Geomag - Edição 21

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Junho 2016 - EDIÇÃO 21

À DESCOBERTA DE

Douro Sublime Explorando o vale do Douro e toda a beleza natural deste lugar único. ALÉM FRONTEIRAS

Uma viagem até ao outro lado do mundo, a Austrália E AINDA...

– Cruzilhadas – Geocoin Victoria Amazonica – Mini Super Liga 2016 – Ponto Zero – E muito mais...

MANTUNES Ex Charter Member, empreendedor, fundador, geocacher dedicado às raizes da actividade. Manuel Antunes em antologia. Junho 2016 - EDIÇÃO 21 1


2 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Índice Editorial............................................................. 04 Cruzilhadas....................................................... 06

Nota sobre Acordo Ortográfico: Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.

Mandamentos - Não Ofendas.................... 10 Além Fronteiras - Austrália........................ 12

Créditos

O que levo na minha mochila...................... 18

Annie Love

À Descoberta - Douro Sublime.................. 24 Frente a Frente............................................... 28 3 Toneladas de Ouro... So Close!............... 36 Entrevista de Carreira - MAntunes.......... 43 Mini Super Liga GeoPT 2016...................... 70

António Cruz Bruno Gomes Bruno Rodrigues Filipe Sena Filipe Nobre Luís Machado Nuno Gil Pedro Almeida

Geotour Açores - Grupo Ocidental.......... 76

Rita Monarca

Geocoins - Victoria Amazonica................. 82

Rui de Almeida

Gadgets n’ Gizmos - C:Geo.......................... 86 Cache em Destaque....................................... 88 From Geocaching HQ with Love................ 90

Rui Duarte Sónia Fernandes Tiago Borralho Tiago Veloso Vítor Sérgio

O meu Waymark- Graffiti............................ 92 Ponto Zero - Caches Challenge................. 94

Com o apoio :

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EDITORIAL

por Rui Duarte

Se há coisa que abraçar o cargo de

orçamento (e o tempo disponível) não

sava (passou) por:

Editor da GeoMag me deu foi a opor-

o permite e por isso faço (fazemos)

- Observar a Fórnea lá do topoooo,

tunidade de “viver” as aventuras e

questão de agarrar qualquer oportu-

usando como desculpa a caçada à TF-

desventuras dos entrevistados (mui-

nidade que se afigure viável. Foi o que

05 Alto da “Cova da Velha” do trifais-

to à semelhança com o que se passa

se passou com o CLCortez numa visita

ca e servindo como aperitivo para o

quando leio um bom livro). As horas

ao Castelo de Leiria, com o Bargão_

que aí vinha, não só relacionado com

passadas em torno da investigação,

Henriques num belíssimo dia por Ri-

a paisagem soberba que rodeia toda

as perguntas mais ou menos certei-

bamar e agora com o MAntunes pela

a zona como também como comple-

ras, as respostas muitas vezes acom-

Fórnea e arredores.

mento à entrevista propriamente dita,

panhadas de um “Ei! Não fazia ideia

Anos a fio a ler sobre “abordagens à

pormenores mais obscuros e/ou es-

de que isso tinha acontecido, e muito

MAntunes” e outras “características“

quecidos pelo tempo… a “cachada”

menos assim!” e os sorrisos, certa-

que de uma forma ou de outra o fo-

em si resultou num fabuloso DNF e só

mente partilhados, a respeito de uma

ram tornando únicos levaram a que

nos faltou mesmo gritar “Busca Ma-

ou outra situação mais curiosa.

durante a entrevista fosse ponto as-

nel” para enquadrar a coisa no espíri-

No entanto, o ideal seria sempre con-

sente o facto de que a mesma não se-

to. Hehehe

ria publicada sem uma enriquecedora

Mas não foi por falta de esforço que a

envolvido na realização da entrevista

“visita de campo”.

cache ficou por encontrar. Eu já a tinha

com, pelo menos, um dia bem pas-

Os Astros alinharam-se o suficiente

encontrado noutra altura, o Fotografo

sado na companhia do/a/s ilustre/s

para que a saída se proporcionasse

não é propriamente Geocacher mas o

visados, coisa que raramente é pos-

no final de Maio, num dia a que nem a

Manuel bem tentou! Provavelmente

sível. Seria certamente enriquecedor

chuva quis faltar, e ao final da manhã

os últimos founds serão daqueles que

poder ver o K!nder a abordar uma

a GeoMag registava ao vivo e com be-

levam tudo a eito a bordo do/s PT/s e

T5, o Sup3rFM a recambiar um geo-

líssimas cores a tour “um dia inteiro,

fomos ao engano, julgando que a ca-

cacher para o “opencoiso”, passear

três caches” by MAntunes e GeoMag.

che estaria no GZ.

pelas Levadas com o Luisftas ou ver

O plano visava fundamentalmente

- Despachado o DNF, o melhor e mais

o AJSA a estrumar uma fileira de Al-

efectuar a manutenção na Soft Water

saboroso “Found it” do dia… foi found

faces (será que se estruma o terreno

over Hard Stone [Porto de Mós], ca-

na Chouriça assada, na Morcela de Ar-

onde se plantam as alfaces?!)… mas, o

che originalmente do pcardoso e pas-

roz, no Entrecosto e Lentrisca grelha-

seguir complementar todo o trabalho

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dos, nos famosos Queijinhos, Azeito-

da camara bastante acessível, a qual

onde deveríamos ter deixado o TT. O

nas e Broa de Milho... tudo muito bem

visitámos com pouquíssimo esforço e

standart portanto… o pessoal é novo

regado com o tinto da casa! Resumin-

onde deu para ver um primeiro lago.

nisto. O local escolhido para esconder

do, encontramos a Tasquinha da D.ª

Isso e o Manuel a molhar o pé até ao

a cache é definitivamente um daque-

Maria, vulgarmente conhecida como

joelho.

les que dificilmente se encontrará por

“Ti Maria dos Queijinhos”! Tudo tem-

A manutenção da cache… como tan-

acaso e onde se aplica o cliché “se não

perado com muita, muita conversa…

tas outras. O container, em perfeito

fosse o geocaching nunca aqui teria

o meu filho é que tem razão, Geoca-

estado, terá sido deixado mal fechado

vindo”.

ching sem almoço (grelhados) não é

e estava tudo ensopado. A regra que

Por tudo o acima confirmo, o ideal era

Geocaching!!

confirma o que o entrevistado já tinha

mesmo poder passar um EXCELENTE

- Era altura de testar o Sorento e de

referido, que a maior parte dos arqui-

dia como este, com todos os que de

fazer aquilo a que nos tínhamos real-

vamentos das suas caches se deveu à

uma forma ou de outra vão enrique-

mente proposto, dar uns miminhos

falta de cuidado de terceiros.

cendo a GeoMag, em especial com os

à Velha, ou melhor, à Cova da Velha,

- Para o final estava reservada ou-

que são alvo de entrevistas (mais ou

desta feita bem mais húmida do que

tra “técnica” descrita na entrevista

da primeira vez que a visitei… o pas-

do Manuel. Fomos em busca de uma

Manuel aqui.

seio pedestre, mais curto pois leva-

cache nas imediações, a terceira e úl-

Não quero deixar de destacar também

mos o jipe até à cascata, fez-se sob

tima do programa, Penas do Castelo

aqui o nosso passatempo de Junho,

a ameaça dos céus, que, felizmente,

[Porto de Mós], e fruto de termos en-

em linha com o novo souvenir dos

nos desabou na cabeça quando nos

veredado pelo caminho obviamente

nossos amigos da GS, o “National Get

já encontrávamos quase nas entra-

mais difícil tive direito a ver in loco o

Outdoors Day”. O desafio era manifes-

nhas da terra. Realmente, estas coi-

que raio é a “aproximação à MAntu-

tamente simples, registar em fotogra-

sas quando se está acompanhado por

nes”… umas vezes por cima da vege-

fia um momento passado a “cachar”

quem sabe tem outro sabor… não é

tação, outras por debaixo, com mais

durante o dia 11 de Junho e partilha-

que o que pensei que fosse uma pe-

ou menos dificuldade e “azimutando”

-lo connosco. Algumas dezenas de

quena lapa na encosta da Fórnea, é

pelo morro errado lá encontrámos um

simpatizantes e amigos responderam

afinal apenas a entrada de uma gruta

caminho mais “normal” e fomos dar

ao desafio e o resultado está aí… no

com lago e tudo? E com uma segun-

com o local recomendado (na listing)

interior da vossa revista!

menos exaustivas), como foi o caso do

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LAGOA DOS CÂNTAROS

CRUZILHADAS

para lá do geocaching Por Valente Cruz Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Os clichés são comummente aplicados

rio, mas sempre o realizei sem material

ção, as dúvidas, as dificuldades, as es-

nos mais variados contextos e sujei-

e com os condicionalismos associados.

peranças, a prova propriamente dita, o

tos. Aos poucos, estas atribuições vão

Por todas as razões, e em particular

sofrimento e o momento final, em que

conquistando a comunicação e faci-

pelo facto de não me sentir muito à-

todas estas vivências se transformam

litando o exagero. Por vezes lá se es-

vontade na água, nunca sonhei que um

num sorriso intemporal de felicidade

cuta que «O geocaching é mais do que

dia haveria de fazer canyoning. Depois

pura.

um passatempo, é uma forma de estar

de experimentar fiquei fascinado com

na vida». Sinto alguma desconfiança

o quão próximo poderemos sentir a

À medida que o geocaching foi propor-

sempre que escuto clichés, em parti-

aventura em segurança.

cular os que terminam desta maneira.

De todas as atividades descobertas,

O geocaching é apenas um passatem-

tempo emergiu da sombra: a fotografia.

a que mais me marcou foi o monta-

po; quanto às formas de estar na vida,

nhismo. Sempre senti um apelo na-

Face ao manancial de oportunidades,

quaisquer que sejam, todas o são de

tural pelas montanhas e por espaços

forma intrínseca. Não obstante, atra-

de elevada solidão. Gosto de reencon-

vés do geocaching e nos mais varia-

trar-me pelas veredas e subir ao alto

dos contextos, é possível vivenciar um

de quem gostaria de ser. O geocaching

conjunto de outras atividades que aca-

veio exponenciar e concretizar essa

bam por complementar o passatempo

paixão. Bastou uma primeira experiên-

e enriquecer as experiências.

cia de geocaching na montanha para

O geocaching não se reduz à desco-

perceber que este era o meu ambien-

berta de locais; muitas vezes acaba-

te preferido para praticar o passatem-

mos por nos redescobrir, ou pelo me-

po. Depois, com ou sem geocaching, a

nos aprendemos a gostar que coisas

montanha passou a ser o princípio e

que não imaginávamos e redefinimos

o fim de muitas aventuras. Travessias

os nossos limites. Depois da curiosi-

e pernoitas deixaram de ser sonhos

dade inicial na procura de recipientes,

adiados e tornaram-se repositórios de

quais Indianas de um tempo perdido,

grandes memórias!

o êxtase vai acalmando lentamente e

Tendo como contexto o geocaching e

somos introduzidos em outras ativida-

partindo do fascínio pelas montanhas

des, mais ou menos relacionadas, que

descobri o trail running. Quando surgiu

de outra forma poderíamos não expe-

o primeiro vislumbre desta modalidade

rienciar. No princípio é a cache; depois,

estava ainda longe de imaginar o quão

a imaginação é o limite.

esta descoberta seria interessante e

Por exemplo, sempre torci o nariz a an-

me levaria a quebrar mais algumas

dar pendurado em cordas, mas lá che-

barreiras. Há cerca de quinze quilos

gou o momento em que para encontrar

atrás esticava-me no sofá e limitava-

uma cache foi necessário fazer rapel.

me a exercitar os dedos com o coman-

Apesar da expetativa e nervosismo

do da televisão, vagamente desinte-

iniciais, a experiência revelou-se fan-

ressado no que se estendia para lá da

tástica! Experimentei a escalada atra-

janela e do conforto da casa. Depois, é

vés do geocaching e desde então ficou

difícil transcrever por palavras o quan-

a vontade de repetir. O mesmo acon-

to me satisfaz e realiza todo o proces-

teceu com o canyoning; já sentia um

so de vencer um desafio de ultra trail,

Texto / Fotos: António Valente

apelo natural por fazer progressão em

desde a escolha da prova, a prepara-

(Valente Cruz)

cionando a descoberta de locais fantásticos e insuspeitos, um novo passa-

começou a parecer-me que as fotografias não revelavam verdadeiramente a beleza dos locais ou dos momentos, o que me levou a querer aprender mais sobre a arte e o sobre o equipamento. Até então, a fotografia nunca tinha sido um fim. Depois, e também à boleia do geocaching, passei a acordar a horas improváveis ou a pernoitar em locais insuspeitos para assistir e fotografar o nascer do sol, em momentos que antes apenas existiam no meu imaginário, mas que entretanto se tornaram obrigatórios e fundamentais, ano após ano. Para lá dos locais e atividades que o geocaching permitiu descobrir, falta enunciar o melhor de tudo: os amigos. Este é um dos aspetos mais marcantes do passatempo, pela facilidade com que se conhecem pessoas e se criam amizades. Tendo em conta o interesse comum, parece haver um elo natural entre geocachers. No final, vivência atrás de vivência, ficarão sempre os amigos e a certeza de que, se não for por mais nada, só por isso já valeu a pena!

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CASTRO DE ROMARIZ

SERRA DO MARÃO

8 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


VALE DO VOUGA

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MANDAMENTOS

NÃO OFENDAS! por

10 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

TiagoSGD


Andamos há vários meses a refletir

A sede de uma guerra é tanta que se

cólera e por tantos outros sentimen-

acerca do estilo de vida que um geo-

ofende a toda a hora! Prometem-se

tos que tais. Sentem-se bem assim.

cacher deve aplicar para escapar aos

joelhadas e lambadas. E sangue. Mui-

Não podemos ignorar que há pessoas

tormentos eternos, onde nem o sinal

to sangue.

que inventam problemas quando tudo

GPS consegue entrar. Sim, caros brothers e sisters, também hoje falaremos de um Mandamento, um dos últimos da lista! Mas, podernos-ia passar ao lado o “não ofendas”? Vivemos tempos complicados. A malta está sedenta de sangue. Vejam só o facebook! Aquilo é ataques, contra-ataques e autênticas explosões de ódio! Por tudo e por nada! Por nada e por tudo! Escreve-se só “porque sim”. É chamar o PR de £@€@ de uma [§£”£» € e o presidente do clube da terra de ^£@£{?%!. Assim, sem mais nem menos. Atacam-se celebridades que riem e vips que foram de férias para o outro lado do mundo. Alguém fala bem? Poucos, muito poucos. Alguém elogia?

Ok, é certo que, por vezes, podemos

está bem, tal é a sua criatividade…

estar a ferver por dentro, que nem

Quem está do outro lado, o owner ou

chaleiras prontas para o chá (imagem

o leitor, pode reagir com a mesma

tão estranha!), mas, neste exemplo

moeda, pode deixar-se ficar ofendido

tão parvo, posso diminuir o lume, não?

e até perder o sono. Mas pode pensar

Claro que posso deixar ferver e verter

que o escritor teve um dia mau; que

tudo. Posso irritar-me e dar um pon-

é um geocachers frustrado porque foi

tapé na cache. Contudo, o mais co-

um DNF no meio de centenas de Fou-

mum é ver reações parvas e ofensivas

nds; ao ver o ódio dos outros, o leitor

tanto nos logs como em posteriores

pode reconhecer que não há geoca-

comentários públicos no facebook/

chers perfeitos, nem mesmo na lua. O

fóruns. Quem escreve, sabe, com cer-

melhor é passar à frente. Afinal, quem

teza, que o seu texto será lido e pode

está mal é o que deixa explodir a raiva.

ofender outra pessoa… que fazer?

Seria bom que não existissem ofen-

De facto, caros irmãos, há pessoas que não sabem/não conseguem/não querem construir dias felizes, mesmo nos períodos de tristeza, de DNF’s e de ira.

sas. Infelizmente, sempre existirão porque há sempre alguém que não consegue controlar-se a si mesmo. Esse precisa crescer. E muito.

Há pessoas que se deixam dominar pelo ódio, pela raiva, pela fúria, pela

Texto: Tiago Veloso (tiagosgd)

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ALÉM FRONTEIRAS

12 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

POR LARANJA & TMOB


Do tamanho de um continente, a Aus-

dedicar-lhe pelo menos dois.

foram deste tipo.

trália é um país com uma admirável

Quais são então os atractivos da Great

A nossa primeira paragem foi já um

variedade de paisagens, culturas e

ocean road?

pouco depois de Torquay, quando co-

muitos outros pontos de interesse.

Trata-se de uma estrada costeira,

meçámos realmente a avistar a costa,

De ambientes desérticos de cor ver-

construída numa costa irregular, para

melha, a grande barreira de coral, ani-

os entusiastas da condução este sim-

mais exóticos, belas praias, até cida-

ples facto poderá garantir uma visita,

des multiculturais como Sydney ou

mas na verdade há muito mais para

Melbourne (frequentemente entre as

oferecer. As vistas são excelentes e ao

cidades do mundo com melhor quali-

longo do percurso existem vários mi-

dade de vida), fazem da Austrália um

radouros onde é possível parar por al-

cenário com amplas escolhas e um

guns minutos para desfrutar do local

destino de eleição para muitos viajan-

e tirar algumas fotografias. No caso

tes, embora longínquo para o viajante

de uma visita com bastante tempo,

Português.

é possível fazer várias caminhadas

Relativamente perto de Melbour-

que partem da estrada em si e se es-

ne fica aquela que é conhecida como

tendem até pontos de interesse es-

placas de homenagem à Great Ocean

Great Ocean Road. Uma estrada cos-

pecíficos. Embora o percurso seja na

Road, e àqueles que a construíram.

teira, muito cénica, que serpenteia

sua maioria costeiro, uma boa parte

As várias vilas que vão sendo atra-

a costa por cerca de 250km, ligando

da estrada cruza o Parque Nacional

vessadas são na sua essência, anti-

as cidades de Torquay e Allansford.

Great Otway , onde é possível fazer

gas vilas piscatórias, hoje com uma

Os planos para o seu desenvolvimen-

caminhadas através da floresta húmi-

grande industria ligada ao turismo,

to surgiram após a Primeira Guerra

da e visitar algumas cascatas. Segun-

com oferta hoteleira e de restauração.

Mundial, e na verdade foram os sol-

do nos disseram é também possível

Em Lorne fizemos mais uma paragem

dados Australianos regressados da

avistar cangurus e coalas, mas nós

guerra que iniciaram a sua constru-

não tivémos essa sorte. Esta é região

ção, como forma de homenagem aos

produtora de vinho por isso, nas pro-

soldados perdidos, tornando a estra-

ximidades, é possível visitar algumas

da num memorial de guerra de di-

vinhas e adegas.

mensões muito consideráveis. O de-

Ao longo do caminho, e nas suas proxi-

senvolvimento desta via teve então

midades, existem centenas de caches,

uma importância a tanto nível turís-

de vários tipos e níveis de dificuldade,

tico, como comercial, uma vez que as

no entanto com tantos quilómetros

pequenas povoações da época eram

pela frente é preciso ser minimamen-

na sua maioria acessíveis apenas por

te selecto sobre onde parar. Uma vez

mar, permitindo o transporte, princi-

que as grandes atracções desta rota

palmente de madeira.

são os monumentos naturais, fruto

O percurso completo, a partir de Mel-

da erosão que ao longo de milhares

rante a construção da estrada, mas os

bourne, serão cerca de 600 km, por

anos tem desenhado a costa, crian-

seus restos mortais não foram remo-

isso ainda que seja possível fazer todo

do o cenário ideal para earthcaches,

vidos, sendo a a estrada construída

o percurso num único dia, o ideal será

e boa parte das caches que visitámos

por cima. Como memorial ao acidente,

na cache Point Roadknight [(GC1TNW4]), uma cache tradicional, simples, e que potenciou umas belas vistas. Alguns quilómetros mais à frente deixámos o carro e

ccaminhámos

até ao Split Point Lighthouse, onde bem perto se situa-se a earthcache The Aireys Inlet Volcano ([GC53CZA]). Não muito longe fica a The Gateway [(GCGTGT]), uma cache bem antiga (de 2003), que assinala um ponto de paragem obrigatória. Um pórtico comemorativo, um monumento e várias

junto ao pontão onde encontrámos as duas caches mais próximas (GC69J0Z e GC25GHV). A paragem seguinte foi na W.B Godfrey Shipwreck [(GC536B0]), não encontrámos a cache, mas a sua história é bem interessante. Trata-se de uma sepultura, na beira da estrada, perto do local onde o navio W.B Godfrey terá naufragado; ninguém morreu no naufrágio propriamente dito, mas cinco homens ter-se-ão afogado durante as operações de salvamento. As suas campas terão sido descobertas du-

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“No final ficou a memória de um excelente passeio, recheado de belas paisagens com muita diversidade, e que gostaríamos de ter mais tempo para explorar.”

foi erigida esta sepultura na berma.

assinala o local conhecido pelo mes-

Apollo Bay é um dos pontos de para-

mo nome, devido aos seus dois arcos.

gem obrigatória, uma bonita baía, com

Actualmente apenas um dos arcos de

um extenso areal; a cache Bay Cache

mantém, agora já isolado da costa.

