Março 2017 - EDIÇÃO 25
CACHE EM DESTAQUE
Paúl do Boquilobo Um passeio por uma reserva natural no centro do ribatejo. À DESCOBERTA DE
Caminho do Xisto da Benfeita, com os Valente Cruz ALÉM FRONTEIRAS
Viajamos até Maiorca, em Espanha, com o Sup3rFM E AINDA...
– Cruzilhadas – Cache e o Homem Estátua – O que levo na minha mochila – Além Fronteiras - Maiorca – E muito mais...
JOOM Viajante, fotógrafo e, no geral, aventureiro! Vamos conhecer o João Martins, conhecido no mundo do geocaching como joom. A não perder! Março 2017 - EDIÇÃO 25 1
Errámos... Apesar de todo o esforço dispendido na revisão da GeoMag, antes de sair para os escaparates, há algumas gralhas que insistem em passar pelo crivo dos nossos colaboradores. Na edição de Dezembro trocámos os créditos finais no artigo Além-fronteiras - onde se lê Rita Monarca / Tiago Borralho (Laranja/Tmob) deveria lêr-se Ana Sofia Azevedo / Vítor Rolo (anasofiazevedo/N@vegante) e por lapso ficou em falta o link para o PodCast do artigo Cache e o Homem Estátua, rubrica do amigo Miguel Trevas - http://www.tsf.pt/programa/o-homem-estatua/emissao/manuel-rodrigues-lapa-anadia-5333655.html A ambos e aos nossos leitores, as nossas desculpas.
2 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Índice Editorial............................................................. 04 Cruzilhadas....................................................... 06 O que levo na minha mochila...................... 12 Aldeia Histórica - Idanha-a-nova.............. 16
Nota sobre Acordo Ortográfico: Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.
Créditos
Annie Love António Cruz
Geoalentejo - 4º aniversário...................... 22
Bruno Gomes
Além Fronteiras - Maiorca.......................... 28
Filipe Sena
Cache em Destaque - Paú Boquilobo...... 34
Hugo Silva
DEXcobertas
Geo Alentejo
João Martins
Dexcobertas - Review................................... 38
Koimbra Kaches Leonel Baptista
Entrevista - Joom........................................... 40
Miguel Trevas Rui de Almeida
Caminho do Xisto da Benfeita................... 66
Rui Duarte
Geocoin Portugal 2016................................. 70 LAT’17.................................................................. 73 I World Race TB............................................... 75 Cache e o Homem Estátua.......................... 78
Com o apoio :
From Geocaching HQ With Love............... 80
Março 2017 - EDIÇÃO 25 3
EDITORIAL
por Rui Duarte Se há um lado menos positivo nos
só por causa do evento?
registo que já está feito para as ou-
Grandes Eventos Nacionais (e mesmo
Como em quase tudo, é necessário
tras, se aquela minha até está a atra-
nos médios/grandes) é o impacto de
“sentir na pele” os efeitos das coisas
palhar?! Agradece-se ao dono do PT
que os mesmos têm nas caches da vi-
para nos conseguirmos colocar real-
até porque é dele a responsabilidade
zinhança!
mente no lugar dos outros e termos
de por ali andarmos… não é daquele
Lembro-me de há uns anos me ter
um pouco da percepção dos efeitos
tipo que se lembrou de colocar uma
apercebido, e de ter lido sobre isso
que esses acontecimentos têm na
singela cache por aquelas bandas e,
algures, de algumas caches que es-
moral daqueles que, não contribuindo
no mesmo sentido, a receber registos
tavam a ser desactivadas e retiradas
em nada para isso, são apanhados no
iguais para todas as caches de uma
dos “seus ninhos” pelos seus donos
meio da corrente.
região já que são tantas as caches
aquando de um dos grandes eventos
Mas afinal do que falo eu?
que foram visitadas naquele dia que
de Mafra, por estarem no meio de al-
Para o caso em questão falo mesmo
gumas caminhadas previstas para a
dos “efeitos secundários” que o Ani-
zona, nomeadamente na zona da Eri-
versário do Geo Alentejo, comemora-
ceira. Lembro-me também de achar
do este ano em Montemor-o-Novo,
que isso era um pouco desproposita-
teve numa série de caches minhas,
do… então mas as caches não foram
verdadeiramente eremitas, que tenho
colocadas para ser encontradas!? Qual
pela região… a pouco e pouco vou-
é o problema de serem encontradas
me habituando a receber registos de
aquando dessas ocasiões? Estas ca-
agradecimento a outras pessoas que
habituar…
ches em particular de que me recordo
não eu, por ter uma ou outra cache
O primeiro, um daqueles relambó-
já iam mesmo ficar pelo meio dos Po-
que acabou por ficar entalada num PT,
rios já tão assaz reconhecidos (estão
wer Trails, por isso, porquê retirá-las
e, porquê ter o trabalho de mudar o
muito em voga estes, falar sem dizer
4 Março 2017 - EDIÇÃO 25
dá muito trabalho e consome muito tempo fazer uma linha personalizada, mais que não seja para dizer que a cache é porreira ou meia merdosa. Desta vez e a reboque do Evento, aliás, belíssimo Evento, de que falei atrás recebi dois novos tipos de registo a que, provavelmente, me terei de
nada para dar a impressão que faze-
para dizer que a cache é porreira ou
a receber registos iguais para todas
mos logs fixes), a falar de tudo menos
meia merdosa.
as caches de uma região já que são
da cache e que termina com um pedi-
Desta vez e a reboque do Evento,
do de desculpas por ser um log deste
tantas as caches que foram visitadas
aliás, belíssimo Evento, de que falei
género mas “as caches foram muitas
atrás recebi dois novos tipos de regis-
naquele dia que dá muito trabalho e
pelo que não me lembro de todas” ou
to a que, provavelmente, me terei de
algo parecido… F0D@SS3!!! F0D@
habituar…
SS3!!! Não me lembro das caches?!?!
O primeiro, um daqueles relambó-
Mas que raio?? Então porquê dedicar o tempo a procurar caches!? Não haverá nada mais interessante para fazer que queimar combustível para a frente e para trás, de forma tão compulsiva que até o cérebro se protege recalcando para lugares mais recônditos as recordações desse dia?!
rios já tão assaz reconhecidos (estão muito em voga estes, falar sem dizer nada para dar a impressão que fazemos logs fixes), a falar de tudo menos
consome muito tempo fazer uma linha personalizada, mais que não seja para dizer que a cache é porreira ou meia merdosa. Desta vez e a reboque do Evento, aliás, belíssimo Evento, de que falei atrás recebi dois novos tipos de regis-
da cache e que termina com um pedi-
to a que, provavelmente, me terei de
do de desculpas por ser um log deste
habituar…
género mas “as caches foram muitas
O primeiro, um daqueles relambó-
pelo que não me lembro de todas” ou
rios já tão assaz reconhecidos (estão
O segundo, igual ao primeiro mas apli-
algo parecido… F0D@SS3!!! F0D@
cado aos restantes membros da con-
SS3!!! Não me lembro das caches?!?!
fraria… Mega F0D@SS3!!! F0D@SS3
Mas que raio?? Então porquê dedicar
de pé!!! Já nem paciência e imaginação
o tempo a procurar caches!? Não ha-
temos para escrevermos o nossos
verá nada mais interessante para fa-
próprio registo?!??! Mas que…
zer que queimar combustível para a
Esperem… desculpem… tive de parar
frente e para trás, de forma tão com-
para respirar que já tinha as veias a
pulsiva que até o cérebro se protege
pelo que não me lembro de todas” ou
latejar aqui na fronte… Então e se…?
recalcando para lugares mais recôndi-
algo parecido… F0D@SS3!!! F0D@
Uma ideia… é só mais um segundo…
tos as recordações desse dia?!
SS3!!! Não me lembro das caches?!?!
O segundo, igual ao primeiro mas apli-
Mas que raio?? Então porquê dedicar
cado aos restantes membros da con-
o tempo a procurar caches!? Não ha-
… a pouco e pouco vou-me habituando a receber registos de agradecimento a outras pessoas que não eu, por ter uma ou outra cache que acabou por ficar entalada num PT, e, porquê ter o trabalho de mudar o registo que já
fraria… Mega F0D@SS3!!! F0D@SS3 de pé!!! Já nem paciência e imaginação temos para escrevermos o nossos próprio registo?!??! Mas que…
muito em voga estes, falar sem dizer nada para dar a impressão que fazemos logs fixes), a falar de tudo menos da cache e que termina com um pedido de desculpas por ser um log deste género mas “as caches foram muitas
verá nada mais interessante para fazer que queimar combustível para a frente e para trás, de forma tão compulsiva que até o cérebro se protege recalcando para lugares mais recôndi-
está feito para as outras, se aquela
… a pouco e pouco vou-me habituando
minha até está a atrapalhar?! Agrade-
a receber registos de agradecimento
tos as recordações desse dia?!
ce-se ao dono do PT até porque é dele
a outras pessoas que não eu, por ter
O segundo, igual ao primeiro mas apli-
a responsabilidade de por ali andar-
uma ou outra cache que acabou por
mos… não é daquele tipo que se lem-
ficar entalada num PT, e, porquê ter
cado aos restantes membros da con-
brou de colocar uma singela cache por
o trabalho de mudar o registo que já
aquelas bandas e, no mesmo sentido,
está feito para as outras, se aquela
a receber registos iguais para todas
minha até está a atrapalhar?! Agrade-
as caches de uma região já que são
ce-se ao dono do PT até porque é dele
tantas as caches que foram visitadas
a responsabilidade de por ali andar-
naquele dia que dá muito trabalho e
mos… não é daquele tipo que se lem-
Hum… até resulta… acabei o Editorial
consome muito tempo fazer uma li-
brou de colocar uma singela cache por
num instante. Vou ali esquecer-me de
nha personalizada, mais que não seja
aquelas bandas e, no mesmo sentido,
mais uma ou duas caches…
fraria… Mega F0D@SS3!!! F0D@SS3 de pé!!! Já nem paciência e imaginação temos para escrevermos o nossos próprio registo?!??! Mas que…
Março 2017 - EDIÇÃO 25 5
CRUZILHADAS
POR VALENTE CRUZ
A vida secreta das
caches
6 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Poderíamos pensar que quando colocamos uma cache, o recipiente vai ficar sossegado durante muito tempo. Contudo, à medida que vamos praticando este passatempo percebemos que o mundo do geocaching está em constante mudança e os recipientes vão tomando sempre novas qualidades. Alguns, mais distraídos, acreditam que tal poderá dever-se às más práticas e à incúria de alguns geocachers ou muggles. Porém, após um longo e profundo estudo, realizado por uma equipa séria e honesta, conseguimos perceber o busílis da questão e é com todo o prazer que estou a partilhar as principais conclusões. Na verdade, depois da criação, todas as caches adquirem caraterísticas de seres vivos ou entidades. No fundo, ganham vida. E sempre que alguém as visita nem desconfia de tal. Esta é a vida secreta das caches. Dependendo da sua localização, as caches podem adquirir diferentes qualidades. Por exemplo, quando inseridas num cenário mais isolado e bucólico, a cache tende a deixar-se ficar. O tempo parece correr mais devagar e a sua longevidade agradece. Algumas recusam mesmo qualquer mudança e fincam o plástico nas entranhas da sua posição. Por outro lado, as caches mais urbanas têm uma tendência para serem mais irrequietas. Como está sempre qualquer coisa a acontecer no meio envolvente, poderá bastar um barulho de interesse e lá vai a cache à sua vida num piscar de olhos. Depois de ganharem vida, estas são as caches mais comuns: Cache kamikaze – Acontece por vezes que, ao chegarmos ao local onde está uma cache, encontramos o recipiente todo partido. Parece até que alguém agarrou um pedregulho e atirou-o para cima dele. Porém, não poderíamos estar mais enganados. Apresento-vos a cache kamikaze. Quando ninguém a
está a vigiar, esta cache, imbuída pelo espírito do sol-nascente, recebe indicações secretas dos satélites e explode. Por casualidade, tal poderá provocar alguns dissabores aos transeuntes mais distraídos. Todavia, se estivermos próximos, temos a benesse de aprender algumas palavras em japonês, vociferadas pelas próprias caches no momento da autodestruição. Para além de promover a cultura no geocaching, tal pode dar jeito se quisermos subir ao monte Fugi. Cache agente-secreto – Logo depois de ter sido colocada ou algures a meio da sua existência, esta cache tornase num agente-secreto. Dependendo da missão atribuída, a cache pode adquirir capacidades de camuflagem que tornam muito difícil a sua deteção. Normalmente, a cache movimenta-se pouco, mas apenas os olhares mais apurados conseguem descortinar a sua localização. Vai saltando de esconderijo em esconderijo, num teste de paciência ao geocacher que vai à descoberta. Cai assim por terra a calúnia que certos geocachers alteram a localização dos recipientes a seu bel-prazer. Cache fantasma – Embora pareça uma variante da cache agente-secreto, a existência desta cache é mais assustadora. Em algum momento da sua existência, a cache aparenta desaparecer por completo. O tempo vai passando e os geocachers continuam a registar a descoberta. Ocasionalmente surge uma não-descoberta, complementada com mais um pedido de manutenção. Poderíamos pensar que se trata de uma má prática e que o recipiente já não estava lá. Poderíamos, não devemos. Afinal, trata-se de uma cache fantasma. Ela continua lá num estado etéreo e apenas o olhar mais apurado consegue encontrá-la. De forma facilitar a descoberta destas caches poderá ser útil assistir previamente ao curso
de espiritismo. Se não for por mais, favorece o currículo. Cache mini-buraco-negro – Esta pode ser uma cache bastante chata. Não se sabe muito bem como, mas certas caches conseguem criar um mini-buraco-negro no seu interior. Tudo o que lá cai, quer seja uma geocoin, um TB ou mesmo um simples item de troca, desaparece mal se fecha a tampa do recipiente. Acontece frequentemente que certas caches apresentam a informação de que existem lá trackables, mas depois quando se abre o recipiente apenas se encontra um vazio que nos entristece. A descoberta destas caches vem solucionar o mistério e as acusações inventadas sobre alguns geocachers que, alegadamente, andavam de cache em cache apenas para ficarem com os itens. Cache criminosa – É fácil topar uma cache criminosa. Num primeiro relance ainda pode parecer uma cache normal, mas se olharmos com mais atenção vamos notar que o recipiente está preso a um elemento local, como uma pedra ou uma árvore. Quanto maior for o perigo representado pela cache, mais forte deve ser a corrente. Trata-se de uma cache que, em algum momento da sua vida, cometeu um crime e acabou presa pela polícia do geocaching. Desenganem-se se pensavam que era para que ninguém as roubasse. Ninguém em seu juízo perfeito quer algo com estas caches. Cache transformer – Seguindo as pisadas cinematográficas, depois de colocada, a cache transformer consegue mudar de aparência e assumir uma nova forma. Sabemos que algumas caches fazem-no por diversão, para passar o tempo. Outras fazem-no com uma determinada missão, mas até ao momento não conseguimos descortinar os propósitos. O problema é que estas caches têm falhas de memória e Março 2017 - EDIÇÃO 25 7
quando tentam voltar à forma original, para receberem os geocachers, já não sabem a posição de algumas peças. À pressa, acabam por forçar alguns encaixes e muitas vezes sobram pedaços das suas existências atribuladas. À vista desarmada poderia parecer que alguns geocachers não tinham cuidado a manusear os recipientes, mas a verdade é bem mais inquietante e ilibatória. Cache toupeira – Esta é uma cache que nasceu conforme as linhas orientadoras do passatempo. Todavia, ao ganhar vida, começou a escavar um buraco nas imediações da sua localização de forma a criar um novo esconderijo. Muitas vezes, a cache toupeira é tão eficaz que logo à primeira descoberta já está enfiada no buraco. Apesar de algumas destas caches conseguirem sobreviver em ambientes mais duros, a maioria encontra-se na terra. Desconhece-se a
explicação para este comportamento, mas suspeita-se que a cache toupeira seja uma variante da cache agentesecreto. Pois bem, agora deitamos as mãos à cabeça a pensar nas inúmeras caches, e respetivos geocachers, que já foram vilipendiadas por julgamentos sumários e injustos. Cache Jesus Cristo – De um modo geral, esta cache é muito rara. Algum tempo depois de ter sido colocada, o recipiente morre e acaba por desaparecer. Porém, esta cache tem a capacidade de ressuscitar. Assim, é possível que venhamos a encontrar o mesmo recipiente numa outra cache, que pode ficar mais ou menos distante conforme as capacidades espíritas da cache. O recipiente poderá aparecer numa cache que já existia, mas é mais comum surgir aquando da criação de uma cache nova. Pois bem, a comunidade estava
bem enganada se pensava que certos geocachers roubavam os recipientes para depois os colocarem nas suas caches; ou então para guardar alimentos, embora esta utilidade tenha menos encanto. Dada a complexidade envolvida, não é possível especificar qual é a centelha que cria a vida nas caches. Desconhece-se também se algum geocacher já presenciou o acontecimento ou se apanhou alguma cache desprevenida, com os plásticos na mão. Inclusive, se tal acontecer, recomenda-se que o geocacher prossiga com cautela e finja que não presenciou qualquer fantasia.
Texto e fotos: António Cruz (Valente Cruz)
CASEBRE NO RIO VOUGA
8 Março 2017 - EDIÇÃO 24
ÁRVORES DA SERRA DA ARADA
Março 2017 - EDIÇÃO 25 9
NA ALDEIA DA PENA, SÃO PEDRO DO SUL
JARDIM DA QUINTA DA CRUZ, VISEU
10 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Março 2017 - EDIÇÃO 25 11
POR LEONEL BATISTA (GEOLEO)
12 Março 2017 - EDIÇÃO 25
“O que levo na minha mochila” é uma rúbrica da geomag, que pretende partilhar com todos os nossos leitores um pouco do que os nossos convidados levam consigo nas suas cachadas mais organizadas. Não deixem de partilhar connosco as vossas mochilas, através do nosso facebook em http://fb. me/geomagpt
MATERIAL DA CANOA De entre outras atividades que pratico, e todas elas com o propósito de estar em contacto com a natureza, a canoagem é uma delas. Utilizo a canoa para varias atividades, como caça submarina, snorkeling, expedições em rios e barragens e também geocaching, onde, e graças à canoa, já encontrei caches fabulosas em lugares fantásticos.
Março 2017 - EDIÇÃO 25 13
Como em todas as atividades temos
este kit, e em todas as atividades que
sório que só adquiri mais tarde depois
que nos equipar e levar o material ne-
pratico, levo sempre um kit com mate-
de perceber que a água mete-se em
cessário para a nossa sobrevivência e
rial de primeiros socorros para neste
todo o lado e é capaz de molhar o que
para que tudo corra bem. Também com
caso remendar as pequenas feridas ou
não queremos, por isso agora nunca
a canoa é preciso material especifico e
traumas que as atividades ao ar livre
falha em tudo o que é atividade com a
é sobre esse material que eu vou vos
podem provocar no corpinho sensível
canoa. É onde coloco todo o outro ma-
falar, partilhando a minha experiencia.
que utilizo.
terial necessário à aventura que pro-
Dado que adquiri uma canoa insuflável,
A pagaia e o colete são outros elemen-
gramei e que não quero que se molhe.
tos fundamentais pelas razões óbvias
O saco que adquiri tem cerca de 50 li-
da atividade, no entanto o colete nem
tros de capacidade, o que para colocar
sempre o uso. Se for caçar ou praticar
pequenos objetos como a carteira e o
Snorkeling, como tenho que usar o fato
telemóvel é muito grande, mas ideal
neoprene, não é necessário o colete
para colocar todo o material para uma
porque o fato só por si já tem muita
expedição de um ou vários dias em
flutuabilidade e em caso de acidente o
barragens e rios.
mesmo não me deixa afundar.
