Revista CARNE & Conveniência # 186

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DESDE 1985

CARNE Nº186 . OS PROFISSIONAIS NÃO DISPENSAM

FRANGO DESINFETADO COM CLORO A guerra comercial entre os EUA e a UE Por Velo Mitrovich

ALIMENTARIA

BARCELONA Relações comerciais à escala mundial

David Mendes Carnes Labruge

“Para fazer, hoje, aquilo que o meu pai fez no passado, teria que estar ao nível ao nível de um Bill Gates...”

MAIS

A transformação digital de que vos falo: a mental Funcional e de valor acrescentado RADAR




: : EDITORIAL : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

A transformação digital de que vos falo:

a mental

Relativizando, podemos afirmar o digital tornou-se tão importante como o ar que respiramos, não é exagero nenhum, e o que às vezes me choca é ver alguns empresários que ainda não têm o hábito de trabalhar, com uma coisa tão simples e tão básica como é o e-mail ou correio electrónico. É estranho não é? O desafio do digital não é o digital em si, o desafio é, e será cada vez mais, avançar para lá do digital. Ser capaz de personalizar, humanizar, e individualizar a experiência. A Transformação Digital ou, se preferir, a 4ª Revolução Industrial, que tem marcado a agenda nos últimos anos é muito mais que uma simples tendência tecnológica, está no centro das estratégias de negócio e aplica-se de forma transversal, em todas as industrias e mercados. No nosso caso, a revista Carne que desde 1985 até 2016 foi editada em papel, avançou para o digital nesse mesmo ano e num espaço de 2 anos, passou de 7,500 leitores ativos para mais de 120,000 leitores de língua portuguesa, e o número de leitores não pára de subir a cada edição.

Numa sociedade que vive em função das redes sociais, os instantâneos se tornaram norma e o mundo científico quer desenvolver “carne” em laboratório a partir de células animais, a transformação do digital para o digital é um verdadeiro desafio para as empresas. Confuso? O digital perturba as nossas certezas, as nossas habilidades e os nossos hábitos. Margens curtas, mais concorrência, menos vantagens competitivas, mundo híper conectado... Isto exige uma transformação global das empresas, independentemente da sua dimensão. Atualmente, um grande número de empresas está atrasada ou em dificuldades com esta transformação digital. Na revista Carne estamos em sintonia com essa transformação digital e refletimos regularmente sobre a implementação de ferramentas responsivas. O facto de uma empresa ter a sua produção em rede, controlar digitalmente todos os passos da sua cadeia de produção significa que está na fase digital mais avançada? Não. No melhor, estará na fase de transformação do digital para o digital. É como se tivesse em processo de

evolução de um Nokia 5210 para um IPhone XS Max. E porquê? De facto, não estou a falar de vários níveis de digital; falo em sentido prefigurativo, ou seja, temos as nossas empresas em modo digital porque é necessário, porque nos venderam essa ideia, ou porque acreditamos que o digital é uma ferramenta verdadeiramente responsiva para a nossa atividade e queremos desenvolver o mindset dentro da nossa empresa? O digital está presente em todas as empresas, independentemente da dimensão, não há dúvida, mas o aproveitamento dessa ferramenta limita-se a uma percentagem abaixo do 50%, para ser simpático. O digital é um dado adquirido, não se trata de uma inovação que uma empresa retire daí dividendos de diferenciação, é uma ferramenta de utilização obrigatória, irreversível, porque a globalização e a acentuada evolução da internet, por exemplo, revolucionaram os paradigmas de atuação sociais e profissionais na última década.

A revista Carne potenciou os seus clientes, ao interagir através do Marketing Direto (ou Marketing Relacional), que se baseia na comunicação personalizada com o público-alvo dos clientes dos nossos anunciantes, ou através do aplicativo Issuu, com o objetivo principal de reforçar e fidelizar o relacionamento com os clientes. A edição digital é distribuída gratuitamente. Basta enviar-nos o endereço electrónico onde pretende receber a edição digital, para: revistacarneportugal@gmail.com Para todos aqueles que cultivam a leitura em formato impresso, também temos boas notícias. A revista Carne também tem a edição em papel, de impressão superior que pode ser adquirida à unidade ou em modo de assinatura. Pode usar o email acima citado para pedido de informações. Para terminar, recomendo vivamente a leitura desta edição sem deixar de destacar a entrevista a David Mendes, o rosto da modernidade da empresa Labruge e a 2ª participação de Velo Mitrovich, consagrado jornalista do setor alimentar à escala mundial, que escreve nestas páginas com a ironia e até algum sarcasmo sobre as relações alimentares – atribuladas – entre europeus e norte-americanos.

Boa leitura

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SUMÁRIO

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Edição bimestral nº 186 . Janeiro / Fevereiro

04 : : EDITORIAL

A transformação digital de que vos falo: a mental

08 : : BREVES

RADAR

14 : : Discurso direto

Com David Mendes “Para fazer, hoje, aquilo que o meu pai fez no passado, teria que estar ao nível de um Bill Gates...”

26 : : ALIMENTARIA 2020

Relações comerciais à escala mundial

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38 : : Viscofan

Funcional e de valor acrescentado

44 : : A caminho da neutralidade carbónica da carne vermelha

48 : : Frango desinfectado com cloro

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Por Velo Mitrovich

48

60 : : SEL COMEMORA 35º ANIVERSÁRIO

Revista Bimestral

FICHA TÉCNICA Propriedade: Azitania Global Expedition S.L. C.I.F. b8662786 Calle Génova 15 Piso 3 Derecha 28014 Madrid e. revistacarneportugal@gmail.com Assinatura, artigos e publicidade: e. aglobalexpedition@gmail.com Versão em português Isenta de registo a ERC ao abrigo do Decreto-Lei 8/99 de 9/06 artº12 nº1 A

Redação: Diretor: M. Oliveira Chefe de Redação: Glória Oliveira Gestão de conteúdos: Luís Almeida e Aberto Pascual Design Gráfico e paginação: Patrícia Machado Versão impressa e digital: mais de 250.000 leitores (dados auditados) Revista Carne é associado de: Maitre - Open Plataform for journalists and Researchers e SPJ Society of Professional Journalists



: : BREVES : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

RADAR

Sobre a Greenyard Logistics Portugal

O Fundo Vallis Sustainable Investments II, em parceria com a equipa de gestão Vítor Figueiredo e Manuel Rodríguez, informa que chegou acordo com o grupo multinacional belga Greenyard (Euronext Brussels: GREEN) para a aquisição de 100% do capital da Greenyard Logistics Portugal.

A Greenyard Logistics Portugal opera desde 2001 no mercado português, sendo um dos principais operadores logísticos em temperatura controlada. Com duas plataformas logísticas, está especializada na prestação de serviços logísticos para a industria e retalho alimentar, com especial enfoque na área dos produtos alimentares perecíveis. https://www.greenyardlogistics.pt/

Sobre o Fundo Vallis Sustainable Investments II O Fundo Vallis Sustainable Investments II, FRC, regulado pela CMVM, é um Fundo de Capital de Risco gerido pela Vallis Capital Partners, com uma capitalização alvo de 150 milhões de Euros. Este fundo, lançado em 2019, sucede ao Vallis Sustainable Investments I que tem uma capitalização de 75 milhões de Euros. www.vallis.pt

Sobre o Grupo Greenyard (Euronext Brussels: GREEN)

Reconhecida no mercado por prestar serviços especializados de qualidade superior, a Greenyard Logistics Portugal tem vindo alargar a sua base de clientes e o conjunto de serviços prestados. Com esta parceria entre o Fundo Vallis Sustainable Investments II e a equipa de gestão, Vítor Figueiredo e Manuel Rodríguez, que irão permanecer na liderança Executiva da Empresa, a Greenyard Logistics Portugal tem como ambição dar continuidade á estratégia de crescimento orgânico prosseguida no mercado nacional, afirmando-se cada vez mais como o parceiro por excelência no mercado de logística em temperatura controlada, oferendo soluções logísticas integradas e flexíveis. À data da publicação desta nota, a presente transação encontra-se, nos termos da lei, sujeita a apreciação pela Autoridade da Concorrência

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O Grupo multinacional belga Greenyard (Euronext Brussels: GREEN) é um players global, líder de mercado de distribuição de frutas e vegetais frescos, congelados e preparados, bem como flores e plantas. Tendo com base de clientes os maiores retalhistas a operar no mercado europeu, o Grupo Greenyard fornece soluções eficientes e sustentáveis, pondo ao dispor de clientes e fornecedores os produtos da melhor qualidade, inovação e um serviço por excelência. Com cerca de 9000 colaboradores a operar em 25 países um pouco por todo o mundo, o Grupo Greenyard tem neles, assim como nas relações mantidas com Clientes e Fornecedores, os seus principais ativos, só assim tornando possível transacionar produtos e serviços num valor superior a 4 mil milhões de Euros por ano. www.greenyard.goup


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A operação resultou na prisão de 15 suspeitos e na investigação de 13 outros. A polícia também realizou buscas em vários estábulos da Catalunha.

Mais de 185 passaportes de animais falsificados foram descobertos durante uma investigação da Guarda Civil Espanhola e da Europol sobre carne de cavalo ilegal Os passaportes, usados para vender carne de cavalo não regulamentada, foram rastreados até uma organização criminosa em Barcelona que estava ativa desde 2015. As autoridades começaram a investigação quando policiais do Serviço de Proteção ao Meio Ambiente de Espanha (SEPRONA) detectaram carne de cavalo infectada para consumo humano, em Barcelona. A carne em questão veio de 300 cavalos abatidos na região, levando as autoridades a verificar os documentos de mais de 10.000 cavalos, resultando na apreensão de 185 passaportes falsificados e na detecção de outros 100 cavalos que não cumpriam as normas do mercado de alimentos. A operação resultou na prisão de 15 suspeitos e na investigação de 13 outros. A polícia também realizou buscas em vários estábulos da Catalunha. De acordo com uma declaração da Europol, os documentos falsos confiscados confirmaram que o grupo do crime organizado poderia ser responsável pela introdução de carne de centenas de animais abatidos no mercado, que não cumpriam os regulamentos nacionais e europeus. O matadouro, várias fazendas de gado, negociantes de gado e veterinários estavam envolvidos nas atividades criminosas. A Carne de cavalo volta a estar no centro de um escândalo. Recorde-se que há pouco mais de meia-dúzia de anos estalava um escândalo em vários países da Europa incluído Portugal, quando carne de cavalo não declarada foi encontrada em produtos rotulados como outras carnes.

China pressiona para recuperação da produção de suínos. O Ministro da Agricultura instou as autoridades locais a evitar a recorrência de surtos de peste suína africana s fazendas de gado, negociantes de gado e veterinários estavam envolvidos nas atividades O ministro da Agricultura da China espera atingir a meta de recuperação da produção suína para este ano e enviou uma mensagem aos departamentos relevantes para evitar a recorrência de surtos de peste suína africana. Numa declaração no site do ministério, Han Changfu, ministro da Agricultura e Assuntos Rurais, disse que as medidas de biossegurança adotadas em 2019 são eficientes e instou as autoridades a fortalecerem as verificações in loco dos dados sobre a produção de suínos e garantirem que os dados são confiável, informa a Reuters. Desde dezembro de 2019, 200.000 toneladas de carne de porco congelada foram libertadas das reservas estatais para compensar a escassez de oferta no mercado. No ano passado, a China registou a menor produção de carne suína desde 2003, 42,55 milhões de toneladas (queda de 21,3% em relação a 2018), de acordo com dados divulgados pelo National Bureau of Statistics (NBS). A peste suína africana reduziu o stock de suínos no país em mais de 40%, segundo dados oficiais, embora existam vozes no setor que afirmam que o declínio é muito maior.

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A maioria dos animais é criada exclusivamente para o consumo de carne, e o resto? É desperdiçado e muitas vezes considerado inútil

É chamada de carne cultivada. Os cientistas fornecem às células as mesmas informações do que precisam para crescer, só que é fora de um animal: nutrientes, oxigénio, humidade e sinais moleculares.

Vara de porcos alemães em declínio. 2019 foi o segundo ano consecutivo em que os número de porcas diminuiu O número de porcas em novembro, na Alemanha, ficou em 1,78 milhão, uma queda de 3% em relação ao ano anterior. O declínio esteve relacionado com uma redução de 8% no número de explorações que mantêm porcas, segundo dados do Eurostat. No geral, o setor suíno na Alemanha é confrontado com um declínio de 2% no inventário nacional de suínos, passando de 26.445.000 cabeças em 2018 para 25.926.000 milhões em 2019. Os números indicam que é provável que o a situação permaneça apertada durante 2020, principalmente no setor de suínos, apesar do número de leitões permanecer estável (7,6 milhões de cabeças). "Cada vez mais exigentes normas de bem-estar animal e incerteza sobre o planeamento de futuros investimentos influenciam esse declínio. A proibição de castração sem anestesia a partir de 2021 provavelmente foi influente. Relatórios sugerem que produtores com explorações menores, em particular, deixaram o setor. Com a ASF (Peste Suína Africana) a aproximar-se da fronteira com a Alemanha, é improvável que o otimismo tenha aumentado nos últimos meses, apesar dos fortes preços dos suínos ", considera Bethan Wilkins, analista sênior da AHDB. O consumo de carne da Alemanha está em constante declínio desde 2011, com a queda mais acentuada ocorrida entre 2015 e 2016, quando caiu de 60,6 para 59 kg por pessoa. No ano passado, devido aos preços que saltaram de € 1,35 para mais de € 2, houve uma queda de 8% no consumo de carne suína no país.