Alpha ([GC21DRD)] permite umas vis-

O primeiro arco colapsou em 1990,

tas bem simpáticas.

e deixou duas pessoas isoladas na

Nos quilómetros seguintes a estrada

“ilha” recém criada; apesar de não ter

afasta-se um pouco da costa e o ce-

havido feridos, estas tiveram de ser

nário muda bastante., Qquando volta-

resgatadas de helicóptero. Também

mos a ver o mar surgem alguns dos

a destacar The grotto ([GC1V530]), é

monumentos naturais mais icónicos

um algar ao qual é possível descer por

do percurso. A earthcache But the-

um passadiço de madeira, e durante

re’s not twelve! [(GC3QDN1]) assinala

a maré baixa caminhar através do seu

“os doze apóstolos”, provavelmente o

arco e chegar ao mar.

ponto mais turístico deste percurso,

No final ficou a memória de um ex-

estamos a falar de um total de oito

celente passeio, recheado de belas

rochedos, isolados da costa, e criados

paisagens com muita diversidade, e

pela erosão. Sim, actualmente são

que gostaríamos de ter mais tempo

oito, em tempos terão sido doze, mas

para explorar. A, afinal o percurso é

foram desaparecendo graças à acção

bastante extenso. Ainda que a cos-

do mar. A beleza natural continua, e

ta portuguesa esconda recantos tão

a próxima paragem fez-se na ear-

ou mais belos, a grande diferença é a

thcache An Evolving Coastline [(GC-

inexistência de uma estrada costeira

26G0P)].

que permita percorrê-los a todos de

Esta é uma das zonas do percurso

seguida…, e muito provavelmente -

mais bonitas, e recheada de pontos de

ainda bem.

interesse criados pela natural erosão da costa; fizémos várias paragens,

Texto / Fotos:

nem todas com direito a cache. A ear-

Rita Monarca /

thcache London Bridge ([GC1HNP1])

Tiago Borralho (Laranja / Tmob)

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GC1HNP1

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 15


GC536B0

16 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


GC3QDN1

GC69J0Z

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 17


por BTRODRIGUES

18 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


“O que levo na minha mochila” é uma rúbrica da geomag, que pretende partilhar com todos os nossos leitores um pouco do que os nossos convidados levam consigo nas suas cachadas mais organizadas. Não deixem de partilhar connosco as vossas mochilas, através do nosso facebook em http://fb. me/geomagpt

A CASA ÀS COSTAS Caminhar durante 10 dias, ao longo de mais de 250Km, implica levar tudo o que possamos precisar durante esse período de tempo sempre connosco. Há que fazer sacrifícios. O primeiro factor a ter em conta é a própria mochila. Os critérios a ter em conta na aquisição de um item destes passam não só pela capacidade da mesma mas também pelo apoio e suporte que oferecem, a resistência à chuva e a quantidade de compartimentos que detém, já que o conforto ao longo de várias horas de uso e o acesso fácil ao que temos dentro dela é muito importante.

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Já tinha há algum tempo uma mochila

alumínio, mas oferece maior amorteci-

bastante prática, com uma capacidade

mento no impacto.

de 30 litros mas que não oferecia qualquer tipo de suporte lombar. Encaixar tudo o que tinha lá dentro seria outro desafio, portanto acabei por comprar uma Decathlon Forclaz 50 com uma

outros desgraçados. SEJAMOS FRONTAIS EM RELAÇÃO À

UMA NOITE DE SONHO A totalidade dos albergues em que fiquei alojado “oferecia” um colchão

ILUMINAÇÃO Nos albergues, depois do horário de recolher e quando as luzes gerais são apagadas, ter uma pequena lanter-

capacidade superior (50 litros), com

onde dormir e uma almofada (em Es-

múltiplas regulações, que me oferecia

panha, um forro descartável para o

maior apoio lombar e conforto. Como

colchão e para a almofada fazem parte

único ponto negativo, saliento a não

do kit de boas vindas a cada albergue).

as camas. Para os mais madrugadores,

Nem sempre haviam mantas disponí-

a organização da mochila para o dia de

veis. Por uma questão de conforto, o

caminhada tem que ser feita em silên-

resistência à chuva – facto que levou à aquisição de uma capa externa de protecção. Para as deslocações mais pequenas (dentro das localidades onde pernoitaríamos), optei por uma mochila de 10 litros (Decathlon Quechua Arpenaz 10) que pode ser facilmente fechada sobre si e facilmente transportável

saco cama é recomendável a todos, já que um bom sono possibilita uma melhor recuperação do esforço e do cansaço. Optei com um saco cama para temperaturas de conforto de 15° com cerca de 700 gramas de peso (Forclaz

na ajuda imenso quando é necessário procurar alguma coisa na mochila ou mesmo movimentarmo-nos por entre

cio e às escuras – convém ter as mãos livres, daí a escolha de um frontal. UMA LIMPEZA O mínimo possível do kit de higiene pessoal consistirá de uma escova de dentes, um pequeno tubo de dentífri-

num bolso das calças. Esta permite o

15° light) com uma grande capacida-

transporte de uma peça ou duas de

de de compressão e que consegue ser

roupa adicionais, o poncho, a máquina

armazenado num volume muito redu-

fotográfica, o GPS, o telefone e os do-

zido. A almofada de viagem que me

supermercados, são cada vez mais

acompanhou (que pode ser comprimi-

habituais devido às restrições de volu-

da numa pequena bola e ocupa um vo-

mes de líquidos no transporte aéreo) e

cumentos. QUILÓMETROS A DAR COM UM PAU Caminhar com o auxílio de um bastão (ou mais) ajuda a aliviar a pressão sobre os membros inferiores e as suas articulações, transmitindo algum do

lume muito reduzido) serviu essencialmente para apoio cervical nas viagens de comboio.

co, um desodorizante, um gel de banho e um shampoo. Eu optei por levar miniaturas (podem-se adquirir nos

adicionei ainda um rolo de fio dental e um alicate corta unhas, tudo dentro de uma bolsa estanque e hermética, para evitar acidentes e para poder transportar à vontade onde quer que fosse.

esforço para os membros superiores. O

APRECIAR O SILÊNCIO

Uma pequena bolsa de papel higiénico

bastão é útil também para auxiliar nas

Diz-se que parte do encanto do cami-

humedecido complementava a minha

subidas e descidas, como apoio adi-

nho são os longos silêncios e a intros-

cional, ou para a transposição de pisos

pecção que nos permitem. Mas o des-

mais lamacentos (ou inundados) para avaliar para onde dar o próximo passo. Um bom bastão servirá também de estendal ou de ferramenta de defesa. Para esta caminhada, optei por um bastão de madeira Brazos Backpacker Oak Walking Stick, que é composto de

canso nocturno também serve para isso. Os tampões para os ouvidos permitem lutar contra uma das maiores pragas que existem para quem dorme em albergues: os terroristas noturnos (ou o nome carinhoso como todos

lista de material para esta categoria. Para o duche, incluí também uns chinelos e uma toalha de micro-fibras (ou toalha de natação) que seca muito rapidamente e tem um poder de absorção elevado, ocupando um volume muito reduzido. PEREGRINO PREVENIDO VALE POR

3 peças e que é facilmente transportá-

aqueles que ressonam durante o sono

vel dentro da mochila. É consideravel-

são tratados). Servem para nós pró-

É sempre boa ideia transportar uma

mente mais pesado que os bastões de

prios e (no meu caso) para oferecer aos

bolsa de primeiros socorros neste tipo

20 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

DOIS


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22 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


de actividade. O seu conteúdo permite

gas completas ao meu smartphone.

fazer pequenos curativos, desinfectar pequenas feridas e lidar com pequenos acidentes no caminho. Nesta pequena bolsa adicionei ainda um protector solar, um pequeno boião de vaselina (para amaciar a pele mais seca e evitar a formação de bolhas), um rolo de fita de protecção contra bolhas (que protege a pele da fricção, minimizando o desconforto e a evolução das bolhas) uma manta de sobrevivência (uma película de plástico metalizado que serve para manter a temperatura do corpo e proteger dos elementos) e um canivete multifunções.

t-shirts técnicas (dissipam a transpiSEM METER ÁGUA

ração facilmente), três pares de cal-

Face às previsões de aguaceiros, tive

ções de lycra (podem ser usados como

que considerar um conjunto adicio-

roupa interior e protegem eficazmente

nal de peças de roupa para me prote-

da fricção entre as coxas enquanto se

ger. Aprendi da pior forma possível (há

caminha), quatro pares de meias (con-

uns anos) que existe um compromisso

vém ter sempre os pés secos ao longo

grande entre o peso e o volume de um

do dia para evitar complicações), uns

impermeável e a capacidade do mes-

calções (ou cargo pants) com bolsos

mo de resistir a algumas chuvadas mais violentas. Casacos acolchoados e impermeáveis podem ser confortáveis e oferecem protecção em temperaturas mais frias, mas ocupam um volume considerável. Uma capa plástica pode facilmente ser transportada num bol-

I’VE GOT THE POWER

so mas não oferece a impermeabilida-

A dependência dos aparelhos electró-

de necessária e nem sempre joga bem

nicos tem destas coisas. Embora existam tomadas em todos os albergues e seja cada vez mais socialmente bem aceite pedir para deixar um telefone a carregar enquanto se toma uma pequena refeição num estabelecimento

lha polar (para proteger do frio), três

com uma enorme mochila às costas. Optei naturalmente por um poncho suficientemente grande para ser vestido por cima da mochila e que podia facilmente ser dobrado em si e transportado na mochila nos dias mais secos.

qualquer, é sempre bom estarmos pre-

com fartura e um chapéu com abas largas. Há quem goste de levar roupa e calçado mais confortável para vestir nos intervalos das caminhadas e ao fim do dia. Optei por arriscar e suprimir essa componente. Limitar o número de peças de roupa transportadas não significa sacrificar o conforto e a higiene: todos os albergues tem sítios onde lavar (e secar) a roupa gratuitamente – não esquecer meia dúzia de molas e uma pequena barra de sabão, nesse caso. Felizmente, na maior parte dos albergues, e por um punhado de moedas, pode-se partilhar uma máquina de lavar e secar com os companheiros

parados para os restantes momentos.

LAST BUT NOT LEAST, LAVAR A ROU-

É por isso que, para além dos carre-

PA SUJA

gadores e dos respectivos cabos, levo

A escolha da indumentária variará ao

este power bank, que depois de total-

gosto de cada um e ao espaço dispo-

Texto / Fotos:

mente carregado, permite 3 ou 4 car-

nível. Optei por uma camisola de ma-

Bruno Rodrigues (btrodrigues)

de caminho.

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por Junho 2016 - EDIÇÃO 21

V a l ente C r u z


Nem sempre a magia está nos olhos de

especial.

levam-nos a alma.

quem vê; existem locais que são mági-

Lá em baixo, acompanhando fielmente

cos por si e não dependem de perspe-

Em cada instante surgem motivos

a margem do rio, segue aquela que al-

tivas ou ambiguidades. As encostas do

para parar e contemplar. A paisagem

guns consideram a melhor estrada do

rio Douro encerram uma magia qua-

mundo (GC5T7J6). Opiniões e algorit-

vai-se tornando mais selvagem e me-

se inefável e esta é uma viagem por

mos à parte, é indubitável que será uma

este reino maravilhoso. É encantador

das mais bonitas. Descendo a encosta

deambular esquecido do mundo pe-

e cruzando a ponte, encontram-se inú-

las encostas engrandecidas do Dou-

meras quintas engalanadas que mere-

ro, onde a paisagem foi transformada

cem uma visita demorada (GC5HEXH).

pela vontade indomável do Homem.

Depois, contemplação após vislumbre,

Um mundo de acidentes naturais ver-

chega-se ao Pinhão (GC1X76Q). Na es-

gados por instintos primevos ao longo

tação, enquanto se aguarda pelo com-

de infindas gerações. A dureza da vida

boio, é possível revisitar a história do

enraizada nas unhas das suas gentes

Douro pela arte dos azulejos. Ali tudo

e concretizada em paisagens domesti-

parece parado num tempo bucólico e

cadas pela arte.

despreocupado.

por ali indefinidamente.

Nem sempre é fácil definir o que re-

O rio é como a própria vida. Nem sempre

O Douro é paisagem e vinho. Ambos

presenta a identidade portuguesa. No

é calmo, cristalino e fácil; muitas vezes

fermentados ao longo de séculos pelo

Douro, essa definição torna-se ime-

torna-se colérico e inesperado. Apesar

lavor das suas gentes. A paisagem fica,

diata e intuitiva. Não precisamos de a

de domado por sucessivas barragens,

mas o vinho parte. Todo este trabalho

tentar explicar ou compreender; ape-

ocasionalmente sobe às arribas e con-

de arte e tradição segue a jusante do

nas basta abrir os olhos e contemplar

some as margens. As águas arrastam

esta essência secular que nos vai mol-

rio até à foz. Lá chegado, delonga-se

tudo, adquirindo uma tonalidade terra-

dando a alma, mesmo que nem sem-

tumultuosa. Longe vão os dias em que

algum tempo por Gaia, que o vai en-

pre o saibamos merecer.

os barcos rabelos deslizavam a vida

Esta viagem começa na Régua e se-

pelo rio em viagens imprevisíveis; ago-

gue a montante da vida. As pontes

ra, do conforto dos passeios turísticos,

antigas (GC3BHRR) que ligam as mar-

tudo parece mais simples e controlado.

gens emolduram também quadros e

Deixando para trás outros miradouros,

enfeitam cenários. Prosseguindo por

seguindo por estradas e atalhos mean-

estradas inventadas em vertentes ín-

drosos, encontra-se o Tua. A barragem

gremes, torneando o tempo, chega-

(GC37Q9X) surge como uma crosta na

se à primeira paragem, São Leonardo

paisagem, que supostamente deveria

de Galafura (GC4YTJJ). Miguel Torga,

ser protegida. Como uma ferida aberta,

o poeta que melhor soube descrever

continua-se a escarafunchar as encos-

estas encostas sublimes, recebe-nos

tas do rio para construir algo que meio

com palavras de inspiração e confor-

mundo julga desnecessário. Mesmo

truindo de facto uma morada imaginá-

to. A paisagem é de facto um abuso da

em termos objetivos, considerando o

ria de memórias no Douro, sempre dis-

Natureza e ler aqueles versos fantás-

impacto negativo provocado pelo de-

ponível para nos albergar de qualquer

ticos é um assombro de beleza. A cada

saproveitamento turístico, presente e

despejo fortuito do mundo.

olhar, em cada perspetiva, tenta-se

futuro, são muito discutíveis os bene-

perpetuar as imagens na memória. E,

fícios desta construção. Algumas bar-

Texto e fotos:

ainda assim, cada revisita é diferente e

ragens, ainda que nos tragam energia,

António Cruz (Valente Cruz)

nos geométrica. A mistura dos espaços domesticados em vinhas e olivais com áreas de natureza conferem às encostas do Douro um equilíbrio inspirador (GC4XK93). Nada parece imposto ou falso. Ao longe, São Salvador do Mundo é um gigante adormecido, emprestado a este mundo para deleite de quem o alcança (GC1284Q). A encosta escarpada desce em penedia e arvoredo até encontrar o rio. Apetece ficar

velhecendo nas caves. O Porto metelhe depois um rótulo e envia-o para o mundo. Não querendo discutir a importância das etapas, parece injusto negligenciar pelo nome a terra-mãe em favor do local de batismo. Este vinho deveria ser do Douro, e não do Porto. As viagens pelo Douro despertam frequentemente uma vontade instintiva: procura-se em cada encosta o sítio perfeito para morar. Aos poucos, e quase sem o notarmos, vamos cons-

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BARCO RABELO

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FOZ DO TEDO

RÉGUA

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28 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Existem vários tipos de geocache: as

colocar frente a frente, nesta edição

convencer a Groundspeak. Sem suces-

tradicionais, as multicaches, as ear-

de Junho, os organizadores de tão au-

so. Havia muita ligação com o Even-

thcaches, entre muitas outras… Mas

daciosos acontecimentos no panora-

to Medieval organizado pela Câmara

a verdade é que embora todas estas

ma do geocaching nacional.

Municipal.

possam ser procuradas e encontra-

Assim, de um lado estarão os 100es-

Avançamos até ao dia 27 de outubro

pinhos, organizadores dos eventos

de 2013, agora para Carregal do Sal.

Love, Love, que já vão na sua terceira

Três geocachers desafiam o primei-

odisseia, todas elas Mega-Eventos,

ro a relançar a ideia do Mega Evento

sendo que desta feita o Love viaja até

a norte de Portugal. Garantem que

Braga, e irá acontecer entre os dias 12

conseguem um espaço em Espinho

e 15 de Agosto.

com capacidade de acolher um Evento

Do outro, estará o Geo-Cadaval, como

nunca visto.

rosto da equipa organizadora do Cam-

6 de novembro de 2013, num café

ping Party Montejunto, que este ano,

próximo do futuro local do “Love

na sua terceira edição, ganha tam-

Love… Espinho”, a Equipa reúne-se.

bém o selo de Mega-Evento, e que irá

Há necessidade de criar uma Team…

acontecer nos primeiros três dias do

nascem os “100espinhos” depois de

mês de Julho.

uma brincadeira de um dos elemen-

Dois Mega-eventos, dois programas

tos. Nasce a conta de email e nasce a

diferentes, duas zonas diferentes.

conta no Geocaching.com. Nasce um

Como terá surgido a ideia de criar es-

primeiro esboço do que poderia ser o

tes Mega-Eventos? E será que nasce-

programa, o site… começam a lançar-

ram já com a intenção de se tornarem

se ideias para chegar a Mega Evento.

Mega-Eventos? Que surpresas terão

Começam os contactos com a Grou-

os organizadores para nós? Conhe-

ndspeak. A missão não será nada fácil.

çam as respostas a estas e outras per-

As guidelines são muito apertadas.

guntas, pelas palavras dos próprios

Lançam-se filmes mistério. Organi-

das em grupo, existe um tipo de caches cuja experiência só faz sentido vivida com outros geocachers: refirome aos eventos. Como nos descreve a própria Groundspeak, “um Evento é uma reunião de geocachers locais ou de organizações de geocaching”. Ora, uma definição tão lata permite múltiplas interpretações: uma reunião de geocachers pode ir de um simples café, a uma demonstração de colecções de geocoins, uma recolha de lixo, um acampamento, ou a um acontecimento de vários dias onde se vivem diversas actividades com outros colegas geocachers. Mesmo em termos de número de participantes, tanto pode ser uma reunião entre 4 ou 5 geocachers, como uma actividade em que participem várias dezenas ou mesmo centenas de participantes. Qualquer razão é boa para estar com outro geocacher e trocar dois dedos de conversa. Esta edição do Frente a Frente irá ter como tema central um tipo de evento muito especial: os Mega-Eventos,

Mega-organizadores, aqui, Frente a Frente!

zam-se eventos simultâneos em todos os distritos de Portugal e vários espalhados pelos continentes deste

1. Como surgiu a ideia de criar este

planeta. A Groundspeak está atenta e

evento?

acompanha tudo com interesse. Os

100espinhos: Este Mega Evento é o

100espinhos recebem contactos de

o primeiro aconteceu já em 2010, na

terceiro da trilogia “Love Love”.

podcasts americanos. Começam a sair

Malveira, e este ano temos o prazer

Tudo começou há 4 anos… regressa-

notícias em jornais portugueses. Va-

de ter dois Mega-Eventos programa-

mos ao dia 28 de abril de 2013, em

mos à rádio nacional e temos 1 hora

dos a nível nacional, ambos de 3 dias,

plena cidade de Santa Maria da Feira,

de programa dedicado ao Mega Even-

que acontecerão no Verão mas com

a cerca de 50 metros da atual GC5B-

to.

mais de um mês e 250 quilómetros de

B8G.

Por fim, a Groundspeak dá luz verde e o

distância entre si.

Nesse dia, nesse local, um geocacher

“Love Love… Espinho” torna-se num

Sabendo que a próxima GeoMag só

de Lisboa desafiou um geocacher da

Mega Evento. O primeiro do norte.

sairá em Agosto, após a realização

Feira a criar um Mega Evento Medie-

Após o Evento, temos consciência que

dos mesmos, fez-nos todo o sentido

val. E esse geocacher da Feira tentou

criámos algo nunca visto em Portugal,

eventos definidos pela Groundspeak como eventos em que participam mais de 500 pessoas. Em Portugal,

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 29


“o “Love Love… Espinho” torna-se num Mega Evento. O primeiro do norte. Após o Evento, temos consciência que criámos algo nunca visto em Portugal” por puro “Love Love”. Tornamo-nos o

ses, criámos eventos em todo o país e

da/com sentido de caches, colaboram

maior Mega de sempre.

estrangeiro, lançámos caches em vá-

na divulgação e montagem do espaço

Não conseguimos parar. Avançamos

rios locais e o boca-a-boca funcionou

do Mega Evento, etc. No fundo, sem

para Aveiro. Outro Mega, superando

bem. A Groundspeak viu que tinha uma

o staff local o Mega seria impossível.

todas as expetativas. A TSF e o Públi-

equipa sem segundas intenções e ra-

A Equipa “base” começou sediada nos

co dedicam-nos reportagens.

zoavelmente bem organizada para le-

arredores de Espinho. Atualmente,

Nesse Mega, com um público fantás-

var os Mega mais longe.

em Espinho estão 2 elementos. Ou-

tico e internacional, anunciamos Bra-

GeoCadaval: Sim... desde o início que

tro está em Braga e outro no Barreiro

ga como próximo destino.

foi um sonho conseguir um MEGA

(será lá o próximo Mega?!).

Estes Mega Eventos apenas preten-

aqui no Montejunto, por isso come-

Todo o staff é “100espinhos”. Todos

dem levar o Geocaching mais longe,

çámos logo a trabalhar nesse sentido.

somos importantes e todos comuni-

sem fins lucrativos, com muito “Love

Não foi fácil... mas conseguimos.

camos para que o Mega seja de facto de todos nós, e não de um grupo de 4

Love”. Só isso nos move, apesar das

cromos. Aliás, nós os 4 nunca conse-

dificuldades económicas e logísticas

3. Organizar um evento para mais

que enfrentamos ao longo da “cons-

de 500 pessoas não é claramente

trução” de cada Mega.

o mesmo que organizar um evento

GeoCadaval:

A ideia deste evento

para algumas dezenas de pessoas.

gerir simultaneamente.

surgiu quando fui pela primeira vez a

Existem várias fases ao longo de todo

GeoCadaval: O trabalho é imenso, bem

um evento MEGA, onde achei que se

o processo: planeamento, angariação

como as coisas a pensar e a delinear.

conseguia fazer algo diferente. Algo

de recursos, montagem física do pró-

Mas com a ajuda de grandes AMIGOS

onde todos estivessem sempre em

prio evento. Conseguem dar-nos uma

tudo se torna mais fácil e no final so-

convívio e se conhecessem melhor.

ideia de todo o trabalho que existe

mos recompensados com a satisfação

desde o primeiro momento em que a

de todos os que nos têm visitado

2. No momento em que idealizaram

guiríamos aguentar com um Mega em cima. Há, de facto, muita coisa para

ideia ganha forma até à abertura de portas de um Love, Love… ou de uma

4.Várias actividades, caches novas,

vos passou pela cabeça que este

Camping Party?

mais um icone diferente no perfil...

evento se pudesse tornar um mega

100espinhos: O primeiro passo é de-

Para vocês, quais são as razões que

evento?

cidir o local. Aceitamos sugestões!

trazem tanta gente a eventos deste

100espinhos: Criámos o “Love Love…

Depois, contactamos geocachers lo-

género? A oferta de actividades para

Espinho” com intenções de chegar a

cais, que farão parte do “staff”. Eles

além do geocaching é um atractivo

Mega. Sabíamos que era complica-

terão a missão de encontrar patro-

para a maioria dos participantes?

do. Arregaçámos as mangas e espa-

cinadores locais, estabelecer con-

100espinhos: Os Mega Evento “Love

lhámo-nos por todo o mundo para

tactos com empresas que poderão

Love” são exclusivos para pessoas que

divulgar o Evento. Contactámos or-

trazer mais-valias ao Mega Evento,

amem realmente o Geocaching e os

ganizadores de eventos de vários paí-

dedicam-se à “plantação” organiza-

eventos. Por isso, criamos programas

dar forma a este evento, alguma vez

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LOVE LOVE...

