REVISTA CARNE #191

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CARNE Nº191 . OS PROFISSIONAIS NÃO DISPENSAM

Toda a sustentabilidade na carne do Reino Unido “A carne está a ser diabolizada” Isabel do Carmo

Transformers Multiwasher

desempenho e design

A PAC está morta, viva a PAC!

O longo caminho rumo a uma nova Política Agrícola Comum

Alterações climáticas

aceleram manipulação genética

www.bifelovers.pt




: : EDITORIAL : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Parlamento Europeu, com dois pesos e duas medidas. Por M. Oliveira

O Parlamento Europeu votou por maioria contra uma emenda que propunha proibir na UE o uso de nomes “linguiça”, “hamburguer”, “salsicha” para produtos feitos de vegetais e cereais que não contém carne mas, imitam a sua textura. No entanto, na mesma reunião, a maioria dos eurodeputados aprovou uma emenda que proíbe os nomes “iogurte”, “manteiga”, “queijo” ou “creme” e qualquer comparação com componentes de leite para produtos sem leite animal. Ou seja, um hamburguer pode ser sem carne mas um iogurte ou um queijo já não pode ser sem leite. Isto faz algum sentido?

Só me ocorre uma coisa: neste regabofe do Parlamento Europeu, mais uma vez, os lobbys dos mais fortes impuseram as suas regras . O lobby vegan triunfou; o lobby dos lacticínios fez o trabalho de casa e defendeu a sua “ dama”, conforme pode e o lobby do setor das carnes não teve força para contrariar uma decisão absolutamente ridícula. Salva-se neste fracasso os eurodeputados da República da Irlanda que estoicamente foram os únicos que tentaram contrariar a ofensiva vegan.

vegetariano”.

Nicolaj Villumsen, eurodeputado do Grupo da Esquerda Unitária Europeia ( Esquerda Verde Nórdica, postou no Twitter: “A razão prevaleceu e os poluidores perderam. Vale a pena comemorar com um hamburguer

Curiosamente, a França já havia adotado esta proibição, ou seja, um produto só pode ser apresentado ao consumidor como hamburguer, salsicha ou bife se realmente tiver carne. Assim como a designação »

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Por sua vez, Jytte Guteland, eurodeputada sueca da Aliança Progressista da Social Democracia escreveu: “Vou comemorar com um hambúrguer vegano", revelando alguma soberba e ,sobretudo, um grande falta de respeito pelos milhões de agricultores europeus e do setor pecuário que se esforçam no dia-a-dia para trabalhar de forma sustentável.


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queijo, manteiga ou iogurte só pode ser apresentada ao consumidor se na sua confecção existir o produto nuclear destes produtos: o leite. E isto é que faz sentido! Sabe-se que a rejeição desta alteração não deve, no entanto, ter qualquer impacto na proibição recentemente adotada pela França, acredita Katia Lentz, advogada especializada em legislação alimentar da Keller & Heckman, “enquanto o texto não for harmonizado e, por conseguinte, os Estados Membros têm a liberdade de assumir uma posição mais restritiva e poderão escolher, por si próprios, os produtos que imitam a textura da carne”, explica. E aqui é que está o busílis da questão! O lobby vegan apoiado por uma fortíssima industria química (basta pensar no desenvolvimento da carne sintética), não só quer apoderar-se dos termos culturais da carne como se perfila para imitar a textura da carne! O Parlamento Europeu não levou em conta o apelo do setor das carnes de proibir produtos de origem vegetal de usar termos como bife, salsicha ou hamburguer. Os produtores argumentaram que usar palavras como hamburguer ou salsicha para designar produtos não à base de carne poderia levar os consumidores ao engano. A Associação Europeia de Agricultores “Copa Cogeca” argumentou que permitir tais termos abriria uma “caixa de Pandora” de redações confusas. O parlamento Europeu não aceitou os argumentos mas, curiosamente, exigiu restrições mais rígidas na rotulagem de substitutos à base de vegetais. Ou seja, a industria não pode utilizar a designação “leite”, por exemplo, na bebida de amêndoa, porque não é um produto á base de leite, mas pode utilizar a designação “hamburguer” para um produto sem carne. Dois pesos e duas medidas. As empresas que fabricam produtos vegetarianos argumentaram que banir esses termos desencorajaria os consumidores de mudar para dietas mais baseadas em vegetais. E assim, a maioria do legisladores da UE acabaram por votar na autorização dos termos de carne para produtos sem carne e por regras mais rígidas para a rotulagem de substitutos de leite, apoiando a proibição de termos “semelhante ao leite” ou “tipo queijo” para produtos à base de plantas que não contenham ingredientes lácteos. O Tribunal de Justiça Europeu já tinha proibido termos como "leite de soja" e "queijo vegan" há três anos, decidindo que palavras como leite, manteiga, queijo e iogurte não podem ser usadas para produtos não lácteos. Rotular produtos vegetais com termos de carne é enganoso e abre as portas para outros rótulos confusos. “Simplesmente pedimos que o trabalho de milhões de agricultores europeus e trabalhadores do setor pecuário seja reconhecido e respeitado”, disse Jean-Pierre Fleury, presidente da “Copa Cogeca”, o maior grupo de lobby agrícola da Europa, em um comunicado. Ele descreveu o uso de nomes semelhantes a carne para produtos vegetais como "sequestro cultural". Não podia estar mais de acordo.

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SUMÁRIO Edição bimestral nº 191 novembro / dezembro

04 : : EDITORIAL

Parlamento Europeu, com dois pesos e duas medidas

08 : : bifelovers.pt

08

Toda a sustentabilidade na carne do Reino Unido

20 : : Entrevista com Isabel do Carmo

“ A carne está a ser diabolizada...”

30 : : CONSUMO

Transformers

20

40

40 : : Limpeza e higienização

Multiwasher, desempenho e design

50 : : PAC

O longo caminho rumo a uma nova Política Agrícola Comum (ou A PAC está morta, viva a PAC! )

54 : : Multivac

50

Termoseladora TX710 Alta Performance

60 : : ambiente

Alterações climáticas aceleram manipulação genética

64 : : BIZERBA

A etiquetagem perfeita

66 : : LIMPEZA E HIGIENIZAÇÃO

Sistemas de higienização

Revista Bimestral

FICHA TÉCNICA

69 : : Produção europeia de carne

Propriedade: Azitania Global Expedition S.L. C.I.F. b8662786 Calle Génova 15 Piso 3 Derecha 28014 Madrid e. revistacarneportugal@gmail.com

70 : : Industrias de carne europeias de pequena e

Assinatura, artigos e publicidade: e. aglobalexpedition@gmail.com

Práticas eficazes para a redução dos gases com efeito estufa

média dimensão: uma cadeia de abastecimento que garante excelente qualidade

Versão em português Isenta de registo a ERC ao abrigo do Decreto-Lei 8/99 de 9/06 artº12 nº1 A

Redação: Diretor: M. Oliveira Chefe de Redação: Glória Oliveira Gestão de conteúdos: Luís Almeida e Aberto Pascual Design Gráfico e paginação: Patrícia Machado Versão impressa e digital: mais de 250.000 leitores (dados auditados) Revista Carne é associado de: Maitre - Open Plataform for journalists and Researchers e SPJ Society of Professional Journalists


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Toda a sustentabilidade na

carne do Reino Unido Com a enorme popularidade da internet, é quase inevitável que toda a empresa ou negócio tenha um site. Não se trata apenas de uma moda, mas sim de uma consciência cada vez maior das vantagens de usar a rede global como método de promover produtos, serviços ou transmitir informação. AHDB – Agricultural & Horticultural Development Board, organismo intersectorial que regula o setor da carne no Reino Unido, desenvolveu um site inteiramente dedicado

ao Borrego e ao Bovino Britânicos, através do seu agente em Portugal, a Green Seed Portugal. O objetivo deste site é criar uma interação de credibilidade, sustentabilidade e informação sobre a carne de borrego e de bovino produzida no Reino Unido, uma tradição com uma interessante representatividade, no nosso país. “ Estrategicamente, a exportação é muito

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importante para a carne do Reino Unido e é igualmente importante fornecer informação de suporte nos países onde se fazem esses negócios. E, desta forma, entendemos quer no borrego quer no bovino mas, especialmente, no borrego existe muito pouca informação. O consumidor em geral desconhece muitos dos seus aspectos fundamentais e infelizmente a carne vermelha hoje é “um inimigo abater” para novas tendências de consumo como o veganismo. Daí que tenhamos resolvido avançar com este projeto onde »


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compilamos e atualizamos muita informação pertinente que vai ao encontro do profissional de alimentação e do consumidor em geral”, refere Luís Garcia, Managing Director da Green Seed Portugal. Clicando em www.bifelovers.pt encontramos um site com um design muito atrativo, excelente informação, intuitivo e com uma abordagem comunicativa e abrangente direcionado para vários targets. “ Desde a pessoa que quer encontrar um receita nova ou uma nova abordagem culinária, por exemplo, a carne de borrego com receitas alternativas às receitas tradicionais, passando pelo curioso ou amante da carne que se interessa pelo tema e quer estar mais bem informado sobre o produto, até ao profissional propriamente dito”, sublinha Luís Garcia.

Bovinos A carne de bovino do Reino Unido goza de credibilidade de qualidade à escala global, desde as raças continentais às raças autóctones, a carne do Reino Unido transmite uma sensação de confiança alimentar. Raças como a Aberdeen-Angus ou a Hereford, conhecidas e apreciadas em todo o mundo, têm a sua origem no Reino Unido. “Sabemos, por exemplo, que a raça Aberdeen-Angus é um ponto de honra para alguns grupos de distribuição em Portugal. Para além das raças Angus e Hereford, no site também abordamos outras raças autóctones britânicas. Diria que a carne inglesa tem os seus pontes fortes e, não

“Entendemos que é muito importante passarmos uma mensagem: a carne de uma forma geral está sobre ataque, sobretudo, a carne vermelha e, neste sentido compilamos um conjunto de informação que é bastante útil para desmistificar aquilo que de errado se diz, umas vezes, por ignorância, outras, com intenção. Obviamente, sempre numa perspectiva de destacar a carne do Reino Unido que nesta dimensão tem uma vantagem competitiva às carne de outras origens. Tudo isto sustentado no nosso site de forma profissional, especialmente, através dos cortes de carne, inclusivamente com vídeos tutoriais que demonstram todas as potencialidades que se podem obter a partir de uma carcaça”, acrescenta.

Portugal importa cerca de 600 toneladas de carne de bovino do Reino Unido. quero com isto dizer que seja superior a todas as outras pois em todos os países produtores há carne excelente e outras menos boas, entendo que cada produto tem o seu lugar e faz parte, felizmente, da grande diversificação que temos ao nosso alcance. Temos é que perceber algumas diferenças ou algumas características da carne. Primeiro é a alimentação. Naturalmente e no site também se explica isso, mais de 90% dos animais são alimentados a pasto. Logo aí existem algumas vantagens. O que o pasto

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aporta à carne não só em termos de sabor mas também em nutrientes essenciais e, nesse sentido, é superior a outra carne com base na ração ou cereais. É uma carne menos gorda, tenra e muito saborosa”, defende Luís Garcia. A industria de carne do Reino Unido através da AHDB implementou um sistema normativo que garante não só a qualidade da carne como os processos que estiveram na base da sua produção. Esse é um sistema de certificação que consiste na aposição »


: : bifelovers.pt : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

de um selo de garantia QSM - QUALITY STANDARD MEAT (que se decompõe em BEEF e LAMB), quando aquela carne cumpre com um exigente caderno de encargos cujos detalhes podem ser consultados no site www. bifelovers.pt mais precisamente através dos links https://bifelovers.pt/bovino/qualidade/ e https://bifelovers.pt/borrego/qualidade/ Esses standards dizem respeito ao meio ambiente e a todo o controlo sanitário a que os animais devem estar sujeitos desde a sua alimentação, passando por instalações, procedimentos e manuseamentos e transporte até ao matadouro, abate, desmancha, embalamento e distribuição das carnes que deles resultam. Assim, quando o consumidor vir esse logo na embalagem, sabe que todos esses cuidados foram respeitados para obter aquela carne. Estamos, portanto, perante uma carne de qualidade com características singulares. A questão pertinente é: o consumidor português reconhece essas características? “Quando prova gosta mas não é fácil associar a carne à origem. É claro que de acordo com a legislação em vigor, é obrigatório mencionar os locais de origem e desmancha da carne. Mas por regra, no caso da carne importada desmanchada pelo retalhista seja na loja ou processada a montante da mesma, a sua origem não é referenciada mais do que o quanto a lei obriga na embalagem, a não ser que o retahista expressamente o pretenda como acontece com a carne dos Açores ou Alentejana, por exemplo. Daí que a AHDB tenha apoiado um projeto pioneiro da NIPA ( maior importador de carnes UK para Portugal), para a carne de borrego britãnico disponível em couvetes skin pack com um forte visibilidade do selo QSM bEEF, embalados na origem como é o caso das Picanhas ou das Maminhas, cortes de origem brasileira e de grande popularidade em Portugal. A marca com maior visibilidade no mercado português é a St Merryn’s pertencente ao grupo Kepak, também importado pela NIPA.”, explica.