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“A carne que comemos vem dos músculos dos animais. Mas os animais são compostos de muito mais do que apenas músculos. Têm órgãos e ossos que a maioria não come. Exigem água e comida, espaço e conexões sociais e produzem resíduos. Os agricultores gastam muita energia e recursos para cultivar organismos complexos, criando desperdicio no processo, apenas para se concentrar nos cortes lucrativos de carne que podem vender...” Um grupo de cientista norte-americanos começou assim para apresentar o seu projeto de biologia celular chamado de CARNE CULTIVADA. Disse o grupo de cientistas: “ Seria mais fácil, mais humano, menos desperdício, produzir apenas as peças que as pessoas desejam. E com a biologia celular e a engenharia de tecidos, é possível cultivar apenas tecido muscular e de gordura". É chamada de carne cultivada. Os cientistas fornecem às células as mesmas informações do que precisam para crescer, só que é fora de um animal: nutrientes, oxigénio, humidade e sinais moleculares. Até agora, os pesquisadores cultivaram grupos de células que podem ser transformadas em carne processada, como um hamburguer ou uma salsicha. Esta tecnologia de carne cultivada ainda está numa fase inicial de pesquisa e desenvolvimento, à medida que os protótipos são ampliados e ajustados para se preparar para os desafios da comercialização. Mas os bio-engenheiros temem pelo desafio mais complexo; cultivar cortes estruturados de carne como um bife ou um entrecosto de porco.


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Rússia abre mercado chinês de carne bovina. Duas fábricas de propriedade da Miratorg e da GK Zarechnoye já estão aprovadas para iniciar os embarques A Rússia começará o embarque de carne bovina para a China depois que as autoridades veterinárias e fitossanitárias de ambos os lados concluírem os detalhes finais e assinarem um acordo para abrir o mercado chinês de carne bovina russa. Segundo Rosselkhoznadzor, serviço federal russo de supervisão veterinária e fitossanitária, duas fábricas, uma de propriedade da Bryansk Meat Company, uma subsidiária da Miratorg, e a outra de GK Zarechnoye já receberam a autorização para iniciar as exportações de carne bovina para a China. Devido à situação da ASF no país, a China enfrenta um deficit de carne e aumentou as importações de proteína animal nos últimos 10 meses para níveis nunca antes vistos no mercado global. Em 2019, o Miratorg registou um aumento na produção de carne bovina de 40% em comparação com o ano anterior. "O crescimento da produção é resultado de um aumento no tamanho do rebanho e da entrada em operação de novas explorações", afirmou um responsável A Miratorg em opera 97 explorações nas regiões de Bryansk, Kaluga, Oryol, Smolensk, Tula e Kaliningrado, com mais de 580.000 cabeças de gado, 2 confinamentos para alimentar gado com grãos e a planta de processamento de carne para abate e processamento profundo, com uma capacidade projetada de 150.000 toneladas de produtos à base de carne, por ano. É também o maior produtor de carne bovina da Rússia e a estratégia para os próximos anos visa aumentar a produção de carne doméstica de alta qualidade no quadro do modelo de negócios verticalmente integrado “do campo ao prato”. Uma grande parte da carne é enviada para o mercado externo, pois a fábrica é certificada de acordo com os padrões internacionais de qualidade em segurança de alimentos - o HACCP, ISO, e ainda possui um certificado Halal. No entanto, Yuliya Melano, representante da Rosselkhoznadzor, disse que a abertura do mercado chinês de carne bovina não tem relação com a situação da ASF e ocorre como resultado de anos de negociações entre as partes. Há quatro meses, a China abriu seu mercado para aves russas.

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: : BREVES : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

“Coma menos carne vermelha, disseram os cientistas. Agora, alguns acreditam que isso foi um mau conselho. As evidências são fracas demais para justificar que as pessoas comam menos carne bovina e suína, de acordo com uma nova pesquisa. Os resultados "corroem a confiança do público", disseram os críticos. (In The New York Times)

Comer carne vermelha é vital para a saúde, diz especialista. Um declínio nos níveis de nutrição de plantas e peixes significa que é mais importante do que nunca para o público comer carne vermelha por razões de saúde. De acordo com o que explicou a professora Alice Stanton, especialista em farmacologia cardiovascular no Royal College of Surgeons, na Irlanda. na Oxford Farming Conference sobre os nutrientes essenciais encontrados na carne vermelha. Os media são inundada por mensagens que procuram incentivar as pessoas a adotar uma dieta baseada em vegetais como parte do 'veganuary' anual. Falando ao The Observer, a professora Alice Stanton disse “que houve queda de vitaminas e eletrólitos importantes em até 50% nos últimos 50 anos em alimentos à base de plantas. Isso ocorre devido à seleção genética de grande volume e uniformidade de forma e aparência, de modo que as frutas e vegetais ficam bem nas prateleiras. No entanto, não houve seleção para o conteúdo de nutrientes”. E continuou: “Absolutamente, precisamos lidar com as emissões de gases de efeito estufa. Mas estou preocupado com a dramática redução no consumo de carne vermelha sendo considerada a solução. ” A especialista acrescentou que comer carne vermelha com moderação - "duas a quatro vezes por semana" - é "protetor contra ataques cardíacos, derrames e cancro", enquanto os nutrientes são vitais para crianças menores de três anos. "Eu não sou contra o vegetarianismo ou o veganismo. É possível ter uma dieta equilibrada com o vegetarianismo. É um pouco mais desafiador, mas ainda é possível com o veganismo. No entanto, exige muito conhecimento e esforço, o que não acontece na maioria da população. As pessoas não têm tempo para investir em obter uma dieta realmente equilibrada por meio de uma variedade de alimentos à base de plantas ", disse Stanton. Os seus comentários resultam de uma pesquisa que mostra que pessoas que comem níveis mais altos de carne vermelha e queijo têm maior probabilidade de viver.

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As autoridades de saúde pública há anos pedem aos americanos que limitem o consumo de carne vermelha e carnes processadas devido a preocupações de que esses alimentos estejam ligados a doenças cardíacas, cancro e outras doenças. Mas, recentemente, numa reviravolta notável, uma colaboração internacional de pesquisadores produziu uma série de análises concluindo que o conselho, uma base de quase todas as diretrizes alimentares, não é apoiado por boas evidências científicas. Se há benefícios à saúde ao comer menos carne bovina e suína, são insignificantes, concluíram os pesquisadores. De facto, as vantagens são tão fracas que só podem ser discernidas quando se olha para grandes populações, disseram os cientistas, e não são suficientes para dizer às pessoas para mudar seus hábitos de comer carne. "A certeza das evidências para essas reduções de risco foi de baixa a muito baixa", disse Bradley Johnston, epidemiologista da Universidade Dalhousie, no Canadá, e líder do grupo que publica a nova pesquisa nos Annals of Internal Medicine. As novas análises estão entre as maiores avaliações já feitas e podem influenciar futuras recomendações alimentares de muitas maneiras. Levantam questões desconfortáveis ​​sobre aconselhamento dietético e pesquisa nutricional, e que tipo de padrões esses estudos devem ser adotados. Já foram recebidas críticas ferozes por pesquisadores de saúde pública. A American Heart Association, a American Cancer Society, a Harvard T.H. A Escola de Saúde Pública Chan e outros grupos atacaram as descobertas e a revista que as publicou.



: : Discurso direto COM DAVID MENDES : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

“Para fazer, hoje, aquilo que o meu pai fez no passado, teria que estar ao nível de um Bill Gates...”

Para além da satisfação de ocupar um cargo de gestão e de otimização de processos, esta atividade, para qualquer gestor, vem recheada de novas responsabilidades e expectativas. Ser gestor é ter que lidar com vários desafios! E desafios é o que o nosso interlocutor não enjeita. Desde o mestrado em Engenharia de Gestão Industrial e experiência profissional “essencial e enriquecedora” em duas multinacionais, considerou-se apto a trabalhar na empresa que o viu nascer. Espontâneo, fluente, 28 anos, compara o seu pai a Bill Gates, chama-se David Mendes e é o rosto da modernidade da empresa Labruge.

Estamos a entrevistar o filho do patrão? Isso é uma entrada a pés juntos! (gargalhada). É verdade que o filho do patrão acaba o curso e vai direto para a empresa, até que ponto é que a equipa olha para a pessoa e pergunta: é um referencial que devemos seguir? Vai seguir as pisadas do pai, da mãe ou seja de quem for, mas estará apto para assumir um cargo de responsabilidade? Porque na maior parte das vezes vai para um cargo de chefia; administração da empresa... Mas isso acontece de qualquer maneira, com ou sem experiência no exterior... no fundo é a derradeira prova das tuas capacidades. Também é verdade. Mas, trabalhando fora dá-nos auto estima, fazemos as asneiras

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que temos de fazer, as chamadas dores de crescimento, ouvimos muito, aprendemos muito, e acaba por ser um teste para ponderarmos “para onde quero ir” ou o “que me falta” para poder chegar à empresa e ser bem sucedido. Fizestes muitas asneiras? Não (gargalhada) mas, quando acabamos o curso não sabemos nada. Temos as ferramentas para poder aplicar e temos, se calhar, o mindset (conjunto de atitudes mentais que influência diretamente os nossos comportamentos e pensamentos), mais maduro que aos 18 anos. Recordo que a minha irmã dizia-me que eu com 18 anos era “um rapaz com palas de cavalo” e eu rejeitava »


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profundamente essa teoria e ela replicava “quando chegas à Universidade tens umas palas como o cavalo, a tua percepção da vida, da realidade é muito reduzida. À medida que fores ganhando experiência na Universidade essas palas vão desaparecendo” e a verdade foi essa. Mas depois entra a fase profissional, porque na Universidade tudo é bonito mas depois é preciso cultivar a nossa postura no local de trabalho ou se aquilo que aprendemos é útil. E neste sentido, resolvi que queria fazer a experiência fora, ou seja, por muita garantia que tivesse aqui um posto de trabalho não era aqui que queria iniciar, acho que precisava de experiência, acho que também é um conceito de validar aquilo que somos para a nossa equipa. Começaste pela industria automóvel... Fui para Cacia, para a Renault, estive lá dois anos na área da logística, fiz lá o meu estágio, fiz lá a minha dissertação do mestrado e depois continuei por lá a trabalhar durante uma temporada. Na altura, começava a moda dos headhunters (caçadores de talentos), as empresas procuravam um certo perfil e fui convidado nessa altura para ir para Philip Morris International, na Tabaqueira, em Sintra. Tive algumas dúvidas sem perceber se calhar - já conhecia a Renault como uma grande multinacional, uma empresa com 1200 pessoas, em Aveiro, que tem todas as ferramentas de aprendizagem - a dimensão que tinha a Tabaqueira da Multinacional Philip Morris. Ainda me lembro que a primeira vez que me fazem um chamada assumi que a Tabaqueira era apenas um centro logístico. Depois de lá estar apercebi-me que era outro monstro da industria, de uma industria muito especifica e aceitei esse desafio. Na Tabaqueira há uma necessidade linguística muito elevada porque o idioma inglês é o diaa-dia, no shop floor ainda se fala português mas a multiculturalidade e a diferença de gerações é a mais-valia. São várias gerações desde os veteranos com mais de 40 anos de experiência de máquinas, técnicos de máquinas, com juniores de aprendizagem. Na engenharia também se vê gente muito madura e estagiários e a nível da gestão e da administração também vemos gente de todo o mundo. Eu tinha um chefe que era austríaco, tinha um supervisor que era da Indonésia e era muito engraçado gerirmos toda esta diversidade. Foi uma grande escola: a nível linguístico para desenvolver as minhas capacidades e a nível de aprendizagem foi igualmente muito importante: know-how,

Espontâneo, fluente, 28 anos, compara o seu pai a Bill Gates, chamase David Mendes e é o rosto da modernidade da empresa Labruge...

perspetivas, dirigir equipas (já era responsável por uma equipa) ... Chegas à Labruge e encontras uma situação completamente diferente. Como é que aplicas o teu Know-how e a tua experiência adquirida nas empresas multinacionais, numa empresa de carnes de cariz familiar, onde inovação e a tradição, por vezes, entram em confronto? Acaba por ser mais fácil. Quando um engenheiro chega a uma empresa que já pratica todos os métodos reconhecidos de boas práticas para otimização para organização, subir 5% da eficiência de produção é um grande sacrifício, é uma meta quase inatingível. Estamos a falar

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não só de mudar processos mas também mudar o mindset e mudar isto numa empresa multinacional é uma grande exigência que toda a gente, toda a organização, tem que colaborar e mudar. Numa empresa pequena, tradicional, os pequenos saltos de progresso são passos de gigante, são evidentes. E, tona-se fácil, porque tendo já a experiência de trabalhar em grandes grupos, simples coisas que funcionam lá muito bem, que são banais, são o oxigénio do dia-a-dia, implementá-las aqui, a diferença nota-se, é claro que as pessoas sentem-se, são resilientes à mudança, mas concluem que os ganhos são rápidos, são »


: : Discurso direto COM DAVID MENDES : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

senhor, sim senhor, contrato está fechado, e a máquina paga-se e a máquina nunca chegou. E como é que as pessoas comunicavam? Hoje em dia, não. Hoje em dia, temos informação, a internet dá-nos tudo o que nós queremos - e deixe-me dizer-lhe que a revista Carne estar na Net foi uma boa opção porque já consultei empresas que nem conhecia - temos é que saber filtrar. Se queremos viajar pelo mundo é facílimo, a comunicação é ao segundo, logo eu para fazer o que o meu pai fez tinha que ser um super sumo. Mas o conhecimento que trazes das multinacionais é um fator muito desafiante... É um grande desafio. Mas, não podemos chegar a um sitio e querer mudar tudo ao mesmo tempo. É impossível. É todo um processo continuo e demorado. Primeiro, temos que perceber porque é que as coisas estão acontecer, temos de entender e refletir: isto já se fez assim? Correu mal? E porquê?” A pergunta porquê? Tem que estar sempre na ordem do dia. Porque muitas vezes já nem se sabe porquê. E isso é muito interessante descobrir. Não cortamos desta forma porque já se tentou mas, acima de 100 unidades não temos cadência, não funciona o processo, não é viável, mas porque é que cortamos assim? Ou porque o layout da unidade está assim? Porque era o que estava. Foi o que surgiu. Então aí temos uma oportunidade. Porque muitas ideias que eu possa trazer, todos os meses, algumas não correm tão bem e apesar de tudo é importante fazer o desfeche dessa ideia. O meu pai mostra a sua observação “já se fez semelhante mas caiu” aí a importância de sermos standard, de termos rotinas. Às vezes, boas ideias desaparecem com o tempo porque não temos um controlo continuo e ciclo do processo. Lanço a ideia, aplico-a. Corre bem vamos standardirizar e mostrar os resultados, como dizer, para a Velha-Guarda dar a bênção. Correu mal, também convém saber porquê. Por causa disto e disto. evidentes e também há uma vantagem, numa empresa pequena quando a chefia diz que é para assumir esta postura, e cumpre-a, a equipa vai atrás. Essa resiliência também vem do teu pai? É normal. Mas aí, devemos ter uma relação de sabermos ouvir dos dois lados. O meu pai tem uma experiência que preciso de 40 anos para a conseguir, ponto final. Uma pessoa que só tinha a quarta classe (4º Ano) e que chegou onde chegou, demonstra que passou por muitas dificuldades, muitas conquistas e aprendeu como tudo isso.