CAMPING PARTY MONTEJUNTO

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 31


com várias atividades diferentes, para

motor para transformar um evento

ral do país... Porque é que acham que

agradar ao maior número possível de

em mega evento?

isto acontece? Na vossa opinião, se-

pessoas. Sentimos que a adesão às

100espinhos: Os locais onde os “Love

ria possível organizar um Mega Even-

diversas atividades do Mega está a

Love” são realizados têm segredos

to no interior do nosso país?

aumentar. É certo que ainda encon-

fantásticos para serem descobertos.

100espinhos: Começámos em Es-

tramos pessoas que procuram subir

Em Espinho havia a arte xávega, o surf,

pinho. Essa bela cidade não é uma

nas estatísticas. Mas, o número dos

as ruas paralelas… Em Aveiro os ovos

“mega” cidade. É pequena. Não tem

que vão pelo convívio e atividades é

moles, a beleza da ria, da praia… Em

aeroporto. Tem pouca opção hote-

muito significativo.

Braga…….. quantos mais dias, melhor.

leira. Corremos o risco. E acertámos!

Para agradar ao maior número pos-

Mais oportunidade para descobrir as

Vieram centenas de pessoas de Por-

sível de pessoas, lançamos caches

ruas todas e seus segredos. Pensam

tugal e estrangeiro!

relacionadas com o Mega (já é “tra-

que 4 dias chegam para Bracara Au-

Aveiro era diferente. É mais conheci-

dicional” o coração criado com caches

gusta? Nem pensar!

da. Melhores vias de acesso. Também

ou a palavra Love Love). Tentamos

Com mais dias, conseguimos incluir

longe de um aeroporto para os es-

que essas caches tenham qualidade

mais atividades, para todos os gostos.

trangeiros. Acertámos, novamente.

e uma listing completa, com sentido,

Por outro lado, ao termos vários dias,

com história, com curiosidades, com

Sim, de facto sempre no litoral.

conseguimos chegar a um maior nú-

bons enigmas. Evitamos “plantar” por

mero de pessoas. Vamos imaginar

Quanto a Braga… reparem que já esta-

plantar. Queremos chegar a todos os

que o Mega era somente no sábado.

geocachers e famílias.

Quantos ficariam de fora? Ora porque

Acreditamos que as pessoas movem-

trabalham, ora porque nem compen-

se centenas de quilómetros para (re-)

saria as horas de viagem (vir dos EUA

descobrir uma nova cidade, conhecer

para 12 horas de Evento? Quem se

caras por trás dos nicks e divertirem-

aventuraria nisso?). Com vários dias

se.

de Mega Evento, possibilitamos a vin-

GeoCadaval: Nós trabalhamos com

da de mais gente.

muita dedicação para que todos saiam

Para quem aproveita o maior número

Mega Eventos em interiores profun-

daqui satisfeitos e com vontade de

de dias, permitimos que as pessoas

dos, no estrangeiro. Podemos tentar,

voltar no ano seguinte. Esse tem sido

possam disfrutar mais da cidade aco-

no futuro, um “Love Love… Guarda”?...

o nosso sucesso.

lhedora, criar laços de amizade

“Love Love… Vila Real”?... “Love Love…

Relativamente a actividades, temos

Isto não significa que não possamos

Lamego”? claro que podemos! Apa-

algumas onde os não-geocachers po-

criar um “Love Love… 1 day”… para o

reça o staff, apareça um local xpto e

dem participar, mas sendo este um

ano? Quem sabe!?

avançamos sem hesitar!

evento de geocaching: porque não co-

GeoCadaval: Sim... só com vários dias

GeoCadaval: O nosso evento, mes-

meçarem também eles a fazer geoca-

se conseguem cativar muitos partici-

mo sendo no litoral, é distanciado dos

ching? :)

pantes, não faltando as caches e mui-

grandes centros urbanos, o que nos

tas outras surpresas.

tem dificultado um pouco. Por isso

mos a caminhar para o interior. É certo que as vias de acesso continuam a ser impecáveis! Está a 1 hora do Porto. Para não falar dos comboios que ligam a cidade a Lisboa em poucas horas. Já agora, sabiam que há descontos para quem vier de comboio, na CP? Está próxima de Espanha. Mas, é a caminhar para o interior! Encontramos

andamos pelos distritos do país a fa-

5.Olhando para os vossos eventos, uma das coisas que saltam à vista é

6. Analisando os vários Mega Even-

zer a promoção do Camping Party.

que os mesmos não acontecem ape-

tos que já ocorreram em Portugal, é

Penso que a organização de um Me-

nas durante um dia. Consideram que

fácil fazer uma análise geográfica da

ga-Evento é possível noutras zonas

o facto de um evento ter a duração de

sua distribuição. Todos eles ocorre-

do país, mas com muito trabalho de

vários dias é também um factor pro-

ram junto a Lisboa ou Porto, no lito-

divulgação.

32 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


LOVE LOVE...

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 33


7. Temos estado a falar dos vossos

Lackey visitar o Mega. Se formos bons

se tornar num mega evento?

Mega Eventos, mas já tivemos vários

(entenda-se, se oferecermos boa

no nosso país… Pensemos agora ain-

100espinhos: Não vale a pena enviar

comida e bom acolhimento), talvez

da em algo ainda maior! Consideram

cheques em branco para a Grounds-

consigamos o Giga no futuro eheheh

possível a ideia da concretização de

peak. Eles não se deixam vender por

(brincadeira).

cunhas.

Esta é uma boa surpresa.

O melhor conselho é que se dediquem

Também podemos anunciar que o

a criar um bom “Evento”, com o obje-

Mega terá piscina gratuita. É uma

tivo que os geocachers passem boas

grande novidade em relação aos anos

horas de convívio e amizade. Utilizem

anteriores.

o boca-a-boca. Se o “Evento” parece

O Signal The Frog também estará en-

bom e a malta adere, torna-se Mega.

tre nós.

Se não for este ano, é no próximo.

Mas, a maior novidade será, realmen-

O Mega, se tiver de acontecer, aconte-

te, a presença de mais de 1 milhar

cerá. Lembrem-se, o mais importan-

de pessoas sorridentes numa cidade

te é que seja um ótimo Evento. Seja

verdadeiramente extraordinária e his-

“Mega” Evento, “Giga” Evento ou “Nor-

tórica. E isso é o mais importante para

mal”.

nós.

Como resumo de todo este terrível

nesse projecto, talvez fosse possível...

GeoCadaval: Temos várias surpresas

“frente a frente”, desafiamos os leito-

quem sabe um dia…

mas isso fica guardado para os que

res a darem um pulinho a Braga. Sem

nos visitarem!

esquecer o protetor solar. Nunca se

um Giga Evento em Portugal? 100espinhos: Ainda estamos “longe” da Europa. Teríamos de convencer muito geocacher a vir até cá. E alcançar uns bons milhares de attends num Mega Evento para, no ano seguir, podermos tentar o estatuto de Giga. Ou, então, conseguir convencer a Groundspeak. GeoCadaval: Não será fácil fazer um GIGA em Portugal, porque o número de jogadores não é suficientemente grande para tal... Mas se todos os amantes do geocaching se unissem

sabe…

8. Podem desvendar alguma surpresa acerca das edições deste ano dos

9. Para terminar o nosso frente a

GeoCadaval: Muito amor, trabalho e

vossos eventos?

frente não poderia deixar de vos per-

dedicação ao que fazem.

100espinhos: Foi com surpresa que

guntar. Qual o melhor conselho que

recebemos um mail da Groundspeak a

poderão deixar para quem queira

Texto:

informar-nos que viria uma simpática

criar um evento com expectativa de

Bruno Gomes (Team Marretas)

34 Junho 2016 - EDIÇÃO 21



3 toneladas de Ouro...

So Close! por

36 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

M y st i q u e *


3 toneladas de Ouro

Gama uma cruz, mostrando aos vene-

muitas estradas de terra batida (um

Num vale da margem esquerda do

zianos que em Portugal havia metal

rasteirinho atrevido vai até lá) basta

Tejo, a jusante das Portas de Ródão

mais precioso que o do Oriente.

seguir as indicações de Tejo/Pego das

encontra-se a Mina de Ouro Romana

A área arqueológica do Conhal do Ar-

Portas (cais fluvial). Junto à entrada da

do Conhal do Arneiro, uma extensa

neiro é um dos geossítios do Geopar-

mina existe um placard informativo.

escombreira formada por gigantescos

que Naturtejo da Meseta Meridional.

amontoados de seixos, testemunhos

E é neste cenário cheio de história que

O local… é diferente. Milhares de sei-

da extração de ouro que terá decorri-

vive a cache “3 Toneladas de Ouro / 3

do nas épocas romana e medieval.

Tons of Gold (Nisa)” GC12TRR.

Esta gigantesca mina a céu aberto

Com uma listing muito apelativa, cheia

terá resultado do desmonte gravítico

de informação sobre toda a história do

dos depósitos sedimentares do Vale

Conhal do Arneiro, ficou a curiosidade

do Tejo por ação hidráulica. A água

de visitar este local, do qual nunca ti-

utilizada na lavagem dos sedimentos

nha ouvido falar.

seria transportada desde a Serra de

Existem várias formas de lá chegar.

S. Miguel e da Ribeira de Nisa até ao

Uma delas, e na minha opinião será

local da exploração, através de canais escavados para o efeito (a “Vala dos Mouros”). Os seixos maiores eram retirados dos canais de evacuação de sedimentos por triagem manual e empilhados ao longo das margens do canal, em amontoados cónicos ou rectilíneos que particularizam a paisagem desta região. Subsiste ainda, próximo do extremo norte do conhal, o Castelejo, um relevo de quinze metros de altura que

a mais interessante, é iniciar o PR4 – Trilhos do Conhal (9,8 Km, percurso circular) na povoação do Arneiro, saída na N18, que liga Nisa a Vila Velha de Rodão. Durante este percurso, temos a oportunidade de passar pelo Buraco da

xos rolados em montinhos rodeiamnos. Dá-nos a sensação que durante muito tempo, andou por ali alguém a fazer montinhos de pedras. Para onde quer que olhemos, elas estão ali. Por isso é importante perceber o contexto, do porquê de aquilo ali estar. Olhando para a seta do GPS, percebemos que ainda temos que andar um pouco. O objetivo é o Castelejo, o tal pedaço de terreno intocado, com cerca de 15 metros de altura em relação à área envolvente. Do topo desta elevação podemos ter a perceção do volume de terras explorado. A sua posição central é estratégica e, por esse

Faiopa, local conhecido pela lenda

motivo, serviria provavelmente para

onde uma tal D. Urraca se perdeu de

controlar a mina e tráfego fluvial. Do

amores por um mouro. Este, para se

local tem-se um panorama fantásti-

encontrar com a amada, atravessava

co para as Portas de Rodão. Vale sem

o rio por debaixo do seu leito através

dúvida uma visita.

ocuparia uma posição central entre os

de um imenso túnel que ligava a Faio-

canais de evacuação.

pa ao Castelo. O marido de D. Urraca,

Calcula-se que se tenham removido

quando descobriu a traição da esposa,

10.000.000m2 de seixos para extrair

atou-lhe uma mó ao pescoço e atirou-

cerca de 3 toneladas de ouro.

-a a um poço ou ao Tejo.

A realização do percurso pedestre

A existência de fraturas preenchidas

PR4 – Trilhos do Conhal, ajuda-nos a

com limonite e a abundância de fratu-

compreender o contexto paisagístico

ras no interior deste túnel leva a pen-

e a magnitude do esforço humano na

sar que o mesmo terá sido uma mina

transformação do espaço natural, há

de ferro. No local existe a cache “Bu-

quase dois mil anos.

raco da Faiopa” GC3WV5H.

nal um passeio na avenida.

Diz a história que para provar a qua-

Caso o tempo seja escasso, ou não

Portas de Rodão é uma imponente

lidade do minério alentejano, D.João

gostem mesmo de andar a pé, existe

crista quartzítica que irrompe entre

III terá mandado fazer um ceptro em

a possibilidade de levar a viatura mui-

dois imensos blocos de pedra e que

ouro extraído deste rio, e Vasco da

to perto do Conhal do Arneiro. Entre

resulta do atravessamento da Serra

Far away, so close E por falar em Portas de Rodão… devo dizer que é um dos locais mais fantásticos onde já estive, embora tenha sido na versão azimute, o que levou a sangue, suor e lágrimas ☺ Mas um bom geocacher gosta é de desafios. Aliás, descoberto o trilho certo, é afi-

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 37


das Talhadas pelo rio.

Arneiro na margem esquerda, e o po-

tunes, GC27FGF, que só se encontra

Há milhares de anos as águas do Tejo

voado paleolítico de Vilas Ruivas na

disponível entre Agosto e Novembro,

cobriam uma vasta região. A sua ação

margem direita.

devido à nidificação da colónia de gri-

erosiva deu origem a esta gargan-

Os amantes de observação de avifau-

ta, onde o rio atinge uma das suas

fos. Por esse motivo, ainda não tive a

na poderão deliciar-se com este local

possibilidade de a visitar, mas está na

maiores profundidades. Este estreitamento marcava o anterior limite de navegabilidade do Tejo, quando este era um canal de comunicação entre o interior e o litoral do país. Aqui o Tejo corre entre duas paredes escarpadas, que atingem cerca de 170 m de altura, fazendo lembrar duas “portas”, uma a norte no distrito de Castelo Branco, e outra a sul no concelho de Nisa, distrito de Portalegre. No topo da “porta” norte, que é facilmente acessível por estrada, situase o pequeno castelo do Rei Wamba.

privilegiado de observação da maior colónia de grifos de Portugal, assim como da cegonha-preta ou o milhafre-real. As Portas são também um dos geossítios do Geoparque Naturtejo da Meseta Meridional, tendo sido classificadas como Monumento Natural, a 20

lista ☺ “Far Away, So Close”… é uma experiência inigualável. O GZ deixa-nos à beira daquele brutal penhasco, com a outra porta pela frente, e onde sobrevoam sob as nossas cabeças dezenas de grifos.

de Maio de 2009.

São estes “grandes” tesouros, que

Na Porta do lado Norte, poderemos

fazem com que acredite que o nosso

encontrar a mítica cache “Far Away,

geocaching sempre nos trará lugares

So Close” dos GreenShades, GCF508

fantásticos de arregalar os olhos.

e a “Castelo de Rodão, Castelo do rei

Deste local vislumbra-se um vasto

Wamba”, GC1NRAR.

panorama sobre o vale do Tejo a ju-

Na Porta do lado Sul a não menos

Texto e fotos:

sante das Portas, com o Conhal do

importante “Just Get There” do MAn-

Sónia Fernandes (Mystique*)

CONHAL

38 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


ARNEIRO

PORTAS DE RODÃO

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 39


“Se pensas que a aventura é perigosa, sugiro que experimentes a rotina… É mortal!!” Paulo Coelho

Junho 2016 - EDIÇÃO 21


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42 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Desconfiava que fosse algum “andar aos gambuzinos” e agi com desconfiança e cuidado. Era algo completamente novo! Bem-vindo Manuel, ao papel princi-

tia qualquer método dos geocachers

que já teriam acesso a GPSr, por mo-

pal deste número da GeoMag! Sem

se contactarem como existem hoje

tivos profissionais... não terá sido

dúvida o mesmo papel que assu-

os fóruns ou a mailing list do Yahoo.

portanto o teu caso. Acabaste por

miste durante muito tempo perante

Por isso sempre o considerei o meu

seguir a orientação dele? Que mode-

“todo” o Geocaching, na minha mo-

mentor (ou, o meu adoptante, porque

los haviam disponíveis em 2002?! Já

desta opinião e certamente na de um

ele praticamente me adoptou e res-

era aquela rivalidade, Garmin vs Ma-

grande leque de outros companhei-

pondeu aos variados emails que lhe

gellan?

ros. É com grande prazer que assumo

enviei a esclarecer dúvidas).

MA - Sim, segui todas as indicações

a responsabilidade de te trazer, a ti e

GM - Eia! Uma revista portuguesa

dele (comprei o Magellan Meridien

às tuas estórias, (mais uma vez) para

já saber o que era (ou que existia) o

Platinum). Não havia rivalidade por-

as páginas da revista.

geocaching em 2002?! Estou deve-

que não havia comunicação de todos

GeoMag - Foste um dos grandes im-

ras surpreendido! Também o estou

com todos - apenas havia comunica-

pulsionadores do geocaching cá no

com alguém ter “mais caches coloca-

ção individual, por email. A listing do

burgo, ou não estivesses registado

das”... [risos] Consegues quantificar

Yahoo só apareceu em Setembro e só

no Geocaching.com desde Abril de

esse número? Acaba por ser muito

aí começamos a “falar” todos juntos.

2002. O que te trouxe afinal para

complicado obter esse tipo de dados

Na altura a Magellan tinha a linha

este nosso hobbie? Como deste com

passado tanto tempo. Basta dar uma

SporTrack e os Meridien. A Garmin

cache para adopção para se ter meio

ainda não estava a usar os satélites

caminho andado para “desaparecer”

de correcção de sinal e, por isso, a

qualquer registo do owner original

Magellan tinha vantagem. Uns anos

(eu próprio acabei por ficar com uma

mais tarde, a Garmin apostou mais

do Pedro Regalla à minha guarda).

no Software e nas funcionalidades

MA - Se fores a http://geostats.geo-

enquanto a Magellan continuou a

caching-pt.net/ no menu lateral, tens

apostar no hardware e perdeu cota

a listing das caches (sai em Excel) e

de mercado, tal como aconteceu en-

ordenares por HiddenDate, tens vi-

tre a IBM e a Microsoft. Mas isto já é

sível a coluna do owner onde se lê o

off-topic. :)

sante, investiguei na net, li todas as

autor original e quem a adoptou.

GM – Portanto, um mês a recolher

FAQs (literalmente) do Geocaching.

Eu comecei no dia 11/4/2002 e já an-

informação antes de te inscreveres,

com na altura, li os fóruns deles e co-

dava a visitar o site há um mês, mas

e depois mais um mês antes de te

mecei a melgar o “pregalla” (que era

mesmo assim, o Pedro Regalla tinha

lançares efectivamente à aventura?

o que tinha mais caches colocadas na

a maioria, 7 em 19 (ignora as das li-

Confirmas a Pela Pré-História do

altura e, por isso, pareceu-me o mais

nhas 2,3, 4 e 7 porque não existiam

Alentejo [GC25BB] como a tua pri-

experiente) com algumas perguntas

no terreno quando comecei, embora

meira busca? Conta-nos tudo!

e, essencialmente, com a escolha

tenham data de colocação da altura):

MA - Sim, documentei-me bem an-

do GPSr. Foi muito importante para

GM - Sempre tive os “primeiros geo-

tes de começar a praticar geocaching

mim a ajuda dele, porque não exis-

cachers” como geeks da informática

de forma efectiva. Desconfiava que

isto? Em 2002 não deveriam haver assim muitas formas de se “tropeçar” no geocaching. Manuel Antunes - Não haveria muitas formas de “tropeçar” no Geocaching mas existiu uma que foi determinante: a revista “Semana Informática” apresentou, algures em Fev/2002, um quadrado na última página a falar de Geocaching. Eu li, achei interes-

44 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


PEDRA DE ALVIDRAR

fosse algum “andar aos gambuzinos”

sas mulheres e o meu filho procurar

aparelhos (o que “esconde” a cache e

e agi com desconfiança e cuidado.

a cache. Imprimi o mapa MapQuest

o que “procura” a cache) e pelas con-

Era algo completamente novo! Mas,

(que era o único disponível na altura e

dições meteorológicas que afectem

conforme ia lendo e ia absorvendo os

apenas nos dava o ponto inicial com a

a “visibilidade” dos satélites. Então...

princípios básicos do geocaching, ia

sua posição relativa às estradas na-

foi confrangedor e ainda hoje me rio

ganhando confiança, e a certa altura

cionais e ao Norte mas sem curvas

de mim mesmo por causa desta cena.

o foco estava no fazer bem as coisas

de nível ou estradas secundárias e de

e por isso demorei ainda mais umas

terra batida, nada).

GM – Depois desse primeiro “Fou-

semanas antes de procurar a primei-

Nesta primeira procura, dei duas

teu perfil, o Geocaching como que

“barracas”:

passou a ser a tua ocupação de fim

1) fiz o percurso ao contrário (come-

de semana, certo? Mesmo com tão

cei pela cache final e pelos pontos de

poucas caches disponíveis como

a) era uma cache que levava à aven-

referência a visitar e só no fim fui pro-

nos disseste, no primeiro mês deste

tura ao longo de vários locais. Por-

curar o ponto inicial - na altura ainda

conta logo de mais meia dúzia delas.

tanto, prometia um primeiro orgas-

não era multicache como é hoje).

O facto de ser praticamente verão, e

2) a outra “barraca” foi meter-se-me

de serem todas relativamente perto

ra cache depois de ter criado conta. E sim, foi a “Pela Pré-História do Alentejo - I “, porque:

mo duradouro. :) b) era uma forma de agradecimento ao “pregalla”, começar com uma cache dele, por me ter ajudado.

na cabeça que tinha de conseguir ter no ecrã do GPSr as exactas coordenadas publicadas! Então ali andei eu

nd it”, e pelo que se pode ver pelo

de Lisboa, também deve ter ajudado, aposto. Alguma história que recordes como verdadeiramente especial dessas primeiras semanas? Tens

c) era uma cache física longe de Lis-

a dançar com o GPSr na mão, a ten-

boa mas não demasiado longe.

tar que os dígitos no ecrã fossem os

Quanto à procura, convidei o meu

mesmos que estavam publicados.

colega de trabalho, com o qual tinha

Estás a ver a dificuldade? Agora sa-

comentado a descoberta do novo

bemos que 2 GPSrs podem não che-

regressei um par de vezes).

hobbie, e o mesmo que, depois, de-

gar exactamente às mesmas coor-

MA - Certo, o geocaching, depois

senhou o primeiro logotipo de Geo-

denadas no mesmo exacto ponto,

de toda aquela preparação teórica,

caching-pt, e lá fomos com as nos-

por causa do factor de erro dos dois

passou a ser o meu hobbie principal

como segunda descoberta a Last Home of Gertrude [Mafra], uma cache que eu gostei bastante (e onde já

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 45


46 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


porque se ligava a várias facetas da

mas na altura não me apercebi.

da Cruz [Setúbal] [GC45D6] foi mes-

minha personalidade e experiência

As outras caches que fui procurando,

mo resgatada pelo Joaquim Safara

de vida - basta dizer que nasci em

todas elas foram desafiantes, espe-

em 2013 (relato publicado no Nº8 da

Lisboa mas aprendi a falar e a andar

cialmente a “Pequena Gruta” e assim

Geomagazine) e a da A Pequena Gruta

em Castelo Novo, na Serra da Gardu-

fui ganhando experiência e ficando

[Mafra] [GC26C3] salva em 2011 por

nha, a guardar rebanhos de ovelhas e

cada vez mais aficionado do Geoca-

alguns ilustres membros do Gang

cabras. Por isso o meu desembaraço

ching.

da Pata Negra. E é sobre esta última

fora das cidades, no meio rural.

