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enTrevIsTa Com Isabel do Carmo
Alimentação – Mitos e factos é o titulo do novo livro de Isabel do Carmo, que detém já uma longa obra divulgativa sobre vários aspetos de saúde. Médica Especialista em Endocrinologia, Diabetes e Nutrição. Licenciada e Doutorada pela Faculdade de Medicina de Lisboa, concedeu uma entrevista à revista Carne.
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Alimentação – Mitos e factos É um livro prático e informativo que ensina a escolher a dieta mais equilibrada e saudável, baseada nas mais recentes descobertas científicas e estudos credíveis.
Todos damos muita atenção ao que comemos porque sabemos que a alimentação tem um impacto enorme na nossa saúde, na nossa aparência e na qualidade das nossas vidas. E no entanto, muitas vezes baseamos os nossos comportamentos e escolhas alimentares em informações incompletas, deturpadas ou mesmo erradas.
Escreveu agora Alimentação - Mitos e Factos para nos ajudar a tomarmos as opções alimentares mais vantajosas para as nossas vidas - baseadas em fontes de informação fidedignas e com o rigor científico que um tema tão importante presume. Alimentação - Mitos e Factos proporciona uma visão equilibrada e fundamentada sobre: - As principais dietas da moda: da Paleo às de emagrecimento como a Atkins, com restrição de hidratos de carbono –
As guerras a alguns nutrientes, como o glúten e a Lactose - O consumo de carne e os regimes vegetarianos, suas vantagens e desvantagens - A dieta mediterrânica - Os suplementos nutricionais e os medicamentos «naturais»: plantas, ervas e suplementos naturais - A relação entre a alimentação e o relógio biológico. A crononutrição Estes são alguns dos temas tratados ao Longo do novo e importante trabalho da Prof.ª Isabel do Carmo, que nos esclarece sobre os efeitos que os nossos comportamentos e escolhas alimentares têm no organismo.
costumo comparar os nutricionistas com os chefes de cozinha. Há os que fazem o seu trabalho e há os que estão muito na moda.
Isso é uma boa comparação. Não sou nutricionista, sou médica, mas de qualquer maneira tenho- me dedicado à nutrição. E há modas! Existem os autores de moda, uns melhores, outros piores, mas há sobretudo modas. Na cozinha há mesmo Chefes da moda e depois há restaurantes bons (gargalhada) e... acessíveis.
o seu livro vem pôr em causa uma série de teorias. a sua perspectiva científica é capaz de pôr alguns nutricionistas e até médicos que escreveram livros sobre nutrição à beira de um ataque de nervos...
A maior parte das modas não tem origem no meio académico, nem no meio científico. Embora haja um ou outro artigo, um ou outro livro mais sério, que foram fundadores de modas, por vezes destorcidas. Por exemplo, na questão de eliminar os hidratos carbono há um artigo fundado. Realmente, saiu do meio científico e foi publicado numa revista de prestigio, mas a partir daí houve tanto contraditório, que se tornou muito polémico. Mas esse sim, saiu do meios científico.
e em relação à carne?
Acho que os artigos que deram origem às atitudes radicais contra a carne foram deturpados. Em relação aos hidratos de carbono houve realmente uma polémica extremada do tipo SIM ou NÃO. Mas os autores que contrariaram a moda, que acharam que devíamos todos continuar a comer hidratos de carbono eram muito mais e com mais bases científicas do que esse artigo inicial, que deu origem á polémica. Foi aquele artigo de facto radical mas depois houve muitos a contrariar essa ideia , inclusivamente recorrendo a estudos longitudinais, de seguimento de populações. Ou seja, do meio académico as modas não têm vindo tanto.
científico, que combate o consumo de carne. O que é diferente de combater o consumo excessivo de carne, como faz o artigo colectivo EAT, publicado na Lancet e do qual se reclamam muitos radicais no combate a esse consumo. O que aí se fala ´w do excesso. E há artigos defensores do regime vegetariano integral, publicados com base científica em revistas de referência, que não são muitos. Os Adventista do 7º Dia têm artigos com bases científicas demonstrando os benefícios de uma comida só à base de vegetais com benefícios em determinados aspectos .Mas, de um modo geral, tem havido uma distorção dos trabalhos publicados que depois chegam à comunicação social e são tratadas de forma vendáveis e alarmistas.
Temos visto como em relação à Covid 19 o papel de quase toda a comunicação social é alarmista. É uma coisa horrível. Devia de haver serenidade e posicionamento de precaução, sim, mas de forma a acalmar as pessoas. Se virmos os grande títulos e mesmo as frases que passam em rodapé na televisões são estupidamente alarmistas, desassossegam as pessoas. É mau para a saúde mental. ou que defende uma dieta equilibrada ou que quer agradar a gregos e troianos.