Nestes casos e como em todas as
Também e só nestas duas atividades é
aventuras de vários dias onde temos
que levo a fateixa ou âncora. Em rios ou
que levar muito material incluindo
barragens quando quero ou tenho ne-
roupa, comer, tenda e todo o que é
cessidade de parar, simplesmente en-
necessário para sobreviver em locais
costo à margem e resolvo o problema,
remotos, este saco dá um jeito incrí-
mas em mar isso nem sempre é possí-
vel porque coloco tudo lá dentro e para
vel e muitas vezes tenho como objeti-
além de facilitar o transporte o a ar-
vo parar longe da costa. Nestes casos
rumação na canoa, salvaguarda estas
só consigo manter a canoa parada se
coisas de uma bela molha e de todo o
a fundear com a fateixa, também nes-
desconforto que isso provoca quando
manómetro para verificar a pressão,
tes casos levo a bandeira que sinaliza
queremos algo seco e este encontra-
dado que estas boias são muito sensí-
quem está a praticar caça submarina.
se todo molhado.
veis à pressão e podem romper só pelo
Finalmente, o outro acessório funda-
facto de as encher muito. Junto com
mental é um saco impermeável. Aces-
para facilitar a logística do transporte e do armazenamento em casa, uma das coisas que não pode faltar é a bomba de ar, mas por incrível que pareça já uma vez num evento no Portinho da Arrábida (Viva o Verão “Canoas!? Que canoas!?” GC3MZ1B), esqueci-me e quando estávamos todos feitos para utilizar a minha canoa para irmos fazer a cache da pedra da Anicha não tínhamos como a encher. A bomba não só a utilizo de início para encher a canoa, mas levo-a sempre comigo, para num eventual rompimento de uma das boias conseguir enche-las novamente e, porque o rompimento de uma das boias é um fator de risco e que pode acontecer a qualquer momento, levo sempre um kit de remendos e um
14 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Texto/Fotos: Leonel Batista (GeoLeo)
Março 2017 - EDIÇÃO 25 15
A L D E I A S H I S TÓ R I C A S
IDANHA-A-NOVA por
16 Março 2017 - EDIÇÃO 25
D E X c o r b ertas ( J o ã o
e
Joana)
De passado histórico distinto, as al-
e lá no alto um imponente castelo.
deias de Idanha-a-Velha e Monsanto
Porém, o que faz desta aldeia tão úni-
são dois pontos de visita obrigatória
ca é um outro facto, foi a capacidade
na zona de Idanha-a-Nova. A primei-
Seguiu-se Penha Garcia. Embora esta
do povo que, ao longo dos tempos, a
ra, importante na altura em que os ro-
não seja considerada uma aldeia his-
foi criando, ter sabido aproveitar os
tórica, também merece uma visita. As
recursos naturais do monte, e nele
razões, é melhor mesmo lá irem per-
construir edifícios literalmente debai-
ceber por vocês mesmos. Não se vão
xo de enormes pedras! Daquelas que
arrepender.
manos se passeavam pela Ibéria, foi uma cidade outrora chamada de Egitânia. A segunda, possuidora de um castelo que teve como principal função defender o reino de Portugal contra Nuestros Hermanos. São ambas verdadeiras aldeias-museu, pelo que merecem ser visitadas e revisitadas.
parecem ao mínimo tremor destruir tudo o que está à sua frente. Simples-
Para terminar o dia, Idanha-a-Velha.
mente fantástico!
Embora esta diste a uns meros 3/4 Km de Monsanto, a sua história re-
E, se possível, com tempo!
Ao chegar à parte mais alta da aldeia,
Aproveitando uma viagem de três dias
optámos por seguir o PR5 “Rota dos
à região, dedicámos o segundo dia a
Barrocais”. Um percurso pedestre que
conhecer estas Aldeias Históricas de
circunda a aldeia, e que nos prometia
Portugal. Primeiro Monsanto e depois
levar até ao castelo por um percurso
Idanha-a-Velha.
diferente do turístico normal. Porém, ainda antes de lá chegar surgiu um
Ainda cedo, saímos da Pousada de
outro ponto de paragem. Encostados
Idanha-a-Nova... Rumámos para Nor-
um ao outro, dois enormes penedos
deste, e em muito pouco tempo já se
como que se assemelham a dois ami-
avistava o primeiro ponto de visita do
gos sentados a desfrutar das vistas
dia. Lá longe, um amplo promontório
que rodeiam o monte. Por baixo de si
se destacava das vastas planícies que
um grande túnel. Tão grande que cla-
o rodeavam. Era Monsanto, a “aldeia
ramente um gigante de 4 metros não
mais portuguesa de Portugal”. Logo à entrada, ainda no sopé do monte, surgem as primeiras casas. De aspeto rústico, claramente mais recentes que as da parte cimeira da aldeia, como que nos dão as boasvindas. Vamos então subindo, e à medida que estamos cada vez mais alto,
rias. Ai se aquelas pedras falassem!
teria problemas em passar em pé. Deram-lhe o nome de “Penedos Juntos”. Segue-se então o Castelo de Monsanto. Hoje, apenas ruínas, acabou abandonado quando no século XVIII um relâmpago atingiu a casa das ar-
monta à época dos Romanos. Era uma importante cidade romana que servia de ponto de paragem para quem circulava na Estrada Romana de Merida Augusta (atual Mérida, Espanha) e Bracara Augusta (atual Braga, Portugal). Mas não só! Pensa-se que o rio Pônsul, que passa na aldeia, era na época diferente do que é hoje. Seria um rio navegável, onde os romanos podiam mais rapidamente escoar as suas mercadorias, poupando custos e tempo. E seria talvez esse o principal motivo para a grande relevância da Egitânia nesse período. À nossa chegada, os céus brindaramnos com alguma chuva. Meia hora no carro até que finalmente pudemos sair à descoberta da aldeia. Para começar, as muralhas. Embora a cidade romana não fosse possuidora de um ver-
mas e explodiu com o mesmo. Consta
dadeiro cerco muralhado, estas foram
que não foi um cenário nada bonito.
sendo ajustadas ao longo dos tem-
pio meticulosamente criado. As ca-
Porém, a sua longa história, que se
pos. Seguiu-se a ponte romana. Parte
sas, quase todas em pedra, possuem
inicia no século XII, conta com uma
da via romana, que já falámos, ainda
uma ornamentação muito engraçada;
destruição seguida de uma recupera-
hoje se encontra muito bem preserva-
as ruas são estreitas e na sua maioria
ção e ampliação, dois cercos falhados
da. Entrámos então na aldeia, e dado
apenas a pé se consegue viajar nelas;
e muitas mas mesmo muitas histó-
o escasso tempo até anoitecer fomos
entramos num ambiente que mais se assemelha a um pequeno presé-
Março 2017 - EDIÇÃO 25 17
18 Março 2017 - EDIÇÃO 25
diretos para outro ponto interessante
gens lá escritas. Muito engraçado!
na aldeia – a Igreja de Santa Maria. Ou
Para terminar a visita, fomos nova-
se preferirem, Mesquita Catedral de
mente até às margens do Pônsul e fi-
Idanha-a-Nova. Sim, porque embora
cámos a conhecer o que são poldras.
hoje esteja associada à fé cristã, foi
E não, não são éguas jovens, mas sim
convertida em Mesquita aquando da
pedras dispostas de forma linear ao
passagem dos Mouros, logo após os
longo do rio que nos permitem atra-
Romanos. Logo ao lado, um outro mo-
vessar o mesmo sem molhar os pés!
tivo de interesse. São centenas de re-
E por ali certamente que muito boa
gistos romanos esculpidos em pedra,
gente já terá passado.
onde podemos passar seguramente uma tarde a aprender latim, sem que
Estava então terminada a visita às
consigamos decifrar todas as mensa-
aldeias históricas de Idanha-a-Nova,
e era tempo de regressar à Pousada. Para trás ficavam boas memórias, e acima de tudo muito conhecimento histórico que nos ajudaram a perceber um pouco mais da História do nosso Portugal.
Texto/Fotos: DEXcobertas (João e Joana)
Março 2017 - EDIÇÃO 25 19
20 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Março 2017 - EDIÇÃO 25 21
GEOALENTEJO 4º aniversário por
22 Março 2017 - EDIÇÃO 25
R u i J S D u arte
“Planícies Alentejanas…”
assim que foi divulgado, a(s) visita(s)
hos bem sinalizados para percorrer de
É caso para dizer F.I.N.A.L.M.E.N.T.E.!
à Gruta do Escoural, iria efetuar em
bicicleta (ou a pé, claro).
Ao fim de alguns anos e outros tantos
modo solitário o percurso previsto para
Curiosamente para este lado (Este)
convites lá me foi possível comparecer
o Passeio de Bicicleta (a efetuar no
nunca me tinha aventurado… já tinha
a um dos já famosíssimos Aniversári-
Domingo), aproveitando para fazer de
reparado nas imagens de satélite que
os do Geo Alentejo! Com três dias para
BetaTester ás caches que tinham sido
passaria por um trio de lagoas/repre-
tentar dar um pequeno salto a Mon-
colocadas ao longo do mesmo. Betat-
sas e ia prevenido com a máquina fo-
temor-o-Novo, praticamente aqui às
ester daqueles verdadeiros, que não
tográfica. Não gosto muito de andar
portas de Lisboa, era realmente uma
vão com o owner colocar as caches,
com ela no bolso do blusão por ser
pena que não conseguisse aparecer
não conhecem o terreno, e levam con-
muito grande mas a promessa de al-
pelo menos num dos dias.
sigo apenas as coordenadas no GPSr e
guma “ave rara” pelo caminho faz-me
Como compensação pela nossa aus-
um par de olhos, e que, no final, fazem
sempre esquecer esse pormenor. A
ência nos anos anteriores desta vez a
um pequeno relato ao dito owner para
surpresa acabou por apareceu no céu
GeoMag apareceu em força, divididos
que possa afinar alguma coisa, caso se
e não na água… o vento que se fazia
por dois dos dias da Festa. Uns para
revele necessário.
sentir obrigava as rapinas a passar em
tomar o pulso ao evento propriamente
E, assim foi! Já vos disse que estava
camara lenta por cima de mim e con-
dito, durante o Sábado, e eu para mer-
fresco?! É uma metáfora para o “bri-
segui as minhas primeiras fotos de um
gulhar um pouco no BackOffice da or-
ol” que se fazia sentir na zona às dez
belíssimo Milhafre-real!
ganização e para desfrutar da famosa
da manhã de sexta-feira quando tirei a
Na realidade os reis da festa não são,
calma alentejana. Umas horas a solo,
bicicleta da mala do carro e iniciei um
de todo, as aves… é o Gado! Bovino,
outras com elementos do Geo Alente-
excelente passeio pelos caminhos do
Ovino, Porcino, há de tudo e em quan-
jo e outras com meia dezena de out-
concelho.
tidades variáveis (só não vi Caprinos,
ros Geocachers, durante todo o dia,
Trinta quilómetros maioritariamente
mas aposto que os há), mais perto ou
diga-se bem fresquinho, de sexta-fei-
compostos pelo chamado Montado,
mais longe dos caminhos onde pas-
ra, a abrir literalmente as hostilidades,
à exceção de uma pequena primei-
sava e por vezes mesmo no caminho!
tendo sido mesmo o primeiro a chegar
ra parte que servia de ligação entre o
Tantas são as cercas que vão passan-
ao GZ do Evento.
GZ inicial e a saída de Montemor. Trin-
do, abrindo, fechando (desta vez não
É necessário alguma sorte para pro-
ta quilómetros bem rolantes e com
foi necessário o “saltando”), que às
gramar uma série de actividades para
uma inclinação aceitável mas, mesmo
tantas se perde a noção de estarmos
um Fim de Semana de Janeiro e ter o
assim, a deitar por terra o mito das
dentro ou fora do espaço vedado.
Astro Rei como companhia! Ok, certo,
Planícies Alentejanas… ainda estou
Foi numa dessas vezes que tive o en-
estava bem fresco, mas a meteorolo-
para perceber quem é que lançou esse
contro mais imediato… ao passar per-
gia agraciou o evento com três dias de
boato, bem falso, acerca do Alentejo.
to de uma das lagoas e depois de ter
um bonito céu limpo que, de mão dada
Adiante,
bem
passado um par de cancelas abertas,
com as cores locais, compuseram um
simpáticos, a mostrar um pouco do
julgava esta fora dos aparcamentos de
excelente cenário para este nosso pas-
que a região tem para oferecer! Aliás,
gado quando dou de caras com duas
satempo.
a comprovar aquilo que até já sabia de
enormes vacas a repousar junto do
Tínhamos afinado os objetivos da re-
passeios anteriores pelas Ecopistas de
trilho, bem alertas e atentas à minha
vista ao longo das últimas semanas que
Montemor… lembro-me bem de um
presença. “Hum… passar ao largo não
antecederam os três dias do Evento e
passeio de quase três dígitos que fiz há
dá porque aqui não há espaço. Vou ali
decidiu-se que além do “Prato Princi-
um par de anos e que me mostrou que
junto à água… em último caso salto a
pal”, que terá atraído muitas atenções
a zona é bem rica em trilhos e camin-
cerca e tomo um banho!” pensei. Deva-
trinta
quilómetros
Março 2017 - EDIÇÃO 25 23
Numa manhã soalheira o dia começou com uma nova vista à Gruta do Escoural, os grupos foram divididos e as espectativas eram muitas por parte dos participantes. Em paralelo, quem não conseguiu vaga na Gruta, foi organizado um grupo para visitar a Adega Quinta da Plansel, onde os participantes, em grande animação, tiveram aproveitar um belo néctar dos deuses, o vinho Alentejano.
24 Março 2017 - EDIÇÃO 25
gar, devagarinho lá passei por elas e vi
chegar a horas à visita às Grutas.
local e como foi descoberto e nos ape-
qual o motivo das orelhas tão espe-
Chegado ao GZ do evento, tempo para
trechámos para a ocasião (leia-se, com
tadas… Dois pequenos novilhos, com
conhecer alguns do elementos do
capacetes). Apesar de sermos pou-
não mais de um ou dois dias, escondi-
colectivo e visitar o espaço escolhi-
cos as espectativas eram muitas… ao
am-se atrás do corpo das mães. Ver-
do para receber os geocachers! Tan-
fim ao cabo, ninguém ali sabia muito
dade seja dita, as bichas estavam bem
tas colaborações e tantas conversas e
bem o que íamos encontrar. E era algo
calmas, de olhar atento mas calmas.
não ainda não tinha tido oportunidade
muito especial, ainda mais do que o
Estes foram apenas dois dos peque-
de conhecer nenhum deles. Fui rece-
esperado, que fomos aprendendo e
notes que se viam pelos campos! Eram
bido, e muito bem recebido, pelos el-
apreendendo ao longo do tempo que
muitas dezenas de crias que por ali se
ementos masculinos dos AR Team e
nos encontrámos meio difusos pela
encontravam. Esta é uma óptima altu-
dos Apple Team e pela mui simpática
penumbra. Pinturas e gravuras, algu-
ra para se passear por estes sítios com
Anitalune, que me foram fazendo um
as nossas próprias crianças e mostrar-
mas muito bem conservadas e visíveis
pequeno briefing e levantando o véu
lhes estes e outros pequenotes.
nas paredes e tectos, explicadas ao
das surpresas que se iriam passar nos
pormenor pela nossa guia que, dado
Numa segunda ocasião dei por mim no
próximos dias, além de falarem um
meio de um enorme rebanho de ov-
pouco dos apoios à organização do
sermos poucos, não poupou no tempo
elhas, que contribuíram em boa parte
evento, nomeadamente por parte da
para o DNF na cache local… estava-me
Câmara Municipal, que não se poup-
a fazer alguma confusão espantar os
ou a esforços para ajudar. Muito bem,
bichos e decidi seguir caminho após
mais houvessem deste género!
uma breve e infrutífera procura.
Acabei por usar também a promoção
O resto do passeio fez-se sem sobres-
que tinham conseguido com a Telep-
saltos de maior, confirmando que o tra-
izza local, e que boa estava (com um
jecto foi bem escolhido e que mostra
bom serviço, rápido e simpático).
bem as cores de Montemor-o-Novo…
Da parte da tarde tinha reservado a visi-
contínuo apenas com a opinião de que
ta às famosas Grutas do Escoural, local
caches a cada dois quilómetros para
para onde nos dirigimos após uma vis-
um passeio de bicicleta é muito. Seria,
ita ao seu Centro Interpretativo (e à sua
na minha opinião, muito mais provei-
pequena mais interessante exposição)
toso utilizar como medida o tempo e
e de “recolhermos” mais um casal de
não o espaço. Ter uma cache de x em
geocachers, encabeçados pelo Ma-
x minutos e não de x em x quilómetros.
trixamp. Do centro ao local das grutas
De uma forma simples, garantir que o
é um pulinho de carro, utilizado para,
tempo que se passa a andar de bicicle-
claro, falar das excelentes geocaches
ta é superior ao que se passa a procu-
locais… ninguém ficará indiferente a
rar as caches.
caches como: Convento de Monfurado
Neste caso em particular, metade das
[Montemor-o-Novo] [GC1BET0], The
caches parece-me que seria o ideal.
Jewell of Saphire [GCED4F] ou, a minha
E digo isto porque tentei procurar to-
nemésis, The Phantom Train of Doom
das as caches e julgo que perdi muito
[GC1KXYJ]!
tempo nisso. Acabei por optar por não
Eis-nos à porta da gruta, onde recebe-
Rui Duarte (RuiJSDuarte)
procurar algumas para poupar tempo e
mos uma primeira explicação sobre o
GeoAlentejo
nem nas palavras para nos apresentar um pedaço da história com dezenas de milhares de anos. Quem diria que esta “pequena” gruta guarda algo tão único na Europa e no Mundo? Ainda por cima, visitável! Um excelente exemplo da máxima de que “não se pode proteger o que não se conhece”! A dada altura, um pequeno mamífero voador, habituado a estas visitas, dormia a pouco mais de metro e meio das nossas cabeças… e não se deixou incomodar! Mais uma breve visita ao Centro de Exposições, local do “Main Event”, para recolher a bicicleta e beber um copinho de Poejo Montemorense, licor centenário local, “para o caminho”… à vossa Geo Alentejo!! Contem muitos com este bem receber! Texto: Rui Duarte (RuiJSDuarte) Fotos:
Março 2017 - EDIÇÃO 25 25
Domingo!? Nada melhor do que começar cedo com um passeio de bicicleta numa planície alentejana relativamente plana. Alguns furos, alguma falta de forma dos participantes, mas nada que não impedisse de ser um belo passeio. 26 Março 2017 - EDIÇÃO 25
O momento mais esperado de fim-de-semana, o jantar de aniversário. Um momento único de boa animação, convívio e divertimento. Decorria o jantar, quando todos foram surpreendidos com a entrada do grupo de cante Fora D’Oras, que veio ajudar na animação do jantar, ainda com direito a uma sessão de Stand Up Alentejano! Por fim, partiu-se o bolo de aniversário e ficou a promessa de no ano seguinte estarmos ali todos presentes para o 5º Aniversário. Março 2017 - EDIÇÃO 25 27
A L É M F R ON T E I R A S
MAIORCA por
28 Março 2017 - EDIÇÃO 25
S u p 3 r F M & C r u ella
Willkommen!
a chegada dos novos revisores espa-
escrevi.