GM – [risos] Essas “pézadas” são

que recai a próxima pergunta já que

A segunda cache, foi realmente a

sempre engraçadas de recordar! De

Last Home of Gertrudes (meu log),

vez em quando leio sobre pessoal

porque já com a certeza de que isto

que procura imenso tempo pelos

não era uma “caça aos gambuzinos” lá

containers das EarthCaches! Numa

procurar, com que podíamos contar?

me arrisquei a levar mais membros

altura em que se fala sobre a longe-

MA - A “A Pequena Gruta” era a mi-

da família, especialmente os jovens.

vidade vs efemeridade das caches é

nha segunda cache de eleição para

Adoraram, como era de esperar. :)

com genuíno prazer que vejo que a

procurar na altura - aquela que, da

Depois continuei a procurar as caches

maior parte das tuas primeiras en-

análise inicial da oferta mais desafia-

que existiam na altura mas, entre-

contradas estão bem e recomen-

va a minha procura - mas optei por

tanto, dei mais uma barraca no geo-

dam-se (algumas com a tua mão,

algumas outras caches antes para

caching: não reparei que a “A Great

outras com a minha, com a do BTro-

ganhar confiança e experiência e só

View of Lisbon” (log) era virtual, en-

drigues, Felinos, etc.). Olhando para

depois enfrentar esta. O motivo era

contrei um lápis partido, pensei que

a primeira página dos teus “Founds”,

a descrição da cache, o facto de se ir

a cache tinha desaparecido e loguei

que apresenta oito caches, só a Cabo

entrar numa gruta, a entrada/acesso

um “DNF”... Mas o “orebelo” enviou-

da Roca [GC7A2D] é que foi arquiva-

pelo “túnel” que parecia complicada...

me um email a dizer que era virtual e

da por ter sido vandalizada. As outras

tudo pormenores que desenvolviam

voltei lá para obter os dados que per-

duas arquivadas foram-no devidos a

um “Adamastor” no meu íntimo.

mitissem validar o “Found it” da cache

questões com os locais onde foram

Quando lá fui, mais uma “barraca-

- eu tinha lido sobre caches virtuais

colocadas. A Visit to Frei Agostinho

da”... Chegámos a andar com os pés

tu próprio a destacas como “especialmente desafiante”! Para nós outros, que não tivemos o prazer de a

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 47


“Deixei de ser Premium Member em 2014 por não concordar com a diferença de tratamento entre os que pagam em $usd e os que pagam em €uros, no preço pela subscrição de Premium Member”

no topo do monte por cima da Pe-

das do(s) teu(s) primeiro(s)? Não

que lhes agradeçamos visto ser res-

quena Gruta. Enfim, era uma festa,

daquele no Castelo de Lisboa, claro,

ponsabilidade deles o facto de o site

cada caçada, cada aventura nem que

mas de um DNF a sério!

existir. Durante muito tempo foste o

eu tivesse que inventar a aventura. :)

MA - O 1º DNF foi na “Cold Spring” e

“nosso” Charter Member... O que te

O que devia esperar quem lá não foi?

foi devido à dificuldade de obtenção

O log do Fonsecada-Portucalense

de um sinal GPS de jeito porque an-

ilustra bem o local da gruta, e por

dei a procurar muito longe da cache

onde eu andei. Além do acesso a de-

(soube depois quando a encontrei

safiar a aventura, dava-se de caras

mais tarde).

com um local onde havia uma gale-

A recordação mais traumatizante foi

ria de pequenas grutas interligadas e

a “Uma Aventura Na Lagoa II” (a ori-

com “janelas” naturais para o exterior

ginal, do “pregalla”). Como era lon-

e para o Rio Lisandro que desenha,

ge... uma hora a procurar e nada.

na zona, um serpentear engraçado.

Depois desta, mais alguns DNFs se

Nos mais recônditos recantos, teste-

seguiram mas o mais complicado de

munhavam-se formações geológicas

digerir, a seguir, por ser muito longe

em bom estado, frágeis estalactites

e por o local ser muito especial, foi a

e estalagmites como se pode tes-

“Fraga da Pena”. Aqui o problema fo-

temunhar no log do “MCA”, a quem

ram as coordenadas publicadas que

acompanhei mais ao “PH”, numa al-

estava mal e foram corrigidas mais

tura em que fui lá fazer manutenção.

tarde.

Já agora, e em jeito de estória lateral,

Sempre loguei os DNFs e em várias

esta visita em conjunto talvez tenha

chegava a procura de forma muito

sido a primeira em que geocachers,

insistente no início (agora já não pro-

que se conheceram apenas no geo-

curo uma cache durante 1 hora como

caching, se juntaram para ir procu-

então).

rar uma cache sozinhos, sem ser em

Enfim, nada de especial com os DNFs

passeio de familiares e/ou amigos.

para além do tempo extra a procurar

Foi nesta caçada conjunta que nas-

porque, o passeio, as vistas e a des-

ceu aquilo que viria a ser “Os Expedi-

coberta do local esses ficam.

cionários”. :)

ram nos fóruns da Groundspeak, que

GM - Aproveito este momento para

eu acompanhava diariamente.

GM – “Os Expedicionários”… já lá

te agradecer! Obrigado! Confuso?!

Deixei de ser Premium Member em

iremos! Muito mais difícil do que in-

[risos] Não devias estar... isto é o

2014 por não concordar com a di-

vestigar as tuas primeiras aventuras

que se pode encontrar no site Geo-

ferença de tratamento entre os que

“com sucesso” é rastrear os malo-

caching.com quando se pesquisa

pagam em $usd e os que pagam em

grados DNFs! Que recordações guar-

por “Charter Member”. É lá pedido

€uros, no preço pela subscrição de

48 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

levou a apostar/apoiar o geocaching logo no seu início? Houve algum tipo de “apelo” ao registo como membro pagante? Como se processou a coisa? E não menos importante, porque é que deixaste de o ser? Foi algo recente, se não me engano. MA - Os Charters Members são os Premium Member que surgiram no início e que constituíram o primeiro dinheiro que o Jeremy conseguiu para começar a evoluir o Geocaching.com. O titulo de “Charter” foi uma distinção honorífica prometida a quem aderisse. Houve um apelo feito por email que recebi algures entre junho e setembro de 2002, altura em que decidi contribuir com 30$usd anuais. Inicialmente, estava previsto que seriam Charter os primeiros 1000 que aderissem (fiquei entre os primeiros 850) mas a iniciativa teve tanto sucesso que alargaram aos que aderiram durante o primeiro ano e chegou-se a um número a rondar os 3000. Todos estes números circula-


1808 - Batalha de Roliça [Bombarral]

Uma Aventura Na Lagoa

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 49


Premium Member.

conder uma cache. A zona e o tema

to (spot). Dei-lhes corda e eles só pa-

GM – É um tema mais ou menos re-

escolhi eu, o local exacto da cache

raram quando viram que não podiam

corrente esse da diferença cambial

escolheram eles!

subir a muralha. :)

entre as duas moedas… de vez em

Mas... há uma história secreta por

quando leio num dos fóruns que al-

trás desta cache. Ou quase secreta.

Penso que era a cache mais difícil na

guém tem de renovar a assinatura e

Como já havia uma cache na Serra

que não faz sentido esse tratamento

de Sintra (a “O Lugar dos Mortos”) eu

diferenciado. De qualquer modo di-

senti certo desconforto em colocar

go-te que fiquei com pena de perder

lá outra cache porque a que lá esta-

o “nosso” CM! O que nem sequer faz

va, considerando a densidade e dis-

muito sentido, o de perderes o es-

tribuição de caches em Portugal, já

tatuto de Charter Member, se esse

‘mostrava’ Sintra. Então, enviei um

“titulo” foi atribuído aos primeiros

email ao “pregalla” a perguntar se ele

que contribuíram. A única diferença

não se importava que eu colocasse

é que agora seria CM Basic Member

outra cache... na outra ponta da Ser-

e não CM Premium Member.

ra de Sintra (a mais de 500m). Argu-

Debrucemo-nos agora um pouco so-

mentei, algo comprometido e sem à

GM – Agradece-lhes lá por mim!!! A

vontade, que a cache estava longe da

mim deu-me muito trabalho [risos]…

dele e tinha outro tema e, do que co-

A tua segunda colocação encontra-

nhecia, aquele era o local certo para o

se arquivada e lembro-me de (mais

meu tema, aventura tipo “indiana Jo-

ou menos) recentemente ter lido al-

nes”, pela floresta densa e tenebrosa

gumas coisas sobre ela, pela escrita

bre a tua faceta de Owner! Setembro de 2002 é a data que consta naquela que é a tua primeira (excelente, diga-se) cache! Castelo dos Mouros [GC88D3]… como na altura não havia “log” de publicação, confirmas essa

(na altura não havia limpeza de ma-

como a data real de colocação? É que

tas como vai havendo agora).

a primeira tentativa para a encontrar

GM – Não era (é) uma cache “fácil”!

foi feita apenas em Janeiro de 2003.

Tem já 185 DNFs! Eu próprio demo-

Porque ali? Era(é) um daqueles lo-

rei bastante tempo até me decidir a

cais que tem mesmo de ter uma cache? Não faço esta pergunta tendo em conta o panorama actual das coisas… faço mesmo no contexto em que a colocaste, meados de 2002. MA - Sim, confirmo a data de colocação da “Castelo dos Mouros”. Ao fim de várias caches encontradas, senti que estava pronto para colocar a minha primeira. Já tinha visto vários tipos de container e de esconderijo e

ir procurá-la e no dia demorei bastante tempo a dar com ela. Estávamos já em finais de Maio quando o Pedro(OCoyote) lá deu com ela. Chegaram mesmo a dizer que a cache se arriscava a ter mais visitas tuas do que de outros geocachers. [risos] Tiveste essa percepção? É(era) mesmo um “found” que cobra(va) o esforço? Provavelmente, a cache mais difícil de encontrar do seu tempo?

altura, embora eu não tenha visitado todas as que existiam mas pelos comentários que fui recebendo... ficava com as “orelhas quentes”. :) 785 found, 185 dnfs e 10 visitas de manutenção. Acho que o saldo é positivo e nem todas as caches têm que ser fáceis e rápidas de encontrar. Quem se desiludiu com esta cache é porque não leu bem a descrição e/ou não viu bem os atributos da mesma.

do Joaquim Safara. Temos no registo dele sobre a Lisbon’s Monsanto - A Paleovolcano?

[Lisboa]

[GC9ACE]

uma boa história para ler mas o que me chamou mais a atenção foi o teu registo com a indicação dos pedidos de colocação de caches em Monsanto aos responsáveis pelo espaço... Fala-nos um pouco dessa “Semi-Earthcache” e desses contactos. Já agora, sabes quantas caches por lá existem hoje em dia? MA - A segunda cache foi ainda mais pensada e planeada do que a primeira. Num dos semáforos da Praça de Espanha, recebi uma publicação da

comecei a planear a minha contribui-

MA - Na página da cache escrevi:

ção. O local? Simples. Estava-se na

“Procurei este local com o meu filho

época em que o herói dos filmes era o

(Filipe, 10 anos) e o meu sobrinho

Indiana Jones e eu tinha, na família, 2

(João, 8 anos) e eles adoraram andar

ção. O tema era os vestígios paleo-

“Lobitos” (iniciantes nos Escuteiros)

a fazer de “Indiana Jones”.”

volcânicos da Serra de Monsanto.

e então desafiei-os a irem comigo,

Eles foram terrivelmente sádicos...

Interessei-me pelo assunto e decidi

para as redondezas do Castelo dos

Como disse, eu escolhi a zona e o

colocar uma multicache que levasse

Mouros procurar um local para es-

tema e eles escolheram o local exac-

a visitar os pontos assinalados nessa

50 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

“Cais” das mãos de uma das pessoas que são ajudadas por essa institui-


Junho 2016 - EDIÇÃO 21


PORTO FURADO

revista.

Squirrel” [GCGD9A] que também não

versations/messages/172

No meu planeamento, fiquei a sa-

resistiu aos maus tratos e vandalis-

e foi pena não ter feito um prints-

ber, pela minha irmã, que trabalhava

mos.

nas Estufas de Monsanto, que havia

Quantas caches existem em Mon-

tava lá a referencia ao geocaching e

um Dr. Paulo Lopes no EPEM que era

santo? Bem, com a “Mistérios...” de-

à minha cache (agora a página já não

muito acessível, aberto e focado em

vem totalizar algumas 300...

existe...) https://groups.yahoo.com/

novidades. Telefonei-lhe e marcámos

Ainda sobre o pedido de autorização

neo/groups/geocaching_portugal/

uma reunião. Eu tinha a noção de que

para colocar a cache em Monsanto,

conversations/messages/178

Monsanto não era um terreno baldio,

aqui está o que fui partilhando com

abandonado, e sabia que tem insti-

a comunidade geocacher da altura -

GM – Eia! O que se descobre ao per-

tuições a tratar dele. No dia marca-

sim, a partir de Agosto/Setembro de

do, lá fui falar com o Dr. Paulo Lopes,

2002 já começou a constituir-se uma

expliquei-lhe o Geocaching, levei o

comunidade por iniciativa do Ricardo

portátil já com paginas html e mapas

Bordeira Silva ao criar o grupo geoca-

abertas (não tinha internet fora do

ching_portugal no YahooGroups:

escritório/casa) e, pedi-lhe autoriza-

(se não tiveres acesso a estes links,

ção para colocar uma cache dedicada

diz que eu envio copy&paste ou crias

aos vestígios vulcânicos de Monsan-

conta no YahooGroups e aderes ao

creen desta página web porque es-

guntar as coisas às pessoas certas! Tenho pena por ele andar algo afastado do geocaching por estes dias (anos)… passei bons momentos a procurar as caches dele cá pelo distrito de Lisboa. Colocaste mais meia dúzia de caches durante o ano de 2002, três delas arquivadas e três activas (presente-

to. Ele autorizou e até fez mais; pu-

geocaching_portugal)

blicou um banner publicitário na pá-

(repara nos avisos À Brisa e aos

gina da CML do EPEM sobre a minha

Guardas Florestais sobre a presença

cache e pediu aos guardas/vigilantes

da minha cache :) )

de Monsanto que verificassem de

https://groups.yahoo.com/neo/

vez em quando se estava tudo bem.

groups/geocaching_portugal/con-

O Dr. Paulo Lopes, a quem eu apre-

versations/messages/167

sentei o Geocaching em Setembro de

e o resultado da reunião com o pl-

entrevisto que teve uma Geocache

2002, é hoje o geocacher “plnauta”.

nauta, perdão, Dr. Paulo Lopes :)

Locationless (reverse). Explicas-me

Depois desta cache, ele ainda auto-

https://groups.yahoo.com/neo/

um pouco do que era esse tipo de

rizou uma outra “The (Imprisioned)

groups/geocaching_portugal/con-

cache, hoje “grandfathered” e a his-

52 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

mente). As três que subsistem somam perto de 240 favoritos, o que demonstra o apreço que a restante comunidade vai tendo para com elas… mas a minha curiosidade vai para a Ancient Aqueduts [GCA9CE] visto que és a primeira pessoa que


tória por detrás da tua? MA - As LocationLess caches eram um tipo de caches virtuais, sem contentor físico e sem os aspectos negativos de uma procura física (degradação do meio, perigo para a ca-

“Lembra-te que eu, o clcortez, o zoom_bee, etc.... somos “corpos estranhos” no Geocaching vigente”

che, etc.) mas com os aspectos negativos de uma cache virtual (tentativa de batota). Como funcionavam? Alguém criava uma cache virtual em algum local, dedicada a um tema, e depois desafiava os outros geocachers a procurar um local/tema semelhante em qualquer parte do Mundo. Para logar esse tipo de cache virtual, o criador especificava um conjunto de regras que, normalmente, incluía um foto do local/ tema “logado” a validar a sua semelhança com o original. No meu caso escolhi o tema do Aquedutos Antigos, ou da antiguidade, e recebi logs de aquedutos espantosos, antiquíssimos (Incas, por exemplo) e remotos, por todo o planeta (inclusive, Austrália). Deliciei-me a ler muitos dos registos que ia recebendo. O Orlando Rebelo criou uma sobre Pontes Romanas e o Ricardo Bordeira Silva, sobre Monumentos ao Vasco da Gama - impressionante a diversidade de locais onde foram erigidos monumentos a esta figura da nossa História!

algum em especial que queiras destacar? MA - Sobre as caches que coloquei na fase inicial, tentei focar-me em temas - os vestígios vulcânicos da Serra de Monsanto, os vestígios e dinossauros na zona do Cabo Espichel, os aquedutos antigos - e em locais especiais - a Gruta de Santa Margarida na Arrábida, o Pulo do Lobo no Rio Guadiana ou a Furna que Sopra em Peniche com o seu curioso sopro do Mar. Talvez que me deu mais prazer a colocar, dessa primeira meia dúzia, tenha sido mesmo a dos vestígios vulcânicos de Monsanto e a dos vestígios de dinossauros no Cabo Espichel. Foram duas caches que me levaram a bastante investigação e preparação. Também gostei da maneira como “encontrei” a Gruta de Santa Margarida: comecei a vasculhar os livros todos que tinha cá em casa e encontrei o “Viagens na Minha Terra” de Almeida Garrett que falava da Gruta de Santa Margarida. :) GM – Sobre os primeiros arquivamentos, queres desvendar os motivos por detrás deles? Falo da The

Depois, mais tarde, quando as Loca-

Aqueduct [GCA3E6] e da Centro

tionLess caches foram transformadas

Geodésico de Portugal [Vila de Rei]

em Waymarks Categories, abri a pos-

[GCA6CC].

sibilidade aos canais de irrigação, a

MA - Os arquivamentos... a grande

coisa abandalhou-se e desisti.

maioria deles foram, e serão, devi-

GM – Conhecendo a tua “reputa-

do a falta de cuidado e/ou desleixo

ção”, não duvido que cada uma das

dos visitantes das caches e que as

tuas outras colocações que referi (de

deixam em risco, seja de serem des-

2002) tenham muitos motivos de

cobertas por não geocachers, seja o

interesse por detrás das mesmas…

risco de sofrerem os efeitos das in-

tempéries. As caches virtuais e a multicache mais elaborada que criei [GCVYJQ] foi por constante tentativa, e em alguns casos prática mesmo, de batota de chico-espertos.

Não fora isso, e praticamente ainda estariam todas activas hoje. É só consultar os logs de arquivamento para confirmar isso mesmo. GM – A minha intenção não é fazer uma retrospectiva total e exaustiva das tuas aventuras/caches/etc. mas a verdade é que foste um dos primeiros (se não o primeiro) numa série de iniciativas e “inovações”! Interrompe-me sempre que achares necessário para falares de assuntos pertinente e interessantes que esteja inadvertidamente a ignorar [risos]. Chegamos a maio de 2003 e ao teu primeiro evento como organizador (a meias com o Lobo Astuto), o 2nd Geocacher’s Meeting in Portugal [Lisboa]. No rescaldo do primeiro meeting (seis meses antes) podemos encontrar esta curiosa referencia na listing “Somos os únicos malucos por aqui”! Era o que achavam? Apareceram tão poucos no 1º meeting (três attends feitos)… neste vosso quase que quadruplicaram os presentes. MA - Deixa lá, por esta altura já deves ter perdido metade dos leitores! [gargalhada] Lembra-te que eu, o clcortez, o zoom_bee, etc.... somos “corpos estranhos” no Geocaching vigente. Somos assim, uma espécie de “homens das cavernas” que são muito giros para ver numa montra, num museu mas nada mais do que isso. ;) Continuando, porque tenho prazer e orgulho no nosso percurso no Geocaching. Porque, para mim, Junho 2016 - EDIÇÃO 21 53


esta entrevista é como criar uma

leções por especialistas em GPS (O

sendo que apenas três delas são tra-

cache; respondo com o prazer que

Afonso Loureiro, recentemente for-

dicionais. Parece-me que apenas na

criei as caches. Se depois as pessoas

mado e o js-sms, Professor na Facul-

Hungria subsistem ainda as duas,

apreciam a entrevista ou as minhas

dade de Ciências) que nos ensinaram

Tradicional e Multi. Parece-te que

caches, não é relevante. Eu fiz o me-

os conceitos por detrás do sistema

lhor que podia. E há sempre gostos

GPS, com a ajuda de equipamento

faz sentido existir a Multi sem a ou-

para tudo…

profissional.

“Somos os únicos malucos por aqui?”.

GM - Um Evento com “E” grande

todas?

Repara que se tratava de uma per-

portanto! Monsanto é deveras um

gunta e significava que queríamos

local TOP para a prática deste nos-

MA - Foi um conjunto de projectos

saber se, além dos que já se tinham

so hobbie, especialmente em família

apresentado no Geocaching_Portu-

(já o fiz algumas vezes). Entretanto

gal, havia mais.

e pelo que se depreende pelos es-

Mas, por outro lado, agora existem

cassos dias que mediaram entre o

dezenas de milhares de Geocachers. Na altura conheciam-se, entre os que criaram caches e os que as procuraram, uns 20 ou 30. Mesmo que fossem o dobro (e não soubéssemos por não terem criado caches ou feito logs nas que existiam) seriam uns 60 ou, vá lá, uns 100 Geocachers em Portugal. Por isso, sim, na altura sen-

parte da outra… é(era) assim para

meeting e a tua seguinte publicação, andavas bem activo! Um evento bem organizado seguido de uma interessantíssimo “projecto”, onde foste,

novamente,

pioneiríssimo!

Falo, obviamente das famosas IMCs, European IMC No.1 P - P - Castelo de Bode e European IMC No.1 S - P - Tide Mills [Almada]. Qual a génese

tíamo-nos algo únicos, especiais.

da coisa? Como surgiu esta ideia?

