Junho 2016 - EDIÇÃO 21
À DESCOBERTA DE
Douro Sublime Explorando o vale do Douro e toda a beleza natural deste lugar único. ALÉM FRONTEIRAS
Uma viagem até ao outro lado do mundo, a Austrália E AINDA...
– Cruzilhadas – Geocoin Victoria Amazonica – Mini Super Liga 2016 – Ponto Zero – E muito mais...
MANTUNES Ex Charter Member, empreendedor, fundador, geocacher dedicado às raizes da actividade. Manuel Antunes em antologia. Junho 2016 - EDIÇÃO 21 1
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Índice Editorial............................................................. 04 Cruzilhadas....................................................... 06
Nota sobre Acordo Ortográfico: Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.
Mandamentos - Não Ofendas.................... 10 Além Fronteiras - Austrália........................ 12
Créditos
O que levo na minha mochila...................... 18
Annie Love
À Descoberta - Douro Sublime.................. 24 Frente a Frente............................................... 28 3 Toneladas de Ouro... So Close!............... 36 Entrevista de Carreira - MAntunes.......... 43 Mini Super Liga GeoPT 2016...................... 70
António Cruz Bruno Gomes Bruno Rodrigues Filipe Sena Filipe Nobre Luís Machado Nuno Gil Pedro Almeida
Geotour Açores - Grupo Ocidental.......... 76
Rita Monarca
Geocoins - Victoria Amazonica................. 82
Rui de Almeida
Gadgets n’ Gizmos - C:Geo.......................... 86 Cache em Destaque....................................... 88 From Geocaching HQ with Love................ 90
Rui Duarte Sónia Fernandes Tiago Borralho Tiago Veloso Vítor Sérgio
O meu Waymark- Graffiti............................ 92 Ponto Zero - Caches Challenge................. 94
Com o apoio :
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EDITORIAL
por Rui Duarte
Se há coisa que abraçar o cargo de
orçamento (e o tempo disponível) não
sava (passou) por:
Editor da GeoMag me deu foi a opor-
o permite e por isso faço (fazemos)
- Observar a Fórnea lá do topoooo,
tunidade de “viver” as aventuras e
questão de agarrar qualquer oportu-
usando como desculpa a caçada à TF-
desventuras dos entrevistados (mui-
nidade que se afigure viável. Foi o que
05 Alto da “Cova da Velha” do trifais-
to à semelhança com o que se passa
se passou com o CLCortez numa visita
ca e servindo como aperitivo para o
quando leio um bom livro). As horas
ao Castelo de Leiria, com o Bargão_
que aí vinha, não só relacionado com
passadas em torno da investigação,
Henriques num belíssimo dia por Ri-
a paisagem soberba que rodeia toda
as perguntas mais ou menos certei-
bamar e agora com o MAntunes pela
a zona como também como comple-
ras, as respostas muitas vezes acom-
Fórnea e arredores.
mento à entrevista propriamente dita,
panhadas de um “Ei! Não fazia ideia
Anos a fio a ler sobre “abordagens à
pormenores mais obscuros e/ou es-
de que isso tinha acontecido, e muito
MAntunes” e outras “características“
quecidos pelo tempo… a “cachada”
menos assim!” e os sorrisos, certa-
que de uma forma ou de outra o fo-
em si resultou num fabuloso DNF e só
mente partilhados, a respeito de uma
ram tornando únicos levaram a que
nos faltou mesmo gritar “Busca Ma-
ou outra situação mais curiosa.
durante a entrevista fosse ponto as-
nel” para enquadrar a coisa no espíri-
No entanto, o ideal seria sempre con-
sente o facto de que a mesma não se-
to. Hehehe
ria publicada sem uma enriquecedora
Mas não foi por falta de esforço que a
envolvido na realização da entrevista
“visita de campo”.
cache ficou por encontrar. Eu já a tinha
com, pelo menos, um dia bem pas-
Os Astros alinharam-se o suficiente
encontrado noutra altura, o Fotografo
sado na companhia do/a/s ilustre/s
para que a saída se proporcionasse
não é propriamente Geocacher mas o
visados, coisa que raramente é pos-
no final de Maio, num dia a que nem a
Manuel bem tentou! Provavelmente
sível. Seria certamente enriquecedor
chuva quis faltar, e ao final da manhã
os últimos founds serão daqueles que
poder ver o K!nder a abordar uma
a GeoMag registava ao vivo e com be-
levam tudo a eito a bordo do/s PT/s e
T5, o Sup3rFM a recambiar um geo-
líssimas cores a tour “um dia inteiro,
fomos ao engano, julgando que a ca-
cacher para o “opencoiso”, passear
três caches” by MAntunes e GeoMag.
che estaria no GZ.
pelas Levadas com o Luisftas ou ver
O plano visava fundamentalmente
- Despachado o DNF, o melhor e mais
o AJSA a estrumar uma fileira de Al-
efectuar a manutenção na Soft Water
saboroso “Found it” do dia… foi found
faces (será que se estruma o terreno
over Hard Stone [Porto de Mós], ca-
na Chouriça assada, na Morcela de Ar-
onde se plantam as alfaces?!)… mas, o
che originalmente do pcardoso e pas-
roz, no Entrecosto e Lentrisca grelha-
seguir complementar todo o trabalho
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dos, nos famosos Queijinhos, Azeito-
da camara bastante acessível, a qual
onde deveríamos ter deixado o TT. O
nas e Broa de Milho... tudo muito bem
visitámos com pouquíssimo esforço e
standart portanto… o pessoal é novo
regado com o tinto da casa! Resumin-
onde deu para ver um primeiro lago.
nisto. O local escolhido para esconder
do, encontramos a Tasquinha da D.ª
Isso e o Manuel a molhar o pé até ao
a cache é definitivamente um daque-
Maria, vulgarmente conhecida como
joelho.
les que dificilmente se encontrará por
“Ti Maria dos Queijinhos”! Tudo tem-
A manutenção da cache… como tan-
acaso e onde se aplica o cliché “se não
perado com muita, muita conversa…
tas outras. O container, em perfeito
fosse o geocaching nunca aqui teria
o meu filho é que tem razão, Geoca-
estado, terá sido deixado mal fechado
vindo”.
ching sem almoço (grelhados) não é
e estava tudo ensopado. A regra que
Por tudo o acima confirmo, o ideal era
Geocaching!!
confirma o que o entrevistado já tinha
mesmo poder passar um EXCELENTE
- Era altura de testar o Sorento e de
referido, que a maior parte dos arqui-
dia como este, com todos os que de
fazer aquilo a que nos tínhamos real-
vamentos das suas caches se deveu à
uma forma ou de outra vão enrique-
mente proposto, dar uns miminhos
falta de cuidado de terceiros.
cendo a GeoMag, em especial com os
à Velha, ou melhor, à Cova da Velha,
- Para o final estava reservada ou-
que são alvo de entrevistas (mais ou
desta feita bem mais húmida do que
tra “técnica” descrita na entrevista
da primeira vez que a visitei… o pas-
do Manuel. Fomos em busca de uma
Manuel aqui.
seio pedestre, mais curto pois leva-
cache nas imediações, a terceira e úl-
Não quero deixar de destacar também
mos o jipe até à cascata, fez-se sob
tima do programa, Penas do Castelo
aqui o nosso passatempo de Junho,
a ameaça dos céus, que, felizmente,
[Porto de Mós], e fruto de termos en-
em linha com o novo souvenir dos
nos desabou na cabeça quando nos
veredado pelo caminho obviamente
nossos amigos da GS, o “National Get
já encontrávamos quase nas entra-
mais difícil tive direito a ver in loco o
Outdoors Day”. O desafio era manifes-
nhas da terra. Realmente, estas coi-
que raio é a “aproximação à MAntu-
tamente simples, registar em fotogra-
sas quando se está acompanhado por
nes”… umas vezes por cima da vege-
fia um momento passado a “cachar”
quem sabe tem outro sabor… não é
tação, outras por debaixo, com mais
durante o dia 11 de Junho e partilha-
que o que pensei que fosse uma pe-
ou menos dificuldade e “azimutando”
-lo connosco. Algumas dezenas de
quena lapa na encosta da Fórnea, é
pelo morro errado lá encontrámos um
simpatizantes e amigos responderam
afinal apenas a entrada de uma gruta
caminho mais “normal” e fomos dar
ao desafio e o resultado está aí… no
com lago e tudo? E com uma segun-
com o local recomendado (na listing)
interior da vossa revista!
menos exaustivas), como foi o caso do
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LAGOA DOS CÂNTAROS
CRUZILHADAS
para lá do geocaching Por Valente Cruz Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Os clichés são comummente aplicados
rio, mas sempre o realizei sem material
ção, as dúvidas, as dificuldades, as es-
nos mais variados contextos e sujei-
e com os condicionalismos associados.
peranças, a prova propriamente dita, o
tos. Aos poucos, estas atribuições vão
Por todas as razões, e em particular
sofrimento e o momento final, em que
conquistando a comunicação e faci-
pelo facto de não me sentir muito à-
todas estas vivências se transformam
litando o exagero. Por vezes lá se es-
vontade na água, nunca sonhei que um
num sorriso intemporal de felicidade
cuta que «O geocaching é mais do que
dia haveria de fazer canyoning. Depois
pura.
um passatempo, é uma forma de estar
de experimentar fiquei fascinado com
na vida». Sinto alguma desconfiança
o quão próximo poderemos sentir a
À medida que o geocaching foi propor-
sempre que escuto clichés, em parti-
aventura em segurança.
cular os que terminam desta maneira.
De todas as atividades descobertas,
O geocaching é apenas um passatem-
tempo emergiu da sombra: a fotografia.
a que mais me marcou foi o monta-
po; quanto às formas de estar na vida,
nhismo. Sempre senti um apelo na-
Face ao manancial de oportunidades,
quaisquer que sejam, todas o são de
tural pelas montanhas e por espaços
forma intrínseca. Não obstante, atra-
de elevada solidão. Gosto de reencon-
vés do geocaching e nos mais varia-
trar-me pelas veredas e subir ao alto
dos contextos, é possível vivenciar um
de quem gostaria de ser. O geocaching
conjunto de outras atividades que aca-
veio exponenciar e concretizar essa
bam por complementar o passatempo
paixão. Bastou uma primeira experiên-
e enriquecer as experiências.
cia de geocaching na montanha para
O geocaching não se reduz à desco-
perceber que este era o meu ambien-
berta de locais; muitas vezes acaba-
te preferido para praticar o passatem-
mos por nos redescobrir, ou pelo me-
po. Depois, com ou sem geocaching, a
nos aprendemos a gostar que coisas
montanha passou a ser o princípio e
que não imaginávamos e redefinimos
o fim de muitas aventuras. Travessias
os nossos limites. Depois da curiosi-
e pernoitas deixaram de ser sonhos
dade inicial na procura de recipientes,
adiados e tornaram-se repositórios de
quais Indianas de um tempo perdido,
grandes memórias!
o êxtase vai acalmando lentamente e
Tendo como contexto o geocaching e
somos introduzidos em outras ativida-
partindo do fascínio pelas montanhas
des, mais ou menos relacionadas, que
descobri o trail running. Quando surgiu
de outra forma poderíamos não expe-
o primeiro vislumbre desta modalidade
rienciar. No princípio é a cache; depois,
estava ainda longe de imaginar o quão
a imaginação é o limite.
esta descoberta seria interessante e
Por exemplo, sempre torci o nariz a an-
me levaria a quebrar mais algumas
dar pendurado em cordas, mas lá che-
barreiras. Há cerca de quinze quilos
gou o momento em que para encontrar
atrás esticava-me no sofá e limitava-
uma cache foi necessário fazer rapel.
me a exercitar os dedos com o coman-
Apesar da expetativa e nervosismo
do da televisão, vagamente desinte-
iniciais, a experiência revelou-se fan-
ressado no que se estendia para lá da
tástica! Experimentei a escalada atra-
janela e do conforto da casa. Depois, é
vés do geocaching e desde então ficou
difícil transcrever por palavras o quan-
a vontade de repetir. O mesmo acon-
to me satisfaz e realiza todo o proces-
teceu com o canyoning; já sentia um
so de vencer um desafio de ultra trail,
Texto / Fotos: António Valente
apelo natural por fazer progressão em
desde a escolha da prova, a prepara-
(Valente Cruz)
cionando a descoberta de locais fantásticos e insuspeitos, um novo passa-
começou a parecer-me que as fotografias não revelavam verdadeiramente a beleza dos locais ou dos momentos, o que me levou a querer aprender mais sobre a arte e o sobre o equipamento. Até então, a fotografia nunca tinha sido um fim. Depois, e também à boleia do geocaching, passei a acordar a horas improváveis ou a pernoitar em locais insuspeitos para assistir e fotografar o nascer do sol, em momentos que antes apenas existiam no meu imaginário, mas que entretanto se tornaram obrigatórios e fundamentais, ano após ano. Para lá dos locais e atividades que o geocaching permitiu descobrir, falta enunciar o melhor de tudo: os amigos. Este é um dos aspetos mais marcantes do passatempo, pela facilidade com que se conhecem pessoas e se criam amizades. Tendo em conta o interesse comum, parece haver um elo natural entre geocachers. No final, vivência atrás de vivência, ficarão sempre os amigos e a certeza de que, se não for por mais nada, só por isso já valeu a pena!
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CASTRO DE ROMARIZ
SERRA DO MARÃO
8 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
VALE DO VOUGA
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 9
MANDAMENTOS
NÃO OFENDAS! por
10 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
TiagoSGD
Andamos há vários meses a refletir
A sede de uma guerra é tanta que se
cólera e por tantos outros sentimen-
acerca do estilo de vida que um geo-
ofende a toda a hora! Prometem-se
tos que tais. Sentem-se bem assim.
cacher deve aplicar para escapar aos
joelhadas e lambadas. E sangue. Mui-
Não podemos ignorar que há pessoas
tormentos eternos, onde nem o sinal
to sangue.
que inventam problemas quando tudo
GPS consegue entrar. Sim, caros brothers e sisters, também hoje falaremos de um Mandamento, um dos últimos da lista! Mas, podernos-ia passar ao lado o “não ofendas”? Vivemos tempos complicados. A malta está sedenta de sangue. Vejam só o facebook! Aquilo é ataques, contra-ataques e autênticas explosões de ódio! Por tudo e por nada! Por nada e por tudo! Escreve-se só “porque sim”. É chamar o PR de £@€@ de uma [§£”£» € e o presidente do clube da terra de ^£@£{?%!. Assim, sem mais nem menos. Atacam-se celebridades que riem e vips que foram de férias para o outro lado do mundo. Alguém fala bem? Poucos, muito poucos. Alguém elogia?
Ok, é certo que, por vezes, podemos
está bem, tal é a sua criatividade…
estar a ferver por dentro, que nem
Quem está do outro lado, o owner ou
chaleiras prontas para o chá (imagem
o leitor, pode reagir com a mesma
tão estranha!), mas, neste exemplo
moeda, pode deixar-se ficar ofendido
tão parvo, posso diminuir o lume, não?
e até perder o sono. Mas pode pensar
Claro que posso deixar ferver e verter
que o escritor teve um dia mau; que
tudo. Posso irritar-me e dar um pon-
é um geocachers frustrado porque foi
tapé na cache. Contudo, o mais co-
um DNF no meio de centenas de Fou-
mum é ver reações parvas e ofensivas
nds; ao ver o ódio dos outros, o leitor
tanto nos logs como em posteriores
pode reconhecer que não há geoca-
comentários públicos no facebook/
chers perfeitos, nem mesmo na lua. O
fóruns. Quem escreve, sabe, com cer-
melhor é passar à frente. Afinal, quem
teza, que o seu texto será lido e pode
está mal é o que deixa explodir a raiva.
ofender outra pessoa… que fazer?
Seria bom que não existissem ofen-
De facto, caros irmãos, há pessoas que não sabem/não conseguem/não querem construir dias felizes, mesmo nos períodos de tristeza, de DNF’s e de ira.
sas. Infelizmente, sempre existirão porque há sempre alguém que não consegue controlar-se a si mesmo. Esse precisa crescer. E muito.
Há pessoas que se deixam dominar pelo ódio, pela raiva, pela fúria, pela
Texto: Tiago Veloso (tiagosgd)
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ALÉM FRONTEIRAS
12 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
POR LARANJA & TMOB
Do tamanho de um continente, a Aus-
dedicar-lhe pelo menos dois.
foram deste tipo.
trália é um país com uma admirável
Quais são então os atractivos da Great
A nossa primeira paragem foi já um
variedade de paisagens, culturas e
ocean road?
pouco depois de Torquay, quando co-
muitos outros pontos de interesse.
Trata-se de uma estrada costeira,
meçámos realmente a avistar a costa,
De ambientes desérticos de cor ver-
construída numa costa irregular, para
melha, a grande barreira de coral, ani-
os entusiastas da condução este sim-
mais exóticos, belas praias, até cida-
ples facto poderá garantir uma visita,
des multiculturais como Sydney ou
mas na verdade há muito mais para
Melbourne (frequentemente entre as
oferecer. As vistas são excelentes e ao
cidades do mundo com melhor quali-
longo do percurso existem vários mi-
dade de vida), fazem da Austrália um
radouros onde é possível parar por al-
cenário com amplas escolhas e um
guns minutos para desfrutar do local
destino de eleição para muitos viajan-
e tirar algumas fotografias. No caso
tes, embora longínquo para o viajante
de uma visita com bastante tempo,
Português.
é possível fazer várias caminhadas
Relativamente perto de Melbour-
que partem da estrada em si e se es-
ne fica aquela que é conhecida como
tendem até pontos de interesse es-
placas de homenagem à Great Ocean
Great Ocean Road. Uma estrada cos-
pecíficos. Embora o percurso seja na
Road, e àqueles que a construíram.
teira, muito cénica, que serpenteia
sua maioria costeiro, uma boa parte
As várias vilas que vão sendo atra-
a costa por cerca de 250km, ligando
da estrada cruza o Parque Nacional
vessadas são na sua essência, anti-
as cidades de Torquay e Allansford.
Great Otway , onde é possível fazer
gas vilas piscatórias, hoje com uma
Os planos para o seu desenvolvimen-
caminhadas através da floresta húmi-
grande industria ligada ao turismo,
to surgiram após a Primeira Guerra
da e visitar algumas cascatas. Segun-
com oferta hoteleira e de restauração.
Mundial, e na verdade foram os sol-
do nos disseram é também possível
Em Lorne fizemos mais uma paragem
dados Australianos regressados da
avistar cangurus e coalas, mas nós
guerra que iniciaram a sua constru-
não tivémos essa sorte. Esta é região
ção, como forma de homenagem aos
produtora de vinho por isso, nas pro-
soldados perdidos, tornando a estra-
ximidades, é possível visitar algumas
da num memorial de guerra de di-
vinhas e adegas.
mensões muito consideráveis. O de-
Ao longo do caminho, e nas suas proxi-
senvolvimento desta via teve então
midades, existem centenas de caches,
uma importância a tanto nível turís-
de vários tipos e níveis de dificuldade,
tico, como comercial, uma vez que as
no entanto com tantos quilómetros
pequenas povoações da época eram
pela frente é preciso ser minimamen-
na sua maioria acessíveis apenas por
te selecto sobre onde parar. Uma vez
mar, permitindo o transporte, princi-
que as grandes atracções desta rota
palmente de madeira.
são os monumentos naturais, fruto
O percurso completo, a partir de Mel-
da erosão que ao longo de milhares
rante a construção da estrada, mas os
bourne, serão cerca de 600 km, por
anos tem desenhado a costa, crian-
seus restos mortais não foram remo-
isso ainda que seja possível fazer todo
do o cenário ideal para earthcaches,
vidos, sendo a a estrada construída
o percurso num único dia, o ideal será
e boa parte das caches que visitámos
por cima. Como memorial ao acidente,
na cache Point Roadknight [(GC1TNW4]), uma cache tradicional, simples, e que potenciou umas belas vistas. Alguns quilómetros mais à frente deixámos o carro e
ccaminhámos
até ao Split Point Lighthouse, onde bem perto se situa-se a earthcache The Aireys Inlet Volcano ([GC53CZA]). Não muito longe fica a The Gateway [(GCGTGT]), uma cache bem antiga (de 2003), que assinala um ponto de paragem obrigatória. Um pórtico comemorativo, um monumento e várias
junto ao pontão onde encontrámos as duas caches mais próximas (GC69J0Z e GC25GHV). A paragem seguinte foi na W.B Godfrey Shipwreck [(GC536B0]), não encontrámos a cache, mas a sua história é bem interessante. Trata-se de uma sepultura, na beira da estrada, perto do local onde o navio W.B Godfrey terá naufragado; ninguém morreu no naufrágio propriamente dito, mas cinco homens ter-se-ão afogado durante as operações de salvamento. As suas campas terão sido descobertas du-
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“No final ficou a memória de um excelente passeio, recheado de belas paisagens com muita diversidade, e que gostaríamos de ter mais tempo para explorar.”
foi erigida esta sepultura na berma.
assinala o local conhecido pelo mes-
Apollo Bay é um dos pontos de para-
mo nome, devido aos seus dois arcos.
gem obrigatória, uma bonita baía, com
Actualmente apenas um dos arcos de
um extenso areal; a cache Bay Cache
mantém, agora já isolado da costa.
