniel tinha por lá uma peça de plástico para o meu UMM e foi a desculpa para ma entregar, e houve inclusive um, o April´s Fool que foi organizado no dia 1º de Abril onde eu não cheguei a comparecer (foi a minha partida de 1º de Abril). Mesmo assim, há vários logs onde muitos geocachers juram ter almoçado comigo. Actualmente estou um pouco mais limitado à hora de almoço mas não invalido a organização de um outro evento e pode ser que um destes dias surja uma surpresa.

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J.S. - E agora que relembraste todas as tuas caches e em jeito de balanço diz lá quais são as tuas preferidas, as mais bemsucedidas e por outro lado aquelas que vendo a esta distância serão as mais fracas? A.S. - Não me sinto qualificado para avaliar as minhas próprias caches e não tenho acompanhado o suficiente para dizer quais as mais bem-sucedidas. As minhas preferidas, sem qualquer ordem: Varanda de Pilatos, Naufrágio do San Pedro de Alcantara, Forte do Paimogo, Can You see me, Samarra, Varandas do Mar, Cantinho Encantado e Fortaleza de Santa Catarina. J.S. - Vi que o teu último acesso ao Geocaching.com é relativamente recente. Continuas a acompanhar as

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tuas caches, mesmo depois de as ter dado para adopção? A.S. - Não tenho acompanhado. No decorrer desta entrevista revisitei algumas delas. J.S. - A maioria das caches foram adoptadas pelo paulohercules, pelo clcortez e pelo ruijsduarte. Conheces pessoalmente algum deles? A.S. - Conheço pessoalmente a maior parte dos geocachers mais antigos. Conheço o Paulo e o Cláudio mas não conheço o Rui Duarte apesar de já termos trocado vários mails ainda na altura em que eu participava activamente no jogo. J.S. - Como founder foste um geocacher moderado. No teu período mais activo entre 2006 e 2011, en-

contraste menos de 1.000 caches. Se essa frugalidade era muito normal nos geocachers mais antigos já não o era tanto na tua época, onde começou a haver alguma competição para os números. Foi coisa que nunca te interessou? A.S. - Eu trabalho com números e por essa razão acho interessante analisar os números mas nunca senti necessidade de correr atrás deles. Se eventualmente tivesse maior disponibilidade talvez o tivesse feito. J.S. - O último evento em que participaste foi o (GC41E70) Meet the Geocaching.com Lackeys. Terá sido o segundo evento em que estive contigo, o outro foi o (GC26BDF) 10 Years! Lisboa – Portugal. Poderias ter deixado de fazer caches mas continuado a partici-

par em eventos. Porque é que também cortaste com isso? A.S. - Essencialmente por falta de tempo e/ou por desconhecimento. O evento Meet the lackeys por exemplo, foi um evento em que participei por causa da possibilidade de conhecer malta da Groundspeak e porque me apercebi a tempo da sua ocorrência mas que me poderia perfeitamente ter passado ao lado. Actualmente não acompanho a comunidade suficientemente de perto para saber tudo o que me possa interessar, e mesmo quando sou convidado directamente nem sempre é oportuno. J.S. - A grande maioria das caches que encontraste em Portugal foram nos teus distritos de proximidade, Lisboa, Leiria e Faro. De-


Nunca fui muito fã das caches urbanas, em locais muito apinhados (...) duzo que não eras um geocacher que te deslocasses propositadamente para fazer caches ou que não utilizavas o geocaching como roteiro turístico?

te preocupes que nessa altura isso era muito normal e existe muito geocacher conceituado na nossa comunidade que fez o mesmo.

A.S. - Nunca utilizei o Geocaching como destino turístico. Se estou em algum local e tenho tempo para cachar tento sempre procurar uma cache. Em Portugal não faço grande questão devido á proximidade, mas, se estiver no estrangeiro faço um esforço dentro da minha disponibilidade mas não vou alterar o meu roteiro em função do Geocaching. Em Barcelona fiz questão de conhecer o Garri e passamos um dia a cachar com ele, mas porque tínhamos propositadamente adicionado mais dois dias ao roteiro programado inicialmente.

A.S. - Não estive com gripe mas entretive-me a fazer algumas caches virtuais no sofá. Algumas tinham uns enigmas engraçados. Recordo-me particularmente de uma, a (GCF55A) Four Windows. Há também a Geo Power Smurf, uma cache que viajava.

Normalmente procuro caches em função do meu roteiro e não ao contrário. Por vezes faço um desvio para fazer uma ou outra que me parece interessante mas isso nem sempre é possível. J.S. - Fizeste umas dezenas de caches no estrangeiro. Além daqueles países mais normais para um português, Espanha, França, Itália… chamou-me a atenção um conjunto de virtuais nos Estados Unidos, Alemanha e Dinamarca feitas com poucos dias de intervalo. Estiveste com gripe e entretiveste-te a fazer essas virtuais à distância? Não

J.S. - Quais eram os teus tipos de caches preferidas? Urbanas/não urbanas? Para fazer a pé ou de carro? Também eras como o Portelada e só ficavas satisfeito quando punhas a roda do TT em cima delas? A.S. - Nunca fui muito fã das caches urbanas, em locais muito apinhados (a não ser que ande a cachar acompanhado), mas é nesta descrição que possivelmente se enquadra o maior número de caches que encontrei. Posso dizer que gostei bastante da cache Fernando Pessoa, por exemplo. Sim, pode-se dizer que me identifico muito com o Portelada. Se der para lá ir com o Jipe e estacionar ao lado é comigo. J.S. - Mesmo distante no terreno, tens acompanhado o geocaching actual? O que pensas do geocaching de hoje em relação ao de 2007/2008?

A.S. - Não tenho acompanhado muito de perto. Posso estar enganado e estar a ser bastante injusto, mas, acho que em 2007/2008 havia um maior entrosamento e companheirismo. Lembro-me de fazer manutenção a caches, mudar o logbook ou o container (sem precisarmos de recuar a 2007) e hoje se calhar a maior parte dos geocachers em vez de fazer isso pede para arquivar. J.S. - Existem muito mais geocachers, muito mais caches, muito mais caches boas, muito mais cache más. Achas que a massificação prejudicou o geocaching? A.S. - Não tenho noção do panorama actual pelo que não me vou pronunciar sobre o assunto. J.S. - Existem alguns geocachers que tenham sido especialmente relevantes para ti e que aqui queiras referir? A.S. - Esta é daquelas perguntas injustas porque vai haver sempre alguém que me vou esquecer, mas, claro que sim, os Rifkindsss, especialmente o Nuno, companheiro de outros “Montes e Vales” e que me apresentou o conceito, Daniel Oliveira, Paulo (Bargão) Henriques, BTRodrigues, Almeidara, Vsergio, Prodrive, Mtrevas, 2Cotas pelas caches e cachadas, MAntunes, Alcas, CLCortez, Team

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Caracache, Touperdido e tantos outros que me estou a esquecer. J.S. - As tuas cachadas eram maioritariamente a solo, com a família ou com amigos? A.S. - A maioria talvez tenha sido com a família e amigos, mas, houve muitas a solo e outras que começaram a solo e terminaram acompanhadas. J.S. - Referes (http://forum. geocaching-pt.net/viewtopic.php?p=1676#p1676) que te tornaste PM apenas por causa do waymarking (já lá iremos). Foste PM durante quanto tempo? Não vias mesmo nenhuma vantagem em o ser para efeitos de geocaching? É verdade que no teu tempo o geocaching@pt tinha aqueles ficheiros “piratas” que supriam a maior parte das vantagens de se ser premium. A.S. - Começou efectivamente por causa do Waymarking. Só podemos criar categorias se formos PM. Claro que reconheço e aproveitei as vantagens de ser PM no Geocaching, mas, nunca foi factor essencial. Além disso, havia a possibilidade de usar os ficheiros facultados pelo geocaching@pt. Salvo erro fui PM durante 2 ou 3 anos. J.S. - Foste um participante activo no geocaching@ pt (1.150 posts) e residual no Geopt (33 posts), sendo que o Geopt apareceu em

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2010 numa altura em que já estavas meio afastado. Não sei se apesar de não participares, és leitor e se tens opinião formada sobre o panorama dos fóruns de geocaching em Portugal? A.S. - Tinha opinião sobre os fóruns na altura. Participei bastante no geocaching@ pt. O Geopt surgiu numa altura em que eu participava menos nos forums apesar de ainda manter alguma actividade no geocaching. Actualmente não os frequento e não posso opinar sobre eles.

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J.S. - Mesmo à distância tens conhecimento dos prémios GPS. Afinal tiveste duas caches nomeadas para a 1ª edição que se destinou a reconhecer as melhores caches de 2001 a 2010, a Lapa da Columbeira [Bombarral] e a Varanda de Pilatos [Peniche]. O que achas da iniciativa que sem dúvida alterou profundamente o geocaching em Portugal? Estamos em pleno período de procura das nomeadas de

2013. Se quiserem retomar o geocaching, convido-te a olhar para esta bookmark (http://www.geocaching. c o m / b o o k m a r k s / v i e w. aspx?guid=5e032b5bd d a c- 4 5 2 3 - b a 7 4 - d fe c337d45ac) e de certeza que não te desiludirás.

J.S. - Vamos agora fa-

A.S. - É uma acção bastante positiva pois é uma forma de reconhecer o trabalho de quem coloca caches e incentivar a colocação de boas caches em detrimento de simplesmente largar caches em qualquer lugar.

bém

J.S. - E para acabar esta passagem pelo Geocaching que será talvez o hobby (dos referidos inicialmente) que actualmente menos te interessa, há mais alguma coisa que gostarias de referir?

ciação tão interessante.