As picanhas exportadas pela Saint Merryn’s Meat (Kepac), assim como as maminhas têm tido, segundo Luís Garcia, “um aceitação tremenda. “Digo mesmo, mais houvesse mais se vendia”.

"...As nossas picanhas são importadas como já disse pela NIPA e estão certificadas segundo os mais altos padrões de qualidade do Reino Unido e da UE."

Neste sentido, a produção de carne de bovino do Reino Unido responde a todas as exigências atuais de qualidade, bem-estar animal, meio-ambiente e sustentabilidade.

autossuficiente em ovinos, quase 10% de aumento em relação ao ano anterior. Durante o mesmo período, as exportações de carne de borrego aumentaram notavelmente e as importações diminuíram.

Autossuficiência de ovinos do Reino Unido, favorece a exportação do para Portugal Em 2019, o Reino Unido era 109%

A auto-suficiência de borregos do Reino Unido flutua de ano para ano embora a tendência geral revele um aumento na autossuficiência. Isto deve-se ao facto

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de a produção de ovinos do Reino Unido permanecer estável, apesar de se assistir a uma queda no consumo doméstico. Portanto, de ano para ano, o diferencial entre a produção e o consumo é maior. Desta forma, o excedente exportável de carne de borrego aumenta, proporcionalmente, verificandose que o acesso aos principais mercados de exportação, como a União Europeia, é crucial. »


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Luís Garcia

, é licenciado em Economia pela Universidade do Porto, com um MBA - Master of Business Administration pela Universidade Nova de Lisboa. Seguiu-se uma sólida carreira na área alimentar e bebidas que começou, em 1982, na Dun & Bradstreet como analista de negócios, seguindo-se 5 anos na Unilever onde alcançou o cargo de Gerente de Produto Sénior, antes de sair em 1989. A partir daí abraçou o mundo dos vinhos e bebidas espirituosas ao ser Diretor Comercial e de Marketing da Sogrape. Em 1999, foi altura de mais uma mudança, desta vez, por conta própria, representando em Portugal.

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Importação e exportação Os volumes de importação e carne de borrego que entram no Reino Unido têm diminuído nos últimos anos. Um facto impulsionado pelos principais países exportadores de carne de borrego, como a Nova Zelândia e Austrália, com o foco em novos mercados, sobretudo, na Ásia, refletindo-se no envio de menos produtos para o Reino Unido. Ao observar as mudanças nos volumes de importação e exportação, o equilíbrio da carcaça é um fator muito importante a ser considerado. O consumidor do Reino Unido têm uma predileção maior por pernas de borrego e uma procura relativamente menor

Portugal importa cerca de 1600 toneladas de borrego do Reino Unido. por alguns outros cortes. Isto quer dizer que se o Reino Unido aumentasse ainda mais a produção doméstica para produzir mais pernas de borrego, obviamente, estaria a produzir outros cortes que provavelmente precisariam de ser exportados. É por isso que grande parte das exportações do Reino Unido se dá na forma de dianteiros ou cortes destacados do traseiro como os vãos ou as alcatras.

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Brexit Com o excedentário exportável de carne de borrego do Reino Unido, provavelmente, em crescendo, a necessidade de livre comércio com a UE revela-se extremamente importante. O principal mercado do Reino Unido para as exportações de carne de borrego continua a ser a União Europeia, com mais de 90% do total das exportações. Sem acesso ao mercado europeu através do acordo de livre comércio, as taxas de exportação, podem prejudicar a competitividade do produto do Reino Unido. Se um acordo com a UE será alcançado ou não, ainda é algo indeterminado neste »


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momento. No entanto, as atuais taxas de importação previstas no quadro dos acordos para terceiros países (WTO) dão uma visão do que serão as tarifas de um Brexit sem acordo. É importante notar que mesmo que um acordo seja fechado, é provável que alguns fatores tenham impacto no mercado da carne de borrego do Reino Unido, incluindo restrições e atrasos nos portos que retardam a movimentação de produtos. Com acordo ou sem acordo, a realidade é que o Reino Unido se tornará um país terceiro e exportar ou importar para/de o Reino Unido é diferente do que fazer uma simples entrega, como antes do Brexit. Portugal, entres outros, pode beneficiar do excedente de produção de carne e dos preços competitivos do borrego do Reino Unido. Mas fará algum sentido, sobretudo, neste período de pandemia e de crise económica, importar carne de borrego do Reino Unido? Luís Garcia, é peremptório: “ Mais do que fazer sentido e, absolutamente, imprescindível porque o perfil da produção nacional só parcialmente se adequa às necessidades do mercado. Ou seja, a produção nacional está desenhada para atingir o seu pivô de oferta por volta da Páscoa. E quando falamos no período do Natal, que é outro grande momento de consumo, a produção nacional é manifestamente insuficiente. Não há borregos suficientes no mercado para as necessidades de consumo e isso acontece a partir de outubro, novembro, com o auge do pico em dezembro e, aí surge uma janela de oportunidade que, aliás, sempre existiu em relação à importação de carne de borrego. Em suma, por um lado não existe oferta suficiente, por outro, o borrego nacional é substancialmente mais caro, sobretudo, nessa altura. Já em relação à Páscoa, o ciclo inverte-se, o borrego do Reino Unido está longe de ser competitivo, face ao nacional”, refere. Tendo em conta que a sazonalidade do consumo de borrego está muito enraizada na cultura portuguesa ( e irá continuar), o que não acontece, por exemplo, no Reino Unido, ou noutros países da UE, em que o borrego há muito que deixou de fazer parte só da gastronomia festiva e passou ocupar lugar cativo do dia-a-dia, a estratégia passa incentivar o aumento da carne de borrego, diminuindo a sazonalidade.

O site www.bifelovers.pt potencia a carne de borrego, quer em termos de diversificação culinária para consumo durante o ano inteiro e não apenas no limites das tradicionais e regionais das “velhas” receitas do ensopado de borrego ou do borrego assado no forno. Na opinião de Luís Garcia, acaba por ser uma limitação para o desenvolvimento do mercado “pelas seguintes razões: primeiro, porque as pessoas mais novas não têm predisposição para cozinhar; não sabem ou não querem fazer esse tipo de preparações demoradas e o nosso objetivo - através do site - passa por mostrar que existem muitas outras maneiras de consumir borrego, de preparação fácil e prática e igualmente saborosa. Essa situação pode ser potenciada por embalagens em doses mais pequenas, mais convenientes, apelativas e de maior validade, precisamente

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"...a produção nacional está desenhada para atingir o seu pico de oferta por volta da Páscoa." como aquelas que referimos acima e que por esses motivos a AHDB decidiu patrocinar”. O site www.bifelovers.pt aborda este e outros temas de forma muito intuitiva e refrescante. Neste sentido, a gastronomia nacional pode alargar muito os horizontes em relação ao consumo de carne de borrego, “por exemplo, os cortes de alcatra, enquanto bifes com uma preparação semelhante a um bife de bovino, porque normalmente em Portugal o consumo está muito agarrado às costeletas e pouco » mais”, acrescenta.


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Evolução de consumo Até há pouco tempo o borrego só era vendido, inteiro ou em meias-carcaças, sobretudo no comércio tradicional, vulgo talho. As sedutoras embalagens de cuvetes skin pack que acima referimos vão colmatar as deficiências de informação e sugestão de consumo que os talhos são incapazes de proporcionar, através duma receita culinária assim como a informação sobre os pastos de alimentação, e sobre os quais se pode ler: “Tudo começa na alimentação dos animais e para isso não há melhor que a inglesa. A ryegrass (lolium Perenne) , que se parece com o trigo verde, é a base do pasto, crescendo abundantemente em solos férteis, expostos a climas húmidos e frios. Em Inglaterra, contém uma quantidade apreciável de trevo branco/vermelho , altamente nutritivo para os animais, fixando a proteína e dispensando o uso de fertilizantes sintéticos. Tudo isto numa paisagem onde as colinas suaves e extensas permitem a transumância para pastagens mais altas no verão, onde os animais procuram alimentos mais ricos em nutrientes essenciais”. Existe algum preconceito alimentar que a carne de borrego oriunda do Reino Unido é mais gorda e revela um sabor mais intenso, que o do borrego nacional. “O pasto verdejante do Reino Unido dá-lhe um pouco mais de intensidade no sabor e na gordura. O borrego nacional por força do clima e do misto de alimentação pasto e sequeiro não é tanto assim. Da mesma forma que o peso da carcaça do borrego no Reino Unido é maior, pode ir dos 15 a 20 kg ou até mais, enquanto que em Portugal as carcaças anda à volta dos 12/13 quilos. Mas, é importante dizer que por altura do Natal em que o ciclo de produção de borregos de montanha, não tem características muito diferentes dos nacionais que em Invernos pluviosos só recebem pasto. E por estarem numa fase precoce do seu ciclo atingem pesos semelhantes os seja entre os 12 e 13 quilos. Mas o poderia ser uma desvantagem tendo em conta a produção nacional quando falamos de carcaças inteiras é claramente uma vantagem quando falamos de cortes. Isto porque um vão procedente de uma carcaça mais pesada dá origem a costeletas mais carnudas e suculentas, ou seja, com um bom rendimento bem melhor do que as obtidas de uma carcaça de borrego nacional”, argumenta. www.bifelovers.pt Mas o site não se fica só por destacar a

qualidade da carne do Reino Unido. Aborda outros temas como a dieta saudável e aborda a questão sensível dos ataques ao consumo de carne, com coragem e transparência. “Existem dois mitos em ralação à carne. O primeiro é que a carne vermelha faz mal, porque é uma gordura saturada e eleva o colesterol ou porque é causadora de cancros. A segunda, é que faz mal ao ambiente. No nosso site procuramos desmistificar estes mitos e, quer uma quer outra, têm sido o foco das nossas comunicações. Entendemos que um consumidor bem informado, é

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um consumidor que opta por uma dieta equilibrada e saudável”. Podemos dizer que a questão do meioambiente e da sustentabilidade andam sempre de mãos dadas. A sustentabilidade é basicamente a capacidade que o ser humano possui de usufruir dos recursos naturais presentes no planeta sem os hipotecar para as gerações futuras. Quando falamos de recursos naturais, referimo-nos basicamente ao meio-ambiente, pois tudo o que o utilizamos no nosso dia-a-dia depende direta ou indiretamente dele. Preservar o meio »


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ambiente, desta forma, torna-se um dos princípios básicos da sustentabilidade. O site bifelovers.pt aborda esta questão com muita clareza: “Há um conjunto de questões, que tem sido utilizadas como arma de arremesso contra a carne, entre outros interesses. Por exemplo, as emissões de CO2 da atividade pecuária anda na ordem dos 5,5% mas, há uma parte dessas emissões, cerca de 60%, que são capturadas pela própria pastagem, ou seja, o efeito liquido não ultrapassa os 3,5% das emissões. Mas para os detratores, estes dados não interessam. E é neste sentido, que o nosso site é uma ferramenta muito útil para quem se interessa pelo tema”. No Reino Unido, 65% do território agrícola são terrenos cuja única utilidade é as de poderem servir enquanto pastagens para alimentar gado porque a característica dos solos e a água da chuva criaram o habitat natural para a criação de gado. O Homem aprendeu a aproveitar melhor os recursos através da criação de gado e, neste caso, é mesmo melhor a utilização que se pode dar aos recursos disponíveis. A este propósito, convém referir que o Reino Unido não é um daqueles países aonde as pastagens tem por base o desmatamento das florestas de recursos únicos e insubstituíveis no contexto do equilíbrio ambiental global. Por fim cabe-nos acrescentar que contrariamente ao que é sugerido nessas peças, a criação de gado no Reino Unido é por si só um fator promotor da biodiversidade através da construção de sebes que permitem a retenção de água no solo e da preservação de charcas e pântanos, verdadeiros canalizadores da biodiversidade: mais de 770 espécies de flores silvestres e de 1400 espécies de polinizadores e outros insetos dependem dos pastos para a sua sobrevivência. Por outro lado, segundo o site bifelovers.pt, é muito importante analisar os tipos de gases que são libertados. No caso da industria de carne o metano tem uma componente mais importante que o CO2 mas, o metano é menos perigoso que que o dióxido de carbono, dado que este fica retido na atmosfera de 200 a 400 anos, enquanto que o metano passados 10 anos é reabsorvido. “E ainda temos outra questão: a produção de carne, argumentam alguns, que consome recursos e consome imensa água. Não é bem assim, porque da totalidade de água que é necessária para produzir um quilo de carne só um 1% é que vem dos aproveitamentos hídricos, ou seja da torneira, os 99% são da água que das chuvas que se fixam na terra alimentam as pastagens. É muito importante, a desmitificação de todos este mitos e o nosso site providencia todas estas informações. Temos que encontrar um equilíbrio. Existem multinacionais interessadas em fazer produtos que parecem carne mas não são. É inevitável que o consumidor caminha nesse sentido mas seria muito interessante que as pessoas se interessassem mais no sentido de saber quais são as implicações na saúde e no ambiente. Neste caso, em concreto, é bom que se saiba que para produzir 1 kg de amêndoas na Califórnia para obter o tão na moda “leite” de amêndoa são necessários, nada mais nada menos do que 5.260 litros de água retirados ao consumo humano. Na medida em o “leite” de amêndoas representa 3% do fruto, estamos a falar em 158 litros, 20 vezes mais que um litro de leite de vaca!!!, concluiu.