É incomparável, mas para fazer o que ele fez, se calhar, eu tinha que ser um Bill Gates e inventar algo super milionário para poder ter a faixa de progressão que o meu pai conseguiu em quarenta anos, só ao nível dos melhores. Hoje em dia todos nós temos formação, conhecimentos linguísticos. O meu pai contame que há 20 anos ia à Holanda comprar camiões de carne congelada sem saber uma ponta de inglês, que chegou a comprar máquinas numa feira, acordar a vinda de máquinas que nunca chegaram, não havia entendimento, apontava-se a máquina sim

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Há quanto tempo estás na Labruge? No efetivo desde fevereiro de 2018. E já fizestes muitas alterações? Muitas, muitas. Muitas bênçãos? Muitas bênçãos e também muitos raspanetes! Também faz parte... Mas o feedback até agora tem sido muito positivo. »


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Tens memórias da tua presença nesta empresa desde quando? Com quatro, cinco anos. De triciclo pelo matadouro... Nunca mais me esqueço: um triciclo da marca Ford (o meu pai tinha muitas Ford Transit) que o meu pai me deu e lembro-me de andar pelo matadouro entre as carcaças de porco. Já os porcos estavam na linha de pesagem e eu andava por ali com o meu “Ford” a fintar os porcos. Lembro-me que o triciclo escorregava contra a parede. Depois por volta dos 6, 7 anos já queria ganhar uns dinheiros e então o meu pai punha-me a embalar chouriço de colorau, já tínhamos um máquina que ainda hoje existe e depois fui tirar fiambre: trabalho duro, porque tirava peças de 5 quilos do escaldão e punha no carrinho. Queria ganhar a minha nota e alinhava nos fiambres todos os sábados de manhã. Entrava às 7 da manhã como os funcionários e saía ao meio dia. Isso não era exploração infantil? Não. Claro que não. Quando somos novos e quando crescemos e ficamos um pouco mais maduros percebemos e reconhecemos o valor que aquilo tinha. Quando era pequenito surgiam aquelas dúvidas de espírito “caramba, o meu pai tem porcos, tem fábrica, os meus amigos não têm fábrica - nunca nos faltou nada graças a Deus - mas porque que é que os meus amigos vão ao futebol ao sábado de manhã e eu ia embalar chouriços?” A verdade é que também queria uns troquitos porquê? Porque queria ir ao Joane, ver os craques da terra, e queria ser eu a pagar o meu pão com panado. Ia sempre com o meu pai ver o jogo ao domingo, era uma tradição e eu também queria puxar da nota de 1000$00 (5 euros) para dizer que também pagava. E quando tiveste consciência que o teu futuro passava pela Labruge? Quando era miúdo gostava de estar aqui a desenhar desenhar a fábrica. E houve alturas em que pensei: mas eu não quero ser arquiteto. Desenhava em folhas o layout da fábrica e dizia o porco vai para aqui - embora não percebesse o processo - e o porco vai por ali. Mas por timidez, não sei, nunca mostrei os desenhos a ninguém. Tenho pena de não os ter guardado.. Não sei se não gostava do layout ou por fascínio mas desenhava e redesenhava a fábrica. Eram pequenos esquissos, com portas, sem portas e lembro-me muito bem de fazer isso às escondidas. Entretanto, vais para a Universidade... Vou para a Universidade a conselho da minha irmã, porque aos 18 anos temos sempre

as nossas dúvidas o que seguir. Gostava de economia, não queria só economia, gostava de engenharia mas não queria ser só engenheiro civil ou mecânico que é a base da engenharia que existe. A minha irmã apresentou-me o curso de engenharia de gestão industrial, um colega dela estava a tirar na FEUP - Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e que

... O meu pai tem uma experiência que preciso de 40 anos para a conseguir, ponto final. Uma pessoa que só tinha a quarta classe (4º Ano) e que chegou onde chegou, demonstra que passou por muitas dificuldades, muitas conquistas e aprendeu como tudo isso.

me deu uma visão muito interessante para perceber que existe um curso de engenharia que tem a sua base de engenharia mas aplica a gestão. Ao entrar na Universidade apercebime logo que era um boa escolha porque é a engenharia praticada com base nos princípios da engenharia pura mas, a nossa especialização ou para onde somos indicados é para otimização de processos industriais. Estavas como peixe na água... Sem dúvida. Faço o meu currículo em Aveiro, nesta área. Faço o mestrado porque, cada vez mais, vemos a tendência dos mercados competitivos e perceber que uma metodologia de trabalho para otimizar aquilo que já temos, reduzir desperdício, reduzir defeitos, permitenos ter maior rentabilidade. ...e as tuas valências são uma mais valia para a Labruge... A otimização de custos, a standardização é a grande mais-valia para a empresa. Nós trabalhamos com carnes, com animais, logo, por muito geneticamente selecionados há diferenciação de lotes. E, o produto alimentar, como sofre choques térmicos também tem oscilações como qualquer produto perecível. O que nós temos de garantir cada vez mais é que esta produção é standard, porque se o cliente está satisfeito com a especificação e homogeneidade do produto, não nos podemos dar ao luxo de algum momento permitir que essas características sejam alteradas.

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Porquê? Porque houve uma variação de processos, nem foi induzida porque estávamos em testes, aconteceu porque havia muita humidade e o produto não secou ou mudouse de categoria de produto e o produto final ressentiu-se. E não é esse o desejo do cliente. Tivemos intensão disso? Não, mas uma alteração de processo pode originar, digamos, uma anomalia. Por isso temos que ser muito rigorosos em todo o processo, não só pela necessidade de garantirmos salubridade, sempre presente, mas também para garantir que o sabor final e a textura sejam sempre iguais. Mas um produto pode ter alterações, faz parte do processo evolutivo do mesmo... Da mesma forma. Temos que ser rigorosos e controlar cada vez mais os processos de forma a garantir também quando é necessário uma alteração saibamos cirurgicamente onde alterar não só para melhorar o produto, mas também para minimizar o desperdício e diminuir as rejeições ao máximo, assim como analisar o nível de avaliação que fazemos ao nosso produto. A Labruge tem muitas referências de produto? Muitas entre fumados, cozidos e carne fresca. Temos o porco, temos o matadouro próprio, e conseguimos transformá-lo em todas variantes de produto acabado. O meu pai orgulha-se de ter um dos mais antigos matadouros da zona de Famalicão. E é viável? Fala-se tanto que os matadouros não são viáveis... É viável porque eu garanto ao meu cliente um produto ainda mais fresco. Eu abato o animal, faço o tempo de refrigeração obrigatório e a partir desse momento posso entregar ao cliente. O processo é mais rápido e, obviamente, mais eficaz. Quantos colaboradores empresa? 50

é

que

tem

a

Podemos dizer que a Labruge está numa fase de expansão? Um novo cliente é sempre bem-vindo mas, o nosso objetivo é garantir ao nosso cliente, a certeza e a confiança que o produto que recebe, todos os dias, mantém a mesma qualidade. É sempre igual e homogéneo que é aquilo que ele respeita há anos que trabalha connosco. É inegável: na industria de carnes temos que ser sustentáveis e ter qualidade » homogénea.


: : Discurso direto COM DAVID MENDES : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

É esta a dimensão que preconizas para a Labruge? Somos uma PME. A nível de faturação estamos na casa dos 6 milhões de euros anuais. Não somos os maiores mas também não somos dos mais pequenos. Embora isso, seja sempre subjetivo. Na zona de Famalicão devemos representar por umas contas que estive a fazer - cerca de 6% do setor produtivo da industria de carnes. Mas não produtores de suínos... Não. O meu pai chegou a ter uma suinicultura mas lá está, ou dava-se o salto genético e tecnológico, sustentável e dimensionado para algo que fosse rentável ou, então na impossibilidade, acabar com o projeto. Foi oque fizemos. A Labruge transforma carne de porco em produtos cozidos e fumados, embalados mas, curiosamente, é adversa aos produtos fatiados. Porquê? Há duas razões. Produtos fatiados, primeiro, a velha-guarda não gosta dessa ideia, ou melhor, vamos considerar isto em 3 pontos: a

Na zona de Famalicão devemos representar - por umas contas que estive a fazer - cerca de 6% do setor produtivo da industria de carnes.

velha-guarda não considera o nosso mercado como mercado de produtos fatiados. A nível estrutural a empresa não tem capacidade, precisava de mais espaço, precisava de obras para uma unidade de fatiados e, eu, que cada vez mais lido com fatiados apercebo-me que cada vez mais, gosto menos dos fatiados. Quando estava na Universidade, ao domingo levava, como todos os estudantes, a comidinha da mãe, no Tupperware e, obviamente, levava fiambre do nosso talho e um bocado de queijo já fatiado. O fiambre é feito aqui, é fatiado na máquina e levado naquele típico papel vegetal. Fazia uma viagem de carro ou de comboio em que o fiambre estava sem frio, chegava onde vivia e pousava-o dentro do frigorifico. Os meus colegas tinham os seus fatiados e metiam também no frigorífico. O engraçado disto tudo é que se chegava à quinta feira, o meu fiambre estava impecável e os meus colegas deitavam

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fora o fiambre fatiado e até vinham comer do meu. Os meus colegas queixavam-se que o fiambre estava a ganhar goma, estava a ficar branco, esverdeado, oxidado, e isto dava-me que pensar. Nós trabalhamos com produtos alimentares que têm humidades, tem água, aliás, os nossos alimentos se não forem desidratados têm sempre a presença de água. O facto de o fiambre ser prematuramente cortado, ele vai começar a evaporar a água que contém. Começa a evaporar começa a perder as suas características, o sabor, o brilho e passado algum tempo já não é o fiambre produzido inicialmente. Isto é o que eu acredito. Muita gente na área profissional pode não estar de acordo comigo, que uma unidade de fatiados tem um exigência de cuidados muito grande. Que tem um processo de higiene e segurança alimentar muito exigente. »




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Tem que ser... Tem de ser, mas a verdade é que 100 gramas de fiambre do nosso dura mais tempo que 100 gramas de fiambre embaladas. O fatiado mete-se no frigorifico e em pouco tempo perde as suas características e a sua validade. É diferente. E qual é a diferença? A diferença é que uma peça completa quando vai para um supermercado ou para um talho tem um período de vida bastante longo. E dáse o resto de vida ao cliente ao ser fatiado. O fatiado, a partir do momento em que sai da fábrica já está a perder tempo útil de vida. Além de que o período de validade de uma peça de fiambre não tem nada a ver com o período de validade do produto fatiado. Mas o consumidor exige comodidade... O consumidor tornou-se comodista porque foi induzido a isso. O consumidor tem que perceber que não podemos ser preguiçosos. Eu não quero descascar batatas e então vou comprar batatas descascadas congeladas ao supermercado e depois é a ilusão do consumidor, leva um saco de um quilo e paga 3 euros ou mais pelas batatas descascadas e ao lado estão as batatas que dá para perceber que tipo de batata é, nova ou velha, se está seca ou é fresca, é o que é, e está a 27 ou 30 cêntimos o quilo. Mesmo que haja perca nas cascas, a batata a granel é muito melhor e mais barata. Até por razões ambientais, o consumidor tem que começar a comprar a granel. Falas sobre isso com os teus clientes? Falo. Falo muito com os clientes, falo com toda a gente, é a minha opinião. E qual é a reação? Como nós temos um mercado típico, tradicional português: o talho, o minimercado ou o supermercado, para eles, a referência ao balcão é a única solução. E o que nós discutimos muitas vezes é que estes pequenos negócios só vão continuar a existir, evidentemente com desafios muito fortes e muitos precipícios à beira, mas tem o seu mercado se o seu estabelecimento tiver qualidade e serviço personalizado. Costumo dizer que um talho não é a fazer costeletas a 2,50 Euros que vai ganhar dinheiro, ou ficar vivo vai durante muito tempo. Para isso, os grandes grupos conseguem descontos em cartão, com vales de combustível, com promoções, porque têm muita força negocial e podem vender até com a margem a ponto zero. Para um pequeno

Ainda nos podemos dar ao luxo de dizer que somos eco-friendly em várias áreas porque somos dos poucos que ainda vende a granel... À proporção gasto muito menos plástico.