Alpha ([GC21DRD)] permite umas vis-
O primeiro arco colapsou em 1990,
tas bem simpáticas.
e deixou duas pessoas isoladas na
Nos quilómetros seguintes a estrada
“ilha” recém criada; apesar de não ter
afasta-se um pouco da costa e o ce-
havido feridos, estas tiveram de ser
nário muda bastante., Qquando volta-
resgatadas de helicóptero. Também
mos a ver o mar surgem alguns dos
a destacar The grotto ([GC1V530]), é
monumentos naturais mais icónicos
um algar ao qual é possível descer por
do percurso. A earthcache But the-
um passadiço de madeira, e durante
re’s not twelve! [(GC3QDN1]) assinala
a maré baixa caminhar através do seu
“os doze apóstolos”, provavelmente o
arco e chegar ao mar.
ponto mais turístico deste percurso,
No final ficou a memória de um ex-
estamos a falar de um total de oito
celente passeio, recheado de belas
rochedos, isolados da costa, e criados
paisagens com muita diversidade, e
pela erosão. Sim, actualmente são
que gostaríamos de ter mais tempo
oito, em tempos terão sido doze, mas
para explorar. A, afinal o percurso é
foram desaparecendo graças à acção
bastante extenso. Ainda que a cos-
do mar. A beleza natural continua, e
ta portuguesa esconda recantos tão
a próxima paragem fez-se na ear-
ou mais belos, a grande diferença é a
thcache An Evolving Coastline [(GC-
inexistência de uma estrada costeira
26G0P)].
que permita percorrê-los a todos de
Esta é uma das zonas do percurso
seguida…, e muito provavelmente -
mais bonitas, e recheada de pontos de
ainda bem.
interesse criados pela natural erosão da costa; fizémos várias paragens,
Texto / Fotos:
nem todas com direito a cache. A ear-
Rita Monarca /
thcache London Bridge ([GC1HNP1])
Tiago Borralho (Laranja / Tmob)
14 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
GC1HNP1
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 15
GC536B0
16 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
GC3QDN1
GC69J0Z
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 17
por BTRODRIGUES
18 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
“O que levo na minha mochila” é uma rúbrica da geomag, que pretende partilhar com todos os nossos leitores um pouco do que os nossos convidados levam consigo nas suas cachadas mais organizadas. Não deixem de partilhar connosco as vossas mochilas, através do nosso facebook em http://fb. me/geomagpt
A CASA ÀS COSTAS Caminhar durante 10 dias, ao longo de mais de 250Km, implica levar tudo o que possamos precisar durante esse período de tempo sempre connosco. Há que fazer sacrifícios. O primeiro factor a ter em conta é a própria mochila. Os critérios a ter em conta na aquisição de um item destes passam não só pela capacidade da mesma mas também pelo apoio e suporte que oferecem, a resistência à chuva e a quantidade de compartimentos que detém, já que o conforto ao longo de várias horas de uso e o acesso fácil ao que temos dentro dela é muito importante.
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Já tinha há algum tempo uma mochila
alumínio, mas oferece maior amorteci-
bastante prática, com uma capacidade
mento no impacto.
de 30 litros mas que não oferecia qualquer tipo de suporte lombar. Encaixar tudo o que tinha lá dentro seria outro desafio, portanto acabei por comprar uma Decathlon Forclaz 50 com uma
outros desgraçados. SEJAMOS FRONTAIS EM RELAÇÃO À
UMA NOITE DE SONHO A totalidade dos albergues em que fiquei alojado “oferecia” um colchão
ILUMINAÇÃO Nos albergues, depois do horário de recolher e quando as luzes gerais são apagadas, ter uma pequena lanter-
capacidade superior (50 litros), com
onde dormir e uma almofada (em Es-
múltiplas regulações, que me oferecia
panha, um forro descartável para o
maior apoio lombar e conforto. Como
colchão e para a almofada fazem parte
único ponto negativo, saliento a não
do kit de boas vindas a cada albergue).
as camas. Para os mais madrugadores,
Nem sempre haviam mantas disponí-
a organização da mochila para o dia de
veis. Por uma questão de conforto, o
caminhada tem que ser feita em silên-
resistência à chuva – facto que levou à aquisição de uma capa externa de protecção. Para as deslocações mais pequenas (dentro das localidades onde pernoitaríamos), optei por uma mochila de 10 litros (Decathlon Quechua Arpenaz 10) que pode ser facilmente fechada sobre si e facilmente transportável
saco cama é recomendável a todos, já que um bom sono possibilita uma melhor recuperação do esforço e do cansaço. Optei com um saco cama para temperaturas de conforto de 15° com cerca de 700 gramas de peso (Forclaz
na ajuda imenso quando é necessário procurar alguma coisa na mochila ou mesmo movimentarmo-nos por entre
cio e às escuras – convém ter as mãos livres, daí a escolha de um frontal. UMA LIMPEZA O mínimo possível do kit de higiene pessoal consistirá de uma escova de dentes, um pequeno tubo de dentífri-
num bolso das calças. Esta permite o
15° light) com uma grande capacida-
transporte de uma peça ou duas de
de de compressão e que consegue ser
roupa adicionais, o poncho, a máquina
armazenado num volume muito redu-
fotográfica, o GPS, o telefone e os do-
zido. A almofada de viagem que me
supermercados, são cada vez mais
acompanhou (que pode ser comprimi-
habituais devido às restrições de volu-
da numa pequena bola e ocupa um vo-
mes de líquidos no transporte aéreo) e
cumentos. QUILÓMETROS A DAR COM UM PAU Caminhar com o auxílio de um bastão (ou mais) ajuda a aliviar a pressão sobre os membros inferiores e as suas articulações, transmitindo algum do
lume muito reduzido) serviu essencialmente para apoio cervical nas viagens de comboio.
co, um desodorizante, um gel de banho e um shampoo. Eu optei por levar miniaturas (podem-se adquirir nos
adicionei ainda um rolo de fio dental e um alicate corta unhas, tudo dentro de uma bolsa estanque e hermética, para evitar acidentes e para poder transportar à vontade onde quer que fosse.
esforço para os membros superiores. O
APRECIAR O SILÊNCIO
Uma pequena bolsa de papel higiénico
bastão é útil também para auxiliar nas
Diz-se que parte do encanto do cami-
humedecido complementava a minha
subidas e descidas, como apoio adi-
nho são os longos silêncios e a intros-
cional, ou para a transposição de pisos
pecção que nos permitem. Mas o des-
mais lamacentos (ou inundados) para avaliar para onde dar o próximo passo. Um bom bastão servirá também de estendal ou de ferramenta de defesa. Para esta caminhada, optei por um bastão de madeira Brazos Backpacker Oak Walking Stick, que é composto de
canso nocturno também serve para isso. Os tampões para os ouvidos permitem lutar contra uma das maiores pragas que existem para quem dorme em albergues: os terroristas noturnos (ou o nome carinhoso como todos
lista de material para esta categoria. Para o duche, incluí também uns chinelos e uma toalha de micro-fibras (ou toalha de natação) que seca muito rapidamente e tem um poder de absorção elevado, ocupando um volume muito reduzido. PEREGRINO PREVENIDO VALE POR
3 peças e que é facilmente transportá-
aqueles que ressonam durante o sono
vel dentro da mochila. É consideravel-
são tratados). Servem para nós pró-
É sempre boa ideia transportar uma
mente mais pesado que os bastões de
prios e (no meu caso) para oferecer aos
bolsa de primeiros socorros neste tipo
20 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
DOIS
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 21
22 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
de actividade. O seu conteúdo permite
gas completas ao meu smartphone.
fazer pequenos curativos, desinfectar pequenas feridas e lidar com pequenos acidentes no caminho. Nesta pequena bolsa adicionei ainda um protector solar, um pequeno boião de vaselina (para amaciar a pele mais seca e evitar a formação de bolhas), um rolo de fita de protecção contra bolhas (que protege a pele da fricção, minimizando o desconforto e a evolução das bolhas) uma manta de sobrevivência (uma película de plástico metalizado que serve para manter a temperatura do corpo e proteger dos elementos) e um canivete multifunções.
t-shirts técnicas (dissipam a transpiSEM METER ÁGUA
ração facilmente), três pares de cal-
Face às previsões de aguaceiros, tive
ções de lycra (podem ser usados como
que considerar um conjunto adicio-
roupa interior e protegem eficazmente
nal de peças de roupa para me prote-
da fricção entre as coxas enquanto se
ger. Aprendi da pior forma possível (há
caminha), quatro pares de meias (con-
uns anos) que existe um compromisso
vém ter sempre os pés secos ao longo
grande entre o peso e o volume de um
do dia para evitar complicações), uns
impermeável e a capacidade do mes-
calções (ou cargo pants) com bolsos
mo de resistir a algumas chuvadas mais violentas. Casacos acolchoados e impermeáveis podem ser confortáveis e oferecem protecção em temperaturas mais frias, mas ocupam um volume considerável. Uma capa plástica pode facilmente ser transportada num bol-
I’VE GOT THE POWER
so mas não oferece a impermeabilida-
A dependência dos aparelhos electró-
de necessária e nem sempre joga bem
nicos tem destas coisas. Embora existam tomadas em todos os albergues e seja cada vez mais socialmente bem aceite pedir para deixar um telefone a carregar enquanto se toma uma pequena refeição num estabelecimento
lha polar (para proteger do frio), três
com uma enorme mochila às costas. Optei naturalmente por um poncho suficientemente grande para ser vestido por cima da mochila e que podia facilmente ser dobrado em si e transportado na mochila nos dias mais secos.
qualquer, é sempre bom estarmos pre-
com fartura e um chapéu com abas largas. Há quem goste de levar roupa e calçado mais confortável para vestir nos intervalos das caminhadas e ao fim do dia. Optei por arriscar e suprimir essa componente. Limitar o número de peças de roupa transportadas não significa sacrificar o conforto e a higiene: todos os albergues tem sítios onde lavar (e secar) a roupa gratuitamente – não esquecer meia dúzia de molas e uma pequena barra de sabão, nesse caso. Felizmente, na maior parte dos albergues, e por um punhado de moedas, pode-se partilhar uma máquina de lavar e secar com os companheiros
parados para os restantes momentos.
LAST BUT NOT LEAST, LAVAR A ROU-
É por isso que, para além dos carre-
PA SUJA
gadores e dos respectivos cabos, levo
A escolha da indumentária variará ao
este power bank, que depois de total-
gosto de cada um e ao espaço dispo-
Texto / Fotos:
mente carregado, permite 3 ou 4 car-
nível. Optei por uma camisola de ma-
Bruno Rodrigues (btrodrigues)
de caminho.
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 23
por Junho 2016 - EDIÇÃO 21
V a l ente C r u z
Nem sempre a magia está nos olhos de
especial.
levam-nos a alma.
quem vê; existem locais que são mági-
Lá em baixo, acompanhando fielmente
cos por si e não dependem de perspe-
Em cada instante surgem motivos
a margem do rio, segue aquela que al-
tivas ou ambiguidades. As encostas do
para parar e contemplar. A paisagem
guns consideram a melhor estrada do
rio Douro encerram uma magia qua-
mundo (GC5T7J6). Opiniões e algorit-
vai-se tornando mais selvagem e me-
se inefável e esta é uma viagem por
mos à parte, é indubitável que será uma
este reino maravilhoso. É encantador
das mais bonitas. Descendo a encosta
deambular esquecido do mundo pe-
e cruzando a ponte, encontram-se inú-
las encostas engrandecidas do Dou-
meras quintas engalanadas que mere-
ro, onde a paisagem foi transformada
cem uma visita demorada (GC5HEXH).
pela vontade indomável do Homem.
Depois, contemplação após vislumbre,
Um mundo de acidentes naturais ver-
chega-se ao Pinhão (GC1X76Q). Na es-
gados por instintos primevos ao longo
tação, enquanto se aguarda pelo com-
de infindas gerações. A dureza da vida
boio, é possível revisitar a história do
enraizada nas unhas das suas gentes
Douro pela arte dos azulejos. Ali tudo
e concretizada em paisagens domesti-
parece parado num tempo bucólico e
cadas pela arte.
despreocupado.
por ali indefinidamente.
Nem sempre é fácil definir o que re-
O rio é como a própria vida. Nem sempre
O Douro é paisagem e vinho. Ambos
presenta a identidade portuguesa. No
é calmo, cristalino e fácil; muitas vezes
fermentados ao longo de séculos pelo
Douro, essa definição torna-se ime-
torna-se colérico e inesperado. Apesar
lavor das suas gentes. A paisagem fica,
diata e intuitiva. Não precisamos de a
de domado por sucessivas barragens,
mas o vinho parte. Todo este trabalho
tentar explicar ou compreender; ape-
ocasionalmente sobe às arribas e con-
de arte e tradição segue a jusante do
nas basta abrir os olhos e contemplar
some as margens. As águas arrastam
esta essência secular que nos vai mol-
rio até à foz. Lá chegado, delonga-se
tudo, adquirindo uma tonalidade terra-
dando a alma, mesmo que nem sem-
tumultuosa. Longe vão os dias em que
algum tempo por Gaia, que o vai en-
pre o saibamos merecer.
os barcos rabelos deslizavam a vida
Esta viagem começa na Régua e se-
pelo rio em viagens imprevisíveis; ago-
gue a montante da vida. As pontes
ra, do conforto dos passeios turísticos,
antigas (GC3BHRR) que ligam as mar-
tudo parece mais simples e controlado.
gens emolduram também quadros e
Deixando para trás outros miradouros,
enfeitam cenários. Prosseguindo por
seguindo por estradas e atalhos mean-
estradas inventadas em vertentes ín-
drosos, encontra-se o Tua. A barragem
gremes, torneando o tempo, chega-
(GC37Q9X) surge como uma crosta na
se à primeira paragem, São Leonardo
paisagem, que supostamente deveria
de Galafura (GC4YTJJ). Miguel Torga,
ser protegida. Como uma ferida aberta,
o poeta que melhor soube descrever
continua-se a escarafunchar as encos-
estas encostas sublimes, recebe-nos
tas do rio para construir algo que meio
com palavras de inspiração e confor-
mundo julga desnecessário. Mesmo
truindo de facto uma morada imaginá-
to. A paisagem é de facto um abuso da
em termos objetivos, considerando o
ria de memórias no Douro, sempre dis-
Natureza e ler aqueles versos fantás-
impacto negativo provocado pelo de-
ponível para nos albergar de qualquer
ticos é um assombro de beleza. A cada
saproveitamento turístico, presente e
despejo fortuito do mundo.
olhar, em cada perspetiva, tenta-se
futuro, são muito discutíveis os bene-
perpetuar as imagens na memória. E,
fícios desta construção. Algumas bar-
Texto e fotos:
ainda assim, cada revisita é diferente e
ragens, ainda que nos tragam energia,
António Cruz (Valente Cruz)
nos geométrica. A mistura dos espaços domesticados em vinhas e olivais com áreas de natureza conferem às encostas do Douro um equilíbrio inspirador (GC4XK93). Nada parece imposto ou falso. Ao longe, São Salvador do Mundo é um gigante adormecido, emprestado a este mundo para deleite de quem o alcança (GC1284Q). A encosta escarpada desce em penedia e arvoredo até encontrar o rio. Apetece ficar
velhecendo nas caves. O Porto metelhe depois um rótulo e envia-o para o mundo. Não querendo discutir a importância das etapas, parece injusto negligenciar pelo nome a terra-mãe em favor do local de batismo. Este vinho deveria ser do Douro, e não do Porto. As viagens pelo Douro despertam frequentemente uma vontade instintiva: procura-se em cada encosta o sítio perfeito para morar. Aos poucos, e quase sem o notarmos, vamos cons-
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 25
BARCO RABELO
Junho 2016 - EDIÇÃO 21
FOZ DO TEDO
RÉGUA
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 27
28 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Existem vários tipos de geocache: as
colocar frente a frente, nesta edição
convencer a Groundspeak. Sem suces-
tradicionais, as multicaches, as ear-
de Junho, os organizadores de tão au-
so. Havia muita ligação com o Even-
thcaches, entre muitas outras… Mas
daciosos acontecimentos no panora-
to Medieval organizado pela Câmara
a verdade é que embora todas estas
ma do geocaching nacional.
Municipal.
possam ser procuradas e encontra-
Assim, de um lado estarão os 100es-
Avançamos até ao dia 27 de outubro
pinhos, organizadores dos eventos
de 2013, agora para Carregal do Sal.
Love, Love, que já vão na sua terceira
Três geocachers desafiam o primei-
odisseia, todas elas Mega-Eventos,
ro a relançar a ideia do Mega Evento
sendo que desta feita o Love viaja até
a norte de Portugal. Garantem que
Braga, e irá acontecer entre os dias 12
conseguem um espaço em Espinho
e 15 de Agosto.
com capacidade de acolher um Evento
Do outro, estará o Geo-Cadaval, como
nunca visto.
rosto da equipa organizadora do Cam-
6 de novembro de 2013, num café
ping Party Montejunto, que este ano,
próximo do futuro local do “Love
na sua terceira edição, ganha tam-
Love… Espinho”, a Equipa reúne-se.
bém o selo de Mega-Evento, e que irá
Há necessidade de criar uma Team…
acontecer nos primeiros três dias do
nascem os “100espinhos” depois de
mês de Julho.
uma brincadeira de um dos elemen-
Dois Mega-eventos, dois programas
tos. Nasce a conta de email e nasce a
diferentes, duas zonas diferentes.
conta no Geocaching.com. Nasce um
Como terá surgido a ideia de criar es-
primeiro esboço do que poderia ser o
tes Mega-Eventos? E será que nasce-
programa, o site… começam a lançar-
ram já com a intenção de se tornarem
se ideias para chegar a Mega Evento.
Mega-Eventos? Que surpresas terão
Começam os contactos com a Grou-
os organizadores para nós? Conhe-
ndspeak. A missão não será nada fácil.
çam as respostas a estas e outras per-
As guidelines são muito apertadas.
guntas, pelas palavras dos próprios
Lançam-se filmes mistério. Organi-
das em grupo, existe um tipo de caches cuja experiência só faz sentido vivida com outros geocachers: refirome aos eventos. Como nos descreve a própria Groundspeak, “um Evento é uma reunião de geocachers locais ou de organizações de geocaching”. Ora, uma definição tão lata permite múltiplas interpretações: uma reunião de geocachers pode ir de um simples café, a uma demonstração de colecções de geocoins, uma recolha de lixo, um acampamento, ou a um acontecimento de vários dias onde se vivem diversas actividades com outros colegas geocachers. Mesmo em termos de número de participantes, tanto pode ser uma reunião entre 4 ou 5 geocachers, como uma actividade em que participem várias dezenas ou mesmo centenas de participantes. Qualquer razão é boa para estar com outro geocacher e trocar dois dedos de conversa. Esta edição do Frente a Frente irá ter como tema central um tipo de evento muito especial: os Mega-Eventos,
Mega-organizadores, aqui, Frente a Frente!
zam-se eventos simultâneos em todos os distritos de Portugal e vários espalhados pelos continentes deste
1. Como surgiu a ideia de criar este
planeta. A Groundspeak está atenta e
evento?
acompanha tudo com interesse. Os
100espinhos: Este Mega Evento é o
100espinhos recebem contactos de
o primeiro aconteceu já em 2010, na
terceiro da trilogia “Love Love”.
podcasts americanos. Começam a sair
Malveira, e este ano temos o prazer
Tudo começou há 4 anos… regressa-
notícias em jornais portugueses. Va-
de ter dois Mega-Eventos programa-
mos ao dia 28 de abril de 2013, em
mos à rádio nacional e temos 1 hora
dos a nível nacional, ambos de 3 dias,
plena cidade de Santa Maria da Feira,
de programa dedicado ao Mega Even-
que acontecerão no Verão mas com
a cerca de 50 metros da atual GC5B-
to.
mais de um mês e 250 quilómetros de
B8G.
Por fim, a Groundspeak dá luz verde e o
distância entre si.
Nesse dia, nesse local, um geocacher
“Love Love… Espinho” torna-se num
Sabendo que a próxima GeoMag só
de Lisboa desafiou um geocacher da
Mega Evento. O primeiro do norte.
sairá em Agosto, após a realização
Feira a criar um Mega Evento Medie-
Após o Evento, temos consciência que
dos mesmos, fez-nos todo o sentido
val. E esse geocacher da Feira tentou
criámos algo nunca visto em Portugal,
eventos definidos pela Groundspeak como eventos em que participam mais de 500 pessoas. Em Portugal,
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 29
“o “Love Love… Espinho” torna-se num Mega Evento. O primeiro do norte. Após o Evento, temos consciência que criámos algo nunca visto em Portugal” por puro “Love Love”. Tornamo-nos o
ses, criámos eventos em todo o país e
da/com sentido de caches, colaboram
maior Mega de sempre.
estrangeiro, lançámos caches em vá-
na divulgação e montagem do espaço
Não conseguimos parar. Avançamos
rios locais e o boca-a-boca funcionou
do Mega Evento, etc. No fundo, sem
para Aveiro. Outro Mega, superando
bem. A Groundspeak viu que tinha uma
o staff local o Mega seria impossível.
todas as expetativas. A TSF e o Públi-
equipa sem segundas intenções e ra-
A Equipa “base” começou sediada nos
co dedicam-nos reportagens.
zoavelmente bem organizada para le-
arredores de Espinho. Atualmente,
Nesse Mega, com um público fantás-
var os Mega mais longe.
em Espinho estão 2 elementos. Ou-
tico e internacional, anunciamos Bra-
GeoCadaval: Sim... desde o início que
tro está em Braga e outro no Barreiro
ga como próximo destino.
foi um sonho conseguir um MEGA
(será lá o próximo Mega?!).
Estes Mega Eventos apenas preten-
aqui no Montejunto, por isso come-
Todo o staff é “100espinhos”. Todos
dem levar o Geocaching mais longe,
çámos logo a trabalhar nesse sentido.
somos importantes e todos comuni-
sem fins lucrativos, com muito “Love
Não foi fácil... mas conseguimos.
camos para que o Mega seja de facto de todos nós, e não de um grupo de 4
Love”. Só isso nos move, apesar das
cromos. Aliás, nós os 4 nunca conse-
dificuldades económicas e logísticas
3. Organizar um evento para mais
que enfrentamos ao longo da “cons-
de 500 pessoas não é claramente
trução” de cada Mega.
o mesmo que organizar um evento
GeoCadaval:
A ideia deste evento
para algumas dezenas de pessoas.
gerir simultaneamente.
surgiu quando fui pela primeira vez a
Existem várias fases ao longo de todo
GeoCadaval: O trabalho é imenso, bem
um evento MEGA, onde achei que se
o processo: planeamento, angariação
como as coisas a pensar e a delinear.
conseguia fazer algo diferente. Algo
de recursos, montagem física do pró-
Mas com a ajuda de grandes AMIGOS
onde todos estivessem sempre em
prio evento. Conseguem dar-nos uma
tudo se torna mais fácil e no final so-
convívio e se conhecessem melhor.
ideia de todo o trabalho que existe
mos recompensados com a satisfação
desde o primeiro momento em que a
de todos os que nos têm visitado
2. No momento em que idealizaram
guiríamos aguentar com um Mega em cima. Há, de facto, muita coisa para
ideia ganha forma até à abertura de portas de um Love, Love… ou de uma
4.Várias actividades, caches novas,
vos passou pela cabeça que este
Camping Party?
mais um icone diferente no perfil...
evento se pudesse tornar um mega
100espinhos: O primeiro passo é de-
Para vocês, quais são as razões que
evento?
cidir o local. Aceitamos sugestões!
trazem tanta gente a eventos deste
100espinhos: Criámos o “Love Love…
Depois, contactamos geocachers lo-
género? A oferta de actividades para
Espinho” com intenções de chegar a
cais, que farão parte do “staff”. Eles
além do geocaching é um atractivo
Mega. Sabíamos que era complica-
terão a missão de encontrar patro-
para a maioria dos participantes?
do. Arregaçámos as mangas e espa-
cinadores locais, estabelecer con-
100espinhos: Os Mega Evento “Love
lhámo-nos por todo o mundo para
tactos com empresas que poderão
Love” são exclusivos para pessoas que
divulgar o Evento. Contactámos or-
trazer mais-valias ao Mega Evento,
amem realmente o Geocaching e os
ganizadores de eventos de vários paí-
dedicam-se à “plantação” organiza-
eventos. Por isso, criamos programas
dar forma a este evento, alguma vez
30 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
LOVE LOVE...
