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MEDIANIZ MEDIANIZ Rio de Janeiro, segundo semestre de 2013

POLÍTICA

CULTURA

Faculdades Integradas Hélio Alonso - Comunicação Social - Secretaria Grafica e Programação Visual

PAC!

Vergonha nacional

NEGRA

BELEZA

TURISMO

A loira que mudou a história...

GASTRONOMIA

MONROE

TURQUIA

Você pensa que conhece...

TEQUILA

Do México, conquistando o mundo

Sorriso: raiz 1


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Índice 4. Turismo 28. Humor 32. Estética 44. Política 52. Cultura 64. Ciência 80. Educação 84. Gastronomia 92. Rio de Janeiro 100. Especial Cinema

Expediente Redação: Turma do Segundo Semestre de 2013 de Secretaria Grafica e Programação Visual do Curso de Comunicação Social das Faculdades Integradas Hélio Alonso Montagem: José Alessandro de Oliveira Supervisão: Gilvan Rio de Janeiro, dezembro de 2013

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ESPORTE

Olimpíadas de Inverno

O mega evento que o Brasil não vê Jogos Olímpicos de Inverno são um evento multiesportivo realizado a cada quatro anos, reunindo modalidades de desportos de inverno disputadas no gelo e na neve, sendo um dos eventos máximos do Movimento Olímpico, ao lado dos Jogos Olímpicos de Verão. A primeira competição de caráter mundial a reunir desportos de inverno foi a Semana Internacional de Desportos de Inverno, realizada em 1924 na cidade francesa de Chamonix. Apenas dois anos depois o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu dar o estatuto de Jogos Olímpicos àquela competição, que passaria a acontecer regularmente. No princípio, os Jogos de Verão e de Inverno eram atribuídos a um mesmo país para serem realizados no mesmo ano. Foi assim até a quarta edição, na Alemanha, em 1936 (ano em que Berlim sediou os Jogos de Verão e Garmisch-Partenkirchen sediou os Jogos de Inverno). Depois de duas edições canceladas por causa da Segunda Guerra Mundial (Sapporo 1940 e

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Cortina d’Ampezzo 1944), os Jogos passaram a ser realizados por países diferentes, mas continuaram a acontecer no mesmo ano. Em 1986 o COI decidiu intercalar os Jogos de Verão e de Inverno, realizados sempre nos anos pares. Assim, os Jogos de Albertville 1992 foram sucedidos pelos Jogos de Lillehammer 1994. Os Jogos de Inverno sofreram mudanças significativas desde a sua criação. A ascensão da televisão como um meio global de comunicação melhorou o perfil dos Jogos. Foi também criado um fluxo de renda, através da venda de direitos de transmissão e publicidade, que tornou-se lucrativa para o COI. Isto permitiu que interesses externos, tais como empresas de televisão e patrocinadores influenciassem os Jogos. O COI teve de responder a críticas diversas e escândalos internos, bem como a utilização de substâncias dopantes por atletas. Houve um boicote político das Olimpíadas de Inverno. Nações também têm usado os Jogos de Inverno para mostrar a pretensa superioridade

de seus sistemas políticos. Os Estados Unidos sediaram os Jogos quatro vezes, mais do que qualquer outro país. Em seguida vem a França, com três edições. No total, dez países já receberam os Jogos de Inverno. A última edição ocorreu em Vancouver (Canadá), em fevereiro de 2010. A próxima edição, em fevereiro de 2014 será


ESPORTE

no balneário de Sóchi, na Rússia, que também será a primeira cidade subtropical a receber os Jogos Olímpicos de Inverno. A edição de 2018 está marcada para o condado de Pyeongchang, na Coreia do Sul. Apesar de competição não ser muito divulgada no Brasil, A delegação brasileira participou pela primeira vez dos Jogos Olímpicos de Inverno na edição de 1992, em Albertville, na França. Nesta primeira participação o Brasil foi representado por seis homens e uma mulher, todos competidores de esqui alpino. Nossa representante foi Evelyn Schuler que disputou as provas de Slalom Gigante e Super G, terminando na 44ª e 48ª colocação, respectivamente. Já os nossos representantes masculinos foram: Sérgio Schuler, Christian Munder,

Hans Egger, Marcelo Apovian, Fábio Igel e Robert Detlof. Desde então, o Brasil participa de todas as edições dos Jogos. Em 1994, na Noruega, fomos representados por um único atleta, Christian Munder, que terminou na 50ª colocação na prova Super Combinada de Esqui Alpino. Quatro anos mais tarde, no Japão, novamente apenas um atleta brasileiro disputou o evento. Marcelo Apovian terminou na 47ª colocação na prova Super G de esqui alpino. Desde os Jogos de Turim o Comitê Olímpico Brasileiro vem desenvolvendo várias atividades com o intuito de preparar e apoiar nossos atletas em busca da tão sonhada vaga olímpica. O Programa Solidariedade Olímpica Internacional, do COI, decidiu,

no final de 2008, conceder bolsas para atletas brasileiros de esportes de inverno. Por cada atleta o programa repassa R$ 1.500,00 por mês que são aplicados no treinamento, preparação e compra de passagens aéreas para as etapas classificatórias. Em Vancouver, 2010, fomos representados por cinco atletas. Jaqueline Mourão chegou na 67ª colocação e Leandro Ribela alcançou a 90ª colocação no esqui cross country. No esqui alpino, Jhonatan Longhi, de 22 anos, alcançou a 56ª colocação no slalom gigante, mas não completou o slalom. Já Maya Hharrisson, de apenas 17 anos, se tornou a primeira atleta brasileira a completar uma prova feminina de slalom em Jogos Olímpicos.

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ESPORTE

Aberta a

temporada No final do mês de setembro, o primeiro swell do inverno entrou no Hawaii com certa antecedência, trazendo empolgação para os surfistas da ilha. No entanto, as ondas de até 15 pés quebraram com má formação e deixaram os big riders com insatisfeitos e de olho no forecast, que apontava a próxima ondulação para poucos dias depois. Na última semana, as gunzeiras foram para a água e a temporada de ondas gigantes foi oficialmente inaugurada com dias clássico em Jaws, Peah’i. Os maiores nomes do big surf mundial estiveram presentes para protagonizar um verdadeiro show de surf, entrando na remada em direitas enorme e perfeitas de mais de até 25 pés. “Estava absolutamente épico! Eu não pensava que estaria tão grande e perfeito. As condições estavam incríveis; glassy e enorme para entrar

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remando”, disse o experiente big rider norte americano Shane Dorian – nome certo no line up dos picos mais tradicionais do mundo quando as ondas quebram com tamanho. Ele, Greg Long, Mark Healey e Makua Rothman foram alguns dos ‘macacos velhos’ que se jogaram nas bombas de Jaws, saindo da session com uma bagagem repleta de wipeouts aterrorizantes, tubos ovacionados e entradas para o Billabong XXL 2013 nas categorias Monster Paddle e Monster Tube. “Desde sempre nós nos perguntávamos o quão bom Peahi poderia ficar para surfar na remada caso estivesse glassy. Hoje, tivemos a resposta, ao mesmo tempo que nossos sonhos se tornaram realidade. Todos que surfaram saíram com algumas das melhores ondas de suas vidas”, disse Greg Long, o surfista mais premiado da história do Billabong XXL – o Oscar das ondas gigantes. O brasileiro Danilo Couto também


ESPORTE

esteve lá para aproveitar as condições do mar junto de nomes como Alex Gray, da atirada surfista Keala Kennely e de um time de jovens atletas que mudaram suas vidas na potência de Jaws. Quem poderia imaginar que os amigos Albee e Matt estariam representando a nova geração de surfistas neste grande swell. A dupla que é conhecida por voar em ondas pequenas nos webisodes de seus patrocinadores, fez questão de participar da sessão, botar para dentro de verdadeiras bombas e aprender um pouco com os reis das ondas grandes. No final do dia, Albee e Meola não tinham palavras para descrever o que haviam vivido nas últimas horas. “Shane Dorian acabou de pegar a onda do ano. A maior já surfada na remada. Estou sem palavras”,

publicou Albee. A adrenalina corria solta por todos que presenciaram, de alguma forma, o espetáculo de surf que aconteceu nesses dias no North Shore. O melhor de tudo é que este é apenas o começo. As ondulações começarão a entrar, os surfistas irão se dirigir ao Hawaii e teremos, mais uma vez, um inverno abençoado pelo espetáculo do big surf havaiano! Exitsem procedimentos que podem amenizar muito o pior que pode acontecer, cair da prancha no meio da onda e ser engolido por exemplo. O pacote de itens que pode salvar um surfista em um momento de risco em uma onda gigante é formado por uma boa preparação física e psicológica, treinamento específico, equipamentos de segurança e acima de tudo comunicação.

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ESPORTE

O T S SU

É R A Z A N EM

Foto: Ryan Gosling

Maya, ainda desacordada, no momento de seu resgate em Nazaré. A surfista sofreu princípio de afogamento.

Quase terminou em tragédia a tentativa da surfista brasileira Maya Gabeira de bater o recorde do americano Garrett McNamara, que entrou para o Guinness Book (o livro dos recordes) após ter surfado, em 2011, uma onda de 78 pés (24 metros) na praia do Norte, na cidade de Nazaré, em Portugal. Maya, de 26 anos, caiu da onda e ficou submersa por alguns instantes até ser resgatada pela equipe de apoio, formada pelos colegas brasileiros Pedro Scooby, Carlos Burle e Felipe Cesarano. Ela recebeu os primeiros socorros na areia, recuperou os sentidos e foi levada a um hospital próximo. Além do susto, a pentacampeã da categoria melhor performance feminina do Billabong XXL Awards, uma das mais prestigiosas competições de ondas grandes, e que está em Nazaré pela primeira vez, quebrou o tornozelo. “Obrigada pelo carinho de sempre!

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Um tornozelo quebrado, mas nada mais!”, publicou ela no Instagram. “Ela me disse que não se arrepende de nada”, apontou Burle, que pode ter feito história no esporte. Sentada em uma poltrona de sua casa com o pé engessado descansando sobre um banquinho, Maya recebeu o X Center para contar pela primeira vez os acontecimentos do dia 28 junto com seus companheiros de equipe Felipe Cesarano, Pedro Scooby e aquele que salvou sua vida, Carlos Burle. A recepção tem a animação do encontro de velhos amigos, mas, logo as lágrimas escorrem pelo rosto de Burle e Maya quando relembram os minutos que separaram a surfista da vida para a morte, e depois de volta a vida. “Não dá pra você me colocar numa onda menor?” é o pedido da carioca já no mar ao confrontar de perto o tamanho das ondas gigantescas, depois de ter desistido de largar a cor-

da em duas oportunidades anteriores. “Não, você não está aqui para pegar uma onda pequena...”, diz o mestre e amigo Carlos Burle que é quem a coloca na onda que seria o seu recorde e objetivo de toda à viagem da equipe a Nazaré. Foram apenas cerca de 20 segundos entre o drop e a queda. Maya Gabeira superou os dois primeiros bumps da onda, mas no terceiro caiu e foi engolida por uma massa d’água imensurável, já com o tornozelo quebrado com o impacto. O alívio só veio quando Maya vomita água e desperta, ela está viva. Poucas palavras foram trocadas naquele momento, e, enquanto ela seguia para o hospital Burle volta para o mar. Só que Burle ainda tinha outro desafio naquele mesmo dia, encarar sua companheira no hospital. E foi lá, ao ouvir dela - “Burle obrigada por ter me colocado na onda da minha vida, eu teria morrido feliz.”


ESPORTE

Em busca da Arthur Zanetti aguardava ao lado do aparelho quando ouviu seu nome no sistema de som do ginásio belga. Olhou para o chão, balbuciou um “vamos lá” e se posicionou. Na perfeição do primeiro movimento, parou no ar e olhou reto. Nas arquibancadas, aplausos tímidos, como se não ousassem atrapalhar a exibição do campeão olímpico. Contestado por um rival chinês em Londres, viu um adversário do mesmo país se apresentar como maior obstáculo rumo ao título que faltava. Yang Liu, no entanto, sequer foi ao pódio. Zanetti ficou livre para garantir o ouro inédito nas argolas e ser campeão no Mundial de Ginástica da Antuérpia, neste sábado. Com uma chegada no solo precisa, o brasileiro terminou com 15.800 pontos. A prata ficou com o russo

Aleksadr Balandin, com 15.733, enquanto Brandon Wynn, dos EUA, conquistou o bronze, com 15.666. O americano ainda contestou a nota, mas teve o protesto negado pela arbitragem. Considerado maior rival de Zanetti, Liu fechou em quarto lugar.

to certo e teremos muito resultado também para frente. Mais uma etapa da minha vida foi concluída. Agora só falta mais um objetivo para a minha carreira: ganhar o título nos Jogos Pan-Americanos, que não tenho, para ficar plenamente satisfeito - disse o brasileiro.

- Foi perto da perfeição. Fiz minha parte e o resultado era o que estava esperando. Estava buscando o ouro e consegui. Mas, claro, nunca é perfeito, a gente sempre busca melhorar alguma coisa, mas foi muito bom. Competir logo e ficar esperando é complicado. Eu não sei se é mais difícil ser um dos primeiros ou dos últimos, porque a final tem um nível muito alto. Estou trabalhando bastante para buscar sempre o melhor para o Brasil e para a ginástica brasileira. Está dando mui-

Campeão em Londres, o ginasta chegara, enfim, também ao topo do mundo. A mil dias da abertura da Olimpíada do Rio de Janeiro, Arthur Zanetti sabe que está, também, a mil dias de passar por uma situação inédita: disputar uma competição de alto nível internacional no Brasil. Para que não chegue aos Jogos de 2016 sem conhecer a pressão que irá encarar, o ginasta tem “articulado” para conseguir trazer uma Copa do Mundo para o país. Foto: Claude Vermont

PERFEIÇÃO

Arthur Zanetti executando um movimento durante a apresentação que lhe valeu o título mundial.

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ESPORTE

DESTINO FINAL: A espera acabou! Estão definidas as 32 seleções que disputarão a Copa do Mundo do Brasil. O Maracanã (foto ao fundo) será o palco da grande decisão, o destino final almejado por todos. O caminho de cada uma até o dia 13 de Julho será conhecido e decidido

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no próximo dia 06 de Dezembro, quando se realizará o sorteio do torneio. Os países classificados que protagonizarão o espetáculo são: Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia e Equador pela América do Sul.


ESPORTE

MARACANÃ

Estados Unidos, México, Costa Rica e Honduras pela CONCACAF (América do Norte, Central e Caribe). Japão, Coreia do Sul, Austrália e Irã representando a Ásia. Camarões, Nigéria, Argélia, Gana e Costa do Marfim pelo continente

africano. Alemanha, Itália, Inglaterra, França, Rússia, Croácia, Grécia, Portugal, Bélgica, Suiça, Holanda, a estreante em copas Bósnia Hezergovina e a atual campeã Espanha pela Europa. Algum palpite? Mais 7 meses de suspense! Ano que vem, que vença a melhor!!!

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TURISMO

Foto: Sérgio Amaral/WWF-Brasil

Onde fica o Pantanal?

Pesquisa apontou que brasileiro ainda sabe pouco sobre o Pantanal.

Dois terços dos brasileiros não sabem onde fica o Pantanal

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ova pesquisa do Ibope feita com a organização WWF divulgada nesta quinta-feira (24) mostra que a percepção do brasileiro em relação ao que é o Pantanal ainda é baixa. Grande parte da população já ouviu falar do bioma (93%), mas muitas dessas pessoas não conhecem suas características naturais ou funcionamento. Duas a cada três pessoas (66%) não sabem indicar em qual região do país fica a planície alagada. De acordo com a publicação, metade da população está familiarizada com o tipo de paisagem natural encontrada no ecossistema.

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Quase 40% dos entrevistados não sabem que o Pantanal é uma área em risco de degradação, concluiu a pesquisa. A grande maioria da popula-

em junho. Outras 504 entrevistas fora feitas com moradores de 25 municípios da região do Alto Paraguai, em Mato Grosso, que estão na

“O desconhecimento enfraquece a preservação.” (Glauco Kimura) ção brasileira nunca visitou a área pantaneira, situada entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ao todo, 2.002 entrevistas com pessoas maiores de 16 anos foram conduzidas pelo Ibope em 26 estados do país

área de influência pantaneira. “Há um desconhecimento sobre o bioma. As pessoas não conhecem e não sabem da realidade do local. Esta é uma situação preocupante, em um grau máximo, porque o desco-

nhecimento enfraquece a preservação”, alertou Glauco Kimura de Freitas, coordenador do Programa Água para a Vida, do WWF-Brasil, na apresentação da pesquisa em Cuiabá. O conhecimento dos entrevistados sobre os rios da região também mostrou-se difuso. Entender a percepção vai nos ajudar a subsidiar as ações de campanhas de preservação da natureza. O Pantanal é a única bacia brasileira inclusa no programa HSBC pela Água, com investimentos de US$ 100 milhões e executado em parceria com as ongs.


TURSIMO

Foto: Giovanna Dell’Orto/AP

Dicas para mulheres que viajam sozinhas pelo Marrocos

Mulheres com túnica e capuz entram na mesquita Hassan II, em Casablanca.

Aprender a dizer ‘Não, obrigada’ é uma das primeiras lições para as turistas.

A

mulher estrangeira que viaja sozinha pelo Marrocos, um país norte-africano de maioria islâmica, onde os espaços públicos são dominados por homens, pode se preparar para chamar a atenção por onde passa. Em janeiro e junho, a repórter Giovanna Dell’Orto, da agência de notícias americana Associated Press, pas-

sou mais de três semanas explorando o Marrocos, desde suas cidades imperiais até os oásis no deserto, e viveu essa experiência. Na maior parte do tempo, ela ficava sozinha – quando se juntava a um grupo, era de estudantes americanas. Nos momentos em que não havia ninguém a acompanhando, Giovanna aprendeu a dizer firmemente “La, shukran” (“Não, obrigada”)

para qualquer convite ou abordagem de estranhos. Também evitou encarar os homens, para evitar problemas. Muitos marroquinos olham e “secam” as mulheres, conta a jornalista. Ela recomenda, ainda, não usar os chamados “grandes táxis” (veículos compartilhados que fazem trajetos entre cidades e vilarejos), não andar nas medinas (cidades velhas) após o fecha-

mento das lojas, não entrar em cafés onde haja apenas a presença do sexo masculino e não consumir bebida alcoólica em público. Dicas de viagem Segundo Giovanna, essa terra “fascinante, com culturas e raízes antigas, também vive imersa em analfabetismo e dificuldades de subsistência”. Suas ruínas de quase 2 mil anos, com arcos e colunas, são muitas

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TURISMO

vezes ocupadas por ninhos de cegonhas, em meio a uma paisagem rodeada de oliveiras e burros de carga. Na antiga cidade romana de Volubilis, a poucos qui-

banho em Fez – a mais antiga das cidades imperiais do Marrocos, capital da primeira dinastia árabe a governar o país, no século 8 –, quando uma

lômetros da região centro-norte do Marrocos, é possível ver pelo chão coloridos mosaicos que retratam corajosas mulheres. A poucas horas de carro dali, no sentido norte pelas montanhas Rif, fica uma praia de cascalhos no Mediterrâneo, onde Giovanna usou biquíni entre mulheres cobertas de túnicas até os tornozelos e véus “esportivos”. A repórter pôs o mesmo biquíni em uma casa de

massagista tirou a roupa de banho dela e a deixou coberta de um sabão preto à base de oliva, sobre uma laje de mármore. Enquanto a mulher esfregava um rolo gigante nas costas dela, Giovanna pôde ouvir uma dúzia de americanas nuas rindo. Segundo a jornalista, a cidade de Fez é uma “colmeia” gigante de casas em tons de terra sem janela e de lojas abarrotadas.

Culinaria típica ‘tajine’. (foto superior). Produtos do mercado de Fez. (foto à cima) (Foto: Stefano Rellandini/Reuters)

A tradição das gôndolas

Artesãos lutam para perpetuar método de construção de embarcações

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Lorenzo Della Toffola trabalha na construção de uma gôndola

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(Fotos: Giovanna Dell’Orto/AP)

“Aprendi a dizer firmemente La shukran” (Não, obrigado)

s elegantes gôndolas que deslizam por Veneza, na Itália, carregam a marca de um pequeno, mas orgulhoso grupo de artesãos que lutam para manter vivos os métodos tradicionais de construção do mais famoso símbolo dessa cidade alagada. Conduzida por um gondoleiro com camisa listrada e chapéu de palha, a embarcação de luxo oferece um ambiente romântico para um calmo passeio e, não raro, um pedido de casamento. Há 700 anos, havia em tor-


TURSIMO

Rio e Bahia lideram venda de pacotes para o Ano Novo

Tradicional queima de fogos durante o Ano Novo em Copacabana

(Foto: Ari Versiani/Arquivo AFP)

no de 7 mil gôndolas em vestido Armani preto, so- de 38 mil euros (R$ 113,5 por anos antes de começar Veneza, segundo a asso- mente com um diamante no mil), diz Tramontin. a construir barcos em taciação de gondoleiros Ento pescoço”, descreve. A madeira é tratada por até manho condizente com o Gondola, mas o uso como Levam-se dois meses para um ano, antes de ser montada peso de cada gondoleiro. transporte diário foi subs- construir uma gôndola a em uma forma ligeiramen- “Comecei a trabalhar em tituído por 1970 e, em barcos mais (Foto: Stefano Rellandini/Reuters) 1994, fiz mimodernos. nha primeira As 433 resgôndola por tantes são conta próagora, sobrepria”, conta tudo, atrações Tramontin, turísticas. apoiando-se No canteiem um reluro naval zente exemTramontin, plar, que pesa conhecicerca de 500 do como kg e tem 11,1 “squero” no metros de dialeto vecomprimento. neziano, o Tr a m o n t i n fabricante diz consde gôndolas truir gôndoRoberto Tralas 60% de montin exacordo com plica por que Estrutura de gôndola montada em estaleiro de San Trovaso, em Veneza os métodos seu negócio antigos. familiar, fundado em 1884 partir de 280 peças de va- te assimétrica, semelhante a Isso porque ele também usa pelo tataravô, ainda fabrica riadas madeiras, incluindo uma banana, que permite a algumas peças de madeira o barco clássico. carvalho, mogno, casta- um único gondoleiro impul- cortadas por máquinas e um “É como uma mulher sem nheira e elmo, entre outras, sioná-la em linha reta. tipo de compensado modermuita maquiagem em um todas custando juntas cerca Os construtores praticam no para a base do barco.

Preços de destinos sobem cerca de 70% em relação à baixa temporada.

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Rio de Janeiro e a Bahia são os dois destinos mais procurados por turistas brasileiros para o réveillon em 2013, segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) e a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). Para o presidente da Braztoa, Marco Ferraz, o Rio – especialmente a praia de Copacabana – é sempre um roteiro tradicional de Ano Novo. Já os cariocas costumam sair da cidade

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TURISMO

nessa época e ir para a Região Serrana (Petrópolis e Teresópolis) ou para a Região dos Lagos (Búzios e Cabo Frio), diz o vice-presidente de Relações Internacionais da Abav, Leonel Rossi Junior. Em relação à Bahia, Ferraz afirma que o estado tem ficado no topo das vendas não só durante o Ano Novo, mas ao longo de 2013 inteiro. “É uma região grande e bem diversificada, com vários polos turísticos. Há também muitos resorts e dá para encontrar preço bom”, destaca. Entre os destinos baianos mais procurados, ele cita Salvador, Ilhéus, Itacaré, Arraial D’Ajuda, Porto Seguro, Trancoso, Ilha de Itaparica, Morro de São Paulo, Praia do Forte, Costa do Sauípe e Barra Grande.

Maior festa a céu aberto do mundo, o Réveillon de Copacabana

(Foto: Ari Versiani/Arquivo AFP)

Reveillon em Copacabana

A Romântica Bruges

istórico

Centro h

Conhecida como a Veneza do norte

(Fotos) R enata Ara

ujo

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ansado de viajar pros mesmos lugares na Europa? Que tal uma ida a Bruges, na Bélgica? Conhecida como a Veneza do norte, por conta dos seus inúmeros canais, a cidade fica a menos de três horas de Paris, é super romântica e uma graça! A praça principal, rodeada de cafés e restaurantes, é um dos lugares mais bonitos da cidade.. Desde 2000, o Centro Histórico da cidade foi adicionado à lista de Patrimônio Mundial da UNESCO. Se tiver pouco tempo, passe só um dia e durma em cidades próxi-

mas como Bruxelas. Mas se preferir dormir na cidade, um hotel que recomendo é o Martin’s. Sugiro fazer um tour de trenzinho ou barco. Você fica conhecendo de verdade a romântica Bruges e é bem agradável! Se você é fanático por chocolate, prepara-se! São deliciosos e há lojas por todo canto… Agora, se você prefere uma cervejinha, também vai se deliciar. São saborosíssimas! Sorte minha, gosto dos dois!

Chocolates belgas, um dos melhores do mundo para especialistas.


TURSIMO Confira dicas para reduzir o desconforto em viagens de avião (Foto) Google Imagens

Corredor de avião

Cuidados para acabar com incômodos em viagem

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nchaço nas pernas, barriga estufada, pressão no ouvido, ressecamento dos olhos e da pele... Incômodos como esses são comuns durante viagens de avião, principalmente nas de longa duração, mas podem ser evitados ou, ao menos, reduzidos. Confira a seguir dicas elaboradas a partir da sugestões da presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, Vânia Melhado, e da “Cartilha de Medicina Aeroespacial”, do Conselho Federal de Medicina: 1- Alimentação Os cuidados devem começar antes do voo. A partir do dia anterior ao embar-

que, evite bebidas gasosas, comidas ricas em fibras e que fermentem (como feijão, repolho e pepino), pois isso vai piorar a sensação de inchaço na barriga, comum entre os passageiros. Evite, também, bebidas alcoólicas, pois o álcool diminui a capacidade de as células cerebrais utilizarem o oxigênio –que está diminuído a bordo da aeronave. As mesmas recomendações alimentares valem durante o voo. Evite os alimentos acima e prefira comer massas e beber água e sucos de frutas. Para manter a hidratação, recomenda-se beber um copo de água ou suco a cada duas horas de voo. 2) Enjoos Quem costuma ter enjoos durante a viagem deve tentar se sentar em uma pol-

trona na janela, preferencialmente perto da asa. Também vale evitar a ingestão excessiva de líquidos, comida gordurosa, condimentos e refrigerantes. 3) Inchaço nas pernas É um dos sintomas mais comuns durante o voo, e surge devido ao grande tempo sentado. É possível evitar o problema mesmo sem sair da poltrona: movimente a batata da perna e faça exercícios de rotação com os pés. Quem costuma sentir mais desconforto pode também usar meias elásticas em viagens acima de quatro horas, o que reduz bastante o problema. 4) Alergia Pessoas com rinite ou outro tipo de alergia devem levar soro ou hidratante para o nariz, além de me-

dicamentos específicos, caso estejam usando. Antes do pouso, vale usar descongestionante nasal para evitar a dor causada pelo aumento da pressão no interior da orelha média. Quem estiver em fase de crise deve conversar com o médico para obter orientações antes de viajar. 5) Olhos e pele Leve na bagagem de mão um hidratante e passe nas mãos, no rosto e em outros áreas do corpo resecadas. 6) Incômodo no ouvido Na hora do pouso, ocorre um aumento da pressão na região da orelha média, e é por isso que se sente uma sensação de semi-surdez no ouvido. Mascar chicletes ou apertar o nariz e depois soprar são dois truques para reduzir essa sensação de incômodo.