A.S. - Tendo em conta a quantidade de perguntas com que me presentearam acho que é melhor não dizer mais nada senão corremos o risco de esta entrevista não estar terminada a tempo de ser editada.

ao waymarking, isso não

lar de waymarking esse “jogo”

mal-amado

que

vive á sombra do geocaching. A comunidade de waymarkers é muito pequena, embora com alguns elementos muito activos e que por participarem tammuito

activamente

no Geopt dão-lhe uma visibilidade que ultrapassa em muito a sua dimensão. Eu próprio sou um desses que tem tentado que mais pessoas se interessem por este jogo de georreferenDe facto tu, apesar de em número de WM ainda estares num 2º lugar destacado e ao contrário do que é a percepção que havia que tinhas deixado o geocaching para te dedicares é verdade, ou pelo menos não é verdade desde o início do 2013, data desde a qual tens estado afastado. Comecemos por aí: Porque é que também “abandonaste” o waymarking?

A.S. - Não abandonei o Waymarking (assim como não abandonei o Geocaching), mas a falta de tempo levou a que a minha actividade nesta área seja praticamente nula. Eu gosto de preparar os Waymarks convenientemente. Para isso é necessário pesquisar e elaborar um texto que torne o waymark minimamente interessante, preferencialmente em Inglês o que demora o seu tempo. Por esse motivo tenho vários pendentes até haver uma oportunidade. J.S. - É verdade que durante algum tempo e já depois de teres “abandonado” o geocaching te dedicaste bastante a esta actividade. Assim embora tenhas WM desde 2006, especialmente 2011 correspondeu ao pico de actividade. Assim a percepção que existe está correcta: abandonaste o geocaching para te dedicares ao waymarking, o que não está é actualizada, porque abandonaste o waymarking para te dedicares ao btt (mas já lá ire-


duas categorias Suspension Bridges e na portuguesa Vasco da Gama) só existiam 54 WM de portugueses a grande maioria do SUp3rFM e do Nfreitas. Consideras-te um pioneiro do waymarking em Portugal?

mos…). O waymarking tem uma componente viciante. Em 2011 estavas viciado? A.S. - Pode-se dizer que sim. Eu gosto de locais e objectos que acho interessantes e de preferência juntar-lhe uma componente cultural. Para além disso, o Waymarking é bastante fácil de alimentar. Afinal basta andar com uma câmara fotográfica e um GPS atrás e facilmente criamos alguns waymarks (alguns em várias categorias). J.S. - Embora 2011 tenha sido conforme já referido o teu ano de glória que te fez chegar ao fim do ano praticamente empatado com o Razalas no 1º lugar do ranking nacional em termos percentuais, 2006 foi o melhor, nesse teu ano de estreia e só no último trimestre, publicaste mais de metade de todos os WM portugueses. Isso voltou a acontecer em 2009. Em 2007 e 2008 quem liderou foi o SUp3rFM. Quando publicaste o teu primeiro WM (Ponte Vasco da Gama em

A.S. - Pioneiro é uma palavra forte. Sou certamente um dos primeiros, mas já por lá andavam grandes nomes do Geocaching Português como o Sup3rFM com vários WM publicados, o Mantunes que já se tinha aventurado a criar algumas categorias ou o Torgut que tentou criar uma categoria bastante interessante (algo como Café Central ou cafés históricos) mas que não passou no crivo dos Americanos porque para eles só existem aqueles restaurantes de beira de estrada onde se bebe café a balde. Era uma altura de experimentação em que havia muitas dúvidas e as categorias não eram explícitas. Mas, tudo isso contribuiu para melhorar o waymarking e para que hoje existam mais de meio milhão de waymarks criados. J.S. - Se é fácil investigar sobre os WM publicados não o é sobre os visitados. Visitaste waymarks antes de publicar o primeiro? Consegues identificar qual foi o primeiro? A.S. - Não me recordo qual o primeiro WM que visitei e acabei de descobrir que é muito complicado fazer essa pesquisa. Para complicar um pouco as coisas, eu registo a visita se já tiver

passado pelo local, pelo que tenho visitas anteriores á publicação do Waymark. Por exemplo, o (WMP1) Pont du Gard, curiosamente publicado pelo MAntunes (esse sim, um dos pioneiros) em 2005 foi visitado por mim em 1999 (seis anos antes da publicação) e pelo fi67 (um respeitado Waymarker de Basileia na Suíça) em 1983. De certeza que entretanto foram publicados outros waymarks por onde já passei mas ainda não loguei. J.S. - Embora como quase todos (ou todos) os waymarkers a nível nacional ou mundial, tu tenhas muito mais waymarks publicadas do que visitadas (2.248 vs 847) até não és de todo um dos que têm um rácio mais desproporcionado. Como se costuma dizer nas caches (para a parte do visitado), os waymarks deram-te a conhecer locais ou curiosidades que dificilmente terias visitado ou percepcionado se não fosse o waymarking? A.S. - O que me dá gozo no Waymarking é a criação do WM. A visita é algo que para mim já é mais secundário. O Waymark fez-me olhar e descobrir coisas para o qual não estava sensibilizado. Por exemplo a arte urbana como já referi anteriormente. Nunca liguei muito ao tema, mas numa passagem por Paris tirei várias fotos a esculturas que encontrei enquanto andava num misto de passeio e geocaching. Quando cheguei, resolvi criar alguns waymarks baseados no assunto e a

pesquisa fez-me despertar para algo que nunca tinha ligado e passei a encarar esse tema de uma outra forma. Muitos dos meus Waymarks desde essa altura foram esculturas e gostava de ter fotografado mais. Frequentemente dou por mim a olhar para os edifícios ou para as igrejas á procura de pormenores, como relógios de sol, gárgulas e afins.

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J.S. - Já anteriormente referi a natureza “viciante” do waymarking. Isto porque para a maioria dos praticantes tem uma forte componente de coleccionismo, de completar a caderneta e/ou de obter aquele cromo mais raro. Estou claro a falar das categorias este conceito do waymarking que tem como objectivo etiquetar o que se quer mostrar. Existem neste momento 1.073 categorias o que é uma caderneta muito grande. Tu tens waymarks em 333 categorias, ou seja estás quase a 1/3 do preenchimento da caderneta e que te dá um 5º lugar entre os waymarkers portugueses. Isso alguma vez foi um objectivo que norteou o teu waymarking? A.S. - O “preenchimento da caderneta” não era uma preocupação no inicio, mas a determinada altura comecei a fazer um esforço para ir completando os “cromos”, mas acho que ainda hoje esse não é o meu objectivo principal. Tenho por lá alguns cromos difíceis como “Zippy the pinhead locations” ou “James Bond – 007”, por exem-

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plo. Como tenho por hábito criar Waymarks em tudo o que é possível, acredito que muitas das categorias com apenas um waymark serão casos destes (ou então são temas que não me dizem mesmo nada). J.S. - Se foi, não foste o único. Alguns waymarkers de que o tmob é o exemplo extremo têm um rácio muito elevado entre waymarks publicadas e categorias preenchidas. No teu caso o rácio é muito mais equilibrado o que quer dizer que continuavas a publicar waymarks mesmo em categorias já obtidas. Porque achavas os sítios merecedores de ser visitados, pelos números, por outra razão? A.S. - Por várias razões. Alguns porque realmente acho que merecem ser visitados, outros simplesmente pelos números. Em algumas categorias o objectivo chegou mesmo a ser ultrapassar os 100 Waymarks criados.

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J.S. - Alguns dos teus últimos waymarks publicados contrariam um pouco a versão “merecedores de ser visitados”. Estou-me a referir aos 74 WM que publicaste debaixo da categoria “Coin Operated Children’s Rides” em vários PlayCenters por Lisboa e arredores. Entre os quais o do Colombo que já não existe. Aqui, ou foi mesmo para os números ou por um outro motivo que poderá ser motivante para alguns jogadores. O da completude, ou seja marcar tudo e mesmo tudo de uma determinada categoria ou

então e noutra perspectiva tentar encaixar um sítio no máximo de categorias possíveis. Duas modalidades com muitos críticos mas que admito possam ser estimulantes. O que tens a dizer sobre estas minhas divagações? A.S. - Diria que há pessoas com demasiado tempo disponível e por essa razão permitem-se a fazer estas divagações. No caso em concreto, e já que falas no extinto Fun Center do Colombo, a razão foi mesmo aproveitar uma festa de anos de um dos meus filhos e fotografar tudo o que era “Coin Operated Children Ride” das redondezas. E já que estava por lá andei a fotografar tudo o que pudesse encaixar em Waymarks (o que por vezes é difícil pois temos que andar a fintar os seguranças). J.S. - Não sei se tens noção de quais são as categorias em que tens mais WM. As três primeiras admito que sim pois destacam-se das outras: Wikipedia Entries com 233; Abstract Public Sculptures com 125 e Town Clocks com 111. Pelo menos a 3ª já indicia uma preferência. Tinhas ideia que eram estas as tuas categorias principais? E o que tens a dizer sobre elas? A.S. - Já não tinha. Tinha noção que a partir de um determinado momento as minhas preferências mudaram e que as esculturas estariam lá para cima mas não tinha noção das posições. Enquanto as esculturas e os relógios indicam claramente uma preferência, a wiki-

pédia é apenas porque é demasiado fácil de replicar o waymark. Quando estás a pesquisar sobre algo, uma das opções é a wikipédia, e existindo, apenas tens que replicar o waymark e tens o chamado “dois em um”. Relativamente aos relógios (Town Clocks), há relógios que merecem uma visita e uma observação atenta. Dos que publiquei destaco o da Rua Augusta (WMD199) e o da Câmara de Basileia (WMW5Q), e dos que visitei, o famoso Zytglogge de Berna (WMRKZ). J.S. - A seguir vem Official Local Tourism Attractions com 89, Figurative Public Sculpture com 86 e Coin Operated Children’s Rides com 76. A primeira poderia ser um louvável esforço de georreferenciar para os turistas os Postos de Turismo, isso se os waymarks fossem utilizados como POI’s o que infelizmente não acontece. O que orientava a tua preferência por uma categoria ou outra? A facilidade de encontrar locais ou outra? A.S. - Claramente a facilidade de tropeçar em alguns deles. Enquanto os Coin Operated são daqueles que tropeçamos e muitas vezes nem nos damos ao trabalho de fotografar (então se houver crianças por lá, não fotografo mesmo), os Local Tourism Attractions são fáceis de tropeçar quando estamos de férias (tenho que ir espreitar as minhas fotos de Ibiza). Já as esculturas são daqueles que eu me dou ao trabalho de parar para fotografar.