CAMPING PARTY MONTEJUNTO
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 31
com várias atividades diferentes, para
motor para transformar um evento
ral do país... Porque é que acham que
agradar ao maior número possível de
em mega evento?
isto acontece? Na vossa opinião, se-
pessoas. Sentimos que a adesão às
100espinhos: Os locais onde os “Love
ria possível organizar um Mega Even-
diversas atividades do Mega está a
Love” são realizados têm segredos
to no interior do nosso país?
aumentar. É certo que ainda encon-
fantásticos para serem descobertos.
100espinhos: Começámos em Es-
tramos pessoas que procuram subir
Em Espinho havia a arte xávega, o surf,
pinho. Essa bela cidade não é uma
nas estatísticas. Mas, o número dos
as ruas paralelas… Em Aveiro os ovos
“mega” cidade. É pequena. Não tem
que vão pelo convívio e atividades é
moles, a beleza da ria, da praia… Em
aeroporto. Tem pouca opção hote-
muito significativo.
Braga…….. quantos mais dias, melhor.
leira. Corremos o risco. E acertámos!
Para agradar ao maior número pos-
Mais oportunidade para descobrir as
Vieram centenas de pessoas de Por-
sível de pessoas, lançamos caches
ruas todas e seus segredos. Pensam
tugal e estrangeiro!
relacionadas com o Mega (já é “tra-
que 4 dias chegam para Bracara Au-
Aveiro era diferente. É mais conheci-
dicional” o coração criado com caches
gusta? Nem pensar!
da. Melhores vias de acesso. Também
ou a palavra Love Love). Tentamos
Com mais dias, conseguimos incluir
longe de um aeroporto para os es-
que essas caches tenham qualidade
mais atividades, para todos os gostos.
trangeiros. Acertámos, novamente.
e uma listing completa, com sentido,
Por outro lado, ao termos vários dias,
com história, com curiosidades, com
Sim, de facto sempre no litoral.
conseguimos chegar a um maior nú-
bons enigmas. Evitamos “plantar” por
mero de pessoas. Vamos imaginar
Quanto a Braga… reparem que já esta-
plantar. Queremos chegar a todos os
que o Mega era somente no sábado.
geocachers e famílias.
Quantos ficariam de fora? Ora porque
Acreditamos que as pessoas movem-
trabalham, ora porque nem compen-
se centenas de quilómetros para (re-)
saria as horas de viagem (vir dos EUA
descobrir uma nova cidade, conhecer
para 12 horas de Evento? Quem se
caras por trás dos nicks e divertirem-
aventuraria nisso?). Com vários dias
se.
de Mega Evento, possibilitamos a vin-
GeoCadaval: Nós trabalhamos com
da de mais gente.
muita dedicação para que todos saiam
Para quem aproveita o maior número
Mega Eventos em interiores profun-
daqui satisfeitos e com vontade de
de dias, permitimos que as pessoas
dos, no estrangeiro. Podemos tentar,
voltar no ano seguinte. Esse tem sido
possam disfrutar mais da cidade aco-
no futuro, um “Love Love… Guarda”?...
o nosso sucesso.
lhedora, criar laços de amizade
“Love Love… Vila Real”?... “Love Love…
Relativamente a actividades, temos
Isto não significa que não possamos
Lamego”? claro que podemos! Apa-
algumas onde os não-geocachers po-
criar um “Love Love… 1 day”… para o
reça o staff, apareça um local xpto e
dem participar, mas sendo este um
ano? Quem sabe!?
avançamos sem hesitar!
evento de geocaching: porque não co-
GeoCadaval: Sim... só com vários dias
GeoCadaval: O nosso evento, mes-
meçarem também eles a fazer geoca-
se conseguem cativar muitos partici-
mo sendo no litoral, é distanciado dos
ching? :)
pantes, não faltando as caches e mui-
grandes centros urbanos, o que nos
tas outras surpresas.
tem dificultado um pouco. Por isso
mos a caminhar para o interior. É certo que as vias de acesso continuam a ser impecáveis! Está a 1 hora do Porto. Para não falar dos comboios que ligam a cidade a Lisboa em poucas horas. Já agora, sabiam que há descontos para quem vier de comboio, na CP? Está próxima de Espanha. Mas, é a caminhar para o interior! Encontramos
andamos pelos distritos do país a fa-
5.Olhando para os vossos eventos, uma das coisas que saltam à vista é
6. Analisando os vários Mega Even-
zer a promoção do Camping Party.
que os mesmos não acontecem ape-
tos que já ocorreram em Portugal, é
Penso que a organização de um Me-
nas durante um dia. Consideram que
fácil fazer uma análise geográfica da
ga-Evento é possível noutras zonas
o facto de um evento ter a duração de
sua distribuição. Todos eles ocorre-
do país, mas com muito trabalho de
vários dias é também um factor pro-
ram junto a Lisboa ou Porto, no lito-
divulgação.
32 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
LOVE LOVE...
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 33
7. Temos estado a falar dos vossos
Lackey visitar o Mega. Se formos bons
se tornar num mega evento?
Mega Eventos, mas já tivemos vários
(entenda-se, se oferecermos boa
no nosso país… Pensemos agora ain-
100espinhos: Não vale a pena enviar
comida e bom acolhimento), talvez
da em algo ainda maior! Consideram
cheques em branco para a Grounds-
consigamos o Giga no futuro eheheh
possível a ideia da concretização de
peak. Eles não se deixam vender por
(brincadeira).
cunhas.
Esta é uma boa surpresa.
O melhor conselho é que se dediquem
Também podemos anunciar que o
a criar um bom “Evento”, com o obje-
Mega terá piscina gratuita. É uma
tivo que os geocachers passem boas
grande novidade em relação aos anos
horas de convívio e amizade. Utilizem
anteriores.
o boca-a-boca. Se o “Evento” parece
O Signal The Frog também estará en-
bom e a malta adere, torna-se Mega.
tre nós.
Se não for este ano, é no próximo.
Mas, a maior novidade será, realmen-
O Mega, se tiver de acontecer, aconte-
te, a presença de mais de 1 milhar
cerá. Lembrem-se, o mais importan-
de pessoas sorridentes numa cidade
te é que seja um ótimo Evento. Seja
verdadeiramente extraordinária e his-
“Mega” Evento, “Giga” Evento ou “Nor-
tórica. E isso é o mais importante para
mal”.
nós.
Como resumo de todo este terrível
nesse projecto, talvez fosse possível...
GeoCadaval: Temos várias surpresas
“frente a frente”, desafiamos os leito-
quem sabe um dia…
mas isso fica guardado para os que
res a darem um pulinho a Braga. Sem
nos visitarem!
esquecer o protetor solar. Nunca se
um Giga Evento em Portugal? 100espinhos: Ainda estamos “longe” da Europa. Teríamos de convencer muito geocacher a vir até cá. E alcançar uns bons milhares de attends num Mega Evento para, no ano seguir, podermos tentar o estatuto de Giga. Ou, então, conseguir convencer a Groundspeak. GeoCadaval: Não será fácil fazer um GIGA em Portugal, porque o número de jogadores não é suficientemente grande para tal... Mas se todos os amantes do geocaching se unissem
sabe…
8. Podem desvendar alguma surpresa acerca das edições deste ano dos
9. Para terminar o nosso frente a
GeoCadaval: Muito amor, trabalho e
vossos eventos?
frente não poderia deixar de vos per-
dedicação ao que fazem.
100espinhos: Foi com surpresa que
guntar. Qual o melhor conselho que
recebemos um mail da Groundspeak a
poderão deixar para quem queira
Texto:
informar-nos que viria uma simpática
criar um evento com expectativa de
Bruno Gomes (Team Marretas)
34 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
3 toneladas de Ouro...
So Close! por
36 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
M y st i q u e *
3 toneladas de Ouro
Gama uma cruz, mostrando aos vene-
muitas estradas de terra batida (um
Num vale da margem esquerda do
zianos que em Portugal havia metal
rasteirinho atrevido vai até lá) basta
Tejo, a jusante das Portas de Ródão
mais precioso que o do Oriente.
seguir as indicações de Tejo/Pego das
encontra-se a Mina de Ouro Romana
A área arqueológica do Conhal do Ar-
Portas (cais fluvial). Junto à entrada da
do Conhal do Arneiro, uma extensa
neiro é um dos geossítios do Geopar-
mina existe um placard informativo.
escombreira formada por gigantescos
que Naturtejo da Meseta Meridional.
amontoados de seixos, testemunhos
E é neste cenário cheio de história que
O local… é diferente. Milhares de sei-
da extração de ouro que terá decorri-
vive a cache “3 Toneladas de Ouro / 3
do nas épocas romana e medieval.
Tons of Gold (Nisa)” GC12TRR.
Esta gigantesca mina a céu aberto
Com uma listing muito apelativa, cheia
terá resultado do desmonte gravítico
de informação sobre toda a história do
dos depósitos sedimentares do Vale
Conhal do Arneiro, ficou a curiosidade
do Tejo por ação hidráulica. A água
de visitar este local, do qual nunca ti-
utilizada na lavagem dos sedimentos
nha ouvido falar.
seria transportada desde a Serra de
Existem várias formas de lá chegar.
S. Miguel e da Ribeira de Nisa até ao
Uma delas, e na minha opinião será
local da exploração, através de canais escavados para o efeito (a “Vala dos Mouros”). Os seixos maiores eram retirados dos canais de evacuação de sedimentos por triagem manual e empilhados ao longo das margens do canal, em amontoados cónicos ou rectilíneos que particularizam a paisagem desta região. Subsiste ainda, próximo do extremo norte do conhal, o Castelejo, um relevo de quinze metros de altura que
a mais interessante, é iniciar o PR4 – Trilhos do Conhal (9,8 Km, percurso circular) na povoação do Arneiro, saída na N18, que liga Nisa a Vila Velha de Rodão. Durante este percurso, temos a oportunidade de passar pelo Buraco da
xos rolados em montinhos rodeiamnos. Dá-nos a sensação que durante muito tempo, andou por ali alguém a fazer montinhos de pedras. Para onde quer que olhemos, elas estão ali. Por isso é importante perceber o contexto, do porquê de aquilo ali estar. Olhando para a seta do GPS, percebemos que ainda temos que andar um pouco. O objetivo é o Castelejo, o tal pedaço de terreno intocado, com cerca de 15 metros de altura em relação à área envolvente. Do topo desta elevação podemos ter a perceção do volume de terras explorado. A sua posição central é estratégica e, por esse
Faiopa, local conhecido pela lenda
motivo, serviria provavelmente para
onde uma tal D. Urraca se perdeu de
controlar a mina e tráfego fluvial. Do
amores por um mouro. Este, para se
local tem-se um panorama fantásti-
encontrar com a amada, atravessava
co para as Portas de Rodão. Vale sem
o rio por debaixo do seu leito através
dúvida uma visita.
ocuparia uma posição central entre os
de um imenso túnel que ligava a Faio-
canais de evacuação.
pa ao Castelo. O marido de D. Urraca,
Calcula-se que se tenham removido
quando descobriu a traição da esposa,
10.000.000m2 de seixos para extrair
atou-lhe uma mó ao pescoço e atirou-
cerca de 3 toneladas de ouro.
-a a um poço ou ao Tejo.
A realização do percurso pedestre
A existência de fraturas preenchidas
PR4 – Trilhos do Conhal, ajuda-nos a
com limonite e a abundância de fratu-
compreender o contexto paisagístico
ras no interior deste túnel leva a pen-
e a magnitude do esforço humano na
sar que o mesmo terá sido uma mina
transformação do espaço natural, há
de ferro. No local existe a cache “Bu-
quase dois mil anos.
raco da Faiopa” GC3WV5H.
nal um passeio na avenida.
Diz a história que para provar a qua-
Caso o tempo seja escasso, ou não
Portas de Rodão é uma imponente
lidade do minério alentejano, D.João
gostem mesmo de andar a pé, existe
crista quartzítica que irrompe entre
III terá mandado fazer um ceptro em
a possibilidade de levar a viatura mui-
dois imensos blocos de pedra e que
ouro extraído deste rio, e Vasco da
to perto do Conhal do Arneiro. Entre
resulta do atravessamento da Serra
Far away, so close E por falar em Portas de Rodão… devo dizer que é um dos locais mais fantásticos onde já estive, embora tenha sido na versão azimute, o que levou a sangue, suor e lágrimas ☺ Mas um bom geocacher gosta é de desafios. Aliás, descoberto o trilho certo, é afi-
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 37
das Talhadas pelo rio.
Arneiro na margem esquerda, e o po-
tunes, GC27FGF, que só se encontra
Há milhares de anos as águas do Tejo
voado paleolítico de Vilas Ruivas na
disponível entre Agosto e Novembro,
cobriam uma vasta região. A sua ação
margem direita.
devido à nidificação da colónia de gri-
erosiva deu origem a esta gargan-
Os amantes de observação de avifau-
ta, onde o rio atinge uma das suas
fos. Por esse motivo, ainda não tive a
na poderão deliciar-se com este local
possibilidade de a visitar, mas está na
maiores profundidades. Este estreitamento marcava o anterior limite de navegabilidade do Tejo, quando este era um canal de comunicação entre o interior e o litoral do país. Aqui o Tejo corre entre duas paredes escarpadas, que atingem cerca de 170 m de altura, fazendo lembrar duas “portas”, uma a norte no distrito de Castelo Branco, e outra a sul no concelho de Nisa, distrito de Portalegre. No topo da “porta” norte, que é facilmente acessível por estrada, situase o pequeno castelo do Rei Wamba.
privilegiado de observação da maior colónia de grifos de Portugal, assim como da cegonha-preta ou o milhafre-real. As Portas são também um dos geossítios do Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional, tendo sido classificadas como Monumento Natural, a 20
lista ☺ “Far Away, So Close”… é uma experiência inigualável. O GZ deixa-nos à beira daquele brutal penhasco, com a outra porta pela frente, e onde sobrevoam sob as nossas cabeças dezenas de grifos.
de Maio de 2009.
São estes “grandes” tesouros, que
Na Porta do lado Norte, poderemos
fazem com que acredite que o nosso
encontrar a mítica cache “Far Away,
geocaching sempre nos trará lugares
So Close” dos GreenShades, GCF508
fantásticos de arregalar os olhos.
e a “Castelo de Rodão, Castelo do rei
Deste local vislumbra-se um vasto
Wamba”, GC1NRAR.
panorama sobre o vale do Tejo a ju-
Na Porta do lado Sul a não menos
Texto e fotos:
sante das Portas, com o Conhal do
importante “Just Get There” do MAn-
Sónia Fernandes (Mystique*)
CONHAL
38 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
ARNEIRO
PORTAS DE RODÃO
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 39
“Se pensas que a aventura é perigosa, sugiro que experimentes a rotina… É mortal!!” Paulo Coelho
Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 41
42 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Desconfiava que fosse algum “andar aos gambuzinos” e agi com desconfiança e cuidado. Era algo completamente novo! Bem-vindo Manuel, ao papel princi-
tia qualquer método dos geocachers
que já teriam acesso a GPSr, por mo-
pal deste número da GeoMag! Sem
se contactarem como existem hoje
tivos profissionais... não terá sido
dúvida o mesmo papel que assu-
os fóruns ou a mailing list do Yahoo.
portanto o teu caso. Acabaste por
miste durante muito tempo perante
Por isso sempre o considerei o meu
seguir a orientação dele? Que mode-
“todo” o Geocaching, na minha mo-
mentor (ou, o meu adoptante, porque
los haviam disponíveis em 2002?! Já
desta opinião e certamente na de um
ele praticamente me adoptou e res-
era aquela rivalidade, Garmin vs Ma-
grande leque de outros companhei-
pondeu aos variados emails que lhe
gellan?
ros. É com grande prazer que assumo
enviei a esclarecer dúvidas).
MA - Sim, segui todas as indicações
a responsabilidade de te trazer, a ti e
GM - Eia! Uma revista portuguesa
dele (comprei o Magellan Meridien
às tuas estórias, (mais uma vez) para
já saber o que era (ou que existia) o
Platinum). Não havia rivalidade por-
as páginas da revista.
geocaching em 2002?! Estou deve-
que não havia comunicação de todos
GeoMag - Foste um dos grandes im-
ras surpreendido! Também o estou
com todos - apenas havia comunica-
pulsionadores do geocaching cá no
com alguém ter “mais caches coloca-
ção individual, por email. A listing do
burgo, ou não estivesses registado
das”... [risos] Consegues quantificar
Yahoo só apareceu em Setembro e só
no Geocaching.com desde Abril de
esse número? Acaba por ser muito
aí começamos a “falar” todos juntos.
2002. O que te trouxe afinal para
complicado obter esse tipo de dados
Na altura a Magellan tinha a linha
este nosso hobbie? Como deste com
passado tanto tempo. Basta dar uma
SporTrack e os Meridien. A Garmin
cache para adopção para se ter meio
ainda não estava a usar os satélites
caminho andado para “desaparecer”
de correcção de sinal e, por isso, a
qualquer registo do owner original
Magellan tinha vantagem. Uns anos
(eu próprio acabei por ficar com uma
mais tarde, a Garmin apostou mais
do Pedro Regalla à minha guarda).
no Software e nas funcionalidades
MA - Se fores a http://geostats.geo-
enquanto a Magellan continuou a
caching-pt.net/ no menu lateral, tens
apostar no hardware e perdeu cota
a listing das caches (sai em Excel) e
de mercado, tal como aconteceu en-
ordenares por HiddenDate, tens vi-
tre a IBM e a Microsoft. Mas isto já é
sível a coluna do owner onde se lê o
off-topic. :)
sante, investiguei na net, li todas as
autor original e quem a adoptou.
GM – Portanto, um mês a recolher
FAQs (literalmente) do Geocaching.
Eu comecei no dia 11/4/2002 e já an-
informação antes de te inscreveres,
com na altura, li os fóruns deles e co-
dava a visitar o site há um mês, mas
e depois mais um mês antes de te
mecei a melgar o “pregalla” (que era
mesmo assim, o Pedro Regalla tinha
lançares efectivamente à aventura?
o que tinha mais caches colocadas na
a maioria, 7 em 19 (ignora as das li-
Confirmas a Pela Pré-História do
altura e, por isso, pareceu-me o mais
nhas 2,3, 4 e 7 porque não existiam
Alentejo [GC25BB] como a tua pri-
experiente) com algumas perguntas
no terreno quando comecei, embora
meira busca? Conta-nos tudo!
e, essencialmente, com a escolha
tenham data de colocação da altura):
MA - Sim, documentei-me bem an-
do GPSr. Foi muito importante para
GM - Sempre tive os “primeiros geo-
tes de começar a praticar geocaching
mim a ajuda dele, porque não exis-
cachers” como geeks da informática
de forma efectiva. Desconfiava que
isto? Em 2002 não deveriam haver assim muitas formas de se “tropeçar” no geocaching. Manuel Antunes - Não haveria muitas formas de “tropeçar” no Geocaching mas existiu uma que foi determinante: a revista “Semana Informática” apresentou, algures em Fev/2002, um quadrado na última página a falar de Geocaching. Eu li, achei interes-
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PEDRA DE ALVIDRAR
fosse algum “andar aos gambuzinos”
sas mulheres e o meu filho procurar
aparelhos (o que “esconde” a cache e
e agi com desconfiança e cuidado.
a cache. Imprimi o mapa MapQuest
o que “procura” a cache) e pelas con-
Era algo completamente novo! Mas,
(que era o único disponível na altura e
dições meteorológicas que afectem
conforme ia lendo e ia absorvendo os
apenas nos dava o ponto inicial com a
a “visibilidade” dos satélites. Então...
princípios básicos do geocaching, ia
sua posição relativa às estradas na-
foi confrangedor e ainda hoje me rio
ganhando confiança, e a certa altura
cionais e ao Norte mas sem curvas
de mim mesmo por causa desta cena.
o foco estava no fazer bem as coisas
de nível ou estradas secundárias e de
e por isso demorei ainda mais umas
terra batida, nada).
GM – Depois desse primeiro “Fou-
semanas antes de procurar a primei-
Nesta primeira procura, dei duas
teu perfil, o Geocaching como que
“barracas”:
passou a ser a tua ocupação de fim
1) fiz o percurso ao contrário (come-
de semana, certo? Mesmo com tão
cei pela cache final e pelos pontos de
poucas caches disponíveis como
a) era uma cache que levava à aven-
referência a visitar e só no fim fui pro-
nos disseste, no primeiro mês deste
tura ao longo de vários locais. Por-
curar o ponto inicial - na altura ainda
conta logo de mais meia dúzia delas.
tanto, prometia um primeiro orgas-
não era multicache como é hoje).
O facto de ser praticamente verão, e
2) a outra “barraca” foi meter-se-me
de serem todas relativamente perto
ra cache depois de ter criado conta. E sim, foi a “Pela Pré-História do Alentejo - I “, porque:
mo duradouro. :) b) era uma forma de agradecimento ao “pregalla”, começar com uma cache dele, por me ter ajudado.
na cabeça que tinha de conseguir ter no ecrã do GPSr as exactas coordenadas publicadas! Então ali andei eu
nd it”, e pelo que se pode ver pelo
de Lisboa, também deve ter ajudado, aposto. Alguma história que recordes como verdadeiramente especial dessas primeiras semanas? Tens
c) era uma cache física longe de Lis-
a dançar com o GPSr na mão, a ten-
boa mas não demasiado longe.
tar que os dígitos no ecrã fossem os
Quanto à procura, convidei o meu
mesmos que estavam publicados.
colega de trabalho, com o qual tinha
Estás a ver a dificuldade? Agora sa-
comentado a descoberta do novo
bemos que 2 GPSrs podem não che-
regressei um par de vezes).
hobbie, e o mesmo que, depois, de-
gar exactamente às mesmas coor-
MA - Certo, o geocaching, depois
senhou o primeiro logotipo de Geo-
denadas no mesmo exacto ponto,
de toda aquela preparação teórica,
caching-pt, e lá fomos com as nos-
por causa do factor de erro dos dois
passou a ser o meu hobbie principal
como segunda descoberta a Last Home of Gertrude [Mafra], uma cache que eu gostei bastante (e onde já
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46 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
porque se ligava a várias facetas da
mas na altura não me apercebi.
da Cruz [Setúbal] [GC45D6] foi mes-
minha personalidade e experiência
As outras caches que fui procurando,
mo resgatada pelo Joaquim Safara
de vida - basta dizer que nasci em
todas elas foram desafiantes, espe-
em 2013 (relato publicado no Nº8 da
Lisboa mas aprendi a falar e a andar
cialmente a “Pequena Gruta” e assim
Geomagazine) e a da A Pequena Gruta
em Castelo Novo, na Serra da Gardu-
fui ganhando experiência e ficando
[Mafra] [GC26C3] salva em 2011 por
nha, a guardar rebanhos de ovelhas e
cada vez mais aficionado do Geoca-
alguns ilustres membros do Gang
cabras. Por isso o meu desembaraço
ching.
da Pata Negra. E é sobre esta última
fora das cidades, no meio rural.