(Gargalhada) Pois é isso! Descrevo os dois lados, quando há polémica com bibliografia aceitável. Coloco-a ao critério do leitor. Pode parecer isso. Mas assumo as minhas posições com bases científicas. Tomo posição em relação ao consumo de leite, tomo posição em relação ao glúten, aos hidratos de carbono, em relação aos chamados suplementos alimentares, à própria carne e a muitas fake news que surgem por aí. Tentei ir buscar à literatura científica os argumentos pró e contra nas diversas áreas e aí aceito que possa estar agradar a gregos e troianos. É natural, as minhas opiniões podem coincidir com um dos lados, mas, desde já lhe digo que como carne e com base científica sou a favor da ingestão de carne.
Qual é a sua posição face aos seus pacientes que são vegetarianos?
Em relação à opção vegetariana e tendo eu a experiência de ver jovens, são sempre jovens, e quase sempre são jovens mulheres que, geralmente, optam pela opção vegetariana, e alguns até bastante radicais, a minha posição é a mesma que que face à religião: não discuto… mas tem opinião formada. alguns desses jovens devem apresentar alguma carência...
Não há nenhuma pessoa vegetariana que entre no meu consultório a quem eu não faça avaliação do Ferro e da Vitamina B12.
Que se encontram na carne mas também podem estar noutros alimentos...
Sobretudo na carne. Faço sempre avaliação e na maioria da vezes encontro carências de Ferro e Vitamina B12.
Quais são as consequências, por exemplo, do défice de Vitamina b12?
A Vitamina B12 é essencial para tudo. É necessária para criar os glóbulos vermelhos, é necessária para os processos mentais mas, aquilo que vejo em todos os trabalhos sobre populações estudadas, cada vez mais, é que as pessoas que optam por uma dieta vegetariana, consomem suplementos de Vitamina B12.
A pessoa faz a opção de ser vegetariano por razões que vejo que na maior parte são ideológicas e filosóficas. As razões históricas começaram com Rousseau ou com os naturalistas do século XIX, embora as razões »
históricas fossem mais ideológicas em relação à morte dos animais e com o respeito pela natureza, que é uma ideia romântica.
no seu livro cita Plutarco mas essa citação tem mais a ver com a caça...
Claro. É muito interessante que diga isso. Plutarco, que foi um filosofo grego ,era completamente contra o abate de animais, por simples prazer. Ter o prazer de matar. Percebo que o homem primitivo o fizesse porque era a sua subsistência, mas não percebo que hoje se vá buscar esses impulsos de há 100.000 anos por puro prazer, baseado em instintos muito primitivos.
foi também a partir do século xix que que se criou uma imagem diferente sobre a natureza...
Uma posição romântica perante a natureza. Começou antes mas foi sobretudo no século XIX que se começou a considerar que a natureza é boa, infinitamente boa e tudo o que vá contra a natureza é mau. A natureza nem é boa nem é má, é o que é. Como, por exemplo, os terramotos. Aliás, a grande e interessante discussão foi sobre o terramoto de Lisboa de 1755 que gerou uma grande polémica entre o Voltaire e o Rousseau, A natureza não é boa para o homem. Não é. E, portanto o epíteto de natural...
mas não há aí uma certa incongruência? nós vivemos com a natureza... temos que nos conciliar com a natureza...
A natureza não é boa nem é má, é o que é. O homem é que tem a mania que é o rei da natureza e que está feita para ele, para o seu bel-prazer. Não está nem deixa de estar. Nós somos apenas um ponto na natureza e temos sobrevivido com formas de conhecimento para a melhor maneira de sobreviver, umas vezes bem, outras, destruindo.
no seu livro fala em dietas de emagrecimento. e assume uma posição contra as dietas paleo, jejum, detox, entre outros, defendidas em livro por outros nutricionistas e médicos. não se arrisca arranjar inimizades?
De certeza, mas tenho de assumir. Mas lá está, qualquer uma dessas dietas que citou não têm qualquer base científica nem provém do meio científico. São, quase sempre, com um intuito comercial, ganhar muito dinheiro.
Em Portugal nunca dá muito porque não temos escala mas, por exemplo, nos EUA que é de onde vêm todas estas invenções, ganha-se muito dinheiro. Inventar uma dieta desse tipo transforma-se num fluxo financeiro importantíssimo.
Inventar que o leite é mau para saúde transforma-se num fluxo financeiro da soja com um poder incrível. Essas modas todas ou têm origem diretamente ou formam-se em meios comerciais.
Hoje em dia, há pessoas que dizem ser intolerantes ao leite só porque sim?