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: : Isabel do Carmo : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

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“ A carne está a ser diabolizada...” Alimentação – Mitos e factos é o titulo do novo livro de Isabel do Carmo, que detém já uma longa obra divulgativa sobre vários aspetos de saúde. Médica Especialista em Endocrinologia, Diabetes e Nutrição. Licenciada e Doutorada pela Faculdade de Medicina de Lisboa, concedeu uma entrevista à revista Carne. Alimentação – Mitos e factos É um livro prático e informativo que ensina a escolher a dieta mais equilibrada e saudável, baseada nas mais recentes descobertas científicas e estudos credíveis. Todos damos muita atenção ao que comemos porque sabemos que a alimentação tem um impacto enorme na nossa saúde, na nossa aparência e na qualidade das nossas vidas. E no entanto, muitas vezes baseamos os nossos comportamentos e escolhas alimentares em informações incompletas, deturpadas ou mesmo erradas. Escreveu agora Alimentação - Mitos e Factos para nos ajudar a tomarmos as opções alimentares mais vantajosas para as nossas vidas - baseadas em fontes de informação fidedignas e com o rigor científico que um tema tão importante presume. Alimentação - Mitos e Factos proporciona uma visão equilibrada e fundamentada sobre: - As principais dietas da moda: da Paleo às de emagrecimento como a Atkins, com restrição de hidratos de carbono – As guerras a alguns nutrientes, como o glúten e a Lactose - O consumo de carne e os regimes vegetarianos, suas vantagens e desvantagens - A dieta mediterrânica - Os suplementos nutricionais e os medicamentos «naturais»: plantas, ervas e suplementos naturais - A relação entre a alimentação e o relógio biológico. A crononutrição Estes são alguns dos temas tratados ao Longo do novo e importante trabalho da Prof.ª Isabel do Carmo, que nos esclarece sobre os efeitos que os nossos comportamentos e escolhas alimentares têm

no organismo. Costumo comparar os nutricionistas com os Chefes de cozinha. Há os que fazem o seu trabalho e há os que estão muito na moda. Isso é uma boa comparação. Não sou nutricionista, sou médica, mas de qualquer maneira tenho- me dedicado à nutrição. E há modas! Existem os autores de moda, uns melhores, outros piores, mas há sobretudo modas. Na cozinha há mesmo Chefes da moda e depois há restaurantes bons (gargalhada) e... acessíveis. O seu livro vem pôr em causa uma série de teorias. A sua perspectiva científica é capaz de pôr alguns nutricionistas e até médicos que escreveram livros sobre nutrição à beira de um ataque de nervos... A maior parte das modas não tem origem no meio académico, nem no meio científico. Embora haja um ou outro artigo, um ou outro livro mais sério, que foram fundadores de modas, por vezes destorcidas. Por exemplo, na questão de eliminar os hidratos carbono há um artigo fundado. Realmente, saiu do meio científico e foi publicado numa revista de prestigio, mas a partir daí houve tanto

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contraditório, que se tornou muito polémico. Mas esse sim, saiu do meios científico. E em relação à carne? Acho que os artigos que deram origem às atitudes radicais contra a carne foram deturpados. Em relação aos hidratos de carbono houve realmente uma polémica extremada do tipo SIM ou NÃO. Mas os autores que contrariaram a moda, que acharam que devíamos todos continuar a comer hidratos de carbono eram muito mais e com mais bases científicas do que esse artigo inicial, que deu origem á polémica. Foi aquele artigo de facto radical mas depois houve muitos a contrariar essa ideia , inclusivamente recorrendo a estudos longitudinais, de seguimento de populações. Ou seja, do meio académico as modas não têm vindo tanto. Em relação à carne, há um ou outro artigo »



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científico, que combate o consumo de carne. O que é diferente de combater o consumo excessivo de carne, como faz o artigo colectivo EAT, publicado na Lancet e do qual se reclamam muitos radicais no combate a esse consumo. O que aí se fala ´w do excesso. E há artigos defensores do regime vegetariano integral, publicados com base científica em revistas de referência, que não são muitos. Os Adventista do 7º Dia têm artigos com bases científicas demonstrando os benefícios de uma comida só à base de vegetais com benefícios em determinados aspectos .Mas, de um modo geral, tem havido uma distorção dos trabalhos publicados que depois chegam à comunicação social e são tratadas de forma vendáveis e alarmistas. Temos visto como em relação à Covid 19 o papel de quase toda a comunicação social é alarmista. É uma coisa horrível. Devia de haver serenidade e posicionamento de precaução, sim, mas de forma a acalmar as pessoas. Se virmos os grande títulos e mesmo as frases que passam em rodapé na televisões são estupidamente alarmistas, desassossegam as pessoas. É mau para a saúde mental. Li o seu livro e gostei muito. Mas fiquei com a sensação que o leitor pode tirar duas ilações:

ou que defende uma dieta equilibrada ou que quer agradar a gregos e troianos.

Mas tem opinião formada. Alguns desses jovens devem apresentar alguma carência...

(Gargalhada) Pois é isso! Descrevo os dois lados, quando há polémica com bibliografia aceitável. Coloco-a ao critério do leitor. Pode parecer isso. Mas assumo as minhas posições com bases científicas. Tomo posição em relação ao consumo de leite, tomo posição em relação ao glúten, aos hidratos de carbono, em relação aos chamados suplementos alimentares, à própria carne e a muitas fake news que surgem por aí. Tentei ir buscar à literatura científica os argumentos pró e contra nas diversas áreas e aí aceito que possa estar agradar a gregos e troianos. É natural, as minhas opiniões podem coincidir com um dos lados, mas, desde já lhe digo que como carne e com base científica sou a favor da ingestão de carne.

Não há nenhuma pessoa vegetariana que entre no meu consultório a quem eu não faça avaliação do Ferro e da Vitamina B12.

Qual é a sua posição face aos seus pacientes que são vegetarianos? Em relação à opção vegetariana e tendo eu a experiência de ver jovens, são sempre jovens, e quase sempre são jovens mulheres que, geralmente, optam pela opção vegetariana, e alguns até bastante radicais, a minha posição é a mesma que que face à religião: não discuto…

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Que se encontram na carne mas também podem estar noutros alimentos... Sobretudo na carne. Faço sempre avaliação e na maioria da vezes encontro carências de Ferro e Vitamina B12. Quais são as consequências, por exemplo, do défice de Vitamina B12? A Vitamina B12 é essencial para tudo. É necessária para criar os glóbulos vermelhos, é necessária para os processos mentais mas, aquilo que vejo em todos os trabalhos sobre populações estudadas, cada vez mais, é que as pessoas que optam por uma dieta vegetariana, consomem suplementos de Vitamina B12. A pessoa faz a opção de ser vegetariano por razões que vejo que na maior parte são ideológicas e filosóficas. As razões históricas começaram com Rousseau ou com os naturalistas do século XIX, embora as razões »



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históricas fossem mais ideológicas em relação à morte dos animais e com o respeito pela natureza, que é uma ideia romântica. No seu livro cita Plutarco mas essa citação tem mais a ver com a caça... Claro. É muito interessante que diga isso. Plutarco, que foi um filosofo grego ,era completamente contra o abate de animais, por simples prazer. Ter o prazer de matar. Percebo que o homem primitivo o fizesse porque era a sua subsistência, mas não percebo que hoje se vá buscar esses impulsos de há 100.000 anos por puro prazer, baseado em instintos muito primitivos. Foi também a partir do século XIX que que se criou uma imagem diferente sobre a natureza... Uma posição romântica perante a natureza. Começou antes mas foi sobretudo no século XIX que se começou a considerar que a natureza é boa, infinitamente boa e tudo o que vá contra a natureza é mau. A natureza nem é boa nem é má, é o que é. Às vezes até é cruel...

Como, por exemplo, os terramotos. Aliás, a grande e interessante discussão foi sobre o terramoto de Lisboa de 1755 que gerou uma grande polémica entre o Voltaire e o Rousseau, A natureza não é boa para o homem. Não é. E, portanto o epíteto de natural... Mas não há aí uma certa incongruência? Nós vivemos com a natureza... temos que nos conciliar com a natureza... A natureza não é boa nem é má, é o que é. O homem é que tem a mania que é o rei da natureza e que está feita para ele, para o seu bel-prazer. Não está nem deixa de estar. Nós somos apenas um ponto na natureza e temos sobrevivido com formas de conhecimento para a melhor maneira de sobreviver, umas vezes bem, outras, destruindo. No seu livro fala em dietas de emagrecimento. E assume uma posição contra as dietas paleo, jejum, detox, entre outros, defendidas em livro por outros nutricionistas e médicos. Não se arrisca arranjar inimizades? De certeza, mas tenho de assumir. Mas lá está, qualquer uma dessas dietas que citou não têm qualquer base científica nem provém do meio

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científico. São, quase sempre, com um intuito comercial, ganhar muito dinheiro. Em Portugal nunca dá muito porque não temos escala mas, por exemplo, nos EUA que é de onde vêm todas estas invenções, ganha-se muito dinheiro. Inventar uma dieta desse tipo transforma-se num fluxo financeiro importantíssimo. Inventar que o leite é mau para saúde transforma-se num fluxo financeiro da soja com um poder incrível. Essas modas todas ou têm origem diretamente ou formam-se em meios comerciais. Hoje em dia, há pessoas que dizem ser intolerantes ao leite só porque sim? Quando falo com os meus doentes ou de pessoas que me procuram para aconselhamento, falo dos alimentos todos e quando falo do leite em especial .São as mulheres mais jovens que dizem que são intolerantes ao leite. As senhoras mais velhas não são intolerantes. Agora, apareceram as intolerantes! Quando a intolerância é uma questão genética e, portanto, podiam ser todas ou nenhuma ou algumas mas nas várias gerações. É sem dúvida uma moda. »


: : Isabel do Carmo : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Já agora deixe-me dizer que já arranjei inimigos. Já recebi umas cartas ameaçadoras de um industria internacional e de um estabelecimento português. Cartas no género “...se continua a insistir vamos para tribunal...”. E também já em programas de televisão, durante o intervalo, fui ameaçada por duas vezes. Assumo com frontalidade uma posição forte e direta face a certas modas que não têm qualquer fundamento científico, que são só para fazer dinheiro. Nessas situações sou claramente assim, que é a história do glúten, a história do leite, das dietas de emagrecimento, paleos, detox e outras. Que tipo de pessoas é “embarcam” mais nessas dietas? As pessoas que vejo a fazer detox são pessoas de nível universitário, ninguém no campo, no interior, se lembra de fazer detox... Diz-se que liberta as toxinas... Que toxinas? É um disparate. As toxinas são produtos de bactérias tóxicas que causam intoxicações agudas e que têm de ser tratadas, que causam as vulgarmente chamadas gastroenterites. Uma pessoa que tem uma gastroenterite com febre tem que tomar um antibiótico. E se tiver uma perda substancial de líquidos tem que ir para o hospital fazer soro. Estas são intoxicações com toxinas da bactérias. De resto, os produtos internos que nós temos no organismo e que tem de ser expulsos, são deitados fora, são primeiro filtrados pelo fígado e depois deitados fora pelo rim. Portanto, se estivermos a funcionar bem no fígado e no rim tudo quanto estiver a mais, sai. Se calhar são toxinas psicológicas... De certeza. É uma onda filosófica de filosofia barata, entende-se. É a tal história que vem dos anos 70, 80 do século passado que foi quando começou a onda dos new-age e foi nessa altura que se descobriu que havia outras culturas. Foi bom porque éramos e somos euro-egocêntricos e, portanto, foi muito bom descobrir que havia culturas diferentes da nossa e ter respeito por elas. Daí, passou-se para uma admiração religiosa pelas culturas fora da Europa, passouse do respeito e da descoberta para a adoração dogmática. Fala no seu livro na adoração pela cultura chinesa enquanto milhões e milhões passavam fome... Morriam

de

fome.

Lembro-me

de

ter

discussões dessas em que me diziam “ mas os chineses fazem assim”... fazem? Mas os chineses estavam a morrer de forme...

Não há duvida que em relação aos vegetais está mais que provado que são benéficos. Há muita base científica irrefutável.