O 2º encontro de Geocachers foi um

MA - As IMCs foi ideia do Hendrik

impulso e uma necessidade natural, até devido à meia desilusão que tinha sido o primeiro encontro, por terem ido tão poucos e até o organizador não pode ir. Assim, para a organização deste segundo encontro nacional, esmerámo-nos e, além do local muito bem escolhido (tínhamos a percepção que Lisboa era a zona com mais geocachers e Monsanto é um local naturalmente atractivo para um picnic com a família), criámos um programa bem composto que incluía jogos (com pré-

tra? No teu caso, uma dependia em

Woelper, um geocacher alemão. Está tudo contado aqui http://forum.geocaching-pt.net/viewtopic. php?p=9495#p9495 e a página inicial do projecto é esta http://www. woelper.net/gc/imc-ec-no1.php Um conjunto de multicaches, constituído pela cache primária e pela cache secundária em cada país em que, para se encontrar a secundária era necessário visitar a primária e depois trocar dicas com os outros geocachers estrangeiros. O projecto evoluiu até à versão 4, tendo eu

interessante mas foi-se degradando e quando começa a falhar em vários países, todo o conjunto vem abaixo. GM – É uma pena. São estas coisas que dão (ainda) mais interesse ao Geocaching. Lembro-me de ter encontrado uma tua, na Serra de Sintra… agora chama-se apenas Feel The Wind [GCKJ9A] mas quando a encontrei julgo que faria parte da versão 2 (até pelo nome). MA - Sim, a “Feel The Wind” era anteriormente a “IMC No. 2 P - PT - Feel the Wind”. GM- Outra das coisas que (me) dá bastante gozo é procurar caches antigas (como quase todas as tuas) e caches “descontinuadas”… não há como ignorar as três Virtuais no teu perfil, todas arquivadas. Referiste há pouco que o fizeste por causa dos Chico-espertos e Batoteiros mas, nem sei bem como colocar a pergunta, o que se sente ao arquivar uma cache de um género que não voltará a ter novos exemplares? A fazer fé na nota do Joaquim Safara, colocada na Memories of Stone and Water [Lisboa] [GL448JCB], esta tua terá sido

representado Portugal nas versões

mesmo a última virtual publicada.

1 (água) e 2 (vento), o lynxpardinus

MA - O que senti quando arquivava

(Ricardo Silva) na versão 3(terra) e o

as minhas caches... Uma grande sen-

mtrevas (Miguel Trevas) na versão 4

sação de perda e revolta mas eu não

acompanhada por monitores do

(fogo).

sou de “dar a outra face” ou de “dei-

Parque de Monsanto e que eram os

GM – Uma pesquisa rápida revela 14

xar andar”. Se não respeitam alguma

ajudantes do Dr. Paulo Lopes) e pre-

destas primeiras IMCs ainda activas,

das minhas caches, então é porque já

mio), distribuição de t-shirts, troca de prendas, actividades acessórias (a subida da parede de escalada que ali existe e que depois motivou caches,

54 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 55


TRILHOS && CARVÃO - TV01

SOFT WATER OVER HARD STONE [PORTO DE MÓS]

56 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


estão a mais. As caches que criei, os

apostada em mudar tudo o que foi o

se também ao pcardoso?

projectos em que me envolvi custa-

seu início e o seu espírito inicial em

ram-me tempo, dedicação, dinheiro,

favor de uma cada vez maior moneti-

privações... Foram feitas de acordo

zação do Geocaching...

MA - Aplica-se tudo relativamente à consideração por ser mais antigo e experiente que eu e ser uma pessoal muito afável e acessível. Existiram diversos episódios que nos puseram em contacto (as caches dele na zona de Mértola) e que nos levou a ir visitá-los na Ilha Terceira, fazer uma caminhada guiada por ele e jantar com ele e família e fazer a manutenção da “Atlantis” [GCK1JY].

com as guidelines da GroundSpeak, foram aprovadas pelos Revisores e eram para ser visitadas ou logadas da forma como foram idealizadas. Quem não concordasse, passasse à frente e fosse procurar outra cache. No início, este conceito era perfeitamente aceite a respeitado. Por exemplo, existe um Geocacher que não procura caches onde não consegue chegar fisicamente devido à sua pequena estatura e está no seu direito. Ele acha que o Geocaching não deve ser uma prova ou mostra de aptidão física. Está no seu direito, ele ignora

GM – “(…) a capacidade e dedicação para ir mantendo as minhas caches”. Aqui está o mote para introduzir umas questões sobre as caches que adoptaste. As duas mais antigas do teu perfil, dos idos anos de 2001, vieram da pena do Pedro Regalla. O que aconteceu? Como se proporcionou a continuidade destas caches, pelas tuas mãos? MA - O Pedro estava a desligar-se do Geocaching “no terreno” porque ia para Paris (onde terá estado uns tempos) e procurou adoptantes para

essas caches e procura outras.

as sua caches.

Nas minhas caches virtuais e na mul-

As três caches que aceitei diziam-me

ticache mais elaborada que criei,

algo; uma porque foi a minha primei-

apareceram demasiados casos de

ra (Pela Pré-história do Alentejo), as

contornar a cache na forma como foi

outras duas porque era um tema que

elaborada e decidi acabar com elas.

me agradava (aventura na Lagoa) e

Quem as procurou e encontrou de

estavam perto de locais onde eu ti-

acordo com o idealizado para a cache, não perdeu nada. A história das caches também não se perdeu - pelo menos enquanto ainda for relevante em termos de tempo histórico, quem não as encontrou por já não existirem... parece evidente que tem muito por onde procurar e os spots ficaram livres para outras criações iguais ou melhores que as minhas. Só fica mesmo irremediavelmente perdido as badges e as GC6... agradeçam aos batoteiros. Eu, pelo meu lado, nunca perdi a capacidade e dedicação para ir mantendo as minhas caches. Por outro lado, se elas não tivessem sido arquivadas pelos motivos que

nha ligações, seja porque tinha outras caches na região (Mértola), seja porque passava frequentemente na zona e tinha sentimentos fortes por aquela cache, pelo que provocou nas minhas procuras. Senti também que eu, na altura, era o que tinha mais capacidade para adoptar caches distantes da zona de residência e, por isso, quando o Pedro colocou as suas caches para adopção, não me candidatei às caches mais perto, porque sabia que haveria candidatos para elas, como aconteceu. GM – Se falarmos no Regalla, não

foram, será que ainda existiam tal

podemos deixar de fora outro “di-

como eu as criei? Não tenho a cer-

naussauro”, o Pedro Cardoso. O que

teza. A GroundSpeak parece que está

disseste para o outro Pedro aplica-

GM – No seguimento destas perguntas, destas caches adoptadas, impõe-se um pequeno interlúdio sobre os teus “planos de manutenção”! [risos] Não tenho dúvidas de que a tua postura no que refere este ponto (ter as caches em excelentes condições) é UMA das razões pelas quais és um dos chamados “Geocachers de Referência”. O que te apraz dizer sobre este assunto? MA - Eu aprendi o Geocaching em 2002. Com as virtudes e defeitos que tinha. No espírito do Geocaching original estava implícita a manutenção das caches, o não colocar caches que não se pudessem manter, etc... Eu mantive-me fiel a esse espírito. É só. Para mim, é uma coisa natural e é pena que eu me distinga por isso. Eu devia ser apenas um na multidão dos geocachers conscienciosos e que medem bem as consequências de colocar caches. O facto de eu ser de “referência” por esse motivo, só me preocupa em vez de me agradar. GM - Julgo que haverão mais (muitos mais, espero) “geocachers conscienciosos” como referes. [Risos] Agora, conseguir manter essa “postura” ao longo de 15 anos não é para todos, disso não tenho dúvidas. Mas como disse, essa é apenas UMA das coisas em que te distingues! Tenho aqui Junho 2016 - EDIÇÃO 21 57


uma pequena lista delas [Risos]

na altura.

dedicava a “rapellar” para dentro de

Ora vejamos, “aproximação à MAn-

- outra, a minha maneira de ser.

uma gruta, claro.

tunes”! É uma expressão muito ouvi-

Quanto ao tempo, estava-se no iní-

MA - Sim, evito que a minha maneira

cio e a maioria das pessoas “bebia”

de procurar caches provoque cons-

os conceitos dos Geocaching directa-

trangimentos aos outros compa-

mente da fonte oficial. Não havia in-

nheiros de caçadas. Normalmente,

termediários e a informação era sim-

coordena-se as coisa de forma a que:

ples e directa. Encontrou = “Found”,

ou vou antes deles ou vou depois.

não encontrou = “Not found”, outras

Depende da situação. Era comum a

situações = “Note”. Não havia outros

expressão “Busca Manel!” entre os

da por esses montes e vales... haha, uma pesquisa no Google por essa frase (+geocaching) devolve mesmo um “quer dizer que dá para fazer a aproximação à MAntunes?” vindo do baú do @PT. Desvenda lá esta estória, s.f.f.! MA - A estória da “aproximação à

tipos de logs.

MAntunes” nasceu neste log e nesta

Eu comecei a praticar Geocaching

que já podia ir procurar a cache. :).

com amigos, e família e depois con-

Nessa situação que relatas, como o

foto. Depois de um CITO em Monsanto/

tinuei sozinho. Habituei-me a que o

Estádio Nacional, fomos separada-

mérito ou demérito era meu (e/ou da

mente a esta cache (não me lembro

minha equipa, família, que eu levei a

se combinámos ou se calhou porque na altura havia muito poucas caches para procurar). Como abordámos a cache de maneira diferente, ele chegou primeiro e ficou ali a observar aqui o artista e a rirse enquanto me tirava fotos. A partir daqui, pegou a expressão e como eu sou mesmo assim, directo e simples, tanto na abordagem das caches como na abordagem das pessoas, a fama ficou. :) GM – O bom do Cortez… tem o condão de lançar “essas modas”! [Risos]

passear) e esse hábito ficou assimilado desde o início. A outra razão, porque não sou o único Geocacher ainda activo que aprendeu a actividade naquela altura, tem a ver com a minha personalidade. Se é verdade que sou simples e directo com as pessoas e não me coibo de ir directamente falar com elas - seja para o bem, seja para o... menos bem, também é verdade que sou algo restritivo e marco fronteiras que não ultrapasso. Eu não acho bem estar a registar como encontrada uma cache

Para terminar este périplo pelas

que eu não encontrei e assim proce-

“coisas que distinguem sobremanei-

do. Para mim é simples e óbvio mas

ra o Geocacher MAntunes” [Garga-

aceito perfeitamente que os outros

lhada], falemos um pouco daquela,

encarem esse aspecto de forma mais

para muitos, digamos, mais “estra-

aberta e descontraída.

nha”. Parece-me que serás mesmo

GM – Então e quando essas duas

o único “adepto” desta. Falo obviamente do “Found It” como o entendes e aplicas. Diz-se, e lê-se, que, para ti, o “found” só conta se fores mesmo tu a encontrar a cache. Enquadra-nos lá essa tua faceta s.f.f..

formas de encararem os “founds” se cruzam?! Nunca ouviste um “Ei! Onde para o Manuel?” ou “Então? Não vens?”? Lembro-me de ler alguma coisa sobre um “episódio” des-

Expedicionários, para me dizerem

pessoal estava entretido a enfiar-se no buraco, e o tempo de espera na fila era alargado, aproveitei e fui procurar a cache. O buraco onde nos metemos numa iniciativa do BTC , foi A Fenda e a vizinha foi a Lapa da Columbeira. GM – Columbeira!!! Era isso! Estava a embirrar com Maceira e nunca mais chegava aí… bem podia procurar. Isto é mesmo como as cerejas [risos]… fui ver o meu registo e escrevi um brilhante “log later”, ainda em 2013, o que me fez lembrar de algumas questões relacionadas com SmartPhones. A mim, pessoalmente, dá-me muito jeito a possibilidade de criar e mandar para o site “field notes” (ainda no gz) principalmente porque ficam em “hold” no nosso perfil, evitando registo do tipo que referi atrás. Mas, parece-me, é das poucas vantagens que também beneficiam os Owners das caches. O que te parece? Julgo que também serás algo crítico da utilização dos ditos telefones inteligentes no Geo-

ses numa excelente cache na zona

caching.

da Maceira, salvo erro. Por episódio

MA - De modo nenhum! Como in-

- uma, o tempo em que eu aderi e a

refiro-me a teres ido procurar uma

formático que sou, adoro gadgets e

prática/espírito que se evidenciava

cache a solo enquanto o pessoal se

brinquedos electrónicos que nos fa-

MA - É muito fácil. Tem duas origens:

58 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


cilitem a vida.

de contactar o geocacher, caso ne-

pela cache, é o apenas o encarregado

Fui um dos primeiros a ter uma so-

cessário. Julgo que tiveste alguns

da manutenção da mesma que tem

problemas relacionados, há alguns

a obrigação de manter esse produto

libradas a funcionar e, uma vez, no

meses.

em boas condições para os Visitan-

Geocaching-pt, sonhei com um apa-

MA - Ah, esse tema... sim, infeliz-

tes.

relho que combinasse gpsr + gsm +

mente a GroundSpeak tem vindo, gra-

Como disse, há vários episódios que

mapas e caches online. Ainda só ha-

dualmente, a afastar-se do espirito

se espalham ao longo dos anos e co-

via pocket pc sem GPS integrado (era

inicial do Geocaching, que ela pró-

meçou, para mim, com a possibilida-

adicionado com um adaptador CF ou

pria criou, e tem alterado as regras

de de os visitantes básicos poderem

via bluetooth) nem gsm.

e guidelines de forma a beneficiar os

logar caches Premium (pmoc) se ace-

Hoje em dia, depois do meu velhinho

“procuradores das caches”/Visitan-

derem ao formulário do log pelo link

GPSr Magellan Platinum ter morrido

tes em prejuízo dos “colocadores das

directo (um porta deixada proposita-

de vez, uso apenas um smartphone

caches”/Responsáveis. As ferramen-

damente aberta?) porque de modo

com c:geo.

tas dos primeiros têm aumentado e

próprio, pela listing, com a sua conta,

Não costumo fazer “field notes” ou

as obrigações dos segundos têm-se

não o podiam fazer porque as pmoc

“logs de off-line”. Quando encontro

mantido, o que está correcto, mas as

eram só para Premium Members, tal

uma cache faço imediatamente o

ferramentas que tinham à sua dispo-

como foi noticiado quando foi anun-

registo resumido e depois, em casa,

sição para exercerem o seu papel de

ciado o aparecimento das pmoc, a

completo e coloco fotos.

responsáveis têm vindo a diminuir.

que eu assisti.

O que me parece? Acho que é uma

Existem vários exemplos que, ao

Depois, foi a proibição indiscrimina-

solução mais equilibrada porque dá

longo dos tempos, me levaram aos

da das ALR (Aditional Logging Require-

a informação básica e essencial ao

foruns oficiais da GroundSpeak argu-

ments) facilitando a bandalheira em

dono/autor da cache (encontrei/não

mentar, sem resultado, pela defesa

que se tornou o registar como en-

encontrei e as impressões mais for-

do papel do Responsável pela cache.

contradas as caches, no caso mais

tes da visita).

A sensação que tenho, já há vários

usual, virtuais.

GM – Hum… estava a referir-me a

anos, é a de que uma cache é um Ser-

Esse último(?) aspecto da aplicação

aspectos como os de se poder regis-

viço ou Produto disponibilizado pela

oficial do Geocaching para dispositi-

tar a visita sem na realidade se es-

GroundSpeak ao Visitante que tem o

vos móveis, foi outra machadada no

tar sequer registado no site oficial e

direito de a registar como encontra-

ânimo de quem tem que manter as

por conseguinte não se ter maneira

da a seu belo prazer, e o Responsável

caches de forma a respeitar as Gui-

lução PocketPC + gpsr + cartas ca-

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 59


60 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


delines, na parte da manutenção. É

formação.

de moderação.

que, ao disponibilizar a BD das ca-

Após a ajuda inicial dada pelo Pedro,

Mais uma vez o “Torgut” teve razão

eu precisa de saber mais. Os fóruns

neste caso ao dizer que não valia a

da GS eram a minha única fonte de

pena argumentar nos fóruns da GS,

informação.

quando eu ia lá tentar lutar por cau-

ches em dispositivos móveis sem os obrigar a criar conta com email validado, provoca que, caso necessário, o responsável pela cache não possa contactar o visitante para esclarecer alguma dúvida, pedir a eliminação de um log duplicado ou indevido, etc... Eu, depois de várias tentativas frustradas de contacto e de ter lutado nos foruns da GroundSpeak, outra vez sem sucesso, passei a apagar os logs de visitantes sem email validado, quando esses logs tenham alguma característica que os invalidem (duplicado, sem correspondência no logbook). GM – Esse é outro aspecto em que me parece que te destacas de grande parte da comunidade… sempre tive a “impressão” de que és um dos mais atentos dos “nossos” geocachers ao que se vai passando com a GS e sobre os assuntos discutidos nos fóruns deles. Dizes mesmo que tens argumentado por lá, invariavelmente sem grandes resultados, certo? Parecem-te discussões em que pura e simplesmente são ignoradas as opiniões dos “jogadores” porque as decisões estão tomadas? Julgo que até a forma como isto se pro-

Acompanhava

quase

tudo que se passava lá. Os fóruns da GS, algures entre 2006 e 2008 mudaram de plataforma e de orientação. Até aí, era usual ver-se o Jeremy contribuir ou responder nos fóruns ou, em resultado dos fóruns, responder directamente por email. Sentíamos o Jeremy como um de nós. Depois dessa mudança tecnológica e de gestão, os fóruns tornaram-se maiores, mais organizados, mais formais e... mais distantes. Durante alguns tempos, o conteúdo dos antigos fóruns ainda esteve disponível para consulta na secção arquivo - tópico bloqueados a novos posts mas consultáveis. Agora já não estão acedíveis da primeira página (cheguei ao link acima através da lista dos meus posts). Praticamente deixámos de sentir a presença do Jeremy e passou a haver um conjunto de pessoas a servir de tampão entre a comunidade e a estrutura dirigente do Geocaching mundial. Os foruns da GS, actualmente são uma ferramenta que, acredito, os

sas em que acredito. O outro assunto foi quando disse que eu fazia mal em promover a divulgação do Geocaching. GM – Estes assuntos, mais do “foro informático”, mais do “backoffice” do que actividade maioritariamente de ar livre que é o Geocaching, chamam pelo teu lado profissional? Referiste há pouco que és informático. Há uma relação directa entre a tua actividade profissional e a lúdica? MA - Descobri o Geocaching através de uma publicação relacionada com a minha profissão e, no início, era necessário, não digo bagagem mas predisposição para entrar na tecnologia e nos gadgets. Sem essa força e curiosidade interior, as pessoas não entravam neste jogo de “maluquinhos da informática” - não havia mapas online, os GPSrs nem todos tinham mapas base e era mais difícil do que agora, em que um único aparelho faz tudo e actualiza-se quase automaticamente com as caches. Devido à minha profissão, que me deu um certo à vontade na parte tecnoló-

cessa se tem vindo a alterar, certo?

“TPTB” (“The Power That Be”, ex-

O Fórum em si não é uma coisa até

pressão usada lá) consultam mas já

recente?

não lhe dá a importância que lhes da-

nascido em Lisboa -, consegui entrar

MA - Sim, sempre estive atento aos

vam nos primeiros anos. Basicamen-

bem, tanto na parte técnica como na

te, são uma válvula de escape da co-

parte lúdica e tenho mantido a minha

mente nos primeiros 10 anos da mi-

munidade que eles tentam ignorar e

capacidade e postura em ambas.

nha actividade. Mais uma vez, por

apenas em casos mais importantes,

GM – Pois foi… descobriste o geo-

razões históricas; no início não ha-

intervêm e lá aparece um dirigente

caching num meio de comunicação

via fóruns em Portugal (a mailing list

a responder - não estou a falar dos

e depois foste estrela em pelo me-

do Yahoo aparece mais de 6 meses

moderadores, esses são o tal tampão

nos um outro! Lembro-me de ter vis-

depois de eu saber da existência do

que foi colocado entre a comunidade

to uma pequena peça de telejornal

Geocaching) e eu estava ávido de in-

e a GS, para além do papel principal

onde promovias o Geocaching, julgo

fóruns da GroundSpeak, especial-

gica e o facto de ter aprendido a falar e andar na província - apesar de ter

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 61


“Geocaching, sim, sempre, mas de uma forma moderada e não ao ritmo e envolvimento que tinha antes”

que de 2005. Era a isso que o Torgut

nários”. Começaram por seres Tu, o

encontrámos com o Roberto e o MCA

se referia? Como te viste envolvido

MCA e o BH, certo, como disseste no

viu que ele conduzia o LR serie II, de

em mais essa aventura?

início da nossa conversa? Quando é

1900 e troca o passo”... caíu de quei-

MA - Sim, era a essa entrevista na

que aparece a “designação”?

xos no chão e fez logo por continuar a

RPT2, programa Magazine 2010, que

MA - “Há que agradecer aos céus por

viagem no LR descapotável, mesmo

ele se devia referir mas também a

não teres dado com esse link!!! [risos]”

com vento e frio nas estradas gale-

outras entrevistas que dei a jornais e

Não encontrei a reportagem mas en-

gas, por onde fomos para ligar Por-

revistas. Acreditava eu, na altura, que

contrei o log da ganda bosta de ca-

tela do Homem com a zona do Rio

o Geocaching devia ser mais divulga-

che que encontrámos após a entre-

Laboreiro.

do e partilhado por um maior público.

vista. ;)

No fim, foi 1 (um) dia com saída e

Magazine 2010 - 13/Ago/05 // Pú-

Designação dos “Expedicionários”?

regresso a Lisboa em que fomos ao

blica (Revista semanal do Jornal o

Acho que foi durante a primeira saí-

Gerês, atravessámos um niquinho

Público, nº 457, 27/2/2005)

da, em 2004, ao Gerês onde fomos

da Galiza, fomos a Castro Laboreiro,

Depois, ainda houve outra em que eu

só os primeiros três. :)

algumas pontes romanas, e terminá-

e o Cláudio fomos cachar de bicicleta

GM - Primeira saída a três no Gerês...

mos numa cache na zona de Arcos de

em volta do Rio Trancão e combiná-

Conta! Não é bem a mesma coisa que

mos encontro com umas jornalistas

combinar ir ali à Ericeira procurar

para nos entrevistarem em calças de

uma cache! Quero(mos) saber tudo!

sei eu na altura. :)

lycra (nós). Mas não tenho o link da

MA - Depois da caçada à “A Peque-

GM – Essa foi a primeira de muitas!

reportagem publicada.

na Gruta” ficou a vontade de repetir

Valdevez, a 56411m de altura. “Os Geocachers deve estar doidos!”, pen-

Já vi algumas fotos com bem mais de três aventureiros… foi a evolução

Como me envolvi nessas aventuras?

a experiência e o Gerês desafiava a

Basicamente era contactado por al-

nossa imaginação e espírito de aven-

guém a pedir uma entrevista ou re-

tura. Então, passámos uns tempos a

portagem. Penso que os jornalistas

tentar conciliar agendas familiares

me encontravam pela minha activi-

até que decidimos ir só os três. Con-

dade, tanto no Geocaching.com como

tactámos o Roberto “rob300_tdi” e

no Geocachig-pt e me contactava. Foi

combinámos encontro na Portela do

deira “excursão”…

isso.