Algo inexplicável se passou. Aterraram
nhóis, mantive a revisão das Balea-
Apesar deste cenário, há uma crescen-
em Maiorca, no aeroporto San Joan e,
res. Já havia visitado o arquipélago em
te e simpática comunidade de geoca-
de repente, sem qualquer tipo de avi-
tempos, tendo ficado apenas por Ibiza
chers em Maiorca, quer locais, quer de
so, atravessaram um portal espaço-
e Formentera, ilhas fantásticas para
temporal que os colocou num território
estrangeiros agora residentes na ilha.
visitar e para fazer geocaching, cla-
alemão. Há, de facto, algumas pessoas
Os eventos sucedem-se e, se por aca-
ro! Esta decisão de ficar apenas com
que insistem em falar castelhano, ca-
so a visitarem, não se esqueçam de
as Baleares, apesar de ser Português,
marcar um evento para conhecer al-
está relacionada com a forma como
guns dos seus representantes.
começo este texto. Maiorca é conside-
Geocaching en M
talão ou até mallorquin. Esses são os mortais que resistem. Todos os outros falam alemão, inglês, francês, italiano, etc. Maiorca é uma das cinco principais ilhas que compõem as Baleares, um arquipélago no meio do Mediterrâneo. É a maior das ilhas, tendo Palma como a sua capital. É desde há quase um ano, uma paisagem muito familiar. Abraçei um novo desafio profissional e mudei-me de malas e bagagens para esta ilha. A família, idem. Não se está mal, em particular quando família e amigos nos visitam. Ao longe, Maiorca destaca-se. Ao perto, percebe-se porquê. Todos já passámos os olhos por um qualquer folheto turístico onde as praias da ilha são destacadas. A água é fantástica e os 300 dias de Sol por ano ajudam
rada o 17º estado Alemão, como piada, claro… Não aconselho dizerem isto a qualquer espanhol, catalão ou, pior, a um maiorquino. Para evitar que os novos revisores espanhóis tivessem uma má experiência, optei por lidar com esta comunidade. Não que o meu alemão vá para além de Volkswagen, Audi, Sprechten zie Deutch?, Ich war da (fruto da visita a Genselkirchen para ver o meu FC Porto a vencer a Liga dos Campeões) e pouco mais… Para sobreviverem em Maiorca não precisam de saber Alemão. Dá jeito, mas não é absolutamente necessário. Suspeito que vão dizer o contrário quando depois de caminharam 10km pela Tranmuntana,atrás de uma multi
Começando pelo mais fácil, o geocaching urbano em Palma, principalmente. Com uma ou outra diferença, o geocaching aqui é igual a tantos outros locais. Há exemplos engraçados, em particular junto a monumentos históricos e outros junto ao Passeo Marítimo. O resto leva-nos, por vezes, a questionar o interesse de colocar uma cache exactamente ali. Certamente que parecia uma boa ideia na cabeça do owner. Mas, é quando nos afastamos da cidade que há muito mais que descobrir. A zona norte da ilha é, conforme descrevi, dominada pela Serra da Tranmuntana. É aqui que estão reunidas as caches com mais favoritos e com o
e, ao chegarem ao ponto zero, reparam
maior grau de terreno. A Serra é agres-
que a dica está apenas em Alemão.
te e imponente. São caches já criadas
Para piorar, não há sinal de rede no te-
pelos locais, mais conhecedores do
lemóvel e o que sabem conhecimento
terreno, mas também por estrangeiros
resume-se apenas a algumas marcas
residentes que culturamente nutrem
de automóvel. A experiência pode dar
o gosto pelas caminhadas e pelo de-
lugar à frustração. Convém esclarecer
safio da natureza. Desde Andratx até
que não há qualquer obrigatoriedade
ao fabuloso Cap Formentor há muito
em deixar a descrição, dica ou outros
por onde escolher. Para quem se quer
riência em Maiorca. Se estão cansados
elementos na língua do território, nem
ficar apenas por caches fáceis, à beira
das praias de areia fina, águas quentes
sequer no inglês. No entanto, o bom
da estrada, por exemplo, existem as
e transparentes (é possível cansar-se
senso ensina-nos a fazê-lo de uma
suficientes para se entreterem pelas
disto?!), vão à descoberta da monta-
forma mais inclusiva, até porque não
estradas sinuosas de montanha. Dos
nha. É marcante!
faltam ferramentas para traduzir qual-
pontos escolhidos, dos que até agora
Durante os anos em que fui revisor vo-
quer expressão entre idiomas. Não fi-
descobri, há um bom senso na partilha
luntário da Groundspeak, ocupei-me
cará a 100%, mas a tradução será su-
dos locais onde as caches estão colo-
de toda a Espanha e, mais tarde, com
ficiente para vos safar na ocasião que
cadas. Destaco as caches junto das po-
a construir uma imagem fabulosa. A Serra da Tramuntana, classifcada pela Unesco como Património Mundial em 2011 é surpreendente. Tenho-a como wallpaper de onde trabalho e, é claramente um benefício. Faz-me lembrar a Serra da Estrela, imponente e, pasmese, já a vi com neve neste Inverno(!). É o contraste que complementa a expe-
Março 2017 - EDIÇÃO 25 29
À DESCOBERTA DO MELHOR CAMINHO ENTRE OS MONTES QUE RODEIA ARTÀ, NA PONTA ESTE DA ILHA. É UM CARRO DE ALUGUER, FIQUEM TRANQUILOS
CACHES ENGENHOAS - TAMBÉM EXISTEM
30 Março 2017 - EDIÇÃO 25
pulações que marcam a Serra e a ilha:
serem tão famosas. São pitorescas e
uma imponência fenomenal. Caches,
Andratx e Port D’Andratx, vilas junto
continuam assim, apesar da forte pre-
sim há. E, se vieram para as encontrar,
à costa com um encanto natural. São
sença turística.
particularmente interessantes as ca-
A estrada torna-se mais sinuosa ainda.
ches junto ao porto assim como as que
Para trás ficam os enormes reservató-
templem o que está à vossa frente e a
estão colocadas nos montes que ro-
rios de água, os embalses de Cúber e
viagem que fizeram. Maiorca também
deiam o porto de onde se pode ter uma
Gorg Blau, bem perto de Puig Major, o
vista inesquecível desta região.
pico mais alto da ilha. A vista do topo
Seguindo pela estrada, ao longo da for-
é soberba e obrigatória. Fotos, muitas
Aparentemente, ficam a faltar algu-
fotos pelo caminho, pelas caminhadas,
mas palavras sobre o resto da ilha. O
mação montanhosa, correm-se vales até Estellencs ou Puigpunyent. É uma
dos n miradouros que encontram ao
força. Se não vos sobra tempo, con-
é isto.
seu interior é muito semelhante ao
sequência de curvas contra curvas que
longo do caminho.
vos acompanhará até sairem desta
Bom, estão fartos de curvas? Se sim,
área. Há um encanto natural para quem
passem à frente ou continuem noutro
dada a proximidade do ar e humidade
gosta de conduzir, não só pelas vistas,
artigo qualquer.
mas pela condução. De carro é mais
alta que é uma constante durante todo
Chegaram de uma das estradas mais
confortável, de mota, mais emocio-
épicas da Europa, quem sabe, de todo
nante. As caches começam a aparecer
o Mundo: Carretera Sa Calobra!! São 13
mais dispersas, mas todas, à partida,
km de curvas, curvas, rectas, curvas e
o que destaco das vertentes Nordes-
com interesse semelhante. O terreno
ainda curvas. De carro, de mota, a pé,
torna-se mais agressivo, as escarpas
de gatas, escolham o meio, a experiên-
te, Sul e Sudeste da Ilha, com honro-
mais acentuadas e aquela cache que
cia, vivida de diferentes formas, será
nos aparece a 50 metros do estaciona-
sempre assombrosa. É a estrada que
palavras para as descrever. As tempe-
mento está, na realidade, 300 metros
nos leva da Serra até a outro ponto de
mais alta que a nossa posição. É obri-
interesse, Torrent de Pareis, uma praia
raturas começam a aquecer a partir de
gatório estudar o terreno caso queiram
encaixada entre dois penhascos, onde
uma aventura mais prolongada.
desagua a ribeira com o mesmo nome.
Novembro. Se a isto juntaram a areia
A partida daqui, quatro escolhas pos-
Há caches ao longo do caminho, quem
fina, praias com uma paisagem encan-
síveis: Ou seguem mais junto à costa
sabe se não servem de paragem para
e vão para Banyalbulfar, Valdemossa,
que algum dos passageiros se pos-
tadora e a água quente… E, tudo isto
Deià e Sóller, ou decidem ir pelo vale
sa aliviar depois de tantas mudanças
que corta as montanhas, por Bunyola,
de direção. No final, a recompensa da
há caches para todos os gostos, desde
Orient e Alaró. A escolher, iria pelo ca-
praia, da pequena localidade ali perdi-
minho junto à costa, apesar da alter-
da, a água transparente e todo um am-
micros colocadas por um verenanean-
nativa também ter motivos de interes-
biente único. A boa notícia é que preci-
se, já que o vale é lindíssimo, com uma
sam de voltar de onde vieram, ou seja,
quáticas, colocadas em ilhotas, etc.
paisagem repleta de vinha e terras de
percorrer os 13km desta estrada épica
cultivo. Ora, junto à costa, ou perto
de novo.
Mesmo sem saberem alemão, as Ba-
dela, encontram das vilas mais histó-
Voltando ao coração da Tranmuntana,
ridas da ilha, Valdemossa e Sóller (e
seguem para Lluc, Pollença e, com o
claro, Port de Sóller). Em relação a esta
Mediterrâneo mais perto, Port de Pol-
de dicas, apitem.
última, podem chegar até ela através
lença. As vistas mudaram, mas conti-
do comboio histórico que parte do
nuam igualmente imperdíveis. O ob-
Benviguts!
centro de Palma. Recomendo. Depois
jetivo é Cap Formentor. Esperam-vos
de uma rápida busca pelo nome des-
mais curvas, mais montanha até che-
Texto / Fotos: Hugo Silva (SUp3rFM &
tas localidades encontram o motivo de
gar a este impressionante cabo com
Cruella)
nosso Alentejo, contudo, mais verde,
o ano. Ficam a sobrar o olhar sobre as paisagens costeiras e as suas praias. É
sas exceções do Sudoeste. Faltam-me
Abril/Maio e é possível ir à praia em
já aqui ao lado, literalmente. Entre elas,
te no estacionamento a caches suba-
leares e, em particular, Maiorca é um destino surpreendente. Se precisarem
Março 2017 - EDIÇÃO 25 31
UM FORTE MILITAR ABANDONADO EM MAIORCA COM UMA CACHE_ ONDE É QUE EU JÁ VI ISTO 32 Março 2017 - EDIÇÃO 25
TORRENT DE PAREIS. DEPOIS DAS CURVAS É ISTO...
SEM COMENTÁRIOS. HÁ UMA CACHE ALI PERTO. VÊ-SE DAQUI..
Março 2017 - EDIÇÃO 25 33
C AC H E E M D E S TAQ U E
Paúl do
POR RUIJSDUARTE
Boquilobo 34 Março 2017 - EDIÇÃO 24 25
A “época das chuvas” aproxima-se do
fazer este percurso...(…) O trilho é muito
absorver essa informação, só é pena o
seu final e não queria deixar passar
interessante e certamente noutra altura
acesso pelo menos ao ponto de consulta
em branco (mais um)a visita de Inver-
do ano será muito mais bonito!”.
turística estar em muito mau estado, e
no a este belíssimo local!
Ao Coatfish não lhe faz diferença ir
agrava-se mais com as chuvas (…)”
O Paúl do Boquilobo é um local muito
em Agosto, é um visitante regular e a
E chegámos ao Inverno. A melhor al-
especial e com características muito
altura mais seca acaba por ter outros
tura para visitar a Reserva e ter um
próprias, mesmo tendo em conta que
motivos de interesse: “(…) é uma bela
cheirinho do que a mesma é e dos
é uma zona alagadiça, pelo menos do
cache e aconselho a visitar o local pois
valores presente e que a levara à sua
que toca a incautos visitantes, menos
é óptimo para dar uma caminhada ou
condição de protegida, oiçamos o John
prevenidos para os humores do local…
ir de bicicleta, para os observadores de
Snow que, na segunda metade de No-
cada vez que ouço dizer que nevou na
aves como eu apesar de se ver muitas
vembro lá foi passear: “Cache feita du-
Estrela e que o acesso à Torre está fe-
aves nos sobreiros (pica-paus malhados
rante uma visita guiada ao Paul, para
chado, lembro-me do Boquilobo! Se
grandes e galegos, chapins, estorninhos,
observação de aves, na companhia de
não chove está muito seco, se chove
águias e peneireiros) a melhor altura
um simpático grupo de muggles. (…) So-
muito está intransitável. ☺
para ir ao boquilobo e ir ao observatório
bre o Paul do Boquilobo, é um local que
Realmente, para que quer “apenas”
é no inverno/primavera pois observam-
aconselho toda a gente a visitar, sendo
passear, o “Boquilobo tem gaitas”
se as aves que estão cá de passagem,
esta altura do ano muito boa.”
(expressão que ouço muitas vezes
dos países do norte da europa (…)”
Mas são as palavras do Paulo Martins
na zona do Ribatejo). A razão desta
O dmdias sabia ao que ia e o que pre-
que, em jeito de resumo da matéria
minha (re)visita ao local prendia-se
tendia encontrar mas em Outubro,
dada (aquando de uma visita em fi-
maioritariamente com a observação
regra geral, ainda não choveu o sufi-
nais de Fevereiro), melhor nos podem
de Aves Invernantes, e aproveitada
ciente para dar aquele brilho tão es-
seguir de guia para futuras visitas: “O
para dizer olá à Geocache homónima
pecial que a zona tem: “Desconhecia
que aprecio mais na Reserva Natural do
do local, a Paul do Boquilobo [Golegã]
o Paúl do Boquilobo, e a ideia que tinha
Paul do Boquilobo são as diferenças do
[GC10ZPT].
era de um local onde se podia observar
local de uns meses para os outros. Por
Tomemos a indicação de alguns com-
várias espécies de animais...não sei se é
exemplo:
panheiros(as) para melhores perce-
por ser uma época do ano em que a ve-
Hoje foi possível ver que os terrenos
bermos como programar a nossa visi-
getação está bastante seca e não exis-
estão alagados (daí o nome de Paul).
ta a este belíssimo local…
tem ribeiras nem lagoas, mas não vimos
Quando o sol começar a aquecer (Março
Ora, em finais de Julho, pleno verão,
por lá animais nenhuns à excepção de
marçagão… manhãs de Inverno, tardes
não… que o diga o M-Rock: “Provavel-
um corvo.
de Verão) podem-se ver as fataças a sal-
mente escolhemos mal a altura do ano
Fiquei um pouco triste pois ia a contar
tar nos campos, que dois meses depois
para fazer... não só devido ao calor que
de aproveitar para ver várias espécies
servirão de pasto para animais ou terre-
se fazia sentir, como a ausência de água
de animais por ali...”
no de cultivo (milho, girassol). No verão…
no paul, como é costume ver! Contudo,
A aproximação da chegada de No-
fica tudo seco e no Outono, se chover… o
isso não nos fez demover da nossa in-
vembro altera completamente a ex-
tenção! Assim que chegámos encontra-
periência… que o diga o F3P que três
alagado. É fabuloso!
mos o Arqº responsável pelo paul... que
semanas depois da altura em que o
Dependendo da época do ano, o Paul do
nos deu uma breve explicação acerca do
dmdias visitou o espaço, encontrou
Boquilobo transforma-se e até o visitan-
paul e das espécies de aves que ali exis-
algo já completamente transformado:
te mais distraído apercebe-se que algu-
tem! Foi muito interessante!
“(…) o parque do boquilobo é realmente
ma coisa mudou.
Mais uma vez... ele chamou-nos à aten-
uma relíquia em termos de fauna e flo-
Quanto às aves, esta pode não ser a
ção que não seria a melhor altura para
ra, dei um bom passeio a pé e deu para
época do ano por excelência, contudo
ciclo reinicia-se ficando tudo novamente
Março 2017 - EDIÇÃO 25 35
ainda pode observar algumas espécies
“A Reserva Natural do Paul do Boquilo-
mente alagadas, utilizadas para nidifi-
enquanto passava de bicicleta:
bo (RNPB) acompanha um troço do rio
cação, repouso e alimentação. As espé-
Pato Real (Anas platyrhynchos), Garça
Almonda, que nasce na Serra de Aire
cies que aqui nidificam são por ordem
e desagua na margem direita do Tejo,
de grandeza numérica - garça-boeira,
constituindo uma zona húmida com ca-
garça-branca-pequena, goraz, garça-
racterísticas de paul, inundada sazonal-
cinzenta, garça-vermelha e papa-ratos.
mente pelo transbordo do Almonda e do
O colhereiro nidifica igualmente nesta
Tejo.
colónia e merece especial referência por
A dinâmica hídrica do paul, num ano hi-
ser, em Portugal, um dos seus poucos lo-
drologicamente normal, inicia-se após
cais de nidificação. Recentemente tem-
Confesso que a mim, que ia em bus-
as primeiras chuvas, gerando a subida
se verificado a nidificação de íbis-preta
ca dos nossos amigos de penas e que
dos níveis, fenómeno que ocorre por nor-
e de corvo-marinho-de-faces-brancas.
sabia mais ou menos o que esperar
ma em outubro-novembro, situação que
deles, o que me surpreendeu de ver-
se mantém até finais de abril, princípios
Contabilizando a cegonha-branca e um
Boeira (Bubulcus íbis), Cegonhas (Ciconia ciconia), Verdelhões (Carduelis chloris), Pintassilgos (Carduelis carduelis), Melros (Turdus merula), Pardais (Passer domesticus), Garça Real (Ardea cinerea) e o Galeirão Comum (Fulica atra).”
dade foi encontrar o logbook original desta cache… afinal, fez dez anos de existência ainda este mês e não está escondida nos confins das montanhas… é uma T1,5/D1 a mera caminhada de 15/20 minutos. Tem sabido
de maio. O clima caracteriza-se por constituir uma peculiar transição entre as condições mediterrânicas e atlânticas, sendo
ou dois casais de milhafre-preto constata-se que esta colónia tem um total de 11 espécies, o que é único em termos nacionais e raro a nível europeu.”
por isso húmido, de temperaturas mé-
Fontes: Paul do Boquilobo [Golegã] -
dias e com grande deficiência de água
GC10ZPT // http://www.icnf.pt/portal/
no verão.
ap/r-nat/rnpb
envelhecer em grande estilo.
Destaca-se a presença de uma impor-
-----------------------------------
tante colónia de ardeídeos que depende
Texto/Fotos:
------------------------------------
inteiramente das zonas permanente-
Rui Duarte (RuiJSDuarte)
36 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Março 2017 - EDIÇÃO 25 37
REVIEW
MOCHILA MONTE CAMPO DETALHES DO PRODUTO
PORQUÊ A SUA ESCOLHA?
rantes? Será o material de qualidade?
Há já algum tempo que procurávamos
E a marca, será de confiança?”. Bem,
uma mochila para as nossas activida-
eram inúmeras as dúvidas. O certo é
des de Natureza. É certo que existem
que quando a mochila veio, os nossos
diversas marcas deste tipo de produ-
medos dissiparam-se.
·· Peso: 500 gramas
tos, onde algumas se destacam pelo
Fomos testá-la para a Lousã. Aprovei-
·· Material: Polyester & Nylon
preço barato e por serem práticas. No entanto queríamos uma mochila que fugisse às marcas mais convencionais, e fosse não só diferente como de qualidade superior. Então, a escolha da marca Monte Campo surge depois de alguma pesquisa deste tipo de mochilas na Internet, onde o seu preço acessível e o facto de ser de marca nacional ajudaram na sua escolha. O modelo Drave advém por ser a opção que mais se ajusta a pequenas actividades, tais como Geocaching e pequenas caminhadas. A NOSSA OPINIÃO Quando adquirimos esta mochila para o teste, ficámos algo reticentes quanto às diferenças entre as fotos no web-
tando uma viagem à região para uma prova de Trail, a tarde foi dedicada a testar a mochila. E para nossa sorte,
·· Largura e comp.: 36-33 cm ·· Capacidade: 12 Litros
um teste logo em condições árduas. Estava uma tarde de chuva e vento, pelo que era o cenário perfeito para ver como reagia o seu isolamento contra estes elementos naturais. Certo é que se portou lindamente e nem pinga de água lá dentro no final do dia. De igual forma, testámos também a sua comodidade em pequenas caminhadas, onde as suas costas adaptadas com sistema de ventilação provaram ser bastante cómodas e eficazes. Então, e embora os testes ainda não tenham sido muitos, para já a mochila está se a portar lindamente. E por
site de compra e a mochila na realida-
mais que pareça ter uma cor dema-
de. “Será que vai ser alguma coisa de
siado fluorescente nas fotos, a cor ao
jeito? Serão as cores demasiado ber-
vivo até é bastante engraçada.
38 Março 2017 - EDIÇÃO 25
·· Nome: Mochila Monte Campo Drave
POSITIVOS (+) ·· Preço razoável; ·· De marca Portuguesa e sobejamente reconhecida; ·· Aspecto limpo e apelativo NEGATIVOS (+) ·· Fraca opção de cores. Todas visualmente muito fortes e básicas; ·· Os bolsos interiores aparentam ser frágeis; ·· Peso um quanto acentuado;
A NOSSA AVALIAÇÃO
colher.
– Utilidade – 4/5
– Função – 4/5
Especialmente útil para caminhadas de Geocaching e de curta duração. Não é tão prática para o dia-a-dia nem para caminhadas superiores a 1 dia;
Comporta-se lindamente nos cenários de chuva e sol. Foi sempre impermeável e bastante fácil de transportar. Peca por algum peso excessivo e pelos bolsos que são pouco práticos e parecem ser frágeis.