J.S. - O trio que vem a seguir já se me afigura mais interessante, Philatelic Photographs com 55, Coats of Arms com 51 e Património Português (Portuguese Heritage) com 46. Parece-me teres aqui mais sumo para comentares e aproveito para juntar outra pergunta: Já se tinha falado do Vasco da Gama, agora temos Património Português. As categorias deveriam ser tendencialmente globais, mas o que é verdade é que temos umas largas dezenas, senão centenas que são localizadas, especialmente nos Estados Unidos o que é previsível, mas também com categorias específicas de umas dezenas de países. O que achas disto? A.S. - As Philatelic Photographs são uma categoria que me deu bastante prazer pois alia uma das minhas paixões de há alguns anos, (a filatelia) com a fotografia e o Waymarking. Pesquisando um pouco, foi fácil perceber que tinha várias fotos que replicavam selos de vários países e que até já existiam como Waymarks pelo que foi fácil trabalhar o tema. Já os Brasões (Coat of Arms) foi um tema para o qual não estava muito sensibilizado e que me deu algum gosto trabalhar pois tem uma componente histórica muito interessante e que me obrigou a uma pesquisa bastante intensa para conseguir marcar praticamente todos os brasões da fonte da Praça do Império em frente aos Jerónimos. Tudo isso demora bastante tempo como deves calcular. O Portuguese Heritage é


outra categoria bastante interessante para quem como eu gosta de História e permite-nos descobrir alguns pedaços da nossa história que nos passam despercebidos no dia-a-dia. Relativamente á globalidade das categorias, a questão que colocas sobre o facto é pertinente e foi várias vezes abordada nos fóruns. A opinião geral era que as categorias deveriam ser globais, mas, a partir do momento em que uma categoria regional foi aprovada abriu-se a caixa de pandora e outras categorias vieram atrás. Pessoalmente não me choca a sua existência. J.S. - Não te vou continuar a questionar sobre todas as categorias que tens, mas estamos próximo de uma que me leva para outro tema. Outra das motivações para alguns waymarkers é serem líderes duma determinada categoria, ou seja quem tem

mais WM publicadas. Não sei se sabes mas tu és líder em três categorias, na Vasco da Gama és essencialmente pelo facto de ser uma categoria muito restrita em que os teus 3 WM em 34 te permitem estar em primeiro lugar ex-aqueo com o líder mundial das categorias (com a caderneta praticamente preenchida), o Marine Biologist. Mas em duas categorias és líder isolado. Não sei se fazias ideia, mas estou-me a referir às There’s a Book About It com 33 WM em 256 e Public Funiculars and Incline Railways com 6 em 92. Essas sim já são categorias bem interessantes e pouco vulgares e que claramente indiciam uma preferência consciente pelas mesmas. Certo? A.S. - Vasco da Gama é claramente uma questão de oportunidade. Afinal é um dos nossos maiores nomes e facilmente tropeçamos

numa ou outra referência (e mesmo assim parece que deixei passar alguns aqui em Lisboa que foram aproveitados pelo Marine Biologist o que demonstra que por vezes estamos tão concentrados em algumas categorias que esquecemos outras que estão ali completamente á vista).

porcionou esse destacado primeiro lugar (de uma forma inconsciente, claro).

There´s a Book about it foi claramente um daqueles “cromos” esquecidos que faltava preencher na caderneta e que revelou uma enorme fonte de waymarks dentro daqueles que eu já tinha criado. Claro que contei com uma fortíssima ajuda do amigo Google para descobrir os livros.

A.S. - Simples: como tenho o hábito de fotografar tudo o que me pareça interessante, na hora de criar os waymarks tenho bastante material para utilizar. Na altura em que as categorias foram criadas eu estava bastante activo no waymarking e foi fácil procurar no meu baú das fotografias, waymarks que se enquadrassem.

Public Funiculars: Confesso que gosto particularmente destas “engenhocas” e não perco a oportunidade de tirar algumas fotografias. Além disso, tive a felicidade de visitar alguns locais onde havia funiculares o que pro-

J.S. - Já falámos de categorias locais, tu tens números com algum significado em duas delas. A “Spanish Heritage” e a “Austrian and Swiss National Heritage Sites”. O que te levou a georreferenciar estes países?

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J.S. - Depois, tens muitos mais cromos. Podes referir alguns que te digam mais, pelo tema, pela raridade, pelo imprevisto da obtenção ou por qualquer outra razão?

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A.S. - Bem, assim de repente não me recordo de nenhum, mas já se arranja alguma coisa. Começando no final da caderneta há ali um na Beetlemania, o Iate dos Beatles, o Vagrant que esteve na baixa do Funchal e que me chamou a atenção num passeio pela zona. Só mais tarde é que me apercebi da possibilidade de criar este cromo. Nos “Z Welcome Signs” (já falamos de categorias parvas? Porquê Z e não uma qualquer outra letra?) devo ter passado por aquele sinal umas centenas de vezes até se fazer o clique e sair o (WMC0B6) Zambujeira (Lourinhã). O waymark (WMBYFF) no Parc Guell em Barcelona nasceu também por acaso quando tentava perceber que raio de categoria era “Zyppy the Pinhed Locations” e me deparei com um desenho que era exactamente uma foto que tinha tirado. E outros nasceram por pura sorte como o (WMD2TH) na categoria Railway Disaster Sites. Pesquisava sobre a estação de Montparnasse em Paris quando me deparo com a história do desastre e assim nasceu o waymark. J.S. - Sentias a falta dos rankings no waymarking ou para ti a “competição” não é minimamente importante e nunca sentiste curiosidade em te comparar com os outros waymarkers?

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A.S. - Confesso que houve ali uma altura em que estava numa clara competição com o Razalas. Noutras alturas o objectivo era

mesmo ultrapassar as 100 Waymarks em determinadas categorias e numa outra fase, completar um pouco mais da caderneta de cromos. Claro que é interessante sabermos onde estamos e podermos fazer uma comparação com os outros, mas, quando olhas para waymarkers como Saopaulo1 e te deparas com 33000 waymarks pensas duas vezes se isso é realmente importante. J.S. - Uma das coisas que me apercebi nestes poucos meses que levo de análise ao tema é que sendo a comunidade verdadeiramente activa muito pequena, existem tensões típicas de quem vive as coisas de forma mais intensa. Tu também passaste por isso? Por polémicas com a pequena comunidade portuguesa ou com os publishers das categorias? Tens alguma história para contar de algum WM que tenha sido recusado e em que não concordaste com os argumentos? A.S. - Tensões há sempre. Todos temos as nossas opiniões. Nem sempre percebemos porque é que nos recusam um Waymark ou porque há uma determinada regra. Uma das regras que tenho nas minhas categorias é que os WM devem estar sempre escritos em Inglês independentemente de depois poderem ter uma versão na língua local ou numa outra língua. Afinal isto é um jogo internacional. Se não cumpre, recuso e explico porquê com base nestes argumentos. Regra

geral isto é bem aceite. Mas se eu recusar e não digo exactamente porquê, isso já pode ser um foco de tensão. Como estamos resguardados por um teclado há que ter algum cuidado na forma como colocamos as coisas. Se fizermos isso penso que a maioria das tensões são eliminadas ou pelo menos reduzidas. Eu não tenho problemas em cumprir um requisito desde que ele esteja escrito e eu tenha conhecimento dele á partida. Até posso não ter conhecimento, mas mediante uma explicação consigo aceitar. Não aceito é que me imponham regras que não estão escritas (ou até contrariam o que está escrito) só porque sim. Uma das questões que me recordo foi, salvo erro, com o Nate relativamente à bandeira que está no alto do parque e que eu pretendia inscrever como Waymark na categoria Ginormous Everyday Objects. Foi recusada com base num argumento que já não me recordo e que não estava descrito nas regras da categoria. Insisti várias vezes e a coisa tomou proporções tais que a determinada altura o Jeremy Irish interveio e matou o assunto dizendo algo como “Independentemente de não estar referido nas regras achamos que não se enquadra e pronto.” Como esta, tive algumas situações do género em que mesmo após waymarks idênticas terem sido aprovadas a minha era recusada apenas porque o líder da categoria assim o entendia. Isto fez com que me afas-

tasse nessa altura. Mas também tive situações em que os meus argumentos foram tidos em consideração e as regras alteradas para clarificar ou permitir determinadas situações. Curiosamente acho que foram sempre Waymarkers europeus. Hoje em dia é algo que está ultrapassado. Se achar que tenho razão exponho os meus argumentos e aguardo aceitando depois a decisão de quem de direito. J.S. - Para mim existem algumas categorias um bocado “parvas” no waymarking. Para ti também? Qual a que destacarias? A.S. - Nunca pensei muito nisso, mas não é difícil encontrar algumas. Assim de repente, “Turtle Crossing”, “Berry Picking”, “Curling Clubs” (esta pelo simples facto de achar o Curling um desporto completamente disparatado) e a minha preferida, “Unique Manhole Covers”. Mas claro que isto é tudo muito relativo porque o que eu acho idiota pode ser o supra-sumo da batata frita para outros. Todos temos os nossos gostos e interesses. J.S. - Já referi por alto o tema da etiquetação de um mesmo local ou motivo em múltiplas categorias. É verdade que isso é potenciado por algumas categorias serem muito redundantes ou estarem incluídas noutras. Algumas waymarkers decidem só a catalogar dentro de uma categoria mas outros não. Qual era a tua decisão preponderante?