GM – [risos] Essas “pézadas” são
que recai a próxima pergunta já que
A segunda cache, foi realmente a
sempre engraçadas de recordar! De
Last Home of Gertrudes (meu log),
vez em quando leio sobre pessoal
porque já com a certeza de que isto
que procura imenso tempo pelos
não era uma “caça aos gambuzinos” lá
containers das EarthCaches! Numa
procurar, com que podíamos contar?
me arrisquei a levar mais membros
altura em que se fala sobre a longe-
MA - A “A Pequena Gruta” era a mi-
da família, especialmente os jovens.
vidade vs efemeridade das caches é
nha segunda cache de eleição para
Adoraram, como era de esperar. :)
com genuíno prazer que vejo que a
procurar na altura - aquela que, da
Depois continuei a procurar as caches
maior parte das tuas primeiras en-
análise inicial da oferta mais desafia-
que existiam na altura mas, entre-
contradas estão bem e recomen-
va a minha procura - mas optei por
tanto, dei mais uma barraca no geo-
dam-se (algumas com a tua mão,
algumas outras caches antes para
caching: não reparei que a “A Great
outras com a minha, com a do BTro-
ganhar confiança e experiência e só
View of Lisbon” (log) era virtual, en-
drigues, Felinos, etc.). Olhando para
depois enfrentar esta. O motivo era
contrei um lápis partido, pensei que
a primeira página dos teus “Founds”,
a descrição da cache, o facto de se ir
a cache tinha desaparecido e loguei
que apresenta oito caches, só a Cabo
entrar numa gruta, a entrada/acesso
um “DNF”... Mas o “orebelo” enviou-
da Roca [GC7A2D] é que foi arquiva-
pelo “túnel” que parecia complicada...
me um email a dizer que era virtual e
da por ter sido vandalizada. As outras
tudo pormenores que desenvolviam
voltei lá para obter os dados que per-
duas arquivadas foram-no devidos a
um “Adamastor” no meu íntimo.
mitissem validar o “Found it” da cache
questões com os locais onde foram
Quando lá fui, mais uma “barraca-
- eu tinha lido sobre caches virtuais
colocadas. A Visit to Frei Agostinho
da”... Chegámos a andar com os pés
tu próprio a destacas como “especialmente desafiante”! Para nós outros, que não tivemos o prazer de a
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 47
“Deixei de ser Premium Member em 2014 por não concordar com a diferença de tratamento entre os que pagam em $usd e os que pagam em €uros, no preço pela subscrição de Premium Member”
no topo do monte por cima da Pe-
das do(s) teu(s) primeiro(s)? Não
que lhes agradeçamos visto ser res-
quena Gruta. Enfim, era uma festa,
daquele no Castelo de Lisboa, claro,
ponsabilidade deles o facto de o site
cada caçada, cada aventura nem que
mas de um DNF a sério!
existir. Durante muito tempo foste o
eu tivesse que inventar a aventura. :)
MA - O 1º DNF foi na “Cold Spring” e
“nosso” Charter Member... O que te
O que devia esperar quem lá não foi?
foi devido à dificuldade de obtenção
O log do Fonsecada-Portucalense
de um sinal GPS de jeito porque an-
ilustra bem o local da gruta, e por
dei a procurar muito longe da cache
onde eu andei. Além do acesso a de-
(soube depois quando a encontrei
safiar a aventura, dava-se de caras
mais tarde).
com um local onde havia uma gale-
A recordação mais traumatizante foi
ria de pequenas grutas interligadas e
a “Uma Aventura Na Lagoa II” (a ori-
com “janelas” naturais para o exterior
ginal, do “pregalla”). Como era lon-
e para o Rio Lisandro que desenha,
ge... uma hora a procurar e nada.
na zona, um serpentear engraçado.
Depois desta, mais alguns DNFs se
Nos mais recônditos recantos, teste-
seguiram mas o mais complicado de
munhavam-se formações geológicas
digerir, a seguir, por ser muito longe
em bom estado, frágeis estalactites
e por o local ser muito especial, foi a
e estalagmites como se pode tes-
“Fraga da Pena”. Aqui o problema fo-
temunhar no log do “MCA”, a quem
ram as coordenadas publicadas que
acompanhei mais ao “PH”, numa al-
estava mal e foram corrigidas mais
tura em que fui lá fazer manutenção.
tarde.
Já agora, e em jeito de estória lateral,
Sempre loguei os DNFs e em várias
esta visita em conjunto talvez tenha
chegava a procura de forma muito
sido a primeira em que geocachers,
insistente no início (agora já não pro-
que se conheceram apenas no geo-
curo uma cache durante 1 hora como
caching, se juntaram para ir procu-
então).
rar uma cache sozinhos, sem ser em
Enfim, nada de especial com os DNFs
passeio de familiares e/ou amigos.
para além do tempo extra a procurar
Foi nesta caçada conjunta que nas-
porque, o passeio, as vistas e a des-
ceu aquilo que viria a ser “Os Expedi-
coberta do local esses ficam.
cionários”. :)
ram nos fóruns da Groundspeak, que
GM - Aproveito este momento para
eu acompanhava diariamente.
GM – “Os Expedicionários”… já lá
te agradecer! Obrigado! Confuso?!
Deixei de ser Premium Member em
iremos! Muito mais difícil do que in-
[risos] Não devias estar... isto é o
2014 por não concordar com a di-
vestigar as tuas primeiras aventuras
que se pode encontrar no site Geo-
ferença de tratamento entre os que
“com sucesso” é rastrear os malo-
caching.com quando se pesquisa
pagam em $usd e os que pagam em
grados DNFs! Que recordações guar-
por “Charter Member”. É lá pedido
€uros, no preço pela subscrição de
48 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
levou a apostar/apoiar o geocaching logo no seu início? Houve algum tipo de “apelo” ao registo como membro pagante? Como se processou a coisa? E não menos importante, porque é que deixaste de o ser? Foi algo recente, se não me engano. MA - Os Charters Members são os Premium Member que surgiram no início e que constituíram o primeiro dinheiro que o Jeremy conseguiu para começar a evoluir o Geocaching.com. O titulo de “Charter” foi uma distinção honorífica prometida a quem aderisse. Houve um apelo feito por email que recebi algures entre junho e setembro de 2002, altura em que decidi contribuir com 30$usd anuais. Inicialmente, estava previsto que seriam Charter os primeiros 1000 que aderissem (fiquei entre os primeiros 850) mas a iniciativa teve tanto sucesso que alargaram aos que aderiram durante o primeiro ano e chegou-se a um número a rondar os 3000. Todos estes números circula-
1808 - Batalha de Roliça [Bombarral]
Uma Aventura Na Lagoa
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 49
Premium Member.
conder uma cache. A zona e o tema
to (spot). Dei-lhes corda e eles só pa-
GM – É um tema mais ou menos re-
escolhi eu, o local exacto da cache
raram quando viram que não podiam
corrente esse da diferença cambial
escolheram eles!
subir a muralha. :)
entre as duas moedas… de vez em
Mas... há uma história secreta por
quando leio num dos fóruns que al-
trás desta cache. Ou quase secreta.
Penso que era a cache mais difícil na
guém tem de renovar a assinatura e
Como já havia uma cache na Serra
que não faz sentido esse tratamento
de Sintra (a “O Lugar dos Mortos”) eu
diferenciado. De qualquer modo di-
senti certo desconforto em colocar
go-te que fiquei com pena de perder
lá outra cache porque a que lá esta-
o “nosso” CM! O que nem sequer faz
va, considerando a densidade e dis-
muito sentido, o de perderes o es-
tribuição de caches em Portugal, já
tatuto de Charter Member, se esse
‘mostrava’ Sintra. Então, enviei um
“titulo” foi atribuído aos primeiros
email ao “pregalla” a perguntar se ele
que contribuíram. A única diferença
não se importava que eu colocasse
é que agora seria CM Basic Member
outra cache... na outra ponta da Ser-
e não CM Premium Member.
ra de Sintra (a mais de 500m). Argu-
Debrucemo-nos agora um pouco so-
mentei, algo comprometido e sem à
GM – Agradece-lhes lá por mim!!! A
vontade, que a cache estava longe da
mim deu-me muito trabalho [risos]…
dele e tinha outro tema e, do que co-
A tua segunda colocação encontra-
nhecia, aquele era o local certo para o
se arquivada e lembro-me de (mais
meu tema, aventura tipo “indiana Jo-
ou menos) recentemente ter lido al-
nes”, pela floresta densa e tenebrosa
gumas coisas sobre ela, pela escrita
bre a tua faceta de Owner! Setembro de 2002 é a data que consta naquela que é a tua primeira (excelente, diga-se) cache! Castelo dos Mouros [GC88D3]… como na altura não havia “log” de publicação, confirmas essa
(na altura não havia limpeza de ma-
como a data real de colocação? É que
tas como vai havendo agora).
a primeira tentativa para a encontrar
GM – Não era (é) uma cache “fácil”!
foi feita apenas em Janeiro de 2003.
Tem já 185 DNFs! Eu próprio demo-
Porque ali? Era(é) um daqueles lo-
rei bastante tempo até me decidir a
cais que tem mesmo de ter uma cache? Não faço esta pergunta tendo em conta o panorama actual das coisas… faço mesmo no contexto em que a colocaste, meados de 2002. MA - Sim, confirmo a data de colocação da “Castelo dos Mouros”. Ao fim de várias caches encontradas, senti que estava pronto para colocar a minha primeira. Já tinha visto vários tipos de container e de esconderijo e
ir procurá-la e no dia demorei bastante tempo a dar com ela. Estávamos já em finais de Maio quando o Pedro(OCoyote) lá deu com ela. Chegaram mesmo a dizer que a cache se arriscava a ter mais visitas tuas do que de outros geocachers. [risos] Tiveste essa percepção? É(era) mesmo um “found” que cobra(va) o esforço? Provavelmente, a cache mais difícil de encontrar do seu tempo?
altura, embora eu não tenha visitado todas as que existiam mas pelos comentários que fui recebendo... ficava com as “orelhas quentes”. :) 785 found, 185 dnfs e 10 visitas de manutenção. Acho que o saldo é positivo e nem todas as caches têm que ser fáceis e rápidas de encontrar. Quem se desiludiu com esta cache é porque não leu bem a descrição e/ou não viu bem os atributos da mesma.
do Joaquim Safara. Temos no registo dele sobre a Lisbon’s Monsanto - A Paleovolcano?
[Lisboa]
[GC9ACE]
uma boa história para ler mas o que me chamou mais a atenção foi o teu registo com a indicação dos pedidos de colocação de caches em Monsanto aos responsáveis pelo espaço... Fala-nos um pouco dessa “Semi-Earthcache” e desses contactos. Já agora, sabes quantas caches por lá existem hoje em dia? MA - A segunda cache foi ainda mais pensada e planeada do que a primeira. Num dos semáforos da Praça de Espanha, recebi uma publicação da
comecei a planear a minha contribui-
MA - Na página da cache escrevi:
ção. O local? Simples. Estava-se na
“Procurei este local com o meu filho
época em que o herói dos filmes era o
(Filipe, 10 anos) e o meu sobrinho
Indiana Jones e eu tinha, na família, 2
(João, 8 anos) e eles adoraram andar
ção. O tema era os vestígios paleo-
“Lobitos” (iniciantes nos Escuteiros)
a fazer de “Indiana Jones”.”
volcânicos da Serra de Monsanto.
e então desafiei-os a irem comigo,
Eles foram terrivelmente sádicos...
Interessei-me pelo assunto e decidi
para as redondezas do Castelo dos
Como disse, eu escolhi a zona e o
colocar uma multicache que levasse
Mouros procurar um local para es-
tema e eles escolheram o local exac-
a visitar os pontos assinalados nessa
50 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
“Cais” das mãos de uma das pessoas que são ajudadas por essa institui-
Junho 2016 - EDIÇÃO 21
PORTO FURADO
revista.
Squirrel” [GCGD9A] que também não
versations/messages/172
No meu planeamento, fiquei a sa-
resistiu aos maus tratos e vandalis-
e foi pena não ter feito um prints-
ber, pela minha irmã, que trabalhava
mos.
nas Estufas de Monsanto, que havia
Quantas caches existem em Mon-
tava lá a referencia ao geocaching e
um Dr. Paulo Lopes no EPEM que era
santo? Bem, com a “Mistérios...” de-
à minha cache (agora a página já não
muito acessível, aberto e focado em
vem totalizar algumas 300...
existe...) https://groups.yahoo.com/
novidades. Telefonei-lhe e marcámos
Ainda sobre o pedido de autorização
neo/groups/geocaching_portugal/
uma reunião. Eu tinha a noção de que
para colocar a cache em Monsanto,
conversations/messages/178
Monsanto não era um terreno baldio,
aqui está o que fui partilhando com
abandonado, e sabia que tem insti-
a comunidade geocacher da altura -
GM – Eia! O que se descobre ao per-
tuições a tratar dele. No dia marca-
sim, a partir de Agosto/Setembro de
do, lá fui falar com o Dr. Paulo Lopes,
2002 já começou a constituir-se uma
expliquei-lhe o Geocaching, levei o
comunidade por iniciativa do Ricardo
portátil já com paginas html e mapas
Bordeira Silva ao criar o grupo geoca-
abertas (não tinha internet fora do
ching_portugal no YahooGroups:
escritório/casa) e, pedi-lhe autoriza-
(se não tiveres acesso a estes links,
ção para colocar uma cache dedicada
diz que eu envio copy&paste ou crias
aos vestígios vulcânicos de Monsan-
conta no YahooGroups e aderes ao
creen desta página web porque es-
guntar as coisas às pessoas certas! Tenho pena por ele andar algo afastado do geocaching por estes dias (anos)… passei bons momentos a procurar as caches dele cá pelo distrito de Lisboa. Colocaste mais meia dúzia de caches durante o ano de 2002, três delas arquivadas e três activas (presente-
to. Ele autorizou e até fez mais; pu-
geocaching_portugal)
blicou um banner publicitário na pá-
(repara nos avisos À Brisa e aos
gina da CML do EPEM sobre a minha
Guardas Florestais sobre a presença
cache e pediu aos guardas/vigilantes
da minha cache :) )
de Monsanto que verificassem de
https://groups.yahoo.com/neo/
vez em quando se estava tudo bem.
groups/geocaching_portugal/con-
O Dr. Paulo Lopes, a quem eu apre-
versations/messages/167
sentei o Geocaching em Setembro de
e o resultado da reunião com o pl-
entrevisto que teve uma Geocache
2002, é hoje o geocacher “plnauta”.
nauta, perdão, Dr. Paulo Lopes :)
Locationless (reverse). Explicas-me
Depois desta cache, ele ainda auto-
https://groups.yahoo.com/neo/
um pouco do que era esse tipo de
rizou uma outra “The (Imprisioned)
groups/geocaching_portugal/con-
cache, hoje “grandfathered” e a his-
52 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
mente). As três que subsistem somam perto de 240 favoritos, o que demonstra o apreço que a restante comunidade vai tendo para com elas… mas a minha curiosidade vai para a Ancient Aqueduts [GCA9CE] visto que és a primeira pessoa que
tória por detrás da tua? MA - As LocationLess caches eram um tipo de caches virtuais, sem contentor físico e sem os aspectos negativos de uma procura física (degradação do meio, perigo para a ca-
“Lembra-te que eu, o clcortez, o zoom_bee, etc.... somos “corpos estranhos” no Geocaching vigente”
che, etc.) mas com os aspectos negativos de uma cache virtual (tentativa de batota). Como funcionavam? Alguém criava uma cache virtual em algum local, dedicada a um tema, e depois desafiava os outros geocachers a procurar um local/tema semelhante em qualquer parte do Mundo. Para logar esse tipo de cache virtual, o criador especificava um conjunto de regras que, normalmente, incluía um foto do local/ tema “logado” a validar a sua semelhança com o original. No meu caso escolhi o tema do Aquedutos Antigos, ou da antiguidade, e recebi logs de aquedutos espantosos, antiquíssimos (Incas, por exemplo) e remotos, por todo o planeta (inclusive, Austrália). Deliciei-me a ler muitos dos registos que ia recebendo. O Orlando Rebelo criou uma sobre Pontes Romanas e o Ricardo Bordeira Silva, sobre Monumentos ao Vasco da Gama - impressionante a diversidade de locais onde foram erigidos monumentos a esta figura da nossa História!
algum em especial que queiras destacar? MA - Sobre as caches que coloquei na fase inicial, tentei focar-me em temas - os vestígios vulcânicos da Serra de Monsanto, os vestígios e dinossauros na zona do Cabo Espichel, os aquedutos antigos - e em locais especiais - a Gruta de Santa Margarida na Arrábida, o Pulo do Lobo no Rio Guadiana ou a Furna que Sopra em Peniche com o seu curioso sopro do Mar. Talvez que me deu mais prazer a colocar, dessa primeira meia dúzia, tenha sido mesmo a dos vestígios vulcânicos de Monsanto e a dos vestígios de dinossauros no Cabo Espichel. Foram duas caches que me levaram a bastante investigação e preparação. Também gostei da maneira como “encontrei” a Gruta de Santa Margarida: comecei a vasculhar os livros todos que tinha cá em casa e encontrei o “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garrett que falava da Gruta de Santa Margarida. :) GM – Sobre os primeiros arquivamentos, queres desvendar os motivos por detrás deles? Falo da The
Depois, mais tarde, quando as Loca-
Aqueduct [GCA3E6] e da Centro
tionLess caches foram transformadas
Geodésico de Portugal [Vila de Rei]
em Waymarks Categories, abri a pos-
[GCA6CC].
sibilidade aos canais de irrigação, a
MA - Os arquivamentos... a grande
coisa abandalhou-se e desisti.
maioria deles foram, e serão, devi-
GM – Conhecendo a tua “reputa-
do a falta de cuidado e/ou desleixo
ção”, não duvido que cada uma das
dos visitantes das caches e que as
tuas outras colocações que referi (de
deixam em risco, seja de serem des-
2002) tenham muitos motivos de
cobertas por não geocachers, seja o
interesse por detrás das mesmas…
risco de sofrerem os efeitos das in-
tempéries. As caches virtuais e a multicache mais elaborada que criei [GCVYJQ] foi por constante tentativa, e em alguns casos prática mesmo, de batota de chico-espertos.
Não fora isso, e praticamente ainda estariam todas activas hoje. É só consultar os logs de arquivamento para confirmar isso mesmo. GM – A minha intenção não é fazer uma retrospectiva total e exaustiva das tuas aventuras/caches/etc. mas a verdade é que foste um dos primeiros (se não o primeiro) numa série de iniciativas e “inovações”! Interrompe-me sempre que achares necessário para falares de assuntos pertinente e interessantes que esteja inadvertidamente a ignorar [risos]. Chegamos a maio de 2003 e ao teu primeiro evento como organizador (a meias com o Lobo Astuto), o 2nd Geocacher’s Meeting in Portugal [Lisboa]. No rescaldo do primeiro meeting (seis meses antes) podemos encontrar esta curiosa referencia na listing “Somos os únicos malucos por aqui”! Era o que achavam? Apareceram tão poucos no 1º meeting (três attends feitos)… neste vosso quase que quadruplicaram os presentes. MA - Deixa lá, por esta altura já deves ter perdido metade dos leitores! [gargalhada] Lembra-te que eu, o clcortez, o zoom_bee, etc.... somos “corpos estranhos” no Geocaching vigente. Somos assim, uma espécie de “homens das cavernas” que são muito giros para ver numa montra, num museu mas nada mais do que isso. ;) Continuando, porque tenho prazer e orgulho no nosso percurso no Geocaching. Porque, para mim, Junho 2016 - EDIÇÃO 21 53
esta entrevista é como criar uma
leções por especialistas em GPS (O
sendo que apenas três delas são tra-
cache; respondo com o prazer que
Afonso Loureiro, recentemente for-
dicionais. Parece-me que apenas na
criei as caches. Se depois as pessoas
mado e o js-sms, Professor na Facul-
Hungria subsistem ainda as duas,
apreciam a entrevista ou as minhas
dade de Ciências) que nos ensinaram
Tradicional e Multi. Parece-te que
caches, não é relevante. Eu fiz o me-
os conceitos por detrás do sistema
lhor que podia. E há sempre gostos
GPS, com a ajuda de equipamento
faz sentido existir a Multi sem a ou-
para tudo…
profissional.
“Somos os únicos malucos por aqui?”.
GM - Um Evento com “E” grande
todas?
Repara que se tratava de uma per-
portanto! Monsanto é deveras um
gunta e significava que queríamos
local TOP para a prática deste nos-
MA - Foi um conjunto de projectos
saber se, além dos que já se tinham
so hobbie, especialmente em família
apresentado no Geocaching_Portu-
(já o fiz algumas vezes). Entretanto
gal, havia mais.
e pelo que se depreende pelos es-
Mas, por outro lado, agora existem
cassos dias que mediaram entre o
dezenas de milhares de Geocachers. Na altura conheciam-se, entre os que criaram caches e os que as procuraram, uns 20 ou 30. Mesmo que fossem o dobro (e não soubéssemos por não terem criado caches ou feito logs nas que existiam) seriam uns 60 ou, vá lá, uns 100 Geocachers em Portugal. Por isso, sim, na altura sen-
parte da outra… é(era) assim para
meeting e a tua seguinte publicação, andavas bem activo! Um evento bem organizado seguido de uma interessantíssimo “projecto”, onde foste,
novamente,
pioneiríssimo!
Falo, obviamente das famosas IMCs, European IMC No.1 P - P - Castelo de Bode e European IMC No.1 S - P - Tide Mills [Almada]. Qual a génese
tíamo-nos algo únicos, especiais.
da coisa? Como surgiu esta ideia?