– Visual – 3/5 Embora as cores ao vivo sejam mais apelativas, não deixam de ser demasiado standard e podendo causar dúvidas aos compradores na hora de es-
– Geral – 4/5 Uma compra recomendada, em especial pelo seu preço, quando compara-
das com outras mochilas do género e de marcas mais conceituadas. Existem outros modelos mais completos na marca, embora o preço comece a subir bastante. Texto/Fotos: DEXcobertas (João e Joana)
COLORÓMETRO DE AVALIAÇÃO
Março 2017 - EDIÇÃO 25 39
por RuiJSDuarte
JOOM
40 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GM - Olá João! Bem-vindo, mais uma
teu ?Padrinho? que eras “um (quase-)
GM – Isso (para mim) é que é começar
vez, à GeoMag! Não és estranho aos
muggle”. Assumo que estivesses com
com o pé esquerdo!!! DNF numa “multi
leitores da revista mas desta vez és o
o cache.a.lot já que é o único registo
de gaitinhas” e depois uma “injecção”
“protagonista” e vais direitinho para
do mesmo dia na cache.
num Powertrail… ainda assim, cerca
a Capa! Obrigado por teres aceite o
JM - Sim. Embora só me registei em
de 20 caches ao longo de uma Pe-
nosso convite e é um enorme prazer
Novembro de 2009, um dia depois de
quena Rota com 20km, era algo que
poder fazer esta pequena viagem na
ter encontrado uma vintena de ca-
também era capaz de fazer com agra-
tua companhia.
ches, o primeiro contacto no terreno
do, parece-me. Parece-me também, a
JM - Antes de mais, obrigado pelo
foi em Maio desse ano. O cache.a.lot
fazer fé no teu perfil, que ficaste real-
convite.
que tinha descoberto o geocaching ao
mente “agarrado” dessa vez. Pode-se
GM - Comecemos por uma pergunta
explorar as funcionalidades do GPSr
dizer isto, uma vez que tens caches
muito simples… como devemos pro-
que tinha comprado veio visitar-nos
registadas em praticamente todos os
nunciar o teu nick, Joom? Já não é a
num fim-de-semana grande. E nada
dias, nos primeiros tempos?
primeira vez que, ao ouvir da boca de
melhor para explicar a um amigo, e
JM - E ainda bem que não encontrei
um geocacher a maneira de pronun-
tirar a desconfiança que era verdade,
logo nenhuma “casa de bonecas com
ciar o seu nick, tenho grandes surpre-
do que irmos para o terreno. Visitá-
luzinhas e afins” num local sujo, isso é
sas e me apercebo de dizer verdadei-
vamos Barcelos e como havia ali uma
que era começar com um pé esquerdo.
ras alarvidades… [risos] O teu é mais
cache, iríamos ver como era. Lem-
O facto de ser uma cache por quiló-
um daqueles que nunca percebi bem
bro-me que de andar à procura de
metro ajudou a equilibrar a coisa. Se
como o devia dizer… Jum? Jota Óm?
um painel para contar alguma coisa,
fosse nos moldes actuais, com ca-
JM - O mais simples, joom (por algu-
nesta cache Lenda do Milagre das
ches plantadas a poucas centenas de
ma razão não é uma maiúscula inicial,
Cruzes (https://coord.info/GCQC0Z)
metros umas das outras, com página
todas as letras são minúscula), deve-
e depois de umas voltas lá fomos ao
iguais, repetitivas e desinteressantes
se pronunciar à portuguesa: j+oom.
ponto final para nada encontrarmos.
mas a desenhar algo no mapa, seria
Como por exemplo a palavra oomân-
Já havia 3 DNfs seguidos. A primeira
mais complicado apanhar o bichinho.
cia (http://dicionarioportugues.org/pt/
cache que encontrei foi a Torre de Ma-
Aproveitei, claro, com o geocaching
oomancia) que diga-se de passagem
nhente [Barcelos] (https://coord.info/
começar a explorar o que havia aqui à
tem um significado engraçado. Por
GC1E94B) e encontrar caixas de plás-
volta e também por onde andava. Só
curiosidade joom são as iniciais do
tico escondidas, ainda por cima sem
mais tarde é que descobri o calendário
meu nome.
rissóis, não foi uma actividade que me
de caches encontradas e escondidas
GM – Estás a ver?! Até parece que
cativou. Só mais tarde em Novembro
e outras estatísticas. Inicialmente era
estava a advinhar… para mim era algo
é que voltei à carga. Também a convite
procurar nas caches que haviam e
muito mais parecido com “zoom”!
do cache.a.lot fomos fazer uma cami-
acessíveis. Só depois comecei a ter ca-
E tens razão [risos], oomancia tem
nhada e com caches à mistura. Só aí é
ches preferenciais e a fazer escolhas
realmente um significado engraçado!
que fiquei cativado. A primeira desse
nas caches disponíveis.
Quem diria?! Começaste nesta brin-
dia foi 2 - Powertrail do Montemuro
GM – E os primeiros DNF´s “oficiais”,
cadeira de, como tu mesmo disseste,
- A encruzilhada (https://coord.info/
depois de começares “à séria”? Algum
“maluquinhos que procuram “tam-
GC1X40X). Aí sim, houve qualquer
que te desperte alguma recordação
parueres” nos montes” em finais de
coisa que me puxou. Se calhar porque
mais interessante (desses mais an-
2009, mas não me parece que fosse
não eram caches urbanas e porque
tigos ou em tempos mais recentes)?
a tua primeira incursão por aqui. Tu
era uma boa maneira de nos aproxi-
Não é uma informação simples de
referes que “foi a primeira, oficial” e o
mar da natureza.
recolher tendo como base os nossos Março 2017 - EDIÇÃO 25 41
Uma imagem vale mais do que mil palavras...ou não?, logo numa cache mistério e a mostrar que a dificuldade pode não ser só encontrar as coordenadas. perfis no site do Geocaching.com.
é que se conseguiu colocar a corda em
galinha nunca fizeram mal a ninguém”
JM - DNFs. Tenho alguns que continuo
condições, e na primeira vez apreciei
tem razão de ser.
a lembrar-me. Para além dos habi-
“in loco” aos registos por procura-
GM – A excelente “The Grey Havens”…
tuais de naquele momento não ter
ção); um amargo DNF pela logística
Que belíssimo dia de Janeiro aquele
arte de encontrar a cache, ela está lá
necessária The Hole Under The brid-
onde te acompanhei na “vingança”
mas por alguma razão escapou-me,
ge - Y (não foi por falta de tentativas
desse DNF! Façamos aqui um pe-
há alguns que vão ficando. Os primei-
mas infelizmente a cache não estava
queno salto temporal de seis meses,
ros que apareceram eram geralmen-
no local), ou num local carregado de
direitinhos para a tua primeira pu-
te por falta de experiência, caso do
história Entrée de guerre du Fort de
blicação, a Misteriosa João Duarte
primeiro Uma imagem vale mais do
Souville (só noutra vez é que a cache
[GC24GQ2]. Há pouco falavas em “ter
que mil palavras...ou não?, logo numa
apareceu, num local lógico e que não
caches preferenciais e a fazer es-
cache mistério e a mostrar que a
sei como não vimos. Mas ainda bem
colhas” e hoje sei que as “Mistério”
dificuldade pode não ser só encontrar
que não a encontrámos pois assim ex-
estão no topo das tuas preferências…
as coordenadas. Outros tiveram como
plorámos o espaço com outros olhos)
mas em inícios de 2010, com um rácio
resultado o “sorriso” azul porque no
ou quando a cache desaparece como
de caches encontradas das Tradicio-
momento não estavam reunidas as
na Hajam opções!!! (era uma tentati-
nais muito, mas muito, superior em
condições ideais para lá em ir sem ter
va de FTF e até fomos brindados com
relação a essas, acabas por escolher
nenhum sobressalto: The Grey Havens
uma chuva-neve) e mais recentemen-
esse género para te iniciares. Já esta-
(onde nessa vez nem sequer vi as cor-
te a Geo Spyder (a cache não estava
vas rendido a essas caches?!
das e quando dei por mim estava, so-
nos planos e acabámos por ir por ali
JM - Pois foi, foi uma boa mostra do
zinho e por cima de onde se tem que
sem o material adequado, por exem-
que o geocaching tem de melhor,
passar); My Blue Lagoon (tive a ideia
plo uma lanterna eficaz). Há outro,
esse dia. No início havia dois princi-
fabulosa de ir lá em Fevereiro. Ainda
numa categoria quase à parte, e que
pais condicionantes: não havia tantas
coloquei o braço dentro de água até
resultou num DNF, e também num
caches mistério como há agora, corte-
ao cotovelo mas as simpáticas dores
afastamento das Wherigo por mim,
sia das geoartes que além do número
que senti fizeram-me tomar a decisão
que é esta Rapto no Canto do Ribei-
geralmente trazem pouco; e ainda não
correcta: só venho aqui em Agosto);
ro - TFT01. Havia um limite no tempo
tinha descoberto alguns truques. E foi
As Duas Torres (caíam blocos de gelo
mínimo a fazer o percurso (desconhe-
graças à muita pesquisa para resolver
da torre e teria sido uma ma opção
cido para todos), e nós que o tínhamos
alguns aqui à volta que ganhei treino e
tentar subir); The Tower (uma tentati-
feito todo e quase na parte final não
ferramentas necessárias para chegar
va de FTF que não resultou da melhor
pudemos continuar pois surgia insis-
à solução. Lembro-me de uma cache,
forma. A cache escondeu-se dessa
tentemente que estávamos a fazer
na zona, e por não ter uma dificulda-
vez e das outras duas vezes que lá fui
batota. Foi logo ali: DNF.
de por aí além, decidi que não pedia
a cache apareceu sem problemas); a
Alguns dos DNFs têm uma mensagem
qualquer ajuda. Estive muito tempo,
recordista com 3 DNFs ♥♥♥ Viana ♥ Fica
e que servem para nos lembrar que
com quem olha para o Taj Mahal, sem
no Coração ♥ #13 ♥♥♥ (só na quarta visita
o ditado popular “cautela e caldos de
descobrir o segundo passo. Por vezes,
42 Março 2017 - EDIÇÃO 25
geralmente quando tinha o meu Ex-
há quem goste, e muitas vezes colo-
procurar numa base de dados, apren-
cel dos enigmas aberto, e como o via
cas caches para alguém com gostos
da qualquer coisa e se divirta.
ali ainda sem solução, dava mais um
semelhantes, fui criando algumas ca-
Isto claro só acontece nas caches mis-
tirinho. Num dia, numas dessas tenta-
ches mistério, adequadas aos tempos
tério bem concebidas e com conteúdo.
tivas, fez-se luz. Quando tive oportu-
para exercitar a mioleira prevenindo
Tal como os outros tipos de caches,
nidade fui lá, resultou num DNF pois a
a chegada da doença do médico ale-
este não é imune às caches a metro.
cache tinha desaparecido. Foi a Capela
mão. Há quem faça palavras cruzadas,
GM – Não posso deixar de te lançar
Sto. António [Braga]. Foi quando des-
outros gostam de procurar soluções
uma “farpa”… com 150 founds nessa
cobri a Master of Mystery (escolhida
em problemas. São de facto caches
tua cache é curioso que o checker só
para assinalar as minhas 200 caches
extraordinárias, graças às trocas de
tenha registado 9 respostas correctas
encontras, que me vi, particularmen-
mensagens sobre algumas que esta-
[risos]! Referi que escolheste as Mis-
te interessado neste tipo de caches.
vam em resolução, (por mim, minhas,
tério para te iniciares, mas em simul-
Na maior parte delas, aprende-se
ou por outros), fui conhecendo alguns
tâneo, temos mais duas colocações
algo e é sempre uma sensação de
geocachers, alguns ainda só virtual-
tuas, estas sim, em formatos mais
conseguir algo, por vezes com alguns
mente, e tenho aprendido bastantes
habituais para os “iniciados”. Curiosa-
empurrões, ao ver que o descobrimos
coisas sobre história, ciência e até
mente apenas a Mistério se encontra
as coordenadas finais. A João Duarte
em alguns casos, úteis ferramentas.
ainda à disposição da restante comu-
é a minha primeira cache e sempre
Como exemplo e graças às pesquisas
nidade…
que passava na estátua percebi o que
para encontrar o fio è meada, desco-
O que aconteceu com as Tradicional
tinha de criar e como. Na altura não
bri na U-234 que o urânio usado na
e Multi? Má escolha dos esconderijos
descobri nada sobre cartões de pro-
bomba de Hiroshima proveio da Ale-
derivado de ainda seres “verdinho”?
gramação, agora sei um pouco mais,
manha. Obviamente aprendo sempre
Vejo vários desaparecimentos e ma-
e usei uma solução simples. Respondi
algo quando crio as minhas caches e
nutenções em ambas as caches.
muitas vezes a quem me pedia ajuda:
tento que quem faz um esforço para
JM - Isso acontece porque o checker
“está tudo na página”. E como sei que
encontrar a solução, maior de que ir
foi alterado. Houve uma necessidade Março 2017 - EDIÇÃO 25 43
GC592KD
44 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GC5CRP4
de mudança de local e foi mais práti-
o retorno começava a não era muito
cebe-se que tens uma grande fatia de
co fazer assim. Actualmente a maior
recompensador e isso precipitou a
Founds neste tipo em particular. Isto
parte das tentativas erradas são o
sentença condenatória.
tudo para te perguntar - Porquê? De
resultado dos ensaios com as coorde-
GM – Outro tipo de caches que sei que
onde veio esse interesse pela Geologia
nadas antigas. Coisas da comunidade
entram nas tuas preferências são as
e seus meandros?
que prefere dar a cana do que ensinar
Earthcaches. Entrando um pouco nas
JM - Pois, nas earthcaches é mais
a pescar.
estatísticas, se nos Mistérios há uma
simples. Uma simples afirmação e
Ambas desapareceram demasiadas
miríade de factores que podem ou
que tem mais do que aparenta. Mas
vezes para serem repostas. A Cam-
não influenciar as posições (geoarts e
já volto ao assunto. O meu interesse
po 5 de Outubro era uma nano num
afins que podem ou não ser verdadei-
particular neste tipo de caches é que
banco, e quando recebi uma vez uma
ros mistérios) e um geocacher pode
na esmagadora maioria das vezes o
foto de quem andava à procura dela,
ter 3000 mistérios encontrados e não
resultado nunca é um pepino. O retor-
percebi que tinha chegado ao fim. Não
ter resolvido nenhum, não dando para
no de uma visita a uma earthcache é
havia muito cuidado em procurar e
apurar quem “resolveu” a coisa nos
maioritariamente positivo, seja por-
neste caso bastava só sentar e colocar
moldes correctos, nas Earthcaches
que um local é fabuloso em termos de
a mão. No Museu da Olaria o proble-
é mais simples. E nestas estás (de
riqueza natural (Pico da Nevosa ou Big
ma foi outro. Houve obras no museu
acordo com o Project-GC) em segundo
Waterfalls), seja porque aproveita um
e o houve necessidade de alterar o
lugar dos Geocachers com mais ECs
pormenor urbano para nos transmi-
esconderijo inicial. O final, e que durou
encontradas. Tendo em conta que no
tir algo (Tsunami!!!! - DP/EC73), seja
bastante tempo, tornou-se conhe-
TOP5 és o único com menos de 7500
por ser uma explicação sobre alguns
cido por alguém fora do geocaching.
caches encontradas (o segundo com
fenómenos (Pumice rocks density
E como não encontrei alternativa a
menos caches encontradas tem mais
[Sao Miguel - Azores]) ou até mostrar
cache acabou por morrer. Em ambas,
de 15000, mais do dobro de ti), per-
o aproveitamento pelo homem dos reMarço 2017 - EDIÇÃO 25 45
cursos geológicos (Enchanted gold in
com um registo desprovido de con-
amarelo, no seu mapa.
Las Médulas). Acima de tudo é gratifi-
teúdo e ao nível do anúncio da chega-
Mas é preferível continuar a apreciar
cante ter uma aula sobre o mundo que
da de mais um comboio à linha 2 na
os pontos positivos e aqueles mo-
nos rodeia. Visitar uma earthcache é,
estação do Entroncamento. Recente-
mentos que nos dão, a todos, real-
à partida, uma situação ganha. Por
mente presenciei uma destas situa-
mente prazer a ir procurar uma cache
vezes também há as desilusões, ge-
ções. Um relato fantasioso digno das
seja de que tipo for, do que dar impor-
ralmente por mal aproveitamento do
aventuras do Barão de Münchhausen,
tância a histórias efabulatórias.
“material” disponível, mas felizmente
de uma ida a um local que durante
GM – Ia mesmo perguntar-te sobre
são casos pontuais e residuais não
algum tempo teve o acesso vedado
essa verdadeira barrigada de Earthca-
afectando a experiência global.
devido aos incêndios na zona. Durante
ches encontradas, na zona de Cascais
Lembro-me bem quando percebi que
uns dias, quase uma semana, só com
e arredores, em Fevereiro de 2010 (e
havia mais nas earthcaches do que
uma máquina de teletransporte é que
por onde tive oportunidade de passear
um ícone diferente. Foi depois de
se chegava lá. Tenho quase a certe-
contigo num excelente Earthcaching
visitar uma série delas num dia e que
za que quando Buzz Aldrin e Michael
Day promovido pelo já referido Prof.
me mostraram, de um outro ponto
Collins se juntarem ao Neil Armstrong
Daniel Oliveira, em 2015). Assim já
de vista, locais há muito conhecidos.
irá aparecer alguém a contar que
não preciso [risos]. Aproveito antes
Havia algo mais do que ir simples-
também foi na Apollo XI e encontrou
para aprofundar um pouco a tua opi-
mente ao local. E não posso de deixar
uma cache no Mar da Tranquilidade.
nião sobre as “visitas virtuais”, “bases
aqui um agradecimento especial ao
Se calhar até uma earthcache sobre a
de dados” e afins… não no sentido de
danieloliveira por ter despertado o
formação da vizinha West Cratera.
se andar sempre a bater do ceguinho, já que se sabe que essas coisas exis-
gosto pela geologia, adormecido desde os tempos do liceu, e por todo o
Estas atitudes em nada dignificam o
tem e são difíceis de contornar/con-
empenho e trabalho desenvolvido nas
geocaching, dando uma ideia errada
trolar, mas na perspetiva do “dono” do
earthcaches.
do que é o mesmo, e não respeitam,
jogo. No caso das ECs, existiam algu-
Voltando à expressão inicial: nas ear-
pelo menos, quem cria este tipo de
mas formas algo eficazes de evitar
thcaches é mais simples. Infelizmente
caches gastando o seu tempo para
registos falsos (ALDs e validação de
e porque não é obrigatório (devia ser)
procurar a melhor forma de mostrar
respostas) e a direcção tomada pela
a colocação de uma foto no local, co-
aquele pormenor em termos geológi-
GS foi a oposta, tirar as ferramentas
meçam a proliferar as visitas virtuais
cos. Lentamente o geocaching trans-
da mão dos Owners e facilitar a vida
às earthcaches transformando-as
forma-se de uma actividade altruísta,
aos restantes. Como vês essa, e ou-
numa simples consulta das respos-
a partilha de algo desde o local, o
tras, tomadas de posição de quem
tas numa qualquer base de dados,
contentor, os relatos ou as fotos, para
“regula” o geocaching?
enviando-as para quem de direito e
uma actividade egoísta em que só
JM - As “bases de dados” sempre vão
justificar mais um sorriso no mapa
interessa um sorriso, ironicamente
existir. Em termos de formalismo o
Não existe uma motivação para fazer Geocaching. Existem motivações, cada um tem a sua, ou as suas, que podem mudar em função das circunstâncias (...) 46 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GC2ZEDF
GC5GJ4Z
Março 2017 - EDIÇÃO 25 47
geocaching é uma base de dados de
mim foi mais uma tempestade em
tunidade para conhecer alguns geoca-
pontos e bastam poucas acções para
copo de água. Com o tempo aparece-
chers pessoalmente e associar alguns
se dizer que foi a determinado pon-
ram soluções que possibilitam a alte-
nicks a caras. Na altura não pensei no
to. A mudança de um ícone para um
ração dos registos para as definições
ícone totalmente diferente mas tinha
sorriso no mapa depende essencial-
actuais e algumas até se pode fazer
a consciência que este tipo de eventos
mente da palavra de cada um e com
em larga escala.
seria irrepetível. Dentro das hipóteses
resultados imensamente diferentes.