Quando falo com os meus doentes ou de pessoas que me procuram para aconselhamento, falo dos alimentos todos e quando falo do leite em especial .São as mulheres mais jovens que dizem que são intolerantes ao leite. As senhoras mais velhas não são intolerantes. Agora, apareceram as intolerantes! Quando a intolerância é uma questão genética e, portanto, podiam ser todas ou nenhuma ou algumas mas nas várias gerações. É sem dúvida uma moda. »
Já agora deixe-me dizer que já arranjei inimigos. Já recebi umas cartas ameaçadoras de um industria internacional e de um estabelecimento português. Cartas no género “...se continua a insistir vamos para tribunal...”. E também já em programas de televisão, durante o intervalo, fui ameaçada por duas vezes.
Assumo com frontalidade uma posição forte e direta face a certas modas que não têm qualquer fundamento científico, que são só para fazer dinheiro. Nessas situações sou claramente assim, que é a história do glúten, a história do leite, das dietas de emagrecimento, paleos, detox e outras.
Que tipo de pessoas é “embarcam” mais nessas dietas?
As pessoas que vejo a fazer detox são pessoas de nível universitário, ninguém no campo, no interior, se lembra de fazer detox...
diz-se que liberta as toxinas...
Que toxinas? É um disparate. As toxinas são produtos de bactérias tóxicas que causam intoxicações agudas e que têm de ser tratadas, que causam as vulgarmente chamadas gastroenterites. Uma pessoa que tem uma gastroenterite com febre tem que tomar um antibiótico. E se tiver uma perda substancial de líquidos tem que ir para o hospital fazer soro. Estas são intoxicações com toxinas da bactérias. De resto, os produtos internos que nós temos no organismo e que tem de ser expulsos, são deitados fora, são primeiro filtrados pelo fígado e depois deitados fora pelo rim. Portanto, se estivermos a funcionar bem no fígado e no rim tudo quanto estiver a mais, sai.
se calhar são toxinas psicológicas...
De certeza. É uma onda filosófica de filosofia barata, entende-se. É a tal história que vem dos anos 70, 80 do século passado que foi quando começou a onda dos new-age e foi nessa altura que se descobriu que havia outras culturas. Foi bom porque éramos e somos euro-egocêntricos e, portanto, foi muito bom descobrir que havia culturas diferentes da nossa e ter respeito por elas. Daí, passou-se para uma admiração religiosa pelas culturas fora da Europa, passouse do respeito e da descoberta para a adoração dogmática.
fala no seu livro na adoração pela cultura chinesa enquanto milhões e milhões passavam fome... discussões dessas em que me diziam “ mas os chineses fazem assim”... fazem? Mas os chineses estavam a morrer de forme...
Mais tarde, certos conceitos chineses transformaram-se num negócio. Há a medicina chinesa, os produtos chineses e, curiosamente, em relação aos produtos medicamentosos chineses - e eu chamo-lhes medicamentosos porque agem como tal – começaram a surgir trabalhos efetuados pela própria comunidade científica chinesa que começaram a denunciar a toxicidade de substâncias que fazem parte desses “medicamentos”. Não lhes chamam medicamentos, chamam suplementos mas não são suplementos nenhuns. São tóxicos, são uma moda e, mais uma vez, é uma moda comercial.
as pessoas acabam por ficar confusas com tanta oferta? o que devemos fazer?
Gosto de carne assada, de costeletas de borrego, perna de peru mas o que aconselho e faço é: metade do prato com vegetais. E depois no resto, que a dose de carne ou de peixe seja do tamanho da palma da mão. Nas mulheres é mais pequena nos homens é maior. O resto dos acompanhamentos pode com uma batata, com feijão e grão que são muito bons acompanhamentos. Arroz, massa...
Também tenho as minhas teorias que não as publico porque que teriam de ser confirmadas com bases científicas mas acredito que os homens comem poucos vegetais e as mulheres gostam muito mais de vegetais. As mulheres gostam muito mais de frutas, os homens gostam menos de fruta. As mulheres gostam mais de doces, os homens gostam mais de petiscos. Mas isto é constante, se realmente tivesse que fazer um estudo, uma estatística, tenho a certeza que era este o resultado que me dava. O que é fantasia da minha cabeça, é eu pensar que isto deve-se a que há há 100.000 anos e menos, as mulheres é que andavam a colher as ervas e os frutos e os homens é que andavam à caça e, depois tinham direito à melhor peça...
começamos por comer carne...
Indispensável. E os homens comiam a melhor peça de carne não tenho duvidas nenhumas, e as mulheres comiam mais ervas e fruta e isto é capaz de ser um gosto ancestral. É uma hipótese não tenho qualquer base para dizer isto mas ponho seriamente essa hipótese. Vejo todos os dias, mas todos os dias, esta escolha. E então nos rapazinhos, nos adolescentes para os convencer a comer vegetais é um castigo. Não há duvida que em relação aos vegetais está mais que provado que são benéficos. Há muita base científica irrefutável.
tudo equilibradamente...
É essa a dieta mediterrânica!
uma dieta que não seja equilibrada....