Mais tarde, certos conceitos chineses transformaram-se num negócio. Há a medicina chinesa, os produtos chineses e, curiosamente, em relação aos produtos medicamentosos chineses - e eu chamo-lhes medicamentosos porque agem como tal – começaram a surgir trabalhos efetuados pela própria comunidade científica chinesa que começaram a denunciar a toxicidade de substâncias que fazem parte desses “medicamentos”. Não lhes chamam medicamentos, chamam suplementos mas não são suplementos nenhuns. São tóxicos, são uma moda e, mais uma vez, é uma moda comercial.

Tudo equilibradamente...

As pessoas acabam por ficar confusas com tanta oferta? O que devemos fazer? Gosto de carne assada, de costeletas de borrego, perna de peru mas o que aconselho e faço é: metade do prato com vegetais. E depois no resto, que a dose de carne ou de peixe seja do tamanho da palma da mão. Nas mulheres é mais pequena nos homens é maior. O resto dos acompanhamentos pode com uma batata, com feijão e grão que são muito bons acompanhamentos. Arroz, massa... Também tenho as minhas teorias que não as publico porque que teriam de ser confirmadas com bases científicas mas acredito que os homens comem poucos vegetais e as mulheres gostam muito mais de vegetais. As mulheres gostam muito mais de frutas, os homens gostam menos de fruta. As mulheres gostam mais de doces, os homens gostam mais de petiscos. Mas isto é constante, se realmente tivesse que fazer um estudo, uma estatística, tenho a certeza que era este o resultado que me dava. O que é fantasia da minha cabeça, é eu pensar que isto deve-se a que há há 100.000 anos e menos, as mulheres é que andavam a colher as ervas e os frutos e os homens é que andavam à caça e, depois tinham direito à melhor peça... Começamos por comer carne... Indispensável. E os homens comiam a melhor peça de carne não tenho duvidas nenhumas, e as mulheres comiam mais ervas e fruta e isto é capaz de ser um gosto ancestral. É uma hipótese não tenho qualquer base para dizer isto mas ponho seriamente essa hipótese. Vejo todos os dias, mas todos os dias, esta escolha. E então nos rapazinhos, nos adolescentes para os convencer a comer vegetais é um castigo.

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É essa a dieta mediterrânica! Uma dieta que não seja equilibrada.... São monótonas e insuficientes. E depois é conforme as pessoas, é conforme as idades. Em relação à carne, a partir do quinto sexto mês do bebé a carne deve ser introduzida na sua alimentação. Ainda há pouco tempo li um artigo de revisão científica muito interessante que confirmava que a partir do sexto mês deve ser introduzida a carne na alimentação dos bebés. A partir daí é necessário apostar na diversificação da alimentação e introduzir tb a carne. As proteínas de origem animal. O peixe, a carne, o ovo, depois no crescimento da criança e igualmente na adolescência. Nos rapazes que estão a fazer músculo e comem muito. É incrível o que eles comem mas estão a fazer muito músculo e muito osso. As raparigas também fazem músculo e osso, menos que os rapazes e fazem mais gordura de reserva que é das ancas e das coxas de que elas não gostam mas é fisiológico, tem que ter gordura de reserva e depois começam a menstruações e há perda de ferro. E também ai devem comer carne. Mas os vegetais também têm ferro... Os vegetais têm Ferro só que não são assimiláveis pelo ser humano, porque não temos enzimas nos intestinos para poder assimilar o ferro dos vegetais. Atualmente, surgem argumentos publicados onde se põe a hipótese de que os indianos ou populações que baseiam a sua dieta em vegetais tenham eventualmente uma adaptação genética e, estamos a falar de epigenética há muito poucos anos. Ou seja, nascemos com um determinado conjunto de genes que é o DNA e de acordo com Darwin ou com Wenzel, ficávamos para sempre com a nossa marca genética. Atualmente, sabe-se que desde que se começou a seguir o genoma humano que pode haver fenómenos de modificação dos genes, articulados pelo ambiente a que se chama epigenética. E a partir daqui começou a verificar-se que há vários fatores ambientais que podem »


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modificar o nosso DNA a partir da gestação e depois por aí fora. Havia anteriormente estudos epidemiológicos que apontavam nesse sentido, neste momento há estudos bioquímicos que mostram isso. E, atualmente, há estudos muito interessantes que mostram que ao longo de milhares de anos houve uma adaptação de populações a determinado tipo de alimentação e parece que naquelas zonas onde as pessoas são predominantemente vegetarianas, o caso da India, houve uma adaptação genética para o aproveitamento do ferro. Isto é ainda muito pouco... No caso da India a esperança de vida também é substancialmente inferior... Isso é outra questão. Quando vêm com o argumento que os vegetarianos na India sobrevivem, sobrevivem pouco. Enfrentam outros problemas? Têm fome. Têm doenças infecciosas, têm uma esperança de vida muito pequena. E chegou-se à conclusão – e isto já não é do capitulo do ferro e da carne - que a gordura intra-abdominal em populações como na India ou na China ou de

África que saem da fome, o efeito maléfico da gordura intra-abdominal é muito maior do que nas populações que já saíram há muito da fome. É a situação dos excessos. É difícil dizer a uma pessoa que passou maior parte da sua vida a passar fome que deve optar por uma dieta equilibrada.

pesquisa científica, achei que a divulgação do pensamento científico estava em risco, até nas classes mais instruídas. A certa altura tive vontade de escrever este livro para contribuir, de alguma forma, para se perceber o que é a investigação científica e o que é o pensamento critico e como as fake news estão a fazer mal à sociedade.

O que a levou a escrever este livro?

A carne está a ser diabolizada?

Era para não escrever mais sobre este tema porque me sentia desiludida. Estive na Plataforma Contra a Obesidade da Direção Geral de Saúde e nós pregávamos, pregávamos e, entretanto, a obesidade em Portugal passou para mais do dobro. Quando publiquei as primeiras coisas a obesidade estava nos 16% da população, agora, está em 28%.

A carne está a ser diabolizada, sem dúvida nenhuma. É isso, a tal onda pseudo-filosófica ou pseudo-científica das pessoas que têm admiração pelo que é natural e que pensam que a natureza foi feita para servir o homem. Acham que não se deve tocar na natureza quando a sobrevivência do ser humano fezse aproveitando a natureza com os animais e as plantas. A sobrevivência do ser humano foi também comer outros animais. Assim como os animais comem outros animais e outros vegetais.

Por outro lado, há uma abundância de livros com dietas da moda, muito vendáveis e muito comerciais e pensei que nunca mais escreveria sobre estas coisas. Mas, depois com a invasão das fake-news e com a observação dos meus doentes e é quase raro o dia em que não me aparece uma pessoa a dizer: “ouvi dizer que...”, “sei de uma amigo”, com ideias muito superficiais, que nada tem a ver com o conhecimento e com a

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A carne foi diabolizada por essa onda. Houve trabalhos com base científica muito interessantes que falaram de determinadas carnes e, a partir daí, sobretudo, a comunicação social sensacionalista levou o assunto para títulos generalizantes que não tinha nada a ver.




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“... A profissão atrai, não estamos na defensiva, estamos na afirmação do que fazemos...”, Hugo Desnoyer, um dos cortadores mais famosos de Paris.

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"...A maior rede de supermercados do mundo, decidiu interromper o corte de carne nas própria lojas e, dessa forma, passou a vender carne exclusivamente embalada..."

Transformers Na passagem do século, a Walmart Inc., empresa multinacional americana de comércio alimentar que dirige uma gigantesca rede de hipermercados, com sede em Bentoville, Arkansas, adotou uma posição de negócio que mais tarde seria acompanhada por outras grandes empresas de distribuição, em todo o globo. A maior rede de supermercados do mundo, decidiu interromper o corte de carne nas própria lojas e, dessa forma, passou a vender carne exclusivamente embalada. Uma prática que podemos ver em Portugal no Lidl, Mercadona e Aldi, por exemplo. Esta alteração parece, à priori, quase ingénua mas, mudou quase tudo em termos de consumo, inclusive, a relação da grande distribuição com a industria de carnes e criou um novo tipo de negocio: o case-ready, o produto pronto para consumo. Este transformação mostra, inequivocamente, que apesar do cliente não ser mais o mesmo, existe um pano de fundo que colora o comportamento do novo consumidor. Independentemente da sua dimensão, do seu nicho de mercado, entender a sua persona (ou publico-alvo) torna-se fundamental. Isto,

porque as pessoas esperam relações mais coerentes. Mas isto é um incongruência, dirá o leitor. Mas, por incrível que pareça, os produtos pré-embalados oferecem uma relação mais coerente, para além disso, os produtos pré-embalados oferecem uma solução conveniente para o balcão e oferece mais opções para o consumidor, enquanto reduz o trabalho e o desperdicio. Algumas cadeias de distribuição chegaram rapidamente ao case-ready como forma de não ter rupturas de stocks, eliminar a sala de desmancha e os desperdícios, já para não falar no investimento de equipamento e na sua manutenção. Por outro lado, outros, mantém uma estratégia mais conservadora, embora a tendência seja diminuir, paulatinamente, os seus balcões de venda de carne.

Mas como é que um produto case-ready pode criar relações mais coerentes? Antes de continuarmos, permita-me fazer um breve panorama sobre o consumo do século XX: apesar da comunicação (em sentido publicitário) ser idealizada como antiga, afinal de contas, mesmo na antiguidade já

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era necessário trabalhar o marketing pessoal e a difusão de ideias, de facto, as formas de consumo que conhecemos surgiram à pouco tempo. Foi no inicio do século XX, depois da revolução industrial, que o homem de facto teve condições de gerir as suas escolhas e hábitos. Até então, percorremos um longo caminho de nomadismo para a agricultura, passando por uma triste era de exploração de mão-deobra humana (escravatura), chegando a um ponto extremamente sensível. Hoje, o homem concentra-se nos centros urbanos, onde tem mais contactos com outras pessoas e diversos estilos de vida. Além disso, teoricamente, não precisa de mais de que um trabalho para garantir a sua sobrevivência. No inicio de século XX, a extração de petróleo e o uso desse combustível fóssil no lugar do carvão impulsionou a ociosidade. O homem não precisava de viver exclusivamente para garantir a sua sobrevivência. Deste forma, surge: • Uma observação consciente da cultura; • O desejo de imitar os hábitos de outras pessoas, o que acontece através dos bens como vestuário, mobiliário, viagens e comida; • A percepção de que existe um universo que » vai além das necessidades básicas.


: : Consumo : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Estimulo de desejo Além dos produtos novos não pararem de aparecer, ao longo do século XX surgiu uma nova procura: o consumo de uma forma como tal a conhecemos hoje: as pessoas passaram a sentir a necessidade de ter coisas. Boa parte dos produtos que surgiam eram completamente novos e o publico precisava de ser educado no que concerne ao seu uso, assim como hoje entendemos o marketing de conteúdo. Imagine que objetos simples como uma panela de pressão precisavam de um passo-a-passo, um manual que ajudasse as pessoas a descobrir como a usar. Era muito importante que todas as dúvidas face á sua utilização fossem sanadas antes da aquisição, semelhante às estratégias que surgiram com a transformação digital.

Desenvolvimento da Pirâmide de Maslow Neste contexto, o psicólogo norte-americano Abraham Maslow desenvolveu a teoria das necessidades – popularmente conhecida pela Pirâmide de Maslow. Dedicado à psicologia humanista, Maslow descobriu que o comportamento humano desencadeia principalmente pela motivação de satisfazer

determinadas necessidades: E logo na base da pirâmide surgem as necessidade Fisiológicas: as urgências básicas como alimentação, água, sono e abrigo; Segurança - muito usada como gatilho mental (uma das técnicas de neuromarketing), a segurança está relacionada não só às condições de proteção física da família, mas também quanto à estabilidade de emprego, garantia de saúde, de recursos e bens; Social - nesta parte da pirâmide, a pessoa já conquistou as condições adequadas para as necessidade fisiológicas e básicas de segurança. Agora o interesse está voltado para a qualidade das relações e a um sentimento de propriedade, por isso, o foco está na procura de amigos, construção de família e participação em comunidades de ideais comuns; Estima - este estágio está relacionado obviamente com a autoestima quanto ao status social do individuo. Aqui se concentram os requisitos para uma pessoa se sentir competente, capaz. Além disso, também inclui a relação de respeito mútuo entre indivíduos;

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Realização pessoal - o topo da pirâmide já está ligado ao autodesenvolvimento. A pessoa já atingiu as necessidades básicas e tem um forte espírito de partilha de ajuda ao próximo. O objetivo centra-se na superação de desafios, destacando-se atividades ligadas à criatividade, resolução, de conflitos e problemas, identificação e superação de preconceitos e desenvolvimento pessoal (competências, valências, carreira).