Numa tentativa de melhoria do pro-
disponíveis esta era a mais perto e foi
A uns a aventura resume-se a uma
duto haverá sempre alterações de
escolhido por isso.
história informática, com o convívio
algumas coisas, algumas numa de-
Aproveitei para ir mais cedo para
típico de quem partilha um like no fa-
monstração de poder dominante e
Guimarães, parando aqui e ali para
cebook; aos outros a aventura é mais
que podiam ser evitadas com maior
umas caches e, sem pensar, vestido
rica, instrutiva, menos ridícula e acima
ponderação ou por ouvir previamente
para o Verão. Lembro-me de ter che-
de tudo mais respeitadora de quem
os utilizadores. Não sei quais são os
gado mais cedo, para jantar e que não
coloca as caches.
graus de participação que existem por
era o primeiro. Já estavam lá outros
No caso das earthcaches devia voltar
parte da comunidade e que podiam
com a mesma ideia que a minha, e
a ser obrigatório a inclusão de uma
condicionar o tempo de resposta e
que não era, de todo, ver a bola. Apre-
fotografia no local. Era o equivalente
aplicação de cada mudança. É sempre
sentei-me, na altura a desconhecidos
à escrita no logbook. Com as actuais
complicado entender algumas acções
e comecei a falar com quem me ro-
ferramentas disponíveis quase que
sem saber a perspectiva do outro
deava. Foi um excelente evento para
não há nenhum impedimento para
lado, principalmente de um lado em-
confraternizar. Era um pequeno grupo,
que isso não aconteça. Há os proble-
presarial.
reunido à mesa e todos conseguiam
mas de anonimato e reconhecimento
GM – Saltemos agora até meados de
falar sobre aquilo que nos reunia ali: o
mas isso pode ser sempre controlável
2010 e até à tua primeira presença
geocaching.
com fotografias sem mostrar a cara.
em Eventos, logo dum tipo “irrepetí-
Só mais tarde, na altura da fotografia
Era uma medida simples e que dimi-
vel”… um “10 Years”! Isso foi propo-
de grupo em que era o único de man-
nuía algumas situações.
sitado? No sentido de que te aperce-
ga curta, é que senti na pele que a
Eu no fundo até entendo esta tomada
beste da singularidade do “icon”, ou foi
t-shirt colorida não era a indumentária
de posição da GS nesta medida mas
casual do género de “É hoje, siga! Vou
mais apropriada. Estava realmente
não concordo. É um convite à batota.
escolher a minha T-shirt mais colorida
frio para andar assim vestido e ir às
Há, no entanto, um ponto positivo,
e vou até lá!”? [Risos]
caches. Para mim tinha chegado a
estimula a imaginação dos geocachers
JM - Pois foi. O meu primeiro evento
hora do regresso a casa e mais des-
mas infelizmente para o lado errado. A
e já te conto a história da t-shirt pois
cansado que aquilo dos maluquinhos
mesma imaginação usada na procura
lembro-me bem dela. Ainda não tinha
à procura de plásticos escondidos era
das respostas se fosse usada na cria-
participado em nenhum evento, na
real. Havia, mesmo, mais pessoas a
ção de bons registos e boas páginas
zona aqui à volta não conhecia nin-
fazer o mesmo.
de caches, aumentaria, seguramente,
guém pessoalmente nem havia quan-
GM – A partir daí, em relação aos
a qualidade do geocaching.
tidade que há nos dias de hoje. Foi
Eventos, foi sempre a somar! Já levas
quando vi os eventos comemorativos
umas dezoito dezenas de participa-
Houve recentemente uma grande mu-
dos 10 anos pensei que seria uma boa
ções nos diferentes tipos… Ficaste fã?
dança na forma dos registos: a actua-
oportunidade para ir. Eram eventos
Fazes questão de ir tentando aparecer
lização de uma diferente linguagem,
diferentes, a celebrar o aparecimento
sempre que possível?
informática, nos URLs presentes. Para
do geocaching, e seria uma boa opor-
JM - Fã, fã, não é bem a palavra cer-
48 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GCPZHC
Março 2017 - EDIÇÃO 25 49
ta. No entanto faço questão em ir
War Mega Event (https://coord.info/
família, ou aquele grupo ali a disfarçar,
a alguns eventos, dependendo da
GC4F9RK), curiosamente com o ca-
ou aquele outro a pedir para abrandar
disponibilidade, claro. Os meetings
che.a.lot, num local cheio de significa-
para tirar uma foto ao TB do carro. Em
mensais em Braga são, por exemplo,
do histórico, familiar e não só, e numa
três dias, em todas as caches que fui
um caso desses e mesmo quando não
demonstração que o geocaching tam-
cruzei-me com alguém. Seja no ponto
há evento oficial a aumentar mais um
bém serve para mostrar outras coisas.
zero, seja no caminho ou no regresso.
na contagem, tento ir lá. Os eventos,
Há também a outra vertente, o outro
Nas caches mais urbanas, ou mais
quando não transformados em coisas
lado como nas caches criadas e es-
perto do recinto do Giga, algumas
rotineiras, como as caches a metro,
condidas; os eventos do meu lado, ou
eram passadas de mão em mão e
são uma boa forma de conviver com
nos quais “vesti a camisola”. Vem-me
simplesmente se apontava onde era
outros geocachers e em muitas das
logo à memória o Love Love... Braga
o esconderijo. Não é propriamente o
vezes uma boa maneira de integrar
(https://coord.info/GC60WBP) em que
meu conceito de geocaching, ir com
quem só descobriu recentemente o
todos contribuímos para que tudo
uma multidão, mas curiosamente é
mundo maravilhoso do geocaching.
acontecesse. Ou este, Limpeza na
engraçado pois imediatamente se
É também, através dos CITOs, uma
Teixeira (https://coord.info/GC67NRE)
estabelece uma empatia com alguém
boa forma de incentivar a comunida-
que foi uma boa maneira de juntar o
que se acabou de conhecer.
de a arregaçar as mangas e trabalhar
útil ao agradável e deleitarmos com
Actualmente muito dificilmente o
para um mundo melhor. Para além do
umas boas cevadas artesanais.
geocaching é “secreto”. Há já bastante
habitual convívio as zonas onde to-
No fundo os eventos são aquilo que
divulgação e em algumas circunstân-
dos passamos para ir às caches fica
nós quisermos desde que haja um
cias até é benéfico: as caches duram
mais limpa. Há sempre maneiras de
bom convívio, uns tempos bem passa-
mais tempo e é mais fácil explicar o
aproveitar a parte positiva dos even-
dos e o sorriso na cara que se traz do
que se anda ali a fazer. Por vezes, nem
tos. Infelizmente com alguns eventos
local seja infinitamente maior que o
é necessária nenhuma explicação para
aparecem as “limpezas” na zona em
sorriso no mapa.
justificar o que se anda ali a fazer.
redor e todas as caches são brindadas
GM – E acerca do GIGA?! O que nos
Surgem nessas alturas as habituais
com registos que nada têm a ver com
podes dizer? Mais de 6200 attends
manobras de disfarce e na qual a foto-
as caches.
num evento… Não sei se fico contente
grafia é um aliado poderoso.
Posso dizer que tenho-me divertido
ou “chocado”! Isto não era uma acti-
Há no entanto, o reverso dos núme-
e conhecido uma boa parte da comu-
vidade assim para o “secreta”? Coisas
ros. Há um impacto tremendo em
nidade nos eventos. Sem tirar valor
escondidas e não se pode dar nas
algumas caches, desde a curta dura-
a muitos outros, lembro-me bem do
vistas?
ção dos livrinhos como a transforma-
VAMOS TODOS TREPAR – CASCAIS
JM - O Giga (https://coord.info/
ção da área envolvente. Há caches que
(https://coord.info/GC1KBP6) num
GC50FTF). De repente os astros ali-
simplesmente não foram plantadas
dos primeiros contactos, ao vivo,
nharam-se, cortesia de uma alteração
para terem muitas visitas, ou melhor,
com a comunidade local e num sítio
de viagens graças a uma greve de
para não terem um enorme número
onde passei muitas horas na minha
controladores aéreos, e estava na Ale-
de visitas. Só vai prejudicar o local e o
juventude. Ou no primeiro Geoacam-
manha a caminho de Mainz. Ao che-
número de geocachers, não dotados
pamento 2011! (https://coord.info/
garmos ao centro da cidade tivemos o
para o cuidado com as coisas, aumen-
GC2M47R), ainda sem geocaching-
primeiro impacto. Para qualquer lado
ta. Por exemplo, havia várias caches
-pastor, com episódios de geocaching
que olhasse via alguém às caches.
que deixaram de estar activas nesse
que ainda me recordo. Ou no primei-
Seja o miúdo com o telefone, ou o
fim-de-semana. Não só para garantir
ro Mega que participei, The Great
avô centenário com um GPSr, ou uma
a sua longevidade mas também para
50 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GC10CQ3
GC2E07R
Março 2017 - EDIÇÃO 25 51
não serem “encontradas” em modo
tretenimento e diversão. Havia vários
da exposição, servia também para se
imaginário e sem nada para contar.
pontos de interesse para visitar, para
encontrar os códigos das labcaches
A meu ver acho importante a existên-
além das caches (por curiosidade na
em vários locais e depois de alguma
cia de eventos. É uma boa maneira de
altura havia 81 caches com diferentes
acção por quem procurava algo.
a comunidade se conhecer e tal como
combinações e todas no paralelo 50),
Era a segunda vez na Europa e acho
nas caches há de tudo. Há o Barca
Mainz é a cidade de Gutenberg e toda
que até agora só ainda houve 3 edi-
Velha e o branco que só se consegue
a zona do evento era acolhedora para
ções no continente Europeu, logo era
beber com gasosa. Embora por ve-
a partilha de experiências. Não havia
uma oportunidade a não falhar e foi
zes beber uma zurrapa, num abrigo a
excursões organizadas às caches vizi-
uma experiencia bastante didáctica.
ouvir a chuva a cair com amigos numa
nhas mas sim convites implícitos para
GM – Ora ainda bem que introduzes o
saída de geocaching é uma experiên-
se conhecer a cidade.
tema das LabCaches… é um dos as-
cia sem rival.
É uma experiência enriquecedora mas
pectos mais recentes do geocaching
GM – E em termos de organização?
prefiro os eventos mais pequenos,
propriamente dito e não me parece
Participaste nas iniciativas? Como é
com menos gente e que proporcionam
que seja falado o suficiente. Sempre
que se entretêm mais de seis mil pes-
outro tipo de retorno. Se surgir outra
achei que seria a grande novidade
soas?!
oportunidade de participar, vou? Claro.
dos Megas e afins, aproveitadas para
JM - Em termos de organização não
GM – Claro! Também participaria… e
substituir o magote de caches que, re-
deve ter sido fácil. Para além do estí-
ainda sou menos fâ de eventos que
gra geral, são colocadas durante (para)
mulo para haver caches em número
tu [risos]! Mas, além desse ícone algo
o efeito, substituindo estas e sendo
suficiente, o principal objectivo para
incomum de se ter, o do GIGA, tens
apetecíveis justamente por estarem
muitos, há muito mais que está es-
um ainda mais “raro”… pessoalmen-
disponíveis durante pouco tempo… o
condido: a procura de instalações,
te nunca tinha o tinha visto no perfil
que não me parece verdade, de todo.
opções de dormida e acima de tudo
de ninguém, o do “GPS Adventures
Qual é a tua opinião sobre o assunto?
fazer todos os possíveis para que seja
Exhibit”! Do que “trata” este tipo de
Assumo que tenhas feito algumas
positivo para quem visita. Para além
eventos? A que se referia, no caso da
em diversos Megas, além das desse
de uma feira de várias lojas com pro-
Alemanha?
Giga… alguma/s que se destacassem
dutos relacionados com o geocaching,
JM - É. Ter os diferentes ícones tam-
pela originalidade/ideia?
não só confinados aos tradicionais
bém faz parte, lá está, os números a
JM - Por opção ainda não encontrei
TBs, GCs e contentores, havia vá-
aparecerem. O que falas é essencial-
nenhuma LabCache. Acho que no
rias outras iniciativas. Locais onde se
mente uma exposição, quase labirín-
modelo actual são o convite à batota.
podia experimentar, por exemplo um
tica, sobre o geocaching, o sistema
Roça o ridículo que possam ser en-
percurso acrobático, como fazer ma-
GPS, como se o utiliza na procura de
contradas sem se estar no local. Isto
nobras de cordas ou um espaço para
caixas de plástico escondidas e com
é, a maior parte das labcaches estão
actividades infantis. Acabámos por
bastantes partes interactivas. Era ao
associadas a eventos, ora se as pes-
ver um bocado de tudo mas limitados
lado do pavilhão onde decorria o Giga
soas não participam nesses eventos
ao tempo e à quantidade de pessoas
e em algumas horas fez-me lembrar a
não “deviam” poder encontrar essas
no recinto. Curiosamente o Giga só
Expo 98 pela quantidade de pessoas
caches. São o exemplo mais claro
decorria num dia, Sábado, com even-
à espera. O que vi era bastante edu-
que há na comunidade do geocaching
tos satélites nos dias à volta, e, res-
cativo, por exemplo havia uma série
quem tenha o dom da ubiquidade
pondendo à parte de “como se entre-
de fotografias a exemplificar o tipo de
além de que muitos podiam participar
tém 6000 pessoas”: são as próprias
terreno a ser usado nas caches. Sim-
nos Jogos Olímpicos, mas isso é outra
pessoas que criam o seu próprio en-
ples e eficaz. Neste caso, o percurso
história.
52 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Acho as labcaches fantásticas, com um enorme potencial mas ainda com bastantes problemas de juventude. Mais a sério. Acho as labcaches fan-
género “Não necessito de terapia…
cias diferentes das do dia-a-dia.
tásticas, com um enorme potencial
Necessito é de ir para as Montanhas!”!
E sim, uma ida às montanhas é uma
mas ainda com bastantes problemas
Fazes parte daqueles em que uma
injecção de vida e é capaz de dar 10
de juventude. O facto de se poder
t-shirt destas assentava que nem
anos de vida a qualquer um. Tenho a
interagir com alguém, ou de serem
uma luva? E cadê as “6000 (…)” e
sorte de ter o fabuloso território do
colocadas em locais habitualmente
“7000 caches encontradas”?
PNPG não muito longe e como é um
não “legais” abre um enorme leque
JM - “Esses” eventos comemorativos,
local de eleição é o palco perfeito para
de possibilidades interessantes. Elas
que por acaso participam poucos mas
muitas saídas às caches. Embora já
são, de facto, limitadas no tempo (não
que estão abertos a todos, reque-
conhecesse algumas zonas antes do
tanto quanto deviam ou gostaria) e
rem alguma planificação antecipada.
geocaching, é graças às caches que
substituem, de forma eficaz, as ca-
Acertar uma data tentando coincidir
explorei alguns dos seus locais mais
ches “temporárias” mas o facto de
com o número nem sempre é possí-
recônditos. E há sempre coisas novas
não terem nada que ligue o geocacher
vel e porque também há caches que
para ver, ou rever, e jornadas a parti-
ao seu “achamento” denigre a coisa.
merecem ser encontradas como uma
lhar. Toda aquela zona montanhosa
Como está é uma enorme partilha de
comemoração as 6000, Hefesto, e as
está ali à espera para ser explorada
códigos. Estive bastante envolvido nas
7000, Le bonus ... La porte est en-de-
e em todas as estações do ano. Há
LabCaches do Love Love Braga e pude
dans, foram-no em caches “especiais”.
caches? Melhor ainda.
apreciar o que se passou. Houve mui-
Escolhidas não pela cache, o objecto,
Respondendo à tua pergunta se é o
tas encontradas sem visitas ao local
em si, mas por todo o resto e nestas
meu elemento. Sim, este tipo de ter-
ou sequer lidas. É pena, pois a ideia
duas últimas vezes pela oportunidade.
reno é um dos meus favoritos e uma
tem pernas para andar, se melhorada
Muitas vezes é o passeio, a viagem
ida às caches nestas condições, nem
e com mais protecções anti-batota.
até chegar ao ponto zero, que vale a
que seja só uma nesse dia, é logo
Esse é também um problema de edu-
pena. A cache é a cereja no topo de
colocada à frente de outro tipo de
cação da comunidade.
um fabuloso bolo de chocolate, sucu-
programas. Se vislumbrar a hipótese
GM – Deixemos os eventos de tercei-
lento e com uma generosa cobertura.
de um FTF numa caches destas ainda
ros, para centenas de participantes
O convívio numa caminhada em terri-
melhor. Uma cache com algum envol-
e falemos um pouco dos teus, para
tório agreste e em modo cinemacolor
vimento e esforço sem relatos ante-
poucas dezenas (quando ultrapassam
tem outro sabor. Um sabor diferente
riores e sem marcas no terreno, tem
a dezena! [risos]). Deixando de lado
de uma jantarada ou uma ida às ca-
um sabor diferente.
os “comemorativos” do 29 de Feve-
ches dentro de um carro em modo pá-
GM – “Jornadas a partilhar”… deixa-
reiro, poucos mais sobram do que
ra-arranca. Uma caminhada de várias
me pegar nessa dica [risos]. Uma das
aqueles que celebram as Montanhas
horas eleva o geocaching para outro
tuas “marcas registadas” são, obvia-
e o PNPG! Entramos no teu elemen-
patamar. Aquele que estreita laços de
mente, os registos, invariavelmente,
to? Tenho visto imensos anúncios do
amizade e que proporciona experiên-
detalhados e personalizados e carreMarço 2017 - EDIÇÃO 25 53
gadinhos de fotos (quase 26000 fotos
caches gosta de receber um registo
ta. Escrevo com tempo, escolho as
nos logs!!). Nem sempre foi assim,
“chapa 5” com a receita de arroz de
fotografias para cada cache e depois é
certo? Tens verdadeiros textos/relatos
lingueirão. Igualmente quando vais
só dar fogo à peça.
em caches e aventuras mais especiais,
procurar caches é sempre muito mais
E tal como o tamanho dos registos é
mas sempre alguma coisa a dizer em
simpático, e útil, quando vais ler os
directamente proporcional a um tipo
todas (praticamente todas?!) as ca-
últimos registos à procura de algo
de caches, não estou a ver registos
ches por onde vais passando. Tens
que te ajude a descobrir o que te está
de 4000 caracteres numa cache cujo
noção de quando, e o porquê, é que
a escapar ter algo referente àquela ca-
principal interesse é o objecto em si,
adoptaste esta “postura”?
che. Por vezes vejo uma vantagem em
o número de fotografias acompanha
JM - Sim, em muitas caches são mes-
ir tentar um FTF numa cache, não há
esse efeito. Há caches, principalmente
mo jornadas a partilhar. E é isso que é
leitura estéril e improdutiva.
pela paisagem que as rodeiam ou pelo
o geocaching, a partilha, certo? Ob-
Faço sempre um esforço para ter re-
tempo que requerem, que aumentam
viamente que nem sempre foi assim,
gistos personalizados. Afinal a cache
o formigueiro no dedo indicador direi-
os registos com muitas letras. Inicial-
é única por muitas tentativas que haja
to.
mente até me parecia que havia pouco
para as transformar em gémeas idên-
De qualquer forma tento, na forma de
mais que nada a dizer mas aos poucos
ticas, por vezes por quem as colocam,
relatar, tanto na escrita como fotogra-
fui melhorando o processo de escrita
e por isso merece atenção individual.
ficamente, aquilo que senti na procura
e descobri que afinal há muita coisa
Às vezes pode parecer complicado
das caches, tentando não produzir
para explorar mantendo-se a descri-
mas há sempre algo para dizer.
algo que não gostaria receber numa
ção da procura da cache. É certo que
As fotografias vieram por acréscimo.
cache minha e sem deixar de exprimir
caches que necessitam de mais tem-
Inicialmente não colocava tantas (des-
a minha opinião, positiva ou negativa.
po para serem encontradas originam
cobri agora que desapareceram umas
GM – E por falar em colocar caches..
registos mais longos, existem mais
quantas), não que não existissem mas
não é só na “procura” que se nota que
pormenores a contar e é mais fácil
porque o método que usava para as
tens predileção pelas Earthcaches e
encontrar palavras para exprimir a sa-
colocar com os registos era moroso
pelas Caches Mistério. As tuas co-
tisfação. Depende essencialmente das
e trabalhoso. Usando só o site é tudo
locações também revelam essa tua
caches a visitar e como as que servem
menos produtivo e muitas vezes fui
tendência, com dois terços das tuas
de semente e inspiração à escrita es-
deixando fotografias para trás até ter
caches colocadas pertencendo a esses
tão no lote das preferências é normal
uns milhares à espera. Num dia, em
dois tipos. Mas há mais coisas que
que os registos sejam maiores.
conversa, descobri que o GSAK servia
retêm a atenção ao observar a lista
A meu ver há uma altura que existe
para colocar fotografias para além de
das tuas caches colocadas… uma é
uma nova preocupação na qualida-
tratar dos registos (o que eu ainda não
a Dificuldade dos mistérios!!! Já não
de dos registos: quando colocas uma
fazia). Daí para a frente tudo se trans-
bastava serem Mistérios [risos], ainda
cache. Acho que ninguém que coloca
formou e agora só uso essa ferramen-
têm de derreter a paciência/cabeça
Tento, na forma de relatar, tanto na escrita como fotograficamente, aquilo que senti na procura das caches, tentando não produzir algo que não gostaria receber numa cache minha (...) 54 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GC6EEN7
GC65J9B
Março 2017 - EDIÇÃO 25 55
56 Março 2017 - EDIÇÃO 25
aos incautos geocachers?!
sem o desfrute.
thcaches acontece bastantes vezes.