O 2º encontro de Geocachers foi um
MA - As IMCs foi ideia do Hendrik
impulso e uma necessidade natural, até devido à meia desilusão que tinha sido o primeiro encontro, por terem ido tão poucos e até o organizador não pode ir. Assim, para a organização deste segundo encontro nacional, esmerámo-nos e, além do local muito bem escolhido (tínhamos a percepção que Lisboa era a zona com mais geocachers e Monsanto é um local naturalmente atractivo para um picnic com a família), criámos um programa bem composto que incluía jogos (com pré-
tra? No teu caso, uma dependia em
Woelper, um geocacher alemão. Está tudo contado aqui http://forum.geocaching-pt.net/viewtopic. php?p=9495#p9495 e a página inicial do projecto é esta http://www. woelper.net/gc/imc-ec-no1.php Um conjunto de multicaches, constituído pela cache primária e pela cache secundária em cada país em que, para se encontrar a secundária era necessário visitar a primária e depois trocar dicas com os outros geocachers estrangeiros. O projecto evoluiu até à versão 4, tendo eu
interessante mas foi-se degradando e quando começa a falhar em vários países, todo o conjunto vem abaixo. GM – É uma pena. São estas coisas que dão (ainda) mais interesse ao Geocaching. Lembro-me de ter encontrado uma tua, na Serra de Sintra… agora chama-se apenas Feel The Wind [GCKJ9A] mas quando a encontrei julgo que faria parte da versão 2 (até pelo nome). MA - Sim, a “Feel The Wind” era anteriormente a “IMC No. 2 P - PT - Feel the Wind”. GM- Outra das coisas que (me) dá bastante gozo é procurar caches antigas (como quase todas as tuas) e caches “descontinuadas”… não há como ignorar as três Virtuais no teu perfil, todas arquivadas. Referiste há pouco que o fizeste por causa dos Chico-espertos e Batoteiros mas, nem sei bem como colocar a pergunta, o que se sente ao arquivar uma cache de um género que não voltará a ter novos exemplares? A fazer fé na nota do Joaquim Safara, colocada na Memories of Stone and Water [Lisboa] [GL448JCB], esta tua terá sido
representado Portugal nas versões
mesmo a última virtual publicada.
1 (água) e 2 (vento), o lynxpardinus
MA - O que senti quando arquivava
(Ricardo Silva) na versão 3(terra) e o
as minhas caches... Uma grande sen-
mtrevas (Miguel Trevas) na versão 4
sação de perda e revolta mas eu não
acompanhada por monitores do
(fogo).
sou de “dar a outra face” ou de “dei-
Parque de Monsanto e que eram os
GM – Uma pesquisa rápida revela 14
xar andar”. Se não respeitam alguma
ajudantes do Dr. Paulo Lopes) e pre-
destas primeiras IMCs ainda activas,
das minhas caches, então é porque já
mio), distribuição de t-shirts, troca de prendas, actividades acessórias (a subida da parede de escalada que ali existe e que depois motivou caches,
54 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 55
TRILHOS && CARVÃO - TV01
SOFT WATER OVER HARD STONE [PORTO DE MÓS]
56 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
estão a mais. As caches que criei, os
apostada em mudar tudo o que foi o
se também ao pcardoso?
projectos em que me envolvi custa-
seu início e o seu espírito inicial em
ram-me tempo, dedicação, dinheiro,
favor de uma cada vez maior moneti-
privações... Foram feitas de acordo
zação do Geocaching...
MA - Aplica-se tudo relativamente à consideração por ser mais antigo e experiente que eu e ser uma pessoal muito afável e acessível. Existiram diversos episódios que nos puseram em contacto (as caches dele na zona de Mértola) e que nos levou a ir visitá-los na Ilha Terceira, fazer uma caminhada guiada por ele e jantar com ele e família e fazer a manutenção da “Atlantis” [GCK1JY].
com as guidelines da GroundSpeak, foram aprovadas pelos Revisores e eram para ser visitadas ou logadas da forma como foram idealizadas. Quem não concordasse, passasse à frente e fosse procurar outra cache. No início, este conceito era perfeitamente aceite a respeitado. Por exemplo, existe um Geocacher que não procura caches onde não consegue chegar fisicamente devido à sua pequena estatura e está no seu direito. Ele acha que o Geocaching não deve ser uma prova ou mostra de aptidão física. Está no seu direito, ele ignora
GM – “(…) a capacidade e dedicação para ir mantendo as minhas caches”. Aqui está o mote para introduzir umas questões sobre as caches que adoptaste. As duas mais antigas do teu perfil, dos idos anos de 2001, vieram da pena do Pedro Regalla. O que aconteceu? Como se proporcionou a continuidade destas caches, pelas tuas mãos? MA - O Pedro estava a desligar-se do Geocaching “no terreno” porque ia para Paris (onde terá estado uns tempos) e procurou adoptantes para
essas caches e procura outras.
as sua caches.
Nas minhas caches virtuais e na mul-
As três caches que aceitei diziam-me
ticache mais elaborada que criei,
algo; uma porque foi a minha primei-
apareceram demasiados casos de
ra (Pela Pré-história do Alentejo), as
contornar a cache na forma como foi
outras duas porque era um tema que
elaborada e decidi acabar com elas.
me agradava (aventura na Lagoa) e
Quem as procurou e encontrou de
estavam perto de locais onde eu ti-
acordo com o idealizado para a cache, não perdeu nada. A história das caches também não se perdeu - pelo menos enquanto ainda for relevante em termos de tempo histórico, quem não as encontrou por já não existirem... parece evidente que tem muito por onde procurar e os spots ficaram livres para outras criações iguais ou melhores que as minhas. Só fica mesmo irremediavelmente perdido as badges e as GC6... agradeçam aos batoteiros. Eu, pelo meu lado, nunca perdi a capacidade e dedicação para ir mantendo as minhas caches. Por outro lado, se elas não tivessem sido arquivadas pelos motivos que
nha ligações, seja porque tinha outras caches na região (Mértola), seja porque passava frequentemente na zona e tinha sentimentos fortes por aquela cache, pelo que provocou nas minhas procuras. Senti também que eu, na altura, era o que tinha mais capacidade para adoptar caches distantes da zona de residência e, por isso, quando o Pedro colocou as suas caches para adopção, não me candidatei às caches mais perto, porque sabia que haveria candidatos para elas, como aconteceu. GM – Se falarmos no Regalla, não
foram, será que ainda existiam tal
podemos deixar de fora outro “di-
como eu as criei? Não tenho a cer-
naussauro”, o Pedro Cardoso. O que
teza. A GroundSpeak parece que está
disseste para o outro Pedro aplica-
GM – No seguimento destas perguntas, destas caches adoptadas, impõe-se um pequeno interlúdio sobre os teus “planos de manutenção”! [risos] Não tenho dúvidas de que a tua postura no que refere este ponto (ter as caches em excelentes condições) é UMA das razões pelas quais és um dos chamados “Geocachers de Referência”. O que te apraz dizer sobre este assunto? MA - Eu aprendi o Geocaching em 2002. Com as virtudes e defeitos que tinha. No espírito do Geocaching original estava implícita a manutenção das caches, o não colocar caches que não se pudessem manter, etc... Eu mantive-me fiel a esse espírito. É só. Para mim, é uma coisa natural e é pena que eu me distinga por isso. Eu devia ser apenas um na multidão dos geocachers conscienciosos e que medem bem as consequências de colocar caches. O facto de eu ser de “referência” por esse motivo, só me preocupa em vez de me agradar. GM - Julgo que haverão mais (muitos mais, espero) “geocachers conscienciosos” como referes. [Risos] Agora, conseguir manter essa “postura” ao longo de 15 anos não é para todos, disso não tenho dúvidas. Mas como disse, essa é apenas UMA das coisas em que te distingues! Tenho aqui Junho 2016 - EDIÇÃO 21 57
uma pequena lista delas [Risos]
na altura.
dedicava a “rapellar” para dentro de
Ora vejamos, “aproximação à MAn-
- outra, a minha maneira de ser.
uma gruta, claro.
tunes”! É uma expressão muito ouvi-
Quanto ao tempo, estava-se no iní-
MA - Sim, evito que a minha maneira
cio e a maioria das pessoas “bebia”
de procurar caches provoque cons-
os conceitos dos Geocaching directa-
trangimentos aos outros compa-
mente da fonte oficial. Não havia in-
nheiros de caçadas. Normalmente,
termediários e a informação era sim-
coordena-se as coisa de forma a que:
ples e directa. Encontrou = “Found”,
ou vou antes deles ou vou depois.
não encontrou = “Not found”, outras
Depende da situação. Era comum a
situações = “Note”. Não havia outros
expressão “Busca Manel!” entre os
da por esses montes e vales... haha, uma pesquisa no Google por essa frase (+geocaching) devolve mesmo um “quer dizer que dá para fazer a aproximação à MAntunes?” vindo do baú do @PT. Desvenda lá esta estória, s.f.f.! MA - A estória da “aproximação à
tipos de logs.
MAntunes” nasceu neste log e nesta
Eu comecei a praticar Geocaching
que já podia ir procurar a cache. :).
com amigos, e família e depois con-
Nessa situação que relatas, como o
foto. Depois de um CITO em Monsanto/
tinuei sozinho. Habituei-me a que o
Estádio Nacional, fomos separada-
mérito ou demérito era meu (e/ou da
mente a esta cache (não me lembro
minha equipa, família, que eu levei a
se combinámos ou se calhou porque na altura havia muito poucas caches para procurar). Como abordámos a cache de maneira diferente, ele chegou primeiro e ficou ali a observar aqui o artista e a rirse enquanto me tirava fotos. A partir daqui, pegou a expressão e como eu sou mesmo assim, directo e simples, tanto na abordagem das caches como na abordagem das pessoas, a fama ficou. :) GM – O bom do Cortez… tem o condão de lançar “essas modas”! [Risos]
passear) e esse hábito ficou assimilado desde o início. A outra razão, porque não sou o único Geocacher ainda activo que aprendeu a actividade naquela altura, tem a ver com a minha personalidade. Se é verdade que sou simples e directo com as pessoas e não me coibo de ir directamente falar com elas - seja para o bem, seja para o... menos bem, também é verdade que sou algo restritivo e marco fronteiras que não ultrapasso. Eu não acho bem estar a registar como encontrada uma cache
Para terminar este périplo pelas
que eu não encontrei e assim proce-
“coisas que distinguem sobremanei-
do. Para mim é simples e óbvio mas
ra o Geocacher MAntunes” [Garga-
aceito perfeitamente que os outros
lhada], falemos um pouco daquela,
encarem esse aspecto de forma mais
para muitos, digamos, mais “estra-
aberta e descontraída.
nha”. Parece-me que serás mesmo
GM – Então e quando essas duas
o único “adepto” desta. Falo obviamente do “Found It” como o entendes e aplicas. Diz-se, e lê-se, que, para ti, o “found” só conta se fores mesmo tu a encontrar a cache. Enquadra-nos lá essa tua faceta s.f.f..
formas de encararem os “founds” se cruzam?! Nunca ouviste um “Ei! Onde para o Manuel?” ou “Então? Não vens?”? Lembro-me de ler alguma coisa sobre um “episódio” des-
Expedicionários, para me dizerem
pessoal estava entretido a enfiar-se no buraco, e o tempo de espera na fila era alargado, aproveitei e fui procurar a cache. O buraco onde nos metemos numa iniciativa do BTC , foi A Fenda e a vizinha foi a Lapa da Columbeira. GM – Columbeira!!! Era isso! Estava a embirrar com Maceira e nunca mais chegava aí… bem podia procurar. Isto é mesmo como as cerejas [risos]… fui ver o meu registo e escrevi um brilhante “log later”, ainda em 2013, o que me fez lembrar de algumas questões relacionadas com SmartPhones. A mim, pessoalmente, dá-me muito jeito a possibilidade de criar e mandar para o site “field notes” (ainda no gz) principalmente porque ficam em “hold” no nosso perfil, evitando registo do tipo que referi atrás. Mas, parece-me, é das poucas vantagens que também beneficiam os Owners das caches. O que te parece? Julgo que também serás algo crítico da utilização dos ditos telefones inteligentes no Geo-
ses numa excelente cache na zona
caching.
da Maceira, salvo erro. Por episódio
MA - De modo nenhum! Como in-
- uma, o tempo em que eu aderi e a
refiro-me a teres ido procurar uma
formático que sou, adoro gadgets e
prática/espírito que se evidenciava
cache a solo enquanto o pessoal se
brinquedos electrónicos que nos fa-
MA - É muito fácil. Tem duas origens:
58 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
cilitem a vida.
de contactar o geocacher, caso ne-
pela cache, é o apenas o encarregado
Fui um dos primeiros a ter uma so-
cessário. Julgo que tiveste alguns
da manutenção da mesma que tem
problemas relacionados, há alguns
a obrigação de manter esse produto
libradas a funcionar e, uma vez, no
meses.
em boas condições para os Visitan-
Geocaching-pt, sonhei com um apa-
MA - Ah, esse tema... sim, infeliz-
tes.
relho que combinasse gpsr + gsm +
mente a GroundSpeak tem vindo, gra-
Como disse, há vários episódios que
mapas e caches online. Ainda só ha-
dualmente, a afastar-se do espirito
se espalham ao longo dos anos e co-
via pocket pc sem GPS integrado (era
inicial do Geocaching, que ela pró-
meçou, para mim, com a possibilida-
adicionado com um adaptador CF ou
pria criou, e tem alterado as regras
de de os visitantes básicos poderem
via bluetooth) nem gsm.
e guidelines de forma a beneficiar os
logar caches Premium (pmoc) se ace-
Hoje em dia, depois do meu velhinho
“procuradores das caches”/Visitan-
derem ao formulário do log pelo link
GPSr Magellan Platinum ter morrido
tes em prejuízo dos “colocadores das
directo (um porta deixada proposita-
de vez, uso apenas um smartphone
caches”/Responsáveis. As ferramen-
damente aberta?) porque de modo
com c:geo.
tas dos primeiros têm aumentado e
próprio, pela listing, com a sua conta,
Não costumo fazer “field notes” ou
as obrigações dos segundos têm-se
não o podiam fazer porque as pmoc
“logs de off-line”. Quando encontro
mantido, o que está correcto, mas as
eram só para Premium Members, tal
uma cache faço imediatamente o
ferramentas que tinham à sua dispo-
como foi noticiado quando foi anun-
registo resumido e depois, em casa,
sição para exercerem o seu papel de
ciado o aparecimento das pmoc, a
completo e coloco fotos.
responsáveis têm vindo a diminuir.
que eu assisti.
O que me parece? Acho que é uma
Existem vários exemplos que, ao
Depois, foi a proibição indiscrimina-
solução mais equilibrada porque dá
longo dos tempos, me levaram aos
da das ALR (Aditional Logging Require-
a informação básica e essencial ao
foruns oficiais da GroundSpeak argu-
ments) facilitando a bandalheira em
dono/autor da cache (encontrei/não
mentar, sem resultado, pela defesa
que se tornou o registar como en-
encontrei e as impressões mais for-
do papel do Responsável pela cache.
contradas as caches, no caso mais
tes da visita).
A sensação que tenho, já há vários
usual, virtuais.
GM – Hum… estava a referir-me a
anos, é a de que uma cache é um Ser-
Esse último(?) aspecto da aplicação
aspectos como os de se poder regis-
viço ou Produto disponibilizado pela
oficial do Geocaching para dispositi-
tar a visita sem na realidade se es-
GroundSpeak ao Visitante que tem o
vos móveis, foi outra machadada no
tar sequer registado no site oficial e
direito de a registar como encontra-
ânimo de quem tem que manter as
por conseguinte não se ter maneira
da a seu belo prazer, e o Responsável
caches de forma a respeitar as Gui-
lução PocketPC + gpsr + cartas ca-
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 59
60 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
delines, na parte da manutenção. É
formação.
de moderação.
que, ao disponibilizar a BD das ca-
Após a ajuda inicial dada pelo Pedro,
Mais uma vez o “Torgut” teve razão
eu precisa de saber mais. Os fóruns
neste caso ao dizer que não valia a
da GS eram a minha única fonte de
pena argumentar nos fóruns da GS,
informação.
quando eu ia lá tentar lutar por cau-
ches em dispositivos móveis sem os obrigar a criar conta com email validado, provoca que, caso necessário, o responsável pela cache não possa contactar o visitante para esclarecer alguma dúvida, pedir a eliminação de um log duplicado ou indevido, etc... Eu, depois de várias tentativas frustradas de contacto e de ter lutado nos foruns da GroundSpeak, outra vez sem sucesso, passei a apagar os logs de visitantes sem email validado, quando esses logs tenham alguma característica que os invalidem (duplicado, sem correspondência no logbook). GM – Esse é outro aspecto em que me parece que te destacas de grande parte da comunidade… sempre tive a “impressão” de que és um dos mais atentos dos “nossos” geocachers ao que se vai passando com a GS e sobre os assuntos discutidos nos fóruns deles. Dizes mesmo que tens argumentado por lá, invariavelmente sem grandes resultados, certo? Parecem-te discussões em que pura e simplesmente são ignoradas as opiniões dos “jogadores” porque as decisões estão tomadas? Julgo que até a forma como isto se pro-
Acompanhava
quase
tudo que se passava lá. Os fóruns da GS, algures entre 2006 e 2008 mudaram de plataforma e de orientação. Até aí, era usual ver-se o Jeremy contribuir ou responder nos fóruns ou, em resultado dos fóruns, responder directamente por email. Sentíamos o Jeremy como um de nós. Depois dessa mudança tecnológica e de gestão, os fóruns tornaram-se maiores, mais organizados, mais formais e... mais distantes. Durante alguns tempos, o conteúdo dos antigos fóruns ainda esteve disponível para consulta na secção arquivo - tópico bloqueados a novos posts mas consultáveis. Agora já não estão acedíveis da primeira página (cheguei ao link acima através da lista dos meus posts). Praticamente deixámos de sentir a presença do Jeremy e passou a haver um conjunto de pessoas a servir de tampão entre a comunidade e a estrutura dirigente do Geocaching mundial. Os foruns da GS, actualmente são uma ferramenta que, acredito, os
sas em que acredito. O outro assunto foi quando disse que eu fazia mal em promover a divulgação do Geocaching. GM – Estes assuntos, mais do “foro informático”, mais do “backoffice” do que actividade maioritariamente de ar livre que é o Geocaching, chamam pelo teu lado profissional? Referiste há pouco que és informático. Há uma relação directa entre a tua actividade profissional e a lúdica? MA - Descobri o Geocaching através de uma publicação relacionada com a minha profissão e, no início, era necessário, não digo bagagem mas predisposição para entrar na tecnologia e nos gadgets. Sem essa força e curiosidade interior, as pessoas não entravam neste jogo de “maluquinhos da informática” - não havia mapas online, os GPSrs nem todos tinham mapas base e era mais difícil do que agora, em que um único aparelho faz tudo e actualiza-se quase automaticamente com as caches. Devido à minha profissão, que me deu um certo à vontade na parte tecnoló-
cessa se tem vindo a alterar, certo?
“TPTB” (“The Power That Be”, ex-
O Fórum em si não é uma coisa até
pressão usada lá) consultam mas já
recente?
não lhe dá a importância que lhes da-
nascido em Lisboa -, consegui entrar
MA - Sim, sempre estive atento aos
vam nos primeiros anos. Basicamen-
bem, tanto na parte técnica como na
te, são uma válvula de escape da co-
parte lúdica e tenho mantido a minha
mente nos primeiros 10 anos da mi-
munidade que eles tentam ignorar e
capacidade e postura em ambas.
nha actividade. Mais uma vez, por
apenas em casos mais importantes,
GM – Pois foi… descobriste o geo-
razões históricas; no início não ha-
intervêm e lá aparece um dirigente
caching num meio de comunicação
via fóruns em Portugal (a mailing list
a responder - não estou a falar dos
e depois foste estrela em pelo me-
do Yahoo aparece mais de 6 meses
moderadores, esses são o tal tampão
nos um outro! Lembro-me de ter vis-
depois de eu saber da existência do
que foi colocado entre a comunidade
to uma pequena peça de telejornal
Geocaching) e eu estava ávido de in-
e a GS, para além do papel principal
onde promovias o Geocaching, julgo
fóruns da GroundSpeak, especial-
gica e o facto de ter aprendido a falar e andar na província - apesar de ter
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 61
“Geocaching, sim, sempre, mas de uma forma moderada e não ao ritmo e envolvimento que tinha antes”
que de 2005. Era a isso que o Torgut
nários”. Começaram por seres Tu, o
encontrámos com o Roberto e o MCA
se referia? Como te viste envolvido
MCA e o BH, certo, como disseste no
viu que ele conduzia o LR serie II, de
em mais essa aventura?
início da nossa conversa? Quando é
1900 e troca o passo”... caíu de quei-
MA - Sim, era a essa entrevista na
que aparece a “designação”?
xos no chão e fez logo por continuar a
RPT2, programa Magazine 2010, que
MA - “Há que agradecer aos céus por
viagem no LR descapotável, mesmo
ele se devia referir mas também a
não teres dado com esse link!!! [risos]”
com vento e frio nas estradas gale-
outras entrevistas que dei a jornais e
Não encontrei a reportagem mas en-
gas, por onde fomos para ligar Por-
revistas. Acreditava eu, na altura, que
contrei o log da ganda bosta de ca-
tela do Homem com a zona do Rio
o Geocaching devia ser mais divulga-
che que encontrámos após a entre-
Laboreiro.
do e partilhado por um maior público.
vista. ;)
No fim, foi 1 (um) dia com saída e
Magazine 2010 - 13/Ago/05 // Pú-
Designação dos “Expedicionários”?
regresso a Lisboa em que fomos ao
blica (Revista semanal do Jornal o
Acho que foi durante a primeira saí-
Gerês, atravessámos um niquinho
Público, nº 457, 27/2/2005)
da, em 2004, ao Gerês onde fomos
da Galiza, fomos a Castro Laboreiro,
Depois, ainda houve outra em que eu
só os primeiros três. :)
algumas pontes romanas, e terminá-
e o Cláudio fomos cachar de bicicleta
GM - Primeira saída a três no Gerês...
mos numa cache na zona de Arcos de
em volta do Rio Trancão e combiná-
Conta! Não é bem a mesma coisa que
mos encontro com umas jornalistas
combinar ir ali à Ericeira procurar
para nos entrevistarem em calças de
uma cache! Quero(mos) saber tudo!
sei eu na altura. :)
lycra (nós). Mas não tenho o link da
MA - Depois da caçada à “A Peque-
GM – Essa foi a primeira de muitas!
reportagem publicada.
na Gruta” ficou a vontade de repetir
Valdevez, a 56411m de altura. “Os Geocachers deve estar doidos!”, pen-
Já vi algumas fotos com bem mais de três aventureiros… foi a evolução
Como me envolvi nessas aventuras?
a experiência e o Gerês desafiava a
Basicamente era contactado por al-
nossa imaginação e espírito de aven-
guém a pedir uma entrevista ou re-
tura. Então, passámos uns tempos a
portagem. Penso que os jornalistas
tentar conciliar agendas familiares
me encontravam pela minha activi-
até que decidimos ir só os três. Con-
dade, tanto no Geocaching.com como
tactámos o Roberto “rob300_tdi” e
no Geocachig-pt e me contactava. Foi
combinámos encontro na Portela do
deira “excursão”…
isso.