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TURISMO

(Foto) Google Imagens

Cartagena das Índias

Cartagena das Índias, cidade colombiana se exibe em frente ao mar do Caribe

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urante anos, Cartagena das Índias esteve escondida atrás de altas muralhas de pedras. Era a época dos constantes ataques piratas e sobravam motivos para proteger o que fora o porto mais importante de toda as Américas, já que sua posição estratégica guardava o desejado tesouro espanhol. Atualmente, a invasão é de turistas que chegam de todas as partes do mundo não

mar do Caribe. Na dúvida, fique com os dois. O centro de Cartagena, um dos destinos turísticos mais visitados na Colômbia, é considerado Patrimônio Histórico da Humanidade, pela Unesco, e guarda um dos conjuntos arquitetônicos mais preservados do continente. Tão bem cuidado que já foi cenário para que Marlon Brando rodasse ali o filme ?Queimada? e, anualmente, é sede do mais antigo festival latino americano dedicado à sétima arte, o Festival Internacional de Cinema de Cartagena, iniciado em 1960. Parece mesmo coisa de cinema. Cinema épico, diga-

loniais com sacadas de madeira, becos iluminados por lampiões, e castelos e fortes com canhões apontados para o mar. Tudo isso protegido pelas muralhas da cidade, um ambicioso projeto arquitetônico que começou a ser erguido ainda no século 16 para afastar aquela colônia espanhola, fundada em 1533, dos olhos cobiçosos dos invasores estrangeiros, como Francis Drake,

(Foto) Google Imagens

Noite em Cartagena

só para escutar a história que cada uma daquelas paredes tem para contar, mas para ver o mais famoso cartão-postal do destino: o

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-se de passagem. Ruas estreitas de paralelepípedos por onde passam até carruagens puxadas por cavalos, casarões co-

o mais famoso dos piratas que passaram pela região. Se o destino já fascina quem está do lado de dentro, o visitante chega a ficar sem palavras quando Cartagena se exibe com a variedade de praias e seus tons impensáveis de mar. Sim, Cartagena está em frente ao mar do Caribe e oferece todos os elementos necessários para reforçar os estereótipos sobre a região. Com exceção das praias

urbanas, dispensáveis para quem já conhece o litoral norte de São Paulo, o cenário será sempre bem parecido: areia fina e branca, água salgada com tonalidades improváveis do lado de cá do continente, cadeiras sob árvores a espera de turistas preguiçosos e todo o mar do Caribe à disposição. Para quem procura as famosas imagens caribenhas, o Parque Nacional

” Natural Los Corales del Rosario y de San Bernardo é o lugar certo. Localizado a 45 km de Cartagena, em uma área de 120 mil hectares, o parque é considerado um dos mais importantes da Colômbia e inclui as paradisíacas ilhas dos arquipélagos do Rosário e de San Bernardo com atrativos naturais que incluem diferentes ecossistemas submarinos como os arrecifes de co-


TURSIMO (Foto) Google Imagens

Vista Panorâmica

rais que ocupam 82,9% da região, bosques com manguezais e litorais rochosos e de areia. Os olhos podem até se perder diante da construção de tons envelhecidos de castelos e fortificações do centro histórico de Cartagena, mas a mente vai longe tentando imaginar o que se esconde debaixo daquelas impressionantes águas caribenhas. Para quem está pensando em viajar pelo Caribe ainda este ano, a Colômbia oferece uma boa oferta de cru-

Bela mistura de ruas colridas

zeiros pelo Caribe e destinos que contemplam o que todo mundo quer quando pensa em Caribe: sol, água azul e areia branca. Um dos principais portos da Colômbia é a cidade de Cartagena, que é muito mais do que praia. Em Cartagena, o viajante encontrará uma bela mistura de ruas de pedra, história, casas coloridas e praças tradicionais. Todo esse ambiente transforma Cartagena em um destino único e essencial para quem viaja a bordo de cruzeiros pelo Caribe. Anime-se a conhecer a Colômbia, Cartagena com certeza te surpreenderá. É um verdadeiro prazer percorrer em carrua-

gem a Cidade Amuralhada e observar suas casas coloniais. Cada rua tem sua própria história. É impossível deixar de visitar lugares como O Palácio da Inquisição ou monumentos como a Torre do Relógio e o Castelo de San Felipe de Barajas. Hospedar-se no centro histórico se torna a melhor opção para aqueles visitantes que preferem viver uma experiência de luxo. Você pode escolher entre formosos hotéis coloniais como o Santa Clara ou o Charleston Santa Teresa, mas se prefere uma experiência mais especial, os Hotéis Boutique como Água, Cuadrifolio ou El Marqués te garantem comodidade, uma decoração exclusiva e um serviço personalizado altamente qualificado.

Cartagena conhecida também como La Heroica é sinônimo de descanso e diversão. Suas acolhe-

doras praças convidam a tomar uns deliciosos cockteis ou a desfrutar da música e da cultura de sua gente. Também lhe oferece diversas alternativas gastronômicas que vão desde receitas típicas cartageneiras, até as extraordinárias preparações de chefs membros da Chaine des Rotisserurs. Entre os recomendados se encontram 8-18, La Vitrola e El Mar de Juan. Quando a noite começa, os melhores bares e discotecas oferecem uma visão privilegiada sobre a cidade e festas inesquecíveis.

Cartagena é a jóia do Caribe colombiano. 19


TURISMO

o seu guia semanal de cultura

Vai pra onde? SAQUAREMA Para o guia dessa semana escolhemos 4 destinos diferentes, alegres e paradisíacos. Comecemos por Saquarema .O título de capital nacional do surf é perfeito para Saquarema - na praia de Itaúna as ondas chegam a três metros de altura e garantem ao cenário sediar etapas de campeonatos mundiais do esporte

desde a década de 70. O mar bravo, porém, não espanta as famílias e a turma sem intimidade com as pranchas, que chegam em busca das areias brancas e finas, da estrutura de bares e quiosques e da bela paisagem formada ainda por muitas lagoas.

Para vislumbrar tudo isso de uma só vez, siga em direção à igrejinha de Nossa Senhora de Nazaré, no topo do morroque divide Itaúna da praia da Vila, uma das mais movimentadas da cidade por conta das boas ondas e das barracas. O visual descortinado lá de cima está entre os mais bonitos da Região dos Lagos.

A meca do surf nacional é também a terra do vôlei e do rock’n’roll. É em Saquarema que está o Centro de Desenvolvimento de Voleibol, coordenado pela CBV e aberto à visitação das instalações e do Museu do Vôlei, repleto detroféus e medalhas. Já o Templo do Rock, que tem como anfitrião o roqueiro mais antigo do país - Serguei -, é possível conferir fotos e objetos pessoais do artista, além de ouvi-lo contar histórias hilárias sobre o Festival de Woodstock e sua amizade com a cantora Janes Joplin. A meca do surf nacional é também a terra do vôlei e do rock’n’roll. É em Saquarema que está o Centro ds e do Museu do Vôlei, repleto detroféus e medalhas.

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ILHAS MALDIVAS

TURSIMO

Situado em uma ilha particular a 15 minutos de lancha de Malé, o resort Taj Exotica tem instalações estilosas com bangalôs de madeira sobre as belas águas, com diárias a partir de R$ 1. 500 Mais de 1200 ilhas, 26 atóis e milhares de barreiras de coral formam o paradisíaco arquipélago das Maldivas. Banhado pelas águas cristalinas do Oceano índico, ao sul da Índia e de Sri Lanka, as Maldivas são um destino perfeito para uma viagem inesquecível

Na ilha de Rangali, o Conrad Maldives tem diárias a partir de R$ 3.500, oferecendo o melhor do luxo em vilas espaçosas e elegantes.O principal destaque do hotel fica por conta do restaurante Ithaa, situado embaixo d’água com vista panorâmica das areias brancas e os peixes coloridos

Desde o Brasil a distância é longa e a passagem é cara: são mais de vinte horas de viagem, e mais de R$ 4 mil em linhas aéreas como Turkish Airlines, Air France, Emirates e Qatar Airways para chegar até a capital, Malé

Já no atol de Halifu, o Constance Halaveli é mais uma ótima opção de hospedagem para uma viagem romântica às Maldivas com diárias a partir de R$ 2.300. Em um cenário estonteante de areias brancas, coqueiros e águas transparentes, os turistas encontram total tranquilidade rodeados de belezas naturais E a diversidade não termina por aí: outros resorts de luxo como o One & Only Reethi Rath fascina seus visitantes com praias paradisíacas e baías turquesas em uma ilha coberta de vegetação com diárias a partir de R$ 600

Situada na ilha homônima, Malé é uma pequena cidade agradável e organizada, com atrações como a Mesquita da Sexta-Feira e diferentes mercados de produtos locais Mas o verdadeiro interesse dos turistas que aterrissam no local não é fazer turismo pela cidade, e sim pegar barcos e hidroaviões para se hospedar em resorts de luxo espalhados pelas fantásticas ilhas do arquipélago. Ali, os visitantes relaxam, são paparicados e aproveitam atividades como mergulho, pesca, surfe e vela Situado em uma ilha particular a 15 minutos de lancha de Malé, o resort Taj Exotica tem instalações estilosas com bangalôs de madeira sobre as belas águas, com diárias a partir de R$ 1. 500

O Anantara Dhigu Resort recebe seus hóspedes com diárias que começam a partir de R$ 2 mil e está à altura dos hotéis e resorts de luxo encontrados no arquipélago Seja para uma viagem a dois, em família ou com amigos, o arquipélago das Maldivas garante férias com muito sol, descanso e diversão em um dos cenários naturais mais belos do planeta

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TURISMO

e em Jeri, levando turistas O final de tarde é clássico Pôr do Sol nativos ao alto da duna do Jericoacoara está entre as dez praias mais bonitas do planeta e, apesar de sua fama correr o mundo, o ritmo de vida na antiga vila de pescadores continua o mesmo, assim como as ruas de areia e sem iluminação pública. E como o destino paradisíaco, a apenas 300 quilômetros de Fortaleza, se mantém intocado? Graças a dois fatores: o primeiro é o acesso precário - só se chega à Jeri em veículos com tração nas quatro rodas, depois de muito sacolejo. O segundo é a transformação da região em Área de Proteção Ambiental, o que aconteceu em 1984, e posteriormente em Parque Nacional, em 2002, preservando uma área de cerca de 200 quilômetros quadrados repleta de dunas douradas, mangues e lagoas de águas transparentes. As lagoas, aliás, são as melhores “praias” de Jeri. A principal é Jijoca, dividida em duas partes: Lagoa Azul, rústica e com barracas simples; e Lagoa do Paraíso, com pousadas confortáveis e restaurantes que oferecem redes e espreguiçadeiras. Por todo o espelho d´água, os bons ventos da região considerada uma das melhores do país para a prática

Pedra Furada, cartão postal da cidade 22

JERICOACOARA

Lagoa de Jijoca - Restaura nte

Chez Loran na lagoa do Paraíso

de esportes náuticos - conduzem jangadas e pranchas de kitesurf, que dividem o espaço em perfeita harmonia. Aproveite o passeio de bugue ou de jardineira pra chegar até lá. Já a praia do centro de Jericoacoara, frequentada pelos windsurfistas em especial, tem como destaque a duna do Pôr do Sol. Todos os dias, no final da tarde, nativos e turistas sobem o morro de 30 metros de areia para apreciar o espetáculo do sol mergulhando no mar. Depois, a vila vira festa. Com restaurantes transados, bares animados e forrós pé-de-serra, oferece programas para todos os gostos. Nas noites de lua cheia, porém, o programa preferido é simplesmente apreciar o céu, sempre repleto de estrelas. As lagoas, aliás, são as melhores “praias” de Jeri. A principal é Jijoca, dividida em duas partes: Lagoa Azul, rústica e com barracas simples; e Lagoa do Paraíso, com pousadas confortáveis e restaurantes que oferecem redes e espreguiçadeiras. Por todo o espelho d´água, os bons ventos da região - considerada uma das melhores do país para a prática

De setembro a dezembro, windsurfistas capricham nas manobras radicais


TURSIMO

CRUZEIRO ROYAL CARIBEAN A Royal Caribbean International anunciou o terceiro cruzeiro temático da temporada, o Royal Gourmet A viagem ocorre em 4 de abril e tem organização da chef Mônica Rangel No Royal Gourmet, os cruzeiristas partem de Santos e visitam a região do Prata em uma viagem gastronômica A bordo ocorrem atividades com importantes chefs, que ministrarão workshops, aulas e degustações Mais um cruzeiro temático será incorporado à temporada 2013/2014 pelo Brasil e América do Sul. A Royal Caribbean International oferecerá a bordo do navio Splendour of the Seas o cruzeiro Royal Gourmet, voltado para os amantes de gastronomia. A empresa já havia anunciado anteriormente o retorno de seus outros dois temáticos, o Royal Dance, com aulas de dança, e o Royal Life, com foco em saúde e bem-estar. O Royal Gourmet foi desenvolvido em parceria com a chef Mônica Rangel, proprietária do restaurante Gosto com Gosto, no distrito de Visconde de Mauá, em Resende, no estado do Rio de Janeiro. Fundadora do Movimento Brasil à Mesa, que procura valorizar a gastronomia nacional, Mônica também é conhecida como uma das juradas do programa Cozinheiros em Ação, do chef e apresentador Olivier Anquier, no canal a cabo GNT. A viagem especial parte de Santos em 4 de abril com destino a Punta del Este e Montevidéu, no Uruguai, e Buenos Aires, na Argentina. Mônica Rangel e outros chefs vão oferecer aos hóspedes uma programação especial. Estão previstos workshops de vinho, aulas com degustação, refeições temáticas e atividades gastronômicas para toda a família. Para fechar as atividades, os chefs convidados vão preparar um jantar especial.

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TURISMO internete

Rio de Janeiro

Rio tem 11 destinos turísticos indicados para a Copa de 2014

O estado do Rio de Janeiro teve dez destinos incluídos na lista de roteiros turísticos para a Copa do Mundo de 2014, além da capital, uma das cidades-sede da competição. Divulgada pelo Ministério do Turismo, a seleção tem 182 destinos em municípios distantes até três horas por via terrestre ou até duas horas, por via aérea, das 12 cidades-sede do Mundial: Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife e Salvador. O estudo mostra ainda em que tipo de segmento turístico cada município se encaixa; quais os mais famosos pontos de visitação das localidades e a distân-

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cia entre eles e a cidadesede correspondente. Os destinos do Rio se encaixam em quase todos os segmentos: sol e praia, ecoturismo, cultural, esporte e aventura. “o governo do Estado já está fazendo a promoção dessas cidades em feiras nacionais e internacionais. O objetivo é aproveitar o bom momento do Rio para alavancar o turismo no interior, aumentando o tempo de permanência do visitante e, consequentemente, a renda gerada para o estado”, afirmou o secretário de Turismo, Ronald Ázaro. A estimativa é que 600 mil estrangeiros e três milhões de brasileiros circulem pelo Brasil durante a Copa de 2014. “Nossos estudos indicam que cada visitante de

fora do País realizará uma média de três viagens pelo Brasil durante o mês da Copa do Mundo. Traçamos uma estratégia para intensificar o fluxo de

deslocamentos, beneficiando o maior número de municípios e distribuindo melhor a geração de emprego e renda”, disse o ministro do

Turismo, Gastão Vieira. Os municípios selecionados terão preferência na destinação de recursos e no destaque da promoção oficial. Entre campanhas e convê-

nios, o ministério estima investir R$ 70,5 milhões em 2012. A expectativa é que a Embratur tenha R$ 139 milhões.


TURSIMO

Turistas vão gastar R$ 25 bilhões na Copa de 2014, prevê Embratur Turistas brasileiros e estrangeiros vão gastar juntos R$ 25,2 bilhões na Copa do Mundo de 2014, estima a Embratur, estatal do setor. A projeção equivale a 28 vezes o que os turistas gastaram na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Segundo cálculo da UFF (Universidade Federal Flu-

minense), R$ 900 milhões saíram do bolso de 1,3 milhão de pessoas no evento. O valor ficou acima da expectativa da Embratur, de R$ 660 milhões. A maior parte das despesas previstas para a Copa de 2014 é de turistas brasileiros. A projeção é que 3 milhões de viajantes nacionais vão gastar R$ 18,3 bi-

lhões, nas 12 cidades-sede do evento. São esperados ainda 600 mil estrangeiros -o dobro dos que foram à África do Sul em 2010-, que devem injetar R$ 6,8 bilhões. A estimativa foi feita com base no histórico de fluxo de turistas para o país e na procura por ingressos na agência da Fifa. internet

O valor de gastos fica próximo de tudo que foi gasto por estrangeiros no Brasil no primeiro semestre deste ano: R$ 7 bilhões, segundo conversão dos dados do BC pelo dólar médio do período. No caso do estrangeiros, que costumam ficar mais que duas semanas, acompanhando todo o evento, a expectativa é de gasto total médio de R$ 11,4 mil na Copa. Para as estimativas de gastos de brasileiros, foi considerada uma estadia média de dez dias na cidade-sede. O Rio é o local mais caro: projeta-se um gasto diário de R$ 824 por pessoa que inclui hospedagem, alimentação, transporte e compras. A variação de custo entre as cidades se deve às diferenças nos preços da hospedagem. Depois da capital fluminense, as sedes mais caras são Brasília (R$ 824), Belo Horizonte (R$ 709) e São Paulo (R$ 645). As mais baratas são Natal (R$ 412) e Curitiba (R$ 422). Apesar da fama turística do Rio, a cidade que deve receber mais gente é São Paulo (595 mil turistas). Segundo o economista da Embratur Leandro Garcia, são esperados mais viajantes na capital paulista porque a cidade é o principal ponto de conexão aérea. “Algumas pessoas devem aproveitar a escala e ficar para os jogos locais”, afirma.

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TURISMO

O Novo M

internete

Maracanã retoma visita guiada após reforma Rio de Janeiro, 14 out (EFE).- O estádio do Maracanã, palco da final da Copa do Mundo de 1950 e que será sede do Mundial de 2014, abrirá suas portas a partir de terça-feira para visitas dos turistas, que poderão percorrer as instalações em um tour guiado. O tour, que nesta segunda-feira foi realizado pelos jornalistas, conta com per-

cursos pelos principais locais do estádio, tais como a tribuna de honra, a sala de imprensa, os vestiários, os bancos ou as zonas vip. Este tour guiado, pensado como uma atração a mais para a cidade do Rio de Janeiro, deixou de ser oferecido durante a remodelação do estádio, que foi finalizada em 2 de junho. Alguns dias depois, em 30

de junho, o Maracanã acolheu a final da Copa das Confederações, na qual a equipe do Brasil foi campeã após vencer a Espanha por 3 a 0, com gols de Fred, autor de dois, e de Neymar. O historiador Bruno Lucena, encarregado de guiar a visita, assegurou que “a demora para reabrir o estádio aos turistas foi longa” e disse que “um lugar tão iminternete

portante para a história do futebol como o Maracanã deve ser visitado”. Lucena acrescentou que espera que “no ano que vem ocorra no Maracanã uma bela história”, em referência à possível vitória da seleção brasileira no Mundial de 2014. As entradas do tour guiado podem ser adquiridas no próprio estádio e também pelo site maracana.com, e os preços vão de R$ 15 a R$ 30. Nos dias de jogos, a visitação é encerrada quatro horas antes da abertura dos portões. Para atender aos estrangeiros, haverá disponibilidade de tour em espanhol e inglês.

Maracanã

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Além disso, os alunos das escolas públicas do Rio de Janeiro têm entrada gratuita um dia por semana, se programarem a visita antecipadamente.


TURSIMO

Maracanã

Parada Tradicional Para os Turistas.

Inaugurado em junho de 1950, o maior estádio de futebol do mundo mantém, ao longo do tempo, todo o glamour que o transformou em cartão-postal e ponto obrigatório para quem visita

a nossa cidade. Sendo assim uns dos pontos turìsticos mais tradicionais. Palco de momentos memoráveis, como o milésimo gol de Pelé, os mega-shows de Frank Sinatra e de Paul Mac-

Cartney - cuja presença de público, superior a 180 mil pessoas, está registrada no Guiness Book -, o recente e não menos prestigiado Encontro com as Famílias, realizado durante a última visita do

Papa João Paulo II. O estádio impressiona pela imponência, estilo e beleza. Um verdadeiro monumento ao esporte, que pode ser visitado quase todos os dias e em diversos horários.

Dificuldades Durante a Reforma Depois de dois anos e oito meses de obra e de R$ 859,4 milhões gastos, segundo o TCU, o novo templo do futebol estreia. O maior desafio da arquitetura e da engenharia foi seguir todas as recomendações do caderno de encargos da Fifa durante o projeto, já que o estádio não foi demolido. O estádio foi todo modificado internamente e suas entradas foram divididas em quatro setores: Norte, Sul, Leste e Oeste. Apesar das dificufldades o estàdio foi entregue. Conheça o novo Maracanã.

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Estádio Jornalista Mário Filho

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HUMOR áCIDO

PM reprime biógrafos com truculência

Ministério Público irá averiguar possíveis excessos por parte dos policiais militares contra a categoria de biográfos autônomos SPARTA - Após agredir professores, estagiários e o coral das meninas cantoras de Petrópolis, a Polícia Militar carioca reprimiu com truculência uma manifestação de biógrafos. “Fomos reprimidos por podres poderes no momento em que declamávamos, em uníssono, o primeiro capítulo de Che Guevara - Uma Biografia”, lamentou Fernando Castro, que revidou atirando tomos de Saraminda e Marimbondos de Fogo no batalhão de choque. Desiludido com a repressão policial-literária, Castro entregou os pontos e virou repórter da Ilha de Caras. “Agora sou setorista de Susana Vieira”, disse, resignado. Sua trajetória será narrada na trilogia Fernando Castro: um homem, uma lenda, um mito, a ser escrita por Denilson Motta.

ALTO LEBLON - Jesus Cristo exigirá autorização prévia para liberar uma nova edição do Novo Testamento. “Andam falando coisas absurdas sobre Minha Vida. A partir de agora, quem quiser citar meu Santo Nome será obrigado a vir pessoalmente aqui no Paraíso e pegar duas vias mimeografadas por São Pedro”, trovejou. Após uma sábia pausa, concluiu, num tom grave: “Ou será que terei de descer aí de novo?”.

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REPRODUÇÃO

Black Blocs tentaram invadir a biografia autorizada de José Sarney

No final da tarde, o departamento de criptografia avançada da NSA finalmente conseguiu decodificar a coluna de Caetano Veloso publicada no último domingo no jornal O Globo: “O compositor, na verdade, voltou atrás e disse que biografias são boas e ruins, ou não”, resumiu Peter Williams.

Eficiente, Paula Lavigne também entrou no STF com um embargo infringente para que jornais, revistas e emissoras de TV sejam obrigadas a pedir autorização prévia sempre que quiserem fazer reportagens com a nata da MPB. “O Google também que terá pedir autorização para mim antes de exibir resultados com os nomes de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan”, completou Lavigne.

ODARA - Orientado por Paula Lavigne, Leãozinho proibiu Caetano Veloso de citar o seu nome. “Dados biográficos de foro íntimo foram expostos de forma vil. Agora todo mundo sabe que sou um filhote de leão raio da manhã”, disREPRODUÇÃO se, caminhando sob o sol. Na mesma onda, Geni resolveu processar Chico Buarque. “Foram décadas sendo apedrejada, cuspida e acusada de me relacionar com qualquer um. Nunca autorizei a citação de meu nome em músicas biográficas. Chega!”, desabafou, partindo num enorme Zeppelin. No final da tarde, Lobão fez uma sugestão a Chico Buarque. “Resolver o problema é simples: basta trocar Geni por Lavigne”, tuitou.


HUMOR áCIDO

Os ciganos sequestradores de crianças! (Não estão vindo pegar os seus filhinhos!)

O medo histérico e infundado de ciganos que roubam bebês se espalhou pela Irlanda há algumas semanas, o que levou a polícia a tirar os filhos de duas famílias romani. No final das contas, a polícia era a única sequestradora de crianças na história, que foi o ápice de anos de crescimento do sentimento anti-romani que políticos – e, às vezes, a imprensa – preferiram perpetuar do que prevenir.

belo de sangue contra os judeus – de que eles usavam crianças cristãs em rituais – mas que as pessoas adoram repetir de vez em quando.

Sérvia. Na Inglaterra, o jornal Mail deixou toda a nação alerta sobre seis – sim, seis – sem-teto romani que tinham sido levados do Reino Unido de volta para a Romênia, só REPRODUÇÃO para ter a ousadia de retornar e morar num parque público.

Há tempos, a comunidade romani vem fazendo o papel de bode expiatório da Europa. Essa é a última minoria que políticos respeitáveis podem atacar abertamente. Apesar Maria e o simpático casal cigano que toma conta dela do legado negro da Porajmos, quando os nazistas exterminaQuando foi confirmado que a crianram mais de 1,5 milhões de romani ça criada pelos ciganos na Grécia durante a Segunda Guerra Mundial era realmente romani, que seus pais na Europa, repetir insultos centenáeram da Bulgária e que sua mãe rios a essa cultura nunca se tornou entregou a guarda dela porque a um tabu. família era muito pobre. No entanto, é improvável que isso diminua o Essa rodada de ódio aos cigano coritmo da narrativa antirromani que meçou semana retrasada na Grécia, se espalha pelo continente. A hisonde uma criança – Maria – loira tória veio logo depois que Francois e de olhos azuis, foi encontrada Hollande, o presidente da França, morando com ciganos que não eram revelou seu lado maligno ao deporseus pais biológicos. Imediatamentar os pais e irmãos de uma garota te, o antiquíssimo mito dos ciganos romani. A menina foi tirada à força sequestradores renasceu. Pais de de seu ônibus escolar por policiais crianças loiras desaparecidas fizeram quando o pedido de asilo da família fila para dizer que tinham encontrado foi negado. Depois de protestos, uma nova esperança com o caso, que as autoridades ofereceram à garota agora acreditavam que ciganos poa chance de retornar à França sem deriam ter pego suas crianças. Uma os pais, que já haviam retornado à ideia tão desacreditada quanto o li-

De volta à Irlanda, com sua história infeliz de preconceito contra nômades, o pânico gerado pelos eventos na Grécia gerou vergonhosas 24 horas. Duas crianças ciganas foram tiradas dos pais pela polícia, mantidas na delegacia durante a noite e obrigadas a fazer testes de DNA para provar que pertenciam aos pais. A “pista” que a polícia irlandesa seguiu veio do jornalista da TV3 Paul Connoly, que recebeu uma mensagem de um estranho no Facebook alertando: “Há uma garotinha loira de olhos azuis vivendo numa casa romani em Tallaght”. Anteriormente, Connolly tinha feito uma reportagem tosca sobre a comunidade romani. Sua investigação frustrada de uma hora não conseguia identificar nenhuma ligação entre ciganos e o crime organizado, e foi considerada uma “vergonha para a TV3”. Talvez por isso a polícia devesse ter considerado as informações do repórter com um pouco mais de ceticismo. Apesar de os pais terem apresentado passaportes e certidões de nascimento, os polícias levaram as crianças.

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HUMOR áCIDO

Uma marcha pelo “orgulho romani” A família em câmeras. de seprotegendo as imprensa internaao trabalho de bae perguntar que justificavam essas Em Athlone, Irlanda, a dica preocupado levou garoto de apenas família, obriganpassar a noite na um teste de DNA tinha a pele mais seus pais.

REPRODUÇÃO

O extermínio romani não os suspeitas, mas o denúncias sobre das deveria ser Daily Star cha-

questão tinha gurança e plástico janelas, mas a cional não se deu ter na porta deles tipo de ataques medidas.) outra cidade da de um cidadão a polícia a tirar um dois anos de sua do o menino a delegacia e fazer – o garoto também clara do que os nazista do povo coloca acima de limite para aceitar minorias perseguimais alto. O Irish mou a operação da

Passeata do orgulho romani em Budapeste semanas atrás

polícia de “um completo desastre” na primeira página do jornal na quarta-feira passada – muito antes da polícia devolver o menino – mas outro jornal no Reino Unido não teve vergonha de estampar a machete: “‘Maddie’ Encontrada na Irlanda” (uma referência a Madeleine McCann, uma menina inglesa desaparecida em Portugal em 2003). Infelizmente, o que aconteceu na Irlanda semana passada não é o pior crime cometido contra a comunidade romani nos últimos anos. Apenas dois meses atrás, ultranacionalistas húngaros foram presos depois de assassinar famílias romani em suas próprias casas durante 14 meses. A vítima mais

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jovem tinha apenas 5 anos. Em Belfast, socialistas e anarquistas montaram guarda em frente a casas romani em 2009, quando suásticas foram pichadas nas paredes e cenas violentas fizeram 100 pessoas deixarem a cidade. Antes de lidar com ataques vindos da Garda Síochána, a polícia irlandesa, os romani húngaros tiveram que defender suas casas da Magyar Garda – vigilantes de extrema-direita que me deram um soco na cabeça uma vez, depois que um membro bêbado me confundiu com um judeu. Caras legais mesmo. Na Hungria, os romani encaram protestos regulares em frente às suas casas porque, aparentemente, são a causa de todos os problemas da sociedade. Isso de acordo com o

O extermínio nazista do povo romani não os coloca acima de suspeitas, mas o limite para aceitar denúncias sobre minorias perseguidas deveria ser mais alto. O Irish Daily Star chamou a operação da polícia de “um completo desastre” na primeira página do jornal na quarta-feira passada – muito antes da polícia devolver o menino – mas outro jornal no Reino Unido não teve vergonha de estampar a machete: “‘Maddie’ Encontrada na Irlanda” (uma referência a Madeleine McCann, uma


HUMOR áCIDO

Com vocês, a tão-conhecida milícia húngara...! REPRODUÇÃO

bando de loucos gritando bobagens nas calçadas, mas que está prestes a se tornar o segundo maior partido político do país. Qualquer membro do grupo ficará feliz em contar as atrocidades cometidas pelos romani, até ser pressionado um pouco

prego dentro da população romani húngara – que chega a um milhão – é seis vezes maior do que a média nacional. Então, eles tentam ir para Espanha, Canadá ou França – mesmo sabendo que podem nunca se sentir bem-vindos lá. REPRODUÇÃO

Membros da Magyar Nemzeti Garda, milícia nacionalista húngara

menina inglesa desaparecida), Infelizmente, o que aconteceu na Irlanda semana passada não é o pior crime cometido contra a comunidade romani nos últimos anos. Apenas dois meses atrás, ultranacionalistas húngaros foram presos depois de assassinar famílias romani em suas próprias casas durante 14 meses. A vítima mais jovem tinha apenas 5 anos. Em Belfast, socialistas e anarquistas montaram guarda em frente a casas romani em 2009, quando suásticas foram pichadas nas paredes e cenas violentas fizeram 100 pessoas deixarem a cidade. Antes de lidar com ataques vindos da Garda Síochána, a polícia irlandesa, os romani húngaros tiveram que defender suas casas da Magyar Garda – vigilantes de extrema-direita que me deram um soco na cabeça uma vez, depois que um membro bêbado me confundiu com um judeu. Caras legais mesmo. Na Hungria, os romani encaram protestos regulares em frente às suas casas porque, aparentemente, são a causa de todos os problemas da sociedade. Isso de acordo com o Jobbik, outro grupo de extrema-direita que devia ser apenas mais um

Charlie Chaplin vive numa marcha do orgulho romani em Budapeste

mais e confessar: “Bom, isso nunca aconteceu comigo, mas um amigo meu...”. Visitei Gyongyospata, um vilarejo controlado pelo Jobbick, no começo do ano. Lá, vi centenas de nacionaltas uniformizados marcharem com tochas pelas ruas de terra do distrito romani, acelerando suas motos e socando qualquer cigano que tentasse defender a área em que a comunidade vive há 600 anos. Empurrados para as margens da sociedade, o desem-

Logo depois da conclusão do caso de suposto sequestro na Irlanda, um ativista me disse que os europeus estavam confundindo a questão principal: “Os romanis são europeus. Eles não são um povo sem pátria, são cidadãos da Europa. Ponto final. E a menos que sejam forçados a saírem de suas casas, eles tendem a não ser nômades. Sério, o yuppie europeu comum é mais ‘nômade’ que o romani comum. 31


3 BELEZA

tratamentos bizarros que as pessoas fazem pra ficar mais bonitas

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tualmente vemos diversos tratamentos na área da estética, das mais diferentes origens, mas que tem um único objetivo: deixar as pessoas mais bonitas. Muitas dessas técnicas envolvem um pouco de dor, seja pela depilação, drenagem linfática e por aí vai, mas nada se compara às técnicas usadas pelas orientais em busca do corpo e rosto perfeito. Por isso, hoje, fizemos uma seleção das técnicas mais bizarras usadas por ela. Veja se você teria coragem de encarar alguma delas:

1. Ateando fogo na pele Na foto acima, vemos uma mulher com um creme espesso no rosto, uma toalha na região dos olhos e com duas ‘bolas’ de fogo, e o semblante dela é da mais absoluta tranqüilidade. A foto foi tirada na China, por uma filha que foi acompanhar a mãe no tratamento chamado Huo Liao(algo como: tratamento de fogo), inclusive muito popular na China como tratamento alternativo de flacidez e rugas. O segredo é um ‘elixir secreto’ que é passado na toalha, e depois com um pouco de álcool o fogo é ateado. Segundo os especialistas de lá, a técnica é absolutamente segura, como mostra o vídeo abaixo:

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Fotos de Ion House, Japan Trends e Ci:z Labo

No mundo ocidental não vemos tantas coisas freaks como essas, mas temos o excesso de cirurgias plásticas.”