Consumidores mais conscientes Hoje, as pessoas compram aquilo que procuram e no momento que querem. Mesmo com o consumismo em alta e o uso de variadas técnicas de marketing para persuadir o consumidor, cada vez mais, está na sua mão decidir a compra ou não. Neste cenário as técnicas de vendas precisaram de se reinventar para se adaptar a este novo consumidor. Curiosamente, até surgiram técnicas como inbound sales, no qual o vendedor apresenta-se mais como um consultor do que como vendedor. A ideia é descobrir o problema que o lead enfrenta e apresentar a melhor solução mesmo que às vezes isso signifique a perda da própria venda. »



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Assim surge a tendência de relacionamento e fidelização da empresa com o publico. Voltando à pergunta que ficou algumas linhas atrás: mas como é que um produto case-ready pode criar relações mais pessoais e coerentes? A resposta pode ser dada com um exercício muito simples: num linear de legumes embalados, numa grande superfície, e experimente observar por alguns minutos o comportamento do consumidor. A relação de confiança com o produto é extraordinária. Não há hesitações, parece que o consumidor (na maior parte senhoras) está na sua horta, a colher aquilo que a própria semeou ou plantou. A frescura, a cor, o toque de mão, a conveniência, a declaração nutricional

(muito importante) e toda a informação “ lavado e pronto a consumir” cria uma ponte entre os factos e as ideias. Isto é coerência. Este conceito da falada coerência pode-se aplicar ao comércio local de carnes? Existe algo de contraditório ou incoerente nesta coerência? É possível um talho beneficiar desta coerência sem vender a sua carne embalada? Afinal de contas, um talho deve ser onde um artesão trabalha as suas carnes, dando forma aos seus produtos de forma manual e com a ajuda das suas ferramentas: as facas. Curiosamente, a ferramenta mais antiga do mundo, primeiro a partir de pedra lascada para cortar, raspar e bater o alimento, depois passaram a utilizar o bronze, ou o ferro. As primeiras facas apareceram 3000 anos antes da nossa Era.

“O Talhante não é um homem de bigode com o avental cheio de sangue”. As cidades modificam-se, alteram-se e ganham novos hábitos e filosofias de vida. É nas grandes urbes que surge a diversificação onde tem crescido muitíssimos conceitos de alimentares, inclusive, o de comer menos carne, em prol de uma alimentação sofisticada mas também “mais saudável e amiga do ambiente”. Por outro lado, existe o consumidor responsável, preocupado com a saúde, com consciência ambiental, que inclui a carne na sua dieta, sem qualquer preconceito. Outros, fazem o culto da carne, por raça, por peça, maturada ou não, comem carne como quem bebe um bom vinho e criam tertúlias para

"...existe o consumidor responsável, preocupado com a saúde, com consciência ambiental, que inclui a carne na sua dieta, sem qualquer preconceito..." As iscas finíssimas da Salsicharia Estremocense são um excelente exemplo do produto de livreserviço. A embalagem contém 500 g de iscas, uma embalagem de banha e uma embalagem da característica e tradicional marinada. Desta forma, fácil e pratica, o consumidor autoincentiva-se a confeccionar uma alternativa gastronómica rica em ferro e vitamina A, que de outra forma, seria pouco provável. Além disso, a memória gustativa tem um poder involuntário que nos faz ter uma consciência de sabor que remete ao passado...os bons momentos gastronómicos da casa dos avós, por exemplo.

discutir o seu sabor, a sua textura, o seu perfume, a sua tenrura. De uma maneira ou de outra, o consumo de carne diminui nas grandes cidades, embora, globalmente, o consumo de aumente consideravelmente. Neste contexto, a carne acondicionada numa embalagem atrativa vai ao encontro do consumidor da cidade. O cliente urbano, aprecia carne sem querer entender que um Cortador passe os seus dias com os dedos mergulhados em carne crua. É um ponto de vista. Há cerca de três anos, quando tive o prazer de conhecer Hugo Desnoyer, um dos talhantes mais famosos de Paris, disse-me

que “a sensação tátil da seda, da volúpia e da delicadeza da carne, é o lado sensual e sensitivo da nossa profissão”. Há quase quatro décadas a editar a revista Carne, nunca tinha ouvido um talhante descrever a sua profissão de forma tão sensível, quase poética. Assisti à mestria com que desossou metodicamente meia carcaça de novilho: a separação cuidada das peças, a precisão de separação entre ossos e carne (para não desperdiçar), o “descascar” para limpar as gorduras mais duras, o esmero do corte que segue sempre o contorno do músculo e a direção das fibras (caso contrário, a peça desintegra-se no prato), o revestimento

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e a amarração das peças para assar o mais uniforme possível. De seguida provamos deliciosa e mal passada, como rezam os “cânones”. Hugo Desnoyer, alerta-nos a nota amadeirada na costeleta de vitela, e um trago suave a noz no bife de alcatra. Percebi o que é um momento de culto, onde a experiência de comer carne atinge um patamar de excelência e todos os sentidos são elevados ao “Nirvana”. “O talhante não é um homem de bigode com um avental cheio de sangue”, refere Hugo Desnoyer. “É um trabalho de grande exigência, meticuloso, às vezes até bastante chato »



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mas, ao mesmo tempo, artístico”, referia o cortador ao mesmo tempo que atendia uma chamada da Associação de Talhantes de Paris que o alertava para a possibilidade do seu estabelecimento ser alvo de ataques de ativistas veganos radicais. A gastronomia exigente cresceu e os talhantes desenvolveram um know-how baseado no conhecimento preciso da anatomia do animal. “Nenhuma máquina consegue fazer o que nós fazemos”. Frequentemente, os profissionais de carnes comparam o seu metier à de um ourives ou de um marceneiro “transformamos matéria-prima numa peça excepcional”, refere com orgulho. Dei comigo a perguntar para os meus botões: como é que um talho assim pode ter os dias contados? Como é que a qualidade tem os dias contados? Na presença de Hugo Desnoyer, um dos mais famosos precursores do chamado coupe parisien, aliás, copiado em todo o mundo, não podia perder a oportunidade de lhe perguntar: os talhos de rua têm os dias contados?

Para os consumidores, a vida útil do produto traduz-se em frescura prolongada. De facto mais de 40% dos consumidores acredita que as carnes embaladas prontas-a-cozinhar oferecem mais garantia de segurança.

Hugo Desnoyer, rejeita completamente que os talhantes sejam o “último dos moicanos” e argumenta: “a profissão atrai, não estamos na defensiva, estamos na afirmação do que fazemos. Na região de Paris, a nossa profissão não sabe o que é desemprego e o número de aprendizes passou de 5000, em 2009, para mais de 10.000 em 2019. Na região de Paris, um jovem talhante começa com um ordenado de 2500 Euros mais prémios de objetivos”, conclui.

levados em conte pelo consumidor. Há trinta anos, o consumidor preocupava-se em comprar carne, massa muscular, hoje, o consumidor bem informado, consome menos carne, preocupa-se com a qualidade, saúde, ambiente, sustentabilidade, bem-estar animal e com o prazer que pode retirar de uma carne de qualidade bem confecionada. E esta atitude é uma mais-valia para o talhante que aposta em satisfazer todas as exigências do consumidor.

Em Portugal, com as devidas distâncias, a filosofia não é muito diferente do que na cidade da Torre Eiffel. Os profissionais podem olhar com otimismo para o futuro desde que apostem na diferenciação, na qualidade. Concorrer com os preços das grandes superfícies é um erro crasso.

Outro conceito que a pouco-e-pouco ganha terreno nos países do centro da Europa são os talhos-livre-serviço. Normalmente, pertencem a grandes empresas da industria de carnes que aproveitam a sua estrutura para apoiar estas lojas de livre-serviço, exclusivamente, de carnes. Também funciona com pequenos empreendedores que fazem parcerias com as industrias. Estas lojas não requerem profissionais especializados, e tem boa aceitação do consumidor.

De França, onde a “guerra” entre a grande distribuição é feroz, chega-nos o exemplo“ Para resistir, temos que diversificar. Muito de nós, transformamo-nos em Bouchercharcutier-traiteur (Profissional Delicatessen especialista em carne pré-confecionada e pronta-a-cozinhar). A partir da crise da encefalopatia espongiforme bovina a nossa aposta foi na diferenciação, na carne com certificado de origem e na rastreabilidade”. O tema rastreabilidade continua na ordem do dia mas, o bem-estar animal e a origem dos animais e a sustentabilidade são fatores

De facto, as carnes embaladas permitem que os comerciantes aumentem a variedade sem desperdício. Nenhum talho consegue eliminar o risco de criar resíduos durante o corte e porcionamento. Por outro lado, as embalagens já incluem o preço, data de validade, declaração nutritiva, origem, receitas e outras informações que contribuem para seduzir o consumidor, além disso, o produto chega em caixas mais

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leves, facilitando a arrumação. A praticabilidade e a economia de tempo permite ao funcionário da loja realocar mais tempo para o cliente. Além disso, um estudo inglês da Livestock revela que 65% que o consumidor consegue uma gestão mais equilibrada quando compra carne embalada, quer pela quantidade, quer pelos pesos individuais, tornando-se mais fácil definir as quantidades para o seu agregado familiar. Outra vantagem do case-ready é o aumento da vida útil do produto. Para os consumidores, a vida útil do produto traduz-se em frescura prolongada. De facto mais de 40% dos consumidores acredita que as carnes embaladas prontas-a-cozinhar oferecem mais garantia de segurança alimentar do que as embaladas na loja, segundo o relatório Power of Meat 2018 da Food Industry Association. Neste período nefasto de pandemia, a capacidade de oferecer embalagens prontas para congelar é especialmente importante. Os dados indicam que os consumidores cozinham mais refeições em casa e compram mais alimentos nos pontos de venda, quer presencialmente, quer online. Mais de 60% dos consumidores que compram carne disseram que agora congelam mais carne mais do que antes da pandemia, segundo o estudo de 2020 da Midan Marketing.





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Multiwasher, desempenho e design A Somengil nasceu em Aveiro, em 2002. Com a engenharia no seu ADN, especializou-se em lavagem e higienização industrial, designadamente, para as áreas da industria alimentar.

Facto, que passado quase duas décadas, a empresa beneficia de um reconhecimento associados aos produtos que desenvolve indissociável da sua génese de incorporar a engenharia em todas as soluções tecnológicas que desenvolve, como a maquina de lavagem industrial Multiwasher, num inovador formato de cabinet wash ou através da marca Engiwash, projetos de higienização e limpeza à medida do cliente, que faz da Somengil um dos principais fabricantes do mundo, nesta área. Neste contexto, impunha-se uma entrevista com Tony Ventura, CEO da Somengil.

nos encontramos, como é que a Somengil encarou e se adaptou à covid e a esta nova realidade? Tentámos adaptar-nos à nova realidade com a atitude que nos carateriza, ou seja com uma abordagem inovadora e flexível que nos permitisse gerar as soluções necessárias para minimizar o impacto nos colaboradores e nos resultados da empresa. Ao nível dos colaboradores colocamos a empresa a trabalhar em espelho e em teletrabalho.

No panorama atual da pandemia em que

Ao nível do negócio e, ou seja, da relação

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com clientes, porque o nosso negócio parte muito da interação com o cliente e com isto, viagens e visitas recorrentes, fomos postos à prova e tivemos de reformular a forma como pensávamos esse relacionamento, dando mais enfâse aos meios de relacionamento digitais. Criámos webinars onde apresentamos e explicamos a Multiwasher, assim como demonstrações efetuadas via Zoom (plataforma de reuniões), onde os clientes podem conhecer a máquina e ver os seus utensílios lavados na mesma, sem existir » interação física.


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Mais de 2000 equipamentos em mais de 30 países. Desde a elevada competência do seu departamento de engenharia, passando pelo processo de venda consultiva, instalação e terminando com a assistência pós-venda, a Somengil oferece o melhores resultados de lavagem.

Disponibilizámos estas soluções aos nossos parceiros espalhados pelo mundo, para que também eles pudessem utilizar o Multiwasher Lab que montámos na fábrica para este efeito, solidificando assim a nossa relação com eles. Conte-nos a história da Somengil e que como surgiu a Multiwasher. A Somengil surgiu em 2002 em Aveiro. Inicialmente como uma empresa que desenvolvia projetos de engenharia. »

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Mais tarde identificámos uma necessidade não satisfeita na indústria da lavagem. Aproveitámos a oportunidade e aplicámos as nossas competências de engenharia nesta área para começarmos a satisfazer essas necessidades. Desde o início que o nosso objetivo passa pela vontade de nos tornarmos especialistas de lavagem e higienização industrial, especialmente na indústria alimentar, profissionalizando essa lavagem e tornando-a mais sustentável; ao nível dos operadores, proporcionamos maior ergonomia e salubridade. Desenvolvemos os nossos produtos tendo como base o forte conhecimento de engenharia e a tecnologia necessária para melhorar a lavagem nos nossos clientes. A Multiwasher surgiu como vontade de continuar a melhorar a indústria alimentar ao da higiene, desinfeção, eficiência e sustentabilidade. É uma máquina inovadora dado o seu conceito de cabinet washer (lavagem em cabine) que veio colmatar as ineficiências que existiam na atual oferta do mercado. Com este conceito aumentamos a eficiência através da redução dos consumos afetos à lavagem. Como é que a indústria da lavagem em geral e na Somengil, em particular, estão a encarar a Indústria 4.0? Embora a indústria da lavagem não esteja tão evoluída ao nível dos conceitos 4.0 como, por exemplo, a indústria de sistemas de informação ou indústria automóvel, está a avançar a um bom ritmo; principalmente, no que diz respeito à internet das coisas e aos benefícios que daí surgem. No caso particular da Somengil, A Multiwasher tem instalado um módulo GSM que nos permite interagir remotamente com a máquina. Isso traz benefícios não só para os clientes como para a Somengil porque nos permite verificar os padrões de eficiência e evitar avarias. Estes padrões de eficiência permitem gerar benefícios para o cliente pois podem informá-lo se está a utilizar a Multiwasher da melhor forma e permite monitorizar o desempenho do equipamento e assim otimizar a utilização dos recursos da lavagem (água, energia, detergente, tempo e mão de obra). O que diferencia a Multiwasher dos outros equipamentos de lavagem? Primeiramente,

o

seu

aspeto

visual.