Metódico e organizado? Claro que não! Completamente anárquico.Depois, se der para criar um WM, melhor. A.S. - Simples, se der para criar um Waymark, cria-se. Se der para criar muitos, melhor ainda. Dá-me um certo gozo conseguir encaixar uma coisa em várias categorias. J.S. - As categorias são tantas que não é fácil treinar a memória para as memorizar e a visão para as reconhecer. Consideravas-te um waymarker “treinado” e quando observavas um sítio estavas mentalmente a fazer um scan à memória de forma a identificares em que categorias se encaixavam de forma mais óbvia ou mais subtil? A.S. - Nem por isso. Há categorias que me saltam imediatamente à vista, outras que consigo identificar ao fim de algum tempo e outras que nem me lembro. Tenho várias situações de waymarks que criei numa categoria e mais tarde alguém cria numa outra categoria (e vice versa). Muitas vezes só mais tarde é que percebemos que afinal existem outras categorias em que podemos colocar o Waymark. J.S. - Pelo que me apercebo e pelo menos na maioria das vezes a maioria dos waymarkers não vai até um local com o trabalho de casa feito e já com ideia que poderá surgir um WM. Tiram fotografias a tudo e depois em casa, no fim do dia ou ao fim de alguns anos procura se o potencial

WM não existe ainda. Também era assim que funcionavas? A.S. - É exactamente assim. Como já referi, há categorias que identificamos imediatamente e tiramos as fotografias com uma clara intenção de criar o waymark e outras que só mais tarde nos apercebemos que existe uma categoria onde encaixa. Por via das dúvidas, fotografa-se tudo. J.S. - Consideravas-te um waymarker metódico e organizado que sistematizava bem o que queria marcar ou as coisas iam surgindo naturalmente ao sabor das circunstâncias? A.S. - Metódico e organizado? Claro que não! Completamente anárquico. Primeiro fotografo tudo o que acho interessante. Depois, se der para criar um WM, melhor. J.S. - Ainda manténs responsabilidades nas sete categorias que mencionas no teu profile? Porquê estas categorias? Especialmente as duas em que foste fundador? A.S. - Nem de propósito, acabei de aprovar o (WMK78K) no Hotel Chateau Frontenac no Quebec. Sim, ainda tenho estas responsabilidades e mais algumas pois essa lista está desactualizada. É uma ocupação que em princípio vou manter. Com a ajuda dos restantes officers não me

toma assim tanto tempo. Para além dessas ainda faço a gestão de mais quatro. Não sei se sabes, mas, podes subscrever categorias que te interessem e podes ser convidado a colaborar nessas categorias. Foi o que acabou por acontecer. Claro que alguns temas interessar-me-ão mais que outros, mas todos tem o seu interesse e não me tomam assim tanto tempo pois têm equipas grandes. No que diz respeito às minhas categorias, apareceram um pouco através daquela necessidade de experimentação que há no início das coisas. Queria criar uma categoria. Dos temas que me lembrei na altura, a maioria deles já tinha categorias e procurava-se que fossem o mais globais possível. As barragens surgiram porque é uma estrutura que sempre me fascinou e não existia nada do género. Os Antique Hotels foi o que resultou de um processo em que eu queria identificar Hotéis que ocupassem edifícios antigos, históricos e minimamente interessantes. Inicialmente eu pretendia que fossem edifícios com pelo menos um século, mas foi necessário chegar a uma data diferente porque nos States não encontramos assim tantos edifícios antigos (pensávamos nós). J.S. - Para terminar vamos falar daquilo por onde se calhar deviríamos ter começado, mas que não fi-

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caria bem numa entrevista cuja missão é fundamentalmente ficar a conhecer geocachers históricos e um pouco afastados. Se calhar gostarias mais de dar uma entrevista centrada no TT, primeiro hobby e que te levou a adquirir um GPSr ou o BTT, mais recente hobby pelo qual deste com os pés ao waymarking. Comecemos pelo princípio ou seja o TT. Aproveita lá para descrever a tua frota com amor e carinho. A.S. - A frota é actualmente composta pelo UMMer Manchanegra que é um “jovem” com a bonita idade de 25 anos (14 nas minhas mãos) e que me tem acompanhado em várias aventuras. A origem do nome já foi explicada lá mais para trás. Depois vem o Contrabandista (conhecido como Toyota lá em casa), Prado é o modelo no mercado Americano. Por cá, como gostamos de complicar, é um KZJ95. O Toyota tem sido o meu veículo do dia-a-dia desde há alguns anos. Contrabandista porque quando o comprei tinha acabado de ser recuperado pela Guardia Civil em Espanha após ter sido roubado algum tempo antes. Suspeita-se que enquanto andou a monte se dedicou a actividades menos licitas. Está comigo há quase 10 anos, já participou em várias aventuras pois vai a qualquer lado.

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Sendo um projecto voluntário, a actividade do Fórum-TT tem tido altos e baixos praticamente desde o seu início (...) Finalmente vem o Mercedes que veio substituir o Tamagochi como veículo do dia-a-dia da minha esposa. É o carro ideal para as voltinhas em Lisboa e acompanhou-me em várias cachadas. O Tamagochi, como já referi, já não é meu. Foi durante alguns anos o carro da minha esposa e companheiro de algumas aventuras fora de estrada, surpreendendo alguns veículos supostamente superiores. Já deveria ter repensado a questão dos Todo Terreno, mas, o coração acaba por falar mais alto que a razão. J.S. - Conta lá então como tudo começou? A tua ligação ao TT e ao Forum-TT e como foi a tua relação com a actividade ao longo destes 13 anos.

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A.S. - Não te deixes iludir pelo user 65. Aquela é a 3ª versão do Forum-TT. Fui eu que a instalei e por isso é normal que o meu registo seja dos primeiros. Na realidade eu aderi ao Forum-TT praticamente dois anos depois da sua fundação como Forum-TT (a evolução de um outro grupo, o TT Portugal). O JAG (José António Galveias, para muitos o nosso mestre e mentor), quando me apresentei ao grupo foi talvez a primeira pessoa a dar-me as boas vindas. Foi esse acolhimento que fez com que me identificasse imediatamente com aquele grupo e me juntasse à equipa de colaboradores pouco

tempo depois. Desde essa altura tenho sido um pouco de tudo, colaborador, coordenador, técnico, bombeiro de serviço, etc. O Forum-TT é um projecto totalmente voluntário onde participa quem quer e organiza quem quer, sem que exista qualquer obrigação de qualquer tipo. Há uma forte cultura de respeito pela natureza e preconizamos um comportamento cívico e responsável na prática do todo terreno que pode ser lido na Missão, visão e valores: (http://www.forum-tt.com/ index.php?option=com_ content&task=view&id=20&Itemid=42). Por ser um projecto completamente voluntário tem tido altos e baixos, mas, apesar de todos os contratempos vamos a caminho dos 15 anos de existência e arrisco-me a dizer que vamos ultrapassar essa data. J.S. - Tenho ideia que o TT organizado está em crise no nosso país desde há muitos anos e que isso se reflecte necessariamente na actividade do fórum. Uma vista de olhos confirmou isso com uma quase estagnação. Estás de acordo? A.S. - Sendo um projecto voluntário, a actividade do Fórum-TT tem tido altos e baixos praticamente desde o seu início, mas a actual conjuntura acaba por ter reflexos na actividade e dar uma visibilidade diferente a

essa “estagnação”. Apesar de tudo, as actividades vão surgindo. Ainda no passado dia 25 de Janeiro tivemos oportunidade de fazer um passeio na zona da Ericeira recorrendo a navegação por GPS onde participaram 15 viaturas. Tendo em conta que costumamos limitar os passeios a 20 viaturas parece-me um número bastante razoável. J.S. - O ano passado na volta das férias tentaste organizar um almoço para juntares o pessoal. Com sucesso? A.S. - Quando o objectivo é reunir velhos amigos á volta de uma mesa há sempre sucesso. Foi um rodizio fantástico regado por algumas garrafas de magnífico tinto. Falamos bastante sobre este tema que nos apaixona, e mesmo que as conclusões não tenham sido as esperadas é sempre óptimo rever os amigos, e isto é o que nos mantem juntos ao fim de 14 anos. J.S. - Em resumo, começaste pelo TT e chegaste cedo ao geocaching porque já utilizavas GPS. Um percurso normal. Alguma vez o Geocaching ou o Waymarking se sobrepôs ao TT ou conseguistes conciliar as actividades sem problemas? A.S. - Mesmo que tentemos conciliar há sempre sobreposição. Houve alturas em que fiz mais TT,

outras mais geocaching e Waymarking e outras onde consegui conciliar as várias vertentes. Apesar de complementares, quando estás envolvido numa actividade mais ou menos organizada os objectivos acabam por ser diferentes, apesar de as actividades aparentemente se complementarem. Isto pode parecer confuso, mas, imagina que estás num passeio TT que até passa por várias caches. Se os restantes participantes não têm interesse no Geocaching não faz sentido estar a limitar toda uma coluna em função dos interesses de uma pessoa. J.S. - Agora mais recentemente (pelo menos o teu registo no Forum-BTT é de 2013) juntaste-te ao pessoal das duas rodas e da roupa de licra. Também já dizes que o pessoal do 4X4 são uns poluidores e que só dão cabo da Natureza? A.S. - Sim, confesso que também uso aquelas roupas sexy de licra, mas não sou fundamentalista. Há espaço para todos e minha atitude quando estou no jipe e me cruzo com pessoal de BTT é a mesma que sempre foi. Respeito da mesma forma que gostaria que me respeitassem na posição inversa. Lamentavelmente, nem todos têm a mesma atitude. Os utilizadores de veículos de duas rodas que consideram os jipes polui-


dores esquecem-se que no seu dia-a-dia também usam veículos “poluidores”.