2. Baba de Caracol

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Alguns acreditam que a baba do caracol tem efeitos antienvelhecimento na pele humana, por isso, no Japão, o salão de beleza Ci: z Labo oferece um tratamento chamado Celebrity Escargot Course, onde uma assistente coloca três caracóis no rosto do paciente. A gosma que vai ao rosto da paciente faz parte do tratamento que duram 60 minutos, e conta ainda com massagem e máscaras que também utilizam a baba do bicho como matéria-prima. Uma correspondente do jornal Telegraph fez uma sessão e disse que não foi tão ruim quanto ela imaginava.

3. Banho em serragem fermentada Bom, aqui pelo menos não temos lama, cremes ou algo parecido. Essa técnica consiste num banho em serragem fermentada. Segundo os criadores, com apenas 15 a 20 minutos coberto de serragem de madeira de cedro e cipreste melhora a circulação, limpa a pele e ajuda nas dores musculares, estimula a transpiração e limpa o sebo e a sujeira da pele. A técnica existe há mais de 70 anos, mas só se popularizou nos últimos anos no Japão .Dentre tantas bizarrices que mostramos, por traz de tudo isso fica um grande questionamento dos limites (ou a falta deles) que as pessoas tem a respeito de melhorar sua aparência. No mundo ocidental não vemos tantas coisas freaks com essas, mas temos o excesso de cirurgias plásticasque acaba em resultados desastrosos. Um grande questionamento dos limites(ou a falta deles) que as pessoas tem a respeito de melhorar sua aparência. Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/09/3-tratamentos-bizarros-que-as-pessoas-fazem-pra-ficar-mais-bonitas/

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BELEZA

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BELEZA

Série fotográfica retrata a beleza dos homens ruivos

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abelos e barbas da cor de labaredas (as maiores a fazer lembrar vikings), pele e olhos claros, sardas em todo o rosto, os ruivos são uma espécie rara e isso lhes confere um charme especial. Se há quem não seja apreciador, também há quem tenha fetiches com eles. Para essa camada da sociedade surgiu Red Hot uma série de fotos estrelando belos ‘cenourinhas’. O peculiar ensaio é do fotógrafo Thomas Knights e deu origem a uma exposição que por enquanto ocupa The Gallery, em Londres. Tem feito sucesso graças às características muito particulares dos homens ruivos, realçando toda a sua beleza. A série é também uma oportunidade pra refletir sobre a marginalização de determinados grupos na sociedade e a idéia de beleza e identidade no mundo moderno . Selecionamos algumas fotos da exposição pra você.

Imagens: Thomas Knights

Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/10/serie-fotografica-retrata-a-beleza-dos-homens-ruivos/

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BELEZA

Artista usa maquiagem pra criar incríveis cenários na pálpebra

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xemplo do poder da maquiagem artística. Tal Peleg está provavelmente no topo em termos de criatividade. Ela usa o olho e a sua curvatura pra criar delirantes e detalhados cenários, recorrendo à maquiagem e a alguns elementos extra que tornam as obras ainda mais reais. Aproveitando as características físicas do olho humano, Peleg consegue “deitar” confortavelmente um gato nas pálpebras, assentar um sushi ou criar um lago de cisnes. No caso do gato, por exemplo, ela ainda aproveita a sobrancelha pra cauda e acrescenta uma corda de novelo para o gato pegar, tornando todo o cenário mais credível. Ficamos verdadeiramente fascinados com o trabalho da israelense – se surpreenda também com as obras de arte nas pálpebras de Tal Peleg que selecionamos pra você:

Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/11/artista-usa-maquiagem-pra-criar-incriveis-cenarios-na-palpebra/

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Imagens: Tal Peleg


BELEZA

Pode comemorar! Chocolate ajuda a evitar o crescimento de fios brancos Doce é rico em melanina, responsável por manter a cor dos fios

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dilema do chocolate nunca vai acabar. Constantemente novos prós e contras sobre o doce são apresentados por especialistas. Mas a boa nova desta vez é que ele ajuda a impedir o nascimento de fios de cabelo branco. Segundo uma entrevista do especialista em cabelos, Ricardo Vila Nova, para o Daily Mail, a me-

lanina do cabelo e da pele é responsável por manter a cor dos fios vibrantes. Entre os alimentos que aumentam a quantidade de melanina está o chocolate, especialmente os mais escuros. Então, bora unir o útil ao agradável? Mas cuidado para não exagerar! Além disso, o especialista também destaca a importância de outros

alimentos para o cuidado com as madeixas. Se você quer um cabelo mais macio, coma salmão, rico em ômega 3, ótimo para a saúde do couro cabeludo. Os peixes gordos como o atum e salmão são excelentes fontes de ácidos graxos, essenciais para manter o couro cabeludo hidratado e a elasticidade do cabelo. Abacate e no-

zes impulsionam o brilho do cabelo e a melhor opção contra cabelos quebradiços é a carne vermelha, rica em ferro. De acordo com o especialista, a má alimentação pode causar queda e perda dos fios além de deixá-los ressecados. A rotina diária estressante e a nutrição desregulada aprofundam os danos. Foto: Think Stock

Fonte: http://revistaglamour.globo.com/Beleza/noticia/2013/10/pode-comemorar-chocolate-ajuda-evitar-o-crescimento-de-fios-brancos.html

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Imagem: Getty

BELEZA

Pernas em foco: os cuidados necessários para usar saia sem receio

Cremes, massagens e até filtro solar. Saiba o que fazer para deixar as pernas sempre em ordem para encarar vestidos e saias de todos os comprimentos em qualquer idade

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er pernas impecáveis é exigência número um para encarar saias e vestidos sem passar vergonha. Para isso, é preciso seguir alguns cuidados diários. Reunimos aqui o que você deve fazer em cada idade para continuar arrasando por aí! Aos 20 anos... Usar protetor solar evita manchas e flacidez e previne o surgimento de vasinhos (os raios solares podem provocar o dilatamento das veias). Garanta o bronzeado por outra via: aplicando autobronzeador. No dia a dia, use hidratante com FPS. E exercite-se. “Correr é ótimo, pois ajuda a tonificar os músculos e eliminar a celulite e a gordura localizada”, diz Marcio Lui, personal trainer de São Paulo. Aos 30 anos... A renovação da pele se torna mais lenta. Para combater o ressecamento provocado pela mudança, o indicado é trocar o hidratante comum por outro com ácido lático, glicólico ou retinol. Está grávida? Use meias compressoras a partir do quarto mês de gestação. Elas combatem o inchaço e incrementam a circulação, o que evita a formação de varizes (pelo mesmo motivo, mantenha o hábito após fazer 40 anos).

Aos 40 anos... Os nódulos de celulite aparecem ou aumentam. Fazer musculação se torna imperativo: isso melhora o visual e firma a musculatura sob a pele. Alterne exercícios localizados com aparelhos focados nas pernas, como as cadeiras abdutora e adutora. Adote cremes anticelulite e antiflacidez. Utilize um massageador após espalhar o produto, pois isso potencializa sua absorção.

Ajuda extra Conheça os tratamentos high-tech que combatem celulite e varizes. Para tratar a celulite, opte pelo Velashape Plus, aparelho que alia radiofrequência, energia infravermelha e sucção. “Ele tem ações anti-inflamatória, firmadora e redutora de medidas”, diz Juliana Neiva, dermatologista do Rio de Janeiro. O tratamento inclui seis sessões semanais, ao preço médio de R$ 2 mil por sessão. Para as varizes, o Laser NDYag é uma boa opção. Uma luz disparada pelas ponteiras é absorvida pelo sangue, que, aquecido, leva ao fechamento do vaso. O custo médio por sessão é de R$ 400. Duas aplicações costumam ser suficientes.

Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/beleza/reportagem/pele/pernas-foco-cuidados-necessarios-usar-saia-receio-740887.shtml

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Arte na pele – conheça a tatuagem em aquarela e pontilhismo desse brasileiro

BELEZA

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ara quem acompanha as novidades em tatuagem confira esta maravilhosa técnica. Agora apresentamos o trabalho de Rodrigo Tas, um criador, professor, ilustrador e muitas outras coisas acabadas em ‘or’. Mas o que nos surpreendeu foram suas tatuagens, que utilizam o pontilhismo e a aquarela de um jeito diferente. Tas Tattoo é como se chama a página onde vai compartilhando o que faz no corpo das pessoas – tudo original, único e sem repetição, de acordo com o pedido e as crenças de cada um. Rodrigo Tas é o artista por trás desses desenhos de efeitos incríveis e diz que a sua arte tanto pode ser feita na pele como em “um pedaço de papel, um shape velho de skate ou um muro sujo da cidade”. Confira algumas das tatuagens desse paulistano inovador que selecionamos pra você: Imagens: Rodrigo Tas

Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/10/arte-na-pele-conheca-a-tatuagem-em-aquarela-e-pontilhismo-desse-brasileiro/

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BELEZA

Um sorriso negro! Negro é a raiz da liberdade... Foto: Chiquinha

O mês de novembro vem sempre marcado, pelo mês da Consciência Negra, e esse período aproveitarmos para ousar e dar mais dicas e conhecimento para nossos leitores, sobre essa cultura, moda e um estilo pouco falado e revelado cheio de curiosidades.

A influência da cultura africana é estampada nas cores, formas e estilo da moda atual afro-brasileira. Isso pode ser observado na utilização de tecidos coloridos, tecidos africanos, ou mesmo agregando nessa moda, artefatos regionais, como a renda e o bordado. Falar de uma moda afro é tentar sintetizar parte de uma cultura muito rica e vasta. Construímos então uma moda afro-brasileira, onde a cultura regional também nos influencia. Um grupo é identificado pelas suas vestimentas, seus costumes, sua cultura. Criando assim um estilo próprio. A valorização desse estilo é resultado da nossa política de afirmação. Sim, moda também é uma ferramenta

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importante pra nossa identidade. Exportamos para ruas, elementos da nossa religiosidade afro-brasileira, sem que pra isso perdessem seu valor sagrado, sendo preservados no seu espaço religioso. Isso é feito utilizando uma releitura dessas peças, como é caso por exemplo da utilização das batas. O nome é o mesmo, mas não é mesma bata que utilizamos nos momentos ritualísticos. Tem semelhanças de formas e cores. Podendo combinar essas batas não ritualísticas, com saias curtas ou mesmo com jeans do dia-dia. Não se pode falar de moda afro ou afro-brasileira, sem citar umas das pioneiras desse segmento na Bahia, Saraí Reis, que vestia alguns integrantes do então Movimento

Negro Unificado, recentemente, ela tem a loja Ifá Veste. Um dos trabalhos atuais dela como figurinista foi o figurino da peça Bença, do Bando de Teatro Olodum, por sinal lindíssimo. Contemporânea de Saraí é Goya Lopes, que criou a grife Didara. Goya utiliza nas suas coleções estampas com grafismos inspirados pela moda afro-brasileira. Sua exclusividade vem da técnica de aplicação dessas estampas no tecido de malha. Atualmente, temos Mônica Anjos, Madá Preta, com a Negrif, Najara com a N´Black , Eu mesma em parceria com Edson Santos, com a Bettume e tantas outras, inovando e preservando nossas raízes. Pode até parecer paradoxal, mas é


BELEZA na verdade uma força que a moda afro-brasileira possui, saber respeitar suas referências, modernizando seus conceitos. Outra marca desse estilo é compartilhar um com outro, como se diz na gíria “tamu junto”. Lembro que pra mim essas referências foram latentes e definiu meu

caminho profissional, um fato curioso foi que eu fazia designer gráfico e iria me confirmar Makota* na religião do Candomblé. Uma amiga me apresentou Mônica Anjos, que fez minha roupa da confirmação, sim uma estilista fez minha roupa desse importante momento. E meu primeiro vestido pós-

-confirmação foi um branco de Goya Lopes. Mônica tinha acabado de ser formar em moda e conversando com ela pude ver que eu me identificava muito com a moda e que a moda estava mais perto do que eu podia imaginar. A gente faz moda desde pequenininha(o).

Foto: Danilo Apoena

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BELEZA

Ele nunca saiu de moda

Triton Eyewear

Quem já passa dos 40 anos sabe que, nos anos 70, quanto maior era o black power mais seria respeitado pela turma. O primeiro famoso a assumir o pixaim foi Toni Tornado, depois Tim Maia. Ambos haviam morado nos Estados Unidos por um tempo. A atriz Zezé Mota conta que, em visita àquele país, na época, deparou com os negros usando cabelo natural, voltou para o hotel e enfiou correndo

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a cabeça debaixo do chuveiro e sentiu como se fosse uma libertação. A onda pegou tanto no Brasil que virou símbolo de modernidade não só para negros. Jô Soares, Marcos Paulo, Roberto e Erasmo Carlos (cantores), todos usavam. Até que, em meados de 1974, Paulo César, jogador do Flamengo e da Seleção Brasileira, inovou, colorindo o black de caju. Ganhou até o apelido de Paulo César Caju. O black

dos anos 70 tinha o corte bem definido. Era cortado com precisão. A moda atual é deixar o cabelo crescer sem corte, sem definição. Alguns homens, por exemplo, texturizam os fios para os cachos ficarem mais soltos. Nesse caso, os cabeleireiros indicam gel como manutenção para maior fixação. Já para os que possuem cachos naturais, o ideal é usar leaven-in para evitar o ressecamento dos fios.


BELEZA

Top da Ana Model

Foto: Chiquinha

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POLÍTICA

Após leilão do campo de Libra, PT deve falar menos de privatização Reprodução Folha de São Paulo

O

bilionário leilão para exploração de petróleo no campo de Libra esquentou o debate sobre privatizações e o papel do Estado na economia. Mas, ao contrário do que ocorreu em 2010 e 2006, o PT dificilmente colocará o assunto no centro da disputa eleitoral do ano que vem. A opinião é compartilhada por dois personagens da órbita petista que lidam com o tema a partir de diferentes ângulos: um alto dirigente do partido e um técnico especializado no setor de energia. Para o vice-presidente nacional do PT, Alberto Cantalice, faz pouco sentido para a sigla insistir no tema em 2014 porque “a população colocou novas pautas” no debate a partir dos protestos de junho. “Além disso, tem uma geração aí que não viveu aquele período dos anos 90 em que as privatizações significavam desnacionalização do patrimônio público, quando entregavam o controle absoluto das estatais à iniciativa privada.” O físico Luiz Pinguelli Rosa, presidente da Eletrobrás no governo Lula, concorda que o tema não terá o mesmo apelo. Mas por outra razão:

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“Dessa vez vai ser menos presente porque a presidente Dilma [Rousseff] está fazendo todas essas concessões de aeroportos, portos...” Conforme esse raciocínio, as políticas adotadas pelo governo não permitirão mais que a propaganda petista trate do assunto com tanta desenvoltura. O consórcio de Libra, por exemplo, é liderado pela Petrobras com 40%. Mas quatro estrangeiras ficaram com os outros 60%. A anglo-holandesa Shell e a francesa Total têm 20% cada. As chinesas CNPC e CNOOC ficaram com 10% cada. Um indício de como será o discurso petista foi o pronunciamento de Dilma na TV. Após dizer que 85% de toda a renda a ser produzida “vão pertencer ao Estado brasileiro e à Petrobras”, fez questão de ressaltar: “Isso é bem diferente de privatização”. É uma forma bem mais defensiva do que a adotada nas últimas campanhas. Em 2006, por exemplo, os petistas passaram todo o segundo turno dizendo que o rival Geraldo Alckmin (PSDB) iria privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, o que sempre foi negado.

Imagens: Internet

A propaganda contou com a ajuda do rival, que demonstrava dificuldade para responder. Uma foto de Alckmin com uma jaqueta com os logotipos das principais estatais virou símbolo desse período. Se sugeriu um estilo menos agressivo do PT, o leilão de Libra revelou que os tucanos ainda têm dificuldades com o tema. Em declarações públicas, os principais líderes do PSDB demonstraram pouco entrosamento. Enquanto o senador Aécio Neves (PSDB-MG) falava em “um fracasso” que custará “muito caro” ao Brasil, Alckmin, agora governador de São Paulo, elogiava: “Eu acho que foi bem, na medida que avançou”, disse. Já o ex-governador José Serra foi por uma terceira via: “O que houve aí foi para atender a um cartel que eles mesmos organizaram”.


Governo contraria teles e mantém texto de regras da internet

POLÍTICA

Internet

Reprodução Folha de São Paulo

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novo texto Marco Civil da Internet, que deve ser apresentado nesta terça-feira (5) na Câmara dos Deputados, vai deixar de fora a autorização para que as teles ofereçam os pacotes de “franquias de dados”. O modelo permitiria que as empresas pudessem reduzir a velocidade da conexão quando o usuário estourasse o limite contratado. As operadoras de telecomunicações trabalhavam para incluir esse ponto no projeto. Com isso, ela poderiam vender o serviço com velocidade máxima de navegação determinada e limite para a utilização de dados. A ideia era que ficasse explícito que isso não atentava contra a chamada neutralidade da rede, princípio atualmente em vigor que impede provedores de internet de interferir na qualidade do serviço conforme o conteúdo acessado pelo usuário. Esse tipo de serviço é regulamentado pela Anatel e oferecido pelas companhias no acesso à internet móvel e na banda larga fixa. O Marco Civil da Internet é considerado a “Constituição” da rede e estabelece princípios gerais, como liberdade de expressão e proteção de dados pessoais. Para o relator do projeto, deputado Alessandro Molon (PT-RJ), as “franquias de dados” fazem parte do modelo de negócios das operadoras e não devem constar nas regras do projeto, que contempla os interesses do governo. A Folha apurou que a presidente Dilma Rousseff fez uma reunião, no fim da semana passada, com os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e o deputado Molon para mapear as divergências e identificar como os aliados estavam se posicionando para a votação.

O governo resiste em alterar sua posição nos dois principais impasses: o conceito de neutralidade e a obrigação para que grandes empresas internacionais de internet tenham seus dados armazenados no Brasil --medida que contraria companhias como Google e Facebook. O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) tem indicado que vai defender a manutenção dos pontos no debate que a Câmara vai realizar amanhã com especialistas. Questionado sobre mudanças, Molon disse que reforçou as regras para a

privacidade do usuário e deixou para hoje a definição sobre o armazenamento de dados no país. “O texto amplia a proteção a privacidade e não abre brecha na neutralidade. Inclui uma série de regras para a limitação de coletas de dados na rede”, disse Molon. A expectativa é que a votação do marco seja adiada para a próxima semana. Líderes ouvidos pela Folha avaliam que há chances da neutralidade ser mantida pela Casa. Em relação ao armazenamento de dados, a previsão é que, se for inserida, a obrigatoriedade será derrubada durante a votação.

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POLÍTICA

Grito da Liberdade critica a mídia e a repressão policial nas ruas Manifestação reuniu 2 mil pessoas nesta quinta-feira para denunciar a repressão do Estado e a criminalização dos manifestantes pelos meios de comunicação de massa Reprodução Folha de São Paulo

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esta quinta-feira (31/10), cerca de 2 mil pessoas foram às ruas no Rio de Janeiro para uma manifestação intitulada “Grito da Liberdade”. Infelizmente, não se tratava de uma comemoração, e sim do apelo de uma sociedade que, após um momento epifânico de celebração do poder popular, sente o cerco se fechando. Qual o status da liberdade hoje no Brasil? Quem vem acompanhando as manifestações que vêm ocorrendo desde junho sabe que um dos principais catalisadores dos atos públicos foi a solidariedade às vítimas da reação demasiadamente violenta da Polícia Militar (logo, do Estado). Depois da repressão truculenta ocorrida em São Paulo no dia 13 de junho, os rios de asfalto e gente entornaram pelas ladeiras, entupiram o meio-fio, em meio a tantos gases lacrimogênios. De lá pra cá, o número de pessoas diminuiu nas ruas, mas a intensidade da repressão aumentou. Seja

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pela ação direta da polícia, sela pela articulação das forças conservadoras, nos três poderes, para criar leis que ampliem a possibilidade de carimbar o nome “criminoso” no currículo das pessoas. Exemplo disto é a chamada Lei do Crime Organizado, que, assinada em 2 de agosto pela presidenta Dilma, foi inaugurada em outubro no Rio de Janeiro com a prisão de 84 pessoas durante uma manifestação pública, sendo 20 delas adolescentes. Alguns estão presos até hoje. Tudo isso legitimado por uma imprensa que, em vez de colaborar no esforço para compreender a dinâmica dos acontecimentos, incita o medo e o ódio, clamando por uma postura mais enérgica por parte do Estado – que, invariavelmente, tem resultado em mais violência nas ruas. Obviamente, o processo tem suas nuances. O discurso da mídia oscila entre a simpatia por um determinado tipo de manifestação (aquela que serve à politicagem dos donos da mídia

Manifestação reuniu 2 mil pessoas nesta quinta-fe

ou que celebra o narcisismo da classe média) e a histeria generalizada. O ápice da criminalização histérica foi a capa do jornal O Globo do dia 17 de outubro passado, que deu um tratamento de reportagem policial ao ato público dos profissionais de educação. A manchete “crime e castigo” estampou fotos dos “vândalos” na capa do diário e condenou diversos manifestantes que, posteriormente, foram absolvidos pela Justiça – sem que qualquer tipo de retratação fosse feito pelo Globo na sequência. Os julgamentos e punições sumárias por parte dos grupos de mídia e da Polícia Militar (lembrando novamente: do Estado) não têm nada de novo,


POLÍTICA

Internet

ira para denunciar a repressão do Estado e a criminalização dos manifestantes pelos meios de comunicação de massa

como atestam os vários Amarildos que não se tornaram notícia. O fenômeno “black bloc” nos atos públicos e a tipificação “vândalo” funcionam, no discurso conservador da mídia, de forma semelhante ao que ela faz com o “negro” (black!) ao taxá-lo de “traficante” na favela: culpa a priori. E foi principalmente contra esse tipo de desmando e criminalização, que acontece nas favelas todos os dias e nas manifestações públicas com frequência, que as pessoas foram às ruas nesta quinta-feira. Mas não apenas. Quem acompanha no noticiário o lobby das telecomunicações e da radiodifusão no Congresso contra a aprovação do

Marco Civil da Internet sabe que esse cerco não se fecha apenas nas ruas, e o Grito da Liberdade no Rio de Janeiro fez questão de apontar isto também. As possibilidades de ampliação democrática abertas pelos usos sociais da web observados nos últimos anos, como a criação de canais de informação independentes, que colocaram a nossa mídia em cheque nos últimos meses, encontram-se ameaçadas. Por meio da internet, a sociedade brasileira foi informada sobre o que acontecia nas ruas durante as manifestações ou nas favelas sob a política das “tropas de choque” e das “polícias pacificadoras”. Isso desarticulou

distorções promovidas pelo discurso oficial e midiático. E é por isso que, agora, há muitos interessados em restringir esse canal de comunicação. O Grito da Liberdade de quinta-feira foi um reflexo de uma sociedade que já sente suas liberdades limitadas cotidianamente e que as vê cada vez mais serem vítimas do conservadorismo dirigido pela fome de lucro e que tem sede de controle. Todos sentimos que o momento é importante para o país, por isso muitos têm ido às ruas ou celebrado por aqueles que vão. Não temos, porém, certeza de que estamos ganhando essa batalha. Que a liberdade possa falar mais alto.

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POLÍTICA

OS NOVOS E FORTES CANDITADOS !

ELEIÇÕES 2014

fonte: www.psb.org.br

Marina sela aliança com Campos e o declara candidato à Presidência

O presidente Nacional do PSB, governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva, uma das fundadoras da Rede, agendaram uma entrevista coletiva para a tarde deste sábado, na qual serão divulgados os detalhes da aliança. Marina poderá se candidatar ao Planalto, assumir a posição de Vice de Eduardo Campos ou apenas apoiar o partido. A expectativa, porém, é de que a ex-senadora anuncie sua filiação ao PSB. Dessa forma, Campos e Marina formariam a principal chapa eleitoral de oposição à presidente Dilma Rousseff nas eleições do ano que vem. A estratégia é montar uma “aliança pro-

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gramática” com o PPS, presidido pelo deputado federal Roberto Freire, e a estrutura ainda não oficializada da Rede Sustentabilidade.

sua fala, no entanto, Marina já dava sinais de que gostaria de uma solução que quebrasse com a polaridade vista nas últimas eleições entre PT e PSDB.

As negociações de Marina com Cam-

Nestas eleicoes, os novos canditados dizem que se comprometem com a campanha e torcem para conquistar um novo espaço e conquistar a Presidencia da República.

Marina: “Somos o 1º partido clandestino criado em plena democracia” pos e Freire se estreitaram na noite de ontem, após a ex-senadora convocar uma coletiva à imprensa para dizer que ainda não havia chegado a uma decisão sobre seu futuro político. Em


POLÍTICA

A empresários em Londres, Campos cita Marina e defende seu ‘Modelo de Gestão’

fonte: www.psb.org.br

Em seminário a empresários britânicos nesta quinta-feira (7), o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, defendeu seu modelo de gestão, lembrou que haverá eleição no Brasil em 2014 e informou que seu partido, o PSB, fez recente aliança com a ex-senadora Marina Silva. “O que o investidor estrangeiro quer é clareza sobre onde o país quer chegar. O Brasil tem duas décadas pela frente que vão definir o seu papel. E esse é um debate que o Brasil vai viver no ano que vem, quando teremos eleição. Fizemos recentemente uma aliança com o partido da ex-senadora Marina

Silva. Nosso esforço é nessa direção, dizer o Brasil que nós queremos”, disse Campos a uma plateia de cerca de 200 pessoas num hotel em Londres. Marina e Campos buscam apoio de artistas O evento faz parte da agenda do governador, presidenciável em 2014, na viagem que faz pela capital do Reino Unido, depois de passar pela Alemanha. Além de empresários locais, o embaixador do Brasil, Roberto Jaguaribe, e membros do governo britânico também estavam presentes.

possíveis investimentos estrangeiros em Pernambuco. Sem mencionar que deve ser candidato a presidente, Campos destacou sua gestão à frente do Estado. “Nosso modelo de gestão foi premiado pela ONU por sua excelência”, disse. “Nosso modelo de gestão é focado em resultados, na meritocracia”, afirma Governador Campos.

Oficialmente, o seminário tratou dos

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POLÍTICA

NA CADEIA! Oito réus do mensalão em MG vão se entregar,dizem advogados Dos advogados dos 9 réus, somente o de Kátia Rabello não se pronunciou e o STF decidiu, nesta quarta-feira, pela prisão imediata dos réus do mensalão.

Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram nesta quarta-feira (13) pelaexecução imediata da pena imposta a vários condenados no processo do julgamento do mensalão. Os mandados de prisão dos condenados do processo do mensalão que terão de começar a cumprir penas de imediato devem ser expedidos a partir da próxima semana. Os motivos são o feriado de sexta-feira (15) e o fato de que o Supremo Tribunal Federal ainda não tinha divulgado oficialmente, até a última atualização desta reportagem, a lista dos réus a serem presos. Na sessão desta quinta (14), os ministros não discutiram o processo do mensalão. O advogado Marcelo Leonardo, que defendeMarcos Valério, apontado como o operador do mensalão, adiantou ao G1 que o cliente vai se entregar assim que o mandado de prisão for expedido. Leonardo avaliou que da forma como a sessão terminou não teve como entender o resultado. “Ficou muito confuso. A conclusão da votação ficou tão difícil de entender que o próprio presidente disse que vai anunciar amanhã”, falou. Marcos

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Valério, atualmente, mora em Caetanópolis, a 100 quilômetros de Belo Horizonte. Da mesma forma, o advogado de Cristiano Paz, Castellar Modesto Guimarães Neto, disse na noite desta quarta-feira (13) que seu cliente também vai se entregar à Polícia Federal. Segundo Castellar, a intenção é evitar que Paz seja mais exposto, e proteger a família, que mora na capital mineira. O defensor criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal de executar a prisão imediata dos réus do mensalão que ainda têm embargos infringentes a serem julgados. “Foi uma insatisfação, mas vamos aguardar os próximos passos para percebemos de forma mais clara a implementação da decisão. Leonardo Yarochevski, que defende os réusRomeu Queiroz e Simone Vasconcelos, disse que seus clientes têm a intenção de se entregar no momento em que a expedição dos mandados de prisão for publicada. Ambos moram em Belo Horizonte, segundo o advogado. Paulo Sérgio Abreu e Silva, que defende o réuRogério Tolentino, disse nesta quinta-feira (14) que seu cliente também vai se apresentar imediata-

mente após a expedição do mandado de prisão, mas ainda não se sabe se será na sede na Polícia Federal ou a um juiz federal. Tolentino, que é ex-advogado de Marcos Valério, também mora na capital mineira. O defensor de José Roberto Salgado, Marcio Thomaz Bastos, também afirmou, rapidamente por telefone, que seu cliente pretende se entregar quando o mandado de prisão foi expedido. O advogado Maurício de Oliveira Campos Júnior, que representa o réu Vinícius Samarane, disse que seu cliente também vai se apresentar espontaneamente quando e se o mandado de prisão for expedido. Samarane está entre os oito réus do mensalão que não devem cumprir pena imediatamente, já que as suas duas condenações estão sendo questionadas em questão dos embargos infringentes. A mesma situação é vivida por Ramon Hollerbach. Mesmo sem a iminência da prisão, o advogado Hermes Guerreiro disse que seu cliente está à disposição da Justiça, e pode se entregar caso seja decidido pela condenação após o término do julgamento dos embargos infrigentes.


POLÍTICA

PRESO POLÍTICO, OU POLÍTICO PRESO? Réus do mensalão afirmam que são presos políticos e não presos pelo crime de corrupção.

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CULTURA

Adriana Varej達o

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ÉLÈNE KELMACHTER: O título que escolheu para a sua exposição é tirado de um livro de Severo Sarduy sobre o Barroco... A sua obra, alimentada por múltiplas referências, é ela própria uma espécie de “câmara de ecos”...

mim uma estranha alquimia entre o ouro e o sangue, entre a riqueza e o drama. Me voltei para Minas, para suas pequenas cidades históricas, suas montanhas, cachoeiras e pedras, e especialmente para Ouro Preto. Aquelas igrejas eram caixas de jóias que guardavam complexas e fascinantes jóias carADRIANA VAREJÃO: Severo nívoras, capazes de ingerir qualSarduy se refere à “câmara de quer elemento alheio, fragmentos ecos” como o espaço onde escu- dispersos, acumulando-os, defortamos ressonâncias sem nos ater mando-os e integrando-os ao seu a uma seqüência ou a qualquer universo sagrado. noção de causalidade, onde o eco precede, muitas vezes, a voz.1 H.K. Qual é a sua definição de Ele se refere também à inversão Barroco? Acha que se pode falar do enredo histórico conhecido, a de uma estética barroca contemuma narrativa sem datas. Dessa porânea? maneira, minha narrativa não per- A.V. O Barroco é um estilo sem tence a um tempo ou lugar, ela se período de tempo, onde se comcaracteriza pela descontinuidade. preende que a arte nada mais é Ela é um tecido de histórias. His- que pura cultura. Que a arte se tórias do corpo, da arquitetura, do alimenta da arte, e não da natureBrasil, da tatuagem, da cerâmica, za. O carnaval do Rio é barroco. dos azulejos antigos, portugueses, O desfile das escolas de samba é ou dos modernos e vulgares, dos a maior ópera barroca da face da mapas, dos livros, da pintura... terra. Na literatura, autores como Severo Sarduy, Lezama Lima, H.K. Qual foi o seu primeiro Guimarães Rosa e Zola, entre contato com o Barroco? Será outros, são barrocos. No cinema, que a sua descoberta da igreja Glauber Rocha, Peter Greenway, de Ouro Preto serviu de ponto Derek Jarman, David Cronemde partida da sua obra? berg. O Barroco também fala A.V. Meu primeiro contato com o de travestimento, troca de pele, Barroco se deu através de um li- maquiagem, artifício. A Louise vro sobre igrejas barrocas no Bra- Neri, num texto incrível intitusil. Eu já costumava saturar a tela lado “Admirável mundo novo”, com muita tinta, criando superfí- que escreveu sobre o meu trabacies bastante espessas. Foi quando lho, refere-se ao ciborgue como estive em Ouro Preto pela primei- a última criação do Barroco. O ra vez. Fiquei realmente chocada, ciborgue é um híbrido de máem êxtase. Era a primeira vez na quina e organismo. Ela compara vida em que entrava numa igreja algumas de minhas obras a estes barroca. Essa igreja ficava num corpos biológicos híbridos. dos pontos mais altos de Ouro Preto e se chamava Nossa Senho- H.K. Qual é a sua definição de Barra do Rosário dos Pretos do Alto roco? Acha que pode falar de uma da Cruz, mais conhecida como estética barroca contemporânea? Santa Efigênia. Era como se a ma- A.V. O Barroco é um estilo sem téria “dançasse”. Forte, viva, po- período de tempo, onde se comtente, pululante. Aquilo era para preende que a arte nada mais é

CULTURA

que pura cultura. Que a arte se alimenta da arte, e não da natureza. O carnaval do Rio é barroco. O desfile das escolas de samba é a maior ópera barroca da face da terra. Na literatura, autores como Severo Sarduy, Lezama Lima, Guimarães Rosa e Zola, entre outros, são barrocos. No cinema, Glauber Rocha, Peter Greenway, Derek Jarman, David Cronemberg. O Barroco também fala de travestimento, troca de pele, maquiagem, artifício. A Louise Neri, num texto incrível intitulado “Admirável mundo novo”, que escreveu sobre o meu trabalho, refere-se ao ciborgue como a última criação do Barroco. O ciborgue é um híbrido de máquina e organismo. Ela compara algumas de minhas obras a estes corpos biológicos híbridos. H.K. Qual é a sua definição de Barroco? Acha que pode falar de uma estética barroca contemporânea? A.V. O Barroco é um estilo sem período de tempo, onde se compreende que a arte nada mais é que pura cultura. Que a arte se alimenta da arte, e não da natureza. O carnaval do Rio é barroco. O desfile das escolas de samba é a maior ópera barroca da face da terra. Na literatura, autores como Severo Sarduy, Lezama Lima, Guimarães Rosa e Zola, entre outros, são barrocos. No cinema, Glauber Rocha, Peter Greenway, Derek Jarman, David Cronemberg. O Barroco também fala de travestimento, troca de pele, maquiagem, artifício. A Louise Neri, num texto incrível intitulado “Admirável mundo novo”, que escreveu sobre o meu trabalho, refere-se ao ciborgue como a última criação do Barroco. O ciborgue é um híbrido de máquina e organismo. Ela compara algumas de minhas obras a estes corpos biológicos híbridos. 53


CULTURA

H.K. Os títulos das suas obras dão a entender que existe uma história na origem de cada uma delas, como na peça monumental criada para a Fundação Cartier: Celacanto provoca maremoto. A.V. Quando eu era adolescente, em todo lugar no Rio podíamos ler a frase “Celacanto provoca maremoto” pixada nos muros. Todo mundo se perguntava o que isso poderia significar. Parecia um slogan revolucionário! Vivíamos na ditadura militar. Havia diferentes interpretações nos jornais... O celacanto é um peixe de águas abissais já em extinção. Finalmente, descobriu-se que um grupo de adolescentes estava por trás desses grafites. Eles tinham visto um episódio do National Kid na televisão onde aparecia um cientista louco que declamava em tom profético: 54

Celacanto provoca maremoto! Celacanto também evoca a maneira desordenada e casual de como são repostos os azulejos quebrados dos antigos painéis barrocos, sem a menor preocupação de preservar sua composição original. Essa confusão causa uma certa vertigem. Já em Celacanto, embora possa parecer, a composição do painel não se dá ao acaso. Tudo é calculado e cuidadosamente construído. Paulo Herkenoff se refere a essa obra como uma calculada arquitetura do caos, onde se destrói uma ordem e se constrói uma desordem. Também adoro a idéia dessa frase como alusão ao mar. Penso na grande onda de Hokusai. Penso em Herkenhoff dizendo que o Barroco é um estilo que começa e termina no mar.

A.V. Quando eu era adolescente, em todo lugar no Rio podíamos ler a frase “Celacanto provoca maremoto” pixada nos muros. Todo mundo se perguntava o que isso poderia significar. Parecia um slogan revolucionário! Vivíamos na ditadura militar. Havia diferentes interpretações nos jornais... O celacanto é um peixe de águas abissais já em extinção. Eles tinham visto um episódio do National Kid na televisão onde aparecia um cientista louco que declamava em tom profético: Celacanto provoca maremoto! Penso em Herkenhoff dizendo que o Barroco é um estilo que começa e termina no mar. Penso em Herkenhoff dizendo que o Barroco é um estilo que começa e termina no mar.


CULTURA

Reprodução das obras da artista - Acervo pessoal

Celacanto provoca maremoto! Celacanto também evoca a maneira desordenada e casual de como são repostos os azulejos quebrados dos antigos painéis barrocos, sem a menor preocupação de preservar sua composição original. Essa confusão causa uma certa vertigem. Já em Celacanto, embora possa parecer, a composição do painel não se dá ao acaso. Tudo é calculado e cuidadosamente construído. Paulo Herkenoff se refere a essa obra como uma calculada arquitetura do caos, onde se destrói uma ordem e se constrói uma desordem. Também adoro a idéia dessa frase como alusão ao mar. Penso na grande onda de Hokusai. Penso em Herkenhoff dizendo que o Barroco é um estilo que começa e termina no mar.

Minha narrativa não pertence a um tempo ou lugar, ela se caracteriza pela descontinuidade. Ela é um tecido de histórias.

H.K. Os títulos das suas obras dão a entender que existe uma história na origem de cada uma delas, como na peça monumental criada para a Fundação Cartier: Celacanto provoca maremoto. A.V. Quando eu era adolescente, em todo lugar no Rio podíamos ler a frase “Celacanto provoca maremoto” pixada nos muros. Todo mundo se perguntava o que isso poderia significar. Parecia um slogan revolucionário! Vivíamos na ditadura militar. Havia diferentes interpretações nos jornais... O celacanto é um peixe de águas abissais já em extinção. Finalmente, descobriu-se que um grupo de adolescentes estava por trás desses grafites. Eles tinham visto um episódio do National Kid na televisão onde aparecia um cientista louco que declamava em tom profético:

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Juliana Frank Fale sobre o diálogo com membros de um júri imaginário na abertura do livro. De que maneira esse diálogo reflete sua opinião sobre a crítica? JULIANA FRANK: O julgamento é um texto em que uso termos do [Wilhelm] Reich para acusar a autora, no caso eu, de ser louca. Quanto à crítica: se você não escreve seu livro desta maneira: “Nasci em …, no ano…, minha mãe morava…, nesta época eu…”!, enfim, se você não usa “e de repente” ou conta histórias mais imaginadas que autobiográficas, eles

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costumam dizer por aí que é literatura de demente. Lawanda, a protagonista de “Meu coração de pedra-pomes”, mostra um grau de articulação inesperada para uma faxineira de hospital. Fale sobre o processo de criação dessa personagem. De que maneira a voz de Lawanda se confunde com a sua? JULIANA: Eu não saio por aí dizendo ou fazendo as coisas que ela diz e faz. Se eu pudesse eliminar meu superego, seria cada uma das minhas personagens:

desceria a rua no caminhão de lixo, gritando, ou simplesmente costuraria borboletas em calcinhas. Gostaria muito que o mundo achasse natural.  Que comparação você faria entre “Quenga de Plástico” e “Meu coração de Pedra-Pomes”? Você sente que amadureceu como escritora? JULIANA: A personagem é totalmente diferente, e ela desenha a história. Eu continuo usando minha fórmula antiga de escrever o que me vem à mente, sem planejar. Como as

ideias não formam fila na minha caixa-crânio, vou mudando de assunto muito rápido. Eu escrevo como se estivesse me lendo, me divertindo. Isso nunca mudou.

Eu escrevo como se estivesse me lendo, me divertindo. Isso nunca mudou. Sua literatura costuma ser classificada como erótica, mas você não parece escrever para despertar o desejo do


leitor. Concorda? JULIANA: Não fico muito ligada em “surtir emoções”. Cada pessoa me relata uma experiência. Planejar a reação do leitor seria uma atitude leviana.

Cada pessoa me relata uma experiência. Planejar a reação do leitor seria uma atitude leviana. - Ainda sobre o erotismo, você participou da coletânea de contos 50 Versões de Amor e Prazer, que me fez pensar em “50 tons de cinza”. Você leu esse livro? O que acha dessa moda de best-sellers eróticos? JULIANA: Li. Acho um romance c e-rosa como qualquer outro de banca de jornal. É um livro comum, banal, com histórias sentimentaloides e trechos bastante previsíveis. Inclui, claro, alguma porradaria. De mal a pior, não deixa de ser um livro, ele exercita a mente ao ser lido, portanto, que bom que estão lendo! Faz sucesso como receita de bolo faz sucesso. A escritora criou uma espécie de príncipe encantado sadomasoquista. O cara é todo problemático, milionário, tarado e viciado na boceta da mina protagonista. Taí. Muitas mulheres queriam dominar a situação romântica sem abdicar do chororô amoroso puro, da conversa babalenta. Por isso o livro virou a realização do imaginário feminino atual. Fazer? E é normal que as pessoas sintam tesão sugestionadas por cenas

descritivas de sacanagem e amor. Todos querem o amor, não é mesmo? Se vier acompanhado de bife a rolê e um chicote, então… Você se sente parte de uma geração de escritores? Quais seriam as características comuns dessa geração? JULIANA: Não sei te responder isso exatamente. Cada escritor tem o seu papel que é, basicamente, sentar e escrever. Tenho amigos escritores, mas não sei se somos parte da mesma patota! Que escritores a influenciaram? Nelson Rodrigues, Hilda Hilst, os beats? Com que autores você dialoga? JULIANA: Eu leio demais e misturo tudo. Ultimamente tô lendo os russos e umas novelas pornográficas. Mês passado eu só lia os góticos. Tem semanas que passo olhando para a parede e nego até um

Livro “Quenga de Plástico”

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jornal. Leio muito Nelson, sim. Hilda, sempre. Beats, claro. Filosofia e tragédia grega também.

nas produtoras aqui. E porque aqui tenho a indolência e a lascívia: Dodô e Lalá, minhas companheiras.

O que você achou das polêmicas envolvendo Paulo Coelho e Paulo Lins na Feira de Frankfurt?

Fale sobre sua experiência como roteirista e como dramaturga.

JULIANA: Estapafúrdio tudo. Como você virou escritora? Fale sobre sua formação, os encontros e episódios determinantes da sua carreira. E por que, sendo paulista, decidiu se radicar no Rio? JULIANA: Eu sempre escrevi porque sempre fui rouca e tinha que fazer repouso vocal. Então passava às tardes escrevendo, já que não podia falar. Depois que eu melhorei, comecei a falar demais. Minha mãe me pedia pra escrever ou contar ônibus na janela, ou areia na praia, qualquer coisa mais a paz. Moro no Rio porque me sinto bem por aqui, porque trabalho

JULIANA: Trabalho há oito anos como roteirista. Já fiz programa de TV, cinema, animação. Agora escrevi uma peça “Por isso Fui Embora”, em parceria com a Renata Corrêa. Foi um surto criativo de 15 dias. Achei maravilhoso e quero escrever mais! Agora estou entrando no segundo tratamento de um longa, tenho uma série para TV e outra para internet. Quando lançar tudo, eu te conto mais.

Eu leio demais e misturo tudo. Ultimamente tô lendo os russos e umas novelas pornográficas.

Livro “50 versões de amor e prazer”

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Participação brasileira na Feira de Frankfurt gera polêmicas Às vésperas da abertura da Feira do Livro de Frankfurt, que este ano homenageia o Brasil, duas polêmicas cercam a seleção dos 70 autores que integram a nossa comitiva oficial. Primeiro, Paulo Lins, já na Alemanha, deu entrevista classificando a lista de racista: “Eu sou o único autor negro dessa lista. Em que caso isso não é racismo?” Por sua vez, Paulo Coelho cancelou ruidosamente a sua participação, em protesto contra os critérios da composição da comitiva, declarando: “Dos 70 convidados, só conheço 20, nunca ouvi falar dos outros 50. Duvido que todos sejam escritores profissionais. São, presumivelmente, amigos dos amigos dos amigos.” Os dois Paulos não deixam de ter razão, mas é de se perguntar por que esperaram tanto tempo para manifestar sua insatisfação: a lista dos convidados foi divulgada pelo Ministério da Cultura em março, mais de seis meses atrás. Paulo Coelho poderia ter protestado e recusado o convite naquele momento, e não se

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ouviu na época qualquer queixa de Paulo Lins sobre o racismo da lista – que, em todo caso, não o incomodou a ponto de impedi-lo de embarcar para Frankfurt para participar da festa. Na década de 90, como jornalista, participei algumas vezes da cobertura da Feira de Frankfurt e nunca entendi direito por que a imprensa daqui dá tanta atenção a um evento de negócios, basicamente fechado para o públi http://www. editora.fgv.br/blog/wp-content/uploads/2013/10/ Frankfurtcat.jpg co, ao qual as editoras brasileiras compareciam e continuam comparecendo, na imensa maioria dos casos, na qualidade de compradoras, e não de vendedoras de títulos. Iniciativas de difusão da literatura e da cultura brasileiras no exterior são necessárias e louváveis, mas qual será o retorno real dos R$ 18,9 milhões que estão sendo gastos nessa promoção internacional, quando no Brasil ainda se lê tão pouco e a Biblioteca Nacional vive situação tão precária? Paulo Coelho e Paulo Lins

criticaram a lista dos convidados em função das ausências (de autores profissionais jovens e de autores negros, respectivamente), mas para mim, particularmente, são mais preocupantes as presenças, ou melhor, a recorrência dos mesmos e previsíveis nomes em todos os eventos ligados à literatura, no Brasil e no exterior. Com pequenas variações, criou-se uma espécie de clube de escritores oficiais (ainda que alguns posem de marginais ou alternativos), incensados pela mídia, que passam boa parte do tempo viajando e expondo sua entediada genialidade em debates enfa http://www. editora.fgv.br/blog/wp-content/uploads/2013/10/ Frankfurtcat.jpg donhos, inofensivos e ultralimitados em seu alcance. Pois a dura realidade é que, com exceção do próprio Paulo Coelho, de Paulo Lins em seu primeiro romance e de mais três ou quatro nomes, a lista é composta de autores pouquíssimo lidos em seu próprio país, que vendem tiragens ridiculamente pequenas e não conseguem

viver da literatura. Sem entrar no mérito da qualidade de suas obras (eu mesmo sou leitor de várias), se eles se comunicam tão pouco com seus conterrâneos, se a difusão das suas obras no nosso mercado interno é microscópica e confidencial em termos de leitura e vendas apesar do apoio da mídia, que proveito real se pode tirar do contato com potenciais compradores alemães? O Brasil precisa se tornar um país de leitores, antes de pretender exportar a imagem de um país de escritores. PS: Li há pouco que cerca de 20 escritores que integram a comitiva oficial brasileira assinaram na Alemanha um manifesto de apoio à greve dos professores no Rio de Janeiro. Não me lembro de ter visto mobilização semelhante aqui no Brasil, onde a greve acontece. Soa a factoide feito para alemão ver.


Biografia reconstitui as muitas vidas e contradições de Tolstoi

Uma caricatura feita na Rússia em 1901 mostra Liev Tolstoi como um gigante, ao lado de um minúsculo Nicolau II: o escritor já se transformara então em um mito, adorado em seu país e capaz de atrair a devoção de uma legião de seguidores no Ocidente, enquanto o czar era um líder cada vez mais contestado e frágil . Quando morreu, em 1910, aos 82 anos, fugindo de casa no caminho para um mosteiro, o escritor ganhou um espaço na mídia americana e europeia que seria impressionante mesmo em nosso globalizado presente. Mais do que reconstituir em detalhes a vida e a trajetória do autor de “Guerra e Paz”, “Tolstoi – A biografia”, de Rosamund Bartlett (editora Globo, 640 pgs. R$ 69,90) tenta interpretar a construção desse mito, humanizando seu personagem, mostrando seu constante desespero existencial e suas inúmeras contradições, suas causas apaixonadas e suas extremas mudanças de rumo. Em permanente desequilíbrio, Tolstoi na verdade viveu muitas vidas, todas ligadas arquétipos da cultura russa:

foi um jogador inveterado e um nobre arrependido, um militar corajoso e um pacifista, um apóstolo eremita e um líder messiânico, um místico anarquista e um niilista radical – e, nas horas vagas, encontrou tempo para escrever uma obra colossal sob todos os pontos de vista, que, em seus mais de 90 volumes em letras miúdas, traça um panorama insuperável da sociedade russa do século 19. O interesse por Tolstoi nasceu enquanto a autora fazia pesquisas para a biografia de outro gênio da literatura, Anton Tchékhov, que, como quase todos os intelectuais russos da época, sofreu um impacto profundo não apenas da obra literária como também do pensamento social e da jornada espiritual do mestre – patente nas cartas trocadas entre os dois escritores. Para Tchékhov, Tolstoi era um verdadeiro pai fundador da Rússia moderna, cuja autoridade moral estava acima de qualquer dúvida, mesmo após sua excomunhão pela Igreja Ortodoxa Russa (após o quê ele fundou sua própria igreja, uma versão heterodoxa do cristianismo). Em seu novo empreendimento, Rosamund Bartlett lança novas luzes sobre o período mais conhecido da vida de Tolstoi – os 17 anos que passou a escrevendo seus dois principais romances, os monumentais “Guerra e Paz” e “Anna Karenina” – mas, principalmente, sobre as três últimas décadas da sua vida, quando Tolstoi se tornou um líder social e religioso para boa parte da

população russa. Rosamund dá atenção particular ao longo e infernal casamento de Tolstoi com Sonia, com quem teve nove filhos. Moldada pela personalidade dominadora do marido desde os 17 anos, ela teve que aceitar suas inúmeras traições com jovens camponesas, servas que ele explorava sexualmente, registradas em diários aos quais ela tinha livre acesso; já na maturidade, Sonia teve que aceitar também a decisão do marido de se desfazer das propriedades da família, obrigando-se a um estilo de vida espartano. A autora também dedica bastante espaço ao papel de Tolstoi como educador, tendo fundado uma escola pedagógica alternativa, redigindo ele próprio livros didáticos voltados para os filhos dos camponeses, para os quais fazia questão de dar aulas mesmo após a consagração como escritor. No epílogo, Rosamund discute ainda o ambíguo destino do legado de Tolstoi na Rússia após a Revolução de 1917, refletindo sobre as dificuldades do regime comunista de lidar com o pensamento anárquico e multifacetado do escritor. Ainda que a análise literária não seja o foco do livro, há também alguns insights sobre o processo de criação de Tolstoi: por exemplo, ao comentar a cena do suicídio de Anna Karenina, Rosamund mostra como o escritor reconstitui as microscópicas etapas psicológicas que conduzem ao ato final, reconstituindo as minúcias de seus

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pensamentos e escolhas, revelando o descompasso entre intenção e ação que caracteriza tantos de seus personagens (e o próprio escritor). Tolstoi incorpora assim a introspecção ao realismo, a vida interior à descrição aos acontecimentos externos, transformando numa longa investigação sobre a consciência humana a narrativa de um gesto que, nas mãos de outro autor teria resultado em poucas linhas. Não foi sem razão que o crítico Matthew Arnold afirmou que “Anna Karenina” não é uma obra de arte, mas uma “obra de vida”, tamanho o talento de Tolstoi em reproduzir a realidade em seus múltiplos aspectos. Rosamund também identifica traços da personalidade do criador em suas criaturas: “Há muito do Vronski de ‘Anna Karenina’ em sua personalidade, além de nítidas referências aos antepassados em seus romances”, escreve, lembrando que, após sua última conversão religiosa, em 1877, Tolstoi renunciou aos prazeres do sexo, do fumo e da bebida, o que transparece em seu último romance, “Ressurreição”, sobre um militar que na juventude é corrompido e corrompe, mas na maturidade faz um mea-culpa quando, na Sibéria, entra em contato com o sofrimento dos prisioneiros políticos. Por tudo isso, “Tolstoi – A biografia” é uma referência inescapável para quem quiser entender a vida e a obra do escritor.

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A ditadura vai ao cinema: 30 anos de filmes sobre o regime militar

Em “Ditadura em imagem e som – 30 anos de produções cinematográficas sobre o regime militar brasileiro”, a cientista social e pesquisadora Caroline Gomes Leite faz um inventário crítico dos filmes nacionais que problematizaram, por ângulos variados, o regime militar e a repressão ao longo de três décadas. Seu recorte não é o cinema feito sob a ditadura, mas o cinema feito sobre a ditadura,

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estabelecendo como marco inicial 1979, o ano da Lei da Anistia e da revogação do AI-5, início da redemocratização do país. É um trabalho ambicioso em volume e escopo, resultado de uma pesquisa acadêmica empreendida com rigor, mas é também uma leitura atraente para qualquer leitor minimamente interessado no assunto. A conclusão que tiro da leitura, contudo, não está no livro. O que mais me chamou a atenção, ao recapitular dezenas de longas-metragens que fixaram em nosso cinema e em nosso imaginário coletivo um discurso compartilhado sobre a ditadura, foi o fato de que no Brasil não se aplica o velho adágio de que a História é contada pelos vencedores. Ao contrário, ainda sob o regime militar prevaleceu no cinema brasileiro o ponto de vista dos derrotados e das vítimas, dos perseguidos e tortura-

dos, dos inocentes e dos exilados – mesmo, paradoxalmente, naqueles filmes realizados sobre os auspícios da Embrafilme, órgão do Governo, sendo o caso paradigmático “Pra frente, Brasil”, de Roberto Farias (1982) – que, esclarece a autora, não foi o primeiro longa a tratar da tortura, como se costuma pensar, já que antes dele vieram os “esquecidos” “E agora, José? Tortura do sexo”, de Ody Fraga, e “Paula – A história de uma subversiva”, de Francisco Ramalho Jr, ambos de 1980. Patrocinado pela ditadura e proibido pela mesma ditadura durante quase um ano (até que passassem a Copa e as eleições de 1982), “Pra frente, Brasil” permanece como um exemplo notável de como eram confusas as relações entre cinema e Estado no período.   “O golpe civil-militar de 1964 atingiu com grande

impacto o cinema brasileiro – ou ao menos sua parcela identificada com um projeto nacional com tendências de esquerda, abrigada sob o nome de Cinema Novo”, escreve a autora na Introdução, para logo em seguida lembrar que esses mesmos cineastas identificados com uma proposta radical de transformação social buscaram abrigo na “Embra”, criada pelos militares. Essa contradição aparente se prolonga após a redemocratização, na medida em que os cineastas precisaram conciliar seus projetos com a dependência do Estado e as exigências do mercado , na busca por uma audiência popular, mas não é este o foco do livro: Caroline está menos interessada em examinar as condições de existência do cinema brasileiro que os enunciados por meio dos quais este cinema “ressignificou” o regime militar, apreendendo os


filmes “como intérpretes do passado a partir de seu lugar no presente”. Essa análise é estruturada em seis capítulos temáticos, nos quais uma “panorâmica” – uma visão geral do modo como o cinema abordou determinados aspectos da ditadura – é sucedida por um “close”, no qual o olhar da autora se detém sobre filmes específicos e representativos. Os temas incluem a tortura, a visão da direita, a luta armada, a alienação da sociedade e a relação das novas gerações com o período. Em relação à tortura, por exemplo, a autora enfatiza os graus com que diferentes filmes – “O bom burguês” (1983), “Kuarup” (1989), “Corpo em delito” (1990), “Lamarca” (1994), “O que é isso, companheiro?” (1997), “Ação entre amigos” (1998), “Zuzu Angel” (2006) e ”Batismo de sangue” (2007) , entre outros – explicitam (ou não) a vinculação da tortura a uma política de Estado, vinculação muitas vezes camuflada ou atenuada.       Mas o capítulo mais interessante e original de “Ditadura em imagem e som” é “Direita nas telas”: aqui Caroline empreende o exame necessário de

um vício recorrente em nosso cinema: a de reduzir os militares e agentes da repressão a homens essencialmente maus que, por características intrínsecas, agem com truculência e crueldade, sem qualquer contextualização histórica e, principalmente, sem discutir o ideário que referendou a ação desses vilões e sua aceitação e respaldo por boa parte da sociedade brasileira. A julgar pela maioria dos filmes que trataram do assunto, a ditadura militar não teve antecedentes nem descobramentos na nossa política e na nossa História, como se fosse um período isolado em si mesmo, um tumor a-histórico, sendo que o “povo” não teve nada a ver com isso (salvo na condição de vítima). Isso se deve em parte ao impulso de enquadrar as narrativas fílmicas sobre a ditadura nas fórmulas cinematográficas tradicionais de matriz hollywoodiana, construindo-se sempre uma “polaridade que opõe regime criminoso e vítimas inocentes, sem especificar os termos do conflito” (a frase é do crítico Ismail Xavier, muito bem citado pela autora, que completa: “(…) a caracterização dos opressores é rasa e basea-

da no caráter pessoal dos personagens”.   Cabe lembrar aqui uma exceção: o excelente documentário “Cidadão Boilesen” (2009), que explora a pouco lembrada aliança econômica e política entre empresários e militares no combate à ameaça da esquerda – aliança que tem levado historiadores a adotar com cada vez mais frequência a expressão “golpe militar-civil”. Já no último capítulo, sobre a herança do período para as gerações subsequentes, incluindo a minha, que nasceram e cresceram sob a ditadura, Caroline trata das maneiras como o cinema retratou a dificuldade de identificação dos jovens das classes médias com os embates ideológicos de seus pais. Para essas gerações, por exemplo, as drogas e o sexo livre já eram parte do cotidiano, e não instrumentos de protesto capazes de acrescentar algum sentido à vida. Merece destaque aqui o filme “Paula – A história de uma subversiva” (1979), de Francisco Ramalho Jr, que aborda as aflições, conflitos e desencontros amorosos de um grupo de jovens nos anos 80.