Homem, onde ele nos esperaria para
MA - O objectivo dos Expedicioná-
GM – Há que agradecer aos céus por
depois nos acompanhar na caçada
rios... inicialmente era apenas fazer
não teres dado com esse link!!! [risos]
à cache dele, “A fronteira de Baixo”
umas caçadas em locais longe da ro-
Se bem que teria ferramentas para
aproveitando para ir à frente fazer
tina e da área de residência. Gerês
gozar com o Cortez durante muito
manutenção. Até lá procurámos a
era o local que primeiro aparecia nas
tempo! Aproveitemos esta nova re-
“Fenda da Calcedónia”, baseados na
nossas intenções. Depois, foram-se
ferência ao Cláudio para falarmos
história do meu DNF encharcado. A
criando hábitos, pequenos pormeno-
então de amigos e d“Os Expedicio-
história engraçada, foi quando nos
res que davam sabor único às nossas
62 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
natural do grupo? Crescer e adicionar mais e mais amigos? Se não me engano, numa das minhas viagens com o Cláudio, ele ter-me-á dito que o objectivo nunca foi ser uma verda-
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 63
caminhadas; o chouriço do “PH”, os textos de Torga, os nomes mais ou menos pomposos de cada Expedição, inventados em resultado de ocorrências das mesmas... e sempre o convívio e a enorme satisfação pelas caminhadas em locais de eleição. Em 2006, em resultado de conversas e/ou comentários, surgiu a possibilidade de dois geocachers do Norte se juntarem a nós e aí começou a expansão do grupo, que tinha começado com 3 em 2004, passou a 4 em 2005 com a junção do “clcortez” e, depois, evoluiu gradualmente até um ponto em que se tornou difícil fazerem-se caminhadas com todos presentes porque, quanto mais pessoas, mais realidades de vida, calendários, compromissos, etc... se misturavam tornando impossível o pleno, regra que nos primeiros 3 anos foi nossa pedra angular - só íamos quando todos pudessem ir. Quanto à expansão, nunca houve uma estratégia definida. As situações evoluíram ao sabor do acaso. Algum dos membros sugeria outro geocacher e era aceite. Só se começou a fechar a porta a partir dos 20 e poucos membros. GM – Este ano já houve alguma saída? Para onde foi a última passeata? Regra geral tentam organizar a coisa em torno da(s) cache(s) ou já é mais ao contrário? Primeiro o Destino e depois logo se vê a(s) cache(s) que se enquadram? MA - Este ano (considerando os últimos 12 meses) não houve qualquer saída. A última saída foi a Montesinho e é assim que funciona(va): Primeiro, o destino e depois as caches que poderão haver sendo que tínhamos sempre cuidado em haver algumas caches para procurar durante a 64 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
caminhada - somos geocachers, certo? GM – Como participante activo dos dois principais fóruns, e em diversas redes sociais, acabei por tropeçar várias vezes em posts onde referias a pouca disponibilidade para o Geocaching devido aos estudos… Foi também por causa dessa valorização pessoal que, pelo menos até ver, não voltou a haver “excursão”? E agora? Julgo saber que a “escolinha” já terminou… voltaste “em força” a estas lides? [sorriso] MA - É verdade que a Licenciatura me tirou disponibilidade para o Geocaching em geral mas os programas especiais sempre foram sendo realizados e as Expedições mais concorridas, em que eu participei, até decorreram quando eu já estava a frequentar o curso. Eu não voltei às “lides”, pelo menos por agora, de certa maneira porque perdi um pouco elã que tinha de puxar pelos outros e de organizar coisas. Estou disponível para participar no que for aparecendo (recentemente participei num evento de CITO, em Tomar) mas já não sinto aquele vício que tinha de colocar todas as “moedas” (do meu tempo disponível) no mesmo “pote” (Geocaching), e vou distraindo-me com outros hobbies passeios TT e comecei a correr regularmente em Agosto e estou a correr semanalmente, >15km por corrida, o que para mim, com a idade que tenho e tendo começado a correr há cerca de 8 meses, é muito estimulante e tenho como objectivo fazer uma meia maratona oficial, antes do final deste ano. Por isso, Geocaching, sim, sempre, mas de uma forma moderada e não ao ritmo e envolvimento que tinha
antes do meu Curso ter entrado na fase decisiva, porque existem outros hobbies para aplicar o meu tempo livre. GM – Consigo relacionar-me com isso. No meu caso tentei sempre incluir um ou mais dos meus hobbies quando me dedicava(co) ao geocaching. Primeiro a bicicleta, depois as caminhadas maiores, agora a fotografia de aves. A massificação e proliferação de caches em tudo o que é sítio também ajuda na perda desse elã de que falas. Parto desse teu envolvimento para o próximo lote de questões… começo pelo 1º Geomeetup, organizado por ti, certo? Consegui dar com a ata (http://geocaching-pt.net/64) mas queria saber como nasceu a ideia e qual a tua impressão de mais uma “barraca” das tuas (ser pioneiro dá muitas vezes nestas coisas, ao “desbravar” o terreno para os seguintes). MA - O GeoMeetup nasceu do espírito de que estávamos imbuídos, nós, os pioneiros, de procura do convívio, da partilha de algo de que gostávamos e do espírito de divulgação da actividade e entreajuda dos novos que iam aparecendo. Era o espírito da altura. A ideia surgiu do site Meetup.com que de destina a organizar convívios entre praticantes de hobbies / actividades. Eu inscrevi o Geocaching em Portugal, lá no Meetup.com e tentei, por três vezes, organizar um Meetup. Era necessário um mínimo de 5 confirmações (will attends) para o Meetup ter aceitação e ser publicado no site Meetup.com. À terceira vez foi possível (conseguiu-se os 5 WAs) e o evento ou publicado no Meetup. com. O local escolhido, pelo site, foi a Livraria Barata e a “barraca” ocorreu porque a Barata não tinha mesas
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 65
para um café nem serviço de cafeta-
vestidos a rigor, de galinha e afins.
ficos e periódicos.
ria. Então, recorrendo ao “cartaz” que
[Risos] “Thumbs Up” mais uma vez
Nota-se que, agora, os CITOS se re-
o site me aconselhou a imprimir, no
pelo espirito empreendedor!
sumem apenas aos praticados nos
local e rapidamente, encontrou-se
A próxima questão sublinha, mais
eventos “logáveis” mas que ao menos
um local opcional para onde o pes-
uma vez, esta tua faceta. Refiro-
continuem assim. A prática do CITO
soal foi e eu fiquei à porta da Barata
me ao 1º CITO em solo nacional, a
durante a procura de caches descon-
com o “cartaz” à mostra para o pes-
meias com o Paulo Henriques, certo?
fio que se foi perdendo e muita gente
soal vir ter comigo e eu indicar-lhes
Como se proporcionou este miminho
imaginaria que os CITOS nasceram da
o novo local de encontro do Meetup.
à Natureza (que cada vez necessita
actividade paralela à procura de ca-
mais)?
ches. Faz-me lembrar aquelas pes-
cimento? Foi engraçado. O pessoal
MA - Tal como a Groundspeak con-
soas que pensam que o leite vem do
andou a rir-se de mim durante uns
tinua a fazer anualmente, eles de-
supermercado. ;)
tempos mas eu sei que foi a melhor
cidiram dar um passo em frente no
GM – Sinceramente acho que o
opção a tomar naquele momento,
espírito do CITO e incitaram a comu-
grande problema e a mudança de
visto que estávamos a encontrar-nos
nidade a organizar eventos destina-
mentalidades se deve muito ao fac-
pessoalmente pela primeira vez e só
dos a esta actividade de preservação
to de que por estes dias há caches
assim era possível estabelecer o en-
da Natureza. E nós decidimos aceitar
em todo o lado… no meio do lixo in-
contro/diálogo.
o desafio em Portugal.
clusive. Quem rege o seu geocaching
GM – Até eu estou a sorrir só de te
Até àquela data, o CITO era sugerido
numa vertente mais natural, fora
imaginar de cartaz na mão, à porta
e promovido como uma actividade
das zonas urbanas manterá mais fa-
da Livraria! Só me consigo lembrar
que se fazia durante a procura das
cilmente o hábito de praticar CITO
de publicidades tipicamente ame-
caches, depois, passou a ser também
do que aqueles que se vão acostu-
ricanas, com tipos a segurar setas,
uma actividade com eventos especí-
mando a ver lixarada no dia-a-dia. E
A minha impressão sobre o aconte-
66 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
por mim falo. É-me mais frequente
importantes, os que realmente mar-
vos, etc...
arrastar um saco cheio durante meia
cam, são, normalmente, obra de um
Repara que na altura não havia nada
dúzia de km no meio de uma serra,
conjunto de pessoas. Por isso, nessa
que nos dissesse isso, além do site
em que vim pelos trilhos a apanhar
fase da pessoalização e individualiza-
da GroundSpeak e do Buxleys. Se vi-
alguns plásticos e afins, do que fazer
ção, não liguei muito. Prefiro receber
res o tópico “Stats?” no Geocaching-
o mesmo quando ando por Lisboa,
logs agradáveis nas minhas caches
-pt, verás o historial de crescimento
apesar de haver muitos mais locais
e sentir que elas trouxeram alguma
da ideia das Stats em Portugal.
onde o depositar e não ter de andar
experiência nova a este ou aquele
GM – Sim. Foi exatamente aí que fui
com os sacos horas a fio.
Geocacher do que ser, eu, distingui-
dar uma olhadela. Como geocacher
Esta última pergunta, relacionada
do por as ter colocado. Distingam as
histórico-curioso que sou mantenho
com o teu envolvimento e dedicação
minhas caches com visitas em que
atento a este tipo de coisas, em es-
à causa geocachiana, prende-se com
apreciem mais o tema e a cache do
pecial aquelas que o Joaquim Safara
uma iniciativa, da GS e depois migra-
que os números e com respeito pela
da para o seio do GeoPt, sobre aquilo
manutenção da mesma e esqueçam-
que acabou por se chamar de “Geo-
me a mim. A não ser que me queriam
cacher da Década”.
convidar para uma jantarada, ou um
Julgo saber que não foi uma inicia-
passeio TT, com missões fotográficas
tiva que te agradasse por aí além,
pelo meio, etc... isso, sim aprecio. ;)
tal como se pode ler neste link onde
GM – Olha, fizeste-me lembrar de
referes que “sinto-me honrado que
mais uma coisa em que foste o im-
alguém tenha sugerido o meu nome
pulsionador e que, de certo modo, é
para os nomeados mas peço a essas
um pouco antagónico com esta últi-
pessoas que não me levem a mal por
ma resposta e até com a postura da
não me sentir especialmente entusias-
grande maioria (se não com todos)
mado com tal votação, que prefiro ig-
o que participaram no debate na al-
norar.” por não dares valor a este gé-
tura. Foste tu o primeiro a sugerir o
nero de iniciativas (que destaquem
aparecimento de estatísticas (no @
desta forma o “indivíduo”).
pt.net em 2004) relacionadas com
Não obstante a tua opinião (e passa-
geocaching cá no nosso cantinho. De
res a bola para o campo do Cortez ;)
onde te veio a ideia, e porquê?
), a verdade é que muita gente acha
Hoje em dia, as estatísticas estão
efectivamente que tiveste (e tens)
muito conotadas com [estatísticas]
um papel incontornável no desenvol-
= [concorrência e luta pelos “pó-
vimento do Geocaching (com “Guê”
dios”]… tens esta percepção? Não foi
grande) em Portugal e acabaste na-
certamente com esta ideia em men-
turalmente para ficar no lote dos 10
te que te lembraste deste assunto.
“finalistas” (ao lado dos GreenSha-
MA - Essa é fácil de responder. Não,
des, rifkindsss, btrodrigues, clcortez, danieloliveira, hulkman, prodrive, eterlusitano e OverdoseNesquik).
não tinha a competição em mente mas uma coisa que se chama Estatistica Descritiva com o intuito de saber
vai “desenterrando” com grande habilidade… algures no tempo lembrome de ler alguma coisa escrita por ele sobre o assunto, provavelmente relacionada com a tua nomeação de que falámos há pouco. Estamos a chegar ao final deste périplo sobre a tua visão, aventuras e desventuras, neste nosso hobbie mas ainda quero saber mais algumas coisas sobre as tuas colocações, nomeadamente sobre a Just get there! [GC27FGF], em que a minha curiosidade recai, claro, sobre o facto de ser a única que eu conheço com o Atributo “Seasonal Access”. Houve uma altura em que julgava que esse atributo não era possível em Portugal… tens noção de ser assim? Tiveste algum problema com isso, ao submeter a dita para revisão ou o atributo apareceu mais tarde? MA - O Atributo veio depois. Quando a cache foi colocada, era para estar sempre disponível como esteve nos primeiros anos. Depois, quando lá fui fazer uma manutenção, conheci um dos barqueiros dos passeios no Tejo, que é também o representante ou
Olhando hoje para tuuudoooo isto
factos e realidades sobre o Geoca-
que escrevi, o que te apraz dizer?
contacto da Quercus e, ainda, é tam-
ching em Portugal. Quantos somos,
bém Geocacher e ele disse-me que
MA - Não muito. Sempre fui apolo-
quantas caches, como se distribuem
era conveniente a cache ficar desac-
gista de que o importante é a Obra e
as caches pelo País, as caches mais
tivada durante vários meses no ano
não o obreiro. Até porque, os feitos
visitadas, os geocachers mais acti-
por causa dos ninhos de abutres que Junho 2016 - EDIÇÃO 21 67
precisam de muito sossego - em al-
ção (inclui link para a reportagem
queiras recomendar aos nossos lei-
ternativa, seria melhor remover a ca-
fotográfica).
tores para este Verão.
che. Expliquei-lhe que tinha tido essa
Houve muitos grupos que fizeram os
MA - Sobre o par de sugestões de
dois percursos, Pocinho <-> Barca
passeios/caches a recomendar...
d’Alva <-> La Fregeneda, num fim de
Felizmente, apesar de ter ‘apenas’
semana. Inclusive, os “Expedicioná-
<800 caches encontradas, a maior
rios” foram lá algumas vezes. Aqui, a
parte foram caches escolhidas a
primeira delas (também com repor-
dedo e todas elas me trouxeram ex-
tagem fotográfica).
periências únicas e rara, ou quase
GM – Estamos a entrar na recta fi-
nenhuma, terá sido... mais uma para
nal desta nossa belíssima conversa.
os números. Assim, a minha tarefa
Mas ainda tenho umas pequenas
nesta resposta é mais difícil porque
curiosidades para ver satisfeitas… É
são tantas as memórias que detenho
preocupação ao preparar a colocação da cache mas não tinha encontrado uma posição oficial da Quercus sobre aquele local. De qualquer maneira, ambos achámos que seria melhor começar por desactivar a cache sazonalmente e ver se era suficiente. Entrei em contacto com um dos Revisores e obtive o acordo para a manter desactivada durante oito meses por ano. O atributo veio depois. GM – A outra colocação, a meias com o clcortez… uma das caches realmente míticas portuguesas, colocada a par com a sua irmã, as Na Linha do Douro [GC1BRPH] e La Ruta de Los Túneles - Barca d’Alva [GC1C1W9]. Vocês fizerem este passeio de uma assentada! Tens noção de mais alguém o ter feito como vocês? Alguma vez olhaste com atenção para as vossas duas listings e viste o quão diferentes acabam por ser? A tua, mais concisa e com “gaitinhas” e a dele, com citações de Eça de Queirós e com vários containers. Isto estava pensado? Parecidas mas nem tanto? MA - Foram pensadas assim. Os percursos são diferentes e as caches embora parecidas, porque o tema é o mesmo, não precisavam de ser cópias uma da outra. Na Linha do Douro, era para ter apenas 2 pontos mas a colocação inicial não correu tão bem como esperávamos e então decidi-
impressão minha ou no decorrer da entrevista alteraste o teu nome de utilizador no Geocaching.com? MA - Mudei mas não teve a ver com a entrevista - espero que não tenha causado transtorno. A mudança que notaste foi o repor do meu nick original. Tinha-o mudado para experimentar o efeito na mudança do código de formatação dos logs. GM – Ahaa, Ok, primeira não dava com o teu username, MAntunes… depois deixei de encontrar o _Mantunes_. Pensei que era para me baralhares. Depois, há outra “marca MAntunes”, a do “aviador” no topo dos VGs! De onde nasceu esta? MA - Foto no VG, em posição de “voador” que tenho no meu perfil? Foi tirada nesta caçada, “TT Grande Rio do Sul”, na companhia destes companheiros. Quem tirou a foto foi o “Alieri”, com a minha máquina fotográfica.
que não consigo decidir-me por ‘um par de caches’. Arrisco-me então, a sugerir uma região onde, procurando as caches Natura que lá existem, o retorno em termos de aventura, caminhada, passeio... são garantidos. A zona é o Gerês e, tendo em atenção a questão das autorizações, as zonas interiores do Gerês propiciaram-me passeios inesquecíveis. Caminhadas de várias horas que passem pelas caches mais interiores do Gerês são o máximo para mim. Apenas como exemplo, aponto “Rocalva”, “Heart of Darkness”, “Aos grupos expedicionários”... GM – Obrigado mais uma vez Manuel, pela tua simpatia e disponibilidade em partilhares connosco estes teus, já longos, anos dedicados ao Geocaching. Foi uma belíssima viagem! Espero sinceramente que continues a manter as tuas excelentes caches nas condições a que nos tens habituado, e com a dedicação que
mos alterar um pouco a multicache.
Não dava para fazer selfie. ;)
Fui lá sozinho fazer a manutenção,
GM – Hehe. Era mais difícil! Vamos
partindo do Pocinho pelas 18h00
então encerrar as hostilidades! Para
e pernoitando numa das estações
terminar peço-te “apenas” que nos
Texto:
abandonadas, numa das mais inte-
deixes um par de sugestões geoca-
Rui Duarte (RuiJSDuarte)
ressantes aventuras que tive - Está
chianas. Um par de caches e/ou pas-
Fotografia: Filipe Sena // MAntunes // Ar-
aqui a estória toda dessa manuten-
seios que, enchendo-te as medidas,
quivo Geocaching.com
68 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
todos te reconhecemos (até porque ainda me faltam encontrar algumas).
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 69
Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Realizou-se no passado dia 28 de
do nenhuma edição no ano de 2015.
Maio a 5ª edição do torneio de fute-
Felizmente foi possível voltar a esta
bol conhecido como “Mini Super Liga
“competição” que tantos gostam.
GM - Agora, no rescaldo dos jogos,
Penso que a não realização no ano
o que achas? A participação ficou
GeoPt” que se destinou a descobrir qual a melhor equipa de futsal de entre a comunidade geocachiana nacio-
passado e a dificuldade em continuar
nal, este ano em moldes um pouco
com esta iniciativa prende-se mais
diferentes dos anteriores e que talvez
com a disponibilidade dos meios hu-
por isso tenha levado a que menos
manos do que outros factores.
equipas conseguissem participar. A GeoMag veio trocar uns dedos de conversa com o Nuno Gil, geocacher que acabou por ser a cara mais visível da organização do Evento [GC6FNCD].
num fim-de-semana saloio.
aquém das tuas espectativas (quatro equipas) ou calculavas que com tão pouco tempo não seria fácil juntar um grande número de equipas? NG - Estava, confesso, à espera de mais participações e ficou decepcio-
GM - E tu? Como apareces como figura central neste(s) evento(s)? NG - O futebol entrou na vida desde que me lembro e o geocaching há uma
nado com o facto de haver apenas quatro equipas em competição. Esperemos que para a próxima haja uma maior mobilização dos interessados em participar.
GM - Boa tarde Nuno, obrigado pela
mão cheia de anos. Desta forma a pos-
tua disponibilidade! Parece que esta
sibilidade de juntar estas duas coisas
GM - O torneio acabou por realizar-se
edição foi tirada a ferros! Os mais
é um prazer e privilégio para mim. Não
no Pavilhão Desportivo Liga dos ami-
atentos notaram com certeza que a coisa terá estado muito perto de não se realizar este ano, fazes ideia porquê? Falta de disponibilidade de lo-
queria que esta “iniciativa” morresse e decidi abordar o Geopt para a possibilidade de me “movimentar” e tentar
cal? De datas?
ir avante. Através de um contacto do
NG - A última Mini Super Liga Geopt
Peter! conseguimos que fosse possí-
realizou-se em 2014, não haven-
vel a integração desta Mini Super Liga
gos de Covas de Ferro... Que tal a experiência? Um local apropriado a que se repita a experiência? NG - A malta da Liga dos Amigos de Covas de Ferro desde cedo se mostrou empenhada e orgulhosa de nos ter por lá. A oportunidade de nos jun-
G. D. Fractura Exposta
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 71
tarmos a este local num fim-de-se-
pates e 3 vitórias pela margem míni-
não tem que ser necessariamente em
mana recheado de outras actividades
ma (diferença de um golo). A equipa
2017 - Edição de Outono de 2016?) -
tornou-se ainda mais apetitoso. Não
de Leiria esteve bem e teve a sorte na
fica o desafio ;)
conhecia Covas de Ferro e fiquei com
lotaria das grandes penalidades, mas
a certeza de que voltarei várias vezes.
todas as equipas merecem o louvor pelos dotes futebolísticos, pelo fair-
GM - Um torneio a quatro que acabou ao fim da manhã com a vitória
-play e pela boa disposição demonstrada durante toda a manhã.
da equipa de Leiria, os GC Leiria Fu-
Obrigado mais uma vez Nuno, por estes minutos dedicados ao rescaldo do Torneio! Nota do editor - A Mini Super Liga
tebol Clube, sobre a de Setúbal, os
GM - Olhando essa manhã... algo a
GeoMoscatel, depois da marcação de
repetir? Podemos esperar encontrar-
grandes penalidades (desempate).
te novamente à frente da Mini Liga
Tendo tu feito parte de uma das ou-
em 2017?
tras duas equipas (Team Drive In), a
NG - Foi uma experiência agradável
outra eram os G. D. Fractura Exposta,
em que se juntaram este pessoal com
achas que foram uns justos vencedo-
dois hobbies em comum e onde, aci-
res? A taça ficou bem entregue?
ma de tudo, nos divertimos. Estarei,
NG - Penso que foi a Liga mais equi-
claro, disponível para qualquer outra
librada de sempre em que todas as
iniciativa mas penso que seria positivo
equipas mostraram as suas armas.
haver um grupo de outra zona do país
Para se ter uma noção do equilíbrio
a chegar-se à frente e propôr a pró-
Texto / Fotos:
nos 7 jogos disputados houve 3 em-
xima edição da Mini Super Liga (que
Nuno Gil (NunoGil) / GeoMag
GEOMOSCATEL
72 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
foi um dos quatro eventos Geopt.org realizados por “Por Terras Saloias de Sintra” no fim de semana de 28/29 de Maio. Os outros foram “Convívio Saloio”, “Caminhada Saloia” e o “CITO por terras saloias” (onde a GeoMag esteve discretamente presente, a limpar e a preparar o recinto da escola primária para futuras actividades).