ção ecológica, económica ou com uma razão completamente diferente?

J.S. - Temos alguns bttistas muito activos no geocaching e no waymarking. Mais como são muito adeptos e escrevem muito no Geopt, fala-se quase tanto de btt como de waymarking (por enquanto o geocaching ainda é o assunto mais falado). Tu não conciliaste o btt com o waymarking presumo que por normalmente não andares/pedalares sozinho. Certo?

A.S. - Não foi uma troca mas sim um complemento aliado à necessidade de uma vida mais saudável. A determinada altura dei comigo a pesar 120 Kgs e achei que era altura de fazer qualquer coisa. Recuperei uma velhinha BTT que tinha na arrecadação e fui evoluindo. Inicialmente 15 kms eram uma tortura, depois passaram a ser pouco e rapidamente cheguei aos 40, 50, 60. Entretanto senti necessidade de evoluir para uma bike um pouco melhor. No passado mês de Outubro fiz 140 Kms (Lisboa Santarém – Lisboa) e já me aventurei numas voltas por Monsanto. Neste momento estou a pesar cerca de 100Kgs o que ainda é muito, mas, o Natal aliado a São Pedro (que teima em deitar chuva cá para baixo) não tem ajudado.

A.S. - Sozinho ou acompanhado, quando o faço, o objectivo é esse mesmo: pedalar, pelo que o geocaching ou o waymarking acaba por ficar de lado. Nunca procurei conciliar estes dois aspectos da mesma maneira que fazia com o Jipe. Pode ser que um dia… J.S. - No entanto tens a mesma ideia do que eu que é uma forma óptima de se passar pelas coisas a uma velocidade que permite vê-las verdadeiramente e não só de passar por elas a correr? A.S. - Lá está, se os outros participantes tiverem o mesmo interesse é fácil conciliar. Quando isso não acontece a coisa não se proporciona. Ainda não tive a felicidade de encontrar um geocacher para alinhar comigo nas voltas de bicla. Se quiseres podemos experimentar umas voltinhas por Monsanto. J.S. - A opção pelo BTT em detrimento do TT, foi pela procura de uma vida saudável, por uma preocupa-

Mas se olharmos em volta, esta crise tem contribuído para esta procura de actividades mais baratas e mais saudáveis. Basta olhar em volta e vemos sempre alguém a correr, andar de bicicleta, a jogar à bola ou a praticar algum tipo de desporto no jardim da zona. Ao fazermos esta troca acabamos por gastar menos gasóleo, portagens, manutenção e a carteira agradece. J.S. - Conjugas as duas actividades com o BTT em cima ou dentro do TT, ou por norma sais de casa já montado?

A.S. - Depende. Por norma saio de casa de bicicleta, mas, dependendo da distância para o local para onde vou, ou se for com o meu filho, levo as bikes em cima do carro até ao meu destino. J.S. - Desculpa lá a minha ignorância sobre o tema mas a minha relação com as bicicletas só teve alguma relevância na infância e adolescência. Agora de ano a ano ando uns quilómetros em terreno plano e quando apanho um declive de 10% fico aflito. Achas que ainda tenho esperança de ser convertido à causa (tenho 52 anos)? Para ti o BTT é um hobby antigo que só recentemente ganhou mais visibilidade ou foi mesmo um interesse recente? A.S. - Na infância e adolescência a bicicleta foi bastante importante, mas com o tempo perdeu interesse. Entretanto, fiz uma tentativa retomar a actividade há cerca de 11 anos, mas não deu frutos e ficou arrumada na arrecadação (as aranhas agradeceram). Há cerca de 2 anos achei que era altura de fazer qualquer coisa e desde essa altura tem sido uma evolução natural. É um hobbie que nesta altura me dá muito prazer. No teu caso, acho que não perdes nada em tentar. Nada de grandes aventuras. 5 a 10 kms em plano para começar. Ao fim de algumas semanas vais começar a sentir a necessidade de aumentar a distância. Experimenta! J.S. - E pronto a conversa já vai longa e por isso nem me meto a falar de caravanis-

mo. Mas se quiseres referir esse ou qualquer outro assunto está à vontade! A.S. - Epá, então andas a tentar conjugar os meus hobbies todos com o geocaching e o Waymarking e queres deixar de fora aquele que eu consigo conjugar melhor as coisas? O Caravanismo foi uma actividade que surgiu há uns anos como forma de proporcionar aos miúdos um maior contacto com a natureza. Pelo facto de ser uma actividade praticada normalmente durante as férias, é a que mais facilmente eu consigo conjugar com o Geocaching e com o Waymarking pois a minha disponibilidade e a da família é maior. Praticamente todas as minhas caches e waymarks da Andaluzia foram feitas durante viagens com a caravana assim como muitas outras em Portugal. Neste âmbito gostava de referir apenas que tive oportunidade de ser um dos fundadores do portal Caravanismo Portugal (actualmente encontrome desligado deste projecto). Foi um processo que me deu bastante gosto e que bebeu muita da cultura do Fórum-TT. É uma actividade que tencionamos continuar a fazer e que acreditamos possa encontrar outros interessados nesta comunidade.

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J.S. - Muito obrigado pela disponibilidade e votos de bom geocaching, waymarking, TT, BTT, caravanismo, etc, etc..

Joaquim Safara - Jasafara

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GUIA TURISMO SÃO MIGUEL, AÇORES Por RuiJSDuarte

Depois da apresentação feita ao Arquipélago dos Açores num passado numero da Revista e antes da realização da Cerimónia dos Prémios GPS em Lagoa, São Miguel, fui incumbido da árdua missão de me deslocar ao terreno e averiguar…

adversa mas, nas palavras de um habitante local, “Eles prometem, prometem, mas nunca é tão mau como dizem!”, “Olhe, ainda bem!”. Não obstante, não estava bom tempo, mas nada que demovesse a parte masculina da “Team”.

Será mesmo verdade que a localização é de TOP para este nosso hobbie? Terá a Cerimónia sido bem entregue a esta organização...?

Lancei então o repto no Geopt, na esperança de obter uma listinha consistente de Geocaches, verdadeiramente “Family Friend”, que não me fizessem “perder” tempo em locais pouco turísticos e que estivessem dentro dos parâmetros físicos dos Filhote e da paciência da Esposa… e consegui!

Bem, não foi isto que aconteceu, mas podia bem ter sido! Coincidências!

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A verdade é que necessitava de uns dias de férias e São Miguel foi o destino escolhido para passar quatro dias (bem) invernais. A meteorologia afigurava-se bastante

Dia 1 Chegados ao Aeroporto de Ponte Delgada fomos brin-

dados pelo que seria apanágio dos dias passados na região, a simpatia do povo local! Fomos sendo muito bem recebidos por toda a ilha. Fosse nos restaurantes (onde chegámos a ser os únicos clientes), nas fábricas (durante as visitas), no hotel em Ponta Delgada (onde fizemos o check-in às 10:00 da manhã, quando tal é suposto ser a partir das 14:00) ou, logo no aeroporto, pela funcionária do rent-a-car e pela rececionista do Posto de Turismo (onde nos deslocámos já que não tínhamos nem mapa, nem outros pontos de referencias que não as caches), que prontamente nos encheu o mapa de indicações e de conselhos! Houve, claro, a

exceção à regra (uma funcionária duma estufa de ananases), mas foi apenas isso, uma exceção. Afirmo aqui sem reservas, que, os Micaelenses recebem os visitantes como poucos, pelo menos por onde tenho andado! Com as formalidades todas despachadas e gozando do facto de que viajando para Oeste, adicionámos uma hora extra ao dia, rumámos ao centro da Ilha, para abrir as hostilidades! Siga Serra acima para a Lagoa do Fogo, primeira paragem das férias e primeiras Geocaches, sem espinhas e que abriram bem a “época de caç(h)a”. Duas caches (#Lagoa do Fogo [São Miguel-Açores] e #Lagoa do