Homem, onde ele nos esperaria para

MA - O objectivo dos Expedicioná-

GM – Há que agradecer aos céus por

depois nos acompanhar na caçada

rios... inicialmente era apenas fazer

não teres dado com esse link!!! [risos]

à cache dele, “A fronteira de Baixo”

umas caçadas em locais longe da ro-

Se bem que teria ferramentas para

aproveitando para ir à frente fazer

tina e da área de residência. Gerês

gozar com o Cortez durante muito

manutenção. Até lá procurámos a

era o local que primeiro aparecia nas

tempo! Aproveitemos esta nova re-

“Fenda da Calcedónia”, baseados na

nossas intenções. Depois, foram-se

ferência ao Cláudio para falarmos

história do meu DNF encharcado. A

criando hábitos, pequenos pormeno-

então de amigos e d“Os Expedicio-

história engraçada, foi quando nos

res que davam sabor único às nossas

62 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

natural do grupo? Crescer e adicionar mais e mais amigos? Se não me engano, numa das minhas viagens com o Cláudio, ele ter-me-á dito que o objectivo nunca foi ser uma verda-


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 63


caminhadas; o chouriço do “PH”, os textos de Torga, os nomes mais ou menos pomposos de cada Expedição, inventados em resultado de ocorrências das mesmas... e sempre o convívio e a enorme satisfação pelas caminhadas em locais de eleição. Em 2006, em resultado de conversas e/ou comentários, surgiu a possibilidade de dois geocachers do Norte se juntarem a nós e aí começou a expansão do grupo, que tinha começado com 3 em 2004, passou a 4 em 2005 com a junção do “clcortez” e, depois, evoluiu gradualmente até um ponto em que se tornou difícil fazerem-se caminhadas com todos presentes porque, quanto mais pessoas, mais realidades de vida, calendários, compromissos, etc... se misturavam tornando impossível o pleno, regra que nos primeiros 3 anos foi nossa pedra angular - só íamos quando todos pudessem ir. Quanto à expansão, nunca houve uma estratégia definida. As situações evoluíram ao sabor do acaso. Algum dos membros sugeria outro geocacher e era aceite. Só se começou a fechar a porta a partir dos 20 e poucos membros. GM – Este ano já houve alguma saída? Para onde foi a última passeata? Regra geral tentam organizar a coisa em torno da(s) cache(s) ou já é mais ao contrário? Primeiro o Destino e depois logo se vê a(s) cache(s) que se enquadram? MA - Este ano (considerando os últimos 12 meses) não houve qualquer saída. A última saída foi a Montesinho e é assim que funciona(va): Primeiro, o destino e depois as caches que poderão haver sendo que tínhamos sempre cuidado em haver algumas caches para procurar durante a 64 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

caminhada - somos geocachers, certo? GM – Como participante activo dos dois principais fóruns, e em diversas redes sociais, acabei por tropeçar várias vezes em posts onde referias a pouca disponibilidade para o Geocaching devido aos estudos… Foi também por causa dessa valorização pessoal que, pelo menos até ver, não voltou a haver “excursão”? E agora? Julgo saber que a “escolinha” já terminou… voltaste “em força” a estas lides? [sorriso] MA - É verdade que a Licenciatura me tirou disponibilidade para o Geocaching em geral mas os programas especiais sempre foram sendo realizados e as Expedições mais concorridas, em que eu participei, até decorreram quando eu já estava a frequentar o curso. Eu não voltei às “lides”, pelo menos por agora, de certa maneira porque perdi um pouco elã que tinha de puxar pelos outros e de organizar coisas. Estou disponível para participar no que for aparecendo (recentemente participei num evento de CITO, em Tomar) mas já não sinto aquele vício que tinha de colocar todas as “moedas” (do meu tempo disponível) no mesmo “pote” (Geocaching), e vou distraindo-me com outros hobbies passeios TT e comecei a correr regularmente em Agosto e estou a correr semanalmente, >15km por corrida, o que para mim, com a idade que tenho e tendo começado a correr há cerca de 8 meses, é muito estimulante e tenho como objectivo fazer uma meia maratona oficial, antes do final deste ano. Por isso, Geocaching, sim, sempre, mas de uma forma moderada e não ao ritmo e envolvimento que tinha

antes do meu Curso ter entrado na fase decisiva, porque existem outros hobbies para aplicar o meu tempo livre. GM – Consigo relacionar-me com isso. No meu caso tentei sempre incluir um ou mais dos meus hobbies quando me dedicava(co) ao geocaching. Primeiro a bicicleta, depois as caminhadas maiores, agora a fotografia de aves. A massificação e proliferação de caches em tudo o que é sítio também ajuda na perda desse elã de que falas. Parto desse teu envolvimento para o próximo lote de questões… começo pelo 1º Geomeetup, organizado por ti, certo? Consegui dar com a ata (http://geocaching-pt.net/64) mas queria saber como nasceu a ideia e qual a tua impressão de mais uma “barraca” das tuas (ser pioneiro dá muitas vezes nestas coisas, ao “desbravar” o terreno para os seguintes). MA - O GeoMeetup nasceu do espírito de que estávamos imbuídos, nós, os pioneiros, de procura do convívio, da partilha de algo de que gostávamos e do espírito de divulgação da actividade e entreajuda dos novos que iam aparecendo. Era o espírito da altura. A ideia surgiu do site Meetup.com que de destina a organizar convívios entre praticantes de hobbies / actividades. Eu inscrevi o Geocaching em Portugal, lá no Meetup.com e tentei, por três vezes, organizar um Meetup. Era necessário um mínimo de 5 confirmações (will attends) para o Meetup ter aceitação e ser publicado no site Meetup.com. À terceira vez foi possível (conseguiu-se os 5 WAs) e o evento ou publicado no Meetup. com. O local escolhido, pelo site, foi a Livraria Barata e a “barraca” ocorreu porque a Barata não tinha mesas


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 65


para um café nem serviço de cafeta-

vestidos a rigor, de galinha e afins.

ficos e periódicos.

ria. Então, recorrendo ao “cartaz” que

[Risos] “Thumbs Up” mais uma vez

Nota-se que, agora, os CITOS se re-

o site me aconselhou a imprimir, no

pelo espirito empreendedor!

sumem apenas aos praticados nos

local e rapidamente, encontrou-se

A próxima questão sublinha, mais

eventos “logáveis” mas que ao menos

um local opcional para onde o pes-

uma vez, esta tua faceta. Refiro-

continuem assim. A prática do CITO

soal foi e eu fiquei à porta da Barata

me ao 1º CITO em solo nacional, a

durante a procura de caches descon-

com o “cartaz” à mostra para o pes-

meias com o Paulo Henriques, certo?

fio que se foi perdendo e muita gente

soal vir ter comigo e eu indicar-lhes

Como se proporcionou este miminho

imaginaria que os CITOS nasceram da

o novo local de encontro do Meetup.

à Natureza (que cada vez necessita

actividade paralela à procura de ca-

mais)?

ches. Faz-me lembrar aquelas pes-

cimento? Foi engraçado. O pessoal

MA - Tal como a Groundspeak con-

soas que pensam que o leite vem do

andou a rir-se de mim durante uns

tinua a fazer anualmente, eles de-

supermercado. ;)

tempos mas eu sei que foi a melhor

cidiram dar um passo em frente no

GM – Sinceramente acho que o

opção a tomar naquele momento,

espírito do CITO e incitaram a comu-

grande problema e a mudança de

visto que estávamos a encontrar-nos

nidade a organizar eventos destina-

mentalidades se deve muito ao fac-

pessoalmente pela primeira vez e só

dos a esta actividade de preservação

to de que por estes dias há caches

assim era possível estabelecer o en-

da Natureza. E nós decidimos aceitar

em todo o lado… no meio do lixo in-

contro/diálogo.

o desafio em Portugal.

clusive. Quem rege o seu geocaching

GM – Até eu estou a sorrir só de te

Até àquela data, o CITO era sugerido

numa vertente mais natural, fora

imaginar de cartaz na mão, à porta

e promovido como uma actividade

das zonas urbanas manterá mais fa-

da Livraria! Só me consigo lembrar

que se fazia durante a procura das

cilmente o hábito de praticar CITO

de publicidades tipicamente ame-

caches, depois, passou a ser também

do que aqueles que se vão acostu-

ricanas, com tipos a segurar setas,

uma actividade com eventos especí-

mando a ver lixarada no dia-a-dia. E

A minha impressão sobre o aconte-

66 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


por mim falo. É-me mais frequente

importantes, os que realmente mar-

vos, etc...

arrastar um saco cheio durante meia

cam, são, normalmente, obra de um

Repara que na altura não havia nada

dúzia de km no meio de uma serra,

conjunto de pessoas. Por isso, nessa

que nos dissesse isso, além do site

em que vim pelos trilhos a apanhar

fase da pessoalização e individualiza-

da GroundSpeak e do Buxleys. Se vi-

alguns plásticos e afins, do que fazer

ção, não liguei muito. Prefiro receber

res o tópico “Stats?” no Geocaching-

o mesmo quando ando por Lisboa,

logs agradáveis nas minhas caches

-pt, verás o historial de crescimento

apesar de haver muitos mais locais

e sentir que elas trouxeram alguma

da ideia das Stats em Portugal.

onde o depositar e não ter de andar

experiência nova a este ou aquele

GM – Sim. Foi exatamente aí que fui

com os sacos horas a fio.

Geocacher do que ser, eu, distingui-

dar uma olhadela. Como geocacher

Esta última pergunta, relacionada

do por as ter colocado. Distingam as

histórico-curioso que sou mantenho

com o teu envolvimento e dedicação

minhas caches com visitas em que

atento a este tipo de coisas, em es-

à causa geocachiana, prende-se com

apreciem mais o tema e a cache do

pecial aquelas que o Joaquim Safara

uma iniciativa, da GS e depois migra-

que os números e com respeito pela

da para o seio do GeoPt, sobre aquilo

manutenção da mesma e esqueçam-

que acabou por se chamar de “Geo-

me a mim. A não ser que me queriam

cacher da Década”.

convidar para uma jantarada, ou um

Julgo saber que não foi uma inicia-

passeio TT, com missões fotográficas

tiva que te agradasse por aí além,

pelo meio, etc... isso, sim aprecio. ;)

tal como se pode ler neste link onde

GM – Olha, fizeste-me lembrar de

referes que “sinto-me honrado que

mais uma coisa em que foste o im-

alguém tenha sugerido o meu nome

pulsionador e que, de certo modo, é

para os nomeados mas peço a essas

um pouco antagónico com esta últi-

pessoas que não me levem a mal por

ma resposta e até com a postura da

não me sentir especialmente entusias-

grande maioria (se não com todos)

mado com tal votação, que prefiro ig-

o que participaram no debate na al-

norar.” por não dares valor a este gé-

tura. Foste tu o primeiro a sugerir o

nero de iniciativas (que destaquem

aparecimento de estatísticas (no @

desta forma o “indivíduo”).

pt.net em 2004) relacionadas com

Não obstante a tua opinião (e passa-

geocaching cá no nosso cantinho. De

res a bola para o campo do Cortez ;)

onde te veio a ideia, e porquê?

), a verdade é que muita gente acha

Hoje em dia, as estatísticas estão

efectivamente que tiveste (e tens)

muito conotadas com [estatísticas]

um papel incontornável no desenvol-

= [concorrência e luta pelos “pó-

vimento do Geocaching (com “Guê”

dios”]… tens esta percepção? Não foi

grande) em Portugal e acabaste na-

certamente com esta ideia em men-

turalmente para ficar no lote dos 10

te que te lembraste deste assunto.

“finalistas” (ao lado dos GreenSha-

MA - Essa é fácil de responder. Não,

des, rifkindsss, btrodrigues, clcortez, danieloliveira, hulkman, prodrive, eterlusitano e OverdoseNesquik).

não tinha a competição em mente mas uma coisa que se chama Estatistica Descritiva com o intuito de saber

vai “desenterrando” com grande habilidade… algures no tempo lembrome de ler alguma coisa escrita por ele sobre o assunto, provavelmente relacionada com a tua nomeação de que falámos há pouco. Estamos a chegar ao final deste périplo sobre a tua visão, aventuras e desventuras, neste nosso hobbie mas ainda quero saber mais algumas coisas sobre as tuas colocações, nomeadamente sobre a Just get there! [GC27FGF], em que a minha curiosidade recai, claro, sobre o facto de ser a única que eu conheço com o Atributo “Seasonal Access”. Houve uma altura em que julgava que esse atributo não era possível em Portugal… tens noção de ser assim? Tiveste algum problema com isso, ao submeter a dita para revisão ou o atributo apareceu mais tarde? MA - O Atributo veio depois. Quando a cache foi colocada, era para estar sempre disponível como esteve nos primeiros anos. Depois, quando lá fui fazer uma manutenção, conheci um dos barqueiros dos passeios no Tejo, que é também o representante ou

Olhando hoje para tuuudoooo isto

factos e realidades sobre o Geoca-

que escrevi, o que te apraz dizer?

contacto da Quercus e, ainda, é tam-

ching em Portugal. Quantos somos,

bém Geocacher e ele disse-me que

MA - Não muito. Sempre fui apolo-

quantas caches, como se distribuem

era conveniente a cache ficar desac-

gista de que o importante é a Obra e

as caches pelo País, as caches mais

tivada durante vários meses no ano

não o obreiro. Até porque, os feitos

visitadas, os geocachers mais acti-

por causa dos ninhos de abutres que Junho 2016 - EDIÇÃO 21 67


precisam de muito sossego - em al-

ção (inclui link para a reportagem

queiras recomendar aos nossos lei-

ternativa, seria melhor remover a ca-

fotográfica).

tores para este Verão.

che. Expliquei-lhe que tinha tido essa

Houve muitos grupos que fizeram os

MA - Sobre o par de sugestões de

dois percursos, Pocinho <-> Barca

passeios/caches a recomendar...

d’Alva <-> La Fregeneda, num fim de

Felizmente, apesar de ter ‘apenas’

semana. Inclusive, os “Expedicioná-

<800 caches encontradas, a maior

rios” foram lá algumas vezes. Aqui, a

parte foram caches escolhidas a

primeira delas (também com repor-

dedo e todas elas me trouxeram ex-

tagem fotográfica).

periências únicas e rara, ou quase

GM – Estamos a entrar na recta fi-

nenhuma, terá sido... mais uma para

nal desta nossa belíssima conversa.

os números. Assim, a minha tarefa

Mas ainda tenho umas pequenas

nesta resposta é mais difícil porque

curiosidades para ver satisfeitas… É

são tantas as memórias que detenho

preocupação ao preparar a colocação da cache mas não tinha encontrado uma posição oficial da Quercus sobre aquele local. De qualquer maneira, ambos achámos que seria melhor começar por desactivar a cache sazonalmente e ver se era suficiente. Entrei em contacto com um dos Revisores e obtive o acordo para a manter desactivada durante oito meses por ano. O atributo veio depois. GM – A outra colocação, a meias com o clcortez… uma das caches realmente míticas portuguesas, colocada a par com a sua irmã, as Na Linha do Douro [GC1BRPH] e La Ruta de Los Túneles - Barca d’Alva [GC1C1W9]. Vocês fizerem este passeio de uma assentada! Tens noção de mais alguém o ter feito como vocês? Alguma vez olhaste com atenção para as vossas duas listings e viste o quão diferentes acabam por ser? A tua, mais concisa e com “gaitinhas” e a dele, com citações de Eça de Queirós e com vários containers. Isto estava pensado? Parecidas mas nem tanto? MA - Foram pensadas assim. Os percursos são diferentes e as caches embora parecidas, porque o tema é o mesmo, não precisavam de ser cópias uma da outra. Na Linha do Douro, era para ter apenas 2 pontos mas a colocação inicial não correu tão bem como esperávamos e então decidi-

impressão minha ou no decorrer da entrevista alteraste o teu nome de utilizador no Geocaching.com? MA - Mudei mas não teve a ver com a entrevista - espero que não tenha causado transtorno. A mudança que notaste foi o repor do meu nick original. Tinha-o mudado para experimentar o efeito na mudança do código de formatação dos logs. GM – Ahaa, Ok, primeira não dava com o teu username, MAntunes… depois deixei de encontrar o _Mantunes_. Pensei que era para me baralhares. Depois, há outra “marca MAntunes”, a do “aviador” no topo dos VGs! De onde nasceu esta? MA - Foto no VG, em posição de “voador” que tenho no meu perfil? Foi tirada nesta caçada, “TT Grande Rio do Sul”, na companhia destes companheiros. Quem tirou a foto foi o “Alieri”, com a minha máquina fotográfica.

que não consigo decidir-me por ‘um par de caches’. Arrisco-me então, a sugerir uma região onde, procurando as caches Natura que lá existem, o retorno em termos de aventura, caminhada, passeio... são garantidos. A zona é o Gerês e, tendo em atenção a questão das autorizações, as zonas interiores do Gerês propiciaram-me passeios inesquecíveis. Caminhadas de várias horas que passem pelas caches mais interiores do Gerês são o máximo para mim. Apenas como exemplo, aponto “Rocalva”, “Heart of Darkness”, “Aos grupos expedicionários”... GM – Obrigado mais uma vez Manuel, pela tua simpatia e disponibilidade em partilhares connosco estes teus, já longos, anos dedicados ao Geocaching. Foi uma belíssima viagem! Espero sinceramente que continues a manter as tuas excelentes caches nas condições a que nos tens habituado, e com a dedicação que

mos alterar um pouco a multicache.

Não dava para fazer selfie. ;)

Fui lá sozinho fazer a manutenção,

GM – Hehe. Era mais difícil! Vamos

partindo do Pocinho pelas 18h00

então encerrar as hostilidades! Para

e pernoitando numa das estações

terminar peço-te “apenas” que nos

Texto:

abandonadas, numa das mais inte-

deixes um par de sugestões geoca-

Rui Duarte (RuiJSDuarte)

ressantes aventuras que tive - Está

chianas. Um par de caches e/ou pas-

Fotografia: Filipe Sena // MAntunes // Ar-

aqui a estória toda dessa manuten-

seios que, enchendo-te as medidas,

quivo Geocaching.com

68 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

todos te reconhecemos (até porque ainda me faltam encontrar algumas).


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 69


Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Realizou-se no passado dia 28 de

do nenhuma edição no ano de 2015.

Maio a 5ª edição do torneio de fute-

Felizmente foi possível voltar a esta

bol conhecido como “Mini Super Liga

“competição” que tantos gostam.

GM - Agora, no rescaldo dos jogos,

Penso que a não realização no ano

o que achas? A participação ficou

GeoPt” que se destinou a descobrir qual a melhor equipa de futsal de entre a comunidade geocachiana nacio-

passado e a dificuldade em continuar

nal, este ano em moldes um pouco

com esta iniciativa prende-se mais

diferentes dos anteriores e que talvez

com a disponibilidade dos meios hu-

por isso tenha levado a que menos

manos do que outros factores.

equipas conseguissem participar. A GeoMag veio trocar uns dedos de conversa com o Nuno Gil, geocacher que acabou por ser a cara mais visível da organização do Evento [GC6FNCD].

num fim-de-semana saloio.

aquém das tuas espectativas (quatro equipas) ou calculavas que com tão pouco tempo não seria fácil juntar um grande número de equipas? NG - Estava, confesso, à espera de mais participações e ficou decepcio-

GM - E tu? Como apareces como figura central neste(s) evento(s)? NG - O futebol entrou na vida desde que me lembro e o geocaching há uma

nado com o facto de haver apenas quatro equipas em competição. Esperemos que para a próxima haja uma maior mobilização dos interessados em participar.

GM - Boa tarde Nuno, obrigado pela

mão cheia de anos. Desta forma a pos-

tua disponibilidade! Parece que esta

sibilidade de juntar estas duas coisas

GM - O torneio acabou por realizar-se

edição foi tirada a ferros! Os mais

é um prazer e privilégio para mim. Não

no Pavilhão Desportivo Liga dos ami-

atentos notaram com certeza que a coisa terá estado muito perto de não se realizar este ano, fazes ideia porquê? Falta de disponibilidade de lo-

queria que esta “iniciativa” morresse e decidi abordar o Geopt para a possibilidade de me “movimentar” e tentar

cal? De datas?

ir avante. Através de um contacto do

NG - A última Mini Super Liga Geopt

Peter! conseguimos que fosse possí-

realizou-se em 2014, não haven-

vel a integração desta Mini Super Liga

gos de Covas de Ferro... Que tal a experiência? Um local apropriado a que se repita a experiência? NG - A malta da Liga dos Amigos de Covas de Ferro desde cedo se mostrou empenhada e orgulhosa de nos ter por lá. A oportunidade de nos jun-

G. D. Fractura Exposta

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 71


tarmos a este local num fim-de-se-

pates e 3 vitórias pela margem míni-

não tem que ser necessariamente em

mana recheado de outras actividades

ma (diferença de um golo). A equipa

2017 - Edição de Outono de 2016?) -

tornou-se ainda mais apetitoso. Não

de Leiria esteve bem e teve a sorte na

fica o desafio ;)

conhecia Covas de Ferro e fiquei com

lotaria das grandes penalidades, mas

a certeza de que voltarei várias vezes.

todas as equipas merecem o louvor pelos dotes futebolísticos, pelo fair-

GM - Um torneio a quatro que acabou ao fim da manhã com a vitória

-play e pela boa disposição demonstrada durante toda a manhã.

da equipa de Leiria, os GC Leiria Fu-

Obrigado mais uma vez Nuno, por estes minutos dedicados ao rescaldo do Torneio! Nota do editor - A Mini Super Liga

tebol Clube, sobre a de Setúbal, os

GM - Olhando essa manhã... algo a

GeoMoscatel, depois da marcação de

repetir? Podemos esperar encontrar-

grandes penalidades (desempate).

te novamente à frente da Mini Liga

Tendo tu feito parte de uma das ou-

em 2017?

tras duas equipas (Team Drive In), a

NG - Foi uma experiência agradável

outra eram os G. D. Fractura Exposta,

em que se juntaram este pessoal com

achas que foram uns justos vencedo-

dois hobbies em comum e onde, aci-

res? A taça ficou bem entregue?

ma de tudo, nos divertimos. Estarei,

NG - Penso que foi a Liga mais equi-

claro, disponível para qualquer outra

librada de sempre em que todas as

iniciativa mas penso que seria positivo

equipas mostraram as suas armas.

haver um grupo de outra zona do país

Para se ter uma noção do equilíbrio

a chegar-se à frente e propôr a pró-

Texto / Fotos:

nos 7 jogos disputados houve 3 em-

xima edição da Mini Super Liga (que

Nuno Gil (NunoGil) / GeoMag

GEOMOSCATEL

72 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

foi um dos quatro eventos Geopt.org realizados por “Por Terras Saloias de Sintra” no fim de semana de 28/29 de Maio. Os outros foram “Convívio Saloio”, “Caminhada Saloia” e o “CITO por terras saloias” (onde a GeoMag esteve discretamente presente, a limpar e a preparar o recinto da escola primária para futuras actividades).