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CULTURA

Livro investiga as relações de Clarice Lispector com a pintura A pintura esteve presente na vida de Clarice Lispector de diferentes maneiras, cada uma permitindo um registro próprio: como apreciadora, tendo reunido uma coleção significativa de obras em seu apartamento no Leme; como amiga de artistas nacionais e estrangeiros, amizades facilitadas pelas viagens que fez pela Europa acompanhando o marido diplomata, Maury Gurgel Valente; como modelo de retratos de pintores célebres, destacando-se naturalmente Giorgio de Chirico, nos anos 40; como, por fim, pintora, intuitiva, enigmática e auto-reflexiva

como em sua literatura, o que permite estabelecer interessantes paralelos. Embora não investigue em profundidade nenhum desses temas – é um livro, por assim dizer, de pinceladas rápidas - ‘Clarice Lispector – Pinturas’, do ensaísta português Carlos Mendes de Souza (Rocco, 272 pgs. R$ 39,50) tem o mérito de mapear com algum detalhe essas diferentes facetas da escritora mais cultuada de nossas letras (certamente muito mais cultuada do que lida e compreendida, sendo Clarice a campeã de falsas citações na internet). Nesse sentido, para quem quiser extrair mais do livro de Candido, é recomendável fazer um cruzamento dos episódios listados pelo autor com as narrativas propriamente biográficas de Clarice, sobretudo as de Benjamin Moser e de Nadia Batella Gotlib.  O livro se divide em duas partes: ‘Os quadros de Clarice’ e ‘Clarice pintora’. Em ambas o autor entrelaça a reconstituição objetiva de episódios já conhecidos, mas dispersos, com uma reflexão nem sempre bem-sucedida sobre o diálogo entre a literatura e a pintura na trajetória da escritora: “A atmosfera pictórica contamina a escrita de Clarice Lispector em aspectos mais ou menos visíveis”, afirma vagamente o autor, que navega aleatoriamente por trechos de romances,

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contos, crônicas e cartas claricianas. Sua conclusão é que a escrita de Clarice é atravessada por questionamentos não somente sobre a própria criação literária, mas também sobre a arte de pintar – de forma explícita, nas personagens pintoras de ‘Água Viva’ e ‘Um sopro de vida’, ou nem tanto, como, por exemplo, em ‘A paixão segundo G.H.’, obra marcada por jogos de luz e sombra, por cores e recortes formais que aproximariam o texto de uma investigação de natureza plástica. Tudo isso é interessante, sem dúvida, mas o texto de Candido perde em qualidade quando, professor universitário, ele se deixa levar pelos jargões acadêmicos e referências a “devires” deleuzianos que, no fundo e especialmente no caso em


questão, não querem dizer nada. A própria aproximação que fundamenta a tese do livro, baseada na habilidade da escritora na utilização de recursos visuais, parece um pouco artificial, na medida em que poucas obras são tão radicalmente interiores quanto a de Clarice: nela importam pouco as descrições, e a visualidade é acessória.  Com sua beleza exótica e misteriosa, Clarice Lispector foi retratada, entre outros artistas, por Giorgio de Chirico, em 1945, Alfredo de Ceschiatti, em 1947 , e Carlos Scliar, em 1972. Pintado em 1945, o retrato pintado por De Chirico ocuparia naturalmente um lugar de destaque na parede do apartamento da escritora no Leme. Radicado em Roma desde o ano anterior, o artista desempenhara um papel importante no movimento surrealista numa fase anterior de sua carreira, mas nos anos 40 se voltou para uma pintura mais conservadora, como revela o quadro. “Eu estava em Roma quando um amigo meu disse que o De Chirico na certa gostaria de me pintar. Perguntou a ele. Aí ele disse que só me vendo. Me viu e disse: eu vou pintar o seu… O seu retrato. Em três sessões ele fez. E disse assim: eu podia continuar pintando interminavelmente esse retrato, mas eu tenho medo de estragar tudo. Eu estava posando para De Chirico quando o jornaleiro gritou: ‘È finita la guerra’. Eu também dei um grito, o pintor parou, comentou-se a falta estranha de alegria da gente e continuou-se. Aposto que, no Brasil, a alegria foi maior.” [Clarice

em carta à irmã Elisa]. “Pássaro da Liberdade” (1975) óleo sobre madeira de Clarice Lispector Clarice também pintou cerca de duas dezenas de quadros em meados da década de 70, que hoje integram o acervo da Casa de Ruy Barbosa e estão reproduzidos no livro. Ela se voltou para os pincéis em decorrência de uma crise criativa, como ela mesma afirmou em entrevista: “Quanto ao fato de escrever, digo – se interessa a alguém – que estou desiludida. É que escrever não me trouxe o que eu queria, isto é, a paz. (…) O que me descontrai, por incrível que pareça, é pintar. Sem ser pintora de forma alguma, e sem aprender nenhuma técnica. (…) É relaxante e ao mesmo tempo excitante mexer com cores e formas sem compromisso com coisa alguma. É a coisa mais pura que faço”. Por outro lado, Clarice fazia questão de afirmar sua incompetência técnica: “Pinto tão mal que dá gosto!”. Mas a crise não era apenas criativa. O período em que Clarice se dedicou á pintura foi particularmente difícil: apesar de consagrada como escritora, tudo ia mal. Com a saúde debilitada, emboras ainda não soubesse do cãncer que a mataria em 1977, a escritora tinha perdido o emprego no ‘Jornal do Brasil’, onde assinava uma crônica semanal, e passava por dificuldades financeiras – o que a levou a tentar vender os quadros de sua coleção, o que acabou não sendo necessário. Foi nessa fase sombria de sua vida que a escritora gravou um depoimento para a TV Cultura, no qual se percebem amargura e impaciência.

CULTURA

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CIÊNCIA

NOVO crânio, NOVA história Descoberta de novo crânio na Geórgia pode reescrever história da espécie humana

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nitiva qual deu origem às outras e aos Homo sapiens. O novo crânio descoberto na Geórgia — que ganhou o nome de Crânio 5 — combina entre suas características uma caixa craniana pequena, um rosto excepcionalmente comprido e dentes grandes. Até agora, o sítio arqueológico só foi parcialmente escavado, mas se revelou um dos mais importantes já descobertos. O fóssil foi encontrado ao lado dos restos mortais de outros quatro ancestrais humanos primitivos, um grande número de ossos de animais e algumas ferramentas de pedra. Segundo os cientistas, os fósseis estão associados ao mesmo local e período histórico, sugerindo que as ossadas pertenceram todas à mesma espécie de ancestral humano. Isso forneceu aos pesquisadores uma oportunidade única para comparar os traços físicos de indivíduos de uma mesma espécie e o que descobriram foi uma grande variedade de tamanhos e formas, mas nada diferente da variação encontrada entre os humanos modernos. “Graças à amostra relativamente grande de Dmanisi, pudemos ver a grande diferença que existia entre os indivíduos. Essa variação, porém, não é superior à encontrada entre populações modernas de nossa própria espécie, dos chimpanzés ou bonobos”, diz Christoph Zollikofer, pes-

quisador do Instituto e Museu de Antropologia, na Suíça, e um dos autores do estudo. A partir dessa conclusão, os cientistas sugerem que os fósseis mais antigos do gênero Homo, com origem na África, também representavam a variação entre os membros de uma única linhagem evolutiva: o Homo erectus. “Uma vez que vemos um padrão semelhante de variação no registro fóssil africano, é sensato assumir que também houve uma única espécie Homo naquela época”, concluiu. “E, uma vez que Divulgação

Um crânio descoberto em 2005 na região de Dmanisi, na Geórgia, pode obrigar os cientistas a reescreverem toda a história de evolução da espécie humana. O fóssil possui aproximadamente 1,8 milhão de anos e é o mais antigo crânio completo já encontrado por pesquisadores. Suas características físicas — a caixa craniana pequena e o grande maxilar — nunca haviam sido encontradas em conjunto antes, desafiando as divisões traçadas pelos cientistas para separar as espécies de ancestrais humanos. Segundo um estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science, a descoberta sugere que os primeiros membros do gênero Homo, aqueles classificados como Homo habilis, Homo rudolfensis e Homo erectus, faziam parte, na verdade, da mesma espécie — seus esqueletos simplesmente pertenceriam a indivíduos de aparência diferente. Essas espécies foram todas encontradas na África, em períodos que vão até 2,4 milhões de anos atrás. Os pesquisadores usaram a variação no formato de seus crânios para classificá-las como espécies diferentes, porém aparentadas. No entanto, desde a descoberta dos primeiros fósseis, os cientistas têm enfrentado dificuldades para traçar uma linha evolutiva entre elas, sem conseguir apontar de maneira defi-

A pequena caixa craniana e o grande maxilar do hominídio surpreenderam os cientistas.


CIÊNCIA

CONHEÇA A PESQUISA Título original: A Complete Skull from Dmanisi, Georgia, and the Evolutionary Biology of Early Homo Onde foi divulgada: periódico Science Quem fez: Christoph P. E. Zollikofer, entre outros pesquisadores Instituição: Museu Nacional da Geórgia, entre outras Dados de amostragem: Análises de cinco crânios encontrados na região de Dmanisi, na Geórgia Resultado: Os pesquisadores concluíram que, apesar das diferenças entre si, os crânios pertenceram à mesma espécie de ancestral humano, que viveu na região há 1,8 milhão de anos

os hominídeos de Dmanisi são tão parecidos com os africanos, assumimos que todos representam a mesma espécie.” Duas espécies em um mesmo crânio – O Crânio 5 foi escavado em duas etapas pelos pesquisadores. Primeiro, eles descobriram a pequena caixa craniana, no ano 2000. Seu tamanho diminuto — ela media apenas 546 centímetros cúbicos, em comparação aos 1350 centímetros cúbicos dos humanos modernos — sugeria a existência de um cérebro pequeno. Durante os anos seguintes,

continuaram escavando a região, em busca do maxilar que iria completar a figura. Em 2005, finalmente encontraram os ossos que faltavam, mas, ao contrário do esperado, o maxilar era enorme, com dentes grandes. “Se a caixa craniana e o resto do Crânio 5 fossem encontrados como fósseis separados, em lugares diferentes da África, eles seriam atribuídos a espécies diferentes”, diz Christoph Zollikofer. Durante os oito anos seguintes, os pesquisadores realizaram estudos

comparativos dos cinco crânios encontrados no local. Como resultado, concluíram que eles pertenceram à mesma espécie de ancestrais humanos, surgidos pouco tempo depois de o gênero Homo divergir do Australopithecus e se dispersar da África. “Os fósseis de Dmanisi parecem muito diferentes uns dos outros, e seria tentador classificá-los como espécies diferentes”, diz Zollikofer. “No entanto, sabemos que esses indivíduos vieram do mesmo local e tempo geológico, então eles devem, em princípio, representar uma única população de uma única espécie.” Segundo os cientistas, diferenças de idade e sexo devem ser responsáveis pelas principais diferenças morfológicas. Assim, os pesquisadores sugerem que a ideia da existência de várias espécies Homo — cada uma especializada para um ambiente do Terra — seja derrubada. Ao contrário, eles defendem a existência de uma única espécie Homo erectus, surgida no continente africano, capaz de se adaptar aos diferentes ecossistemas e que viria dar origem aos seres humanos modernos. A hipótese não deve ser aceita de imediato pela comunidade científica, mas dar origem a discussões acadêmicas e mais estudos que podem, eles sim, mudar o modo com a história evolutiva da espécie humana é narrada. Divulgação

Segundo os pesquisadores, o Crânio 5 pertenceu a um indivíduo da espécie Homo erectus. Ele, no entanto, era diferente de outros fósseis encontrados anteriormente, o que sugere que a espécie era mais variada do que se pensava

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CIÊNCIA

Planetas semelhantes à Terra são comuns na Via Láctea

Uma em cada cinco estrelas parecidas com o Sol possui um planeta de tamanho semelhante ao da Terra Em agosto, cientistas da Nasa anunciaram o fim das atividades da sonda espacial Kepler, após desistirem de consertar as inúmeras falhas no equipamento. Nesta segunda-feira, uma pesquisa publicada na revista PNAS mostrou que, mesmo com sua aposentadoria precoce, a missão cumpriu seu objetivo inicial: determinar quantas das 100 bilhões de estrelas da Via Láctea possuem planetas habitáveis girando ao seu redor. O estudo, que analisa as observações recolhidas durante seus quatro anos de funcionamento, determinou que uma em cada cinco estrelas semelhantes ao Sol têm planetas do tamanho da Terra orbitando ao seu redor, em regiões onde a temperatura de sua superfície pode ser propícia à vida. “Isso significa que, quando você olha para as milhares de estrelas no céu noturno, o astro semelhante ao Sol mais próximo com um planeta como a Terra em sua zona habitável está provavelmente a apenas 12 anos-luz de distância, e pode ser visto a olho nu. Isso é incrível”, diz Erik Petigura, pesquisador da Universidade da Califórnia que liderou a análise dos dados. Os caça-planetas — A sonda Kepler foi lançada em 2009 com o objetivo de analisar a luz das estrelas em busca de planetas que estejam girando ao seu redor. Entre todos os 150 000 astros fotografados durante a missão, os cientistas detectaram mais de 3 000 candidatos a planetas. Isso

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é possível porque quando esses corpos passam na frente de sua estrela, eles ofuscam seu brilho, o que é perceptível a partir da órbita terrestre. A maioria dos corpos detectados até agora, no entanto, são muito maiores do que a Terra, sendo provavelmente gigantes gasosos semelhantes a Júpiter. Outros estão localizados em regiões muito próximas ou muito distantes de suas estrelas, onde a água não pode existir em sua forma líquida — apenas na gasosa ou sólida, respectivamente. Nessas condições, não é possível o desenvolvimento de vida nas condições conhecidas pelos cientistas. Por isso, no atual estudo, os pesquisadores se focaram nas 42 000 estrelas semelhantes ao Sol analisadas pelo telescópio Kepler, buscando apenas os planetas de tamanho semelhantes ao da Terra localizados em sua zona habitável. De todos os 603 planetas orbitan-

do essas estrelas, apenas dez cumpriam os requisitos da pesquisa. Censo planetário — As medições realizadas pela sonda nem sempre conseguem detectar planetas pequenos, que costumam passar despercebidos por seus instrumentos. Por isso, os cientistas submeteram os dados coletados a uma série de testes, para medir quantos planetas do tamanho da Terra não teriam sido detectados durante a missão. Eles introduziram uma série de planetas falsos nos dados obtidos por Kepler, e estudaram quantos deles eram detectados por seu software e quantos eram ignorados. “O que fizemos foi uma espécie de censo dos planetas fora do Sistema Solar, mas não podemos bater em cada porta. Só depois de incluir esses planetas falsos e medir quantos deles eram realmente detectados, pudemos chegar ao número de planetas que passavam despercebidos pela Kepler”, disse Petigura.

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Concepção artística do Tau Boötis b, um dos primeiros exoplanetas a serem descobertos, ainda em 1996.


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Pesquisadores criam aplicativo para pessoas com dor de cabeça crônica Um dos princípios modernos do tratamento de dores crônicas é que o paciente tenha uma participação ativa na terapia, de acordo com o neurologista Ariovaldo Alberto da Silva Jr., do Ambulatório de Cefaleias do Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas da UFMG. No caso das dores de cabeça crônicas, é fundamental que o paciente mantenha um diário para registrar a frequência com que as crises aparecem e quais foram os fatores desencadeantes. Os médicos especializados no tratamento de cefaleias costumam pedir que o paciente leve consigo um diário de dor de cabeça, em que devem anotar diariamente essas informações. Diante da resistência dos pacientes em carregar esse caderno, um grupo de neurologistas de Belo Horizonte resolveu criar um aplicativo para celular que pudesse desempenhar essa função. “O diário em papel tinha folhas enormes, e o paciente, quando melhorava, parava de usar. E às vezes

essa é a hora em que a gente mais precisa das informações, para melhorar a evolução”, diz Silva Jr. “Percebemos que aquilo tinha um aspecto simbólico de o paciente ficar aprisionado no papel. Com o aplicativo não, é apenas mais um que está no celular, como vários outros para gerenciar seu cotidiano.” O aplicativo, chamado simplesmente “Dor de Cabeça”, foi desenvolvido por um time de especialistas de instituições como a Santa Casa de Belo Horizonte e o Hospital das Clínicas da UFMG, do qual Silva Jr. faz parte. Ele apresentou o programa, que foi criado há cerca de um ano, em uma mesa redonda sobre novidades no tratamento de dor no Simpósio Brasileiro e Encontro Internacional sobre Dor (Simbidor), evento que teve início nesta quinta-feira (7) em São Paulo. Ele observa que, quando a dor ocorre em uma frequência baixa, uma vez por mês, por exemplo, é fácil lembrar-se para comunicar ao médiDivulgação

Aplicativo permite registra frequência e intensidade da dor, entre outras informações.

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Aplicativo foi criado por equipe de especialistas em dor de cabeça.

co. “Mas quando o paciente passa a abusar de analgésicos e ter dor frequente, quase diária”, segundo Silva Jr., é comum que ele perca o controle de quantas vezes é acometido pelas crises. A ferramenta permite que o paciente anote os dias em que teve dor de cabeça, qual foi sua intensidade, se houve algum fator desencadeante – como período menstrual, estresse, falta de sono – se o paciente tomou algum medicamento, entre outros dados. O aplicativo faz um cruzamento de informações e cria relatórios sobre o histórico do paciente, que podem ser enviados em PDF para o médico. “Se a pessoa tem dor de cabeça frequente, é importante começar a anotar. Vai facilitar muito quando for ao médico e, o mais importante, vai facilitar sua visão sobre sua própria saúde. Porque a dor vai se cronificando aos poucos e pode ser difícil perceber isso sem esses dados”, diz Silva Jr. O aplicativo está disponível gratuitamente na Apple App Store e também para celulares com sistema Android.

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Esqueça. Não há ar o vazamento Mais um vídeo íntimo cai na web. “Não me arrependo, fiz por amor”, diz a garota que teve vídeos íntimos divulgados em um aplicativo de celular e na internet. Essa talvez seja uma das declarações mais sinceras sobre imagens íntimas que acabaram se tornando públicas. O fato traz à superfície a questão mais básica nesses casos: a relação de confiança. Para a estudante, não há dúvida de que foi o ex quem divulgou, pois era a única pessoa com quem se relacionava e com quem já tinha gravado vídeos íntimos. “As imagens ficavam dentro de uma pasta no celular, que fica dentro de outra. Para entrar nas duas é preciso de senha que só ele sabe”, ressalta. A internet é um meio de comunicação e seu funcionamento depende do estabelecimento de uma relação de confiança entre quem se comunica pela rede. Embora fotos ou vídeos particulares possam ser roubados por hackers e alguns meios de armazenamento

“...causam prejuízos irreversíveis à moral e à integridade das vìtimas, que são, na sua maioria, mulheres”. 68

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sejam mais seguros que outros, na maioria dos casos o risco maior está em uma quebra na confiança estabelecida com a pessoa que recebe esses conteúdos. Qualquer conversa em vídeo, áudio ou texto pode ser gravada. Qualquer imagem pode ser salva indefinidamente. Não imagine que aplicativos como o Snapchat, que promete “autodestruição” das mensagens enviadas, possam realmente impedir que elas sejam salvas por alguém com conhecimento técnico. Pelo menos será sempre possível usar o “meio analógico”, ou seja: tirar foto da foto, ou foto da tela. Projeto de Lei O deputado federal Romário (PSB-RJ) apresentou o Projeto de Lei 6.630 de 2013, que torna crime a divulgação indevida de material íntimo. Em seu perfil no Facebook, o político e ex-jogador de futebol

publicou, que “esses crimes se tornaram muito comuns depois dos smartphones e causam prejuízos irreversíveis à moral e à integridade das vítimas, que são, em sua maioria, mulheres”. A assessoria de imprensa de Romário informou que ele tomou conhecimento do caso da estudante de Goiânia, mas que o projeto já estava sendo desenvolvido antes do incidente. A proposta prevê pena de até três anos de prisão, além da obrigatoriedade de indenização à vítima por todas as despesas como mudança de residência, tratamentos médicos e psicológicos e perda de emprego. No projeto apresentado, Romário justificou que a Constituição Federal já assegura o direito à inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas. “Contudo, lamentavelmente, cresce o número de mulheres que têm suas imagens íntimas disponibilizadas nos meios eletrônicos por


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timanha para evitar “daquela foto” seus ex-companheiros, por ato de vingança, humilhação ou autopromoção”, relatou. Considerando que nesses casos é bem fácil ter uma ideia de quem vazou as fotos – sendo necessário apenas provar o ocorrido, e que o crime ocorre com pessoas próximas e conhecidas e não com pessoas do outro lado do mundo – trata-se de um dos poucos casos em que uma lei rígida e específica pode de fato ser útil. Por outro lado, nenhuma legislação será capaz de remover esses conteúdos completamente da internet ou de compensar os danos emocionais que a divulgação das imagens pode causar à vítima. O reparo nunca será adequado. Previna-se! É claro que evitar alguns erros comuns pode ajudar a não espalhar fotos que você deseja em privado,

independente do seu conteúdo: não salvar imagens e vídeos em perfis de sites de vídeos ou dentro da caixa de saída ou entrada no webmail, por exemplo. Há maneiras melhores e diretas de transferir arquivos. Também há a opção de não fazer vídeos ou fotos íntimas, mas a realidade tende para o contrário, ou seja, para um maior compartilhamento de informação, seja um link no Facebook ou uma foto particular enviada por celular. O número de erros, claro, também será maior. É aconselhavel para quem quiser se filmar a seguir algumas regras para se proteger. A regra número um é: ao se filmar em momento íntimo, não revelar o seu rosto, o seu nome e nem a sua voz. Regra número dois: é importante que a mulher mantenha a filmagem na posse dela. Divulgação

Sinalzinho virou febre por conta dos vídeos da Fran em todas as redes sociais no Brasil inteiro

“...na internet, ninguém sabe que você é um cachorro.” Regra número três: não compartilhe, não envie por e-mail para o seu parceiro, não envie por chat, por dispositivo de mensagem. E a quarta regra é: apague imediatamente se possível. Casos de vazamentos de fotos íntimas demonstram que o uso da internet às vezes não depende apenas de conhecimento técnico, mas daquele mesmo discernimento que é útil fora da web para determinar quem são as pessoas que merecem nossa confiança. Pais precisam ter cuidado especial, já que o comportamento irresponsável, tanto do envio da imagem como do compartilhamento dela a terceiros, ocorre muito mais fácil com adolescentes. Determinar a confiabilidade das pessoas na web é difícil. O problema já é bem conhecido e foi explicado por uma charge de Peter Steiner publicada na revista “The New Yorker” há 20 anos: “na internet, ninguém sabe que você é um cachorro”. No entanto, o vazamento de fotos muitas vezes envolve pessoas com relacionamentos reais – a internet é apenas o palco do crime. Não se pode pensar que é possível resolvê-lo com antivírus ou outras artimanhas técnicas de proteção on-line.

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Meteoro: a ameaça que vem de cima

Equipe internacional de pesquisadores estuda a queda do meteorito que atingiu a Rússia no início do ano Divulgação

‘Pequena’ ameaça

O meteorito que caiu na cidade russa de Chelyabinsk em fevereiro foi o ponto de partida para um estudo que revelou que eventos como esse são mais comuns do que se acreditava.

A queda de um meteorito de 17 metros de comprimento em fevereiro na cidade russa de Chelyabinsk chamou a atenção do mundo por deixar mais de 1.500 feridos e muita gente assustada. Agora que as pessoas já iam se esquecendo do acontecido, um novo estudo mostra que eventos semelhantes podem ser de duas a dez vezes mais comuns do que se pensava. Nosso planeta recebe aproximadamente 100 toneladas de material cósmico todos os dias, entre eles, pequenos asteroides e fragmentos liberados por cometas. A maior parte dessa ‘chuva’ é formada por partículas muito pequenas que não vencem a entrada na atmosfera. Até hoje, estimava-se que cerca de 500 asteroides por ano conseguiam ultrapassar essa barreira e chegar à Terra, como pequenos meteoritos. Segundo as estatísticas, só muito de vez em quando, a cada 150 anos, algum meteorito de maior impacto, como o de Chelyabinsk, cairia por aqui.

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Mas, depois de comparar os registros sobre queda de meteoritos dos últimos 20 anos com informações de telescópios e dados de sensores de infrassom espalhados pelo mundo todo, uma equipe internacional de pesquisadores que estudava o meteorito russo viu que a conta está defasada. Os sensores de infrassom, usados para detectar atividade nuclear na atmosfera e prevenir ataques bélicos, servem também para identificar a onda sonora provocada pela passagem de meteoritos pela atmosfera. Os dados desses sensores mostram que, nas últimas duas décadas, cerca de 60 asteroides entre 10 e 20 metros de comprimento colidiram com a atmosfera terrestre. Segundo os pesquisadores, provavelmente os objetos não foram vistos porque se consumiram antes de chegar ao solo ou caíram em áreas remotas ou no oceano, que cobre 2/3 da Terra.

Os asteroides de maior porte, acima de 50 metros de comprimento e com capacidade para destruir cidades inteiras, estão bem mapeados. São conhecidos mais de 10 mil próximos à Terra e nenhum deles apresenta risco elevado de colisão conosco. Mas os de menor tamanho, como o de Chelyabinsk, ainda são mal conhecidos. Pouco mais de mil foram detectados e tiveram sua órbita estudada, enquanto a previsão é de que existam cerca de 20 milhões. “Há um número impensável de objetos com cerca de 10 metros perto da Terra, sem órbita determinada, que suspeitamos que sejam asteroides”, pontua Brown. Embora sejam potencialmente numerosos e perigosos, não há como saber quais desses ‘pequenos’ asteroides sobreviveriam à entrada na atmosfera terrestre e se tornariam meteoritos. A astrônoma Elizabeth Zucolotto, do Museu Nacional/ UFRJ, explica que, mesmo que fosse possível prever a queda de um desses objetos, seria impossível avaliar todas as variáveis envolvidas. “Depende de muitos elementos, como o seu tamanho, constituição, velocidade, forma e ângulo de entrada na atmosfera”, diz. “Se ele vem com uma velocidade menor, vai sendo freado pelas camadas atmosféricas e pode chegar ao solo.” E continua: “Já se tiver formato aerodinâmico e vier com maior velocidade, vai se desgastar e pode se consumir antes disso. O material também importa: um asteroide rochoso se fragmenta mais facilmente que um metálico, por exemplo.”