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Fogo (Earthcache)), bem localizadas em miradouros sobre a referida lagoa e que, mesmo com o nevoeiro, chuva e vento que se faziam sentir nessa altura, me deixaram com um Sorriso e um pensamento “seja tudo assim, tanto a Paisagem como as Caches”! Além da vista que se tem dali, a vegetação em volta é duma tonalidade surreal (li em qualquer lado que é vegetação “original”) e ainda tivemos direito a conhecer a simpática fauna local durante o trajeto ascendente... tivemos mesmo de parar à espera que o gado vacum abandonasse a estrada. Vista que estava a zona, fomos buscar abrigo e calor um pouco abaixo, nas águas

quentes do Monumento Natural e Regional da Caldeira Velha. E, o oposto do que tinha observado lá em cima... ao invés de paisagem a perder de vista, temos um “lenho” na serra, o único local do género que visitei durante a estadia, belíssimo vale onde pude observar pela primeira vez Caldeiras e Fumarolas! Um local extraordinário e mais umas excelentes Geocaches, uma Virtual dos primórdios da atividade (#Hot-Hot-Hot), uma boa EC (#Earthcache Fumaroles and Iron Cascades [São Miguel - Açores]) e a cache mais favoritada da ilha (#Caldeira Velha - The Old Boiler [S. Miguel]), que me valeu o primeiro DNF, fruto

dos muggles que por ali andavam e que não me deixaram à vontade para procurar caches físicas. Soou o gongo para o almoço! :) Fizemos o restante caminho para a Ribeira Grande ao mesmo tempo que consultávamos o TripAdvisor sobre onde seria o repasto, que recaiu no que se revelou uma excelente escolha junto ao Oceano. Só umas horas mais tarde nos apercebemos de que aquelas batatas com sabor esquisito na Cataplana, NÃO eram batatas... eram Inhame! Aproveitamos para visitar na zona (além do bonito centro histórico da Ribeira Grande e a zona ajardinada

com vista para a Ponte dos Oito Arcos) dois locais que nos tinham sido indicados no Posto de Turismo, a fábrica de licores da “Mulher do Capote” e a plantação de chá “Gorreana”. Ao tentar chegar ao primeiro dos referidos locais uma amostra do que iria ser o caos dos próximos dias, as tentativas de alcançar o quer que fosse dentro das localidades... ruas de sentido único SEMPRE na direção oposta à pretendida acabaria invariavelmente por nos fazer circular vários quilómetros para cobrir distancias de poucas centenas de metros. Uma boa recepção em ambos os sítios (de visita grátis, diga-se) culminou numa

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prova de licores (bons, bons) e num relaxante chá (óptimo, óptimo) e, se no primeiro local somos guiados (e servidos) por uma funcionária que nos explica os passos necessário para fabricar o belo néctar, no segundo somos deixados à vontade para vaguear pelas diferentes divisões onde são tratadas as folhas do chá e para nos servirmos de uma bebida quentinha. Deu-me a motivação para enfrentar o frio e ir encontrar facilmente mais uma cache (#Chá dos Açores), mesmo à porta. Seguindo mais uma vez as indicações do Turismo, rumamos até ao concelho do Nordeste, para apreciar a Paisagem, que é realmente lindíssima! Fiquei impressionado, ao circular pela via rápida, com o estado dos vales atravessados pelas pequenas pontes e viadutos da mesma. Estou habituado a ver ervas daninhas, hortas urbanas e outras coisas do género e não estava nada à estava à espera de ver árvores enormes e vegetação “à séria”, dando a impressão de locais intocados pelo Homem. Isto é uma realidade por toda a ilha mas especialmente notório nesta zona.

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A paragem estava reservada para o centro da localidade onde, enquanto a restante família se refugiava do frio num café, eu aproveitei para procurar a Ponte dos Sete Arcos e para apreciar a Igreja. Seguiramse visitas aos dois mais bonitos miradouros que encontrei na ilha, os da Ponta do Sossego (onde consegui um DNF na #Ponta do Sossego [São Miguel - Açores],

vítima do GPS ter “morrido” e não me ter apetecido ir ao carro buscar as outras pilhas) e da Ponta da Madrugada (mais uma cache velhinha, velhinha, a #Miradouro). Os gatos devem ter pouca habilidade para caçar por aqui... são bem magrinhos se comparados com os gordos tentilhões locais que de tão mansos quase se deixam apanhar à mão. :) Se já vinha impressionado com os vales frondosos, mais fiquei com os imensos locais para parar o carro e esticar as pernas! Miradouros com churrasqueiras, relvados com coretos, existe um pouco de tudo! A cada 200 ou 300 metros um novo local, tão bem cuidado como o anterior, onde, em tempos mais soalheiros, certamente dezenas de pessoas aproveitarão para passar um bom bocado e descansar. Por esta altura, eram todos só para nós! Correção, para nós e para os Romeiros de São Miguel! Gente valente!!! Chuva, vento e frio... e lá iam eles, “novos e velhos” estrada fora, como se não se passasse nada. Já estávamos em modo “condução” e não voltaríamos a parar até voltar ao Hotel. Dia 2 Para o segundo dia estava reservada a zona Oeste da ilha e o caminho para Sete Cidades foi o único que realmente influenciei, de forma a puder passar em algumas Earthcaches locais. Seguimos então pelo caminho para as várias lagoas

que se encontram antes do “Prato Forte”... First Stop, Lagoa do Peixe! Bonito caminho de carro até ao local, que teria sido melhor explorado não fossem as Mimosas andarem À SOLTA em todo o lado... :) Assim foi só aproximar-me, fotografar, e RASPA-TE que lagoas há muitas por aqui! Poucas centenas de metros à frente, a entrada para as Lagoas Empadadas e para uma hora bem passada e explorar as redondezas... mais uma vez, tudo muito bem arranjado e entre as Empadadas, a Rasa e o miradouro lá em cima, mais uma Geocache (#LAGOA DAS EMPADADAS). Bem perto, a apenas mais um pulo temos a Lagoa do Canário e a primeira visão da Lagoa das Sete Cidades. Revelou-se mais um excelente local para se passear, especialmente lá bem no fundo, seguindo a seta que indica as Nascentes... nada mais que silêncio e paz colorido pelo verde, não fosse estar acompanhado por uma cria sempre “On Fire”! Siga, que logo ali à frente esperava o Miradouro da Vista do Rei, lugar privilegiado para se observar a local Maravilha Natural de Portugal (uma das sete eleitas em Setembro de 2010), a Lagoa das Sete Cidade, em todo o seu esplendor! A vista e a EC mais favoritada da ilha (#Lagoa das Sete Cidades EarthCache ). A partir daqui foi só descer para a localidade, aproveitando para parar num miradouro intermédio (uma banca com bugigangas chamou a atenção de um de

nós) e posteriormente na ponte para a outra EC (FF12 - Ying Yang), tão “Drive In” que não é sequer necessário parar para responder às perguntas (apesar de o termos feito, com prazer). O amigo TA indicava UM restaurante nas proximidades... será mesmo verdade?! Independentemente da quantidade de estabelecimentos, a comida era boa e nada cara, com um serviço simpático, claro está. Tarde livre... Aproveitámos para voltar para Ponta Delgada pela costa e visitar o centro. Mas não sem antes ir conhecer a Ponta da Ferraria, local onde fomos apenas porque as várias caches no ecrã do GPSr me chamaram a atenção para o interessante que seria o local! Não vim desiludido, antes pelo contrário, um vulcão em ponto pequeno, uma piscina natural de água quente e salgada, uma paisagem digna de um filme de ficção científica e várias caches (#Invasive Flora 12/13 [Sao Miguel - Azores], esta ainda à saída do vale de Sete Cidade, onde a proximidade com o miradouro valeu uma corrida contra a cria e uma exceção aos ignorados PT; #Ilha Sabrina, com vista para as termas; #Dear Nature, is my bath ready? e #FF16 - (HOT) Lava Nest), uma zona a visitar sem dúvida, mas que ficou esquecida no mapa assinalado pelo Posto de Turismo. Antes do regresso a Ponta Delgada, “One Last Stop”, no Miradouro da Vigia das Feteiras, para a cache tra-


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dicional mais fácil de sempre (#Miradouro da Vigia das Feteiras)... e que fez as delicias do pequeno. Foi só dizer, “vê ali”, e já estava com ela, todo orgulhoso e a mostra-la à mãe (estou a treiná-lo bem!). Adorei a arquitetura da Cidade, imensos prédios bonitos, brancos com moldura negra de basalto e telhas mescladas, uma bonita marginal com pouco trânsito, merece bem todos os elogios que tenho lido. Tanto que voltei a utilizar a aplicação online para ver as caches existentes e acabámos por encontrar a que mostra a Igreja do Colégio dos Jesuítas (#XII JAMBOREE AÇORIANO - PONTA DELGADA GeoScouts). De regresso ao Hotel, fiz valer o facto de estar alojado a 300 metros do Jardim António Borges para acabar a trilogia das Virtuais da ilha (#Rubber) e conhecer vários exemplares de árvores seculares (o Jardim não vive só da Borracheira assinalada pela Geocache), além dos maiores Bambus que já vi (e utilizar o parque infantil, claro). Dia 3