Team Drive In
Os campeões GC Leiria Futebol Clube
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 73
CAMINHADA POR TERRAS SALOIAS
74 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
CAMINHADA POR TERRAS SALOIAS
CITO POR TERRAS SALOIAS
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 75
G E O T O UR A Ç O R E S
Grupo Ocidental por
76 Junho 2016 - EDIÇÃO 20 21
P a l h ocos M ac h ado & P ed r o . B . A l me i da
A GeoTour Azores, a maior geotour do
dois domínios geomorfológicos distintos
identidade cultural de uma ilha”:
mundo e a única existente atualmente
na ilha das Flores: O maciço central, que
“A mais antiga Armação baleeira que sa-
em Portugal, começou a funcionar no
engloba o planalto central e as zonas
bemos ter existido na Região dos Açores,
dia 7 de Abril de 2016, e conta com 170
periféricas adjacentes e a orla periférica
foi na Ilha das Flores e remonta ao ano
caches (com o prefixo AZGT ou AZGTJ
que abrange as escarpas e as platafor-
de 1857. Ao que se julga só teria entra-
no nome, das quais 20 são caches “Jo-
mas de sopé adjacentes”.
do em atividade dois ou três anos mais
ker” (com o prefixo AZGTJ) e com perto de 900 favoritos no total das caches. A forma mais “fácil e rápida” de concluir esta geotour, será, para quem não tiver já caches encontradas deste projecto, viajar até ao Grupo Ocidental do arquipélago açoriano e conhecer as maravilhosas ilhas das Flores e do Corvo. Nas Flores localizam-se 10 caches desta geotour, mais 2 caches “Joker”. Por sua vez, o Corvo conta com 5 geocaches, mais 2 caches “Joker”. Nesta edição da geomagazine vamos
tarde. Importa referir que a partir dos AZGT HISTÓRIA DA BALEAÇÃO NAS FLORES – GC54EXC “A mais antiga Armação Baleeira que sabemos ter existido na Região dos Açores e em Portugal, foi na Ilha das Flores e remonta ao ano de 1857”. Esta é uma cache letter-box híbrida construída “por encomenda” pela Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores propositadamente para esta geotour, pelos geocachers Palhocos-
apresentar duas caches de cada uma
machado e Pedro.b.almeida e que
das ilhas, sendo as duas caches das
contou com a colaboração de várias
Flores, ambas caches nomeadas para
entidades: Museu/Fábrica Baleeira
os prémios GPS 2015.
do Boqueirão, Museu de Santa Cruz das Flores e Centro Interpretativo do
A ILHA DAS FLORES
Boqueirão/Parque Natural de Ilha das
De forma quase elíptica e orientada
Flores. Para encontrar esta geocache
segundo a direção N-S a Ilha das Flo-
o geocacher deverá visitar, na Vila de
res mede, aproximadamente, 16.5km
Santa Cruz, a Fábrica da Baleia, o Cen-
por 11,5km e a sua área é de cerca de
tro Interpretativo do Boqueirão, bem
143km2.
como a Zona dos Fornos da Fábrica no
O Morro Alto, com 915m, é a maior al-
Boqueirão. Depois de recolhidas as in-
titude da ilha.
formações pedidas, o geocacher des-
“Morfologicamente, a ilha das Flores, é
cobrirá que esta cache encontra-se
finais do séc XVIII, navios das frotas baleeiras de Nova Inglaterra, começaram a procurar os fundeadouros da Ilha para fazerem aguada, refrescarem e recrutarem elementos para as suas tripulações. No início da década de 30, o Armador Maurício António de Fraga, da costa sul da Ilha das Flores, construiu no Porto das Lages das Flores, uma instalação designada por Casa da Baleia, que consistia num espaço coberto, em que foram montados dois “pots” de derreter, uma “cooler”, tanque de arrefecimento e decantação do azeite e no subsolo, foi construída uma enorme cisterna com capacidade de armazenagem da produção da campanha anual. Ao que sabemos, foi a única construção existente em todo o Arquipélago, neste género. É nitidamente uma tentativa pré-industrial, que uma década mais tarde, veio a acontecer na própria Ilha, e em mais três ilhas da Região. O marmoto que aconteceu no dia 25 de Setembro de 1940, destruiu as instalações artesanais de três Armações Baleeiras da Ilha, bem como de
marcada pela existência de uma zona
em …, enfim: noutro local emblemá-
todo o equipamento de transformação e
central (Planalto Central) aplanada que
tico desta vila, tendo o container final
ainda toda a produção de azeite daque-
se desenvolve entre as cotas dos 500
“tudo que ver com o tema da cache”!
la campanha. O que estava armazenado
e 915m. As fajãs são aspetos bastante
A propósito do tema desta cache, o
em cisternas, junto à orla marítima, bem
marcantes na geomorfologia da ilha que
amigo historiador José Vieira Gomes
como o de duas outras Companhias ba-
ocorrem na base das escarpas interio-
escreve na sua obra “In Cadernos de
leeiras, que estavam em cascos sobre o
res. Neste contexto podemos considerar
Sociomuseologia – A Baleação e a
cais, para exportação aguardando emJunho 2016 - EDIÇÃO 21 77
78 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
de cultura e de ciência...”.
barque para Lisboa. Foi uma cruel perda
ca, pela sua organização, é um exemplar
da justa retribuição dum ano de duras
único na Região certamente no País. Di-
canseiras, duma penosa tarefa de riscos
vidindo-se essencialmente em dois gran-
AZGT - SUSPENSO NO TEMPO... |
e de arrepiantes emoções, em que por
des sectores: Serviços de transformação
SUSPENDED IN TIME... - GC61DB5
vezes pagavam com a vida a coragem
e serviços de reparação e manutenção
Este é um dos locais mais espectacu-
da frota de caça, equipamentos de labo-
lares (e são tantos…) da ilha das Flo-
ração, incluindo o guincho a vapor, peça
res. A earthcache, que tem o inovador
de grande raridade.
tema “dos vales suspensos”, foi cons-
de desafiarem o mais poderoso e gigantesco animal do Reino de Neptuno. Este acontecimento funesto, foi um rude golpe no principal sector da economia, da Ilha, naquela época. Fez mudar a orientação económica da baleação. Abreviou, e certamente acelerou o surgimento da fase industrial. Foi projetada a construção duma grande fábrica contemplando a especificidade
Assim, em Julho de 1943, entrou em laboração a Fábrica Baleeira do Boqueirão, pertença da Sociedade Reis e Flores Lda., que laborou até ao final de 1981, data em que foi interrompida a caça à baleia na ilha. Em 1983 foi adquirida
truída propositadamente para esta geotour, pelos geocachers Pedro.b.almeida e Palhocosmachado. Localizase no Poço da Ribeira do Ferreiro, local este que no passado já foi conhecido por vários outros nomes, como por exemplo Alagoínha.
da ilha do seu isolamento e da sua voca-
pela Câmara Municipal de Stª Cruz das
ção baleeira. A área coberta é de 1850
Flores, que pretendia utilizar uma parte
m2. Concebida nos moldes da arquite-
do seu espaço e a restante ser aprovei-
tura Industrial dos anos 30, é um belo
tada para fins culturais, e como pólo de
“calcetado à moda antiga”, pode estar
exemplar desse período de construção e
atração turística”.
bastante escorregadio (em particular
Para esta cache se encontrar situada num local mágico, o geocacher deve ter em atenção que o percurso/trilho
de incontestável beleza, no que toca a li-
Por sua vez e sobre o Centro Interpre-
no inverno) e que se tem que ter al-
nhas, volumetria e implantação, magni-
tativo do Boqueirão, a técnica e geoca-
gum cuidado na progressão do terre-
ficamente enquadrado com a paisagem.
cher Marlene Noía (aka Marés), diz que:
no.
O afastamento geográfico das Ilhas do
“O Centro de Interpretação Ambiental do
O tema desta earthcache relaciona-se
Grupo Ocidental, que é a maior distân-
Boqueirão inaugurado em Novembro de
com os “vales” em geologia. Explora
2009, foi concebido nos tanques onde
os vários “tipos de vale”, a saber: gla-
cia constatada entre qualquer Ilha do Arquipélago, cerca de 140 milhas náuticas dificultava as comunicações com centros de abastecimentos. Assim, todo o empreendimento visava a maior autonomia e independência na laboração de todos os sectores de apoio à indústria. Uma espécie de navio fábrica que encalhasse junto à costa da Ilha. Com a crise da II Guerra Mundial a procura de óleos
se armazenava o óleo de baleia que era derretido na fábrica. Este centro ocupa o espaço dos três tanques que pertenciam à fábrica “moderna” e que deixou de laborar em 1981. Neste Centro existe uma sala dedicada aos Cetáceos.... A proximidade de uma paisagem associada à memória da baleação na Ilha das
cial, fluvial, suspenso… Um vale é uma depressão topográfica alongada, aberta, inclinada em uma determinada direção em toda a sua extensão. Pode ser ou não ocupada por água. O tamanho deste acidente geográfico pode variar de uns poucos quilómetros quadrados a centenas ou mesmo milhares de quilómetros qua-
de cetáceos foi enorme, resultando no
Flores, de um porto de recreio e também
aumento do preço deste produto, que
de várias piscinas naturais, ainda sem
suspenso, um pequeno vale que foi
disparou em flecha, atingindo valores
qualquer intervenção humana são fato-
deixado “pendurado” acima do vale
da ordem dos 5$00 por kg. Esta fábrica,
res que integram um turismo ambiental
principal em forma de U. O fundo en-
que era de grande modernidade na épo-
e de natureza como também um turismo
contra-se situado num nível superior
drados de área. Entende-se por vale
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 79
a uma depressão adjacente, que pode
açoriano). Esta geocache localiza-se,
fazem parte do Inventário do Patri-
ser outro vale, um lago, ou até mesmo
sem dúvida, no local mais emblemáti-
mónio Histórico e Religioso da ilha do
o próprio mar. A queda acentuada a
co (e mais visitado!) desta ilha.
Corvo.
partir do vale suspenso relativamente
Apresentam-se como um conjunto
ao piso principal geralmente cria cas-
LAGOA DO CALDEIRÃO
de três moinhos fixos, cujo corpo de
catas.
(Lagoa criada na cratera do vulcão que
construção se apresenta tronco-có-
originou a ilha do Corvo)
nico e em alvenaria de pedra. Dois
A ILHA DO CORVO
“A Lagoa do Caldeirão está formada
dos moinhos são rebocados e caiados
(a Ilha mais isolada da Europa)
no interior da cratera do vulcão que
a cal de cor branca. Estes moinhos
A Ilha do Corvo tem uma área de cer-
deu origem à ilha do Corvo, cratera
apresentam-se com uma cobertura
ca de 17 km2 (cerca de 6 km de com-
essa que tem 3400 metros de perí-
de forma cónica e giratória, feita de
primento e 4 km de largura). É a mais
metro e 300 metros de profundidade,
madeira. Desta cobertura emerge o
pequena ilha e também a que se situa
contados desde o bordo até ao nível
mastro das varas que dá suporte ao
mais a norte do arquipélago dos Aço-
de água. A lagoa encontra-se ocupada
velame de formato triangular e muito
res. É formada por um único vulcão,
por pequenas ilhas que praticamente
raro do seu género nos Açores.
que esteve activo, pela última vez, há
a conseguem dividir em lagoas mais
Estes moinhos encontram-se assen-
aproximadamente dois milhões de
pequenas, dependendo da pluviosi-
tes sobre uma base elevada e de for-
anos. Dista da sua ilha vizinha Flores
dade. Encontra-se na Zona de Protec-
(a sul) cerca de 24 km (menos de uma
ção Especial da Costa e Caldeirão da
hora no barco que efectua a ligação).
Ilha do Corvo que pretende preservar
Em 1993, o seu pequeno aeropor-
toda a área envolvente, que é extre-
to foi construído, com uma pista que
mamente rica em biodiversidade”.
de escadas de lances simétricos e divergentes. O único vão que se apresenta nestes moinhos é a porta de entrada, que se
apenas mede cerca de 850 metros, permitindo o tráfico aéreo entre ilhas.
ma circular, sendo acessíveis através
encontra elevada em relação à base. AZGT-
MOINHOS
DO
CORVO
-
GC1YG35
Tem-se acesso a esta porta através de escadas de lances simétricos con-
AZGT - LAGOA DO CALDEIRÃO – COR-
Esta cache tradicional também foi
VO - GC1YNZE
construída em 2009, pelo geocacher
Esta cache tradicional foi construí-
chico.costa e mais tarde foi adoptada
da em 2009, pelo geocacher chico.
por discoverer man. Localiza-se na in-
costa, e mais tarde foi adoptada por
teressante Vila do Corvo.
discoverer man (geocaher Rui Pimen-
Moinhos do Corvo
tel, responsável pela GeoTour Azores
“Traçado de inspiração muçulmana e
Luís Machado (PalhocosMachado) e
na ilha mais pequena do arquipélago
construção entre os séculos XIX e XX,
Pedro Almeida (pedro.b.almeida)
80 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
vergentes encostadas ao corpo tronco-cónico. Apresentam-se com um estado de conservação considerado bom”. Texto / Fotos:
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 81
GEOCOINS
VICTORIA AMAZONICA por
Kelux
Quando comecei a pensar na minha 3ª
as lagoas.
ros esboços em setembro de 2015
geocoin dedicada ao Brasil, achei que
Assim, a victoria amazonica, tornou-
para fazer uma geocoin tradicional,
não havia necessidade de me restrin-
se a eleita perfeita para uma geocoin
basicamente uma rodela circular com
gir a temática animal, podendo per-
dedicada ao mundo vegetal da Améri-
os detalhes pintados. Com o decor-
feitamente explorar a riquíssima flora
ca do Sul. Não sendo uma exclusivida-
rer do projeto, fui acolhendo algumas
brasileira, e em futuros projetos, até
de brasileira, tanto que o seu anterior
boas sugestões de amigos e colabo-
nome, victoria regia, se refere a uma
radores e surgiu a ideia de ter um re-
antiga monarca britânica, soberana da
bordo elevado, mais alto que a base
Guiana. Ora, tendo em consideração a
da geocoin.
pequenez da Guiana, comparada com
Desde esse ponto comecei a desen-
os outros países que partilham a ba-
volver duas versões base. Além da
cia amazónica, faz muito mais sentido
anteriormente descrita, pensei em
que o nome da planta tenha perdido o
criar uma geocoin em 3D e 4D no caso
“sangue azul”.
do lírio, que assim perderia a cor bran-
É uma planta da família Nymphaea-
ca ou rosa.
ceae, cujas folhas podem atingir os 3
Foi quase “amor à primeira vista”
metros de diâmetro e a flor (chama-
para todos aqueles a quem mostrei
da lírio-de-água) chega aos 40cm. As
os esboços. O problema foi ter rece-
raízes e demais ramagem submersa,
bido uma negativa da fábrica, que não
alcançam os 7 a 8 metros de com-
conseguiria produzir o que eu queria
primento. Normalmente de cor ver-
que aquele é o ecossistema preferido
e com a qualidade que queria. Mais
de-alface na folha, o lírio é branco na
da anaconda, que se desloca por bai-
de um mês após o início do processo
primeira noite de floração, passando
esta resposta era um balde de água
xo da folhagem, completamente em
depois a rosa.
gelada. “Just got news from the team
“modo-ninja”. Ainda assim, perdi (ou
Tendo algumas das minhas fotos para
that your design is in 4D style. So we
ganhei) um bom bocado a fotografar
iniciar a pesquisa, comecei os primei-
cannot make it. Maybe this time only
mesmo algumas tradições, como as festas juninas, por exemplo. Foi com esta nova abordagem e com o vastíssimo campo de inspiração que ela proporciona que me lembrei de uma visita à margem sul do Rio Negro, onde fiquei fascinado com algumas lagoas perenes em Iranduba, repletas de victoria amazonica, ao ponto de quase não se ver a superfície da água, mas sim um imenso tapete verde. À época fiquei um pouco receoso de me aproximar demasiado, pois o experiente Seu Zé logo lembrou
82 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
focus on 2D version?”
de verde era insuportável, para mim.
bear the courier cost.” YES!!!
Costumo ter alguns problemas em
Recusei as samples e expliquei o que
Após estas últimas samples aprova-
conseguir passar para os outros a ima-
teria de ser alterado. Infelizmente, tal
das, foi pedido que cada geocoin fos-
gem mental que idealizo, bem concre-
alteração obrigou a novos moldes. ☹
se acondicionada em caixas de cartão
ta do aspeto final de uma geocoin... e
Aqueles que já lidaram com fabrican-
com molde de EVA, em vez das habi-
esta era muito forte para mim. Depois
tes chineses, talvez saibam o quanto
tuais saquetas de plástico. A produ-
de ter encontrado uma solução que,
é difícil que eles reconheçam um erro,
ção ficou concluída na segunda quin-
para além de ser um objeto de troca e
qualquer que seja, por isso há que
zena de março e a encomenda chegou
de coleção no geocaching, tinha tudo
usar a máxima diplomacia nas trocas
para ser uma peça bela por si mesma,
finalmente à loja encarregue de a co-
de correspondência, no sentido de
ser obrigado a contentar-me com a
que haja um final feliz para o projeto.
mercializar, na Escócia.
versão inicial, soube-me a pouco.
Assim foi e apenas na véspera de Na-
A partir daí, voltei ao Illustrator e de-
tal, pude ter novas samples, bem mais
senhei o lírio detalhadamente, visto
próximas daquilo que havia mental-
de cima, de baixo e de lado, de modo
mente visualizado, meses antes.
a facilitar o trabalho da fábrica. Tudo o
Mas, ainda nem tudo eram rosas. A
que podia fazer estava feito, restava-
opção encontrada pela fábrica para
me esperar que a intensa troca de cor-
prender o lírio na folha não se mos-
respondência entre Manaus e Hong
trou eficaz e a delicada peça soltava-
Kong gerasse frutos. Após alguma
se com facilidade. Inaceitável!
pressão no sentido de que este pro-
Nova troca de emails, que não, a cola
jeto bem concluído seria uma mais-
usada era da melhor qualidade e não
valia para o catálogo do produtor e a
sabiam como era possível tal aconte-
minha sugestão de que se contratas-
cer. Pedi que se usasse algo magné-
se um escultor externo à fábrica, re-
tico, mas tal não seria possível sem
cebi a tão desejada luz verde. “Hello!
novos moldes. Entrámos em novo im-
FICHA TÉCNICA
Good news. I have tried to discuss with
passe e a minha saúde mental come-
Design: Kelux Geocoin Design
our team. Now we want to try to make
çava a querer abortar o projeto, para
Produção: Kelux Geocoin Design
your 4D Lily coin.” Foi um dia feliz. ☺
evitar males maiores. Até que suge-
Patrocínio: Geocache Land
Com toda a dificuldade técnica envol-
ri um parafuso em vez de um rebite,
vida, apenas no final de novembro tive
para segurar o lírio na base da folha.
as samples prontas… e não me satis-
Mas queria novas samples para tes-
faziam. As nervuras da folha estavam
tar antes da produção final... e seria
erradas, afundadas no fundo da geo-
a fábrica a suportar os custos da tei-
coin, em vez de ligeiramente erguidas
mosia em manter o rebite que já se
como acontece na planta real. Como
tinha concluído não funcionar. No fi-
se não bastasse, isso provocava que
nal de janeiro veio a resposta. “Hello!
o esmalte não ficasse uniforme por
We have asked factory to send out
não ter áreas contidas para ser ver-
the sample. In order to have good bu-
Texto / Fotos:
tido. O aspeto das manchas em tons
siness relationship, this time we will
Rui de Almeida (Kelux)
Podem imaginar o meu suspiro de alívio. A seguir, o tal “amor à primeira vista” consumou-se e a geocoin teve uma receção fantástica, ao ponto de todos os packs terem esgotado no primeiro dia, sobrando apenas algumas geocoins das edições regulares. O feedback recebido de quem comprou qualquer versão desta geocoin, tem sido muito gratificante para mim. OBRIGADO!
Vendas:
http://geocacheland.com/
products/victoria-amazonica Com ícone e código de rastreamento em www.geocaching.com Dimensões: +/- 52mm diâmetro x 12mm altura Peso: 39g
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 83
Foram produzidas um total de 385 geocoins, em onze modelos diferentes. Pondera-se a possibilidade de cunhar mais exemplares apenas das edições regulares.
·· Edição Regular 1 Folha e lírio em Antique Gold (40 unidades) ·· Edição Regular 2 Folha e lírio em Antique Silver (40 unidades) ·· Edição Regular 3 Folha e lírio em Antique Copper (40 unidades) ·· Edição Regular 4 Folha e lírio em Antique Bronze (40 unida-
84 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
des) ·· Edição Limitada 1 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Silver (35 unidades) ·· Edição Limitada 2 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Bronze (35 unidades) ·· Edição Limitada 3 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Gold (35 unidades) ·· Edição Limitada 4 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Nickel (35 unidades) ·· Edição Extra Limitada 1 Folha em Antique Copper e lírio em Antique Gold (30 unidades) ·· Edição Extra Limitada 2 Folha em Antique Copper e lírio em
Antique Silver (30 unidades) ·· Edição de Artista Folha em Antique Gold e lírio em Black Nickel (25 unidades) As vendas são feitas por lotes ou por unidade, Conjunto de Colecionador (11 peças diferentes), Conjunto Especial e Conjunto Regular; finalmente as RE e as LE podem ser adquiridas isoladamente. A próxima geocoin desta série, volta a focar-se na fauna brasileira. Fiquem atentos!
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 85
GADGETS & GIZMOS por
R u i J S D u a r te
Ahhaaleluuuiiiaaa Ahhaaleaaaaaluuuii-
Geopt.org Geocaching Tools, que sim-
para o download [Fig3].
iaaa
plifica, e de que maneira, o processo.