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Golfinhos inspiram dispositivo de resgate por radar em alto mar Engenheiros britânicos anunciaram nesta quarta-feira ter se inspirado nos golfinhos para desenvolver um novo tipo de dispositivo por radar que seria capaz de rastrear facilmente vítimas de soterramento ou mineiros presos no subsolo, por exemplo. Assim como os cetáceos, o dispositivo envia dois pulsos em rápida sequência, permitindo uma busca direcionada por equipamentos com semicondutores, neutralizando qualquer ruído de fundo, escreveram os desenvolvedores desta tecnologia em artigo publicado no periódico Proceedings of the Royal Society A: Mathematical and Physical Sciences. Segundo Leighton, a equipe também desenvolveu um rastreador pequeno e barato, que pode ser fixado no capacete de um minerador, socorrista ou até mesmo nas botas de um esquiador, para ser localizado pelo dispositivo. Ele disse que a pesquisa teve como motivação a curiosidade para saber como os golfinhos conseguem “ver” além das grandes nuvens de bolhas que sopram para reunir suas presas em grupos menores para se alimentar. “Pensei comigo mesmo que os golfinhos não deveriam conseguir ver os peixes com os seus sonares no meio destas nuvens de bolhas a menos que fizessem algo muito inteligente que o sonar fabricado pelo homem não consegue”, relatou o cientista. “Sentei e pensei: ‘Se eu fosse um golfinho, que tipo de pulso eu enviaria a fim de ver estes peixes na nuvem de bolhas?’ Então, decidi que seria um com pulso positivo e

outro negativo”, acrescentou. Assim, ele desenvolveu um sistema de radar que envia pulsos aos pares, sendo que o segundo contém a polaridade reversa do primeiro. Radares comuns enviam um único pulso de rádio. Quando os novos pulsos gêmeos atingiram madeira ou folhas, rochas ou a maioria dos metais, o emissor recebe os mesmos dois pulsos que enviou: um positivo e um negativo, que efetivamente neutralizam um ao outro, prosseguiu Leighton. “Mas se (o dispositivo) atinge um aparelho com semicondutor, ele pega o pulso de polaridade negativa e o transforma em polaridade positiva, tornando tudo positivo. (Os pulsos) retornam com muita força porque se está adicionando um positivo a um positivo, o que resulta em um sinal muito forte”, continuou. A equipe, então, decidiu construir um rastreador de semicondutores pesando menos de 2

gramas e custando menos de um euro, facilmente capturado pelo novo dispositivo. “Se você tem socorristas entrando em um prédio com risco de desabar ou mineradores entrando no subsolo, pode dar os dispositivos a eles e estes dirão a você exatamente onde estão e quem são, porque você pode ajustá-los para identificar a pessoa”, concluiu. Mas mesmo que não seja possível identificar a pessoa dentro de um prédio que desmoronou, o dispositivo sozinho poderia ser usado para rastrear celulares mesmo desligados ou sem bateria. Voltando aos golfinhos, embora tenham servido de inspiração para desenvolver a tecnologia, Leighton e sua equipe descobriram que esta não é a forma como o sonar deles funciona. Os golfinhos também enviam pulsos em pares, mas o deles variam em amplitude, não em polaridade. Divulgação

Golfinho, criatura mais inteligente do planeta depois do homem

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O uso

de ANIMAIS em Pesquisas

Cientificas causa Polêmica Fiocruz acerta e defende uso de animais em pesquisas científicas Todos sabem que tenho “pegado no pé” da Fiocruz aqui. Não falo em momento algum do lado voltado para a saúde, as pesquisas, as vacinas, e sempre da questão ideológica e política, do proselitismo marxista com uso de recursos públicos, ou mesmo da defesa de criminosos dos Black Blocs. Mas quando a entidade acerta, é preciso reconhecer. Foi o caso na nota pública divulgada hoje.

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Segue na íntegra: A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição que desde 1900 atua a serviço da saúde pública e da população brasileira, frente aos acontecimentos recentes observados no país, vem a público cumprir seu papel de esclarecimento e reafirmar perante a sociedade seu compromisso ético no uso de animais para finalidades científicas. É fundamental ressaltar

que, apesar de muitos esforços em todo o mundo, nas condições atuais,a ciência não pode prescindir do uso de animais em experimentação. Importante pontuar ainda que os medicamentos, vacinas e alternativas terapêuticas disponíveis hoje para uso humano dependeram de fases anteriores de experimentação em animais. As atividades de experimentação animal são necessárias, inclusive, no campo da veterinária.

As pesquisas científicas envolvendo animais são pautadas pelos princípios de bem-estar animal, adotando-se, dentre outros, os critérios de redução, utilizando-se o menor número possível de animais a cada experimento, e de substituição do uso de animais por outra estratégia sempre que tecnicamente viável. A atividade é regulamentada por dispositivos. ios devem ficar é feita por um tipo específico.


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Instituto é um dos mais importantes em testes com animais no país Instituto Royal teve financiamento público para pesquisa de novos fármacos. Conselho de controle de experimentação animal criticou ação de ativistas. O Instituto Royal, entidade privada de onde ativistas levaram dezenas de cães na madrugada desta sexta-feira (18), em São Roque (SP), é uma organização de sociedade civil de interesse público (Oscip) e está regularmente credenciado junto ao Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), órgão do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) responsável por regulamentar o uso de animais em pesquisas no país. Segundo o coordenador do Concea, Marcelo Marcos Morales, trata-se do laboratório mais importante do país em relação a esse tipo de experimentação. Para obter o credenciamento junto ao Concea, a instituição precisa ter

uma comissão de ética que deve avaliar cada projeto de pesquisa quanto ao uso de animais. A entidade também tem de prestar contas sobre como é o estabe-

“Só depois de ter tudo isso avaliado, o Concea dá ou não o credenciamento.” lecimento onde os animais serão mantidos, como é feita a alimentação, se os profissionais estão adequadamente treinados, se existem veterinários disponíveis para cuidar dos animais, entre outras características. “Só depois de ter tudo isso avaliado, o Concea dá ou não o credenciamento. Nesse sentido, o Instituto Royal está regularmente credenciado”, diz Morales.

“Era o mais controlado, o mais ético e mais regular, com reconhecimento internacional. Teve financiamento público e prestava serviço à comunidade”, completa Morales, que também é pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo ele, o Instituto Royal recebeu investimento público “para que o país tivesse um laborató-

rio de ponta para fármacos e novas drogas”. A entidade teve aprovado um projeto de “criação, manejo e fornecimento de animais para desenvolvimento pré-clínico de fármacos”, no valor de R$ 5,25 milhões oriundos do Fundo Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), a partir de uma parceria com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Nota da Unicamp sobre uso de animais em pesquisas científicas A missão institucional da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) está fundamentada no ensino, pesquisa e extensão e, frente aos fatos recentemente ocorridos no País, vem a público prestar os seguintes esclarecimentos: 1. Todas as atividades que envolvem a criação e utilização de animais de laboratório no ensino e pesquisas realizadas nos campi da Unicamp são regulamenta-

das por dispositivos legais nacionais e internacionais e seguem rigorosamente os critérios estabelecidos na Lei Federal Nº 11.794/2008, no Decreto Nº 6899/2009 e na Resolução CONCEA Nº 12/2013, sobre a Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais para fins Científicos e Didáticos. 2. A Unicamp está cadastrada e legalmente credenciada junto ao Conselho Nacional de Controle de Expe-

rimentação Animal, órgão integrante do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (CONCEA/MCTI), que administra o cadastro dos protocolos experimentais ou pedagógicos aplicados aos procedimentos de ensino e de pesquisas científicas realizados ou em andamento no País. 3. A Unicamp foi a terceira Instituição brasileira a constituir a sua Comissão de Ética no Uso de Animais

(CEUA), em 1998, anterior à promulgação da Lei Federal 11.794/2008, e devidamente cadastrada pelo CONCEA. Todos os protocolos de ensino, pesquisa e extensão que utilizam animais vivos são submetidos à avaliação da CEUA antes de sua realização. 4. A Unicamp reafirma seu compromisso em estabelecer e utilizar metodologias alternativas cientificamente validadas e disponibilizado.

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Descoberta nova função das células Gliais

O sistema nervoso é formado os neurônios e as células gliais O sistema nervoso é formado basicamente por dois tipos celulares, os neurônios e as células gliais. Os neurônios sempre foram tidos como a unidade básica, estrutural e funcional do sistema nervoso. As células gliais, durante muito tempo, foram consideradas apenas células de suporte dos neurônios. Na última década, contudo, aumentou o número de grupos que estudam as células gliais e evidenciou-se sua grande importância. A professora do ICB, Flávia Gomes, nos explica as particularidades deste tipo de célula e apresenta os objetivos da criação do Instituto Virtual da Glia (iGLIA). A professora Flávia Gomes descreve algumas das características das células gliais: “essas células são potenciais células-tronco do sistema nervoso, tanto do sistema nervoso embrionário, em desenvolvimento, quanto do sistema nervoso adulto. Elas também são células capazes de modular a sinapse, que é a unidade estrutural de comunicação do sistema nervoso; então hoje se sabe que sem as células gliais grande parte das sinapses não funcionaria”. A professora explica ainda que os neurônios precisam ficar em regiões específicas do cérebro, caso contrário não se comunicam. A determinação de onde esses neurônios devem ficar é feita por um tipo específico de célula glial que auxilia a

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basicamente

sua migração. Essas células também estão envolvidas na resposta inflamatória do sistema nervoso. Essas são algumas das características e propriedades das células gliais que foram descobertas nos últimos anos. Além disso, hoje se sabe que muitos dos déficits que acontecem em doenças neurodegenerativas e desordens neurológicas, como Epilepsia, Alzheimer, Esclerose Lateral Amiotrófica, dentre outras, são relacionados com disfunções gliais. Assim, a função e a disfunção das células gliais têm um papel essencial no desenvolvimento do sistema nervoso, no aparecimento de doenças que o acometem e também na

por

dois

regeneração e reestruturação do mesmo. Por todos esses motivos, o interesse pelas células gliais aumentou muito, motivando diversos grupos de pesquisa por todo o mundo a investigar como elas se formam, como são geradas e interagem com as outras células do sistema nervoso. Com o objetivo de organizar e mobilizar esses grupos de pesquisa de países da América do Sul, foi criado o Instituto Virtual da Glia (iGLIA), que é basicamente uma rede temática para se estudar o desenvolvimento das células gliais e as patologias associadas a elas. A professora Flávia Gomes, idealizadora e Coordenadora Geral do iGLIA, explica: “a idéia é organizar uma rede, teremos

tipos

celulares,

um site como se fosse um banco de dados vinculando todas as informações sobre os grupos envolvidos. Um grande avanço da organização foi mobilizar grupos de pesquisa de várias regiões do Brasil. Temos hoje praticamente vinte instituições brasileiras das regiões Sudeste, Sul, Norte, Nordeste, fora os grupos de Argentina, Chile e Uruguai, América do Sul de uma forma geral”. Flávia também explica que o site não será apenas voltado para a comunidade científica, ele terá ainda um cunho de divulgação científica. Englobará, por exemplo, uma coluna infantil sobre células gliais e uma revista online chamada Glia News, com o objetivo de apresentar os avanços dos estudos sobre células gliais para toda a sociedade.


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Células Gliais humanas disparam convulsões

Ataques epiléticos ocorrem quando neurônios disparam juntos de maneira incontrolável. Mas o que faz as células entrarem em curto circuito? Em janeiro, cientistas descobriram uma resposta inesperada. Quando células gliais no córtex de moscas da fruta não conseguem controlar seus níveis de cálcio adequadamente, eles deixam neurônios vizinhos vulneráveis a convulsões. Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts identificaram uma mutação genética que faz moscas da fruta entrarem em convulsão quando são expostas a calor ou vibrações. Enquanto estudavam a mutação, os cientistas descobriram que ela afeta um gene chamado de zydeco, que controla a troca de cálcio entre células gliais – algo surpreendente, considerando que a maior parte da pesquisia sobre convulsões se concentrou em neurônios

porque são eles que disparam impulsos elétricos, enquanto a maioria das células gliais não o faz. “Isso nos deixou muito confusos inicialmente”, explica Jan Melom, principal autora do estudo e aluna de pós-graduação do MIT. A mutação identificada no estudo evita que minúsculas flutuações de cálcio ocorram nas células gliais, que Melom acredita resultar em um acúmulo de cálcio no interior das células. O estresse, como o calor, normalmente aumenta ainda mais os níveis de cálcio, então a combinação poderia disparar “algum tipo de reação glial que se transforma em convulsão”, declara ela. Uma grande pergunta é como as células gliais se comunicam com neurônios, fazendo com que fiquem super-estimulados. Como uma versão do zydeco existe em mamíferos, a resposta poderia ajudar a explicar a gênese de ataques epiléticos em humanos.

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Descoberta proteína que barra a evolução da AIDS O composto é comum em indivíduos que, mesmo infectados pelo HIV e sem receber antirretrovirais, não apresentam os sintomas da imunodeficiência. Na década de 1980, pouco depois da descoberta do vírus da imunodeficiência humana (HIV) como o causador da Aids, foi identificado um pequeno grupo de pacientes em que a infecção não progredia. Mesmo após anos sem tomar os antirretrovirais, essas pessoas não apresentavam os sintomas da doença. Esse é um dos maiores mistérios que intriga os cientistas até hoje. Afinal, o que faz o sistema imunológico desses indivíduos — um a cada 300 infectados — ser tão diferente? A resposta, segundo pesquisadores da Northwestern University, nos Estados Unidos, pode estar em uma proteína que desempenha um papel importante na imunidade inata. Trata-se da APOBEC3G (A3G), produzida nos linfócitos e integrantes da família de enzimas responsáveis por corrigir o DNA e o RNA. Essa proteína exerce naturalmente atividade imunológica antirretroviral contra os retrovírus, especialmente o HIV, determinando o controle da replicação deles. Quando o HIV infecta um linfócito, as moléculas de A3G atacam os vírus em formação. Em um processo ainda não totalmente esclarecido, elas entram no invólucro viral e expulsam o vírus da célula. Quando novos vírus se ligam a outras células para infectá-las, acabam levando com eles a A3G. Em sua evolução, porém, o HIV adquiriu uma proteína,

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chamada VIF (virion infectivity factor), que potencializa a infecciosidade do vírus e neutraliza a A3G, degradando-a. Indivíduos que têm maiores quantidades de A3G conseguem, portanto, resistir ao HIV por mais tempo sem ajuda de medicamentos. “Mesmo na ausência de antirretrovirais, a imunodeficiência não progride durante períodos prolongados em alguns sujeitos com HIV que possuem os alelos HLA B57 e ou B27 (partes de um gene ligado à produção da A3G). Eles têm menos provírus de HIV do que aqueles que não são controladores”, explica Richard D’Aquila, coautor do estudo (veja infográfico), publicado na edição de hoje da revista Plos One. Kepler de Almeida, professor assistente na Universidade de Miami, pondera que indivíduos com esses alelos podem produzir mais A3G, mas nem todos. “Não sabemos ainda por que alguns produzem essa proteína em maior quantidade. Há outras características relacionadas aos controladores e que estão ligadas à forma como as células CD8 (de defesa) lidam com o vírus. Elas produzem alguma substância que ainda não foi esclarecida. Quando as células dessas pessoas são misturadas, em especial as de alelo B57, que é mais raro, percebemos que eles não se multiplicam”, conta o também médico dos hospitais Alvorada Brasília e Santa Lúcia.

Barreiras invisiveis


Os cientistas admitem: a dúvida não é nova. Mal o HIV foi isolado em células de aidéticos e acusado pela ruína do sistema imunológico desses pacientes, ainda em 1984, alguns pesquisadores já começaram a questionar se o microorganismo seria, de fato, responsável sozinho pela doença. Até recentemente, essas discussões costumavam acontecer entre as paredes dos laboratórios. Mas, há dois meses, o próprio descobridor do vírus réu, o francês Jean-Luc Montaigner, resolveu divulgar suas suspeitas de que talvez o HIV não agisse isolado. Existiriam comparsas ou co-fatores, como preferem os especialistas. Há quem acredite que o

Aids, Duesberg vem insistindo na completa inocência do vírus mais investigado na história da ciência: “O HIV é o engano do século”, ousa dizer. Do outro lado do mundo, no Instituto Pasteur, em Paris, Montaigner rebate: “O HIV é necessário para o desenvolvimento da Aids. Resta saber apenas se ele é suficiente”. Os dois cientistas, junto com outros colegas, tiveram a oportunidade de debater suas idéias, em meados de maio, numa conferência realizada na Holanda. Discutiu-se a hipótese de diversas moléstias, como o herpes ou a hepatite, e até mesmo o uso crônico de antibióticos ajudarem na derrocada das defesas dos portadores

fosse o dono da verdade e ninguém buscou pontos em comum entre as diversas teorias apresentadas.”De qualquer modo, a ciência sempre avança quando surgem confrontos”, comenta o infectologista Jamal Suleiman, diretor do ambulatório e do pronto-socorro do Hospital Emílio Ribas, em São Paulo. Mas, em seguida, hesita: “Muita gente nem sequer imagina direito o que é um vírus e ignora as medidas corretas para evitar a infecção. Se, ainda por cima, os médicos saírem falando em co-fatores, a confusão vai aumentar, e bastante”. A maioria dos médicos brasileiros parece compartilhar esse temor.

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Emílio Ribas só trata aidéticos, desde que se formou, em 1983. “Na época, ninguém queria ficar com esses pacientes”, recorda. “Eu e dois colegas aceitamos. Um deles acabou desistindo.” Até dois anos atrás, a dupla restante tocou o barco sozinha; hoje, o ambulatório conta com uma equipe de dezessete profissionais, entre médicos, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. Mas esse progresso não é nada, perto da mudança de cenário. “Entre 1986 e 1989, o consultório funcionava em um banheiro”, faz questão de contar o infectologista. “As coletas de sangue eram feitas no corredor, embaixo da escada. Precisamos

Será que a Aids é provocada única e exclusivamente por um vírus?

pesquisador foi forçado a se manifestar diante de outras declarações, bem mais polêmicas — as do alemão Peter Duesberg, há 23 anos professor de Biologia molecular na Universidade da Califórnia, Estados Unidos. Na contramão da trilha traçada pelos estudos sobre

do HIV. Falou-se, ainda, na possibilidade de o vírus ser uma espécie de estopim, levando o sistema imunológico a se auto destruir. Enfim, o maior objetivo do evento era reavaliar as causas da síndrome. Só que, infelizmente, cada palestrante agiu como se

Mato-grossense de Aquidauana — “a porta do Pantanal”, como gosta de definir —, Suleiman conhece como poucos as dúvidas, os preconceitos, os medos que passam pela cabeça das pessoas, quando o assunto é Aids. Com 32 anos, o mais jovem diretor do

armar uma briga feia para fechar aquele canto com madeira, a fim de garantir a privacidade de quem queria fazer o exame de Aids.” Atualmente, o ambulatório se espalha no andar térreo de um dos blocos do hospital. Ali, grávidas e adolescentes furam fila — “essas

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CIÊNCIA

pessoas devem ser atendidas no instante em que chegam atrás do teste ou de um esclarecimento”, determinou Suleiman num belo dia, com seu estilo direto. “Sou contra ficar elaborando projetos no papel. Prefiro ir botando a mão na massa.” Isso, por sinal, ele começa a fazer às 8 da manhã, sem ter hora de parar. Em cada jornada, atende cerca de vinte portadores do vírus e aidéticos, como devem ser chamados só aqueles que já manifestam sintomas. Entre os doentes, há um caso extraordinário, do qual cuida há três anos, mas não gosta de fazer alarde: o paciente tem a peculiar tuberculose pneumocística, além de outros dos 25 distúrbios que caracterizam a síndrome dos aidéticos; no entanto, nenhum dos testes para acusar a presença do vírus, HIV, deu resultado positivo. “Atenção, o vírus certamente está lá, no sangue do doente”, adverte Suleiman. “Apenas, os glóbulos brancos não reagiram à sua presença”, especula. Até se provar a eventual ausência do vírus (o que se flagrou, de fato, foi a ausência dos anticorpos detectáveis pelos exames), exemplos raríssimos como esse não indicam que o HIV seja dispensável para o surgimento da Aids. Os casos excepcionais mostram, isto sim, que os cientistas acumularam uma série de informações sobre a ação do HIV dentro de tubos de ensaio, mas ainda têm muito o que aprender sobre o seu comportamento no corpo humano. Por enquanto, ninguém explica como o vírus, ao atacar o sistema imunológico, consegue às vezes

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driblá-lo, a ponto de não receber o troco, na forma de anticorpos. A principal indagação, entretanto, é por que alguns portadores demoram mais para desenvolver a Aids do que outros. “Os mecanismos que disparam a doença são a grande incógnita”, reconhece Suleiman. Certa vez, George Bernard Shaw (1856-1950) definiu a ciência como algo que nunca resolve um problema sem criar dez outros. A ironia do escritor e teatrólogo irlandês se aplica para ilustrar a situação atual dos estudos

Outra evidência de avanço na área: só de outubro passado para cá surgiram dois novos remédios anti-HIV, aparentemente tão eficazes quanto o AZT — o medicamento pioneiro, que demorou sete anos para aparecer e levou outros cinco sendo a única arma específica para ajudar os aidéticos. Além desses, 27 substancial antivirais estão sendo desenvolvidas pelas indústrias farmacêuticas, em todo o mundo. Uma dessas drogas, criada pelos Laboratórios Merck, nos Estados Unidos, está sendo experi-

sobre Aids. Os cientistas se deparam com uma série de incertezas a respeito do gatilho da Aids — aquele capaz de disparar a doença no portador do vírus —, justamente porque começam a montar o quebra-cabeça da depressão imunológica juntando as peças obtidas nesses doze anos de estudos. Graças ao quadro que se delineia, o clima é de colheita nos laboratórios. Por exemplo, quinze vacinas estão sendo testadas, quatro delas em fase final, ou seja, em seres humanos.

mentada pela primeira vez em seres humanos, com a ajuda de quarenta voluntários paulistas. Desde maio, essas pessoas seguem a rigor o horário de engolir os comprimidos de L-696 — o nome do produto analisado — e anotam possíveis efeitos colaterais em um diário. Com isso, o Brasil finalmente entrou no rol dos centros de referência sobre Aids para a Organização Mundial da Saúde. “Os resultados devem sair em agosto”, estima o infectologista André Vil-

lela Lomar, diretor científico do Emílio Ribas. A rigorosa Food and Drugs Administration (FDA), orgão que controla os medicamentos nos Estados Unidos, vem apressando a aprovação de remédios para combater a Aids, numa atitude inédita. Até então, antes de permitir a venda de um fármaco, os americanos consumiam dois a cinco anos em exaustivas análises clínicas, isto é, um prazo que o aidético não pode se dar ao luxo de esperar. Pressionada pela opinião pública, a FDA antecipou, há nove meses, o lançamento do DDI, droga criada nos Estados Unidos, para pacientes que não toleram o AZT. Mas recorde bateu o DDC da indústria suíça Roche, no último mês de abril — trata-se do primeiro medicamento autorizado sem o sinal verde dos testes em seres humanos. Nenhum médico pode receitar o DDC sozinho. Até se avaliar com precisão seus efeitos no homem, o terceiro fármaco anti-HIV deve sempre ser ingerido junto com o AZT. Os especialistas não reclamaram dessa exigência, porque existem suspeitas de que uma droga potencializa os resultados da outra. Na realidade, AZT, DDI e DDC miram o mesmo objetivo, que seria atrasar a replicação do vírus responsabilizado pela imunodepressão. Os antivirais rendem 100% durante, mais ou menos, seis meses. Depois desse tempo, é como se o HIV aprendesse a se desviar do obstáculo químico que impedia o seu avanço. Mas os três medicamentos existentes hoje em dia são barreiras diferentes — en-


surgimento dos sintomas da Aids. Mas tenho dúvidas se isso significa mais conforto ou saúde para o usuário. O AZT pode provocar desde úlceras no estômago até anemias terríveis. Tomar ou não a droga pode ser uma questão de escolher qual dos males.” O professor Abrams faz parte do comitê convocado pela FDA, em meados de junho, para determinar a melhor época de iniciar o uso do AZT e, na esteira, das outras duas drogas antivirais. “Teremos uma conclusão até o final do ano”, prevê. Até lá, deverá ter sido lançada no mercado brasileiro uma versão nacional do AZT, desenvolvida pelo Laboratório Microbiológica, no Rio de Janeiro. Batizada Zidovudina, a droga custará a metade do preço da marca inglesa, cujo frasco com 100 comprimidos sai por cerca de 130 dólares e dura apenas vinte dias. Os efeitos colaterais do AZT são velhos conhecidos dos médicos e dos usuários Supõe-se que O DDC despertará sintomas idênticos aos do AZT; por sua vez, o DDI é capaz de causar pancreatite, a inflamação da glândula produtora de insulina, deficiente em pessoas diabé-

CIÊNCIA

ticas. Os doentes de Aids, no até lá a previsão de uma entanto, não têm outra saída, vacina capaz de evitar senão correr os riscos. Até infeção do HIV ou ainpor que, mais do que nunca, da de impedir completavale a pena enfrentá-los mente o avanço do vírus no Em primeiro lugar, a sobre- organismo dos portadores. vida do aidético já não é o Antes de isso acontecer, os calvário de antes. O arsenal cientistas precisam conhecer químico para combater as todos os co-fatores da doenchamadas infecções opor- ça. Para o fisiologista Robert tunistas vem aumentando. Root-Bernstein, da UniverCientistas alemães e ame- sidade de Michigan, Estados ricanos sintetizaram molé- Unidos, “as próprias infecculas de antibióticos, sob ções oportunistas também medida para barrar o pro- causam depressão imunolótozoário da rara pneumo- gica. Talvez, para as defesas, Renato Russo: o líder que da Legião morreu emestragos 1996, aosdo nia pneumocística, até Urbana elas façam mais 36 anos, sem nunca ter admitido que tinha a doença. recentemente era a causa que o HIV”. Sua colega, a mais freqüente de mor- americana Joan McKenna. tes entre aidétieos. Outro defende uma curiosa teoria exemplo de vitória são as de efeito estufa — e, aqui, drogas contra o citomega- não se trata do fenômeno amlovírus. Quando a infec- bientar de aquecimento do ção por esse micróbio era planeta. diagnosticada, os médicos sabiam que o paciente só teria entre quatro e seis meses de vida. E, pior, iria enxergar cada vez menos, até morrer cego. Novos remédios retardam os sintomas do citomegalovírus por até um ano e meio. No futuro próximo, a soma dos antivirais com medicamentos específicos contra micróbios oportunistas devem transformar a Aids em uma doença controlável. A cura, é verdade, não pode ser vista no horizonte do ano 2000, isto é, não existe Divulgacao

quanto o vírus derruba uma delas, as demais continuam de pé. “Quando o AZT deixar de fazer efeito em um doente, ele passará a tomar o DDI”, exemplifica Lomar. “E quando, por sua vez,a eficiência deste segundo também cair, sobrará a alternativa do DDC. O tempo de sobrevida deve triplicar.” Calmo e falante, Lomar se entusiasma ao relatar sua experiência com pacientes que iniciaram as doses de AZT antes de irromperem os sintomas da doença. Segundo ele, algumas dessas pessoas vêm conseguindo manter, há três anos, o nível das células CD4, aquelas arrasadas pelo vírus. “Muitas vezes, essa contagem até melhorou”, revela, sem receio de críticas. Porque, ultimamente, uma das brigas mais acirradas contrapõe os que defendem e os que condenam o uso do AZT Pelos Portadores do vírus em que a doença ainda não se manifestou. “Recentemente, surgiram indícios de que o AZT não prolonga a sobrevida, como se pensava”, diz o professor americano Donald Abrams, da Universidade da Califórnia, ouvido por SUPERINTERESSANTE. “O que a droga faz é adiar o

Divulgacao

Cazuza: o cantor assumiu, em 1988, que era portador do HIV. Ele faleceu em 1990, aos 32 anos, em decorrência da doença.

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EDUCAÇÃO

Homenagem a Vinícius de Moraes dá S h a k e s p e a r e asas à imaginação da Educação Infantil e Maria Clara Foto: Colegio Notre Dame

Machado na XI Mostra Interna de Teatro

Crianças felizes brincam com barco feito de papel durante o evento

No centenário de Vinicius de Moraes, os estudantes da Educação Infantil transformaram a poesia em arte. Atentos a cada verso recitado pelas professoras e embalados ao som das clássicas músicas da Arca de Noé, Garota de Ipanema, O Pato, entre outros sucessos do querido “poetinha”, as crianças usaram e abusaram da imaginação. Utilizando materiais recicláveis e alternativos, cada turma deu vida aos personagens que marcaram e fizeram história. Ao mesmo tempo em que se divertiam, os pequenos estavam atentos à educação ambiental. Nada foi para o lixo. Caixas de leite vira-

ram “a casa muito engraçada”, rolos de papel se transformaram em “corujas atentas”, bolas de jornal coloridas “saltavam do nariz das focas” e ainda construíram a “garota de Ipanema” e Vinicius com retalhos de pano. Toda produção foi apresentada às famílias na Mostra de Artes – “Cantos e encantos de Vinicius, transformando a poesia em arte”. O objetivo de trabalhar com poesias, é despertar a música das palavras no coração de cada criança e ampliar ainda mais o seu interesse pelo universo letrado. A poesia provoca o inusitado, o inesperado, a expansão do sentido do que se pensa e do que se quer dizer.

Conclusão dos Encontros de Catequese 2013 Foto: Colegio Notre Dame

Ao longo de 2013, os catequizandos realizaram diversos trabalhos e dinâmicas a fim de conhecer e se aproxi-

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mar do anúncio e testemunho do Projeto de Jesus Cristo. Como atividade de conclusão da Catequese 2013, a convite da coordenadora da Pastoral, Ir. Celina Belló, alguns estudantes reuniram-se para a tradicional confecção de terços missionários. Ainda no clima do mês missionário, as crianças aproveitaram o momento para doar livros de literatura infantil à Escola Notre Dame de Moçambique – África. “Um gesto de solidariedade e um exemplo de cidadania aprendido dos pequenos”, explica Irmã Celina.

Adolescentes interpretam a peca Sonho de uma noite de verao

Dando continuidade a XI Mostra Interna de Teatro Notre Dame, as cortinas do auditório do Colégio Notre Dame abriram-se para dois clássicos da dramaturgia. “A Bruxinha que Era Boa” de Maria Clara Machado, representada pelos estudantes do 5° ano, sob direção da professora Soraya Arnoni. E embarcando em um dos maiores clássicos da literatura e da dramaturgia mundial, “Sonhos de uma Noite de Verão”, de William Shakespeare, tendo como elenco os estudantes de 8° e 9° ano, sob direção do professor Henrique Kaladan. A Mostra Interna funciona como um evento incentivador para o exercício cênico no sentido que representa um momento importante na trajetória do aluno de artes cênicas: estar frente a frente com seu público e sua arte. Além do exercício prático cênico, o evento representa uma catapulta para os que desejam alcar voos maiores como, por exemplo, participar do Festival Intercolegial de Teatro Notre Dame além de voce tantos outros festivais existentes no Rio de Janeiro e no país.