negócio a margem a ponto zero é catastrófico. O cliente tem que sentir a qualidade e o facto de ir ao balcão é diferente. O produto fatiado na hora é diferente. A sensação sensitiva é substancialmente melhor. Por exemplo, um peito de frango no balcão custa 4 euros o quilo, e na cuvete custa 6 euros; o mesmo produto. Portanto, o comodismo paga-se. É conveniência. O cliente só quer o peito de frango, e o vendedor tem que ter a maisvalia... Pode ser, mas no fiambre não é assim. O fiambre embalado pode ser mais prático, não precisa de estar na fila da charcutaria, mas não é a mesma coisa. E é por isso que ainda existem os mercados tradicionais porque há pessoas que procuram a qualidade. Para nós, a situação do fiambre é muito clara mas

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também acontece com o bacon e com outros produtos. O mercado pede... O mercado pede mas, nós também temos a obrigação de mostrar ao mercado o que é melhor, porque isso abona a nosso favor, até por questões ambientais. Fala-se muito dos excesso de plásticos e nós temos o nosso consumo de plástico, ok. Mas se enveredasse pelos fatiados o consumo seria muito maior. Ainda nos podemos dar ao luxo de dizer que somos eco-friendly em várias áreas porque somos dos poucos que ainda vende a granel. Por exemplo, 15 quilos de chouriço ainda vão num único saco de plástico. À proporção gasto muito menos plástico. Também é uma questão de consciência ambiental. »


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A Labruge só embala a granel? A granel e em embalagens grandes. Temos aquelas que sempre existiram as de 250 gramas: chouriço, linguiça e do bacon em fatias. Não tem nada em Skin, MAP...? MAP temos. Temos as peças grandes: sacos de chouriço de 2 quilos. Há talhos que se tiverem muito tempo o chouriço em exposição vai perdendo o brilho e seca. E a maior parte dos nossos clientes Talho, tem a tradicional exposição de chouriços expostos em molho e depois têm no frio em MAP mais algumas embalagens pronta para repor a exposição. Como é que vês a Labruge daqui a 10 anos? Como um visão diferente da que tinha há 10 anos, antes de acabar o meu curso, quando dizia ao meu pai: “Temos que ser grandes, porque é que outros são e nós não somos?” E o meu pais dizia: “Calma, nós temos é que estar no comboio e o comboio tem várias classes, a gente não pode é perder o comboio. Estás na segunda classe e consegues chegar à primeira? Ótimo! Se não consegues mantém-te na segunda que também chegas ao teu destino” E o meu pai fala muito por ditados e metáforas e até costuma dizer: “Quanto mais alto subires, maior pode ser a queda” e a verdade é essa. Se todos nós, na industria de carnes, quiséssemos ser os maiores, mais de metade teria que fechar porque não era sustentável. E nós temos de crescer de forma sustentável e quando o mercado nos dá essa oportunidade. Além disso, há outros fatores a ter em conta como o volume, a qualidade e -----Uma coisa é termos projetos que nos dê uma alavancagem para chegarmos a outro patamar. Outra coisa, é concebermos um projeto de crescimento, conscientes dos risco associados a isso. Eu posso dizer que quero fazer 3000/4000 porcos por semana. O nosso matadouro tem capacidade técnica para isso, e onde é que eu vou vender tanto produto? Vou ter que o injetar no mercado. Mas vou vende-lo a um preço diferente daquilo que estou a vender. Imaginemos que fazíamos um investimento dessa forma para conseguir aumentar e passado dois meses cai uma noticia que há um tendência de diminuição de consumo, por esta ou por aquela razão, e o que é que eu faço ao investimento que fiz? Isto tem que ser muito bem ponderado, tem que haver um compromisso externo para garantir

que aquilo que estamos a fazer, pelo menos, se amortize e que não pese mensalmente na estrutura. Ter 50 pessoas a trabalhar considero uma enorme responsabilidade. Eu chamo a isto responsabilidade social que é garantir que ao final do mês estas pessoas recebem direitinho o seu ordenado, porque estes 50 trabalhadores representam muito mais gente. Às vezes falamos em salários e as pessoas pensam naquele valor designado por salário mínimo mas que na Labruge nem sequer é uma referência. Eu costumo dizer que o café aqui ao lado

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vai mudando de gerência mas tem sempre movimento. Só o pessoal da nossa empresa dá-lhe algum movimento. E há todo um negócio indireto que depende em parte da nossa atividade enquanto empresa. Diretamente temos responsabilidade de 50 famílias. Alguns deles com filhos na Universidade cujo objetivo é ter mais êxito que os próprios pais e uma vida melhor. E eu tenho que garantir que o que estou aqui a fazer não comprometa essas vidas e todos os esforços dos nossos funcionários. Tenho obrigação de lhes garantir essa »


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empréstimos, da necessidade de alimentar os filhos e todos os dias acordamos e dizemos: tenho que ir trabalhar. E nesta casa, quanto mais trabalharem mais dinheiro ganham. Quem toma conta de mim, garanto que tomo conta dele. É esta a política que tenho com todos os nossos colaboradores. Mas voltando à mesma pergunta: daqui a 10 anos como gostavas que a Labruge fosse? Não vejo esta empresa daqui a 10 anos ser um gigante. Vejo-a a ser um especialista para um mercado especifico e exigente. Eu quero chegar ao meu produto, pegar no da concorrência e dizer: “caramba, o meu é melhor”. E gostava que aqueles produtos que me orgulho ainda fossem melhores. O meu bacon é bacon, é barriga fumada não tem nada mais, o meu fiambre é dos melhores e ainda gostava que fosse melhor. Voltarmos ao que é o fiambre alemão, ou o italiano que são os referenciais. Ou seja um perna completa sem mais nada. Quero continuar a ter sucesso com o salpicão regional que fazemos, que é só lombo, não tem mais nada, atado à mão, com tripa natural, faz a vinha de alho, enchido à mão, só vai ao fumeiro a lenha, nem sabe o que é uma estufa. Felizmente, temos um mercado que reconhece um bom produto, aos imigrantes vendemos tresloucadamente. É com esse tipo de produto que me quero ver daqui a 10 anos. Se calhar ainda mais Premium. Gostava que fosse sustentável, em toda a sua laboração. E isto não é por ser uma nova tendência, já defendo isso há muito tempo. Estamos a investir em painéis solares, vamos reduzir a nossa dependência energética em mais de 20%, este ano toda a energia elétrica será certificada como Verde, ou seja, garantir que realmente somos sustentáveis.

tranquilidade. Costumo dizer no recrutamento “Tens aqui uma empresa para a vida”. É o compromisso com as pessoas que cá estão. Não vivem com o estigma do desemprego... Não só o estigma do desemprego mas também porque são reconhecidos por aquilo que fazem. Ninguém trabalha só porque lhe apetece. Temos um objetivo pelo trabalho, pelos rendimentos. E ao obter rendimentos estamos bem de duas formas: estamos bem com o que fazemos e sentimo-nos motivados ou somos forçados porque vivemos uma pressão de compromissos a pagar,

Nos transportes cada vez as emissões de CO2 são mais reduzidas. Tenho uma ideia mirabolante que é adquirir terrenos e fazer já uma quota de sequestro de carbono: x de produto, x de toneladas de CO2, ter floresta para consumir os mesmos valores. O consumidor também está preocupado... O consumidor está, cada vez, mais sensibilizados para as questões ambientais e vai estar atento às empresas alimentares que cumprem ou não. Não tenho dúvidas disso. Por exemplo, em relação ao bem-estar animal, há muito tempo que o digo: em vez de irem na conversas de vídeos dos anos “60” em matadouros na Ásia que sabemos estão a anos-

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luz da nossa tecnologia, em vez de divulgarem esses vídeos nas redes sociais, gostava que certos ativistas viessem aqui e dissessem: “fizemos uma auditoria e tem de mudar isto e isto. Trabalhar em conjunto e reconhecer as unidades como sitio de boas práticas. Mas ideia dos ativistas não é chegar às boas praticas de bem estar-animal, é mesmo acabar com o consumo de carne... Eu já conversei com um representante do PAN e quando ele percebeu que eu tinha um matadouro gostou de fazer enfâse sobre o matadouro. Tudo bem. E eu disse-lhe fazemos um acordo: a toda a gente que trabalha em matadouros assegurem as mesmas condições salariais que nós fechamos mas, digam-me onde é que vão arranjar projetos para estas pessoas todas. Com os rendimentos que estão a ter! Não estamos a falar de salários mínimos. Falamos de rendimentos e progressões de carreira. Porque fechar não é solução. Hoje tudo passa para o alegadamente, talvez tenha dito, não me lembro, não há palavra de honra. E mesmo quando está escrito justificam que é noutro contexto. Mas o que se diz em questões de segundos está em todo o mundo. A fé que a pessoa tem, independente, do que seja a fé, facilmente toda a gente fica a saber. Então cuidado com o que dizemos. Vamos acabar com os matadouros, vamos acabar com o consumo de carne, tudo bem, mas garantem a um cortador de carne que ganha 2000 euros, que se for plantar alfaces ganha o mesmo? Ganha o salário mínimo, se ganhar. É pena não haver um simulador para demonstrar o que seria, o mundo sem consumo de carne. Ao invés deviam de ter um política desenvolvida como se vê nos nórdicos que são as sociedades mais evoluídas socialmente em relação ao bem-estar animal. O bem-estar animal passa também pelo investimento... É óbvio que passa mas, não me interessa um fundo de investimento para a industria 4.0 se ainda vou na 2.0. Ou seja, a incongruência disto tudo é a seguinte: se quiser meter um chip no bacon tenho financiamento, mas se eu quiser meter CO2 em vez do choque elétrico, ou se eu quiser ter um sistema em que os animais interagem residualmente com as pessoas e são encaminhados, tranquilamente, para o seu espaço, o financiamento já não se enquadra.




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Alimentaria 2020. 20 a 23 de abril

Relações comerciais

à escala mundial Gran Via Fira de Barcelona abrirá as suas portas de 20 a 23 de abril para mais uma edição da Alimentaria. Este ano, com muitas novidades e com uma visão de futuro, presencial, sobre o sector, motivos de sobra para uma visita profissional a uma das principais feiras mundiais de alimentação, bebidas e serviços de alimentação, do mundo.

sustentabilidade, conveniência, tecnologia, internet em bem-estar quer humano quer animal, sem esquecer o inegável fator e influencia das redes sociais no tecido sócio económico. Um pote improvável há alguns anos, dirá o leitor, mas que hoje define as sociedades de todos os continentes, presentes e futuras.

A ideia de expandir a internacionalização da Alimentaria não é nova. Desde a primeira edição, em 1976, que a Alimentaria se foca neste objetivo com acentuado êxito. No entanto, a edição de 2020 é marcada por um paradigma alimentar que corresponde a uma consciencialização coletiva, definida por vários fatores, como a saúde, ambiente, etnia, religião,

Um pote complexo que inclui consumidores, fabricantes, comerciantes, investigadores, psicólogos, nutricionistas, agricultores, enfim, todos os intervenientes da cadeia alimentar que estejam quer a montante quer a jusante de um produto alimentar, a redimensionar as suas estratégias, a procurar novos caminhos, por vezes tão incongruentes e a definir

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novos objetivos. As feiras internacionais de alimentação por mais importantes que sejam não podem ficar de fora. A relação de uma feira internacional com o expositor ou com o visitante profissional mudou. Hoje, uma feira não é um pavilhão cheio de standes com muita luz e eventuais encontros formais ou amigáveis entre os intervenientes. Hoje, uma feira é um espaço tecnológico de interação, onde as várias áreas de negócios dentro do setor interagem e promovem intercâmbios comerciais e projetos de gastronomia à escala mundial. A convite da organização a revista Carne & Conveniência, esteve presente na »


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Conferência de imprensa Internacional que levou as mais conceituadas revistas do mundo da alimentação a Barcelona para conferir todas as novidades da Alimentaria 2020 que se reafirma como um encontro global, imprescindível para o setor. O local da apresentação à imprensa internacional teve lugar no CosmoCaixa, um dos museus científicos mais conhecidos do mundo. Situado em Barcelona, Espanha, foi desenhado para estimular o conhecimento e o dialogo sobre a ciência através de exposições e outras atividades. O discurso de inauguração foi apresentado Josep Lluís Bonet, Presidente do Comité Organizador da Alimentaria e contou com a participação de Teresa Jordà i Roura, Conselheira de estado do Ministério de agricultura, pecuária, pescas e alimentação da Generalitat da Cataluña. Assim como a presença de Cristina Clemente Subdiretora da Promoção Alimentar do Ministério de Agricultura e Pescas, Mauricio García Quevedo, Diretor Geral da Federação Espanhola das Industrias Alimentares e J Antonio Valls, Director da Alimentaria, que salientou a importância de ampliar a presença de expositores e visitantes profissionais de todo o mundo, potenciar intercâmbios comerciais e projetar a gastronomia com mais valia, como prioridades já na próxima edição de abril. Alguns meses antes de abrir as suas portas, mais de 92% dos 110.000 m2 da superfície de exposição já estão ocupados, o que significa que o espaço do recinto Gran Via Fira de Barcelona está praticamente esgotado. Facto que foi referenciado pelos oradores como um indicador real das excelente expectativas que o certame está a gerar, consolidando-se como uma das referencias mundiais para os profissionais de alimentação. Teresa Jordà i Roura, destacou “a importância de consumir produtos frescos de proximidade;

J Antonio Valls, Diretor da Alimentaria

produtos de qualidade para uma excelente cozinha”. Cristina Clemente, apelou às empresas presentes na Alimentaria, “sejam mais exigentes e apresentem stands com produtos saudáveis, sustentáveis e com menos possibilidade de desperdicio” Mauricio García Quevedo, destacou a “importância de dar mais valor aos alimentos. Porque tudo o que tem valor não se desperdiça”. J Antonio Valls, afirmou que a Alimentaria “quer ser o espelho das pessoas, dos seus hábitos e ter a capacidade de saber interpretar os desejos e as tendências dos consumidores”.