JM - É normal que coloque caches
É verdade que são complicados e tra-
Há sempre alguma coisa que chama a
que me agradam do ponto de vista de
balhosos mas tento que tenham uma
atenção e que pode ter potencial para
quem as procure. São essas que me
certa lógica, com fio condutor numa
uma earthcache. Foi assim que acon-
cativam e sei que também há quem
história e que não sejam só resolúveis
teceu n’ O bastão de Saruman, n’ Os
procure caches com estas caracte-
por manobras de adivinhação. Servem
cristais escondidos ou n’ Um aplito no
rísticas. Assim as caches colocadas
também para que alguns ainda se
PNPG. Todas descobertas em idas a
por mim reflectem um pouco os meus
mantenham dentro dessa nobre ac-
outras caches e em desvios para ir ali
gostos tentando sempre mostrar
tividade e quase em desuso nos dias
observar o que é aquilo que despertou
alguma coisa diferente das caches do
de hoje que é a leitura da descrição da
a nossa atenção.
décimo de milha.
cache. Essencialmente são para quem
O difícil é por vezes saber como lhe
Os mistérios com dificuldade elevada
aprecia o género. Acho que todas as
pegar ou então comentar que um pas-
seguem essa tendência. Gosto de vez
caches colocadas são para um deter-
seio com um geólogo aqui, por exem-
em quando exercitar a massa cin-
minado público-alvo.
plo no PNPG, seria bastante produ-
zenta, em vez de, por exemplo, fazer
Há também outro interesse em que
tivo. À conta do “aqui dava uma cena
palavras-cruzadas e encontrar uma
existam caches mistério: limitar o
fantástica” tenho vários projectos de
solução nos vários problemas que se
número de visitas num determinado
earthcaches parados. Uns com pernas
encontram nas caches enquadra-se
tempo. Há locais que não estão pre-
para andar mais rapidamente outros à
perfeitamente nessa “actividade”. E
parados para terem, repentinamente,
espera de algo para lhes dar um em-
ninguém é obrigado a encontrar to-
muitas pessoas a circular. Seja por
purrão. De qualquer forma o método
das as caches. Fazem parte do jogo,
serem locais de natureza a preservar,
não varia muito de teu e assim que
é certo, e na maior parte das vezes
seja por serem locais urbanos que ao
vejo alguma coisa de diferente ou com
basta procurar um pouco pela solução.
terem demasiado movimento dimi-
potencial vou pesquisar sobre o as-
Geralmente há sempre disponibili-
nuem consideravelmente o tempo de
sunto. Há bastante informação graças
dade de quem cria os mistérios para
vida da cache.
às novas tecnologias e aprende-se
indicar o melhor caminho. Basta pedir
GM – E sobre as ECs? Dás por ti nos
muito a ver outras earthcaches. Te-
com bons modos e a experiência, para
passeios/caminhadas a pensar “Que
mas não faltam. E é pena que não seja
todos, é muito mais gratificante do
cena fantástica!! Ali ficava mes-
mais explorado por outros. A meu ver
que só ir ao ponto final. É como estar
mo bem uma EC!” ou “Que raio será
é um bom exercício a criação de uma
a ver alguém a comer um gelado e
aquilo? A ver se mando uns emails
earthcache por todos. Havia pelo me-
no fim, agarrar na embalagem vazia,
ao Daniel quando chegar a casa!”?
nos uma maior noção que dão bastan-
e ao mostrar aos outros, dizer: tam-
Pessoalmente, é a minha postura
te trabalho, contínuo, e que receber
bém comi e estava muito bom mas a
desde que me “apaixonei” pelas ECs,
respostas iguais (aquelas que andam
pensar que nem sei o que dizer se me
nomeadamente as do Daniel junto à
a circular) não traz, de todo, nenhuma
perguntam pelo sabor do mesmo. Era
belíssima costa aqui do distrito Lisboa.
satisfação. Servia como lição de como
gelado pelo que sei, seria a resposta
Em termos de founds … saíram-te os
respeitar melhor quem lhes providen-
adequada. O verdadeiro sabor, o con-
tais “pepinos” nos registos ou tens o
cia o sorriso no mapa. Quase que dava
tacto frio com a fantástica textura, o
retorno que esperavas?
uma tese sobre o comportamento
voltar à infância e tantas outras recor-
JM - Tal como nas caches mistério em
humano a quantidade de justificações
dações ficam no limbo e não são de-
que por vezes tropeço por um assun-
nas respostas. Há quem tenha, real-
vidamente apreciadas. Fica-se sim-
to que merece a pena ser explorado e
mente, uma imaginação prodigiosa.
plesmente pela mostra do sorriso mas
adaptado a um bom desafio nas ear-
Em termos de founds. É complicado Março 2017 - EDIÇÃO 25 57
mencionar as caches más ou naquelas
acesos/participados teus no Fórum do
relativamente ao universo de geoca-
em que retorno seja menor. Há pelo
Geopt [risos]. Antes de fazer algumas
chers e ultimamente quase direccio-
menos uma certeza. Aquelas que só
perguntas sobre os tópicos onde par-
nada para um certo tipo de caches:
estão escritas em idiomas que não
ticipas/aste mais, queria saber a tua
as de contentor e em locais onde há
domino. Por vezes a lição não é tão
opinião sobre utilização dos Forúns,
grande densidade de geocachers.
interiorizada como o pretendido. Ou
Facebook e afins nesta nossa activi-
À partida, e a meu ver e como estão
aquelas earthcaches cujas páginas
dade. Os fóruns até andam bem ador-
as coisas, uma cache nomeada ou até
estão em imagem. Nada mais inútil ir
mecidos.
vencedora não é sinónimo de cache de
ler a cache no GPS e ver que ou não
JM - Os fóruns e o facebook. São, ou
elevado retorno satisfatório. Eu gosto
está a imagem ou então é de leitura
podiam ser mais, um espaço para
de comemorar alguns marcos em ca-
impossível. E mesmo no telefone por
tirar dúvidas e partilhar o geocaching
ches com significado e não me lembro
vezes é uma tarefa improdutiva. Por
de cada um. Muitos já o fazem, pelos
de alguma, vencedora, que me cative
alguma razão os registos são em tex-
registos nas caches, mas para além
para um desses festejos. Se calhar a
to corrido e não em imagem. Há outro
disso é um local onde se pode dinami-
Fenda da Calcedónia pode-se enqua-
factor que interfere no retorno: o facto
zar a actividade. Não participo muito
drar nesse lote.
de as perguntas não estarem logo no
nos grupos do facebook relacionados
Participei activamente nos critérios de
início. Torna-se por vezes frustrante
com o geocaching, há bastantes e
nomeação, essencialmente, porque
andar a passar texto, que por vezes só
por vezes é mais fácil ir só a um local.
num dos anos quando fui votar, as
são cópias da wikipedia e ainda com
Há quem transforme o seu geoca-
caches que me deram mais satisfação
os URLs, à procura do que é preciso
ching em facecaching, passando para
nesse ano nem sequer apareciam na
fazer.
o facebook os relatos e as fotos das
lista de caches. E se não posso votar
Em geral as earthcaches “negativas”
idas às caches. No fundo são espaços
nas que de facto para mim são as me-
são aquelas em que não há grande
úteis.
lhores algo estava errado.
ligação à parte científica e ao que se
GM – Também acho isso… acho que
Entretanto os critérios foram altera-
vai ver. Geralmente são aquelas que
há muitos. Gostava que a coisa esti-
dos e quase só se baseiam num fac-
basta procurar alguma coisa para se
vesse mais concentrada. De vez em
tor: favoritos.
saber as respostas mesmo antes de
quando deixo passar algumas coisas
O modelo actual sofre de um gran-
ir ao local ou com textos enormes e
interessantes, até coisas que gosta-
de mal. As caches não tem tempo de
que depois se traduzem em tarefas
va de aprofundar para a revista, por
maturação suficiente para uma avalia-
não muito apelativas. Por isso devia
não as ver em tempo útil, exatamente
ção correcta. Aumentando esse tempo
ser obrigatória uma foto, com exif,
por estarem dispersas. Voltando aos
as caches efémeras, aquelas que se
no local como um dos requisitos das
“tópicos onde participas/aste mais”…
destinam a ter uma vida curta e com
earthcaches. Diminuíam as “aulas” de
estou a falar obviamente daqueles no
grandes resultados, nem sequer eram
geologia a lembrar a tele-escola e em
Geopt relacionados com os “Prémios
nomeadas quando mais vencedoras.
grupo.
GPS”. Tens sido um apaixonado contri-
Quantas caches vencedoras é que
Mas continuo com a mesma aprecia-
buidor para as discussões relaciona-
ainda estão de saúde e semelhantes
ção: globalmente o retorno das earth-
das com o tema nomeadamente nas
ao seu estado inicial?
caches, é, até agora, bastante satisfa-
“sugestões”. Como tens visto a evolu-
A iniciativa pode ser melhorada? Pode.
tório.
ção desta iniciativa?
Há interesse pela comunidade? Não
GM – É-me difícil ir conversando
JM - Tenho visto como uma grande
creio, dado o grau de participação
contigo e não deixar resvalar o pen-
iniciativa, no início, reduzida a uma
tanto na escolha dos critérios de no-
samento para alguns debates mais
participação quase não significativa,
meação como nas votações. Vamos
58 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GC4TYKJ
GCHKPE
Março 2017 - EDIÇÃO 25 59
GC4D7HZ
GC4HNY5
60 Março 2017 - EDIÇÃO 25
ver se algo muda ou se há interesse
cache está, efectivamente, no lote das
Assim de repente e por várias razões:
em mudar.
suas caches favoritas, a nata da nata.
Montanhas Nebulosas [PNPG] (ht-
GM – Hum… Mais do que nas Vence-
Nem todas as caches fantásticas, por
tps://coord.info/GC3C7J6), Do Vale
dores, gostava de não encontrar os
muito boas que sejam, têm lugar nes-
à Montanha (https://coord.info/
teus amigos “pepinos” nas Nomeadas
sa lista. Para mim as caches, daquelas
GC436F3), Gaia (https://coord.info/
[risos]! Gostava que tivéssemos uma
com C grande, são aquelas que são
GC4FVBG), Band of Brothers - Bas-
comunidade que se interessasse por
capazes de despertar o escriba que há
togne - Part 6 (https://coord.info/
isso, por melhorar (neste contexto) as
em cada um de nós e também cha-
GC10CQ3), Dicen que ... (https://coord.
caches apanhadas na iniciativa.
mam por fotografias. Daí que há quem
info/GC53AYN), Zwerge 3 / Dwarfs 3
Mas deixemos de lado o malfadado
procure caches que tenham bastantes
(https://coord.info/GCPBD0), Master of
fruto do pepineiro e foquemo-nos nas
fotografias nos registos. Nem tudo
Mystery #17 – LUXEMBOURG (https://
outras, aquelas que referes como de
pode ser restringido a números totais
coord.info/GC45DN5), Tonel, o irmão
“elevado retorno satisfatório”. Tenho
de favoritos e visitas.
mais alto da Calcedónia (https://coord.
alguma curiosidade em particular na
E falando no topo. É verdade, ir à
info/GC4TYKJ), Ribeira das Cabras
tua conquista da Noiva! Três anos e
Noiva foi, novamente, uma experiên-
(https://coord.info/GC2VYXZ), Well
meio volvidos da publicação e és de-
cia fabulosa. Não era a primeira vez
of River Listica (https://coord.info/
tentor do único “found it”!
que lá ia e nunca pensei que lá voltaria
GC2RRPW), Estepes do Norte - Are
JM - Pois, é isso mesmo, maior inte-
passada uma vintena de anos ou que
you Tough Enough? (https://coord.
resse e empenho na comunidade em
fosse escalar outra vez. Graças ao
info/GC317F5), Europe’s First (https://
melhorar a iniciativa. É complicado
geocaching calcei de novo umas bo-
coord.info/GC43) ou Challenge 81
ver caches nomeadas com erros de
tas de escalada. Daquelas que trazem
(Rio Frades) - MG12 (https://coord.
Português, ler logo na primeira linha
algumas recordações apertadas e, em
info/GC1R9P6) , As Albas (https://
de uma cache “à muito tempo exis-
algumas situações, são autênticos
coord.info/GC3E8ZC), uma das caches
tia..” tira-me do sério, ou caches que
instrumentos de tortura. É uma das
que mais nos saiu do pelo para ser
não estão completamente dentro
caches verdadeiramente de aventura
encontrada. Condições complicadas.
das “guidelines” ou com problemas
em Portugal a par de algumas cami-
Todas elas trazem-me à memória
de acessibilidade; leia-se toda a in-
nhadas de longa distância. Daí que
boas recordações, de dias bem passa-
formação contida numa imagem.
não tenha tido, ainda, mais visitas.
dos e são uns bons exemplos do que
Infelizmente somos todos humanos e
Requer algum material específico,
há de melhor no geocaching.
os prémios vieram trazer alguns com-
alguma preparação, tempo disponível
GM – Ora aí está uma selecção bem
portamentos menos éticos para dar
e não dá para ir ao ponto final directa-
eclética de geocaches… Multis, Tradi-
visibilidade a determinadas caches. É
mente.
cionais, Mistérios, algumas acessíveis
pena por que acho que não é de todo
Agora com o tempo de suspensão da
e carregadas de visitas, outras bem
o interesse de quem os organiza. Mas
cache devido à nidificação só outra vez
durinhas e com pouco mais que um
como há gostos para tudo, há sempre
em Julho é que está disponível.
punhado de geocachers a arriscar a
quem goste de pepinos ou transfor-
De qualquer maneira nem todas as
sua conquista (curiosamente, nenhu-
me, com varinhas de condão, pepinos
caches são para serem encontradas
ma EC, [risos]).
em saborosas e deliciosas mangas.
por todos. Há para todos os gostos e
Acredito que muitos geocachers, à
E nem todos gostam de mangas. É
de todos os feitios.
semelhança do que se passa com as
como a questão da atribuição de favo-
Não é só a Noiva que me trouxe “ele-
caches do CLCortez e do MAntunes ali
ritos. Há quem os atribua só pelo café
vado retorno satisfatório” há, eviden-
para os lados do Douro, têm vindo “a
ali ao lado da cache, outros porque a
temente, outras caches nessa lista.
sonhar” com a Montanhas Nebulosas Março 2017 - EDIÇÃO 25 61
[PNPG] [GC3C7J6] que referes acima
com quem chega a Erebor, colocar a
Gaia. Não só pelo FTF numa cache
e que “ajudaste” a colocar (eu sou um
cache com mais dois hobbits envol-
em que demorei meses a encontrar
deles… e ainda nem conseguir ir em
vidos por uma nuvem de formigas
a solução mas também pelo desafio
busca das outra que referi). É coin-
aladas e depois ir apaziguar as mas-
de lá chegar. Tivemos que fazer um
cidência que a tenhas colocado em
sacradas pernas num banho nocturno
compasso de espera pois havia ainda
primeiro lugar desta lista?
nos banhos quentes de Lóbios, Rio
gelo na zona e não nos apetecia sen-
JM - Agora apanhaste-me despreve-
Caldo Hotsprings (https://coord.info/
tir de forma mais pronunciada o seu
nido. Não incluí nenhuma earthcache
GC3PD58). É daquelas caches que
efeito. Foi uma boa maneira de acabar
nem sei, de repente, qual foi a razão
vale pelo percurso a percorrer, não
2014 numa das últimas saídas para as
da ordem desta lista. Correndo o risco
menosprezando o local final, pelos
caches desse ano.
de não mencionar algumas lembro-
laços que se formam com quem nos
Band of Brothers - Bastogne - Part 6.
me rapidamente de três; pelo local
acompanha, (não é uma cache para
Por todo o enquadramento histórico
fabuloso que é, não tanto pela lição
ir sozinho) e por todas os locais, com
da cache, dos locais que se visita e
geológica lembro-me bem da plitvice
caches associadas, que se visitam. É
por no dia em que lá fui haver várias
lakes (https://coord.info/GC1FNKR) ou
para mim uma das verdadeiras ca-
recriações enquadradas na memória
no contexto mais pedagógico a Pumi-
ches de caminhada em Portugal, não
dos 70 anos da Batalha das Ardenas.
ce rocks density (https://coord.info/
só pela zona a percorrer bem como o
Nesse dia estava frio e neve mas lon-
GC3WB4P) a lembrar tempos do liceu
afastamento da civilização em algu-
ge dos vinte e oito negativos sentidos
ou a fabulosa Dear Nature, is my bath
mas partes. Isto claro está pela óbvia
por quem dormia nos bosques. Há
ready? (https://coord.info/GC4ECCE)
ligação com o universo do Tolkien que
uma série televisiva que relata bem
pela experiência do banho. A primeira
qualquer iniciado na história da Terra
o que se passou por aqui. Uma cache
vez que lá fui foi em Fevereiro e o con-
Média imagina ao ver a paisagem cir-
que serve para pensar.
traste do frio do mar de Inverno com
cundante. É quase sempre um prazer
Dicen que ... Um FTF exactamente
o quente de parte da água da piscina
ler os relatos de quem a vive.
dois anos depois de ser publicada. Um
vai-me ficar para a vida.
E como é exactamente pela experiên-
bom desafio cultural, fiquei a conhecer
Voltando à lista e pensando melhor
cia vivida em cada cache que estas
mais sobre esta escritora Galega e foi
não há nenhuma razão por estar no
foram incluídas nesta lista partilho
um grande dia de convívio.
topo. São vários os motivos que me
também a razão da sua escolha. As
Zwerge 3 / Dwarfs 3. Outra cache
fizeram lembrar destas caches e que
Montanhas Nebulosas já foram men-
de importância histórica e carrega-
vão continuar nas caches que para
cionadas.
da de significado além do local ter a
mim, estão no patamar de fabulosas.
Do Vale à Montanha. Curiosamente
capacidade de transformar qualquer
Mas para estar logo no início pelo me-
também na zona de Castro Laboreiro
um num Indiana Jones. Percorrer um
nos é porque marca uma grande aven-
mas numa zona não muito explorada
forte da Linha Maginot com seis pi-
tura. E na qual estive envolvido desde
e assim sem muitas visitas. O facto de
sos abaixo de terra é uma experiência
o seu início: a preparação e procura de
ser nos confins do mundo tem alguma
inolvidável e sem preço. Ver, numa das
trilhos. Logo nessa parte percebemos
importância para que ainda só haja
paredes das camaratas, uma janela
logo que a jornada seria épica. Quan-
uma dúzia de visitas em quatro anos
pintada por um soldado com uma vis-
do saímos de Castro Laboreiro, eu e
de existência. Foi escolhida para cele-
ta para o campo dá que pensar. Não é
o António, tínhamos uns trilhos nos
brar um marco, as 3000 dos Joca.Sara,
por acaso que é uma das caches com
GPSr mas com algumas interrogações
pela caminhada simpática, pela en-
mais favoritos de França e é uma sim-
em algumas ligações. O chegar ao fim,
volvência paisagística e foi uma bela
ples caixa de plástico igual às usadas
depois de 75 quilómetros nas pernas,
manhã entre amigos.
para guardar comida no frigorífico. Por
62 Março 2017 - EDIÇÃO 25
curiosidade encontrei-a quase doze
visitas.
ver no aparelho electrónico o carro a
anos, faltavam dois dias, desde a sua
Ribeira das Cabras. Um FTF colectivo
navegar em nenhures. Foi o primeiro
colocação.
numa noite de maluqueira, no pri-
FTF dos meus sobrinhos e cunhados,
Master of Mystery #17 – LUXEM-
meiro Geoacampamento em Mondim
gogaguiga, e só com alguma persis-
BOURG. Um verdadeiro trabalho de
de Basto, e na qual desistimos umas
tência é que não resultou num DNF.
equipa na resolução, entre mim e o
cinquenta vezes mas como havia algo
Foi uma aventura e peras.
cache.a.lot separados por quase 1500
que nos impelia fomos avançando
Estepes do Norte - Are you Tough
quilómetros, e onde havia duas geo-
até chegarmos à caixinha. Passaram
Enough? Uma cache fantástica pelo
coins para ganhar. Uma para quem
quase seis anos e tenho quase a cer-
sentimento de conquista, e de desafio
resolvesse primeiro e outra para quem
teza que se falar, agora, com qualquer
superado em cá chegar e que foi es-
a encontrasse primeiro. Só ganhámos
um dos que lá foi, a simples lembran-
colhida para assinalar as 2000 caches
a última e falhámos por pouco a pri-
ça trará, certamente, um sorriso nos
do pbrandao. Extraordinário desafio
meira. Nesse dia houve um evento em
lábios. Comer uns chouriços assados
e ainda me lembro de vir ali à lagoa,
Braga e nesse espaço de horas apare-
em aguardente às três da manhã já no
antes de ter descoberto o geocaching,
ceu um verde. Valeu por aquilo que se
parque de campismo foi a celebração
para a ver toda gelada e com neve por
aprende na resolução, pelo “trabalho”
apropriada. Marcou verdadeiramente
estes lados. Para além da subida foi
à distância e pelo local final.
o espírito vivido nesses dias.
um belo dia de geocaching.