EDUCAÇÃO

Grande final competitiva de estudantes no FLIND – Festival Literário Notre Dame Foto: Colegio Notre Dame

Adolescentes do nono ano e ensino medio apos as apresentacoes

Barbara, estudante do Ensino medio durante sua leitura

A sétima edição do FLIND – Festival Literário Notre Dame foi um sucesso! Na última sexta-feira, dia 4/10, o auditório do Colégio foi palco da grande final. Os 12 finalistas realizaram suas apresentações envolvendo música, poesia e teatro. “Os 80 anos de trabalho das Irmãs de Notre Dame no Rio de Janeiro, comemorados neste 2013, inspiraram toda uma equipe de professores e alunos a também celebrar essa bonita façanha educacional com este VII Festival Literário do Colégio Notre Dame Ipanema. Nesta edição, unimos as mais belas palavras às mais plangentes notas musicais para lembrar um Brasil de talento, harmonia e beleza, desde 1933 até os nossos dias. 80 anos de Música e Poesia foi o mote que glosamos para apresentar-lhe esta Cerimônia Final, que contou com uma equipe múltipla, disposta e incansável. Este é o momento da gratidão! Agradecemos o apoio incondicional da Direção do Colégio Notre Dame Ipanema, na pessoa de nossa Doiretora, Irmã Loiva Urban, que acolheu nossas ideias com entusiasmo e bondade. Agradecemos muitíssimo o apoio incondicional da Coordenação do Ensino Médio que, através do Coordenador Pedagógico Luís Eugênio Varajão Ferna-

que se apresentaram espontaneamente quando dissemos precisar contar com:

des e da Coordenadora de Curso Regina Fleiuss, nos garantiu asas e raízes para realizar o projeto. Particularmente, somos gratos à equipe de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira do Ensino Médio, Profª Marilene Mucia Rezende, Profº Arthur Perez e Profº Sérgio Monteiro pela colaboração competente, autorizada e generosa que nos deram. Aproveitamos também para, neste momento, expressar nossa alegria diante do espírito de cooperação de todos os colegas de outras áreas, que tiveram tanta paciência e compreensão, ao ter suas aulas interrompidas, seus alunos mobilizados, em favor do sucesso do nosso Festival. Não podemos esquecer o nosso “muito obrigado” aos funcionários do Colégio Notre Dame, da Recepção à Mecanografia, passando pelo Audiovisual, a Comunicação e a Inspetoria de alunos. Sem o apoio e a boa vontade deles, nada seria possível. E finalmente, o agradecimento mais emocionante para quem fez da Educação a sua vida: aos alunos e alunas do Colégio Notre Dame Ipanema! Este espetáculo foi idealizado, escrito, divulgado, enfim, realizado pelos alunos e alunas desta Casa. É com muito orgulho e alegria que destaco aqui os líderes das Equipes que construíram este Festival e

Um Produtor: Bruno Werneck. Um Ator: Pedro Cunha. Um Poeta: João Pedro Leite. Uma Pintora: Luiza Mohamed. Um Músico: Alexandre Preger. Vocês fizeram um lindo Trabalho!” Mauricio Krause Professor de Literatura Brasileira do Ensino Médio do Colégio Notre Dame Ipanema Coordenador de Projeto FLIND. Fonte de texto: Site Oficial do Colegio

Jovens em apresentacao no FLIND

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EDUCAÇÃO

Irmã Loiva Urban e Claudia Toldo Último dia de lançam livro durante reunião no Sul competições das Olimpíadas Notre Dame Foto: Colegio Notre Dame

A autora feliz exibe sua obra

Através de um longo trabalho de pesquisa, desenvolvido por nove anos, as autoras Claudia Toldo e Ir. Loiva Urban retratam, nas páginas de “Escolas Alemãs: 1923 -1951”, a instituição de educandários e o cotidiano escolar, em áreas de colonização alemã do norte do Rio Grande do Sul. A obra, lançada no final da tarde de quarta-feira (23), em solenidade realizada na Casa Santa Cruz, tem como personagens um país europeu e outro latino, que, apesar das línguas e ideologias diversas, encontram-se nos migrantes, como se pode notar pelos relatos pessoais de cada um dos mais de 30 entrevistados ouvidos para a compilação dos dados. O período histórico a que se dedica o livro destaca anos limítrofes, que se fizeram em sofrimentos, sofreguidões, adeuses e até logos, para emergirem em estranhamento, alegria e susto: a terra Pindorama das matas verdes, alemães

e teuto-brasileiros. Nela, os imigrantes se fixaram em torno de suas comunidades, irmanados na formação do cidadão brasileiro, com fidelidade aos valores da pátria materna mistos ao desejo de adaptarem-se à nação adotada. Vontade que se reflete na aprendizagem da língua portuguesa, por exemplo. Através deste viés, as Irmãs de Nossa Senhora são, também, protagonistas desta história, como imigrantes, fundadoras e educadoras de instituições de ensino na região de colonização germânica gaúcha. A obra integra a Série Lousas, que resgata a trajetória da obra educacional Notre Dame no Brasil, desde a chegada, em 1923, de dez missionárias alemãs ao Rio Grande do Sul, com o objetivo de manter educandários e internatos que viabilizassem a persistência e a frequência escolar pelos habitantes locais, em regiões de difícil acesso.

Turno Integral curte seus momentos Ainda de leitura mais conforto para atender aos es-

Os estudantes do Turno Integral Notre Dame curtem cada vez mais o seu espaço!

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tudantes do Turno Integral: novos espaços para leitura e para a soneca! Durante uma divertida eleição, as próprias crianças nomearam a mini-biblioteca de ‘Espaço da Leitura‘. Mais um recurso para enriquecer a imaginação, a criatividade e o incentivo à leitura.

Dando continuidade às comemorações do Jubileu de Carvalho – 80 anos – do Colégio Notre Dame Ipanema, as Olimpíadas do Ensino Fundamental II se deram na terça-feira, 29/10, para os estudantes dos 8° e 9° anos e na quinta-feira, 31/10, para os do 6° e 7° anos. “É muito legal ver o Colégio integrando o esporte. Todos conseguem se divertir sem perder o espírito da competição”, explicou a estudante do 6º ano, Valentina Faria. Foram momentos de integração, alegria, sorrisos, rostos bem pintados e mascotes bem caracterizados que tomaram conta das quadras esportivas do Colégio. Fortalecendo os sentimentos de fraternidade, amizade e respeito ao próximo, professores e estudantes encerraram com chave de ouro a festa do esporte no Colégio Notre Dame Ipanema. “O bonito é ver todo mundo unido, brincando, se divertindo com os pessoal fantasiado. Tudo isso faz a Olimpíada ficar muito mais legal”, disse a estudante Paula Waddington, ao ser perguntada sobre a sensação de participar dos jogos.


EDUCAÇÃO

Para fazer uma boa redação, é Estudantes necessário evitar trava-línguas participam do Professora Fernanda Bérgamo deu dicas para se construir um bom texto. Repetições só devem ser usadas de forma intencional. Texto: G1.com.br Foto: Colegio Notre Dame

VII Simulado Enem Rede de Educação Notre Dame Foto: Colegio Notre Dame

Jovens se concentram durante prova do ENEM

Para o leitor, um bom texto precisa ter fluência, e isso envolve a escolha correta das palavras que irão formar orações, frases, parágrafos. Na reportagem desta quinta-feira (14) do Projeto Educação, a professora Fernanda Bérgamo explicou que os trava-línguas devem ser evitados numa redação de vestibular, a não ser que seja intencional. Elizete Galvão é professora de canto há 33 anos. Antes de cada aula, ela faz exercícios de aquecimento vocal com os alunos. “O som produzido é basicamente pelas vogais, mas não podemos tirar o valor das consoantes. É importante que se articule bem para ser entendido. As palavras precisam das consoantes bem articuladas, pronunciadas para que som se projete bem. Exercícios com p, b, r vibrante e m são importantes”, comentou. Algumas músicas são difíceis de cantar porque têm sequências de palavras que exigem mais movimentos da boca e da língua. Em muitos casos, a complicação é um ato intencional, para dar uma sonoridade mais interessante.

“Você tem que articular sem perder encanto da poesia, da música”, destacou Elizete. Na redação, deve ocorrer o contrário desse tipo de situação. É importante escolher bem as palavras para evitar um trava-língua. “São frases folclóricas criadas pelo povo com objetivo de se divertir. A dificuldade está no fato de conter sílabas diferente e forçar movimentos repetidos da língua. É uma forma divertida e embaraçosa de brincar. Com o passar tempo, o trava-língua é usado para aperfeiçoar pronúncia e exercitar aquecimento”, comentou Fernanda Bérgamo. Num texto, devemos evitar repetições, a não ser que sejam intencionais. “Devemos evitar queísmo, que é a repetição do ‘que’, o gerundismo, repetição do gerúndio, quando se coloca verbos que acabam em ‘endo’, ‘ando’, ‘indo’; e especial atenção para evitar o eco, que é a rima na prosa, repetição desagradável de sons iguais”, destacou a professora. Também é importante não repetir a mesma palavra várias vezes, como o “mas”. “Ele é

Mais de 800 estudantes Notre Dame de 2ª e 3ª Série do Ensino Médio responderam, nesta quarta e quinta-feira (02 e 03), às provas do VII Simulado Enem realizado pela Rede de Educação Notre Dame. Os inscritos solucionaram 180 questões nas áreas de Ciências Humanas, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e de Matemática e suas Tecnologias, além de serem avaliados em Redação. Os estudantes da 2ª Série do Ensino Médio participaram como treineiros, já os estudantes matriculados na 3ª Série, além de testar seus conhecimentos como preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio, terão seus rendimentos considerados como critério parcial na avaliação do terceiro trimestre deste ano letivo. Em Ipanema, os estudantes são preparados para os vestibulares desde a 1ª série do Ensino Médio, quando fazem 3 provas de atualidades e 1 simulado do Enem preparado pelos próprios professores. Conforme o ano do vestibular se aproxima, os jovens praticam mais. De tal forma que a 2ª série realiza mais 3 simulados além do simulado Enem confeccionado pela rede.

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GASTRONOMIA

Gastronomia Mexicana Patrimônio mundial

Não há cardápio gastronômico mais colorido no mundo que o mexicano, com ingredientes tão variados como a cebola morada, o verde terno da pêra abacate, os chiles rojos (malagueta vermelha), os pimentos amarelos e o rosa dos pinhões. Apesar desta grande diversidade, mantém uma linha comum, um ingrediente que aparece em quase todos os pratos: o milho, protagonista na elaboração de tortilhas, bebidas fermentadas, atole (bebida quente à base de farinha), tamales, pozole, entre tantos outros alimentos. A diversidade de tradições culinárias no México, muitas delas pertencentes ao Velho Continente, formou um mosaico de sabores que encantam até o paladar mais exigente. Pratos que invariavelmente mancham toalhas de mesa, guisados de molhos picantes acompanhados de um copo de água fresca, para dar um momento de trégua, e carnes variadas que formam um rico e generosotaco. A gastronomia mexicana é o complemento perfeito de toda a viagem e passeio pelo país. Não prová-la é

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perder uma grande parte da essência do México. PARA NÃO NEGAR-SE São imperdíveis as tortas ahogadas (sandes embebidas) de Jalisco feitas de carne e banhadas com molho picante. Há que tomar um tequila branco, velho ou de reserva, de preferência puro. DELÍCIAS DO NORTE O prato estrela de Nuevo León é o cabrito nas brasas. Também é característica de a machaca, carne de vaca seca guisada com ovos e molho picante. SABOR POBLANO O mole é talvez um dos pratos mais complexos do cardápio mexicano. Combina vários ingredientes, como chocolate, chiles anchos, mulato e pasilla, amêndoas, nozes, passas, cravos, canela, ajonjolí(sementes de sésamo) e cebola. Tudo isto sobre a carne de frango. A cochinita pibil é carne de porco marinada em achiote, sumo de laranja ágria, alho, sal e pimenta. O segredo é envolvê-lo.

TÍPICO DOS PORTOS Os mariscos degustam-se em coteis junto ao malecón (passeio marítimo) de Veracruz. E para o calor recomenda-se o torito, bebida de frutas combinada com rum branco, e na tertúlia, um rico café de Coatepec.

MANJAR DO ESTADO DE YUCATAN A cochinita pibil é carne de porco marinada em achiote, sumo de laranja ágria, alho, sal e pimenta. O segredo é envolvê-la em folhas de banana e cozinhá-la debaixo da terra.


GASTRONOMIA

A Degustação Sal, Limão e Pimenta

O FAMOSO CABALLITO Para apreciar corretamente tenha um “Caballito” por perto. O famoso “copinho de Tequila” de 60ml, uma rodela de limão e um pouco de sal bastam para se tomar a tradicional bebida do México. Mas não pense em virar tudo de uma vez, o correto é tomar pequenos e demorados goles e e logo depois chupar o limão e o sal. Algumas pessoas sujam a boca do copo com limão e sal ou melam a mão com sal e depois chupam o limão, as variações dependem da sua criatividade. As Tequilas mais chiques como a Reposado e Reserva dispensam qualquer acompanhamento, sendo bebidas puras. Pois é, tem gente que realmente saboreia a Tequila antes do porre. Como toda cidade de tradições enraizadas, Xalapa possui uma importante herança gastronômica. A cozinha local conserva a elegância da comida espanhola e adiciona os ingredientes do México pré-hispânico. Quando você procurar desfrutar de uma boa comida no estado de Veracruz, não esqueça de experimentar os “huevos tirados”(ovos de milho crocantes com formato triangular), tortilhas, banana frita e arroz. e obviamente, café. Tequila 100% Agave Blanco (Branco) Tequila clara e transparente, é engarrafada imediatamente após a destilação. Tem o aroma e o sabor do Agave Azul. Joven ou Oro (Jovem ou Ouro) É uma Tequila suavizada com corantes e sabores, como caramelo. É a mais usada para fazer as famosas margaritas. Reposado (Repousado) Repousando a Tequila Blanco de 2 meses a um ano em barris de carvalho, temos a Tequila Reposado, de aroma agradável e cor amarelo pálido, suavizando o sabor do Agave Azul. Añejo (Envelhecida) É a Tequila envelhecida por mais de 1 ano nos barris de carvalho, adquirindo o sabor da madeira e uma cor âmbar. Reserva Categoria especial de Tequilas envelhecidas por mais de 8 anos.

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GASTRONOMIA

A Fabricação da Tequila

Tequila é uma bebida alcoólica destilada feita da agave-azul, primariamente na região da cidade de Tequila no estado mexicano de Jalisco, a 65 quilómetros a nordeste de Guadalajara. O solo vulcânico vermelho da região circundante é particularmente propício ao crescimento do agave-azul, e mais de 300 milhões de plantas são colhidas todo ano.1 Agave tequilana cresce diferentemente dependendo da região. Agaves-azuis plantadas em áreas altas são maiores e mais doces em aroma e sabor. Agaves das áreas mais baixas tem um sabor e fragrância mais herbáceos.2 Pelas leis mexicanas a tequila pode ser produzida apenas no estado de Jalisco e em regiões limitadas de Guanajuato, Michoacán, Nayarit, e Tamaulipas.3 O México clama o direito internacional exclusivo da palavra “tequila”, ameaçando ações legais contra produtores de destilados de agave-azul em outros países. O agave-azul é uma planta semelhante a um abacaxi gigante e só se desenvolve em terrenos de solo vulcânico e clima árido. Precisa-se de 8 a 12 anos de idade para estar pronto para produção, sendo necessários 7 quilos de agave para produção de 1 litro de tequila. A produção se inicia assando as “Piñas” da agave-azul por mais de 48 horas e esfriam por mais 14 horas antes de serem retiradas dos fornos, para converter as fibras em açúcar fermentável (frutose). Depois dessa etapa são moídas para extração de todo açúcar e o resultado é um rico líquido chamado “Aguamiel”. Adiciona-se a levedura natural ou de Saccharomyces cerevisiae para fermentação, que quebra as moléculas do açúcar e transforma em álcool. O resultado é um vinho de agave que possui 10 à 12% de teor alcoólico. O vinho deve ser destilado 2 vezes, descartando seu início e fim para adquirir o melhor da destilação. A tequila assim produzida é chamada “Prata” e pode ser engarrafada ou maturada para produção dos diferentes tipos de acordo com o tempo de maturação. Geralmente, agaves das terras altas produzem tequilas de sabor mais mais doces e frutadas, enquanto as agaves de terras baixas dão à tequila um sabor mais herbáceo e “terroso”.5 Tequila é uma bebida alcoólica destilada feita da agave-azul, primariamente na região da cidade de Tequila no estado mexicano de Jalisco, a 65 quilómetros a nordeste de Guadalajara. O solo vulcânico vermelho da região circundante é parti-

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cularmente propício ao crescimento do agave-azul, e mais de 300 milhões de plantas são colhidas todo ano.1 Agave tequilana cresce diferentemente dependendo da região. Agaves-azuis plantadas em áreas altas são maiores e mais doces em aroma e sabor. Agaves das áreas mais baixas tem um sabor e fragrância mais herbáceos.2 Pelas leis mexicanas a tequila pode ser produzida apenas no estado de Jalisco e em regiões limitadas de Guanajuato, Michoacán, Nayarit, e Tamaulipas.3 O México clama o direito internacional exclusivo da palavra “tequila”, ameaçando ações legais contra produtores de destilados de agave-azul em outros países.


Tequila é uma bebida alcoólica destilada feita da agave-azul, primariamente na região da cidade de Tequila no estado mexicano de Jalisco, a 65 quilómetros a nordeste de Guadalajara. O solo vulcânico vermelho da região circundante é particularmente propício ao crescimento do agave-azul, e mais de 300 milhões de plantas são colhidas todo ano.1 Agave tequilana cresce diferentemente dependendo da região. Agaves-azuis plantadas em áreas altas são maiores e mais doces em aroma e sabor. Agaves das áreas mais baixas tem um sabor e fragrância mais herbáceos.2 Pelas leis mexicanas a tequila pode ser produzida apenas no estado de Jalisco e em regiões limitadas de Guanajuato, Michoacán, Nayarit, e Tamaulipas.3 O México clama o direito internacional exclusivo da palavra “tequila”, ameaçando ações legais contra produtores de destilados de agave-azul em outros países. O agave-azul é uma planta semelhante a um abacaxi gigante e só se desenvolve em terrenos de solo vulcânico e clima árido. Precisa-se de 8 a 12 anos de idade para estar pronto para produção, sendo necessários 7 quilos de agave para produção de 1 litro de tequila. A produção se inicia assando as “Piñas” da agave-azul por mais de 48 horas e esfriam por mais 14 horas antes de serem retiradas dos fornos, para converter as fibras em açúcar fermentável (frutose). Depois dessa etapa são moídas para extração de todo açúcar e o resultado é um rico líquido

Tequila é uma bebida alcoólica destilada feita da agave-azul, primariamente na região da cidade de Tequila no estado mexicano de Jalisco, a 65 quilómetros a nordeste de Guadalajara. O solo vulcânico vermelho da região circundante é

GASTRONOMIA

particularmente propício ao crescimento do agave-azul, e mais de 300 milhões de plantas são colhidas todo ano.1 Agave tequilana cresce diferentemente dependendo da região. Agaves-azuis plantadas em áreas altas são maiores e mais do-

ces em aroma e sabor. Agaves das áreas mais baixas tem um sabor e fragrância mais herbáceos.2 Pelas leis mexicanas a tequila pode ser produzida apenas no estado de Jalisco e em regiões limitadas de Guanajuato, Michoacán,

Processos de destilação.

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Imagens: Divulgação

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Trem do Samba com destino à terra de bambas

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TREM DO SAMBA é o condutor da memória da musica tradicional carioca. De uma viagem de trem no inicio do século passado, feita pelo lendário Paulo da Portela, que ia da gari da Central do Brasil no centro do Rio de Janeiro, ate o longínquo subúrbio de Oswaldo Cruz. Paulo se encontrava após o trabalho e na viagem de retorno, fazia do trem uma espécie de sede móvel de sua Portela, assim fugia da repressão policial ao samba. No inicio da década de 90 Marquinhos de Oswaldo Cruz, outro sambista, começou a fazer o mesmo trajeto cantando e contando as historias de sua comunidade. E depois de já ser considerado um sambista no meio, Marquinhos, resolveu fazer essa viagem no dia Nacional do Samba, fazendo com que todo o Brasil comemorasse este dia. O TREM DO SAMBA HOJE LEVA MAIS DE 100.000 pessoas ao subúrbio carioca, e é hoje a mais tradicional festa da musica popular Brasileira. No TREM DO SAMBA além dos palcos, em que cantores famosos se misturam a sambistas tradicionais, para cantar sambas também tradicionais, e das dezenas de rodas de samba onde se cantam sambas de terreiros e varias rodas de partido alto, onde os partideiros improvisam por toda noite. Da Central do Brasil a Oswaldo Cruz não há nada igual no calendário da Cidade Maravilhosa que inspire mais a cultura do samba. Criado em função do Dia Nacional do Samba, festejado anualmente em 2 de dezembro, o Trem do Samba chega a sua 18ª edição levando seis dias de muita alegria, arte e, claro, música para os cariocas. Este ano o evento se realizará entre dias 02 a 6 de dezembro, quando uma série de shows, incluindo, entre outros, Sombrinha, D. Ivone Lara, Or-

questra Tabajara e Jorge Aragão, agitará os palcos montados em Oswaldo Cruz. Mas é no dia 7 de dezembro que a festa tem seu auge: nesta data, quatro trens e 36 vagões já estão reservados para levar o público ao bairro que viu nascer grandes cantores e compositores das mais variadas gerações. A programação começa a partir das 15h, na Central do Brasil, com shows das Velhas Guardas dessas e outras tradicionais escolas — como Mangueira, Salgueiro e Vila Isabel —, além de Delcio Carvalho, Noca da Portela, Serginho Procópio, Monarco, Surica, Wilson Moreira, Baianinho, bateria do Mestre Faísca e Marquinhos de Oswaldo Cruz, este último, músico e idealizador do projeto. Partindo de lá, é no bairro de Oswaldo Cruz que, mais uma vez, o público encontrará outros quatro estrelados palcos. Estes recriarão a raiz do samba com alguns de nossos bambas: Arlindo Cruz, Martn’Alia, Martinho da Vila, Dona Ivone Lara, entre outros. Além disso, uma novidade promete atrair muitos estudiosos e intelectuais à Zona Norte este ano. Foi criada uma Tenda do Saber, que abrigará, dia 02 a 06 de dezembro, das 14h as 22h, com várias programações, incluindo contadores de história e música para as crianças, vídeos e filmes, palestras e oficinas em horários variados, em salas com ar condicionado. Entrada franca – mediante a doação de 01 livro ou 01 kg de alimento não perecível, lotação: 100 lugares. “O Trem do Samba nasceu com o objetivo de promover a interação entre os grandes nomes do samba e o público, além de levar conhecimento por meio do resgate dessa cultura. O que nós estamos fazendo é uma recriação das rodas de samba tradicionais”, afirma Marquinhos de Oswaldo Cruz.

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Homenagem ao bamba que muito fez pelo samba

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enato Cardoso Neves, mais conhecido como Renatinho Partideiro, falescido este ano de insuficiência renal crônica aos 50 anos. Renatinho Partideiro foi um dos nomes mais célebres do Cacique de Ramos e ficou conhecido pela habilidade de criar versos de improviso em rodas de partido alto. Nascido e criado entre as comunidades do Morro do Urubu, em Pilares, o sambista, quando criança, ia para a quadra da Caprichosos de Pilares, reduto fundado por membros de sua família, observar os partideiros. Foi por lá que começou a carreira, após comprar um gravador, instrumento que serviu para testar seus improvisos. Importante na revitalização do Cacique de Ramos, Renatinho Partideiro se consagrou como líder da roda de samba que acontece todos os domingos no bloco. Em

2000, participou com uma canção própria do CD “Pagode de mesa”, de Beth Carvalho. Além disso, fez parte de vários projetos, entre eles a gravação do CD independente “Prazer: Partido Alto”, produzido pelo Centro Cultural Cartola em 2012, com a participação de grandes nomes do samba, como Tantinho da Mangueira, Marquinho China e Serginho Procópio. O sambista participou ainda da gravação do longa-metragem “Partideiros”, produzido por Tuninho Galante e dirigido por Luiz Guimarães de Castro, que traça um panorama do gênero partido alto, e teve sua pre-estréia no Instituto Moreira Salles, na Gávea. Nesta edicao do trem do samba, Renatinho Partideiro será homenageado com o palco principal na Central do Brasil com o seu nome. Divulgação

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RIO DE JANEIRO Imagens: Divulgação

PALCO RENATINHO PARTIDEIRO Central do Brasil DIA 07/12 A partir das 15:00h Velha Guarda Portela/Império/Salgueiro/Mangueira/V. Isabel Monarco Surica Dorina Aloisio Machado Mauro Diniz Marquynhos Sensação Nelson Sargento Wilson Moreira Noca da Portela Ciraninho Tantinho da Mangueira Toninho Nascimento Toninho Geraes Bruno Maia Baianinho Mestre Faísca Ernesto Pires

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Aos inimigos, a lei O tratamento autoritário contra a população nas manifestações tem base na legalidade democrática atual e não em um antigo estado de exceção

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s instituições prisionais, a força policial, as normas jurídicas e sua aplicação conforme as conhecemos hoje não surgiram do nada, tampouco por acaso. No estudo sobre os sistemas de punição reunidos em Vigiar e Punir (1975), Michel Foucault mostra como os conceitos de crime e penas

Em outras palavras, na passagem do século XVIII ao século XIX, houve um cruzamento entre conflitos sociais, resistências aos efeitos da industrialização e crises econômicas, movimentos operários e partidos republicanos. O resultado foi a elaboração de políticas para punir os ilegalismos operários: desde a desUeslei Marcelino/ Reuters

Manifestantes mascarados em protesto contra o Governo no Rio de Janeiro.

variaram historicamente até que se pudessem constituir, já nas sociedades industriais, não somente uma forma de supressão das infrações à lei, mas uma forma de administração dos perigos de um novo ilegalismo popular.

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truição de máquinas, passando pela proibição de constituir associações, o abandono de serviço, a vadiagem. Nessas condições, diz Foucault, seria hipocrisia ou ingenuidade acreditar que a lei é feita para todo mundo e em nome de todo mundo. Seria

mais prudente reconhecer que ela é feita por alguns e se aplica a outros, principalmente às classes mais numerosas e menos esclarecidas. Nesse sentido, permanece uma série de ilegalidades, diferente dos crimes contra a propriedade e a ordem política, que não se tornou alvos de repressão e encarceramento. A produção da delinquência e seu investimento pelo aparelho penal nunca cessaram de encontrar resistências. Verifica-se, então, que já nas sociedades industriais, as ações operárias foram acusadas de serem animadas por simples criminosos e os veredictos aplicados contra operários muitas vezes foram mais severos do que os aplicados aos ladrões. Este trabalho de aproximação entre a delinquência e a contestação da ordem política se completou com a disseminação da imprensa policial. O noticiário torna aceitável o conjunto de controles sociais que vigiam a sociedade, constituindo um boletim cotidiano de alarme ou de vitória. Vigiar e Punir foi publicado no Brasil por uma editora católica, a Vozes, de Petrópolis (RJ), durante a ditadura civil-militar, em 1977. Estava em curso o processo de “distensão lenta, segura e gradual” do general Ernesto Geisel, que assumira o poder três anos antes. Foi o ano de revoJoao Gabriel Santarem -20101169


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gação do Ato Institucional número 5, que concedia poder irrestrito aos governantes com direito à censura a meios de comunicação, fechamento do Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais e suspendia uma série de direitos civis, como a proibição das manifestações e atividades de assuntos de natureza política e a garantia de habeas corpus, nos casos de crimes políticos. A Constituição Federal de 1988 consolidou o processo de redemocratização do Brasil. Se a ditadura civil-militar brasileira era um regime de exceção - situação caracterizada pela suspensão do estado de direito e de garantias constitucionais – o País passaria a ser um Estado democrático de Direito. Além da realização periódica de eleições, tínhamos de volta as tais garantias suspensas em duas décadas de regime militar, como liberdade de expressão, de locomoção, de associação, inviolabilidade da vida privada e de domicílio, o sigilo de correspondência e dados bancários, entre outras. Recentemente, a explosão de manifestações ao longo deste ano em grande parte das capitais brasileiras colocou em xeque alguns limites do Estado democrático de Direito. Nesta semana, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário atribuiu a “resquícios da ditadura” os ataques das polícias militares a jornalistas e manifestantes nos protestos de 13 de junho em São Paulo e durante a Copa das Confederações, no Rio de Janeiro. A ministra aparentemente se referia ao processo de formação dos policiais e à estrutura da instituição. Entretanto, o tratamento autoritário e violento dispensado à população nas manifestações políticas atuais tem muito mais a ver com processos que transcorrem dentro da mais perfeita legalidade

democrática que com resquícios do estado de exceção. Atualmente os crimes contra a ordem política e social no Brasil são enquadrados na Lei de Segurança Nacional (Lei nº 7.170, de 14 de dezembro de 1983). A lei foi usada para enquadrar os manifestantes Humberto Caporelli e Luana Lopes, presos na primeira semana de outubro por suposta participação em atos de vandalismo na segunda-feira 6 no centro de São Paulo. Entretanto, desde o início da onda de protestos de 2013, o que se observa no tratamento dado aos manifestantes e aos supostos casos de vandalismo é uma combinação de instrumentos legislativos que não se restringem às leis do tempo da ditadura; ao contrário, estão em perfeita harmonia com os princípios do Estado democrático de Direito atual.