São monótonas e insuficientes. E depois é conforme as pessoas, é conforme as idades. Em relação à carne, a partir do quinto sexto mês do bebé a carne deve ser introduzida na sua alimentação. Ainda há pouco tempo li um artigo de revisão científica muito interessante que confirmava que a partir do sexto mês deve ser introduzida a carne na alimentação dos bebés.
A partir daí é necessário apostar na diversificação da alimentação e introduzir tb a carne. As proteínas de origem animal. O peixe, a carne, o ovo, depois no crescimento da criança e igualmente na adolescência. Nos rapazes que estão a fazer músculo e comem muito. É incrível o que eles comem mas estão a fazer muito músculo e muito osso. As raparigas também fazem músculo e osso, menos que os rapazes e fazem mais gordura de reserva que é das ancas e das coxas de que elas não gostam mas é fisiológico, tem que ter gordura de reserva e depois começam a menstruações e há perda de ferro. E também ai devem comer carne.
mas os vegetais também têm ferro...
Os vegetais têm Ferro só que não são assimiláveis pelo ser humano, porque não temos enzimas nos intestinos para poder assimilar o ferro dos vegetais.
Atualmente, surgem argumentos publicados onde se põe a hipótese de que os indianos ou populações que baseiam a sua dieta em vegetais tenham eventualmente uma adaptação genética e, estamos a falar de epigenética há muito poucos anos.
Ou seja, nascemos com um determinado conjunto de genes que é o DNA e de acordo com Darwin ou com Wenzel, ficávamos para sempre com a nossa marca genética. Atualmente, sabe-se que desde que se começou a seguir o genoma humano que pode haver fenómenos de modificação dos genes, articulados pelo ambiente a que se chama epigenética.
modificar o nosso DNA a partir da gestação e depois por aí fora. Havia anteriormente estudos epidemiológicos que apontavam nesse sentido, neste momento há estudos bioquímicos que mostram isso.
E, atualmente, há estudos muito interessantes que mostram que ao longo de milhares de anos houve uma adaptação de populações a determinado tipo de alimentação e parece que naquelas zonas onde as pessoas são predominantemente vegetarianas, o caso da India, houve uma adaptação genética para o aproveitamento do ferro. Isto é ainda muito pouco...
no caso da india a esperança de vida também é substancialmente inferior...
Isso é outra questão. Quando vêm com o argumento que os vegetarianos na India sobrevivem, sobrevivem pouco.
enfrentam outros problemas?
Têm fome. Têm doenças infecciosas, têm uma esperança de vida muito pequena. E chegou-se à conclusão – e isto já não é do capitulo do ferro e da carne - que a gordura intra-abdominal em populações como na India ou na China ou de África que saem da fome, o efeito maléfico da gordura intra-abdominal é muito maior do que nas populações que já saíram há muito da fome.
É a situação dos excessos. É difícil dizer a uma pessoa que passou maior parte da sua vida a passar fome que deve optar por uma dieta equilibrada.
o que a levou a escrever este livro?
Era para não escrever mais sobre este tema porque me sentia desiludida. Estive na Plataforma Contra a Obesidade da Direção Geral de Saúde e nós pregávamos, pregávamos e, entretanto, a obesidade em Portugal passou para mais do dobro. Quando publiquei as primeiras coisas a obesidade estava nos 16% da população, agora, está em 28%.
Por outro lado, há uma abundância de livros com dietas da moda, muito vendáveis e muito comerciais e pensei que nunca mais escreveria sobre estas coisas. Mas, depois com a invasão das fake-news e com a observação dos meus doentes e é quase raro o dia em que não me aparece uma pessoa a dizer: “ouvi dizer que...”, “sei de uma amigo”, com ideias muito superficiais, que nada tem a ver com o conhecimento e com a pesquisa científica, achei que a divulgação do pensamento científico estava em risco, até nas classes mais instruídas. A certa altura tive vontade de escrever este livro para contribuir, de alguma forma, para se perceber o que é a investigação científica e o que é o pensamento critico e como as fake news estão a fazer mal à sociedade.
a carne está a ser diabolizada?
A carne está a ser diabolizada, sem dúvida nenhuma. É isso, a tal onda pseudo-filosófica ou pseudo-científica das pessoas que têm admiração pelo que é natural e que pensam que a natureza foi feita para servir o homem. Acham que não se deve tocar na natureza quando a sobrevivência do ser humano fezse aproveitando a natureza com os animais e as plantas. A sobrevivência do ser humano foi também comer outros animais. Assim como os animais comem outros animais e outros vegetais.
A carne foi diabolizada por essa onda. Houve trabalhos com base científica muito interessantes que falaram de determinadas carnes e, a partir daí, sobretudo, a comunicação social sensacionalista levou o assunto para títulos generalizantes que não tinha nada a ver.