Tonel, o irmão mais alto da Calcedó-
Well of River Listica. Um FTF na Bós-
Europe’s First. Além de estar num
nia. Um FTF a solo, a celebrar o Dia
nia numa cache com quase quatro
bonito local é uma cache marcante por
Internacional das Montanhas, e num
meses de existência e onde a navega-
ser a primeira a ser colocada, como o
local fantástico pelas vistas. Ir ali ver
ção foi feita com um misto de mapa
seu próprio nome indica, no território
o nascer do dia é daqueles momentos
em papel e GPSr. A qualidade dos ma-
europeu. Não é todos os dias que se
por que algumas caches merecem ter
pas ali não é muito boa e é engraçado
encontra uma cache do ano 2000.
GC3V7DM
Março 2017 - EDIÇÃO 25 63
Dentro do panorama actual de caches a metro ou vocacionadas para a bricolage haverá seguramente outras que poderão despertar o interesse e possivelmente entrarão no lote das caches a reter. Challenge 81 (Rio Frades) - MG12. A
ches que ficaram de fora mas estas
geocaching ao de cima: ir a um local
primeira cache que me fez descobrir
continuam registadas nas páginas do
que interessante de um ponto de vista
a matrix e as suas 81 combinações.
livro das caches.
histórico ou natural, uma história bem
Até esta cache ser publicada nunca
Dentro do panorama actual de caches
contada ou uns bons momentos de
tinha reparado ou ligado muito a este
a metro ou vocacionadas para a brico-
convívio e aventura. Se for possível
pormenor. Quando a cache apareceu
lage haverá seguramente outras que
juntar tudo para a experiência ainda
fui ver o que me faltava para comple-
poderão despertar o interesse e pos-
ser melhor, fantástico.
tar a primeira volta e onde seria essas
sivelmente entrarão no lote das ca-
Não tenho assim nada especial mar-
caches. Depois de cumprida a primeira
ches a reter. Aquelas que por alguma
cado. Há na verdade algumas caches
parte faltava juntar um grupo para lá
razão ou por outra estão na mira e que
a visitar. Umas que, por alguma razão,
ir e com direito a descida do rio. Ainda
podem ser incluídas em alguma saída
ainda estão à espera de FTF já há uns
demorou algum tempo a esperar que
às caches. Depende essencialmente
tempos. Algumas que envolvem ca-
todos tivessem os requisitos e espe-
da disponibilidade e dos objectivos
minhadas maiores ou com logística
rar para a altura certa. E por pouco
dessas alturas. E há tantas caches que
diferente ou até outras que têm ficado
falhávamos na janela do bom tempo
por vezes é difícil escolher e acertar no
esquecidas. E outras que são neces-
pois ainda apanhámos alguma chuva
alvo. Dá algum trabalho procurar, se-
sárias para algum objectivo. Por vezes
e granizo na parte final. Deu para tes-
leccionar e depois encontrar as condi-
depende mais da oportunidade, da
temunhar o aumento do caudal do rio
ções apropriadas (ocasião, companhia,
zona a visitar e também das condições
e acho que ninguém do grupo se es-
clima..) para lá ir.
climatéricas. Há claro algumas caches
quece desse dia. Foi um saboroso FTF
A título de exemplo da lista destas ca-
que continuam do lote “não passa
numa cache de verdadeira aventura
ches e nas caches portuguesas, 7, só
deste ano”. Mas não tenho nada defi-
além das outras 81 caches a serem
foram nomeadas 3 (Gaia, Ribeira das
nido.
encontradas e que lhe dão acesso.
Cabras e Estepes do Norte). Ou seja
GM – E colocações, como estás nessa
E finalmente As Albas. Outro FTF mas
não temos todos os mesmos gostos
vertente? Vai sair alguma coisa, previ-
não foi só essa a razão de ficar neste
e preferências sobre o que faz uma
sivelmente, memorável pela tua mão
lote. As condições que vivemos, eu
cache passar para o nível superior.
em 2017?
o Fernando Rei e pbrandao, foram
GM – Excelentes aventuras a recordar
JM - Há sempre alguns planos de co-
das mais duras que apanhei nas lides
sem dúvida! Para este ano de 2017,
locação. E só são memoráveis depois
do geocaching. O tempo não estava
tens alguma coisa especial na calha?
de saber a opinião de quem as en-
simpático para se ir às caches nesse
Alguma cache daquelas que fazem
contra. Uma coisa é a experiência na
dia mas talvez por isso é que há ainda
parte da tua “Bucket List”?
colocação, por vezes implicam alguma
mais factores para me lembrar deste
JM - Pois foram e são. Só pelo facto
“aventura” outra é mesmo se a men-
fabuloso arco granítico. Já lá passei
de me continuar a lembrar delas, e do
sagem chegou ao destinatário. E isso,
mais um par de vezes e é sempre es-
porquê da existência dessas caches,
por vezes e nos tempos que correm,
pectacular.
já valeu a pena ter ido lá. Traz várias
não é mais comum. Não é nada mo-
Obviamente que houve algumas ca-
das partes mais interessantes do
tivante receber relatos da história da
64 Março 2017 - EDIÇÃO 25
GC3E8ZC
carochinha, por vezes a justificar o
literários cheios de conteúdo, capazes
JM - Claro que não. É como tinha
injustificável, em vez de um registo
de nos transformar para esses locais,
referido, os objectivos dependem
apropriado à cache encontrada. Este
ou até incentivar a que alguém vá lá,
essencialmente da disponibilidade
retorno não é estimulante à criação
Obviamente que vou continuar a colo-
e à colocação de caches. Há sempre
car caches e para além da descoberta
e dos locais a visitar. Por vezes é ao
quem se contente em vez de tentar
ocasional, tenho algumas em lista de
resolver um enigma, e assim aprender
espera. A ver se consigo fazer como
alguma coisa, obter as coordenadas
tudo imaginado e planeado.
do ponto final sem passar nos pontos
GM – O importante é que te lembres
intermédios, virtuais ou físicos. Ou,
de avisar de alguns desses planos te
sem se quer ir ao local, obter as res-
aproximarem aqui do distrito da Capi-
postas de uma earthcache e assim,
tal! [risos]
estar legitimado para a encontrar. Ou
E assim chegamos ao fim desta nossa
até numa cache de acesso complica-
conversa! Obrigado João pela disponi-
do, ficar a olhar sem sequer tentar.
bilidade e abertura em partilhar con-
E assim é óbvio que o relato dessas
nosco a tua já tão rica presença neste
Texto: Rui Duarte (RuiJSDuarte)
descobertas são geralmente textos
nosso hobbie!
Fotografia: João Martins (Joom)
contrário mas se for para esses lados avisarei certamente. Agradecido estou eu por poder partilhar, de outra forma, algumas das aventuras no fabuloso mundo do geocaching. Posso dizer que é uma honra receber o interesse da revista sobre geocaching portuguesa. Continuação de um bom trabalho.
Março 2017 - EDIÇÃO 25 65
À D E S C OB E R T A
Caminho do Xisto da Benfeita por
FRAGA DA PENA
66 Março 2017 - EDIÇÃO 25
V ale n te C r u z
O Caminho do Xisto da Benfeita é um
parede em forma de fortaleza. Com o
pela encosta para Pardieiros. Percebe-
percurso circular com cerca de 10 km
verde envolvente, parecia um paraíso
mos então que o trilho está desviado
no coração da Serra do Açor, no conce-
perdido de sentidos. É sempre interes-
lho de Arganil. Saindo da aldeia, a par-
sante ver as diferentes formas que o
da Fraga da Pena. Não sabemos se se
te inicial do percurso deambula pelos
homem tem para domar os cursos de
resquícios de uma agricultura que vai
água aos seus interesses. Depois de
sobrevivendo ao tempo e ao abando-
um pequeno desvio até à cascata, su-
no. Os socalcos, as vinhas e os olivais
bimos pela vertente mais acidentada
parecem ter sido criados a régua e es-
e chegámos ao topo do vale. Tivemos
final visitaríamos o local.
quadro, aproveitando os terrenos das
então uma visão inteira do que havía-
A passagem por Pardieiros foi rápi-
encostas conquistadas pelo Homem.
mos percorrido.
da e descemos em direção à ribeira
Os prados estendem-se de verde pe-
O percurso abandonou depois as linhas
da Mata. À medida que progredíamos
las margens da ribeira desde a aldeia
de água e subiu a encosta em direção
até montante. Num ambiente bucólico,
percebemos que existem de facto mui-
à aldeia do Sardal. Pelo meio aprovei-
prosseguimos pelo trilho que fura en-
támos para fazer uma paragem para
tas pessoas por lá a recuperar casas
tre campos e fomos encontrando al-
o almoço e reter as vistas. Entretanto,
guns moinhos em relativo bom estado
a paisagem alterou-se. A vegetação
de conservação.
e o arvoredo variado deram lugar aos
À medida que se sobe a ribeira o ter-
pinhais cerrados. O passo tornou-se
reno torna-se mais íngreme e surgem
mais lesto e começámos a vislumbrar
lamento parece estar na moda!
os balcões de xisto entre os socalcos.
o Sardal. Mais acima reencontrámos
Acompanhando a ribeira, fomos pas-
Termina a zona que ainda vai garan-
os campos agrícolas em luta com o
sando por antigos campos e vimos
tindo uma agricultura de subsistência
abandono e entrámos na aldeia, con-
várias casas que anseiam por recupe-
e entra-se num espaço que está a ser
tornando a sua história de isolamento.
paulatinamente recuperado por uma
Atingimos o ponto de maior altitude e
rações. Apanhámos então uma levada
natureza mais selvagem. Os socalcos
a partir daquele momento o percurso
vão ficando preenchidos de vegetação
seria maioritariamente descendente.
e o acesso à ribeira complica-se.
Socalco após socalco, do outro lado
Tivemos então a benesse de a nossa
da ribeira vislumbrámos uma casa em
visita ser pós-outonal. As folhas caídas
construção. É sem dúvida um local de
preenchiam o percurso e as árvores ga-
excelência para quem quer uma vida
nharam uma paleta de cores que tor-
regada com paz e sossego. A passa-
galidade esquecida.
naram o cenário muito pitoresco. Cada
gem pela ribeira de Enxudro marcou
Para terminar em grande, fomos re-
estação tem o seu encanto, mas estas
mais um ponto de excelência no per-
cores são imbatíveis. O trilho tinha ain-
visitar e fotografar a Fraga da Pena,
curso. Aproximávamo-nos da famosa
da outro ponto cromático e alimentício
Fraga da Pena, pelo que a natureza pa-
ex-libris da região, e cruzámos em es-
de interesse, já que era a época do me-
recia guiar-nos para uma beleza ímpar.
dronho. Para além de nos reconfortar
Avistámos mais algumas casas a mon-
o estômago, o chão pintalgado de ver-
tante das famosas cascatas e quando
melho alegrava-nos a vista.
julgávamos que estaríamos perto de
Cirandando pelas encostas, fomos su-
entrar naquele mundo encantado, re-
Texto / fotos:
bindo a ribeira até encontrarmos uma
parámos que o percurso continuava
Valente Cruz (António Cruz).
trata de alguma medida de segurança, mas é pena que o percurso se desvie daquela beleza natural. Decidimos então continuar, mas resolvemos que no
devolutas, em particular estrangeiros. O sossego e o bucolismo desta serra convencem cada vez mais pessoas a alterar os seus modos de vida e o iso-
de água que nos devolveu à Benfeita pelos socalcos de um regresso civilizacional. No final, ficou a certeza de termos realizado um magnífico percurso num cenário fascinante. É um prazer reencontrar estes resquícios de portu-
panto a encantadora Mata da Margaraça numa promessa de um regresso primaveril.
Março 2017 - EDIÇÃO 25 67
BENFEITA
TRILHO DOS MEDRONHOS
68 Março 2017 - EDIÇÃO 25
PONTE DE XISTO
Março 2017 - EDIÇÃO 25 69
GEOCOIN PT 2016 por
70 Março 2017 - EDIÇÃO 25
K el u x
Depois de ter o prazer de criar as geo-
bem ao estilo das eleições na Coreia do
to.
coins portuguesas de 2008 e 2011,
Norte. :)
Tendo também ficado encarregue da
entre outras a título pessoal, e, com a
O Alto Douro Vinhateiro é uma região
produção da geocoin, os moldes e
mudança para a Amazónia, as minhas
com uma área de cerca de 26 mil hec-
amostras foram solicitadas à fábrica
últimas produções basearam-se nas
tares no nordeste de Portugal, onde se
em 14 de setembro e recebidas em 10
temáticas brasileiras e em encomen-
cultiva a vinha há mais de 2000 anos.
de outubro. Enquanto isso decorria a
das de terceiros, pelo que não tinha
O produto mais representativo é natu-
angariação de interessados, que nos
vindo a participar dos Concursos de
ralmente o Vinho do Porto, cultivado e
permitiu proceder a um pedido de pro-
exportado desde o séc. XVII, que levou
dução final de 250 geocoins, em 21 de
à criação da primeira Região Vinícola
novembro, depois de todas as reservas
Demarcada do mundo em 1756. O Alto
pagas.
Douro Vinhateiro compõe-se por 3
Em relação às amostras, houve apenas
sub-regiões, Baixo-Corgo (51%), Cima-
a necessidade de utilizar cores mais
Corgo (36%) e Douro Superior (13%),
escuras quer no vinho, quer nas uvas.
que se estendem pelo território de 13
Aparentemente os amigos chineses
concelhos, sendo que Vila Nova de Foz
preferiam um rosé a um bom ruby. :)
Côa representa 10% de toda a Região
As geocoins foram finalmente envia-
Demarcada.
das de Hong Kong para Portugal a 13
O Vinho do Porto pode ser apreciado
de dezembro, felizmente ainda a tem-
em algumas variedades, desde o Lá-
po de serem depositadas no sapatinho
grima (branco) e o Ruby ambos de 3
de alguém na véspera de Natal, man-
anos, depois o Tawny, Estilo Vintage,
tendo a tradição de termos as nossas
Crusted, Late Bottled Vintage e Vinta-
geocoins disponíveis no ano a que se
ge, todos com mais de 6 anos de enve-
referem e não no ano seguinte.
Ideias anuais promovidos pela comunidade através dos fóruns, desde 2012. No entanto, como o primeiro Concurso levado a efeito pelo GeoPT.org no ano da sua inauguração, foi conduzido por mim, senti uma certa responsabilidade de participar em 2016, especialmente depois de perceber que havia o risco de nenhuma proposta ser sequer apresentada. Não me cabe a mim tentar perceber as razões por trás dessa eventual falta de interesse, mas acredito que os anos mais recentes tendo sido bastantes desafiantes para muitos de nós, fizeram com que as prioridades sejam certamente outras, mais relacionadas com o que é essencial na vida de cada
lhecimento em barril ou garrafa. A parte da frente da geocoin tem ape-
FICHA TÉCNICA
nas dois elementos gráficos sobrepos-
Design e Produção: Kelux Geocoin De-
de propostas já terminava, decidi es-
tos, um cálice de Vinho do Porto e um
sign
boçar uma ideia básica que já me ha-
cacho de uvas, para lá dos textos “Port
Patrocínio e Distribuição: GeoPT.org
via ocorrido desde a época em que o
Wine”, “Geocoin Portuguesa 2016” e a
Quantidade: 250
Alto Douro Vinhateiro foi reconhecido
referência obrigatória à homepage do
Acabamentos: Ouro (200); Prata (50)
como Património da Humanidade da
Geocaching.
Cores: Frente (5); Verso (7)
UNESCO, em 14 de dezembro de 2001;
O verso mostra um trecho do Rio Dou-
Com ícone e código de rastreamento
criando uma geocoin dedicada a essa
ro, com os seus caraterísticos socalcos
em www.geocaching.com
região maravilhosa.
de vinhas. Por cima o texto “Alto Douro
Dimensões: 55mm x 45mm x 3mm
Sendo a única proposta a votação, a
Vinhateiro – Património da Humanida-
vitória estava assegurada à partida,
de” e na base o código de rastreamen-
um. Assim, quando a fase de apresentação
Texto / Fotos: Rui de Almeida (Kelux) Março 2017 - EDIÇÃO 25 71
72 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Conhecer Lisboa pelo Geocaching:
lordep, KelKim Team, geo_duarte,
criar um programa que desse forma a
é este o mote a que se propõe este
cara44, Buxahs, Berteam, truzados,
esta ideia. Assim e pedindo a colabo-
evento de 5 dias que irá decorrer na
Os Poiares e nunogil. 12 geocachers,
ração da Junta de Freguesia de Santa
capital. Um evento especial, que pre-
apoiados também por uma extensa
Maria Maior, delineou-se um plano
tende dar a conhecer a todos os par-
equipa de voluntários. Encontram-se
de 5 dias, nos quais os participantes
ticipantes a Lisboa Histórica, cheia de
distribuídos pelas diferentes áreas da
poderão vivenciar várias experiências
tradição.
organização e gestão do LAT, ou cada
tipicamente alfacinhas, tais como uma
A Geomag foi conhecer a equipa por
um tem o seu papel bem definido,
noite de fado, ou um arraial. Não fo-
trás deste megaprojecto e pôs-se à
questionamos nós? “Somos todos
ram esquecidas as visitas a museus e
conversa com dois dos elementos da
uma espécie de ministros sem pasta”
pontos de interesse arqueológico, não
equipa, o Nuno e o Olímpio, que res-
confidencia-nos Olímpio.
falássemos nós de História, mas tam-
pondem no mundo geocacher pelos
“Esta ideia surgiu nos eventos dos
bém o ponto fulcral que une todos os
nicks de Cyclops e Olimpio. Ficamos a
pequenos-almoços de Lisboa…” expli-
participantes no evento: o Geocaching.
conhecer um pouco mais as origens
ca-nos este geocacher, relembrando
E foi exactamente para todos aqueles
do projecto, bem como a sua estrutura
que num destes eventos foi ganhan-
que vêm até Lisboa nestes dias para
e a equipa que não poupa a esforços
do peso a vontade de criar um novo
viver o geocaching, que o grupo deli-
para por em acção um sonho ambicio-
evento. No entanto, e devido à exis-
neou uma das actividades base deste
so.
tência de inúmeros eventos na cidade,
evento, e que irá decorrer ao longo
Final de tarde de trabalho, e com as
foi unânime a opinião de que teria
dos 3 principais dias do evento: uma
distâncias encurtadas pelas novas
de ser algo diferente, especial. Vá-
Academia de Geocaching.
tecnologias, falámos um pouco com
rias cabeças a pensar e pouco tempo
Mas então, como é que apenas 12
estes dois elementos, que nos deram
depois estava delineada a ideia base
pessoas conseguem gerir tudo isto
a conhecer os restantes geocachers
que haveria de originar todo o pro-
durante os 5 dias? Com a colaboração
que constituem o núcleo duro da
jecto: Dar a conhecer a Lisboa Antiga,
de grupos de geocachers de todo o
organização deste evento: 4sherpas,
Histórica! O passo seguinte foi de
país, diz-nos Olimpio: “Foram conMarço 2017 - EDIÇÃO 25 73
tactados geocachers por todo o país,
de que estávamos falar de um Mega,
toques dos vários telemóveis, com os
a quem demos o nome de embai-
foi mudando de opinião com o rápido
sorrisos a ganharem ainda mais força
xadores (Daí que interinamente me
aumento de “will-attends”.” E acres-
no rosto dos nossos entrevistados,
chamem de Ministro dos Negócios
centa: “O facto de conseguirmos che-
dando lugar a uma comunicação em
Estrangeiros!), que nos ajudaram a
gar a Mega permitir-nos-á também
directo para a Geomag: O LAT´17 pas-
dar a conhecer o evento por todo o
dar outra estrutura ao evento. Por
país. Isto permitiu não só estabelecer
exemplo, conseguindo chegar a Mega,
ligações mas também conhecer os
iremos ter a possibilidade de criar
geocachers por trás dos nicks”. Serão
várias Lab Caches ao longo de todo o
estes mesmos grupos de geocachers
evento…”
um peça fulcral para que todo o even-
E existe alguma surpresa que possam
to decorra da forma pretendida: “Fo-
revelar em primeira mão aos nossos
ram feitos contactos para trazer esses
leitores? “Desde o inicio que temos
grandes grupos locais de geocachers
o desejo de terminar o nosso evento
evento destes acarreta, que os organi-
a Lisboa de forma a que possam cola-
no Castelo, permitindo que todos os
zadores não rejeitam qualquer tipo de
borar connosco durante todo o even-
participantes possam visitar a cache
ajuda que lhes seja dada. Como pode-
to.” E o convite ultrapassou fronteiras
virtual lá existente” (para além do
rão então os interessados demonstrar
e até mesmo oceanos, existindo con-
simbolismo evidente claro está!) “mas
a disponibilidade de colaborar convos-
tactos com um grupo de geocachers
o facto de ser um local de entrada
co? “Utilizando todos os canais que
açoreano e outro espanhol. Para além
paga tem dificultado um pouco essa
já existem disponíveis para nos con-
desta força humana, os organizadores
possibilidade. No entanto, podemos
tactarem por este ou qualquer outro
contam ainda ter o apoio de “bares e
afirmar neste momento que esse pro-
restaurantes, bem como de algumas
blema está oficiosamente resolvido. É
colectividades!”.
quase certo que o evento irá terminar
Questionados sobre os grandes ob-
no Castelo!”
jectivos do LAT’17, a resposta foi curta
Mas voltemos a abordar o tema Mega.
e concisa: “Mostrar Lisboa e chegar a
Qual será então a diferença deste para
Mega-Evento”. “Chegar a Mega-Even-
os outros Megas que já aconteceram
to é um objectivo delineado desde o
na capital e arredores? “A pluralida-
primeiro momento?”, questionámos
de de eventos, o facto de ocorrer na
nós. Olimpio e Nuno esclarecem-nos:
Lisboa história. E claro está, a Acade-
foi enigmática: “Ainda está tudo em
“Metade da equipa idealizou imedia-
mia de Geocaching…” enumera-nos
aberto…”
tamente um Mega-Evento, a outra
Olímpio.