Multiwasher é uma máquina de lavagem industrial de alta performance. Não só tem uma aparência muito agradável como é um equipamento high-tech de alta qualidade, desenvolvida por uma equipa de engenheiros especializados de forma a maximizar o nível de eficiência.

Desde o início que o nosso objetivo passa pela vontade de nos tornarmos especialistas de lavagem e higienização industrial, especialmente na indústria alimentar, profissionalizando essa lavagem e tornando-a mais sustentável Quisemos criar um objeto de design e não só um equipamento altamente funcional. Porque não ter os dois? Concretamente, a sua tecnologia. Trabalhámos muito para que a Multiwasher se diferenciasse no mercado devido ao seu desempenho e adaptabilidade. Abrangemos um número elevado de diferentes indústrias alimentares, porque com a Multiwasher o

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nosso cliente consegue lavar praticamente o que quiser; no caso da carne, desde os utensílios utilizados na produção (carros cutter, carros de fumeiro e moldes) até material de logística (caixas, paletes e palotes). Para além disso, a Multiwasher tem como uma das suas premissas a sustentabilidade e a poupança que acabam por se »



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A Multiwasher é um equipamento que garante a lavagem e a desinfeção, devido aos seus padrões elevados de temperatura e pressão. Consegue performances de lavagem ao nível das exigências da indústria hospitalar.

interligar sendo que utiliza menos água, detergente, energia e espaço, dada a sua multifuncionalidade. Quais são os benefícios que a Multiwasher aporta para a indústria da carne e para os seus clientes no sector? A Multiwasher é um equipamento que garante a lavagem e a desinfeção, devido aos seus padrões elevados de temperatura e pressão. Consegue performances de lavagem ao nível das exigências da indústria hospitalar. Os resultados são

“...no caso do setor de carnes pode lavar desde os utensílios utilizados na produção (carros cutter, carros de fumeiro e moldes) até material de logística (caixas, paletes e palotes)...”

comprováveis através de testes realizados por luminómetro. Para além disso, a Multiwasher tem a capacidade de lavar praticamente todos os recipientes e utensílios da indústria, como já referi. Em termos práticos e financeiros, o que poupa e o que ganha o cliente ao adquirir a Multiwasher? Apesar de cada cliente ter as suas necessidades e objetivos específicos,

Multiwasher, é garantia de energia Smart, menos consumo de água e detergente e menos manutenção.

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analisamos sempre as mesmas de modo a configurar a melhor solução de equipamento para as necessidades especificas de cada cliente. Lembro-me do caso da Montaraz. Analisámos, com muito detalhe, as necessidades de lavagem e fizemos um estudo que nos permitiu quantificar os resultados obtidos tendo sempre em conta o impacto financeiro e ambiental do equipamento ao longo do tempo, permitindo ver a rentabilidade de investimento e os ganhos de eficiência e melhoria no processo. Atuamos sempre com um sentido de parceria e compromisso. Temos um forte serviço de venda consultiva e de pós-venda de modo a assegurar a satisfação total dos nossos clientes ao longo do tempo. »

“ ...Consegue performances de lavagem ao nível das exigências da indústria hospitalar...”




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Todos os detalhes têm um propósito. O design da máquina foi projetado para ser ergonómico e fácil de usar, oferecendo os melhores resultados.

“Temos a máquina há 3 anos sem qualquer problema mas, se ela avariasse amanhã era um grande problema que nós tínhamos. Foi das melhores compras que fizemos para a Montaraz. Lava tudo de forma irrepreensível. Se tivéssemos 4 funcionários aqui todo o dia a lavar caixas não davam vasão. É realmente um bom equipamento”.

O que gostaria de ver no sector de lavagem em Portugal e como vê a sua evolução no futuro? Creio que os pilares serão a poupança de recursos – em termos de sustentabilidade e de custos. Cada vez é mais relevante a otimização dos recursos e o facto de se conseguir monitorizar em tempo real os parâmetros de consumo de lavagem, ajuda imenso nisso. Para além disso, também nos permite criar padrões de consumo e otimizar permanente e continuamente os recursos. Serão máquinas inteligentes para detetar o que será lavado e ajustar assim o seu funcionamento. Também vejo o pay per wash (pagamento por cada lavagem) a surgir na indústria da lavagem; isto é, vão existir modelos de utilização em que o cliente não compra a máquina, mas sim um determinado nº de utilizações da mesma.

A opinião do cliente Rui Carapuça, Diretor de Produção da Montaraz

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O longo caminho rumo a uma nova Política Agrícola Comum (ou A PAC está morta, viva a PAC! ) A futura Política Agrícola Comum, para o período 2023-2027, está (finalmente) a fazer avanços. Em 20 de outubro, um acordo foi alcançado entre os ministros da agricultura da UE após dois anos de negociações. Uma revisão que deixa mais liberdade aos Estados-Membros para recusarem os objectivos fixados pela Comissão Europeia e apresentados como mais virtuosos para o ambiente. Várias associações já se apresentaram para exigir uma agricultura ainda mais verde.

Após dois longos anos de negociações e uma última noite ao rubro, com muitas pizzas e muito sushi a entrar pela noite dentro, o Conselho de Ministros da Agricultura da União Europeia chegaram acordo sobre a profunda reforma da Política Agrícola Comum (PAC) que deverá permitir ter em melhor conta os desafios do meio ambiente. Com um orçamento de 387 mil milhões de euros ao longo de sete anos, a PAC é a primeira linha de orçamento europeu e continua a ser fundamental para a sobrevivência dos agricultores do continente,

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a soberania alimentar, sem esquecer as questões ambientais. Por uma PAC verde! Até agora, apenas 30% das ajudas diretas recebidas pelos agricultores dependiam das práticas agrónomas mais exigentes, como a manutenção dos prados permanentes ou áreas de interesse ecológico e a diversificação de culturas. O Acordo dos ministros prevê a integração destes critérios nas regras básicas que todos os agricultores terão de cumprir para obter qualquer euro »


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pacotes, introduzindo um transição de dois anos.

Dos 387 mil milhões de euros, Portugal receberá 9 mil milhões de euros enquanto que a França receberá cerca de 62 mil milhões de euros. de “ajuda” direta. Uma mudança de paradigma que, segundo sabemos, não foi conquistada nesta ronda de negociações. Soma-se a isso a criação de “ecossistemas”, uma espécie de bónus pago às explorações pelos seus esforços ecológicos que vão além dos mínimos exigidos. Um agricultor que dedique mais de 5% (limite mínimo obrigatório) das suas terras aráveis à proteção da biodiversidade poderia, por exemplo, receber um envelope adicional. A participação nestes programas é voluntário para os operadores mas, o acordo dos 27 ministros estipula que cada estado deve destinar-lhe pelo menos 20% da ajuda direta vinda de Bruxelas. Este ponto, foi particularmente delicado durante as negociações. Muitos países, especialmente, no leste opuseram-se à ideia. Por razões históricas, os esforços ecológicos destes últimos são desenvolvidos através do segundo pacote da PAC, o das ajudas indiretas. Temem perder grande parte das ajudas se um numero residual dos seus agricultores participar dos programas ambientais. O compromisso prevê alguma flexibilidade na distribuição entre os dois

O segundo núcleo da reforma diz respeito a uma mudança fundamental no modelo de implementação da PAC que põe fim ao principio da “legalidade da conformidade”, segundo o qual os agricultores da UE devem respeitar regras únicas. Neste sentido, os ministros aumentaram a flexibilidade. A partir de agora, cada país deverá apresentar o seu plano nacional especificando os objetivos e o seu plano de ação. O Quadro Europeu deverá permanecer, insistem alguns Estados-Membros mas, dando liberdade a cada país de decidir sobre os critérios de implementação específicos, mais adequados às especificidades nacionais ou mesmo regionais. É também nesses planos nacionais que os critérios que os critérios para “eco-esquemas” serão controlados. À priori a ideia parece muito frágil e levanta muitas questões. Já não será a Comissão que garantirá o cumprimento das regras mas sim os Estados-Membros. Neste sentido, coloca-se a questão das capacidades dos países, mas também da sua vontade, em casos com a Hungria ou a República Checa, cujos dirigentes fizeram fortuna graças à PAC, conforme demos conta na Revista CARNE nº 188. Todos estes elementos continuarão a ser negociados com o Parlamento Europeu e a tarefa não é fácil face a mais de 2.000 emendas. Os deputados querem introduzir garantias e salvaguardas, especialmente, para evitar a renacionalização da PAC. “Caso contrário, avançaremos com 27 politicas europeias divergentes e não seremos capazes de garantir a igualdade de tratamento entre os agricultores europeus que operam no mercado único”, avisou Anne Sander, eurodeputada francesa do Parlamento Europeu. Os Estados e os eurodeputados terão de chegar a um compromisso no inicio de 2021. As futuras regras só entrarão em vigor a 1 de janeiro de 2023. Maria do Céu Antunes, Ministra da Agricultura, revelou que Portugal pode receber nove mil milhões de euros para financiamento de vários projetos.

A nova Política Agrícola Comum, aplicável em 2023, terá um implementação mais nacional.

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Estados concordam com uma PAC mais verde

A PAC continua a ser fundamental para a sobrevivência dos agricultores. Uma afirmação que há muito recebe contestação: “ sem agricultores não há alimentos”. "O orçamento que será disponibilizado, e em Portugal será superior a nove mil milhões de euros. O que se pretende é que esta transição seja justa, não deixe ninguém para trás e que o agricultor não perca rendimento", garante. O valor será dividido tendo em conta vários requisitos, de acordo com o entendimento das várias entidades. "Vamos ter de esperar que o acordo seja selado entre o Conselho, a Comissão e o Parlamento", explica a governante. A maioria dos Estados-Membros ficou satisfeita com o acordo provisório obtido, com excepção de alguns países do leste. No entanto, chegouse a um consenso em modo de agradar a gregos e troianos com o objetivo de manter o espírito comunitário da política agrícola, evitando-se demasiadas nacionalizações, solicitadas por alguns membros do leste. No inicio e em grande parte do percurso das negociações receou-se que resultasse em tantas políticas quanto países. No entanto, a maioria, ficou satisfeita com os facto das novas regras da arquitetura se aplicarem a todos.

Uma “verdadeira lógica agroecológica” Ou seja, os planos estratégicos nacionais que os Estados-Membros terão de apresentar à Comissão, serão apenas uma variação dos princípios da política definida pro Bruxelas. Uma espécie de subsidiariedade! Os Estados-Membros terão assim grande latitude na definição dos critérios de “esverdear” a definição dos critérios das novas orientações que devem ser observadas pelos seus agricultores para receberem 20% dos subsídios do “pacote 1” da PAC (que representa dois terços do seu total). Na sua maioria, os Ministérios da Agricultura, acolhem com agrado uma “verdadeira lógica agroecológica”. O mesmo não acontece com as mais diversas associações, federações e confederações de agricultores que lamentam essa continuidade relativa. “Tudo sugere que o novo projeto da PAC não vai ficar à altura das questões agrícolas, alimentares e ambientais, que são conhecidas de todos”.

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Quando não se tem para investir, as boas intenções ou princípios não bastam. Esses princípios são já dos agricultores portugueses para “menos pesticidas”, “mais bem-estar animal”, “criação menos intensiva” ou “produtos mais orgânicos e portugueses”. Ter uma agricultura forte, produzindo o máximo, tudo isto, sem gastar um euro a mais que seja. A equação não é fácil e só pode ser resolvida a médio prazo, após forte investimento. As negociações prosseguem. Criada em 1962, a política agrícola comum (PAC) é uma parceria entre o setor agrícola e a sociedade e entre os agricultores europeus e a Europa, cujos objetivos são: • apoiar os agricultores e melhorar a produtividade do setor agrícola, garantindo um abastecimento estável de alimentos a preços acessíveis; • assegurar um nível de vida digno aos agricultores europeus; • ajudar na luta contra as alterações climáticas e na gestão sustentável dos recursos naturais; conservar o espaço e as paisagens rurais em toda a UE; • dinamizar a economia rural promovendo o emprego na agricultura, nas indústrias agroalimentares e nos setores conexos. A PAC é uma política comum a todos os países da UE, gerida e financiada a nível europeu, com base nos recursos do orçamento da UE.