Team Drive In

Os campeões GC Leiria Futebol Clube

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 73


CAMINHADA POR TERRAS SALOIAS

74 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


CAMINHADA POR TERRAS SALOIAS

CITO POR TERRAS SALOIAS

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 75


G E O T O UR A Ç O R E S

Grupo Ocidental por

76 Junho 2016 - EDIÇÃO 20 21

P a l h ocos M ac h ado & P ed r o . B . A l me i da


A GeoTour Azores, a maior geotour do

dois domínios geomorfológicos distintos

identidade cultural de uma ilha”:

mundo e a única existente atualmente

na ilha das Flores: O maciço central, que

“A mais antiga Armação baleeira que sa-

em Portugal, começou a funcionar no

engloba o planalto central e as zonas

bemos ter existido na Região dos Açores,

dia 7 de Abril de 2016, e conta com 170

periféricas adjacentes e a orla periférica

foi na Ilha das Flores e remonta ao ano

caches (com o prefixo AZGT ou AZGTJ

que abrange as escarpas e as platafor-

de 1857. Ao que se julga só teria entra-

no nome, das quais 20 são caches “Jo-

mas de sopé adjacentes”.

do em atividade dois ou três anos mais

ker” (com o prefixo AZGTJ) e com perto de 900 favoritos no total das caches. A forma mais “fácil e rápida” de concluir esta geotour, será, para quem não tiver já caches encontradas deste projecto, viajar até ao Grupo Ocidental do arquipélago açoriano e conhecer as maravilhosas ilhas das Flores e do Corvo. Nas Flores localizam-se 10 caches desta geotour, mais 2 caches “Joker”. Por sua vez, o Corvo conta com 5 geocaches, mais 2 caches “Joker”. Nesta edição da geomagazine vamos

tarde. Importa referir que a partir dos AZGT HISTÓRIA DA BALEAÇÃO NAS FLORES – GC54EXC “A mais antiga Armação Baleeira que sabemos ter existido na Região dos Açores e em Portugal, foi na Ilha das Flores e remonta ao ano de 1857”. Esta é uma cache letter-box híbrida construída “por encomenda” pela Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores propositadamente para esta geotour, pelos geocachers Palhocos-

apresentar duas caches de cada uma

machado e Pedro.b.almeida e que

das ilhas, sendo as duas caches das

contou com a colaboração de várias

Flores, ambas caches nomeadas para

entidades: Museu/Fábrica Baleeira

os prémios GPS 2015.

do Boqueirão, Museu de Santa Cruz das Flores e Centro Interpretativo do

A ILHA DAS FLORES

Boqueirão/Parque Natural de Ilha das

De forma quase elíptica e orientada

Flores. Para encontrar esta geocache

segundo a direção N-S a Ilha das Flo-

o geocacher deverá visitar, na Vila de

res mede, aproximadamente, 16.5km

Santa Cruz, a Fábrica da Baleia, o Cen-

por 11,5km e a sua área é de cerca de

tro Interpretativo do Boqueirão, bem

143km2.

como a Zona dos Fornos da Fábrica no

O Morro Alto, com 915m, é a maior al-

Boqueirão. Depois de recolhidas as in-

titude da ilha.

formações pedidas, o geocacher des-

“Morfologicamente, a ilha das Flores, é

cobrirá que esta cache encontra-se

finais do séc XVIII, navios das frotas baleeiras de Nova Inglaterra, começaram a procurar os fundeadouros da Ilha para fazerem aguada, refrescarem e recrutarem elementos para as suas tripulações. No início da década de 30, o Armador Maurício António de Fraga, da costa sul da Ilha das Flores, construiu no Porto das Lages das Flores, uma instalação designada por Casa da Baleia, que consistia num espaço coberto, em que foram montados dois “pots” de derreter, uma “cooler”, tanque de arrefecimento e decantação do azeite e no subsolo, foi construída uma enorme cisterna com capacidade de armazenagem da produção da campanha anual. Ao que sabemos, foi a única construção existente em todo o Arquipélago, neste género. É nitidamente uma tentativa pré-industrial, que uma década mais tarde, veio a acontecer na própria Ilha, e em mais três ilhas da Região. O marmoto que aconteceu no dia 25 de Setembro de 1940, destruiu as instalações artesanais de três Armações Baleeiras da Ilha, bem como de

marcada pela existência de uma zona

em …, enfim: noutro local emblemá-

todo o equipamento de transformação e

central (Planalto Central) aplanada que

tico desta vila, tendo o container final

ainda toda a produção de azeite daque-

se desenvolve entre as cotas dos 500

“tudo que ver com o tema da cache”!

la campanha. O que estava armazenado

e 915m. As fajãs são aspetos bastante

A propósito do tema desta cache, o

em cisternas, junto à orla marítima, bem

marcantes na geomorfologia da ilha que

amigo historiador José Vieira Gomes

como o de duas outras Companhias ba-

ocorrem na base das escarpas interio-

escreve na sua obra “In Cadernos de

leeiras, que estavam em cascos sobre o

res. Neste contexto podemos considerar

Sociomuseologia – A Baleação e a

cais, para exportação aguardando emJunho 2016 - EDIÇÃO 21 77


78 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


de cultura e de ciência...”.

barque para Lisboa. Foi uma cruel perda

ca, pela sua organização, é um exemplar

da justa retribuição dum ano de duras

único na Região certamente no País. Di-

canseiras, duma penosa tarefa de riscos

vidindo-se essencialmente em dois gran-

AZGT - SUSPENSO NO TEMPO... |

e de arrepiantes emoções, em que por

des sectores: Serviços de transformação

SUSPENDED IN TIME... - GC61DB5

vezes pagavam com a vida a coragem

e serviços de reparação e manutenção

Este é um dos locais mais espectacu-

da frota de caça, equipamentos de labo-

lares (e são tantos…) da ilha das Flo-

ração, incluindo o guincho a vapor, peça

res. A earthcache, que tem o inovador

de grande raridade.

tema “dos vales suspensos”, foi cons-

de desafiarem o mais poderoso e gigantesco animal do Reino de Neptuno. Este acontecimento funesto, foi um rude golpe no principal sector da economia, da Ilha, naquela época. Fez mudar a orientação económica da baleação. Abreviou, e certamente acelerou o surgimento da fase industrial. Foi projetada a construção duma grande fábrica contemplando a especificidade

Assim, em Julho de 1943, entrou em laboração a Fábrica Baleeira do Boqueirão, pertença da Sociedade Reis e Flores Lda., que laborou até ao final de 1981, data em que foi interrompida a caça à baleia na ilha. Em 1983 foi adquirida

truída propositadamente para esta geotour, pelos geocachers Pedro.b.almeida e Palhocosmachado. Localizase no Poço da Ribeira do Ferreiro, local este que no passado já foi conhecido por vários outros nomes, como por exemplo Alagoínha.

da ilha do seu isolamento e da sua voca-

pela Câmara Municipal de Stª Cruz das

ção baleeira. A área coberta é de 1850

Flores, que pretendia utilizar uma parte

m2. Concebida nos moldes da arquite-

do seu espaço e a restante ser aprovei-

tura Industrial dos anos 30, é um belo

tada para fins culturais, e como pólo de

“calcetado à moda antiga”, pode estar

exemplar desse período de construção e

atração turística”.

bastante escorregadio (em particular

Para esta cache se encontrar situada num local mágico, o geocacher deve ter em atenção que o percurso/trilho

de incontestável beleza, no que toca a li-

Por sua vez e sobre o Centro Interpre-

no inverno) e que se tem que ter al-

nhas, volumetria e implantação, magni-

tativo do Boqueirão, a técnica e geoca-

gum cuidado na progressão do terre-

ficamente enquadrado com a paisagem.

cher Marlene Noía (aka Marés), diz que:

no.

O afastamento geográfico das Ilhas do

“O Centro de Interpretação Ambiental do

O tema desta earthcache relaciona-se

Grupo Ocidental, que é a maior distân-

Boqueirão inaugurado em Novembro de

com os “vales” em geologia. Explora

2009, foi concebido nos tanques onde

os vários “tipos de vale”, a saber: gla-

cia constatada entre qualquer Ilha do Arquipélago, cerca de 140 milhas náuticas dificultava as comunicações com centros de abastecimentos. Assim, todo o empreendimento visava a maior autonomia e independência na laboração de todos os sectores de apoio à indústria. Uma espécie de navio fábrica que encalhasse junto à costa da Ilha. Com a crise da II Guerra Mundial a procura de óleos

se armazenava o óleo de baleia que era derretido na fábrica. Este centro ocupa o espaço dos três tanques que pertenciam à fábrica “moderna” e que deixou de laborar em 1981. Neste Centro existe uma sala dedicada aos Cetáceos.... A proximidade de uma paisagem associada à memória da baleação na Ilha das

cial, fluvial, suspenso… Um vale é uma depressão topográfica alongada, aberta, inclinada em uma determinada direção em toda a sua extensão. Pode ser ou não ocupada por água. O tamanho deste acidente geográfico pode variar de uns poucos quilómetros quadrados a centenas ou mesmo milhares de quilómetros qua-

de cetáceos foi enorme, resultando no

Flores, de um porto de recreio e também

aumento do preço deste produto, que

de várias piscinas naturais, ainda sem

suspenso, um pequeno vale que foi

disparou em flecha, atingindo valores

qualquer intervenção humana são fato-

deixado “pendurado” acima do vale

da ordem dos 5$00 por kg. Esta fábrica,

res que integram um turismo ambiental

principal em forma de U. O fundo en-

que era de grande modernidade na épo-

e de natureza como também um turismo

contra-se situado num nível superior

drados de área. Entende-se por vale

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 79


a uma depressão adjacente, que pode

açoriano). Esta geocache localiza-se,

fazem parte do Inventário do Patri-

ser outro vale, um lago, ou até mesmo

sem dúvida, no local mais emblemáti-

mónio Histórico e Religioso da ilha do

o próprio mar. A queda acentuada a

co (e mais visitado!) desta ilha.

Corvo.

partir do vale suspenso relativamente

Apresentam-se como um conjunto

ao piso principal geralmente cria cas-

LAGOA DO CALDEIRÃO

de três moinhos fixos, cujo corpo de

catas.

(Lagoa criada na cratera do vulcão que

construção se apresenta tronco-có-

originou a ilha do Corvo)

nico e em alvenaria de pedra. Dois

A ILHA DO CORVO

“A Lagoa do Caldeirão está formada

dos moinhos são rebocados e caiados

(a Ilha mais isolada da Europa)

no interior da cratera do vulcão que

a cal de cor branca. Estes moinhos

A Ilha do Corvo tem uma área de cer-

deu origem à ilha do Corvo, cratera

apresentam-se com uma cobertura

ca de 17 km2 (cerca de 6 km de com-

essa que tem 3400 metros de perí-

de forma cónica e giratória, feita de

primento e 4 km de largura). É a mais

metro e 300 metros de profundidade,

madeira. Desta cobertura emerge o

pequena ilha e também a que se situa

contados desde o bordo até ao nível

mastro das varas que dá suporte ao

mais a norte do arquipélago dos Aço-

de água. A lagoa encontra-se ocupada

velame de formato triangular e muito

res. É formada por um único vulcão,

por pequenas ilhas que praticamente

raro do seu género nos Açores.

que esteve activo, pela última vez, há

a conseguem dividir em lagoas mais

Estes moinhos encontram-se assen-

aproximadamente dois milhões de

pequenas, dependendo da pluviosi-

tes sobre uma base elevada e de for-

anos. Dista da sua ilha vizinha Flores

dade. Encontra-se na Zona de Protec-

(a sul) cerca de 24 km (menos de uma

ção Especial da Costa e Caldeirão da

hora no barco que efectua a ligação).

Ilha do Corvo que pretende preservar

Em 1993, o seu pequeno aeropor-

toda a área envolvente, que é extre-

to foi construído, com uma pista que

mamente rica em biodiversidade”.

de escadas de lances simétricos e divergentes. O único vão que se apresenta nestes moinhos é a porta de entrada, que se

apenas mede cerca de 850 metros, permitindo o tráfico aéreo entre ilhas.

ma circular, sendo acessíveis através

encontra elevada em relação à base. AZGT-

MOINHOS

DO

CORVO

-

GC1YG35

Tem-se acesso a esta porta através de escadas de lances simétricos con-

AZGT - LAGOA DO CALDEIRÃO – COR-

Esta cache tradicional também foi

VO - GC1YNZE

construída em 2009, pelo geocacher

Esta cache tradicional foi construí-

chico.costa e mais tarde foi adoptada

da em 2009, pelo geocacher chico.

por discoverer man. Localiza-se na in-

costa, e mais tarde foi adoptada por

teressante Vila do Corvo.

discoverer man (geocaher Rui Pimen-

Moinhos do Corvo

tel, responsável pela GeoTour Azores

“Traçado de inspiração muçulmana e

Luís Machado (PalhocosMachado) e

na ilha mais pequena do arquipélago

construção entre os séculos XIX e XX,

Pedro Almeida (pedro.b.almeida)

80 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

vergentes encostadas ao corpo tronco-cónico. Apresentam-se com um estado de conservação considerado bom”. Texto / Fotos:


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 81


GEOCOINS

VICTORIA AMAZONICA por

Kelux

Quando comecei a pensar na minha 3ª

as lagoas.

ros esboços em setembro de 2015

geocoin dedicada ao Brasil, achei que

Assim, a victoria amazonica, tornou-

para fazer uma geocoin tradicional,

não havia necessidade de me restrin-

se a eleita perfeita para uma geocoin

basicamente uma rodela circular com

gir a temática animal, podendo per-

dedicada ao mundo vegetal da Améri-

os detalhes pintados. Com o decor-

feitamente explorar a riquíssima flora

ca do Sul. Não sendo uma exclusivida-

rer do projeto, fui acolhendo algumas

brasileira, e em futuros projetos, até

de brasileira, tanto que o seu anterior

boas sugestões de amigos e colabo-

nome, victoria regia, se refere a uma

radores e surgiu a ideia de ter um re-

antiga monarca britânica, soberana da

bordo elevado, mais alto que a base

Guiana. Ora, tendo em consideração a

da geocoin.

pequenez da Guiana, comparada com

Desde esse ponto comecei a desen-

os outros países que partilham a ba-

volver duas versões base. Além da

cia amazónica, faz muito mais sentido

anteriormente descrita, pensei em

que o nome da planta tenha perdido o

criar uma geocoin em 3D e 4D no caso

“sangue azul”.

do lírio, que assim perderia a cor bran-

É uma planta da família Nymphaea-

ca ou rosa.

ceae, cujas folhas podem atingir os 3

Foi quase “amor à primeira vista”

metros de diâmetro e a flor (chama-

para todos aqueles a quem mostrei

da lírio-de-água) chega aos 40cm. As

os esboços. O problema foi ter rece-

raízes e demais ramagem submersa,

bido uma negativa da fábrica, que não

alcançam os 7 a 8 metros de com-

conseguiria produzir o que eu queria

primento. Normalmente de cor ver-

que aquele é o ecossistema preferido

e com a qualidade que queria. Mais

de-alface na folha, o lírio é branco na

da anaconda, que se desloca por bai-

de um mês após o início do processo

primeira noite de floração, passando

esta resposta era um balde de água

xo da folhagem, completamente em

depois a rosa.

gelada. “Just got news from the team

“modo-ninja”. Ainda assim, perdi (ou

Tendo algumas das minhas fotos para

that your design is in 4D style. So we

ganhei) um bom bocado a fotografar

iniciar a pesquisa, comecei os primei-

cannot make it. Maybe this time only

mesmo algumas tradições, como as festas juninas, por exemplo. Foi com esta nova abordagem e com o vastíssimo campo de inspiração que ela proporciona que me lembrei de uma visita à margem sul do Rio Negro, onde fiquei fascinado com algumas lagoas perenes em Iranduba, repletas de victoria amazonica, ao ponto de quase não se ver a superfície da água, mas sim um imenso tapete verde. À época fiquei um pouco receoso de me aproximar demasiado, pois o experiente Seu Zé logo lembrou

82 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


focus on 2D version?”

de verde era insuportável, para mim.

bear the courier cost.” YES!!!

Costumo ter alguns problemas em

Recusei as samples e expliquei o que

Após estas últimas samples aprova-

conseguir passar para os outros a ima-

teria de ser alterado. Infelizmente, tal

das, foi pedido que cada geocoin fos-

gem mental que idealizo, bem concre-

alteração obrigou a novos moldes. ☹

se acondicionada em caixas de cartão

ta do aspeto final de uma geocoin... e

Aqueles que já lidaram com fabrican-

com molde de EVA, em vez das habi-

esta era muito forte para mim. Depois

tes chineses, talvez saibam o quanto

tuais saquetas de plástico. A produ-

de ter encontrado uma solução que,

é difícil que eles reconheçam um erro,

ção ficou concluída na segunda quin-

para além de ser um objeto de troca e

qualquer que seja, por isso há que

zena de março e a encomenda chegou

de coleção no geocaching, tinha tudo

usar a máxima diplomacia nas trocas

para ser uma peça bela por si mesma,

finalmente à loja encarregue de a co-

de correspondência, no sentido de

ser obrigado a contentar-me com a

que haja um final feliz para o projeto.

mercializar, na Escócia.

versão inicial, soube-me a pouco.

Assim foi e apenas na véspera de Na-

A partir daí, voltei ao Illustrator e de-

tal, pude ter novas samples, bem mais

senhei o lírio detalhadamente, visto

próximas daquilo que havia mental-

de cima, de baixo e de lado, de modo

mente visualizado, meses antes.

a facilitar o trabalho da fábrica. Tudo o

Mas, ainda nem tudo eram rosas. A

que podia fazer estava feito, restava-

opção encontrada pela fábrica para

me esperar que a intensa troca de cor-

prender o lírio na folha não se mos-

respondência entre Manaus e Hong

trou eficaz e a delicada peça soltava-

Kong gerasse frutos. Após alguma

se com facilidade. Inaceitável!

pressão no sentido de que este pro-

Nova troca de emails, que não, a cola

jeto bem concluído seria uma mais-

usada era da melhor qualidade e não

valia para o catálogo do produtor e a

sabiam como era possível tal aconte-

minha sugestão de que se contratas-

cer. Pedi que se usasse algo magné-

se um escultor externo à fábrica, re-

tico, mas tal não seria possível sem

cebi a tão desejada luz verde. “Hello!

novos moldes. Entrámos em novo im-

FICHA TÉCNICA

Good news. I have tried to discuss with

passe e a minha saúde mental come-

Design: Kelux Geocoin Design

our team. Now we want to try to make

çava a querer abortar o projeto, para

Produção: Kelux Geocoin Design

your 4D Lily coin.” Foi um dia feliz. ☺

evitar males maiores. Até que suge-

Patrocínio: Geocache Land

Com toda a dificuldade técnica envol-

ri um parafuso em vez de um rebite,

vida, apenas no final de novembro tive

para segurar o lírio na base da folha.

as samples prontas… e não me satis-

Mas queria novas samples para tes-

faziam. As nervuras da folha estavam

tar antes da produção final... e seria

erradas, afundadas no fundo da geo-

a fábrica a suportar os custos da tei-

coin, em vez de ligeiramente erguidas

mosia em manter o rebite que já se

como acontece na planta real. Como

tinha concluído não funcionar. No fi-

se não bastasse, isso provocava que

nal de janeiro veio a resposta. “Hello!

o esmalte não ficasse uniforme por

We have asked factory to send out

não ter áreas contidas para ser ver-

the sample. In order to have good bu-

Texto / Fotos:

tido. O aspeto das manchas em tons

siness relationship, this time we will

Rui de Almeida (Kelux)

Podem imaginar o meu suspiro de alívio. A seguir, o tal “amor à primeira vista” consumou-se e a geocoin teve uma receção fantástica, ao ponto de todos os packs terem esgotado no primeiro dia, sobrando apenas algumas geocoins das edições regulares. O feedback recebido de quem comprou qualquer versão desta geocoin, tem sido muito gratificante para mim. OBRIGADO!

Vendas:

http://geocacheland.com/

products/victoria-amazonica Com ícone e código de rastreamento em www.geocaching.com Dimensões: +/- 52mm diâmetro x 12mm altura Peso: 39g

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 83


Foram produzidas um total de 385 geocoins, em onze modelos diferentes. Pondera-se a possibilidade de cunhar mais exemplares apenas das edições regulares.

·· Edição Regular 1 Folha e lírio em Antique Gold (40 unidades) ·· Edição Regular 2 Folha e lírio em Antique Silver (40 unidades) ·· Edição Regular 3 Folha e lírio em Antique Copper (40 unidades) ·· Edição Regular 4 Folha e lírio em Antique Bronze (40 unida-

84 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

des) ·· Edição Limitada 1 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Silver (35 unidades) ·· Edição Limitada 2 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Bronze (35 unidades) ·· Edição Limitada 3 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Gold (35 unidades) ·· Edição Limitada 4 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Nickel (35 unidades) ·· Edição Extra Limitada 1 Folha em Antique Copper e lírio em Antique Gold (30 unidades) ·· Edição Extra Limitada 2 Folha em Antique Copper e lírio em

Antique Silver (30 unidades) ·· Edição de Artista Folha em Antique Gold e lírio em Black Nickel (25 unidades) As vendas são feitas por lotes ou por unidade, Conjunto de Colecionador (11 peças diferentes), Conjunto Especial e Conjunto Regular; finalmente as RE e as LE podem ser adquiridas isoladamente. A próxima geocoin desta série, volta a focar-se na fauna brasileira. Fiquem atentos!


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 85


GADGETS & GIZMOS por

R u i J S D u a r te

Ahhaaleluuuiiiaaa Ahhaaleaaaaaluuuii-

Geopt.org Geocaching Tools, que sim-

para o download [Fig3].

iaaa

plifica, e de que maneira, o processo.