Referindo que é essencial associar a saúde à nutrição e considerar: • As alergias e as intolerâncias alimentares; A conveniência e o prático; • O aumento de produtos de qualidade certificada; • A ideologia alimentar ou alimentação honesta; A transformação do retalho e supermercados • e a incorporação cada vez mais nestas unidades de restaurantes e cafetarias; As entregas ao domicilio (as chamadas dark • kitchen); As compras online e a responsabilidade • social e corporativa Concluiu com a afirmação que a Alimentaria está assente em 4 pilares: Inovação, Gastronomia, Verticalidade e Internacionalização.

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Dinâmica Com o objetivo de revalidar as mais de 12.500 reuniões de negócio que tiveram lugar na edição anterior, o programa “Alimentaria Hosted Buyers” selecionou cerca de 700 compradoreschave, importadores e distribuidores de países estratégicos dos cinco continentes, para estarem presentes no salão. De todos eles, quase um terço procedem da Ásia, os restantes, são oriundos dos Estados Unidos, Canadá e México, América Latina, África, Austrália, Nova Zelândia e, naturalmente, da Europa.

(Organic Foods), os livres de alérgenos (Free From) , os de elaboração Halal (Halal Foods) e os funcionais (Functional Foods). Além disso, “Grocery Foods” reunirá as principais empresas de grande consumo, enquanto que International Pavilions agrupará toda a oferta estrangeira. “Lands of Spain” reunirá as diversas comunidades autónomas de Espanha.

Escaparate de tendências

As atividades da feira promoverão a inovação no setor e a inter-relação entre as industrias de alimentos, gastronomia e turismo, com ênfase na sustentabilidade. Assim, o evento “Experience Live Gastronomy”, será um espaço para workshops, apresentações e programas de culinária com chefes de prestigio que representam mais de 30 estrelas Michelin. Da mesma forma, a área “Alimentaria Hub” será dedicado à inovação, conhecimento e empreendedorismo, com base em congressos, conferencias, palestras e exposições.

Alimentaria mantém-se fiel à sua estrutura vertical nos setores-chave, que permitem multiplicar sinergias. Assim, a oferta voltará a repartir-se entre os Pavilhões INTERCARN (carne e derivados), Interlact (lácteos), Expoconser (conservas), Snacks, Biscuits & Confectionary (doces e aperitivos), Mediterranean Foods (dieta mediterrânica) e Restaurama (Food Service). A estes juntase “Alimentaria Trends”, o novo salão que representará subsectores produtivos em ascensão como os produtos Delicatessen (Fine Foods), os produtos de produção orgânica

Neste contexto, a apresentação à imprensa internacional incluiu um mesa redonda sob o tema: o rigor da criatividade, que contou a presença dos Chefes Oriol Castro, Mateu Casañas e Eduard Xatruch do restaurante “Disfrutar” (2 estrelas Michelin), em Barcelona, do Chef Oscar Calleja) com 2 estrelas Michelin) do restaurante “Annua” em Cantábria, no norte de Espanha e de Toni Massanés, diretor da Fundação Alicia, um centro de vocação social, dedicado a inovação » tecnológica na cozinha.

De destacar o acordo de colaboração firmado entre Alimentaria Exhibitions e a European Sales & Marketing Association (ESMA), a maior associação de distribuidores e produtores da Europa, assegura a participação de numerosos profissionais membros desta organização.

As atividades da feira promoverão a inovação no setor e a inter-relação entre as industrias de alimentos, gastronomia e turismo, com ênfase na sustentabilidade.

Convívio entre oradores. Ao centro (de mãos unidas) Teresa Jordà i Roura, Conselheira de Agricultura, Pecuária, Pesca e Alimentação da “Generalitat” da Catalunha.

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Inter-relação entre Alimentaria e Hostelco A junção da Alimentaria à Hostelco Salão Internacional de Equipamentos para Restauração, Hotelaria e Coletividades, tem como objetivo potenciar a inter-relação entre as industrias alimentares, gastronómicas e turísticas, destacando naturalmente e dando um enfâse muito especial no fomento da sustentabilidade nos processos produtivos.

Intercarn, é um dos pavilhões mais visitados do certame, desde sempre e, como habitualmente, o maior da Alimentaria.

INTERCARN Intercarn, é um dos pavilhões mais visitados do certame, desde sempre e, como habitualmente, o maior da Alimentaria. Com uma exposição de cerca de 17.000 m2 , reunirá mais de 600 empresas expositoras, numa demonstração de força do setor e, sobretudo, na capacidade de adaptar-se às necessidades, tendências e novos hábitos dos consumidores. Este salão será o alvo-principal da nossa reportagem à Alimentaria. Situado no pavilhão 3 do recinto Gran Via Fira de Barcelona, Intercarn, inclui desde os produtos tradicionais aos mais inovadores, carnes frescas, presunto, enchidos, produtos cozidos e outros derivados ou conhecer os últimos lançamentos e tendências do mercado.

O produto carne em grande destaque na Alimentaria 2020

O certame contará com a participação de empresas de referência no setor das carnes do pais vizinho, como Grupo Norteños, Grupo Jorge, Noel Alimentaria, El Pozo, Campofrio, Argal, Embutidos Monell, Costa Brava Foods, entre outros, assim como a presença das principais associações profissionais do setor. Em Espanha, o setor das carnes representa mais de 3000 empresas e 2,2% do PIB total, sendo a quarta industria mais importante de Espanha e a primeira do setor alimentar, segundo dados do MAPA, Ministério de Agricultura, Pesca y Alimentación. As estratégias do setor das carnes para manter o seu bom posicionamento no mercado, seguem a par das tendências globais com o foco na sustentabilidade e saúde, para se adaptar às tendências e exigências do consumidor. Nesta via, o setor aposta forte no investimento I+D para facilitar, entre outros, o desenvolvimento de produtos mais saudáveis, o maior aproveitamento da matéria-prima ou » o uso de embalagens mais sustentáveis.

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O consumo global de carne está em crescimento, propulsionado principalmente pelo aumento do consumo na china, segundo a FAO. Na Europa e nos Estados Unidos o consumo estancou, com excepção dos produtos avícolas e pré-cozinhados. A edição de abril de Alimentaria prevê incrementar as quotas de internacionalização da sua ultima edição onde estiveram presentes cerca de 4500 empresas expositoras, 1000 oriundas de 70 países e cerca de 150.000 visitantes profissionais, dos quais 30% internacionais de 156 países. No âmbito da apresentação, a nossa equipa de reportagem ainda teve a oportunidade de visitar algumas empresas de carne centenárias e unidades de produção de produtos de carne de porco como a Riera Ordeix, La Selecta e a Salgot, esta ultima, uma exploração modelo de pecuária ecológica.

A nossa curiosidade jornalística também passa pelo Alimentaria HUB, criado para impulsionar a inovação e as novas oportunidades do mercado.

Eco exploração Salgot

A área dedicada à inovação, conhecimento e empreendedorismo, assegura que voltará a surpreender com um programa de mais de 40 sessões dedicadas a transmitir aos profissionais as principais tendências do sector alimentar. Um visão de futuro para ser aplicada no presente.

A eco granja de Pere Salgot, é um exemplo de compromisso com o meio-ambiente, assim como de bem-estar animal. A empresa que teve a sua fundação, em 1928, numas pequenas instalações na Plaça Mayor d’Aiguafreda, na Catalunha, a cerca de 60 km de Barcelona, hoje, tem uma produção ecológica de suínos que permite diferenciar-se entre os seus pares e dar resposta a um consumidor cada vez mais exigente em termos de qualidade e sustentabilidade.

A nova edição de Alimentaria HUB será animada com um congresso, apresentações, fast talk centradas em seis eixos temáticos: Inovação (I+D+i) + Marcas; Nutrição, Saúde e Bem-estar; Internacionalização e Globalização; Distribuição e retalho; Marketing e Comunicação e Responsabilidade corporativa.

Para além da criação de suínos e da investigação a granja Salgot está adequada para visitas publicas. O criador catalão refere “que é muito importante dar a conhecer a nossa atividade”. Correspondendo às exigências legais e normativas, a eco granja Salgot quer ser

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A eco granja de Pere Salgot, é um exemplo de compromisso com o meio-ambiente, assim como de bemestar animal. sustentável também em termos energéticos, inclusive na gestão de resíduos. Para isso, contam com um estação de tratamento e depuração biológica e também com um sistema de compostagem de estrume. Os painéis solares térmicos e fotovoltaicos cobrem um boa parte das necessidades de águas quentes e eletricidade enquanto que o resto é obtido com caldeira de biomassa, desenvolvidas para a produção de água quente, para produção de águas quentes


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Degustação de produtos Salgot

que os animais tenham radiação solar direta e garantir o seu conforto. sanitárias, aquecimento central, entre outros, a partir da combustão de matérias orgânicas como resto de madeira, caroços de azeitona, entre outras. A granja também está preparada para a recolha da água da chuva e reutilização de águas cinzentas para limpeza e irrigação, o que representa uma grande economia para o meio ambiente. O local da eco granja é numa pedreira antiga que com as novas instalações foi dignificado e reflorestado. Um cuidadoso projeto de engenharia determinou a disposição dos pavilhões, orientadas a sul para possibilitar

O interior de cada pavilhão é diferente de acordo com as necessidades dos seus habitantes, que podem ser fêmeas prenhes, zonas de amamentação ou leitões pequenos. Em todos os casos , os animais disfrutam de espaço interiores e exteriores generosos e, ao contrário da criação em explorações intensivas, eles podem desenvolver a sua etologia, ou seja, os sues comportamentos naturais, como o instinto materno, socialização ou simplesmente brincadeira. A alimentação dos animais é totalmente ecológica, à base de ingredientes

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mediterrânicos como são a cevada, trigo, ervilha e azeite. A palha e a forragem são cultivados em campos agrícolas da região, sem aditivos químicos. Quer as proporções na composição de alimentos compostos quer a genética são áreas de estudo da própria eco granja Salgot que participa num projeto de investigação que tem por objetivo selecionar uma raça porcina que se adapte bem às condições de criação da exploração, que por sua vez garante uma qualidade de carne excecional e saudável. O resultado final traduz-se em enchidos de alta gastronomia, com sabores, aromas, cores e texturas com um toque de tradição mas, ao » mesmo tempo, exóticos.


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LaSelecta LaSelecta é uma empresa de distribuição alimentar, com mais de 30 anos de experiencia, que oferece uma grande variedade de produtos gastronómicos de alta qualidade, desde Champagne, passando pelo queijo até às carnes maturadas. As carnes são maturadas, em câmaras próprias (dry-aged) sob um processo rigoroso de controle de humidade e temperatura. A maturação realça a textura, a tenrura e o sabor intenso da carne que é traduzido em grandes resultados nos melhores restaurantes da Catalunha.

Casa Riera Ordeix Visitar umas instalações com mais de 166 anos de história, é um ato de cultura, uma viagem no tempo. A casa Riera de Ordeix orgulha-se da qualidade, do processo de secagem e do conhecimento adquirido ao longo de quase 170 anos, que lhes permitiu desenvolver um produto singular, capaz de viajar pelo mundo.

A casa Riera Ordeix mantém os secadores em madeira de há mais de 150 anos

Dezasseis décadas após a sua fundação, a sede da Casa Riera Ordeix continua na Plaça dels Màrtirs, e continua a ser nesta mesma casa que a mesma família, fabrica o produto da mesma maneira e com a mesma qualidade. Sem falar da mesma obsessão: a qualidade. A seleção dos melhores ingredientes, a secagem natural e o conhecimento transmitido de geração em geração permitem que o famoso “Salchichón de Vic” da Casa Riera Ordeix é um produto de excelência e de Indicação Geográfica Protegida (IGP) DESDE 20202. Na Casa Riera de Ordeix podemos encontrar o Salsichón de Vic, o Trufado, de Payés e o fuet de Vic. Quatro produtos reconhecidos pelo seu aroma, textura e sabor em qualquer local do » mundo.

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El Bulli E para fecharmos com chave-de-ouro a nossa ronda de imprensa em prol da promoção da Alimentaria 2020, nada melhor que uma visita ao “El Bulli” de Ferran Adrià, aquele que já foi considerado o mais revolucionário chef de cozinha do mundo. O El Bulli, não o famoso restaurante com 3 estrelas Michelin que o Chefe Adrià encerrou no auge do sucesso, com marcações prévias de quase dois anos, mas sim o novo espaço El Bulli, o laboratório e museu de inovação culinária. Este museu inclui, por um lado a Bulligrafía, um arquivo com mais de 90 mil objetos, o El Bulli DNA que é uma plataforma de conteúdos e ainda a Bullipédia, uma enciclopédia gastronómica que ambiciona reunir e organizar todo o conhecimento existente ligado à cozinha.