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Alterações climáticas aceleram manipulação genética A comunidade científica procura soluções de adaptação ao aquecimento global naquilo que é a essência de vida: o ADN.

transportes (e só falamos dos rodoviários) que são responsáveis por mais de 30% das emissões de dióxido de carbono na UE.

Os números diferem, as opiniões divergem e na maioria das vezes os estudos são cada vez mais postos em causa, visto que, com a generalizada campanha anticarne, pode haver tendência para os investigadores darem respostas socialmente desejadas ou politicamente corretas.

As várias estimativas anunciadas apontam muitas vezes para valores dissonantes, no entanto, sabe-se que, além do dióxido de carbono, a agropecuária contribui para a libertação de metano.

A agropecuária com atividade natural é responsável por pouco mais de 7% das emissões de CO2 , um valor substancialmente mais baixo quando comparado com os

Mais uma vez, os radicalistas anticarne apontam para a agropecuária como o mal de todos os males e principal gerador de metano. E, mais uma vez, os radicais anticarne mentem!

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As principais fontes de metano, em grande escala, são a extração de gás natural e as minas de carvão, ou origem biológica, a emanação através de vulcões de lama e falhas geológicas, decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos, fontes naturais como pântanos e aquecimento ou combustão de biomassa anaeróbica. E também se esquecem de dizer que a agropecuária consegue absorver mais de 50% do dióxido de carbono do ar ao contrário de todas as outras industrias que invariavelmente são substancialmente mais poluentes. As pastagens Semeadas Biodiversas sugam mais dióxido de carbono do ar, enriquecem »


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a terra e, ao mesmo tempo, alimentam o gado. Um realidade inquestionável. Portugal nesta matéria é reconhecidamente uma autoridade onde as pastagens biodiversas crescem. A maioria encontrase nos montados alentejanos, fortalecendo os sobreiros e as azinheiras e prestando um serviço ambiental ao globo. Estas pastagens capturam uma quantidade anormal de dióxido de carbono, evitando

pelas gramíneas que se tornam uma parte importante do pasto dos animais. Esta mistura tem uma série de benefícios. Como as espécies são anuais, resistem ao clima mediterrânico, produzem sementes e criam no solo um banco de sementes que pode manter a pastagem por décadas. As raízes das plantas, que também morrem anualmente, alimentam o solo com nutrientes. Passados uns anos, estes solos triplicam a

a acumulação de parte do gás que mais contribui para o efeito estufa, responsável pelo aquecimento global. A comunidade científica portuguesa escolheu espécies de leguminosas e gramíneas. As primeiras, como o trevo-subterrâneo, têm uma relação simbiótica com bactérias que se desenvolvem em nódulos mas raízes. Estas bactérias captam azoto do ar, metabolizam e disponibilizam azoto à planta. Desta forma, este nutriente entra no ecossistema sem ser necessário usar adubos e é depois absorvido

matéria orgânica. As pastagens alimentam mais cabeças de gado e captam mais dióxido de carbono. Também se verificou que os sobreiros que crescem nestas pastagens são mais saudáveis, e o solo é mais húmido, resistindo à seca. Estes benefícios foram bem quantificados nos últimos anos. Foi assim que se descobriu que as pastagens biodiversas captam toneladas e toneladas de dióxido de carbono por ano e

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"Estas pastagens capturam uma quantidade anormal de dióxido de carbono, evitando a acumulação de parte do gás que mais contribui para o efeito estufa, responsável pelo aquecimento global."

por hectare, o mesmo acontecendo com óxido nitroso. O que nenhuma industria poluente consegue fazer. No entanto, os ruminantes expelem o equivalente a cerca de um terço das emissões inerentes à agricultura. O impacto, preocupa e divide a comunidade científica. Enquanto uns diabolizam a criação de gado, outros, entendem que o impacto de 7% nas emissões não é tão grave como em outras industrias » poluentes.


: : Ambiente : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Os genes congelados de milhões de plantas, animais e seres humanos são armazenados em bancos de genes por todo o mundo. Dentro destas cápsulas do tempo, os genes e a informação que eles contêm reavivam velhos sonhos de ressuscitar espécies extintas, acabar com a fome no mundo ou com as doenças da humanidade. Mas os bancos de genes permitem mais do que isso. Dentro dos seus contentores as fronteiras entre as formas de vida ficam diluídas. Fungos, bactérias ou seres humanos, tudo é o mesmo para a tecnologia. Os bancos de genes levantam uma questão fundamental: o que significa ser parte da natureza na era do genoma? O armazenamento de cada molécula de ADN no planeta torna-se agora uma possibilidade real. Salvar o ADN de toda a vida na Terra será um dos mais grandiosos projetos de pesquisa internacional das próximas décadas. A investigação da biodiversidade e do genoma desafia não apenas a nossa sociedade mas também a própria concepção da humanidade.

A prova mais evidente disto foi o resultado de um estudo sobre a qualidade do ar durante o confinamento, que obrigou à paragem de uma grande parte do movimento rodoviário e aéreo, devido à pandemia de Covid-19. O resultado do estudo é peremptório revelando que a qualidade do ar melhorou mais de 60%! Por outro lado, foi feito um estudo nos EUA, o maior criador de gado do planeta, que indica que se hipoteticamente a manada americana desaparecesse, a baixa do nível de emissões situava-se nos 3 a 4%. Isto para não falar do caos social e do abrupto aumento da escassez de viveres. Impensável. Esta situação, levaram a comunidade científica a encontrar resposta no ADN. Já aqui falamos sobre um projeto que defende a alteração de alimentação do gado bovino e que segundo os autores do seu estudo, diminuiria substancialmente as emissões de metano. E sobre este tema, felizmente, chegam-nos boas noticias dos quatro cantos do planeta. Uma equipa de cientistas liderada pelo investigador de genética animal John Williams (Universidade de Adelaide, Austrália), referiu que “as vacas podem ser criadas de forma

seletiva tornando mais amigas do ambiente” e explica: “a edição de genes tem sido usada para modificar várias espécies de animais, não apenas no gado bovino. Os suínos sofreram alterações genéticas para reduzir o impacto ambiental associado à produção da enzima fitase (um complexo de inositol com o fósforo, o qual chama-se ácido fítico ou fitato)” e explica: “A fitase, na verdade, nada mais é do que uma enzima que desdobra esse complexo, libertando o fósforo para que ele seja absorvido pelos animais), ou seja, parara reduzir a excreção de fosfato”. Claro, que ainda há um longo caminho a percorrer, mas a mitigação da produção de metano pelo gado bovino está em curso com excelentes resultados e de acordo com o cientista australiano: “os primeiros passos já foram dados”. Para corroborar esta afirmação, foi publicado recentemente um estudo sobre o papel do microbioma do rúmen (primeiro compartimento do estômago do gado bovino) que está associado à produção de metano.

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A eventual alteração do microbioma pode resultar numa diminuição substancial do metano – e até certo ponto o microbioma está dependente da genética. Por isso, com uma investigação mais aprofundada podemos encontrar genes envolvidos na regulação do microbioma e, portanto, do metano que podem ser editados ou alterados. Por outro lado, outros estudos feitos na mesma universidade, apontam para a alteração do ADN do gado de forma que a cor do pelo aumente a tolerância térmica, ou seja, para que os animais resistam melhor a ambientes afetados pelo aquecimento global. “A cor da pelugem pode ser alterada editando genes envolvidos na síntese da melanina. A cor do pelo entre o vermelho e o preto, no gado, é controlada pelo receptor 1 de melanocortina (MC1R). Este tipo de pelo pode ser alterado, bem como a profundidade e densidade do cabelo, permitindo que o gado liberte calor de forma mais eficaz”, acrescentou o investigador australiano.



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A ETIQUETAGEM PERFEITA Bizerba lança solução inovadora para aumentar a eficiência da etiquetagem

Bizerba, é o principal fornecedor de soluções para todas as áreas de pesagem, corte e tecnologia de etiquetagem. Neste sentido, acaba de anunciar o lançamento da sua solução completamente inovadora CleanCut® Linerless. Esta solução completa e inovadora inclui um novo sistema que revoluciona a tecnologia de etiquetas sem papel de suporte: Full-wrap e C-wrap. Isto foi conseguido através de rolos de etiquetas sem papel de suporte que reduz, substancialmente, os tempos de configuração e, consequentemente, exige menos manutenção para limpar as lâminas. Com a introdução desta solução CleanCut® Linerless, Bizerba – líder em inovação industrial “Made in Germany”, com sede em Balingen – argumenta que não se trata simplesmente de uma nova máquina de etiquetagem. Esta solução de usar etiquetas sem papel de suporte é um autentico volte-face no setor: uma solução sustentável, user-friendly, que

revoluciona a etiquetagem Full-wrap e C-wrap sem papel de suporte. Em comparação com as usuais etiquetas com papel de suporte, um rolo carrega até 90% mais de etiquetas. Isto reduz significativamente o tempo de inatividade do sistema de etiquetagem GLMlevo CleanCut®, causado pelas mudanças de rolo. Ao mesmo tempo, significa que as lâminas devem ser limpas com menos frequência devido à redução de adesivo nas etiquetas sem papel de suporte CleanCut®. Além disso, a lâmina corta com precisão as áreas sem adesivo da etiqueta mantendo-a muito mais limpa. Outra vantagem, é a redução de tempo gasto em manutenção que significa que os operadores podem desfrutar de mais tempo para as atividades do sistema de etiquetagem. Como o adesivo é aplicado uniformemente, os rolos sem papel de suporte podem ser utlizados até ao fim – o que significa que a máquina pode continuar a trabalhar sem interrupções. Além disso, as alterações de formato são incrivelmente fáceis e o sistema oferece a máxima precisão e velocidade. Tudo isto, significa que a nova solução CleanCut®

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representa maior eficiência, otimização de custos e prevenção sustentável de resíduos. As novas diretrizes legais exigem que mais e mais informação seja incluída nas etiquetas Full-wrap e C-wrap. Isto exige conceitos de embalagem flexível, especialmente, para produtos frescos, para satisfazer a necessidade de informação do consumidor. “As exigências do mercado e a inigualável experiência na área de pesagem e etiquetagem, levaram a Bizerba a desenvolver um conceito completamente novo, flexível, confiável e que satisfaz plenamente todos os clientes e parceiros. “Também quisemos reduzir significativamente os tempos de paragem do sistema de etiquetagem causados pela manutenção. Sem margem para dúvidas que esta nossa solução revolucionária é um sucesso. A Solução CleanCut® Linerless reafirma a Bizerba como referência mundial para o mercado mais exigente”, referiu Markus Ketterer, Diretor de Comunicações Globais da Bizerba de longa data na apresentação da solução, ao mesmo tempo, que felicitou toda a equipa de desenvolvimento. www.bizerba.pt



: : Limpeza e higienização : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

O sistema de higienização contínuo da Maquigomes é um distribuidor / doseador automático que reduz, substancialmente, os riscos à entrada das áreas de produção. Quando as mãos são inseridas nas recipientes de lavagem e desinfeção, os sensores ativam a atomização do sabão e do desinfectante, ao mesmo tempo que as botas são lavadas e secas. Só depois da operação de higienização (lavagem + desinfeção), é que o torniquete permite a passagem do funcionário. Este sistema de higienização deve ser colocado numa superfície plana. Sistema de higienização contínuo: • Lava solas • Lava mãos • Secador de mãos e botas • Desinfeção de mãos

Sistemas de

higienização ... a industria trabalha com produto fresco, carne crua, de modo que as bactérias como E. Coli ou Salmonella são uma ameaça constante se a higiene pessoal não for respeitada... Na industria alimentar a higiene pessoal é uma componente muito importante. No caso particular do setor de carnes, estamos perante um processo produtivo que exige muita intervenção humana. Errar é humano e erros podem ocorrer em qualquer momento da cadeia. Além disso, a industria trabalha com produto fresco, carne crua, de modo que as bactérias como E. Coli ou Salmonella são uma ameaça constante se a higiene pessoal não for respeitada. O progresso contínuo da industria ao longo da História não tem sido conduzido apenas pela evolução técnica, mas também tem sido feito à medida que novos recursos, energéticos, estratégicos e sociais mas

não só, possibilitaram novas tecnologias. Contudo, integração de novas técnicas e tecnologias assumem um papel importante e determinante, mas não são o foco, são sim um meio para atingir um fim - melhorar a eficiência, competitividade, produtividade ou a criação de novos produtos. Neste sentido, existem protocolos, estratégias e soluções eficazes de higiene que no decorrer das ultimas décadas foram fundamentais e contribuíram ativamente para a higiene pessoal e segurança de todos que, numa unidade industrial de carnes, de um fora ou de outras, estão em contacto direto com os produtos ou matérias-primas.