Agora entra em acção o Andoid. As
este artigo ao som de Hallelujah de Jeff
Vamos lá então. Aberta que temos
saudades que eu tinha disto… basta
Buckley)
a aplicação, selecionamos o módulo
carregar no link que aparece no e-mail
Depois de um ano na posse de um Lu-
“Create GPX (Portugal)” [Fig1] e vamos
para descarregar o GPX. Os ficheiros
mia/Windows Phone (e dos seus mui-
parar à página das definições [Fig2],
GPX são automaticamente reconhe-
to limitados recursos no que ao Geoca-
onde podemos escolher os parâme-
cidos pelo C:Geo [Fig4] que abre de
ching diz respeito) foi com um enorme
tros que ditarão que caches teremos à
imediato e pergunta logo em que lis-
sorriso que voltei a colocar as mãos
disposição mais tarde.
ta queremos colocar [Fig5] as caches
num aparelho com Andoid! E, por con-
Neste caso em particular escolhi “Pio-
respectivas. No meu caso tinha já uma
seguinte, com permissão para reinsta-
neiras” (toda a gente sabe o que são as
lar o nosso amigo C:Geo!
Pioneiras) como o nome do GPX; de-
seleccionei carregar as caches do gpx.
Também tenho a nova aplicação oficial
sactivei o “Exclude Disabled”, já que o
Passamos então a ter na nossa base
Groundspeak® mas por enquanto pa-
C:Geo permite que se faça a actualiza-
de dados uma bela de uma lista, em
rece-me estar tão atrás do G:Geo como
ção da informação das caches à pos-
modo offline, prontinha para o que der
o Lumia está deste novo Samsung… é
teriori e por isso quero tê-las a todas
e vier, e sempre à mão. [Fig6]
da noite para o dia. Neste Gadgets n
no aparelho; e aproveitei o facto de a
Simples não?! Dá cá um abraço Bug-
Gizmos vamo-nos debruçar um pouco
tool permitir a filtragem pelas badges
droid!
sobre como criar uma base de dados
do Geopt para não ter de afinar datas e
PS – as ferramentas poderão ape-
offline no nosso smartphone (no meu),
ir direitinho para as caches que queria,
nas estar disponíveis para “Premium
o vulgarmente conhecido como “Im-
selecionando então a badge Pioneiras.
members”, tanto do Geopt.org como
portar GPX”.
Depois basta um simples “Submit Re-
do Geocaching.com.
Para a actualização das minhas bases
quest” e esperar que nos caia no colo o
de dados utilizo diversas ferramentas
e-mail do geocacher GeoPT.org, direc-
Texto:
mas desta vez utilizei apenas uma, a
tamente da Groundspeak com o link
Rui Duarte (RuiJSDuarte)
Aaaaaahhaaleluuuiiiaaa
86 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
(ler
lista com o nome Pioneiras, para onde
FIGURA2
FIGURA3
FIGURA 1
FIGURA 4
FIGURA 5
FIGURA 6
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 87
Reserva Natural - Dunas de S. Jacinto por
88 Junho 2016 - EDIĂ&#x2021;Ă&#x192;O 21
R u i J S D u a r te
Mais uma vez o Geocaching apresen-
percurso bastante educativo, com direi-
ca de 960 hectares (210 deles corres-
ta-se como uma excelente desculpa
to a música/sons que a mãe natureza
pondendo à área marítima) localizada
para que nos lancemos numa cami-
nos ofereceu ao longo desta caminha-
na freguesia com o mesmo nome, no
nhada (e à descoberta) de mais uma
da!”, corroborada pela Nini Costa, “O
concelho de Aveiro.
bonita zona do nosso País. Larguem o
container apareceu facilmente e com
sofá e sigam connosco as pegadas do
uma vista linda sobre o mar, com a praia
A zona foi classificada como Reserva
j.estrela em busca da Reserva Natural
completamente deserta. Aproveitamos
- Dunas de S. Jacinto [GC32XTW], ca-
a paz do local para fazermos o nosso
che em destaque neste número.
piquenique, antes de continuar com o
A zona afigura-se merecedora de uma demorada visita, sem dúvida, tal como nos dizem os Fofinhos RT, “A reserva é muito peculiar...num espaço tão pequeno conseguimos ter floresta densa, uma parte mais ampla composta por dunas... um lugar a visitar! ;) um dos pontos altos é sem dúvida ter a possibilidade de observar uma praia virgem! :) um lugar que permanece quase intocável!” e onde apetece mesmo passear, pelo menos a acreditar no Team_S&U, “Numa ida até Aveiro aproveitámos para visitar estas bandas e fazer a cache! Grande caminhada! Andar por entre a Natureza e ouvir o mar ao fundo e no final culminar com a enorme passadeira e o mar ao
trilho.”. Mesmo que não possam fazer-se à água, atentem nas palavras do AR^3, “Há muito tempo que estava por fazer mas a oportunidade tardava em aparecer. Hoje foi o dia e lá seguimos o caminho até ao mar… Quando pensávamos que o mar estava perto eis que surge um grande passadiço para percorrer. Mais um pouco e… chegámos ao GZ. O mar, mesmo estando revolto, apazigua-nos a alma. Sentimo-nos revigorados com uma simples contemplação da natureza.”, e relaxem… passeiem e relaxem! E como estamos em plena “época balnear”, atrevam-se a aceitar o desafio! Bons passeios.
Natural para proteger as formações dunares, zonas extremamente sensíveis visto serem constituídas maioritariamente por… areia. A sua protecção reveste-se de grande importância visto serem a “melhor defesa contra a intensidade dos ventos, das areias e dos avanços do mar.”! Desta forma, ao conservarmos as Dunas estaremos a impedir o avanço do mar e a colocar a salvo também as populações. Fontes: Reserva Natural - Dunas de S. Jacinto - http://coord.info/GC32XTW ICNF - http://www.icnf.pt/portal/ap/rnat/rndsj Texto: Rui Duarte (RuiJSDuarte) Fotos:
longe! Muito bom, belo passeio!”. A milenajorge destaca a vertente
A Reserva Natural das Dunas de São
Daniel Cox (dpainem) / António Can-
educativa, ecológica e “pacífica”, “Um
Jacinto (RNDSJ) é uma área com cer-
deias (amfcgeo)
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 89
FROM GEOCACHING HQ WITH LOVE Em 2007 soube de um trilho de geo-
dia após dia, sinto-me afortunada por
pessoas ressonar à noite, irei comer
caching existente ao longo de um fa-
uma das vantagens deste trabalho
um jantar de peregrina enquanto par-
moso caminho de peregrinação reli-
ser um período sabático de quatro se-
tilho histórias com pessoas de todo o
giosa para/em Espanha. Foi a primeira
manas. Este período sabático ganha-
mundo. Provavelmente irei sentir do-
vez que ouvi falar do Camiño de San-
se ao fim de sete anos na empresa,
res e sofrimentos que nunca pensei
tiago, também conhecido em inglês
e tens três anos para o gozar. Assim,
possíveis. Posso até ficar demasiado
como “Way of Saint James”. Esta via-
como estou a aproximar-me do meu
familiarizada com percevejos ao lon-
gem leva-te até à Catedral de Santia-
10º ano na sede do Geocaching, es-
go do caminho… Haverão dias difíceis
go de Compostela, em Espanha, onde
tou animada por me afastar para uma
e dias incríveis, mas, no fim, sei que
se acredita que repousem os restos
aventura única na vida.
tudo valerá a pena.
mortais de São Tiago. Ao tomar co-
Daqui a apenas alguns dias vou estar
Então, depois de muita preparação –
nhecimento desta peregrinação, sou-
a descolar para Paris, França, e em
reservas de viagens, guardando PQ’s,
be imediatamente que a queria fazer
seguida, a caminho de uma peque-
tendo aulas de Espanhol, adquirindo
um dia. Sempre achei que a melhor
na localidade no sul chamada Sain-
equipamento e caminhando BASTAN-
forma para ver o mundo é a pé, e, por
t-Jean-Pied-de-Port. A partir daí co-
TE – parto para percorrer os 790 km
isso, isto adapta-se muito natural-
meço a minha viagem pelo Camiño de
desde o sul de França, pelas monta-
mente a mim.
Santiago, caminhando 790 km desde
nhas dos Pirenéus, e de seguida por
Eu amo em absoluto meu trabalho e
St. Jean até Santiago, em Espanha. Os
toda a Espanha até Santiago. Se o
sinto-me sortuda por ter a possibili-
meus únicos pertences serão aque-
tempo permitir, irei caminhar os dias
dade de me sentar na sede do Geoca-
las que conseguir carregar às minhas
extra até Finisterra. Embora possa
ching, a trabalhar com a comunidade
costas. Irei caminhar com outros pe-
não encontrar todas as geocaches ao
geocacher nos aspectos divertidos
regrinos na mesma viagem, vou ficar
longo do caminho, acredito que en-
do jogo. E, embora adore estar aqui
em albergues onde irei ouvir outras
contrar caches, quando possível, irá
90 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
tornar a viagem muito mais gratifi-
to que neste momento estou pronta
ser uma experiência que irá mudar a
cante.
para enfrentar a mesma viagem.
minha vida.
Tenho tido muitos bons conselhos e
Estou sempre à procura daquela pró-
Poderás seguir a minha viagem com-
incentivo de amigos, e desconhecidos,
xima aventura ou daquele próximo
que já fizeram o Camiño antes. Todos
desafio. Sinto-me sortuda por ter um
o experienciaram de forma diferente,
hobbie como o geocaching que me
quer tenham feito o Camiño Francês,
ajuda a encontrar essas aventuras.
Texto: Annie Love / Bruno Gomes
o Português ou uma outra rota. Sin-
Percorrer o Caminho de Santiago irá
Fotos: Annie Love
pleta, desde a preparação até ao final, no meu blog pessoal: https://adventuregirlannie.com/.
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 91
O M E U WAY M A R K
GRAFFITI por
Provavelmente todos nós já passamos em alguns locais (principalmente aqueles de nós que residem ou se deslocam nas grandes urbes) adornados e abrilhantados com magníficos graffitis. Não aqueles que se dedicam apenas a sujar e a degradar o nosso vasto património e os muros que o delimitam, mas os outros, as verdadeiras obras de arte, muitas vezes escondidas dos olhares, em becos e vielas ou em prédios devolutos. Nesta edição trago-vos um pouco desta “StreetArt”. Um waymark meu, numa localização bem turística de Lisboa, onde quis o destino (e o trabalho) que eu fosse parar de forma totalmente insuspeita… foi mesmo um virar de esquina e “UAU!!!!! Masoquéquéisto?!”. Foi o meu primeiro contacto (e até agora único, apesar de já saber onde me dirigir para ver mais “coisas” destas) com o trabalho de um jovem português que dá pelo nome de “Bordado II” (Bordalo Segundo) e que se dedica, com grande sucesso diga-se, a fazer instalações muito para além do graffiti (categoria onde coloquei este wm), e a que dá o nome de “trashart”. Na sua página pessoal 92 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
R u i J S D u a r te
(http://www.bordaloii.com) podemos ler uma famosa citação “one man’s trash is another man’s treasure” que resume de uma forma muito sucinta e objectiva a sua metodologia de trabalho, baseada na utilização de materiais e objectos em fim de vida para criar as suas obras de arte e atiçar a consciência social daqueles que poem os olhos nas suas fabulosas criações. Recomendo mesmo a passagem pela sua página e pelo seu FaceBook (https://www.facebook.com/ BORDALOII). Esta obra que hoje vos trago foi considerada uma das 25 mais populares de 2015 pelo site StreetArtNews.net, onde podemos encontrar uma outra obra em Portugal (do polaco Sainer) e uma do nosso famosíssimo Vhils nos Estados Unidos. Portugal e os Portugueses a darem cartas! E o wm referencia o nem mais nem menos que o E.X.P.E.C.T.A.C.U.L.A.R. “Raccon”, localizado/colocado num pequeno edifício junto ao CCB em Lisboa (no lado oposto à Praça do Império). A “coisa”, muito mais que um “simples” graffiti, ocupa uma espécie de dois an-
dares e uma varanda, construída e pintada (maioritariamente em tons de cinza e verde) em três dimensões, o que lhe dá um aspecto muito mais fantástico ao vivo que nas fotografias encontradas pela web. Ainda assim, e na impossibilidade de visitar ao vivo o local, aconselho uma pesquisa por “raccoon bordalo II” para uma ideia do que estão a perder (desta e de outras obras do artista). Este é presentemente o wm mais recente em Portugal, nesta categoria, “Graffiti”, criada no início de 2006 e onde habitam presentemente cerca de 600 exemplos desta forma de arte urbana. Vá, pesquisem na internet pela localização das obras de artes deste (e de outros) genial artista e aproveitem para incluir nas vossas passeatas a descoberta destes tesouros. Racoon - Lisbon, Portugal (http://www. waymarking.com/waymarks/WMQBBB_Racoon_Lisbon_Portugal) Texto / Fotos: Rui Duarte (RuiJSDuarte)
Junho 2016 - EDIÇÃO 21 93
PONTO ZERO
CACHES CHALLENGE por
B í ta r o & M i g h t y R ev
Uma cache challenge requer que os
cumprir as tarefas.»
de reclamação para a Groundspeak; e
geocachers encontrem a cache física
Assim, as caches challenge foram
os requisitos para registo destas ca-
associada, bem como um conjunto
alvo de uma excepção a esta regra,
ches eram muitas vezes complicados
adicional de geocaches com caracte-
pois claramente traziam uma mais
de perceber.
rísticas definidas pelo owner.
valia ao jogo.
Deste modo, e com o envolvimento
As caches challenge encorajam os
E com essa excepção veio a expec-
de muitos membros da comunida-
tativa de que os aspectos negativos
de, bem como a discussão pública
não superassem os positivos. Mas in-
nos fóruns oficiais da Groundspeak,
felizmente, uma série de factores ne-
chegou-se à conclusão que algumas
gativos levou, a 21 de Abril de 2015,
regras para a criação de Challenges
que a publicação destas caches fosse
tinham de ficar mais claras, simples
suspensa.
e de melhor entendimento.
O período de pouco mais de um ano
Para além disso, e talvez tinha sido
desta suspensão serviu para que se
esta a mudança mais notória, foi cria-
repensassem os moldes com que as
da a obrigação da existência de um
caches challenge deveriam existir,
checker online para demonstração da
tendo então em conta as principais
concretização dos desafios propos-
desvantagens que se sobrepuseram
tos pelo challenge. Foi aqui que en-
considerados requisitos adicionais
aos pontos positivos: a Subjetividade
trou então a colaboração efectiva do
de registo (RARs) e devem ser opcio-
dos critérios dos challenges muitas
Project-GC com o geocaching.com.
nais. Os geocachers à procura podem
vezes resultava num processo de re-
Nos quadros seguintes estão as re-
escolher se querem ou não tentar
visão difícil; sobrecarga de processos
gras atuais, e que entraram em vigor
geocachers a definirem e atingirem objectivos interessantes. Exemplos de caches challenge: encontrar uma cache em todos os dias do ano, ou encontrar uma cache para cada combinação de Terreno/Dificuldade. Ora, este tipo de caches vai contra uma das regras básicas: «Para geocaches físicas todos os requisitos de registo para além de encontrar a geocache e assinar o log físico são
94 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
dia 26 de Maio último, para este tipo
tos à altura da publicação.
de cache, bem como um conjunto de
5. Requisitos dos critérios
pressupostos aceitáveis e não acei-
- Os critérios do desafio têm que
táveis para a publicação de uma cache challenge. REQUISITOS DE TODAS AS CACHES CHALLENGE 1. Tipo e nome: Caches challenge têm que ser publicadas com o tipo Mistério e têm que ter no seu nome a palavra inglesa “challenge”.
ser positivos e exigirem que um objectivo relacionado com geocaching seja atingido. Os critérios não podem ter como base objectivos negativos, como por exemplo registos de DNF. - Os requisitos do desafio deverão ser simples, fáceis de explicar, seguir e documentar. Extensas listas de re-
prido e devidamente documentado. O QUE FAZ COM QUE UMA CACHE CHALLENGE SEJA ACEITÁVEL? 8. Atingível SIM - As caches challenge têm que ser atingíveis a qualquer altura. NÃO - Requerer que as caches tenham sido encontradas em anos transactos, não sendo possível serem atingíveis por geocachers mais recentes.
gras e requisitos diferenciados, ou
NÃO - Desafios que excluam especi-
restrições, serão motivo para a não
ficamente algum segmento de geo-
um checker online de challenges. Ver
publicação do challenge.
cachers.
este artigo do Centro de Ajuda para
- Uma cache challenge deverá apelar
9. Tempo limitado
mais informações acerca dos requisi-
e ser alcançável a um número razoá-
SIM - Manter uma série de dias se-
tos do challenge. (novo 2016)
vel de geocachers. O revisor poderá
guidos com registos de Encontrada,
3. Localização do Recipiente Final:
solicitar uma lista de geocachers da
pelo menos um por dia, até 365 dias.
- O recipiente final deve estar coloca-
área que se qualifiquem para o chal-
NÃO - Geocaching limitado no tem-
do nas coordenadas da página publi-
lenge.
cada ou num Ponto Adicional visível
6. Verificação
2. Challenge Checker: As caches challenge têm que incluir um link para
na página. (novo 2016) - A cache física deve ser encontrável sem necessidade de contactar o owner. 4. Fonte dos critérios - Critérios de uma cache challenge • Devem provir de informação fornecida em Geocaching.com tal como a página das estatísticas, datas de colocação de geocaches,
- Os owners do challenge deverão garantir que os geocachers conse-
po: tal como uma determinada quantidade de caches encontradas num dia, numa semana, num mês, ou ano. Exemplo, dia preenchido, 50 encontradas, 500 encontradas num mês,
guem demonstrar que completam os
etc. (novo em 2016)
requisites da cache sem que compro-
NÃO - Manter uma série de dias se-
metam a sua privacidade.
guidos com caches encontradas to-
- Os owners do challenge deverão
dos os dias, para além de um ano.
demonstrar que eles próprios conse-
(novo em 2016)
guiram alcançar o objectivo do chal-
NÃO - Especificar tipos de caches ou
lenge. (novo em 2016)
tipos, atributos, souvenirs, etc.
7. Registar fisicamente
• Têm que ser verificáveis através
- Os geocachers podem assinar o li-
de informação disponível em Geo-
vro de registos físico a qualquer altu-
caching.com.
ra. No entanto, a cache challenge só
quantidade de Encontradas (acima de uma por dia) necessários durante uma sequência. (novo 2016) 10. Fonte dos critérios SIM Os critérios das caches challenge deverão estar associados a
- Os owners de caches challenge têm
poder ser registada online como en-
informação que esteja disponível no
que demonstrar que existem bastan-
contrada se o registo físico tiver sido
site geocaching.com e devem ser ve-
tes caches que cumpram os requisi-
feito e se o desafio tenha sido cum-
rificáveis através da informação do Junho 2016 - EDIÇÃO 21 95
mesmo site.
i.e. um número aceitável de Earthca-
onde um challenge muito simillar ou
SIM - Os critérios das caches challen-
ches encontradas em Portugal pode
idêntico já exista.
ge devem ser baseados em caches
ser publicado.
com registos do geocacher: Found it!,
NÃO - Encontrar todas ou uma de-
Attended, foto tirada em Webcam.
terminada percentagem de caches,
SIM - Os critérios das caches chal-
ou tipos de cache, rácio de caches, ou
lenge devem ser baseados no tipo de registos, não no conteúdo desses registos. NÃO - Trackable, Benchmarking, registos em Waymarking, ou especificar registos em Lab Cache. (novo em 2016) NÃO - Nestes elementos das páginas das caches: título da cache, nome do owner, códigos GC, Revisor que publicou ou texto da página. (novo em 2016) NÃO - Requerer que o geocacher seja owner de alguma cache. NÃO - Requerer que os geocachers registem caches que estejam desactivadas ou arquivadas. 11. Listas específicas SIM - Uma cache challenge baseada em caches com pelo menos X número de pontos favoritos pode ser publicada, uma vez que a informação é de origem no Geocaching.com.
outro valor permitido dentro de uma área especificada; i.e. 80% de Earth-
É recomendado que o nível de dificuldade seja baseado no desafío em si, e que o nível de terreno seja baseado na localização da cache challenge. (novo em 2016)
Caches em Portugal não é publicável.
E das Linhas de Orientação vem ain-
(novo em 2016)
da que:
13. Data de Encontrada
«Por favor tome em atenção que não
SIM - Geocaches encontradas antes
existem precedentes para a publicação
do challenge ter sido publicado po-
de uma geocache.» e «Por vezes, uma
dem contar para a concretização do desafio. NÃO - Restrições à data de registos de Encontrada utilizados para o desafio não são permitidas. 14. Critérios positivos SIM - Os critérios do challenge devem ser positivos e exigirem que seja al-
geocache pode estar de acordo com todos os requisitos para publicação mas os revisores, como geocachers experientes, podem ter preocupações adicionais que não se encontrem nestas linhas de orientação e que você, como alguém que coloca uma geocache, pode
cançado um objetivo de geocaching.
não ter reparado. O revisor pode trazer
NÃO - Não encontrar caches: crité-
estas preocupações adicionais à sua
rios que limitem ou punam algum
atenção e oferecer sugestões para que
elemento enquanto se procuram ca-
a geocache possa ser publicada.»
ches. Exemplos: challenges que requeiram rácios de caches encontradas; tais como 10% de registos de Encontrada devem ser registos de Attended, challenges que requeiram
Nota: Neste momento, caches challenge publicadas antes de 21 de abril de 2015 são Tipos de Cache com Di-
NÃO - Uma cache challenge baseada
encontrar apenas um tipo particular
reitos Adquiridos. Tal como acontece
em elementos que podem ser con-
de caches por um período de tempo,
com qualquer cache deste género, o
trolados pelo dono da cache não é
como 100 founds consecutivos em
QG do Geocaching pode arquivar ca-
aceitável. Exemplos: os meus favo-
caches Mistério.
ches que se tornam problemáticas.
ritos, as minhas caches, caches por
NÃO - Competição em vez de con-
este owner, ou por um determinado
cretização. Exemplo, um challenge
grupo.
baseado em “First to Finds” é uma
12. Todas ou uma percentagem de
competição.
caches
Bom geocaching, divertido e positivo.
Texto:
SIM - Encontrar um número razoável
Para além disto, não se deve subme-
Filipe Nobre (MigthyRev)
de caches de uma determinada área,
ter uma cache challenge numa área
Vitor Sérgio (Bitaro)
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Junho 2016 - EDIÇÃO 21 97
PASSATEMPO #getoutdoorsday VENCEDOR
POR ESCOLHA DA REDACÇÃO
txina
Cristina Ferreira
VENCEDOR POR SORTEIO
Arruda78
Andre Filipe Arruda
PARABÉNS!! 98 Junho 2016 - EDIÇÃO 21
Junta-te a nรณs!
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