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Funcional e de valor acrescentado A industria de alimentos enfrenta novos desafios. As tendências sucedem-se, umas às outras, a um ritmo vertiginoso. O mundo da alimentação vive em constante mutação – e a variedade de tendências alimentares é uma das maiores provas disso mesmo. A quantidade crescente de estudos sobre padrões alimentares, nutrientes e alimentos faz com que a panóplia de opções cresça consideravelmente, de ano para ano, quase como se “nascessem” novos ingredientes.

tripas e embalagens para processamento de alimentos. Não basta proporcionar estruturas com propriedades para proteger as salsichas, para melhorar a barreira, ou as propriedades mecânicas da carcaça. Há também uma clara necessidade de trazer para a industria alimentar uma nova geração de soluções com o objetivo de lançar novos

Neste contexto, a Viscofan acompanha este ritmo de vida e está preparada para corresponder às novas tendências, aos novos desafios do século XXI. Desenvolve novas tecnologias de embalagem inteligentes em prol do desafio que a própria industria alimentar enfrenta: redução de margens e maior custos operacionais para além dos desafios decorrentes do avanço da tecnologia e da atual conjuntura mundial, tais como, ciclos de vida do produto cada vez mais curto, volatilidade na procura, aumento do número de variantes, entre outros fatores. Num mundo de produtos “me too” (eu também), é essencial introduzir produtos mais sofisticados e novos conceitos de

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produtos, melhorando a segurança alimentar e aumentando a eficiência operacional. »


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Soluções funcionais Viscofan As soluções funcionais de invólucros (tripas) e embalagens Viscofan podem fornecer cores, sabores ou especiarias para: • Proteína fresca (frango, porco, vaca, cordeiro, vegetariano e peixe). • Produtos processados (Presunto, aves, charcutaria, salsichas e vegetarianos). • Queijo e pronto-a-comer. Tudo isto numa única etapa de processamento, melhorando as boas práticas de fabrico e eliminando processos de aplicação intensiva em mão-de-obra, aumentando assim o valor acrescentado dos produtos. Desta forma, Viscofan, oferece alternativas económicas em detrimento da manual, confusa e desordenada aplicação de especiarias sobre o produto, fumagem, ou fritura convencional, associando inegável valor acrescentado aos processadores. As soluções funcionais da Viscofan são uma solução sustentável que gera uma valiosa contribuição para a proteção do meio-ambiente, originando que as unidades de transformação se mantenham limpas sem águas residuais e zero emissões de fumos.

VISPICE A solução perfeita para inovação de produtos clássicos, enriquecer refeições e aprimorar sabores. As vantagens de Vispice: Produtos mais competitivos; • É um processo consistente, calibrado, seguro e limpo para temperar ou marinar; •

Mais económica durante o processamento, cozedura e preparação; • Evita a contaminação cruzada nos processos de tempero e rompimento: • Excelente qualidade graças aos desenvolvimentos tecnológicos; • É preparado com ingredientes aprovados para consumo alimentar, para todo o tipo de

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produtos proteicos frescos ou transformados; Aumenta a segurança e a qualidade dos produtos, além de prolongar a vida útil dos mesmos; • Pode ser aplicado em alimentos Kosher (que obedecem à lei judaica) e allergen free (100% livre de alergénios), e de OGM (organismos geneticamente modificados). » •


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Vasta gama de revestimentos Vispice está disponível numa ampla variedade de sabores, para realçar os produtos com muitas ervas aromáticas, especiarias e temperos. Vispice ajuda a reduzir o sal e propõe uma alternativa deliciosa aos atuais panados pronto-acomer, existentes no mercado.

Em tripa As tripas para aplicação são cortadas e seladas de um lado. Estão disponíveis em uma vasta variedade de diâmetros e comprimentos. Estas podem ser introduzidas sem modificações no seu equipamento atual.

O mundo da alimentação vive em constante mutação ... Folhas de transferência Vispice Use as folhas de transferência Vispice em qualquer ambiente, seja em casa, numa cozinha industrial ou numa fábrica de processamento. As folhas de transferência podem ser usadas para marinar, cozinhar ou como elemento de transferência a frio para qualquer produto proteico.

Excelente aparência visual A excelente aparência visual enriquece as refeições dos consumidores com Vispice. A aparência do produto final é homogéneo e visualmente muito atraente para o consumidor. O Vispice revela-se, assim, uma solução de valor acrescentado quer para as linhas clássicas de produção, quer para as mais sofisticadas.

Produto comercializado em Portugal por Diverembal Lda.

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A caminho da

neutralidade carbónica

da carne vermelha

A produção e consumo de carne vermelha, em particular de vaca, tem vindo a ser apontada como uma importante fonte de emissões de metano e causadora de males ambientais, dos quais o mais referido é a desflorestação para abertura de pastagens. A Austrália é um dos maiores exportadores mundiais de carnes vermelhas. Esta é uma indústria importante no país, mas tal como em Portugal e no resto do mundo, sofre pressões devido ao seu contributo para as emissões de gases de estufa. A preocupação em manter produtivo este sector importante da economia australiana é grande e tem levado a que haja investigação sobre como

reduzir a sua pegada de carbono. Investigadores australianos estudaram roteiros de redução das emissões até à neutralidade carbónica, começando por acentuar que a investigação tem permitido reduzir emissões e que entre 2005 e 2015, as emissões na Austrália reduziram-se para quase metade. Após identificar pontos onde é possível reduzir as emissões, foram propostos

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seis roteiros. Os pontos chave foram redução de desflorestação, gestão de queimadas em paisagens de savana, redução da fermentação entérica e ainda uma melhor gestão da eficiência de produção, com redução de encabeçamento. A base de comparação, chamada de “business as usual” baseia-se nos sistemas de »


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produção de 2015. Os restantes roteiros são: “Gestão da Vegetação”, onde o abate de florestas para pastagem tem cinco anos para acabar e o carbono do solo estabilizará em 2030. “Engorda”, onde se aumenta o número de cabeças engordadas a farinha, de modo a libertar pastagem (aqui não se entende se tiveram em conta as emissões causadas pela transformação de rações). Neste ponto, os investigadores propõem ainda reduzir a fermentação entérica através de aditivos, como a alga Asparagopsis taxiformis. “Pastagem - Baixa adopção”, neste roteiro, apostam pela inclusão de mais leguminosas na composição das pastagens, de forma a reduzir as emissões de metano por fermentação. Também aqui existe um esforço de gerir o fogo, em particular prevenir cada vez mais os fogos florestais. “Pastagem - Alta adopção”, onde se propõe um esforço maior na redução da fermentação.

Os investigadores consideram que a indústria australiana pode tornar-se neutra em emissões de carbono a longo prazo e com os devidos incentivos... “Carne de vaca de alto valor”, onde a redução do número total de vacas, com maior intensificação na engorda. O número de ovinos e caprinos mantém-se igual neste cenário. “Para lá do Metano”, um caminho disruptivo onde uma série de alterações estruturais e futuristas são propostas, desde uma vacina anti-metano, seleção de animais menos poluentes, e investigação em novos aditivos alimentares. De todas as alternativas estudadas, a última seria aquela capaz de chegar a uma indústria neutra em emissões de gases de estufa. A intensificação da produção e engorda de gado pouca diferença faz quanto ao presente. Outra forma de atingir a neutralidade será pela plantação de mais floresta, onde tanto maior

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área plantada será necessária quanto mais longe o sistema se encontra da neutralidade. Os investigadores consideram que a indústria australiana pode tornar-se neutra em emissões de carbono a longo prazo e com os devidos incentivos. Consideram ainda que este estudo tem possibilidade de contribuir para redução de emissões em países como o Brasil, onde a produção de carne tem tido muita influência na desflorestação. Assim sendo, seria importante criar incentivos à reflorestação por parte dos produtores. Apesar de se tratar de uma realidade bastante diferente da portuguesa, a divulgação deste estudo talvez possa apontar alguns pontos de discussão para o futuro.




: : Frango desinfectado com cloro : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Embora o Reino Unido possa ter deixado a UE, a verdadeira onda de consequências ainda não começou. Apesar do primeiroministro Boris Johnson alegar que os acordos comerciais serão definitivamente firmados com a Europa nos próximos meses, poucos acreditam nisso - incluindo o próprio Johnson. Portanto, resta procurar acordos noutros lugares, incluindo com o forte parceiro político do Reino Unido, os Estados Unidos. No entanto, os EUA nunca entregam nada de graça e os britânicos temem que um acordo comercial signifique que a agricultura barata norte-americana os venha inundar com produtos agrícolas, incluindo com aves desinfetadas com uma solução de cloro. Embora seja difícil de acreditar mas não passava pela cabeça ao povo britânico vir a consumir frango americano lavado com cloro, nem os produtores de aves dos EUA sequer olhavam para o mapa para ver onde o Reino Unido se localizava. O que é certo é que o frango tratado com cloro pôs os consumidores do Reino Unido à beira de um » ataque de nervos.

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A indústria avícola do Reino Unido produz mais de 70% do frango consumido no Reino Unido, com a maioria a ser produzida em grandes quintas muito semelhantes às dos Estados Unidos. A percentagem restante vem de estados membros da UE, como Polônia e França, ou países de fora da UE, como Brasil e Tailândia. Para os consumidores britânicos que adoram frango, a vida tem sido boa com alta qualidade, combinada com aves de capoeira de baixo custo. Mas, em junho de 2016, o governo britânico permitiu que um referendo fosse votado mais ou menos para apaziguar um grupo político marginal - sobre se o Reino Unido deveria ou não deixar a UE. O governo, pensando que ninguém em sã consciência votaria para sair, conduziu uma das campanhas mais sem brilho da história mundial - uma tigela de aveia fria teria gerado mais emoção. Para a Irlanda do Norte - que é o único país do Reino Unido a compartilhar uma fronteira terrestre com outro país da UE - e para a Escócia que não anda nada satisfeita com a história do Brexit - que anteriormente havia feito um referendo sobre a saída ou não do Reino Unido - foram dadas garantias de que permaneceriam na União Europeia. Por outro lado, a bandeira da “Saída” da “Union Jack”, com base em zero factos, prometeu que sem ter que dar o dinheiro dos impostos à UE, que considera um desperdício, conseguia fazer um novo hospital do Serviço Nacional de Saúde por semana, entre outras fantasias vindas do céu (É claro que a questão de como esses hospitais poderiam operar sem trabalhadores da UE foi ignorada). Os únicos critérios para a campanha pareciam ser: “quanto mais ultrajante, melhor”, pois não havia como provar ou refutar as suas declarações. Enquanto isso, usavam e abusavam do slogan “Let’s put the Great into Britain again” (“Vamos colocar o Grande de novo na Grã-Bretanha”). Assim como nos Estados Unidos, a imigração - legal e ilegal - alimenta o populismo, o mesmo aconteceu com os Leavers. Enquanto

as pessoas no centro da Inglaterra protestam contra os trabalhadores polacos das fábricas de processamento de aves, suínos ou fazendas agrícolas do Reino Unido, porque estão a roubar emprego aos ingleses, os proprietários das fábricas afirmam que sem os trabalhadores polacos teriam que fechar as unidades devido a um problema: falta de trabalhadores. O governo conservador de David Cameron que mais uma vez tinha tanto a certeza que ganhava - decidiu que apenas os cidadãos do Reino Unido que morassem no Reino Unido ou em Gibraltar é que poderiam votar, privando os mais de 1 milhão de expatriados britânicos que vivem noutros países da União Europeia - como Espanha Portugal, França, Itália e Grécia - de um direito, sobre uma questão que afetava diretamente as suas vidas. Mas o que Cameron não contava era com a postura do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, sentadinho no seu luxuoso escritório e bem renumerado, que em vez de ir ao Reino Unido e dizer aos eleitores que a UE era melhor e mais forte com o Reino Unido, adotou a abordagem oposta. Permaneceu no escritório em Bruxelas e através da comunicação social, para que todos ouvissem bem, disse ao povo britânico que se votassem para sair, a UE os puniria de todas as maneiras possíveis. Ou seja, nas entrelinhas dirigia-se também aos outros Estados-membros: “se eventualmente vos passar pela cabeça sair da União Europeia, estejam atentos ao que vamos fazer ao Reino Unido. Foi como acenar uma capa a um touro. Uma mensagem errada para os destemidos britânicos. Um erro histórico do Sr. Juncker. Quando os votos foram contados, os adeptos da saída venceram com uma maioria de apenas 51,9% - embora, como uma certa eleição presidencial nos EUA, alegaram que se tratava de uma vitória arrebatadora e uma das maiores maiorias de todas as eleições no Reino Unido. Como numa execução, foi marcada uma data - 29 de março de 2029 para o que agora se chama de Brexit. Os membros do governo que apoiaram o Remain (permanência) renunciaram os seus

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cargos no governo - como Boris Johnson. Uma vez que se tornou rapidamente visível que os apoiantes do Leave (saída) não tinham planos A,B,C, ou Z para fazer isso - porque estavam convencidos que não iriam ganhar - muitos dos seus apoiantes renunciaram ou deixaram o partido.

Um rombo na carteira Muito antes do Brexit acontecer, os preços dos alimentos começaram a subir, a libra britânica caiu, grandes fabricantes, como a Honda, anunciaram que fechariam as suas fábricas no Reino Unido devido à incerteza de longo prazo do Brexit e até mesmo grandes apoiantes do Leave como James Dyson conhecido como o rei dos aspiradores e inventor do aspirador com o sistema “Dual Cyclone”, mudou a sede do seu império para outro país da UE. Muitos foram os empresários que fizeram o mesmo, inclusive, para países da Ásia. O chefe do Conselho Britânico de Avicultura, Richard Griffiths, pediu anteriormente que a ideia do Brexit fosse abandonada e considerou-o um “projeto fracassado”. “No setor de carne de aves, sofremos uma falta de mão-de-obra e crescentes custos de produção e, ao mesmo tempo, vimos os padrões alimentares do nosso país serem desafiados e postos em causa por outras nações que visam o lucro rápido, aos nossos investimentos a longo prazo”, referiu Griffiths. “Brexit e comida resumem-se a um conceito muito simples. Qualquer saída da UE significa que a acessibilidade e a disponibilidade dos alimentos estão comprometidos. O fardo vai cair sobre quem menos pode pagar. Isto não pode ser aceitável para ninguém, seja individuo ou governo”. Sem acordos comerciais, dizer que o governo estava a entrar em pânico era ser muito simpático. Mas, entretanto, o Reino Unido lembrou-se de um velho amigo. Os Estados Unidos da América. »



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Na Europa, as unidades de processamento resfriam as carcaças de aves em ar seco ou água quente, sendo proibida a lavagem com a solução de cloro desde 1997.