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Para o último dia do passeio deixámos a zona de Vila Franca do Campo e da Lagoa das Furnas, não sem antes visitarmos as curiosas Estufas de Ananases em Fajã de Baixo (onde encontrámos a pessoa menos simpática da ilha), a Cerâmica Vieira (em busca da tradicional “Louça da Lagoa”) e a aldeia da Caloura. Uma das mais bonitas construções

religiosas que encontrámos fica aí, o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Caloura. Enquanto tomávamos um café no porto de pesca decidi investigar as caches da região (online) e dei de caras com uma que tinha sido recomendada, uma Mistério, dita simples e simpática… e era, as duas coisas, tanto que fomos logo lá dar, para encontrar o container mais trabalhado da viagem (#My First Home [São Miguel - Açores]). Logo à saída, mais uma paragem para umas fotos da, agora vista de cima, Caloura (#MIRADOURO PISÃO SÃO MIGUEL AÇORES). Almoçamos com vista para o Ilhéu de Vila Franca, infelizmente “Off Limits” nesta altura e estivemos algum tempo à conversa com o empregado do restaurante. Muito simpaticamente foinos contando coisas da terra e acabou mesmo por nos recomendar ir comer umas queijadas locais (Queijadas de Vila Franca do Campo) à fábrica “logo ali, na segunda à direita de quem sobe”. Depois de explorar mais um pouco dos sentidos únicos e de não encontrarmos o local, um Micaelense ajudou-nos na tarefa e, como exclamou a minha Esposa, “ainda bem que existe a linguagem gestual, não percebi nada do que o senhor disse”! Hehehe, seja como for, depois das indicações fomos lá direitinhos! Que buenas!!! Excelente doçaria conventual, que fazendo fé nas palavras do dono da fábrica (também

esteve à conversa connosco, quando se apercebeu que tínhamos ido comê-las logo ali, sentados à porta), tinha acabado precisamente de ganhar o prémio por melhor doce conventual nacional, naquele mesmo dia. O mau tempo entretanto instalava-se e foi com chuva e muito nevoeiro que chegámos à zona das Furnas. A neblina até dava uma aura de mistério mas a chuva era dispensável. Tal não nos impediu de ir ver o local onde se prepara o mais que famoso cozido! Tantos buracos, dá para alimentar um batalhão!!! (#Furnas meat stew [São Miguel - Açores]). A Lagoa infelizmente não deu para apreciar devido à fraca visibilidade. A Poça de Dona Beija e a #Lusitani (o objetivo falhado da viagem), já na localidade, ficaram por visitar por causa da chuvada que se abateu mas o ninho de Earthcaches na zona das caldeiras não… entre os aguaceiros deu para recolher (mal) os dados para as ditas (#Underwater Fumarole [Sao Miguel - Azores]; #Just add water - DP/EC43; #The Furnas Fumarole Field e #Fonte Engarrafada), para fazer um DNF na Tradicional (#caldeiras das furnas - São Miguel Açores) e para passar um bocado engraçado no Observatório Microbiano dos Açores, a beber chá e sumo de laranja, ambos feitos com água recolhida em duas das fontes (uma quente e uma fria) na hora. Ficam com um sabor “estra-

nho” mas não desagradável, na minha opinião. O passeio propriamente dito ficaria completo com uma visita ao Santuário de Nossa Senhora da Paz (#SENHORA DA PAZ VFC SMG AÇORES), já de volta a Vila Franca do Campo e de caminho para Ponta Delgada, onde o nevoeiro ajudava a umas fotos fantásticas (assim a minha habilidade colaborasse) com as escadas progressivamente a desaparecer, até praticamente não se destinguir o edifício, lá em cima. Já no Aeroporto de Ponta Delgada, à espera para regressar ao continente, se me tivesse lembrado de ir ver as caches mais próximas ao site e teria provavelmente tentado encontrar uma última cache que existe ali, com permissão das autoridades. Resumindo, com duas dúzias de Geocaches interessantes (entre encontradas e DNFs evitáveis com pouco esforço), simples e acessíveis, em locais bonitos e SEMPRE bem cuidados, que permitem sem problemas que se leve uma criança pequena (quatro anos acabados de fazer neste caso) e com tratamento simpático por todo o lado, esta é para mim, sem dúvida, uma Ilha “Family Friendly” para este nosso hobbie e destino recomendado para uma “escapadinha” deste género.

Rui Duarte - RuiJSDuarte


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From Geoc with

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Embora a Sede do Geocaching possa ser em Seattle, Washington nos Estados Unidos da América, os nossos interesses são mundiais. O jogo do geocaching une pessoas por todo o mundo. Talvez tu apenas procures geocaches na companhia de outros amigos geocachers na tua cidade natal. Ou talvez viajes pelo mundo e pratiques geocaching com futuros amigos que nunca tinhas conhecido. Mesmo que nunca tenhas cachado com alguém antes, tens algo em comum. Todos nós tivemos aquelas caches onde fizemos DNF irritantes

que não conseguimos simplesmente conquistar, independentemente das vezes que tentámos. Todos nós provavelmente já nos pusemos à prova até ao limite, ficámos fora até muito tarde ou ultrapassámos desafios que nunca pensámos conseguir de forma a conseguir um smile numa cache significativa. As histórias do jogo ecoam por todo o mundo. Nós aqui na Sede do Geocaching queremos ouvir essas histórias. A forma como cacham em Portugal é importante para nós. Ouvir sobre a forma

como usas as nossas apps móveis ou interages com o nosso website ajuda-nos a decidir onde podemos fazer melhorias. Estamos sempre disponíveis para receber feedback e ideias nas nossas páginas das redes sociais, através do nosso sistema de suporte ou melhor ainda, cara a cara. Precisamos que a comunidade nos ajude a melhorar o jogo e as ferramentas necessárias para o jogar. Também queremos ser parte dessas histórias. Como fazemos isso? Visitando Portugal, Alemanha, Noruega,


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caching HQ h Love Austrália e qualquer lugar onde as pessoas possam fazer geocaching. Todos os anos, enviamos alguns funcionários da Sede para todo o mundo para participar em Mega Eventos. Fazemos isto para nos ligarmos à comunidade. Queremos experimentar o geocaching da forma como o vives. Queremos conhecer os geocachers obstinados no teu país e saber o que eles precisam para jogar o jogo. Queremos criar as mesmas amizades duradouras que tu criaste jogando o jogo. Não interessa para onde viajemos, regressamos sempre cheios de inspiração e com um amor renovado

pelo jogo. Não que seja difícil amar o

da noite e fazer bruning na Praça do

jogo do geocaching…

Comércio é uma das minhas melhores

No início deste ano, perguntaram-me se poderia participar no próximo Mega -Evento 14 Years Geocaching - Sintra | Portugal (GC4VXKC). Uh, posso dizer ‘sonho tornado realidade’? Eu amei a

memórias de geocaching. Estou ansiosa para fazer novamente bruning num local ao acaso na minha próxima visita. Estou ansiosa por te ver no GC4VXKC!

minha visita em 2012 ao Geocoinfest em Lisboa e tenho desejado e espe-

Annie Love

rado por uma oportunidade para re-

- G Love (Lackey)

gressar a Portugal desde aí. Andar de

Tradução por Bruno Gomes (Team Marretas)

bicicleta nas ruas de Lisboa no meio

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Teste

Que tipo e Geocacher és tu? Alguma vez já paraste para

2 – Que tipo de caches

pensar sobre o teu tipo de

preferes?

geocaching? Qual o perfil

a) Essencialmente aquelas

que mais se adequa a ti? És um amante da Natureza ou gostas mais da cidade? Preferes conhecer novos

que me levam a um Local de sonho b) As que proporcionam

geocachers ou passar o

uma grande Aventura

tempo sozinho a decifrar

c) Cujo Recipiente seja fora

enigmas? Faz o teste se-

do normal

guinte e descobre! 3 – O que é para ti um dia 1 – Que distância em média percorres a pé para procurar uma cache : a) Mais de 1 km

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perfeito de Geocaching? a) Visitar locais desconhe-

numa cache D5

b) Uma lanterna UV, uma 4 – Qual é a foto que é mais provável encontrar na tua galeria? a) A vista do topo de uma montanha

b) Entre 150 metros e 1 km

tros geocachers

c) Menos de 150 metros

c) Resolver um enigma

lanterna de cabeça, um canivete suíço e um capacete c) Um tablet e um smartphone são tudo o que preciso

b) Uma noite com o grupinho do costume a fazer

6 – O que costumas comer

uma Letter nocturna

num dia de geocaching?

c) Uma selfie junto de uma

a) Umas barras energéti-

estátua no meio de uma

cas, uns cubos de marme-

praça

lada e fruta

cidos e deslumbrantes b) Um FTF rodeado de ou-

a) Uma carta M888

b) Umas sandes para ir co5 – Que itens indispensá-

mendo pelo caminho

veis te acompanham nas

c) Vou sempre a um local

caçadas?

onde possa comer sentado


este fim-de-semana cheio

Agora vê quantos pontos

31 a 40 pontos: Para ti uma

de actividades a 300km de

obtiveste, segundo a se-

cache tem que ter muita

guinte tabela, e soma os

Aventura, muita acção e

teus pontos:

de preferência com mui-

casa; uma cachada combinada para ir fazer aquela

tos geocachers como tu à

Rota dos Túneis que andas Respostas a = 5 pontos

acaba de sair um PT de 69

Repostas b = 3 pontos

nhecem pelas múltiplas fa-

Repostas c = 1 ponto

Colocas caches espectacu-

Damaia. O que escolhes? a) Uma caminhada de 17km numa paisagem única? Claro que vou! b) Caches T5 e Nocturnas que metem canoas, mergulho em apneia e escalada, dormir numa tenda ao lado do GeoGang e acordar com

?

tua volta. És um geocacher

a querer fazer há muito; e caches entre a Buraca e a

Vê o resultado: 10 a 20 pontos: És um Geocacher essencialmente Urbano, gostas de caches na cidade onde não tenhas que andar muito e privilegias caches dissimuladas ou com containers elaborados. És adepto dos números e preferes fazer

o Monho a gritar no meio

todas as caches numa de-

do acampamento às 2h da

terminada zona em vez de

manhã porque acabou de

fazeres muitos quilómetros

sair uma cache a 27km? Bora lá!

para ir fazer caches específicas. És tecnologicamente avançado, gostas de desa-

dinâmico e que todos coçanhas que já conseguiste. lares, mas o mais frequente são os outros geocachers ligarem-te a pedir ajuda para

encontrar

aquelas

Letters mais complicadas. Actividades ao ar livre é contigo e não dispensas o convívio. És um geocacher Aventureiro! Mais de 40 pontos: Não é difícil saber que as caches que preferes são aquelas mais eremitas e que são mais difíceis de conquistar. É mais provável fazeres 100 quilómetros para ires fazer uma cache no alto de

7 – Se fosses uma figura

c) Hum…um PT de 69 ca-

fios mentais e não perdes

pública, quem escolherias

ches? Vou tentar bater o

muito tempo com outros

ser?

meu recorde de 123 caches

geocachers.

a) João Garcia

num dia!