A lei considera organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas, mediante a prática de infrações penais. A proibição do uso de máscaras em protestos, por exemplo, está de acordo com o artigo 5º da Constituição Federal, o mesmo que garante a livre a manifestação do pensamento e a inviolabilidade da intimidade, vida privada, a honra e a imagem das pessoas, uma vez que a lei estabelece que nessa livre expressão é vedado o anonimato. Do mesmo

modo, a nova lei sobre organizações criminosas (lei 12.850 de 12 de agosto de 2013), que está sendo usada para punir atos de vandalismo em manifestações (pena de três a oito anos de prisão), passou por todos os processos legais, próprios de regimes democráticos, antes de ser sancionada pela presidenta democraticamente eleita. A lei considera organização criminosa a associação de quatro ou mais pessoas, mediante a prática de infrações penais. A pena por constituir, financiar ou integrar organização criminosa varia de 3 a 8 anos de reclusão mais multa. O texto também afirma que em qualquer fase da persecução penal serão permitidos como meios de obtenção da prova o acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerrciais; interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas e afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal e telefonico. Parece, portanto, mais adequado considerar que o tratamento dispensado aos manifestantes pelas autoridades, mais do que um resquício da ditadura, aponta para a seletividade penal a qual se referia Foucault em Vigiar e Punir há 38 anos. Os novos instrumentos legais trazem consigo a ampliação da vigilância. No dia 15 de outubro, após novos confrontos entre policiais e manifestantes, o responsável pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) do Rio de Janeiro, Gilson Perdigão, afirmou em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que a publicação de comentários e fotos em apoio aos atos de vandalismo em redes sociais também poderá ser considerada crime. garantida constitucionalmente está sujeita à penalização.

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Vergonha nacional Situação do país em relação ao saneamento básico é um sinal de que ainda somos uma nação basicamente subdesenvolvida.

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de se lamentar a triste situação que vivemos por estas bandas quando o assunto é saneamento básico. Até mesmo se comparado a países mais pobres economicamente que o nosso, o quadro brasileiro é na verdade vexatório e humilhante. Envergonhado, melhor dizendo, deveria se sentir cada habitante deste Brasil continental.

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Somos tão ricos em tantos quesitos e desprezíveis em atender a um número expressivo, 1/3 das casas brasileiras que em pleno século XXI não contam com o tratamento e a coleta de esgoto e graças a isso ainda vivem com índices de qualidade de vida, dignos do século XIX. A pior situação está no norte do país, onde apenas 21,6% dos lares tinham serviço de saneamento em 2011.

Segundo o IBGE são 21 milhões de brasileiros com menos de 14 anos de idade sem rede de esgoto, água encanada ou coleta de lixo. Na América Latina somos o 19º colocado em saneamento básico, segundo relatório sobre as cidades latino-americanas, feito pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat). Estamos tristemente próximos, numa indigente colocação, no rol de nações entre as mais pobres do mundo quando levamos em conta critérios como o de saneamento básico e distribuição de renda. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que 71,8% dos municípios ainda não possuíam, em 2011, uma política de saneamento básico. A “Pesquisa de Informações Básicas Municipais” revelou que 1.569 cidades possuíam políticas dessa natureza, o que corresponde a somente 28,2% dos 5.564 municípios brasileiros. Joao Gabriel Santarem -20101169


Ueslei Marcelino/ Reuters

Ueslei Marcelino/ Reuters

Esgoto a ceu aberto na comunidade de Alto da Ressureicao, no Piaui.

Presidente Dilma no lancamento do PAC 2 - Programa de Aceleracao do Crescimento, fase 2.

Difícil é entender como foi possível chegar a esse estado de coisas. Culpa de políticos que diziam: “obra enterrada não dá voto”? Parte da responsabilidade não poderia também ser creditada à sociedade, incapaz de enxergar os benefícios extraordinários de uma água tratada, esgoto coletado, e até mesmo de lutar para que tivéssemos sempre rios limpos, saudáveis e vitais para a saúde da coletividade? O nosso atraso é gigantesco e histórico, mas não pode ser motivo de paralisia. No mês passado, a ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – realizou seu 27º Congresso em Goiânia e fez uma radiografia dos grandes desafios que a questão do saneamento básico tem pela frente no Brasil. Entre os pontos mais importantes destacados pela chamada Carta de Goiânia, documento que resumiu as principais conclusões do evento, está a necessidade de triplicar os valores de investimento atuais para cerca de 30 bilhões de reais por ano. Em conversa com este colunista, o presidente nacional da ABES, Dante Ragazzi Pauli, afirmou que as metas pretendidas pelo governo federal de atingir a universalização da coleta e tratamento de esgoto no país até 2030 está muito longe de acontecer. Segundo ele, “no ritmo atual, isso deverá acontecer em 40 ou 50 anos”. A Lei 11.445 de 2007, conhecida como Lei do Saneamento estabeleceu a universalização do saneamento básico como um “compromisso de toda a sociedade brasileira”. Graças a essa lei, apesar de todos os problemas, houve a liberação de um bom dinheiro para o setor. Segundo o Ministério das Cidades, na primeira fase do PAC 1 – o Programa de Aceleração do Crescimento, o saneamento recebeu

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cerca de 40 bilhões de reais entre os anos de 2007 e 2010. Já no PAC 2 são mais 41,1 bilhões de reais para investimento em ações de saneamento no quadriênio 2011-2014. São 1.144 obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário que beneficiarão 1.116 municípios em todas as regiões do País. A título de informação, no último dia 24/10 a presidenta Dilma Roussef anunciou a liberação de novos recursos na ordem de 10,5 bilhões de reais para serem utilizados em obras de saneamento básico no país. A verba irá para obras de sistemas de drenagem de águas pluviais, redes de abastecimento de água e esgoto sanitário. A cobertura de saneamento básico no Brasil tem melhorado, é verdade, mas a realidade permanece sendo de esgotos a céu aberto principalmente nas áreas mais carentes. São 15 bilhões de litros de esgoto sem tratamento despejados todos os dias em rios, córregos, passando por ruas e favelas e prejudicando a saúde de milhões de brasileiros em todo territorio. Reclamar do governo e do país em geral já é um esporte nacional. Não há setor no Brasil que não reclame e com boa dose de razão! Mas ao lado das queixas devem também estar propostas que contribuam para a solução de problemas. Em seu encontro a ABES faz uma série de recomendações no apoio ao trabalho realizado pelo setor privado nas obras de saneamento, entre elas, a ampliação das fontes de financiamento, a agilização na análise e liberação de pedidos de financiamento e a redução de tributos na industria de tecidos, alimentacao, entre outras.

Na América Latina somos o 19º colocado em saneamento básico

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A vida imitando a arte Luz, câmera e ação! Essa frase é conhecida por grande parte das pessoas, remetendo aos filmes e ao cinema. O cinema é uma arte, pois retrata o comportamento e as ações em determinadas situações, remetendo a uma ideia preliminar. Assim, ele tem a capacidade de influenciar individualidades. Em virtude disso, a indústria cinematográfica exalta muito o pensamento social e o modo de vida em filmes que a sociedade aprecia, atingindo o psicológico da massa. Aos que gostam de brigas, discussões, há a presença nos filmes de ação, aventura, suspense, terror etc. Também observamos casos românticos, um protagonista que vence antagonista, entre outros. Sendo assim, produtoras retratam alguns padrões de beleza, cultura e comportamento pessoal. Elas compreendem que seu público alvo sempre assistirão filmes com atores conhecidos. Assim ela tenderá a adotar alguns costumes que se identificam com sua personalidade. Portanto, o cinema influencia, como outras artes, a sociedade. Costumes e valores, mostrados nas telas refletirão e repercutirão no comportamento social. Quem está sendo representado nas telas, quem

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se identifica, repetirá as cenas, conceitos e linha de raciocínio. Essa frase é conhecida por grande parte das pessoas, remetendo aos filmes e ao cinema. O cinema é uma arte, pois retrata o comportamento e as ações em determinadas situações, remetendo a uma ideia preliminar. Assim, ele tem a capacidade de influenciar individualidades. Em virtude disso, a indústria cinematográfica exalta muito o pensamento social e o modo de vida em filmes que a sociedade aprecia, atingindo o psicológico da massa. Aos que gostam de brigas, discussões, há a presença nos filmes de ação, aventura, suspense, terror etc. Também observamos casos românticos, um protagonista que vence antagonista, entre outros. Sendo assim, produtoras retratam alguns padrões de beleza, cultura e comportamento pessoal. Elas compreendem que seu público alvo sempre assistirão filmes com atores conhecidos. Assim ela tenderá a adotar alguns costumes que se identificam com sua personalidade. Portanto, o cinema influencia, como outras artes, a sociedade. Costumes e valores, mostrados nas

Foto: Ag News

Como os filmes e as mini-séries influenciaram a sociedade

Elizabeth Taylor


Audrey Hepburn em 1963.

De acordo com o especialista, o famoso caso de amnésia da personagem Lucy no filme “Como se fosse a primeira vez” é totalmente inverossímil, pois num transtorno amnésico verdadeiro não se perde a memória quando se vai dormir. “Por outro lado, há filmes que retratam de forma muito fiel os transtornos mentais. ‘Farrapo humano’, filme que deu o Oscar de melhor ator ao Ray Milland, mostra muito bem como é o alcoolismo”, observou. Além disso, a maneira como o ci-

nema retrata distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão e estresse podem ajudar quem passa por esses problemas na vida real. A razão é simples: por meio da identificação com um personagem, a pessoa tende a refletir a respeito da sua condição. “Porém, é muito importante que os distúrbios sejam colocados focando a verdade e a solução. Para ajudar, deve haver uma seriedade e um profundo estudo dos temas colocados em pauta”, disse a psicóloga. Para Cida, pegar aquele cineminha pode ser saudável para qualquer indivíduo. “O tema proposto, quando é bem colocado, funciona como um espelho onde a pessoa se vê e pode pensar em saídas para as suas questões. Exemplos e histórias atuam no nosso inconsciente.” A dica para aproveitar esse lado bom e “didático” do cinema é tentar olhar para as questões da nossa vida de fora delas. Isso nos dá mais clareza e capacidade para refletir e encontrar a melhor solução. Especialmente se assistirmos a histórias verídicas. “Elas mostram como a maneira com que lidamos com os fatos determina quem somos, e não os fatos em si”, finaliza a psicóloga. Além disso, a maneira como o cinema retrata distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão e estresse podem ajudar quem passa por esses problemas na vida real. A razão é simples: por meio da identificação com um personagem, a pessoa tende a refletir a respeito da sua condição. “Porém, é muito importante que os distúrbios sejam colocados focando a verdade e a solução. Para ajudar, deve haver uma seriedade e um profundo estudo dos temas colocados em pauta”, disse a psicólog. Para Cida, pegar aquele cineminha pode ser saudável para qualquer indivíduo. “O tema proposto, quando é bem colocado, funciona como um espelho onde a pessoa se vê e pode pensar em saídas para as suas questões. Exemplos e histórias atuam no nosso inconsciente.” A dica para aproveitar esse lado bom e “didático” do cinema é ten-

tar olhar para as questões da nossa vida de fora delas. Isso nos dá mais clareza e capacidade para refletir e encontrar a melhor solução. Especialmente se assistirmos a histórias verídicas. “Elas mostram como a maneira com que lidamos com os fatos determina quem somos, e não os fatos em si”, finaliza a psicóloga. Além disso, a maneira como o cinema retrata distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão e estresse podem ajudar quem passa por esses problemas na vida real. A razão é simples: por meio da identificação com um personagem, a pessoa tende a refletir a respeito da sua condição. “Porém, é muito importante que os distúrbios sejam colocados focando a verdade e a solução. Para ajudar, deve haver uma seriedade e um profundo estudo dos temas colocados em pauta”, disse a psicóloga. Para Cida, pegar aquele cineminha pode ser saudável para qualquer indivíduo. “O tema proposto, quando é bem colocado, funciona como um espelho onde a pessoa se vê e pode pensar em saídas para as suas questões. Exemplos e histórias atuam no nosso inconsciente.” A dica para aproveitar esse lado bom e “didático” do cinema é tentar olhar para as questões da nossa vida de fora delas. Isso nos dá mais clareza e capacidade para refletir e encontrar a melhor solução. Especialmente se assistirmos a histórias verídicas. “Elas mostram como a maneira com que lidamos com os fatos determina quem somos, e não os fatos em si”, finaliza a psicóloga.

Foto: Ag News

Sejamos sinceras: quem é que nunca se viu num personagem do cinema? Ou quem, depois de levar aquele fora, não pensou duas vezes antes de assistir a um filme romântico? Pois é, o conteúdo exibido nas telonas - assim como o das telinhas - interfere sim em nossas vidas. Há tempos que as empresas, por exemplo, usam essas histórias para trabalhar o espírito de equipe e motivação nos funcionários. Especialistas resolveram aproveitar o que passa nas telonas para ajudar quem passa por experiências parecidas na vida real, ou mesmo para estudos diversos. Esse é o caso dos professores universitários J. Landeira-Fernandez e Elie Cheniaux. Depois de ouvir muitas perguntas de alunos sobre o diagnóstico psiquiátrico de algum personagem de filme, os colegas resolveram estudar outros casos e reuniram tudo no livro “Cinema e Loucura”.

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Sean Connely como 007.

cinema retrata distúrbios psicológicos como ansiedade, depressão e estresse podem ajudar quem passa por esses problemas na vida real. A razão é simples: por meio da identificação com um personagem, a pessoa tende a refletir a respeito da sua condição. importante que os distúrbios sejam colocados focando a verdade e a solução. Para ajudar, deve haver uma seriedade e um profundo estudo

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Agora na telona!

A beleza de Blue Jasmine

Foto: Ag News

Woody Allen agrada o público e mostra uma Kate Blanchet como nunca antes vista.

Woody Allen da as direções em cena. Kate Blachet e Alec Baldwin se destacam na trama.

Entra a tela preta, sobe o som de um jazz e começamos a ler os créditos iniciais seguindo a ordem alfabética. Sim, estamos diante de um filme de Woody Allen. Mas depois disso, nem tudo vai apontar para um longa do cultuado cineasta. Ainda que o humor neurótico esteja presente em todo o roteiro, o filme tem seu foco no drama. Desde Ponto Final - Match Point que o diretor não criava situações tão dramáticas. E a força de sua principal intérprete nos faz remeter a obras ainda mais distantes, como A Outra e Interiores. Cate Blanchett é a principal razão para o sucesso da produção, algo incomum em filmes de Allen, sempre idolatrados pelo roteiro. Aqui, o texto possui até algumas falhas, mas que acabam ignoradas diante de uma atuação quase sem precedentes na carreira do diretor. Vencedora do Oscar por O Aviador, a atriz entrega uma das melhores performances de sua carreira. Jasmine (Blanchett) é uma mulher já na casa dos seus 40 anos que é obrigada a mudar para a casa da irmã Ginger (Sally Hawkins) em

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São Francisco após seu marido Hal (Alec Baldwin) ser preso e ter toda sua fortuna confiscada. Deprimida, neurótica e ainda sem acreditar no novo rumo que tomou sua vida, ela tenta recomeçar. O título Blue Jasmine aponta para o estado de espírito da protagonista. Além de azul, a palavra “blue” significa melancólico, deprimido no inglês. O nome do filme também acaba sendo uma referência a música “Blue Moon”, tocada diversas vezes durante a obra, seja para marcar situações de ostentação, seja para mostrar o quão diferente está a vida de Jasmine. Com Jasmine, Allen cria uma de suas personagens mais detestáveis, que lembra um pouco o papel de Jonathan Rhys Meyers em Match Point. Preocupada com status e dinheiro, a personagem destrata a irmã e não faz questão de esconder o desprezo que sente de sua nova situação. Ela sente falta do yoga, do pilates e das festas de luxo em Nova Y. Jasmine beira à loucura, mas é tão fútil e superficial que é de impressionar o fato do espectador simplesmente perder o interesse por sua

protagonista. Os momentos de pânico, a forma como se sente superior a todos, tudo colabora como construir uma personagem muito complexa, e não apenas charmosa como muitas das musas recentes de Woody. A atuação de Blanchett é tão extraordinária que acabou ofuscando a ótima presença de Hawkins. Ela é a mulher simples, generosa, que apoia sua irmã mesmo tendo sido ignorada por todo o tempo em que esta foi rica. Ginger também tem seus problemas e sua relação com homens acaba surgindo como um alívio cômico do longa. gC.K. surge muito bem em momentos românticos e Cannavale cumpre muito bem a função de descendente de italiano. Peter Sarsgaard, Michael Stuhlbarg e Alden Ehreich completam o elenco principal de Blue Jasmine, que conta com uma bela direção de fotografia de Javier Aguirresarobe. A forma como retrata os ambientes de luxo com planos abertos e fecha as tomadas em lugares simples, como a casa de Gingerr..tória de Jasmine, com flash backs que aparecem ao longo da obra sem serem exaustivos, também é ponto a favor


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Recordar é viver

Brincando com a realidade

Foto: Ag News

Alvo de críticas positivas durante décadas, “Tempos Modernos” ainda é considerado clássico.

Chaplin com os mecanicos no filme “Tempos Modernos”

Em se tratando de humor ácido travestido de pastelão inocente, Charles Chaplin deu ao mundo os melhores exemplos. Em Tempos Modernos, ultimo filme onde o vagabundo – seu personagem símbolo – aparece, é também um exercício dessa característica que ele tão bem transformou em uma marca artística própria. A começar pela primeira cena. Um rebanho de ovelhas e num corte, pessoas executando o mesmo movimento. Sinais de tempos que são outros. O homem, que tanto domesticou, acaba sendo domesticado, dominado, e que ao som de um apito ou sino, muda o que está fazendo, que ao escutar a ordem de seu pastor ou dono, executa com presteza muitas vezes escravista o que é mandado. A piada com os tais tempos modernos estão apenas começando. Mas ele não pára por aí. Chaplin como grande resistente da chegada do som ao cinema (ainda mais ele, que desenvolveu a técnica de fazer imagens valerem mais que qualquer som) ainda aproveita a oportunidade para tirar sarro do futuro do

cinema. É só reparar ao som perfeito saído na fábrica, vinda do chefe tratando com desdém o pobre operário obrigado há todos os dias realizar movimentos e mais movimentos que em uma avalanche vai contagiando todo um grupo de outros operários a trabalhar mais e mais e mais. Muito interessante, e porque não genial, tecer essa relação? É colocando a voz do chefe ditando ordens e regras que ele indica seu poder, seu domínio, onde seu inglês perfeito cala a voz de seus operários que são mudos todo o tempo. E já trazendo para o cinema, Chaplin faz sua crítica mais pesada a esse avanço, uma vez que iria atropelar artistas como ele, que já haviam conquistado tanto com o cinema mudo. É então que ele usa o artifício do som como um dos vilões de seu filme. O som mostra quem manda, o som é divertimento dos mais ricos, o som está ali indicando a pancada, o latido do cão, o progresso, a degradação, a fisiologia do homem cada vez mais reprimida, o próprio homem que perde voz e se entrega. O som é utilizado como argumento

de crítica e simbologismo de desumanização e avanço da tecnologia. Até porque, nenhum avanço tecnológico existe pura e simplesmente para ser bom o suficiente. Máquinas controlam a quem deveria controlá-las, vide o surto que o operário interpretado por Chaplin tem em determinado momento do filme, ou quando elas existem puramente para tomar o lugar do próprio homem, como a máquina que dá de comer ao operário, onde o dono da fábrica tem a opção de escolher manter seus homens trabalhando até mesmo no único momento que lhe resta para descansar e ser humano literalmente. E pior é ver valor ser dado à uma máquina e não a uma pessoa. Quer melhor registro de desumanização? É o que acontece quando a máquina pifa e a cobaia humana escolhida aleatoriamente sem o mínimo de respeito acaba sofrendo a ira da tecnologia. E é justamente sobre desumanização que Chaplin discursa durante Tempos Modernos. Ele quer tentar fazer entender como esses avanços tão constantes podem

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“Uma garota sábia beija mas não ama, escuta mas não acredita e parte antes de ser abandonada.”

Marilyn Monroe Marilyn Monroe 104


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A loira que mudou a história

Como a mulher reservada do interior americano se mortalizou como o ícone do sex appeal. Ao se referir ao mito imposto no cinema pela figura de Greta Garbo, Paulo Emílio Salles Gomes disse que “(…) podemos admitir que no teatro o ator passa e a personagem permanece, ao passo que no cinema sucede exatamente o inverso. Nas sucessivas encarnações através de inúmeros atores, permanece a personagem de Hamlet, enquanto no cinema quem permanece através das diversas personagens que interpreta é Greta Garbo. (…) O que persiste não é propriamente o ator ou a atriz, mas essa personagem de ficção cujas raízes sociológicas são muito mais poderosas do que a pura emanação dramática.” O mesmo pode ser colocado com relação ao que se estabeleceu com Marilyn Monroe, de forma ainda mais complexa que com relação à Garbo, já que Marilyn, além de ser a atriz que interpretava as personagens, era também a personagem principal que Norma Jean Baker interpretou por 16 anos, dos primeiros pequenos trabalhos até o fim turbulento, em 5 de agosto de 1962, quando já era considerada a maior das estrelas do cinema. Marilyn Monroe se referia a ela mesma, no final de sua vida, em terceira pessoa, numa espécie de

consciência de sua própria condição de Marilyn Monroe se referia a ela mesma, no final de sua vida, em terceira pessoa, numa espécie de consciência de sua própria condição de mito e que sabia que não era capaz de sustentar a própria presença. Fazia tempo que a estrela era viciada em calmantes, combustível necessário que a auxiliavam a manter a força na subida rumo ao topo. E Monroe atingiu o topo, que era justamente o que sempre sonhou. Ela queria ser a mulher mais conhecida, mais desejada do mundo, e sua figura platinada e curvas voluptuosas lhe deram o status almejado ainda mais rápido que imaginava. Em 1950, Monroe fez pequenas participações em dois filmes importantes, O Segredo das Jóias, de John Huston, e A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz, este no papel de uma jovem admiradora de Margo Channing, interpretada magistralmente por Bette Davis, que mesmo ela não ofuscou a aparição de Monroe. Notada por vários, a atriz começou a erguer sua carreira para logo passar para os papéis principais e ser elevada à condição de diva. Monroe trabalhou com os melhores diretores, de Otto Preminger (O Rio das Almas Perdidas) a Jean Negulesco (Como Agarrar Um Milionário),

dando cada vez mais importância à sua figura de símbolo sexual. Com alguns deles ela estabeleceu uma parceria mais constante, como com Howard Hawks, com quem fez . E Monroe atingiu o topo, que era justamente o que sempre sonhou. Ela queria ser a mulher mais conhecida, mais desejada do mundo, e sua figura platinada e curvas voluptuosas lhe deram o status almejado ainda mais rápido que imaginava. Em 1950, Monroe fez pequenas participações em dois filmes importantes, O Segredo das Jóias, de John Huston, e A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz, este no papel de uma jovem admiradora de Margo Channing, interpretada magistralmente por Bette Davis, que mesmo ela não ofuscou a aparição de Monroe. E Monroe atingiu o topo, que era justamente o que sempre sonhou. Ela queria ser a mulher mais conhecida, mais desejada do mundo, e sua figura platinada e curvas voluptuosas lhe deram o status almejado ainda mais rápido que imaginava. Em 1950, Monroe fez pequenas participações em dois filmes importantes. ning, interpretada magistralmente.

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O Pecado Mora Ao Lado, primeiro de seus filmes com Billy Wilder, que Marilyn fez sua cena símbolo: passando pela calçada junto do homem que a deseja mais que tudo e tenta resistir à tentação, a personagem de Monroe é surpreendida pelo vento da calefação do metrô, que levanta seu vestido branco revelando suas pernas – e outras partes – sem que ela consiga controlar. Não somente é a principal memória que se tem de Marilyn, como é um dos momentos mais celebrados na história do próprio cinema. Marilyn Monroe iria retornar a trabalhar com Billy Wilder em Quanto Mais Quente Melhor, mas como acontecia com quase todos com quem trabalhava, Marilyn tirava Wilder do sério, irritando o diretor com atrasos, falta de concentração e dificuldade em decorar as falas. Mas Wilder sabia que Marilyn era a figura necessária para dar vida à doce e sexual Sugar Kane, e soube manipular a atriz a fim de extrair dela . Com isso, Quanto Mais Quente Melhor passou a ser considerada a

comédia mais engraçada . tempos e Marilyn Monroe levou o prêmio de melhor atriz de comédia, no Globo de Ouro de 1960, sendo preterida sob protestos a uma indicação ao Oscar. Marilyn queria ser a maior das estrelas, mas passou a trabalhar para ser uma boa atriz também. Fez aulas com Lee Strasberg, no famoso Actors Studio em Nova York e teve Paula Strasberg como mentora nos últimos trabalhos que fez, sendo incapaz de dar um passo sequer sem a autorização de Paula (que era odiada nos sets de filmagem). Desse modo e com as confusões emocionais derivadas de seus divórcios, um de Joe DiMaggio (o maior dos jogadores de baseball), outro de Arthur Miller (o maior dos dramaturgos americanos), Marilyn tinha sua vida controlada por Paula Strasberg, nos filmes, por sua agente e por seus médicos. A atriz já havia se afastado do cinema por 1 ano, devido a seu estado emocional, depois de fazer Os Desajustados, segundo filme com John Huston e último inteiramente concluído, quando foi

incentivada a estrelar Something’s Got To Give, de George Cukor, que ficou inacabado depois de Monroe ter sido demitida devido aos sucessivos atrasos e desculpas de doença para não aparecer para filmar. O caos emocional tomou conta de Marilyn que, mesmo tentando retomar as gravações do filme de Cukor e deixar de lado a imagem que circulava na mídia de que era uma tola, não conseguia se manter estável por muito tempo e acabou tendo uma overdose de calmantes, poucos dias depois da decisão do estúdio de continuar com a produção do filme. O legado de Marilyn Monroe residiu em sua imagem intocada de maior símbolo sexual do cinema em todos os tempos, não manchada pelas confusões de sua vida pessoal. Pois, como disse Billy Wilder, “Há uma certa semelhança entre Marilyn e a II Guerra Mundial: ambas foram infernais, mas valeram.”. “A comicidade é a presciência do espectador. Ele é mais esperto que os personagens no filme, porque o filme o instrui sobre seus truques.

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Adeus, anonimato. Olá, glamour!

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A vida de Marilyn nunca foi só de champanhes, perfumes francês e glamour. A loira, que já foi morena, passou por inumeras fases até chegar a emblemática loira mais amada do planeta. Acompanhe sua evolução ao lado.


Foto: Ag News

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Momentos de Marilyn (sentido horário): Cena do filme “Os homens preferem as loiras”; Marilyn com Eva; Foto da calçada da fama.

(…) Mas tão importante quanto isso é que o espectador seja instruído somente em parte sobre os truques do diretor (…). O espectador é mais esperto que os personagens na tela, mas menos esperto que o diretor, que sempre está um passo adiante e sabe manter a surpresa.” Mais que ninguém, Billy Wilder soube trabalhar o elemento de preparação de uma piada dentro de suas narrativas, com calma suficiente para saber soltá-la no momento certo. Em Quanto Mais Quente Melhor, mais que em qualquer outro filme, esse momento certo sempre aparece depois da sugestão que nos induz ao erro, pois no filme absolutamente nada. A primeira cena, logo após os créditos iniciais, mostra um carro fúnebre e dentro dele homens sérios e um caixão. A música é alegre, apesar de contrastar com a aparente solenidade da situação. Logo em seguida, vemos um carro

ção de Monroe. Notada por vários, a atriz começou a erguer sua carreira para logo passar para os papéis principais e ser elevada à condição de diva. Monroe trabalhou com os melhores diretores, de Otto Preminger (O Rio das Almas Perdidas) a Jean Negulesco (Como Agarrar Um Milionário), dando cada vez mais importância à sua figura de símbolo. Com alguns deles ela estabeleceu uma parceria mais constante, como com Howard Hawks, com quem fez O Inventor da Mocidade e Os Homens Preferem as Loiras, que tem uma das cenas mais icônicas que Marilyn Monroe fez, usando um vestido rosa, cercada de homens que estão dispostos a dar tudo para ela, inclusive os diamantes mais caros . Tudo e tenta resistir à tentação, a personagem de Monroe é surpreendida pelo vento da calefação do metrô, que levanta seu vestido branco revelando suas pernas – e outras partes – sem que ela consiga controlar.

Não somente é a principal memória que se tem de Marilyn, como é um dos momentos mais celebrados na história do próprio cinema. Marilyn Monroe iria retornar a trabalhar com Billy Wilder em Quanto Mais Quente Melhor, mas como acontecia com quase toquem rabalhava, Marilyn tirava Wilder do sério, irritando o diretor com atrasos, falta de concentração e dificuldade em decorar as falas. Mas Wilder sabia que Marilyn era a figura necessária para dar vida à doce e sexual Sugar Kane, e soube manipular a atriz a fim de extrair dela . Com isso, Quanto Mais Quente Melhor passou a ser considerada a comédia mais engraçada de todos os tempos e Marilyn Monroe levou o prêmio de melhor atriz de comédia, no Globo de Ouro de 1960, sendo preterida sob protestos a uma indicação ao Oscar. Marilyn queria ser a maior das estrelas, mas passou a

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