Em 2017, o presidente do EUA, Donald Trump, que era e é um acérrimo defensor do Brexit e do desmantelamento da União Europeia, afirmou, com pompa e circunstância, que faria um acordo com o Reino Unido depois do Brexit. Trump até queria fazer o acordo antes do Brexit - e também queria fazer com a Alemanha - só que não conseguia compreender que não podia fazer acordos comerciais com estados da União Europeia, de forma individual - ou eram todos, ou não era ninguém. Por alguma razão, o publico britânico fixou o facto de as aves domésticas fazerem parte do acordo comercial. Não pelo facto de os frangos americanos serem criados em quintas industriais - é assim que a maioria é criada no Reino Unido - mas, pelo facto dos frangos americanos após o abate e a depenação receberem um banho numa solução com cloro.

porque é que não come um? (Talvez tenha que ir ao Estados Unidos para encontrar um). Fox justificou que o frango dos EUA era apenas um “detalhe” num acordo de complexas negociações. No entanto, o secretário do

Meio Ambiente, Michel Gove, insistiu que as importações de frango lavado com cloro não seriam permitidas e que a questão era de facto um “pauzinho na engrenagem” das negociações com Washington. »

Na Europa, as unidades de processamento resfriam as carcaças de aves em ar seco ou água quente, sendo proibida a lavagem com a solução de cloro desde 1997. Dito isso, num relatório solicitado pela Comissão Europeia em 2005, ao examinar o tratamento de aves com dióxido de cloro, clorito de sódio, fosfato trissódico e perácidos - como fazem nos Estados Unidos - não foram levantadas questões de segurança. Mas, convém não confundir a árvore com a floresta. Para todos aqueles que não vivem no Reino Unido ou que não tem acesso a publicações do Reino unido, noticiários da BBC, rádio, blogs britânicos, medias sociais, etc., é quase impossível perceber a celeuma que o frango desinfectado com cloro causou. Até o governo de dividiu sobre o assunto. A Conselheira de Estado do Reino Unido para o Comércio internacional, Liam Fox, disse que os media britânicos estavam “obcecados” com o frango lavado com cloro. A imprensa do Reino Unido desafiou Fox para uma entrevista coletiva, para dizer alto e bom som que o frango lavado com cloro é seguro,

Os frangos americanos após o abate e a depenação recebem um banho numa solução com cloro.

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Realmente ficou um pouco estúpido Mas, com o cidadão é facilmente entediado – quantas vezes é que o leitor pode enviar um email a um primeiro-ministro a dizer-lhe que está chocado com algo que não aconteceu? – nem talvez nunca o fizesse. O que é certo é que depois de algumas semanas, o interesse passou para outra coisa chocante e as aves cloradas saíram do radar publico. Neste momento, ainda sem qualquer acordo, a oferta do Presidente Trump soa melhor a cada minuto que passa. Para juntar a isso o governo parece finalmente ter percebido o quanto a alimentação será mais cara.

De olho no cidadão e no poder do seu voto, em oposição a uma minoria de agricultores, o governo opta pela antiga estratégia romana de oferecer ao povo, pão e entretenimento, adiantando que no caso de não haver acordo com a UE, removeria as tarifas comerciais sobre uma enorme variedade de itens alimentares para manter os preços baixos. No entanto, isso pode significar que os produtos agrícolas dos EUA serão permitidos no Reino Unido, não importa se é trigo OGM

(Organismos geneticamente modificados), carne bovina com hormonas ou frango lavado com cloro. Sendo assim, a história do frango lavadinho com cloro volta à agenda dos medias britânicos. Woody Johnson, embaixador dos EUA na Grã-Bretanha, indignou-se atacando o que descreveu como sendo uma campanha de “difamação” contra a agricultura americana, por interesses de uma agenda protecionista. O embaixador Johnson escreveu num artigo publicado no conservador Daily Telegraph que os produtos alimentares dos EUA são seguros e que histórias assustadoras sobre “frangos com lavagem de cloro”

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: : Frango desinfectado com cloro : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

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e “carne bovina com hormonas” são, frequentemente, usadas para enganar os cidadãos. E, por fim, Johnson rematou que “os produtores americanos usam ferramentas “científicas” e “tecnológicas” para alimentar uma crescente população global, em contraste com o “Museu de Agricultura” da União Europeia. A coisa não caiu bem ao ingleses. E a ideia sobressaltou os cidadãos britânicos: Ou cumprimos as diretrizes da União Europeia ou somos inundados com comida americana de baixa qualidade. Será mesmo assim?

Todos bebemos Então, qual é o problema do cloro? Milhões de pessoas bebem água com cloro todos os dias, sem morrer. Os americanos comem cerca de 150 milhões de frangos por semana, que foram lavadas com cloro, sem morrer. As divergências quanto aos padrões de segurança alimentar das aves domésticas decorrem de uma divisão fundamental na maneira como os EUA e a UE encaram a regulamentação de alimentos. A UE opera com base no principio da precaução, preferindo não permitir métodos não testados. Os EUA são menos intervencionistas, apenas proibindo processos que causem danos demonstráveis ou evidentes. Esta diferença pode ser vista facilmente na forma como as vitaminas saudáveis são vendidas nos EUA e na Europa. Enquanto nos EUA, o leitor pode comprar comprimidos com mega doses de vitaminas C ou E, por exemplo, esses tamanhos não são permitidos na UE, pois diria que as mega doses não foram comprovadamente eficazes, nem prejudiciais. Porém, não há nada que impeça alguém de comprar inúmeros frascos de vitaminas de tamanho aprovado e consumir o que desejar. Nos EUA , a atitude do governo é liberal: se pretende tomar 50 vezes a quantidade diária recomendada de vitamina C, não há absolutamente nada que o impeça. Com o cloro passa-se mais ou menos a mesma coisa. Nos EUA, as unidades industriais de abate lavam ou desinfetam as carcaças de frango em água contendo dióxido de cloro para matar organismos potencialmente prejudiciais, como E. coli, Campylobacter e Salmonella na superfície da carne. O processo é conhecido, na industria, como tratamento de redução de patógenos (PRT).

Os americanos defendem que o banho de cloro combate a bactéria E. Coli , entre outras. Os Europeus argumentam: “Nem por isso…”

É seguro usar o PRT? De acordo com vários estudos universitários dos EUA, a resposta é sim. Por exemplo, Mohamed Badaoui Najjar e Jianghong Meng, da Universidade de Maryland, escreveram um artigo de pesquisa intitulado “Risk assessment of disinfection byproducts in poultry chilled in chlorinated water” (Avaliação de risco de subprodutos da desinfeção em aves de capoeira resfriadas com água com cloro”). Os dois pesquisadores descobriram: “o cloro é um desinfectante comum usado no tratamento de água e processamento de alimentos em todo o mundo. É muito eficaz para destruir patógenos de origem alimentar, como Salmonella e Campylobacter, que estão frequentemente presentes em produtos avícolas. A eficácia do cloro na eliminação de microrganismos e na prevenção da contaminação depende muito das concentrações e do pH ácido. A cloração da água no resfriador é de 50 ppm (1 parte por milhão. Medida de concentração que se utiliza quando as soluções são muito diluídas), provou ser um método eficaz

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na redução da contaminação microbiana, melhorando assim a segurança microbiana dos produtos avícolas. Os subprodutos de desinfecção do cloro DBPs (Disinfection by-products) foram identificados como tendo potenciais efeitos adversos à saúde em exposição a altos níveis. As aves de capoeira refrigeradas com água clorada a 50 ppm revelam-se uma fonte insignificante de DBPs clorados, principalmente após o cozimento. A contribuição da exposição de DBP ao consumo de aves é mínima e não causa risco significativo de cancro ou outras adversidades de saúde. “As evidências científicas atuais sobre a associação de níveis residuais de DBPs ao cancro não garantem a alteração das diretrizes de 50 ppm de cloro para o tratamento de água do resfriador no processamento de aves, pois a aplicação é essencial para reduzir a carga de patógenos e controlar a contaminação cruzada. É importante enfatizar que os ganhos em saúde pública devido à redução de doenças transmitidas pela água e alimentos, usando o cloro no processamento de aves, superam os » riscos de cancro.


: : Frango desinfectado com cloro : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

EUA afasta-se Tom Super, conselheiro Nacional de Avicultura dos EUA, disse em 2018 que várias fábricas dos EUA afastaram-se da água com cloro nos seus sistemas de refrigeração e enxagúe. E, que os EUA estão prontos para usar alternativas aceitáveis de cloro que atendam aos requisitos estabelecidos pelos parceiros comerciais.

limita a concentração combinada de clorito e clorato na água 0,5 mg por litro. Nesse limite superior, comer um frango lavado com cloro é aproximadamente equivalente a beber um copo de água no Reino Unido.

Reports sabia que toda a comunicação social dos Estados Unidos publicaria a noticia do o Consumer Reports. Referindo obrigatoriamente a fonte, traduzia-se numa grande campanha de publicidade para o titulo.

Mas tudo isto depende a quem se pergunta. Depende dos dados e dos objetivos mas, a ideia com que ficamos é que a

Mais de metade das amostras do estudo do Consumer Reports – que teriam passado por um banho – continham contaminantes fecais e uma quantidade semelhante tinha pelo menos uma bactéria resistente a três ou mais antibióticos comummente prescritos.

Um estudo de 2016 da Food Standards Agency do Reino Unido encontrou níveis comparáveis da contaminação metade das amostras de frango colhidas em pontos de distribuição foram infectadas com Campylobacter multi resistentes a antibióticos

“Estudos determinam que não há resíduos de substâncias perigosas na carne de aves tratadas com compostos à base de cloro”, sublinha.” Visto de uma perspectiva: se o cloro é usado em sistemas de refrigeração por imersão, é diluído em grandes quantidades de água, milhares e milhares de litros de água, na forma de três a cinco partes por milhão, ou seja, em perspectiva, é equivalente a um minuto em quase dois anos. Existem níveis pequenos e seguros de cloro na maior parte da água potável dos EUA, no Reino Unido e nos restantes países da União Europeia. A pergunta é simples: porque é que os britânicos não exigem a remoção do cloro da água potável? De facto, de acordo com a inspeção de água potável do Reino Unido, o governo britânico

Dito isto, a industria de frangos dos EUA tem reduzido constantemente a prevalência de Salmonella e Campylobacter em partes de frango desde que os novos padrões de desempenho do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), entraram em vigor há três anos. desinfeção de frango cru com cloro é extremamente benéfico, para uns, ou completamente inútil, para outros. Por exemplo, em janeiro de 2014, o US Consumer Reports apresentava uma manchete: “Frango contaminado perigoso - 97% dos peitos que testamos abrigavam bactérias que poderiam deixá-lo doente. Com esta manchete sensacionalista, o Consumer

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Quando os padrões de desempenho emitidos pelo Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do USDA entraram em vigor em 2016, em seis meses a incidência de Salmonella era de 15,4% - abaixo dos 18,2% registados nove meses antes. Também se vê grandes progressos na redução do Campylobacter. Mas, nos últimos anos, os níveis de Campylobacter no Reino Unido também caíram sem o uso de banhos de » cloro.

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“Independentemente”, diz Tom Super,“ dos níveis seguros de água com cloro e vários outros antimicrobianos serem considerados seguros e eficazes pela Autoridade Europeia de Segurança Alimentar, pelo Departamento de Agricultura dos EUA, pelo Departamento de Agricultura dos EUA, pela Administração de Alimentos e Medicamentos do EUA e pelo Codex Alimentarius Commission, que estabelece padrões internacionais de segurança alimentar que são considerados padrões de referência no sistema da Organização Mundial de Saúde”.


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No relatório Pew Charitable Trusts lê-se que o custo anual dos EUA de doenças de aves contaminadas é de 2,5 bilhões de dólares por ano e são inúmeras as diferentes estratégias de luta contra diversos agentes patógenos na industria avícola e da carne. Estas intervenções incluem pré / probióticos; vacinas, higiene, alimentação, água e biossegurança. Interessante, mas nunca é mencionado a desinfecção com cloro. Estranho... O que o relatório também não menciona é que, mesmo que a grande maioria das aves não contenha Campylobacter na unidade de processamento, basta uma ave contaminada e toda a linha pode ser contaminada.

Na Europa é diferente A linha oficial da Europa contra frangos desinfectados com cloro é: nos EUA as unidades industriais de tratamento de aves domésticas desinfectam as carcaças com cloro porque os padrões de produção e processamento dos EUA são tão baixos que os frangos precisam de um banho químico no final do processamento, para compensar a falta de higiene em toda a cadeia.

o cloro não é eficaz. “ O cloro é destinado a erradicar qualquer problema, mas oferece aos consumidores uma falsa sensação de segurança”, referiu à I-Media. “Usamos uma placa de infusão para cultivar Salmonella e descobrimos que, quando pulverizadas com uma solução de cloro de 50 partes por milhão (ppm, nos EUA são 20 a 50), a bactéria foi erradicada completamente. Porém, colocamos um pedaço de pele de frango no centro do prato e descobrimos que, enquanto o cloro tratava as Salmonella ao redor da pele, as bactérias permaneciam por baixo e nas dobras da pele. O termo científico é viável, mas não cultivável”. Ao não usar um banho de cloro, os consumidores da UE / Reino Unido acreditam que geram pressão sobre toda a cadeia a comprometerem-se com uma abordagem mais holística “da quinta até ao prato” com

As amostras de frango da UE geralmente têm entre15 a 20% de Salmonella. Se a Agência Europeia de Segurança Alimentar aprovasse o frango lavado com cloro para consumo, essa pratica levaria a que as aves de capoeira da Europa fossem mais seguras– e como ainda não é permitida - leva a suspeitar que há mais qualquer coisa na história que o cloro.

Mais do que uma história de frango Os EUA são o segundo maior exportador mundial de frango, com cerca de 20% do frango produzido no país, enviados para 100 países. Portanto, não parece haver uma grande necessidade por parte dos EUA de invadir o mercado avícola do Reino Unido. No Reino Unido, perto de 100% de todos os consumidores de frango fresco comprados nos principais supermercados são de produção britânico ou irlandês. Até o KFC e outras cadeias importantes, como a Nando, afirmam usar frango produzido localmente. Uma parte residual do frango é importado da Polónia, Tailândia e Brasil, e grande parte disso é destinada às lojas de frango frito, no patamar mais baixo da cadeia alimentar, ou nos curry indianos.