21 a 30 pontos: És um geo-

a procurar uma cache ur-

cacher que gosta de um

bana. Não ligas nenhuma

pouco de Aventura, mas

a containers elaborados,

b) Rui Unas c) Cláudio Ramos

10 – Qual destas é para ti

prefere ambientes mais ci-

uma cache de excelência e

tadinos onde exista muita

8 – Qual destes locais gos-

que queres fazer sem fal-

concentração de caches e

tavas de visitar?

ta?

a) Mont Blanc

a) Atlantis - Pico

b) Aquela fumarola que tem uma cache no fundo do Atlântico c) Praga

b) Os Geocachers Devem estar Loucos c) Casa Mistério

de geocachers. Não perdes um evento se houver caches ao barulho, e não perdes a oportunidade de ten-

uma serra que tem 3 visitas por ano, que te apanharmos no centro da cidade

para ti o que conta é Local. Em 5 anos tens 500 caches encontradas e é raro seres visto num evento, mas se for um CITO estás lá batido. És um geocacher Amante da Natureza!

tar um FTF. Estás atento a tudo o que se passa na comunidade, quer nos fóruns como nas redes sociais. És portanto um Geocacher dos

9 – Há um Mega evento

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Números.

Cláudio Cortez - clcortez Baseado no quiz da GS, publicado em http://goo.gl/60Tykf

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Consultório Sentimental

por Drª Maria Vai-com-as-Outras

“Não me deixam enterrá -la” “Cara Doutora, Ando há muito tempo com vontade de a enterrar e não me deixam. Já por várias vezes tentei mas recusam sempre. Também já falei com outros colegas e ao que parece não tiveram problemas semelhantes. Será que é por eu avisar antes de o fazer? Acha que se eu a enterrar sem avisar terei melhores resultados? Estou a falar de uma cache nova que quero meter por trás de uns montes, escondida dentro de uma pequena brecha que vou abrir que depois vou tapar com duas pedras e um tronco” F.Dias Caro F.Dias,

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Ao que parece há muitos geocachers a quererem enterrar as suas caches, mas os revisores recusam sempre, como seria de esperar. O seu caso não é único, todos os dias chegam-me queixas semelhantes.

A problemática está no que o caro leitor entende por “enterrar”, pois o que para si é enterrar pode não o ser para outro geocacher e especialmente para um revisor. Aconselho-o a dialogar com os revisores, a pedir e explicar-lhes com jeito como a vai enterrar. Não enterre sem avisar, pois isso pode ser-lhe prejudicial no futuro! Na próxima vez que quiser colocar uma vão pensar que a vai enterrar às escondidas e não vão facilitar. Como em tudo, o diálogo é a melhor solução! E explique sem medo o que quer fazer, com certeza vão chegar a um consenso.

“Já perdi as três” “Olá, Eu tinha três geocoins que me foram oferecidas em diversas ocasiões e resolvi coloca-las em circulação para que os outros geocachers desfrutassem das minhas três moedas. Acontece que sem saber como fiquei sem as três, perdi-as

sem dar por isso, num abrir e fechar de olhos, foi muito doloroso para mim, nunca pensei que isto fosse acontecer. Será que consigo recuperar as três coins? Ou estão perdidas para sempre? Pedro D” Zé Manso Caro Pedro, Quando colocamos geocoins a circular, disponíveis para toda a comunidade, temos que pensar que a partir desse momento elas deixaram de ser suas e passaram a ser dessa mesma comunidade, tal como uma cache. Você coloca uma cache não para si, mas para que os outros possam usufruir dela. Na verdade você é o autor, mas não mais vai ter mão nela. O mesmo se passa com as coins. Se você as coloca a circular, elas vão andar de mão em mão e pode acontecer que algum geocacher fique com elas, as perca, ou sejam apanhadas por um muggle que por curiosidade as recolhe para si. É um risco, você não é o primeiro a ficar sem as suas três


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geocoins, já antes outros geocachers as perderam da mesma maneira. Mas que isso não seja um desalento para si, continue a partilhar as suas coins, mas não as entregando a qualquer pessoa, apenas a quem seja da sua confiança e que você conheça. Partilhe os códigos, mas não as moedas, é o conselho que lhe dou!

“Sou muito possessiva” “Doutora, Tenho uma cache publicada há alguns meses e sempre estive atenta aos logs online e aos registos no logbook, visito com frequência a cache a ver se está tudo bem e respondo sempre a agradecer as visitas dos geocachers que a visitam. Porém, há dias recebi um log não muito amistoso e respondi à letra, e o outro geocacher não gostou, também respondeu na mesma moeda, e acabou dizendo que eu não sou dona do geocaching nem das caches, e que não sou eu que dito as regras. Eu sei que sou muito

possessiva e gosto de ter o controlo das coisas, mas estará este geocacher certo? Já que a cache é minha não posso ser eu a decidir o que aceitar ou não na minha cache? Obrigada pela ajuda..” Felizberta Cara Felizberta A possessão é mais frequente do que se possa pensar, todos os que dão valor aos bens e ao trabalho que dá conseguir algo são por norma pessoas um pouco possessivas, muitas vezes nem têm consciência disso pois apenas estão a proteger o fruto do seu trabalho. Ora também é assim no geocaching, muitos geocachers pensam que podem pôr e dispor no que se passa nas suas caches, nomeadamente a controlar os logs que são feitos online e se os registos online correspondem aos que estão no logbook. Ora, as boas práticas mandam que apenas são válidos os logs online que correspondem a um log físico no logbook, mas apenas isso, os geoca-

chers são livres de escreverem quer no logbook quer no log online o que quiserem, o owner da cache não pode fazer nada quanto a isso, apenas se o log online conter linguagem ofensiva ou ter spoilers descarados de como está escondida a cache. Fora isso, a cache pertence à comunidade e às regras que a gerem. Deve a cara leitora conter-se de comentar de forma efusiva os logs que recebe e agradecer de forma cordial os mesmos. Caso haja algo que não concorda tente resolver de forma cordial com o geocacher em questão e caso não consiga reporte à Groundspeak, é o melhor a fazer.

Envie as suas cartas com os pedido de ajuda e conselhos geosentimentais para: consultorio@geopt.org. A Drª Maria Vai-com-as-Outras terá todo o gosto em ajudá-lo/a! 117


GEO MAG. ABRIL 2014 - EDIÇÃO 8

4 anos a orientar o teu caminho: Parabéns GeoPT O nosso Portal de Geocaching e Aventura festeja hoje 4 anos de vida virtual. E como o tempo voa...

e rotas, guias turísticos e

O GeoPT é um portal construído

pela

comunida-

de, para a comunidade. E

É com muito orgulho que,

nestes quatro anos foram

em dia de aniversário, as-

muitos os membros que

sistimos à publicação da

colocaram mãos à obra e

8ª Edição da Geomagazine. Mais um projecto vencedor, a somar às inúmeras iniciativas que o GeoPT tem desenvolvido ao longo destes quatro anos de existência. Perto de 500 artigos sobre geocaching, mais de 100 entrevistas publicadas no

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cional.

contribuíram, de uma ou outra forma, para usufruirmos hoje de um espaço completo, diversificado e abrangente, em todas as vertentes que fazem do geocaching o nosso hobby favorito. de

muito, muito mais. Este é o fruto do trabalho colectivo, voluntário e dedicado de uma equipa a quem hoje, mais do que nunca, desejamos dirigir o nosso profundo agradecimento. A todos aqueles que ajudaram a erguer esta casa, àqueles que contribuíram ocasionalmente,

àqueles

que dedicam actualmente parte do seu tempo a

obrigado. Este quarto aniversário é a comemoração conjunta de um projecto que pertence a toda a comunidade, e pelo qual nutrimos um carinho e orgulho sem igual. Que o GeoPT possa comemorar muitos outros aniversários, fruto do empenho e da criatividade de todos aqueles que acreditam neste projecto, é o nosso desejo.

construir um espaço cada

Apaguem-se as luzes, so-

vez mais rico e completo,

pram-se as velas!

portal, cerca de 200 con-

Milhares

fotografias,

àqueles que vestem a cami-

celhos visitados na rúbrica

outros tantos artigos temá-

sola, e também àqueles que

Viagens da minha Terra,

ticos, estatísticas e ferra-

generosamente apoiam a

Oscar Migueis, João Baptista,

mais de 60 rescaldos de

mentas, passatempos, ma-

estrutura do GeoPT com

Flora Cardoso, Gustavo Vidal,

Eventos com cobertura na-

pas ou badges, caminhadas

donativos, o nosso sincero

Pedro Santos

A Administração do GeoPT


Agradecimentos Colaboradores Gustavo Vidal Oscar Migueis Pedro Santos Flora Cardoso João Batista Filipe Sena Joaquim Safara

Bruno Gomes João Malheiro Rui Duarte Annie Love Ana Rodríguez Lomba Cláudio Cortez Luis Filipe Machado Paulo Almeida

Habitat Natural Revista Itinerante Geoshop GZ Hostel Merrel FCMP Expedição Nautel Iberpump


GEO MAGAZINE


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