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O Plano de higienização vigente na União Europeia é muito claro e assenta num direito de cidadania: “Todo o cidadão europeu tem o direito de saber como os alimentos que ele come são produzidos, processados, embalados, rotulados e vendidos”. O objetivo central da política de Segurança Alimentar da Comissão Europeia é garantir um alto nível de proteção da saúde humana quer a montante quer a jusante da indústria alimentar - o maior setor de manufaturação e emprego da Europa. Mas vamos por partes: Limpeza e higienização são a mesma coisa? O ar que nos envolve, está cheio de inimigos invisíveis da saúde e face »


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a esta realidade todos sentimos necessidade de usufruirmos de bons sistemas de limpeza e higienização. A Limpeza é um procedimento muito conhecido pela maioria das pessoas, porém pouco explorado e executado de maneira correta. Neste caso, também podemos usar o substantivo feminino Lavagem, um processo com água, acompanhado, com produtos de limpeza como detergente, desincrustante, ou desinfetante. Este método é realizado com o objetivo de retirar a sujidade; poeira, desperdícios de matérias-primas e gorduras. Se a limpeza for mais profunda e elaborada é possível eliminar uma grande parte de microorganismos, como fungos ou bactérias. Digamos que a limpeza é o primeiro passo indispensável para o sucesso de quaisquer outro passo, como higienização ou impermeabilização e é responsável por preparar o ambiente ou objeto para produtos mais fortes que virão posteriormente, removendo toda a sujidade da superfície. Este processo pode ser feito manualmente, com máquinas ou sistemas integrados de higienização implementados no layout da unidade industrial. A higienização também conhecida por desinfecção é o método mais indicado após a limpeza, porque é responsável pela eliminação de microrganismos vivos, perigosos para a sanidade dos produtos e para a saúde pública.

Sistema de higienização contínuo: • Lava solas • Lava botas • Lava mãos • Secador de mãos • Desinfeção de mãos

Comportamento pessoal O cumprimento das normas europeias de higiene e de comportamento pessoal, no plano de higienização das empresas, começa logo à entrada da unidade de produção e são essenciais para a segurança alimentar dos consumidores, constituindo uma componente prioritária do dia-a-dia de todos os intervenientes da empresa.

A palavra "higienização" deriva do grego hygieiné que significa "saúde". Na industria alimentar, o processo de higienização consiste num conjunto de praticas que tem como objectivo devolver ao ambiente de processamento (superfícies das instalações, dos equipamentos e utensílios) a boa condição higiénica inicial (inicio da laboração). Mas mais uma vez, o fator humano pode fazer toda a diferença. Uma unidade industrial pode estar em excelentes condições de lavagem e desinfeção ou higienização, mas basta um descuido de limpeza pessoal para conspurcar a toda a produção, ou pelo menos, alguns lotes de produto, com todo o prejuízo que tudo isso implica, quer financeiros, quer em termos de imagem e descrédito da marca.

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Neste sentido, a Maquigomes desenvolveu uma gama de sistemas de higienização (PHS Personal Hygiene System) de forma a garantir todas as medidas necessárias para proteger a saúde, os produtos e o ambiente. A gama de sistemas de higienização produzidos pela Maquigomes, compreende desde o simples lava solas aos sistemas mais sofisticados com lavagem, secagem, » desinfeção e torniquete de controlo.


: : Limpeza e higienização : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : :

Lava botas

Limpeza única e desinfeção Higiene pessoal eficiente Uma higiene pessoal eficiente não pode ser de mãos O sistema de higienização contínua faz duas coisas ao mesmo tempo: limpa as solas e desinfecta as mãos. As escovas rotativas são humidificadas automaticamente. A desinfecção das mãos é regulada por sensores. Os bicos de pulverização acima e em baixo da mão garantem uma boa atomização do desinfetante. Após a desinfecção das mãos, a catraca será debloqueada e o funcionário poderá prosseguir para a próxima sala.

subestimada, especialmente em ambientes de produção onde o risco de contaminação representa um grande perigo. Os sistemas de higienização Maquigomes (PHS - Personal Hygiene System) desempenham um papel eminente na redução desses riscos. O sistema de higienização contínuo Maquigomes lava e seca as solas e desinfeta as mãos ao mesmo tempo. Isso significa que o pessoal da empresa não perde tempo e

cumpre com rapidez e eficiência o processo de limpeza e higienização. Usando os cilindros de escova, as botas são lavadas e desinfetadas na totalidade. Por sua vez, o torniquete só é desbloqueado após o uso do recurso de desinfeção das mãos, que atomiza o sabão ou o desinfectante por meio de sensores. Benefícios: Limpeza de solas e eixos • Risco reduzido de infecção • Dosagem química ajustável frente e verso • Indicador de nível químico •

A Maquigomes fabrica sistemas de higienização mais completos para um processo de trabalho eficaz em termos de higiene. Graças aos sensores, não há uso supérfluo de produtos químicos e / ou tempo. Enquanto as mãos são lavadas, as solas dos pés são limpas. Depois disso, o secador garante que as mãos estejam secas antes de serem colocadas nos cilindros de desinfecção das mãos. Benefícios: Atomização frente e verso ajustável • Indicação de nível de produtos químicos • Reduz os riscos de contaminação • Sem consumo de papel •

Sistema de higienização contínuo: • Lava solas • Desinfeção de mãos • Torniquete

Para mais informações, contacte o Departamento Técnico da Maquigomes Telf. (+ 351) 21 966 83 20

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Práticas eficazes para a redução dos gases com efeito estufa A proteção ambiental e o combate às mudanças climáticas são um dos principais desafios para o futuro da produção de alimentos em nosso globo. A ética, o cuidado com a natureza ou a introdução de novas tecnologias estão constantemente na agenda das empresas da UE e europeias, incluindo produtores e fabricantes de alimentos. O European Green Deal visa facilitar ainda mais a nossa atividade neste âmbito através do financiamento da investigação em novas fontes de alimentos para animais, do desenvolvimento de fontes de energia renováveis em áreas rurais, da utilização de subprodutos da pecuária para fins energéticos e fertilizantes ou o apoio aos mais sustentáveis , métodos de baixa emissão de produção animal.

Gestão Nutricional O tipo de aditivos alimentares e as culturas destinadas à alimentação animal têm impacto na emissão de gases de efeito estufa. A emissão de gases de efeito estufa depende de vários fatores, como pH da ração, condições dos animais, participação da fibra, proteína, aditivos funcionais especiais ou métodos de cultivo da ração. A pesquisa mostra que a parcela de óleos funcionais pode reduzir as emissões de gases de efeito estufa em ruminantes até 16%. Substâncias com esse efeito estufa podem ser encontradas em plantas até então não cultivadas em grande escala, por exemplo, ervas, plantas aromáticas, algas ou linho, cuja área semeada aumentará no âmbito de atividades relacionadas à biodiversidade. A origem dos produtos também é de grande importância – a União Europeia dá grande ênfase à utilização eficaz de subprodutos da industria alimentar na alimentação do gado. O grau suficiente com que as safras são substituídas por subprodutos pode contribuir para a redução das emissões de gases efeito estufa devido à produção animal em até 18%.

Gestão de metabólicos e subprodutos A redução das emissões de gases efeito

estufa é especialmente eficiente para a suinicultura quer em explorações agrícolas quer em unidades de processamento. A pesquisa mostra que graças à gestão adequada das lamas e resíduos é possível reduzir as emissões em quase 100%, principalmente, através da geração de eletricidade, vapor de água, calor e fertilizantes naturais eficazes, reduzindo simultaneamente as emissões dos resíduos armazenados. O European Green Deal fornece suporte para unidades de biogás agrícolas que reduzem a emissão de gases de forma muito eficaz, graças às suas baixas emissões devido à curta cadeia de abastecimento de substrato. Processamento eficaz e energia renovável

da industria agrícola e alimentar, incluindo esterco e lamas. As instalações de gado e de processamento geralmente estão localizadas em áreas não urbanizadas, onde é mais fácil adquiri energia solar e eólica com eficiência. A política “do campo à mesa” defende a prioridade do uso de instalações agrícolas para gerir energia a partir de fontes renováveis. A energia que daí advém é utilizada na quinta, sem infraestrutura externa, o que aumenta a eficiência energética do sistema, ao mesmo tempo que reduz as emissões relacionadas à geração de energia.

O mesmo efeito pode ser observado com unidades de biogás construídas em matadouros – matérias-primas impróprias para consumo humano podem ser rápida e facilmente utilizadas para gerar calor, vapor e eletricidade, a serem aproveitadas pela unidade de processamento. É importante notar que cerca de 11.200 novas unidades de biogás foram criadas na União Europeia entre 2009 e 2017 para processar subproduto

Com base no conhecimento em vários campos, vários sistemas são aplicados na União Europeia para uma produção animal mais sustentável e que gere menos emissões. Um exemplo é a iniciativa Life Beef Carbon que visa o desenvolvimento das melhores práticas ambientais na pecuária e produção. Esta iniciativa visa reduzir em 15% a média de emissões do setor pecuário durante a próxima década.

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Manejo do rebanho


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Industrias de carne europeias de pequena e média dimensão:

uma cadeia de abastecimento que garante excelente qualidade A União Europeia é conhecida pelas pequenas e médias empresas que zelam sempre pelo cliente e garantem a alta qualidade da produção. O mesmo se aplica ao setor agroalimentar – na Europa o setor de processamento dá emprego a mais de 1,4 milhão de trabalhadores, dando um verdadeiro apoio às comunidades locais. É importante notar que o alto nível de diversificação dos produtores se traduz não só em qualidade mas também em a maior segurança de abastecimento. A eficiência do setor da carne europeu durante a pandemia Covid-19 provou que uma densa rede de pequenas e médias industrias e cadeias de abastecimento de proximidade se traduzem em melhor qualidade, proteção ambiental e produção estável. Agricultura apoiada pela comunidade. A operação das explorações agrícolas é apoiada pela comunidade local, que cofinancia a atividade dos agricultores em troca de produtos de boa qualidade e acessíveis.

Venda direta O agricultor produz, processa e comercializa carne, sendo financeiramente independente de outros operadores. Ter redes de venda locais próprias. Os matadouros locais vendem carne fresca nas suas próprias lojas. Este modelo é particularmente popular no sul e centro-leste da Europa. Os industriais de pequena e média dimensão entregam os seus produtos a lojas locais. Uma pequena cadeia de logística permite entregas regulares de carne de excelente qualidade. Também é muito importante notar que os pequenos talhos são capazes de resistir à pressão crescente dos supermercados do que outras lojas regulares que oferecem uma gama limitada de produtos, como lojas de vegetais. Essa alta popularidade de cadeias de abastecimento próximo resulta numa estrutura única da agricultura na União Europeia. Existem cerca de 5,5 milhões de

explorações pecuárias. Uma rede tão vasta de produtores faz com que o transporte dos animais seja normalmente curto, para que não fiquem stressados ou cansados durante a viagem. Níveis mais baixo de stress proporcionam melhor qualidade de carne devido ao nível correto de pH, capacidade de retenção de água, cor e suculência. A alta qualidade é uma das principais características que distinguem produtos de cadeias de abastecimento de proximidade. Essa estrutura de mercado também se traduz numa maior variedade de carnes. Um modelo de negocio que pode oferecer lucro para produtores mais pequenos, especialização na criação de raças ameaçadas ou na produção de produtos locais. A menor concentração de atividades também permite uma gestão mais fácil de subprodutos e coloca menos pressão sobre o meio ambiente. Vale ressaltar que, neste mercado, o grau de recuperação de energia por meio do biogás é muito maior que nos EUA. As cadeias de abastecimento de proximidade oferecem uma série de vantagens. Os mais populares são a qualidade superior do produto, impacto positivo na comunidade local e no meio ambiente. Neste modelo de negócio,

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os empresários atribuem grande importância aos padrões de produção e ao bem-estar animal. Essa estrutura de mercado permite que o consumidor acompanhe de forma permanente o nível de ética de produção – afinal, sãos os consumidores finais cujos familiares trabalham e são corresponsáveis pela produção dos alimentos que vão para a mesa. Outro aspecto significativo é o aspecto natural significativo é o aspecto social – a diversidade dos pequenos produtores faz com que muitas receitas locais sejam cultivadas e garantem um variedade de sabores. Isso está muito evidente na culinária europeia que oferece uma grande variedade de pratos e produtos de carne. Além disso, os produtores locais costumam apoiar escolas, cofinanciar festivais e promover a cultura e os costumes locais. O aspecto final é a proteção ambiental – a atividade de pequenos produtores e transformadores causa menos interferência no meio ambiente. Uma cadeia de proximidade, totalmente transparente, envolvimento social, cuidado do ambiente e uma cooperação amplamente compreendida são a receita europeia para produtos de carne de alta qualidade.




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