Agora entra em acção o Andoid. As

este artigo ao som de Hallelujah de Jeff

Vamos lá então. Aberta que temos

saudades que eu tinha disto… basta

Buckley)

a aplicação, selecionamos o módulo

carregar no link que aparece no e-mail

Depois de um ano na posse de um Lu-

“Create GPX (Portugal)” [Fig1] e vamos

para descarregar o GPX. Os ficheiros

mia/Windows Phone (e dos seus mui-

parar à página das definições [Fig2],

GPX são automaticamente reconhe-

to limitados recursos no que ao Geoca-

onde podemos escolher os parâme-

cidos pelo C:Geo [Fig4] que abre de

ching diz respeito) foi com um enorme

tros que ditarão que caches teremos à

imediato e pergunta logo em que lis-

sorriso que voltei a colocar as mãos

disposição mais tarde.

ta queremos colocar [Fig5] as caches

num aparelho com Andoid! E, por con-

Neste caso em particular escolhi “Pio-

respectivas. No meu caso tinha já uma

seguinte, com permissão para reinsta-

neiras” (toda a gente sabe o que são as

lar o nosso amigo C:Geo!

Pioneiras) como o nome do GPX; de-

seleccionei carregar as caches do gpx.

Também tenho a nova aplicação oficial

sactivei o “Exclude Disabled”, já que o

Passamos então a ter na nossa base

Groundspeak® mas por enquanto pa-

C:Geo permite que se faça a actualiza-

de dados uma bela de uma lista, em

rece-me estar tão atrás do G:Geo como

ção da informação das caches à pos-

modo offline, prontinha para o que der

o Lumia está deste novo Samsung… é

teriori e por isso quero tê-las a todas

e vier, e sempre à mão. [Fig6]

da noite para o dia. Neste Gadgets n

no aparelho; e aproveitei o facto de a

Simples não?! Dá cá um abraço Bug-

Gizmos vamo-nos debruçar um pouco

tool permitir a filtragem pelas badges

droid!

sobre como criar uma base de dados

do Geopt para não ter de afinar datas e

PS – as ferramentas poderão ape-

offline no nosso smartphone (no meu),

ir direitinho para as caches que queria,

nas estar disponíveis para “Premium

o vulgarmente conhecido como “Im-

selecionando então a badge Pioneiras.

members”, tanto do Geopt.org como

portar GPX”.

Depois basta um simples “Submit Re-

do Geocaching.com.

Para a actualização das minhas bases

quest” e esperar que nos caia no colo o

de dados utilizo diversas ferramentas

e-mail do geocacher GeoPT.org, direc-

Texto:

mas desta vez utilizei apenas uma, a

tamente da Groundspeak com o link

Rui Duarte (RuiJSDuarte)

Aaaaaahhaaleluuuiiiaaa

86 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

(ler

lista com o nome Pioneiras, para onde


FIGURA2

FIGURA3

FIGURA 1

FIGURA 4

FIGURA 5

FIGURA 6

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 87


Reserva Natural - Dunas de S. Jacinto por

88 Junho 2016 - EDIĂ‡ĂƒO 21

R u i J S D u a r te


Mais uma vez o Geocaching apresen-

percurso bastante educativo, com direi-

ca de 960 hectares (210 deles corres-

ta-se como uma excelente desculpa

to a música/sons que a mãe natureza

pondendo à área marítima) localizada

para que nos lancemos numa cami-

nos ofereceu ao longo desta caminha-

na freguesia com o mesmo nome, no

nhada (e à descoberta) de mais uma

da!”, corroborada pela Nini Costa, “O

concelho de Aveiro.

bonita zona do nosso País. Larguem o

container apareceu facilmente e com

sofá e sigam connosco as pegadas do

uma vista linda sobre o mar, com a praia

A zona foi classificada como Reserva

j.estrela em busca da Reserva Natural

completamente deserta. Aproveitamos

- Dunas de S. Jacinto [GC32XTW], ca-

a paz do local para fazermos o nosso

che em destaque neste número.

piquenique, antes de continuar com o

A zona afigura-se merecedora de uma demorada visita, sem dúvida, tal como nos dizem os Fofinhos RT, “A reserva é muito peculiar...num espaço tão pequeno conseguimos ter floresta densa, uma parte mais ampla composta por dunas... um lugar a visitar! ;) um dos pontos altos é sem dúvida ter a possibilidade de observar uma praia virgem! :) um lugar que permanece quase intocável!” e onde apetece mesmo passear, pelo menos a acreditar no Team_S&U, “Numa ida até Aveiro aproveitámos para visitar estas bandas e fazer a cache! Grande caminhada! Andar por entre a Natureza e ouvir o mar ao fundo e no final culminar com a enorme passadeira e o mar ao

trilho.”. Mesmo que não possam fazer-se à água, atentem nas palavras do AR^3, “Há muito tempo que estava por fazer mas a oportunidade tardava em aparecer. Hoje foi o dia e lá seguimos o caminho até ao mar… Quando pensávamos que o mar estava perto eis que surge um grande passadiço para percorrer. Mais um pouco e… chegámos ao GZ. O mar, mesmo estando revolto, apazigua-nos a alma. Sentimo-nos revigorados com uma simples contemplação da natureza.”, e relaxem… passeiem e relaxem! E como estamos em plena “época balnear”, atrevam-se a aceitar o desafio! Bons passeios.

Natural para proteger as formações dunares, zonas extremamente sensíveis visto serem constituídas maioritariamente por… areia. A sua protecção reveste-se de grande importância visto serem a “melhor defesa contra a intensidade dos ventos, das areias e dos avanços do mar.”! Desta forma, ao conservarmos as Dunas estaremos a impedir o avanço do mar e a colocar a salvo também as populações. Fontes: Reserva Natural - Dunas de S. Jacinto - http://coord.info/GC32XTW ICNF - http://www.icnf.pt/portal/ap/rnat/rndsj Texto: Rui Duarte (RuiJSDuarte) Fotos:

longe! Muito bom, belo passeio!”. A milenajorge destaca a vertente

A Reserva Natural das Dunas de São

Daniel Cox (dpainem) / António Can-

educativa, ecológica e “pacífica”, “Um

Jacinto (RNDSJ) é uma área com cer-

deias (amfcgeo)

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 89


FROM GEOCACHING HQ WITH LOVE Em 2007 soube de um trilho de geo-

dia após dia, sinto-me afortunada por

pessoas ressonar à noite, irei comer

caching existente ao longo de um fa-

uma das vantagens deste trabalho

um jantar de peregrina enquanto par-

moso caminho de peregrinação reli-

ser um período sabático de quatro se-

tilho histórias com pessoas de todo o

giosa para/em Espanha. Foi a primeira

manas. Este período sabático ganha-

mundo. Provavelmente irei sentir do-

vez que ouvi falar do Camiño de San-

se ao fim de sete anos na empresa,

res e sofrimentos que nunca pensei

tiago, também conhecido em inglês

e tens três anos para o gozar. Assim,

possíveis. Posso até ficar demasiado

como “Way of Saint James”. Esta via-

como estou a aproximar-me do meu

familiarizada com percevejos ao lon-

gem leva-te até à Catedral de Santia-

10º ano na sede do Geocaching, es-

go do caminho… Haverão dias difíceis

go de Compostela, em Espanha, onde

tou animada por me afastar para uma

e dias incríveis, mas, no fim, sei que

se acredita que repousem os restos

aventura única na vida.

tudo valerá a pena.

mortais de São Tiago. Ao tomar co-

Daqui a apenas alguns dias vou estar

Então, depois de muita preparação –

nhecimento desta peregrinação, sou-

a descolar para Paris, França, e em

reservas de viagens, guardando PQ’s,

be imediatamente que a queria fazer

seguida, a caminho de uma peque-

tendo aulas de Espanhol, adquirindo

um dia. Sempre achei que a melhor

na localidade no sul chamada Sain-

equipamento e caminhando BASTAN-

forma para ver o mundo é a pé, e, por

t-Jean-Pied-de-Port. A partir daí co-

TE – parto para percorrer os 790 km

isso, isto adapta-se muito natural-

meço a minha viagem pelo Camiño de

desde o sul de França, pelas monta-

mente a mim.

Santiago, caminhando 790 km desde

nhas dos Pirenéus, e de seguida por

Eu amo em absoluto meu trabalho e

St. Jean até Santiago, em Espanha. Os

toda a Espanha até Santiago. Se o

sinto-me sortuda por ter a possibili-

meus únicos pertences serão aque-

tempo permitir, irei caminhar os dias

dade de me sentar na sede do Geoca-

las que conseguir carregar às minhas

extra até Finisterra. Embora possa

ching, a trabalhar com a comunidade

costas. Irei caminhar com outros pe-

não encontrar todas as geocaches ao

geocacher nos aspectos divertidos

regrinos na mesma viagem, vou ficar

longo do caminho, acredito que en-

do jogo. E, embora adore estar aqui

em albergues onde irei ouvir outras

contrar caches, quando possível, irá

90 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


tornar a viagem muito mais gratifi-

to que neste momento estou pronta

ser uma experiência que irá mudar a

cante.

para enfrentar a mesma viagem.

minha vida.

Tenho tido muitos bons conselhos e

Estou sempre à procura daquela pró-

Poderás seguir a minha viagem com-

incentivo de amigos, e desconhecidos,

xima aventura ou daquele próximo

que já fizeram o Camiño antes. Todos

desafio. Sinto-me sortuda por ter um

o experienciaram de forma diferente,

hobbie como o geocaching que me

quer tenham feito o Camiño Francês,

ajuda a encontrar essas aventuras.

Texto: Annie Love / Bruno Gomes

o Português ou uma outra rota. Sin-

Percorrer o Caminho de Santiago irá

Fotos: Annie Love

pleta, desde a preparação até ao final, no meu blog pessoal: https://adventuregirlannie.com/.

Junho 2016 - EDIÇÃO 21 91


O M E U WAY M A R K

GRAFFITI por

Provavelmente todos nós já passamos em alguns locais (principalmente aqueles de nós que residem ou se deslocam nas grandes urbes) adornados e abrilhantados com magníficos graffitis. Não aqueles que se dedicam apenas a sujar e a degradar o nosso vasto património e os muros que o delimitam, mas os outros, as verdadeiras obras de arte, muitas vezes escondidas dos olhares, em becos e vielas ou em prédios devolutos. Nesta edição trago-vos um pouco desta “StreetArt”. Um waymark meu, numa localização bem turística de Lisboa, onde quis o destino (e o trabalho) que eu fosse parar de forma totalmente insuspeita… foi mesmo um virar de esquina e “UAU!!!!! Masoquéquéisto?!”. Foi o meu primeiro contacto (e até agora único, apesar de já saber onde me dirigir para ver mais “coisas” destas) com o trabalho de um jovem português que dá pelo nome de “Bordado II” (Bordalo Segundo) e que se dedica, com grande sucesso diga-se, a fazer instalações muito para além do graffiti (categoria onde coloquei este wm), e a que dá o nome de “trashart”. Na sua página pessoal 92 Junho 2016 - EDIÇÃO 21

R u i J S D u a r te

(http://www.bordaloii.com) podemos ler uma famosa citação “one man’s trash is another man’s treasure” que resume de uma forma muito sucinta e objectiva a sua metodologia de trabalho, baseada na utilização de materiais e objectos em fim de vida para criar as suas obras de arte e atiçar a consciência social daqueles que poem os olhos nas suas fabulosas criações. Recomendo mesmo a passagem pela sua página e pelo seu FaceBook (https://www.facebook.com/ BORDALOII). Esta obra que hoje vos trago foi considerada uma das 25 mais populares de 2015 pelo site StreetArtNews.net, onde podemos encontrar uma outra obra em Portugal (do polaco Sainer) e uma do nosso famosíssimo Vhils nos Estados Unidos. Portugal e os Portugueses a darem cartas! E o wm referencia o nem mais nem menos que o E.X.P.E.C.T.A.C.U.L.A.R. “Raccon”, localizado/colocado num pequeno edifício junto ao CCB em Lisboa (no lado oposto à Praça do Império). A “coisa”, muito mais que um “simples” graffiti, ocupa uma espécie de dois an-

dares e uma varanda, construída e pintada (maioritariamente em tons de cinza e verde) em três dimensões, o que lhe dá um aspecto muito mais fantástico ao vivo que nas fotografias encontradas pela web. Ainda assim, e na impossibilidade de visitar ao vivo o local, aconselho uma pesquisa por “raccoon bordalo II” para uma ideia do que estão a perder (desta e de outras obras do artista). Este é presentemente o wm mais recente em Portugal, nesta categoria, “Graffiti”, criada no início de 2006 e onde habitam presentemente cerca de 600 exemplos desta forma de arte urbana. Vá, pesquisem na internet pela localização das obras de artes deste (e de outros) genial artista e aproveitem para incluir nas vossas passeatas a descoberta destes tesouros. Racoon - Lisbon, Portugal (http://www. waymarking.com/waymarks/WMQBBB_Racoon_Lisbon_Portugal) Texto / Fotos: Rui Duarte (RuiJSDuarte)


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 93


PONTO ZERO

CACHES CHALLENGE por

B í ta r o & M i g h t y R ev

Uma cache challenge requer que os

cumprir as tarefas.»

de reclamação para a Groundspeak; e

geocachers encontrem a cache física

Assim, as caches challenge foram

os requisitos para registo destas ca-

associada, bem como um conjunto

alvo de uma excepção a esta regra,

ches eram muitas vezes complicados

adicional de geocaches com caracte-

pois claramente traziam uma mais

de perceber.

rísticas definidas pelo owner.

valia ao jogo.

Deste modo, e com o envolvimento

As caches challenge encorajam os

E com essa excepção veio a expec-

de muitos membros da comunida-

tativa de que os aspectos negativos

de, bem como a discussão pública

não superassem os positivos. Mas in-

nos fóruns oficiais da Groundspeak,

felizmente, uma série de factores ne-

chegou-se à conclusão que algumas

gativos levou, a 21 de Abril de 2015,

regras para a criação de Challenges

que a publicação destas caches fosse

tinham de ficar mais claras, simples

suspensa.

e de melhor entendimento.

O período de pouco mais de um ano

Para além disso, e talvez tinha sido

desta suspensão serviu para que se

esta a mudança mais notória, foi cria-

repensassem os moldes com que as

da a obrigação da existência de um

caches challenge deveriam existir,

checker online para demonstração da

tendo então em conta as principais

concretização dos desafios propos-

desvantagens que se sobrepuseram

tos pelo challenge. Foi aqui que en-

considerados requisitos adicionais

aos pontos positivos: a Subjetividade

trou então a colaboração efectiva do

de registo (RARs) e devem ser opcio-

dos critérios dos challenges muitas

Project-GC com o geocaching.com.

nais. Os geocachers à procura podem

vezes resultava num processo de re-

Nos quadros seguintes estão as re-

escolher se querem ou não tentar

visão difícil; sobrecarga de processos

gras atuais, e que entraram em vigor

geocachers a definirem e atingirem objectivos interessantes. Exemplos de caches challenge: encontrar uma cache em todos os dias do ano, ou encontrar uma cache para cada combinação de Terreno/Dificuldade. Ora, este tipo de caches vai contra uma das regras básicas: «Para geocaches físicas todos os requisitos de registo para além de encontrar a geocache e assinar o log físico são

94 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


dia 26 de Maio último, para este tipo

tos à altura da publicação.

de cache, bem como um conjunto de

5. Requisitos dos critérios

pressupostos aceitáveis e não acei-

- Os critérios do desafio têm que

táveis para a publicação de uma cache challenge. REQUISITOS DE TODAS AS CACHES CHALLENGE 1. Tipo e nome: Caches challenge têm que ser publicadas com o tipo Mistério e têm que ter no seu nome a palavra inglesa “challenge”.

ser positivos e exigirem que um objectivo relacionado com geocaching seja atingido. Os critérios não podem ter como base objectivos negativos, como por exemplo registos de DNF. - Os requisitos do desafio deverão ser simples, fáceis de explicar, seguir e documentar. Extensas listas de re-

prido e devidamente documentado. O QUE FAZ COM QUE UMA CACHE CHALLENGE SEJA ACEITÁVEL? 8. Atingível SIM - As caches challenge têm que ser atingíveis a qualquer altura. NÃO - Requerer que as caches tenham sido encontradas em anos transactos, não sendo possível serem atingíveis por geocachers mais recentes.

gras e requisitos diferenciados, ou

NÃO - Desafios que excluam especi-

restrições, serão motivo para a não

ficamente algum segmento de geo-

um checker online de challenges. Ver

publicação do challenge.

cachers.

este artigo do Centro de Ajuda para

- Uma cache challenge deverá apelar

9. Tempo limitado

mais informações acerca dos requisi-

e ser alcançável a um número razoá-

SIM - Manter uma série de dias se-

tos do challenge. (novo 2016)

vel de geocachers. O revisor poderá

guidos com registos de Encontrada,

3. Localização do Recipiente Final:

solicitar uma lista de geocachers da

pelo menos um por dia, até 365 dias.

- O recipiente final deve estar coloca-

área que se qualifiquem para o chal-

NÃO - Geocaching limitado no tem-

do nas coordenadas da página publi-

lenge.

cada ou num Ponto Adicional visível

6. Verificação

2. Challenge Checker: As caches challenge têm que incluir um link para

na página. (novo 2016) - A cache física deve ser encontrável sem necessidade de contactar o owner. 4. Fonte dos critérios - Critérios de uma cache challenge • Devem provir de informação fornecida em Geocaching.com tal como a página das estatísticas, datas de colocação de geocaches,

- Os owners do challenge deverão garantir que os geocachers conse-

po: tal como uma determinada quantidade de caches encontradas num dia, numa semana, num mês, ou ano. Exemplo, dia preenchido, 50 encontradas, 500 encontradas num mês,

guem demonstrar que completam os

etc. (novo em 2016)

requisites da cache sem que compro-

NÃO - Manter uma série de dias se-

metam a sua privacidade.

guidos com caches encontradas to-

- Os owners do challenge deverão

dos os dias, para além de um ano.

demonstrar que eles próprios conse-

(novo em 2016)

guiram alcançar o objectivo do chal-

NÃO - Especificar tipos de caches ou

lenge. (novo em 2016)

tipos, atributos, souvenirs, etc.

7. Registar fisicamente

• Têm que ser verificáveis através

- Os geocachers podem assinar o li-

de informação disponível em Geo-

vro de registos físico a qualquer altu-

caching.com.

ra. No entanto, a cache challenge só

quantidade de Encontradas (acima de uma por dia) necessários durante uma sequência. (novo 2016) 10. Fonte dos critérios SIM Os critérios das caches challenge deverão estar associados a

- Os owners de caches challenge têm

poder ser registada online como en-

informação que esteja disponível no

que demonstrar que existem bastan-

contrada se o registo físico tiver sido

site geocaching.com e devem ser ve-

tes caches que cumpram os requisi-

feito e se o desafio tenha sido cum-

rificáveis através da informação do Junho 2016 - EDIÇÃO 21 95


mesmo site.

i.e. um número aceitável de Earthca-

onde um challenge muito simillar ou

SIM - Os critérios das caches challen-

ches encontradas em Portugal pode

idêntico já exista.

ge devem ser baseados em caches

ser publicado.

com registos do geocacher: Found it!,

NÃO - Encontrar todas ou uma de-

Attended, foto tirada em Webcam.

terminada percentagem de caches,

SIM - Os critérios das caches chal-

ou tipos de cache, rácio de caches, ou

lenge devem ser baseados no tipo de registos, não no conteúdo desses registos. NÃO - Trackable, Benchmarking, registos em Waymarking, ou especificar registos em Lab Cache. (novo em 2016) NÃO - Nestes elementos das páginas das caches: título da cache, nome do owner, códigos GC, Revisor que publicou ou texto da página. (novo em 2016) NÃO - Requerer que o geocacher seja owner de alguma cache. NÃO - Requerer que os geocachers registem caches que estejam desactivadas ou arquivadas. 11. Listas específicas SIM - Uma cache challenge baseada em caches com pelo menos X número de pontos favoritos pode ser publicada, uma vez que a informação é de origem no Geocaching.com.

outro valor permitido dentro de uma área especificada; i.e. 80% de Earth-

É recomendado que o nível de dificuldade seja baseado no desafío em si, e que o nível de terreno seja baseado na localização da cache challenge. (novo em 2016)

Caches em Portugal não é publicável.

E das Linhas de Orientação vem ain-

(novo em 2016)

da que:

13. Data de Encontrada

«Por favor tome em atenção que não

SIM - Geocaches encontradas antes

existem precedentes para a publicação

do challenge ter sido publicado po-

de uma geocache.» e «Por vezes, uma

dem contar para a concretização do desafio. NÃO - Restrições à data de registos de Encontrada utilizados para o desafio não são permitidas. 14. Critérios positivos SIM - Os critérios do challenge devem ser positivos e exigirem que seja al-

geocache pode estar de acordo com todos os requisitos para publicação mas os revisores, como geocachers experientes, podem ter preocupações adicionais que não se encontrem nestas linhas de orientação e que você, como alguém que coloca uma geocache, pode

cançado um objetivo de geocaching.

não ter reparado. O revisor pode trazer

NÃO - Não encontrar caches: crité-

estas preocupações adicionais à sua

rios que limitem ou punam algum

atenção e oferecer sugestões para que

elemento enquanto se procuram ca-

a geocache possa ser publicada.»

ches. Exemplos: challenges que requeiram rácios de caches encontradas; tais como 10% de registos de Encontrada devem ser registos de Attended, challenges que requeiram

Nota: Neste momento, caches challenge publicadas antes de 21 de abril de 2015 são Tipos de Cache com Di-

NÃO - Uma cache challenge baseada

encontrar apenas um tipo particular

reitos Adquiridos. Tal como acontece

em elementos que podem ser con-

de caches por um período de tempo,

com qualquer cache deste género, o

trolados pelo dono da cache não é

como 100 founds consecutivos em

QG do Geocaching pode arquivar ca-

aceitável. Exemplos: os meus favo-

caches Mistério.

ches que se tornam problemáticas.

ritos, as minhas caches, caches por

NÃO - Competição em vez de con-

este owner, ou por um determinado

cretização. Exemplo, um challenge

grupo.

baseado em “First to Finds” é uma

12. Todas ou uma percentagem de

competição.

caches

Bom geocaching, divertido e positivo.

Texto:

SIM - Encontrar um número razoável

Para além disto, não se deve subme-

Filipe Nobre (MigthyRev)

de caches de uma determinada área,

ter uma cache challenge numa área

Vitor Sérgio (Bitaro)

96 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


Junho 2016 - EDIÇÃO 21 97


PASSATEMPO #getoutdoorsday VENCEDOR

POR ESCOLHA DA REDACÇÃO

txina

Cristina Ferreira

VENCEDOR POR SORTEIO

Arruda78

Andre Filipe Arruda

PARABÉNS!! 98 Junho 2016 - EDIÇÃO 21


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