Depende dos dados e dos objetivos mas, a ideia com que ficamos é que a desinfeção de frango cru com cloro é extremamente benéfico, para uns, ou completamente inútil, para outros.

Os consumidores da UE / Reino Unido acreditam que estão mais protegidos contra a produção “fácil”, porque as regras da UE não dão aos processadores uma maneira simples de esconder a falta de higiene, tratando as aves processadas com produtos químicos. Estudos recentes no Reino Unido sugerem que o cloro é uma maneira eficaz de remover germes – e a palavra-chave é “sugerir”. Segundo investigadores universitários do Reino Unido, embora o cloro pareça remover bactérias, pode-se esconder dentro e sob “dobras da pele” e permanecer “inativo” após o tratamento, apenas para ressurgir em novas condições - como numa tábua de cortar, por exemplo. Simon Dawson, professor sénior de ciência e tecnologia de alimentos da universidade Metropolitana de Cardiff, diz que num banho de cloro, os patógenos “entram em estado suspenso”, mas não são totalmente eliminados. Dawson e a sua equipa de laboratório realizaram um série de testes sobre o uso do produto químico na remoção de Salmonella na carne de frango. Concluiu que

extremos cuidado de higiene e segurança alimentar em cada etapa da vida do animal e durante o ciclo de processamento. Em vez, de cloro, os processadores europeus só usam ar frio e água quente para descontaminar as carcaças de aves. Isto funciona? Não, inteiramente. O frango europeu possui uma alta taxa de Campylobacter e os consumidores são informados de que é melhor assumir sempre que o frango está contaminado. De facto, devido ao problema do Campylobacter, os supermercados lançaram embalagens de frango, o que permite que aves inteiras entrem diretamente no forno sem que as mãos dos consumidores tenham que estar em contacto com aves cruas. E não é apenas o Campylobacter que é um problema na Europa. De acordo com um relatório do Adam Smith Institute: A imersão na carnes de aves em solução de dióxido de cloro usada nos Estados Unidos reduz a prevalência de Salmonella de 14% nos controlos para 2%.

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Não parece haver muito mercado em potencial para frangos dos EUA nem a necessidade de os produtores norte-americanos tentarem entrar. Então? Afinal do que é que se trata realmente? O leitor europeu terá muita dificuldade em descrever o setor agrícola dos EUA como qualquer coisa, a não ser um como um grande empecilho. É eficiente e se fosse necessário, os agricultores dos EUA poderiam alimentar toda a população da Terra. Mas isso teria custos desastrosos para agricultores e comunidades agrícolas, não americanas. Segundo o Money.CNN durante a primeira década do Acordo Livre do Comércio da América do Norte, o México perdeu quase um milhão de empregos na agricultura. Sem tarifas, não havia como os agricultores mexicanos de milho competirem contra os produtores americanos. Embora as noticias da África do Sul raramente sejam impressas em jornais americanos, devido à história e aos laços familiares, são »


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regularmente exibidas no Reino Unido. Muitas pessoas na Grã-Bretanha sabem que o frango dos EUA fazia parte do acordo comercial entre os EUA e a África do Sul, apesar dos criadores / agricultores da África do Sul reclamarem que o acordo os destruiria, foi avante. Os consumidores sul-africanos estão a beneficiar no curto prazo, ninguém consegue produzir frango tão barato como os agricultores dos EUA. Mas como isso afetará o país a longo prazo? Se um país se torna dependente de outro para se alimentar, corre o risco de perder o controlo da segurança alimentar. De acordo com Peter Spence, do Adam Smith Institute, no Reino Unido, tudo se resume a custos. Os métodos americanos produzem frango fresco a 79% do preço equivalente nas prateleiras dos supermercados britânicos. Muito parecido com o quão barato borrego da nova Zelândia que se vê por todo o lados nos supermercado britânicos, diminuindo substancialmente a produção local de borrego. O mesmo pode acontecer com o frango. “Permitir a importação de produtos à base de frango desinfectado com solução de cloro

Quando os frangos americanos baratos chegarem aos supermercados do Reino Unido, é difícil ver os consumidores rejeitá-lo devido a um banho de cloro. era um sinal claro que a Grã-Bretanha está disposta a concordar com compromissos sensatos e que está disposta a cumprir acordos parciais, como o acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, como modelo para rapidamente fazer acordos com outros parceiros”, refere Spencer. Na verdade, “a preocupação e a importância de saber se o frango é desinfectado com solução de cloro é um mero símbolo usado pelos opositores de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos”. Tom Super acrescenta: o importante é que o seu uso torna o frango mais seguro, não está presente no produto final, apresenta risco zero à saúde e existem alternativas em uso (Já aprovadas pela EFSA) para ajudar a industria a colaborar com o governo dos EUA para

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corresponder aos padrões internacionais de segurança alimentar. Acreditamos que as negociações comerciais devem basear-se na ciência, não em política. Ficaríamos muito felizes em ter acesso e ter a oportunidade de competir na Grã-Bretanha, mas seguramente não é o “tudo ou nada” para a nossa industria. De qualquer maneira, somos o segundo maior exportador de frangos do mundo e exportamos 20% da nossa produção para mais de 100 países. Os produtos agrícolas dos EUA inundarão o Reino Unido incluindo frango enxaguado com cloro? Se, o primeiro-ministro Boris Johnson precisa de um acordo comercial, é difícil não ver a inundação acontecer, independentemente, do que os consumidores britânicos desejem. As pessoas podem dizer que querem que o frango seja criado ao ar livre e cantado todas as noites antes de dormir mas, por outro lado, querem comprar o frango no balde KFC e pagar pouco. Quando os frangos americanos baratos chegarem aos supermercados do Reino Unido, é difícil ver os consumidores rejeitá-lo devido a um banho de cloro.



Rosa e Francisco Arvana, uma vida de trabalho recompensada pela realização pessoal.

SEl COMEMORA

35º ANIVERSÁRIO Passados 35 anos de trabalho, de muitas conquistas mas também de muito sacrifício, o casal Rosa e Francisco Arvana, vive a realidade de uma empresa de sucesso... SEL, uma referência da salsicharia nacional que extravasou fronteiras com o estandarte da qualidade e da tradição, comemorou 35 anos de atividade e reuniu à sua volta: colaboradores, clientes, fornecedores, parceiros e amigos: o “Universo SEL” que contribuiu para o sucesso da empresa que elevou a salsicharia alentejana a ícone da gastronomia.

Um momento muito sentido pelo fundador e grande timoneiro da empresa, Francisco Arvana que, visivelmente, emocionado sublinhou: “Este momento, é sobretudo uma forma singela de lembrar todos os que, desde a primeira hora e ao longo destes últimos 35 anos, se cruzaram no nosso caminho e, de uma forma ou de outra, contribuíram para o sucesso da nossa empresa e que, hoje, estão aqui reunidos comigo e com a minha família.

É com muito prazer que os recebemos. Muito obrigado”. A comemoração do 35º aniversário começou logo de manhã com uma visita guiada às instalações da SEL, onde os convidados divididos em grupos, puderam contactar com um “universo” que, se para uns não era novidade nenhuma, para outros, surpreendeu pela positiva, quer pela exigência, quer pelo » rigor.


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Entre abraços, parabéns e emoções fortes, Francisco Arvana não deixou de recordar o já longínquo ano de 1984, “ Eu e a Rosa éramos um casal muito jovem mas com muita vontade de trabalhar e, de certa forma, aventuramonos num negócio que à época era bastante diferente. A história de vida e de trabalho de Joaquina Rosa e Francisco Arvana, resultou num nome e numa marca de sucesso reconhecida internacionalmente. De um pequeno pedaço do Alentejo para o mundo, o casal empreendedor, apostou forte no “Saber do Sabor Alentejano”, resistiu às modas, às adversidades, respeitou o produto, foi fiel às suas raízes, e construiu uma inegável imagem de qualidade. E tudo começou no inicio da década de “80” numa rudimentar unidade de âmbito familiar com cerca de 150 m2, no qual produzia os produtos que comercializava num minúsculo estabelecimento, no mercado de Estremoz. Assim nascia a Salsicharia Estremocense...

Mário e Francisco Arvana, dirigem os desígnios da empresa.

Passados 35 anos de trabalho, de muitas conquistas mas também de muito sacrifício, o casal Rosa e Francisco Arvana, vive a realidade de uma empresa de sucesso, na companhia dos seus filhos e continuadores: Sofia e Mário Arvana.

Nota da redação Como amigo desta casa e jornalista que acompanhei a evolução da SEL desde os primórdios, confesso, admiro muito esta família e o seu sucesso é para mim grande motivo de regozijo. Em conversas com amigos e profissionais do setor, nunca me canso de narrar uma decisão da SEL que contribuiu decididamente para o seu êxito.

Sofia Arvana (diretora de produção) e o marido Hugo Calhordas (Responsável de Exportação).

Quando se deu o “boom” da salsicharia industrial, Francisco Arvana, não se iludiu com os números nem com volumes e apostou convicto na continuidade dos bons sabores alentejanos. Correu o risco de escolher o caminho mais difícil para alcançar os seus objectivos e ganhou! Hoje, não tenho dúvidas em afirmar que Francisco Arvana é um embaixador do melhor do que se faz no Alentejo, por mérito próprio. Sofria Arvana, diretora de produção, formada em Engenharia Alimentar, uma doçura de senhora, responsável por acompanhar e avaliar os resultados da produção. Assegura, com a paixão que lhe conhecemos, o cumprimento »

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Os convidados tiveram oportunidade de visitar a unidade de produção e perceber como se fazem os excelentes e genuínos produtos SEL.

das metas de produção, dentro dos padrões de qualidade estabelecidos, visando assegurando com notável êxito o cumprimento dos objetivos da empresa na área comercial. Mário Arvana, licenciado em Gestão e Marketing tem a noção exata da importância da imagem (sim, porque um excelente produto mercê uma excelente imagem) e da comunicação. Gerações diferentes, os mesmos interesses. E não é difícil porque os produtos SEL há muito que conquistaram os palatos mais exigentes e extravasaram fronteiras. O “Sabor do Saber” chega aos quatro cantos do mundo. A paixão é uma força vital que nos impulsiona a realizarmos as coisas que nos trazem alegria. Com vitalidade e entusiasmo, pessoas apaixonadas são alimentadas por muito mais do que apenas o amor por alguma coisa. »

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DESDE 1985

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Drª Margarida Botelho (ao centro) em representação da Sicasal.

Elas acreditam em si mesmas. São movidas pelas ideias e sentimentos que as sustentam. Seguem a sua consciência e acreditam que o sucesso vem em muitas formas. Há muito tempo que a produção de presunto de porco preto alentejano fervilhava no pensamento desta família. A ideia ganhou

Rosa e Joaquim Arvana (Estremoz Carnes).

forma e a forma ganhou vida. Por paixão, nasceu a marca de produtos de porco preto alentejano “Varanegra”. São vários os produtos deliciosos como o painho (edição limitada), o paio do cachaço, mas a estrela da companhia é, sem sombra de dúvidas, o presunto de porco preto “criado a campo no Alentejo”.

A liberdade em que o Porco Alentejano é criado, alimentando-se sobretudo de bolota, ervas e tudo aquilo que o campo lhes oferece, fornece uma matéria-prima com características especiais; sendo a sua gordura rica em ácido oleico com características semelhantes à do azeite tem propriedades nutritivas que »

Fernanda e José Manuel Braço Forte.

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promovem a redução do colesterol; as suas proteínas contribuem para o crescimento e desenvolvimento muscular e ósseo. A sua carne é suculenta, tenra, com aromas agradáveis, que a tornam muito saborosa e lhe dão um reconhecimento a nível internacional. A criação do Porco Alentejano, é atualmente regulado por uma entidade portuguesa, a ANCPA - Associação Nacional dos Criadores do Porco Alentejano que em conjunto com a ACEPA - Agrupamento Complementar de Empresas do Porco Alentejano, certifica como Porco Alentejano, apenas os animais cujo os criadores cumprem criteriosamente todos os processos de criação exigidos. A cura do presunto “Varanegra” é feita devagarinho e de forma ancestral. Um presunto Varanegra pode ter entre 18 a 36 meses de cura natural. No fim desta, uma fatia fina (cortada de maneira a ver sempre a faca) revela um aroma intenso, curado e persistente.

Esq para Dir: Gallardo (Pai e filho) fornecedores e Eloi Canholas (produção de leitões).

Gerações diferentes, os mesmos interesses. E não é difícil porque os produtos SEL há muito que conquistaram os palatos mais exigentes e extravasaram fronteiras. O “Sabor do Saber” chega aos quatro cantos do mundo. Com uma untuosidade de gordura e um aspecto marmoreado ruby e brilhante, este presunto tem pouco teor de sal e é ligeiramente acidulado. Um ligeiro processo de salga permite a estabilização das enzimas e a perfeita conservação das peças. A partir deste momento estamos a falar de obras de arte da gastronomia. A sua textura é macia, seduz o palato, e é um das iguarias que qualquer comum mortal devia, pelo menos, uma vez na vida, ter a oportunidade de provar.

Susana e Carlos Ferreira (Diverembal).

Esta família está absorta na produção de presunto de porco/preto alentejano. Mais que uma produção é uma paixão. E quando chegamos à cave onde os presuntos repousam em clima controlado, naturalmente, a conversa entre os membros da família deixam-me transparente. E ainda bem, porque é uma delicia ouvi-los falar de presunto, de sabores, de emoções, de sentidos, no fundo, de fazer produtos de qualidade. Parabéns, venham mais 35! Carla e Mário Dias (A. Pires Lourenço).

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