Caros leitores, já sabem, não se es-
metade quis ver onde isto ia dar. No
É mais ou menos nesta altura que a
queçam: Em Abril, todas as coordena-
entanto, quem não acreditou à partida
nossa conversa é interrompida pelos
das apontam para Lisboa!
74 Março 2017 - EDIÇÃO 25
sou a MEGA! Parabéns dados, estava a chegar ao final a nossa conversa, até para que os organizadores pudessem por mãos à obra em todo o trabalho que ainda é necessário. E é exactamente devido à quantidade de trabalho que um
assunto relacionado com o LAT’17: a Listing, o nosso site, o nosso perfil de Twitter ou página de Facebook…” Em jeito de adeus, fica uma última pergunta no ar: Este será o primeiro de muitos eventos e projectos desta equipa ou uma ideia e uma estrutura com principio, meio e fim? A resposta
I World Race TB re p o rta g em
Aqui na redacção da GeoMag estamos
diferente, quebrar a rotina, ter mo-
e que são mais os próprios KK. Inicial-
sempre atentos ao que por aí anda,
mentos para apenas falar ou praticar
mente pensámos em criar um nick
quer sejam Eventos interessantes,
este hobbie! Pequenas coisas como
que nos unisse em torno de projetos
quer sejam Iniciativas porreiras… este
correr atrás de um FTF, ou, no caso
comuns e foi assim que o whitteam,
mês demos com um dos famosos
dos fins de semana, ter desculpa para
o bitas, o peufrasio, o fontana21 e o
“Dois em Um”! O primeiro evento de
nos levantarmos de madrugada e an-
OPC27 começaram por criar os KK,
um colectivo de Geocachers que dão
dar centenas de quilómetros atrás de
e, mais tarde, o difus3. No entanto,
pelo nome de KK (Koimbra Kaches) e
geocaches, sejam de Topo ou vulgos
cabem muitos mais e se pensarmos
que a reboque do mesmo organizaram
PT’s. É este o espirito e é isto que nos
no atual evento World Race TB’s, po-
uma, esperamos, animada corrida de
move.
demos acrescentar mais alguns nicks
TB´s! Fomos saber mais destes geo-
Pensamos que este sentimento acaba
e pessoas que estão connosco desde
cachers de Coimbra e do seu evento
por ser transversal a todos os geoca-
a primeira hora, como o Melg@ e o
WRTB (World Race TB’s).
chers, que certamente se identificam
RLtoxic, o Sr. Alfredo Eufrásio, a As-
connosco, mas, para quem nos conhe-
sociação Recreativa e Desportiva da
GM: Quem são afinal os Koimbra Ka-
ce, sabe que gostamos de incentivar
Casa Telhada e muitos outros…
ches?
a criança que “ainda” existe em nós e
GM: Falemos um pouco do evento
KK: Somos um grupo de amigos que
muitas vezes damos conta que, mes-
World Race TB’s, como surgiu?
partilha o gosto pelo geocaching e
mo homens feitos, temos brincadeiras
KK: Na verdade foi uma ideia do bitas,
por tudo que o geocaching simboliza:
e partidas uns com os outros, a fazer
que, há um par de anos, se lembrou
a aventura, o convívio, a natureza, a
figuras “tristes”, mas que no fundo nos
de uma corrida entre os KK. A ideia
partilha, o património, as paisagens,
fazem rir e ajudam a quebrar a rotina.
ficou mas foi-se adiando, até que o
etc… podíamos ficar aqui a desen-
Consideramos como parte integrante
ano passado começou a tomar forma
volver, mas a nós sabe-nos bem uns
dos KK todos os amigos que connosco
e rapidamente se estendeu ao grupo
intervalos no dia-a-dia para fazer algo
convivem, alguns quase diariamente,
de amigos com que habitualmente faz Março 2017 - EDIÇÃO 25 75
geocaching. Daí a passarmos a evento
sobre a corrida. Criámos também um
excelente e serviu para estreitar laços
foi uma questão de dias. Em meados
grupo, neste caso apenas dirigido
de amizade entre os geocachers e os
de novembro, só entre nós, já eramos
aos concorrentes, a quem chamamos
habitantes.
uns 15 concorrentes, depois, com o
“pilotos”, onde poderão trocar impres-
evento, foram-se juntando mais al-
sões uns com os outros, “provocarem-
Temos o apoio e a ajuda de toda a al-
guns e acabámos com 41 pilotos na
se” mutuamente e até reclamar para
grelha de partida.
com a organização, diga-se, obvia-
Consideramos este número bastante
mente, brincarmos todos uns com os
bom, de certa forma até ultrapas-
outros e assim ficarmos conhecermo-
sou as nossas expetativas, tendo em
nos melhor.
conta que este foi o nosso primeiro
Esta necessidade advém do fato de
evento, e porque estando associada a corrida de TB’s, obriga sempre a alguma organização e tempo disponível. Por esse motivo, não tivemos muito tempo para fazer um esforço na promoção. O evento acaba por ser o marco que dá início á World Race TB’s e permitiu dar a oportunidade a que mais geocachers puderem participar e, tal como noutros eventos, serviu para conhecer algumas caras novas, conversarmos um pouco e sobretudo associar caras aos nicks. GM: Qual o objetivo da WRTB’s? KK: Começamos por referir que nunca foi nosso objetivo comemorar vitórias ou atribuir prémios, mas tão-somente promover o geocaching e sobretudo a camaradagem entre geocachers. Pretendemos uma corrida cuja rivalidade
muitos dos participantes não se conhecerem pessoalmente, ou serem de
deia, desde a colocação das caches do nosso mais recente projeto (34 geocaches alusivas à F1) até à realização da manutenção das mesmas. O projeto foi recebido de braço abertos por parte dos habitantes. O balanço é fantástico, a juntar ao atrás dito, estão a competir 41 tb’s
regiões diferentes, ou mesmo, como o
de owners de 7 distritos de Portuga.
caso do nosso amigo “Boca Seca”, que,
Quando pensámos nisto tínhamos
mesmo encontrando-se em terras
como meta 10/15 tb’s.
gaulesas a fazer pela vida, fez questão
GM: Expectativas e futuro?
de participar.
KK: As expectativas são que todos se
Podemos afirmar que mesmo os KK
divirtam. Não quisemos impor muitas
ficaram surpresos pela adesão de
regras para que cada um possa fazer
geocachers, que mesmo não nos co-
a corrida como entender, o sucesso ou
nhecendo de lado nenhum, quiseram marcar presença nesta corrida. A titulo de brincadeira, estamos a ponderar fazer algo diferente do habitual… atribuir ao vendedor, a titulo de prémio, a oportunidade de pagar umas minis aos restantes ;-) quero ver, quem é quer ganhar a prova [risos]! GM: Como foi o arranque da corrida? KK: Decidimos organizar um evento na
fracasso depende dos participantes, sendo que, depois do que já obtivemos, decidimos realizar outra corrida em 2018, nos mesmos moldes da atual. Este ano o tema foi a F1, já escolhemos o do ano que vem, que será sempre relacionado com o desporto automóvel. GM: Os nossos mais sinceros desejos
seja salutar, com “picardias”, muitas,
Associação Desportiva e Recreativa da
de preferência, durante a corrida que
Casa Telhada, a recetividade por parte
de sucesso para o Pelotão de Corredo-
decorrerá até 31 de dezembro, deste
da população foi fantástica e propu-
res!!! Que ganhe o melhor!
ano.
seram-nos organizar o almoço para
Foi já com esse objetivo que criámos
os participantes, e para os habitantes,
I WORLD RACE TB’S - A Corrida mais
uma página de facebook “World Race
de forma a aproximar o geocaching da
fixe do ano - http://coord.info/GC6YA-
TB’s”, onde qualquer pessoa poderá
população.
JW
acompanhar a evolução da corrida
E assim surgiu o 1º Encontro de Geo-
ou obter simplesmente informações
caching da Casa Telhada, o almoço foi
76 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Texto/Fotos: Koimbra Kaches
Março 2017 - EDIÇÃO 25 77
CACHE E O HOMEM ESTÁTUA p o r mtrevas
Cache e o Homem Estátua, Eduardo
1948).
trião”.
Duarte Ferreira
O conjunto escultórico é da autoria do
Lamentavelmente a cache que home-
Após a visita à estátua de Manuel Ro-
arquiteto Francisco Keil do Amaral,
drigues Lapa seguimos rumo a Sul partindo da Anadia. A nossa paragem fica nas proximidades do Rio Tejo, na Vila do Tramagal, junto ao memorial a Eduardo Duarte Ferreira, o homem que revolu-
curiosamente amigo pessoal de Eduardo Duarte Ferreira, e é composto por uma parede blocos de granito com quadro pórticos onde existem apontamen-
nageava Eduardo Duarte Ferreira neste local, foi arquivada por nunca ter sido reposta quando se realizaram obras neste miradouro. Contudo a página da geocache GC22K6P (que podem aqui aceder) contém informação bastan-
cionou o sector metalúrgico Português
tos metálicos a referir “Homenagem a
te relevante e completa sobre a vida e
e projetou o Tramagal a nível nacional.
Eduardo Duarte Ferreira”, sensivelmen-
a obra do filho de um ferreiro que esta
A terceira paragem nesta nossa desco-
te ao centro está em destaque o busto
terra, que esta vila do Tramagal, viu
berta é em N39º 27.300 W08º 14.361,
em bronze do Comendador assente em
precisamente no miradouro da Penha onde se observa uma paisagem fantástica do vale do Rio Tejo, merecedora de uma paragem para as habituais fotografias e selfies e, claro, para a desco-
2 blocos de granito paralelepipédicos, sobre uma base do mesma pedra onde se pode ler a frase “Menos que ferreiro, se tiver saúde, não deixo de ser, se pu-
crescer e prosperar. Todavia existe sempre espaço para algumas curiosidades sobre a vida de Eduardo Duarte Ferreira, o complemento perfeito a informação da referida cache e que nos permite conhecer melhor
berta da estátua do homenageado Co-
der ser mais alguma coisa, porque não
mendador Eduardo Duarte Ferreira (10
tentar consegui-lo?”, o que elucida bem
Poucos sabem que o risco financeiro e
de Fevereiro de 1856 – 21 de Abril de
o empreendedorismo do “nosso anfi-
a falência ameaçaram muitas vezes o
78 Março 2017 - EDIÇÃO 25
este homem.
percurso de Eduardo Duarte Ferreira,
nos encontramos, no Tramagal.
na uma vez mais o complemento ideal
que construiu a sua primeira oficina, a
Existem muitas histórias, mas duas te-
a este artigo, a sugestão fica então aqui
forja, recorrendo a um empréstimo do
rão de ser ressalvadas para atestar a
para ouvirem com muita atenção o tra-
banco e começando logo a arriscar o
personalidade de Duarte Ferreira: o seu
balho em podcast, com realização de
seu percurso empresarial. Em 1900 es-
neto, Francisco Duarte Ferreira, conta,
Fernando Alves e sonoplastia de João
teve mesmo a um pequeno passo da
“um dia, tinha eu uns dez anos, o meu
Félix Pereira, e para tal disponibiliza-se
falência e foi a sua mulher, Rosa, que
avô deu-me um canivete, e depois de
o Homem Estátua.
o salvou desse embaraço, com 300 mil
eu agradecer, tirou-mo novamente. En-
Para terminar esta crónica, e tal como
reis que tinha poupado sem o industrial
quanto me dizia que nunca se dá nada
no número anterior da GeoMag, fica
ter conhecimento. Em vez de lhe ter
sem ser embrulhado, embrulhou-mo
aqui o desafio a algum geocacher da
agradecido a dádiva, Eduardo Duarte
numa nota de vinte escudos, muito di-
zona, de criar uma nova cache que pos-
Ferreira ralhou com a esposa e ques-
nheiro à época”.
sa dar a conhecer e perpetuar a memó-
tionou-a por esta ter tanto dinheiro em
Conta ainda o seu neto que três ou qua-
ria de Eduardo Duarte Ferreira, obvia-
casa. Porque como sempre dizia “o di-
tro anos antes Duarte Ferreira tinha
mente, aqui neste miradouro com vista
nheiro não é para estar parado”, aliás
prometido levá-lo à feira da Golegã. “O
para o Rio Tejo.
esta frase está na génese e foi a lógica
problema foi que fiquei doente nes-
Entretanto, proximamente, encontra-
da construção do seu império.
sa altura e não podia ir, nessa altura o
mo-nos junto a uma estátua!
Apesar do seu império, foi um homem
avô aos pés da minha cama perguntou
que se recusou a viver no luxo e sempre
o que eu queria da feira e eu respondi…
preservou o bem-estar dos seus tra-
“um cavalo a sério”, e não é que trouxe
balhadores, que chegaram a ser 800 já
mesmo?”
perto da data de sua morte. A atestar
Como se disse anteriormente, muito se
a sua preocupação para com os traba-
pode contar sobre a vida e obra do Co-
lhadores, criou em 1927 o primeiro sis-
mendador Eduardo Duarte Ferreira, a
tema de previdência do país, aqui onde
colaboração com a rádio TSF proporcio-
Texto/Fotos: Miguel Trevas (mtrevas)
Março 2017 - EDIÇÃO 25 79
FROM GEOCACHING HQ WITH LOVE Há dez anos atrás, naquele que seria
Geocaching.com ( O que é C++? Java
vida mudaria o meu mundo.
provavelmente um dia de Janeiro chu-
não é café?), eu sabia que não tinha as
Eu já adorava o jogo – ele inspirou-me
voso em Seattle, eu estava à procura
competências para os empregos dis-
a sair para o exterior e descobrir no-
de uma mudança na minha vida. Tinha
poníveis. No entanto, a sonhadora em
vos locais – mas eu não sabia o quão
dado uma oportunidade à indústria
mim decidiu que deveria contactar a
fantástica era a comunidade por trás
hoteleira, tendo passado quase três
empresa de qualquer forma. Não tive
do mesmo. No início da minha carreira
anos no Marriott local. Embora tenha
qualquer resposta. 6 meses depois,
na Geocaching HQ, participei no meu
montes de boas memórias com cole-
em Janeiro de 2007, decidi enviar o
primeiro evento. Era um evento CITO
gas, percebi que a vida de hotel não
mesmo currículo e carta de apresen-
mesmo à saída de Seattle. Soube bem
era para mim. No entanto, atenção –
tação com uma nota no topo a dizer
limpar um belo parque no meu pró-
Eu ainda adoro ficar em hotéis. ;)
“Ainda estou interessada”.
prio “quintal”. Rapidamente aprendi a
Na realidade, a minha procura de tra-
Em cerca de 24 horas, recebi um email
apreciar como este jogo liga pessoas
balho tinha começado seis meses an-
do Bryan Roth, um dos cofundadores
de todas as esferas da vida. Desde
tes, enviando currículo atrás de cur-
da Groundspeak (agora Geocaching
aquele primeiro evento, participei em
rículo. Já era geocacher há um par de
HQ). Depois de trocar alguns emails e
mais 145 eventos de geocaching. São
anos e quando percebi que a empresa
de uma entrevista, foi-me oferecida a
146 vezes em que fui inspirada pela
por trás do jogo estava localizada em
oportunidade de trabalhar para uma
nossa comunidade, partilhei garga-
Seattle, pensei – Não seria porreiro
pequena empresa de cerca de 15 pes-
lhadas e fiz novos amigos. Nada pode
trabalhar ali? Sentindo-me desenco-
soas na baixa de Seattle. Mal eu sabia
substituir todas aquelas grandes me-
rajada pelos anúncios de emprego em
o quanto este novo capítulo na minha
mórias e eu aguardo por muitos mais
80 Março 2017 - EDIÇÃO 25
eventos e aventuras.
ches num único dia, entrei no carro de
Embora o geocaching seja um factor
alguém que não conhecia em França,
importante na minha decisão, não
escalei uma montanha com alguém
estou ainda aqui, ao fim de 10 anos,
que não conhecia no Liechtenstein,
apenas pelo meu amor pelo jogo. Co-
andei de camelo em Marrocos com
dos para a Loja do Geocaching, jogar
nheci novos amigos por todo o mun-
dois amigos que conheci através do
do, aprendi a fazer snowboarding,
jogo, e, no final deste mês, irei estar
matraquilhos com os meus compa-
juntei-me a uma equipa de softball e
a caminho do meio da selva no Brasil
ganhei um campeonato, escalei qua-
com amigos geocachers de três países
cachada ocasional e dias como hoje,
se até ao topo do Monte Fuji, aprendi
para encontrar a cache Ape. Este em-
sobre o Caminho de Santiago e cami-
prego e este jogo fizeram-me superar
onde irei encontrar-me com os meus
nhei cerca de 800 km, escalei o maior
os meus limites, abrindo o meu mun-
pico da Irlanda, escalei o maior pico
do a novas oportunidades e aventu-
do estado de Washington e de Mas-
ras. Deram vida à sonhadora em mim.
sachusetts, encontrei caches em seis
Não passa um dia que não sinta a ne-
estados num só dia, cachei em cinco
cessidade de me beliscar para acre-
países num só dia, encontrei 877 ca-
ditar que trabalho aqui. Andar pelo
nosso escritório peculiar, ver caras sorridentes, sentar-me em reuniões para discutir novos produtos diverti-
nheiros de matraquilhos, sair numa
colegas depois do trabalho na Terça do Taco. Eu sou uma rapariga sortuda!
Texto: Annie Love / Bruno Gomes Fotos: Annie Love
Imagem: https://thegeocachingjunkie.com/2015/10/26/geocaching-hq-de-libertas-quirkas/ Março 2017 - EDIÇÃO 25 81
82 Março 2017 - EDIÇÃO 25
Junta-te a nรณs!
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